Boletim História

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Espinho Ano XIX

Nยบ 2

Junho 2010

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EDITORIAL

Não podendo o Grupo Disciplinar de História alhear-se da Comemoração do primeiro Centenário da República Portuguesa, dada a sua importância nacional, por proposta dos professores que o compõem, foram envolvidos neste projecto todos os alunos desta Escola cujos programas integravam a temática em causa, os quais corresponderam inteiramente colaborando com as pesquisas por si realizadas. Excepcionalmente e, tendo em conta a relevância do acontecimento que mudou totalmente o regime político em Portugal no dia 5 de Outubro de 1910, este número do Boletim de História é totalmente dedicado a acontecimentos e personalidades a ele ligados. Demos relevo adequado à intervenção de algumas mulheres que tiveram acção decisiva na divulgação dos ideais republicanos.

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IMPRENSA OPERÁRIA Há cerca de um século e meio que aqui em Portugal existe a imprensa operária. Através de jornais, boletins, etc., mostra a dura vida dos trabalhadores desde a monarquia até ao 25 de Abril de 1974. Na altura em que a imprensa operária surge, usava-se o termo operário ou artista para designar os trabalhadores. A segunda metade do século XIX traz o crescimento da industrialização, pelo que a consciência de classe vai ser usada ainda mais. Ainda que os números do analfabetismo cresçam, em particular nos trabalhadores, os objectivos iniciais da imprensa operária eram a formação e a organização. Em 1852 surge o Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laborais que terá como ponto de partida o jornal "Eco dos Operários". Esta organização teve grande influência nos movimentos operários da terceira parte do século XIX. Outros jornais, tal como o "Eco dos Operários", procuravam divulgar os princípios e fins desta associação e a sua importância para a entreajuda e defesa dos interesses operários. Já em 1849 a classe metalúrgica fizera a primeira greve, para um ano mais tarde aparecer o jornal "O Eco dos Metalúrgicos" mas, a sua primeira associação só seria criada cinco anos mais tarde da primeira greve (Associação dos Serralheiros). Por sua vez os gráficos fizeram a primeira greve em 1850, surgindo a sua associação em 1852 (Associação Tipográfica Lisbonense). Em 1872 começaram a aparecer associações de resistência, sendo a principl a "Fraternidade Operária". os anos de 1872 e 1873 foram marcados pelo maior movimento grevista até então registado em Portugal. É então editado o núcleo fundador da A.I.T. - Associação Internacional dos Trabalhadores - em Portugal: "Pensamento Social". A imprensa operária vai adquirindo carácter cada vez mais reivindicativo até ao fim do século XIX. Com a crescente afirmação da consciência da classe, e o aparecimento dos sindicatos, as reivindicações do operariado passam a ter prioridade sobre as questões nacionais. Como resultado do movimento grevista dos operários gráficos, em 1904 surge a primeira contratação colectiva em Portugal. A preparação desta greve foi feita através de um boletim sindical publicado durante a mesma. Em 1907, vindas de França, chegaram a Portugal as primeiras ideias do sindicalismo revolucionário; passa um ano e para divulgar estas ideias é lançado o primeiro diário operário em Portugal "A Greve". Outros o seguiram, o semanário "O Sindicalista" que é lançado em Novembro de 1910. No ano 1913 publicaram os jornais: "A Construção Civil", "Os Construtores", "O Tabique, "O Frontal", "O Cabouco" e "O Operário Construtor". Os jornais começam também a noticiar o quotidiano das fábricas e oficinas, dos sindicatos e dos sócios

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importantes que apoiassem a classe trabalhadora. No dia 18 de Março de cada ano todos os jornais publicavam notícias sobre a Comuna de Paris de 1871. Em Fevereiro de 1919 surge o diário "A Batalha" que chegou a ser o terceiro diário nacional. Vem a ser proibido em 1927. Em 1969, aparece uma nova imprensa sindical com novos comunicados, folhas informativas e boletins sindicais. Com o 25 de Abril e o fim do lápis azul a imprensa sindical atinge uma variedade e diversidade nunca antes alcançada. Ana Sofia Nunes e Margarida Costa - 6ºG

O REGICÍDIO No dia 1 de Fevereiro de 1908, pelas 5:20 horas da tarde, a carruagem em que seguiam o rei de Portugal, D. Carlos I, a rainha D. Amélia e os seus dois filhos, o príncipe real D. Luis Filipe e o infante D. Manuel, foi atacada na Praça do Comércio, em Lisboa, por um grupo de homens armados com carabinas e pistolas. Deste atentado resultaram as mortes de D. Carlos I e de D. Luís Filipe, o herdeiro natural da coroa. D. Manuel ficou ligeiramente ferido num dos braços. Um passageiro perdeu a vida acidentalmente, pois o alvo principal era o rei D. Carlos. Morreram também dois assassinos, precisamente aqueles que as testemunhas identificaram como tendo disparado contra o rei: Manuel Buiça e Alfredo Costa. Este regicídio acabou com a política da monarquia e abriu caminho ao Partido Republicano para tomar o poder dois anos depois, em 5 de Outubro de 1910. Maria Costa - 6ºG

CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS DO REGICÍDIO A Europa ficou revoltada, uma vez que D. Carlos era estimado pelos restantes chefes de estado europeus, e ainda mais pelo facto de não se ter tratado de um acto isolado, mas sim uma organização metódica. Jornais de todo o mundo publicam imagens do atentado, baseadas nas descrições, com elementos mais ou menos fantasiosos, mas sendo sempre presente a imagem de D. Amélia, de pé, indiferente ao perigo, fustigando os assassinos com um frágil ramo de flores. Em Londres, os jornais exibiam fotos das campas dos regicidas, cobertas de flores, com a legenda “Lisbon’s shame!”. É preciso não esquecer, para além do próprio carácter do acto, que se tratava de uma Europa maioritariamente monárquica. No entanto, no próprio país, a reacção não foi a esperada, valendo do rei de Inglaterra, Eduardo VII, amigo de D. Carlos e do Príncipe D. Luis Filipe, a frase: “Matam dois cavaleiros da Ordem da Jarreteira na rua como cães e lá no país deles ninguém se importa!” Após o atentado, pediu a demissão o Governo de João Franco, que não impedira a morte do Rei. De facto, à imprevidência do Chefe de Governo cabe a maior parte das responsabilidades pela falta de uma escolta adequada, ainda mais tendo em conta o contexto de um golpe falhado, quando civis armados ainda andariam pela cidade. João Franco sabia-se alvo de atentados planeados, mas nunca desconfiou que o ódio visava também o Rei. Presidindo ao conselho de estado, na tarde de dia 2, com o braço ao peito e envergando o seu uniforme de aspirante da marinha, o novo rei D. Manuel II confessou a sua inexperiência e falta de preparação e pediu orientação ao conselho. Este

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votou a demissão de João Franco e a formação de um governo de coligação, a que se chamou o Governo "de Aclamação", presidido pelo independente contra-almirante Ferreira do Amaral. Este ministério incluía membros dos partidos Regenerador e Progressista além de independentes, e visava fazer o país voltar à normalidade parlamentar, acabando-se o governo em ditadura. De facto abandonou-se completamente a posição de força seguida por D. Carlos e pelo seu último ministério: anularam-se as medidas ditatoriais anteriormente publicadas, soltaram-se os presos politicos, amnistiaram-se os marinheiros que se haviam revoltado em 1906, e consentiu-se que se fizessem comícios republicanos em que se fazia a apologia do atentado e se considerava os assassinos como beneméritos da Pátria. Outro facto permitido foi a romagem de cerca de vinte e duas mil pessoas às sepulturas dos regicidas. O evento fora organizado pela Associação do Registo Civil, que fornecia as flores e dava além de 500 réis a cada pessoa, 200 réis a cada criança que aparecesse junto das campas. Esteve presente na reunião do Conselho de Estado que votou estas decisões, e do qual fazia parte, o Marquês de Soveral, embaixador de Portugal em Inglaterra, e que por acaso se encontrava em Portugal à altura. Próximo da família real, também votou pela demissão de João Franco e pelo estabelecimento do Governo de Aclamação. Quando, pouco tempo depois, reassumiu as suas funções de embaixador e se encontrou com o rei da Grã-Bretanha, Eduardo VII, também este seu amigo pessoal, o monarca britânico brindou-o com as palavras: “Então que raio de país é esse, em que se mata um rei e um príncipe e a primeira coisa que se faz é demitir o ministério? A revolução triunfou, não é verdade?" ”Foi só então", diria mais tarde o marquês de Soveral “que compreendi o erro que tinhamos cometido." De facto, ao demitir-se o ministério o regime deu aos republicanos o argumento de que só eles é que tinham acabado com a ditadura. Depois da hesitação inicial, em que se chegou a propor um pacto de colaboração com o regime, cedo voltaram à carga, decidindo em congresso o derrube pela força do regime: Congresso de Setúbal, 24 a 25 de Abril de 1909. Esta hesitação deveu-se aos próprios conceitos do partido. Aos republicanos mais distintos, alguns dos quais ficaram verdadeiramente chocados pelo crime, o regicídio não interessava a menos que fosse acompanhado pelo triunfar da revolução. Temiam a reacção do povo rural mais conservador, e estavam cientes do desagrado da Inglaterra para com qualquer atentado à pessoa física do rei. No entanto, não podiam virar as costas aos seus apoiantes, o povo miúdo da cidade de Lisboa, já exacerbado pela propaganda republicana no seu ódio ao regime. Condenavam o acto, mas como se fosse por obrigação enquanto piscavam o olho ao povo que lhes enchia os comícios e se filiava no partido. Foi isto, mais o idolatrar dos regicidas e o recurso à violência depois da Proclamação da República, que fez incidir sobre o partido as suspeitas posteriores da autoria do crime. Independentemente da questão de autoria moral, o certo é que, face à fraca reacção, ou mesmo a falta dela, por parte do regime, os republicanos organizaram-se nos seus propósitos de o derrubar pela força, o que viriam a conseguir pela intentona seguinte, a de 5 de Outubro de 1910. É de notar que por esta altura, e não tendo nem voltado ao expediente da ditadura, nem evitado as suas costumeiras divisões, os políticos monárquicos já haviam percebido o seu erro: como consequência deste último golpe, o governo deu ao rei para assinar um decreto de suspensão de garantias, para poder lidar firmemente com os agitadores. Infelizmente para a monarquia, essa acção foi invalidada pela vitória republicana no golpe. Embora geralmente mal vista devido às associações negativas com o termo ‘ditadura’, o governo de João Franco, ou um outro do género, apresenta-se em retrospectiva como a única solução prática para a situação que tentou solucionar: basta lembrar que a Primeira República mostrou-se ainda mais ingovernável, e as únicas acções reformistas efectivamente levadas a cabo pelo novo regime tiveram lugar durante a vigência do Governo Provisório, que governou, efectivamente, em ditadura.

Ana Luísa Walgode, Ana Sofia Silva e Catarina Antunes - 6ºA

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1ª GUERRA MUNDIAL Rivalidades Económicas Europeias Nos inícios do século XX a Europa detinha a supremacia mundial, mas havia grandes contrastes económicos e políticos entre os seus países, o que levava a fortes rivalidades entre estes, principalmente devido à partilha de África durante a Conferência de Berlim, às concorrências económicas sobre terras, indústria e comércio e ao passado nacional que incluía diversos conflitos. Sobre os conflitos do século XX, alguns países queriam que os outros lhes devolvessem terras ou queriam tornar-se independentes. E assim as rivalidades foram aumentando até que chegaram ao ponto da paz armada, na qual foram formadas duas alianças militares: a Tríplice Aliança (entre a Alemanha, a Aústria-Hungria e a Itália) e a Tríplice Entente (entre a Inglaterra, a França e a Rússia). No entanto, em 1915 a Itália juntou-se à Tríplice Entente, o que aumentou um pouco o seu poder. Contudo a Alemanha tinha um grande poder militar e rapidamente declarou guerra a alguns países que ajudavam os inimigos desta. Estava prestes a começar uma grande guerra...

O Atentado de Sarajevo e o Início do Conflito Em 28 de Junho de 1914, o herdeiro ao trono austro-húngaro foi morto por um estudante sérvio, durante a sua visita a Sarajevo, na Bósnia (daí o nome “Atentado de Sarajevo”). Foi este pequeno conflito que fez as alianças começarem a 1º Guerra Mundial, começando por diversas declarações de guerra, principalmente da Alemanha, que aproveitou para tentar fazer algumas conquistas, o que fez Portugal e outros países entrarem na guerra. Durante esta guerra confrontaram-se dois blocos : Os Aliados e as Potências Centrais. As colónias dos países europeus foram arrastadas para a guerra, por isso vários países sofreram grandes perdas, mas estas verificaram-se principalmente na Europa. Foi também realizada uma política de bloqueio naval, a qual prejudicava o comércio entre vários países.

Fases da 1ª Guerra Mundial 1ª Fase “Guerra de Movimentos” Em 1914 (data do ínicio da guerra), a maioria dos países beligerantes (em guerra) acreditava que a guerra seria breve. Os alemães pensavam poder dominar a França em poucas semanas, realizando movimentos ofensivos rápidos (daí o nome guerra de movimentos). Invadiram a Bélgica (neutral) o Norte de França, com o objectivo de alcançar Paris. Todavia, a ilusão da guerra breve, desapareceu rapidamente e, em Novembro de 1914, uma contraofensiva francesa deteve o avanço alemão (batalha de Marne). As forças do Triplo Entendimento (que mais tarde iriam ser chamados de aliados) e as potências centrais (império alemão e Austro-Húngaro) passaram a enfrentar-se numa longa linha que ia do Mar do Norte à fronteira Suíça - era a Frente Ocidental. Na Rússia, isto é, na Frente Oriental, os exércitos do Czar foram sucessivamente

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derrotados pelos Alemães e obrigados a recuar. 2ª Fase “Guerra das Trincheiras” Foi de uma dureza indescritível. Por exemplo, no ano de 1916 houve duas tentativas de romper a frente de batalha: Uma do lado alemão (batalha Verdun) provocou cerca de 700 mil mortos, a outra franco-britânica (Batalha Somme) custou a vida a mais de 1 milhão e 200 mil soldados Para termos uma ideia, as condições de higiene eram péssimas, piolhos, doenças de pele e parasitas são bons exemplos. 3ª Fase “O Retorno à Guerra dos Movimentos” Para além de alterações no mapa político e de importantes mudanças de carácter social, a Grande Guerra teve consequências demográficas e económicas profundas no mundo ocidental. Este conflito origina elevadíssimas mortes em especial na Europa: 8 milhões de mortos e 6 milhões de inválidos. A Europa (principal local de Guerra), foi o mais atingido em termos materiais em algumas regiões: ficou tudo em ruínas (casas, pontes, estradas, fábricas) e os solos esventrados e calcinados. 1917: Entrada dos EUA na guerra Impérios Centrais: Alemão, Austro-Húngaro,Bulgária,Império Turco Aliados: Itália, Portugal, Inglaterra, Sérvia, Roménia, URSS, Japão, China, Brasil

Eduardo Soares - 6ºG

CARBONÁRIA “Sociedade secreta essencialmente política”, adversa do clericalismo e das congregações religiosas, tendo por objectivo as conquistas da liberdade e a perfectabilidade humana, impunha aos seus filiados “possuirem ocultamente uma arma com os competentes cartuchos". Fundada na Itália por volta de 1810, a Carbonária terá nascido em Nápoles, em plena Restauração, fundada por Pierre Joseph Briop, antigo conselheiro de Joaquim Murat, e que fizera parte da Associação dos Bons-Primos Carbonários, possivelmente com ligações ao iluminismo bávaro e à Maçonaria. Participou das revoluções de 1820, 1830-1831 e 1848. Embora não tendo unidade política, já que reunia monárquicos e republicanos, nem linha e acção definida, os carbonários (do italiano carbonaro, "carvoeiro") actuavam em toda a Itália. Reuniam-se secretamente nas cabanas dos carvoeiros, derivando daí seu nome. Foram também os inventores do esparguete à carbonara. Inventaram uma escrita codificada, para uso em correspondência, utilizando um alfabeto carbonário. Os membros da Carbonária, principalmente da média e da pequena burguesia, tratavam-se por primos. As associações da Carbonária tinham uma relação hierárquica. Chamavam-se choças (de menor importância), barracas e vendas , sendo estas as mais importantes. As vendas, cada uma contendo vinte membros, desconheciam os grandes chefes. Todas as orientações eram transmitidas por elas.

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A Carbonária em Portugal A Carbonária Portuguesa é uma sociedade secreta. O seu objectivo é a tomada do poder político por forma revolucionária, ficando assim fiel ao modelo carbonário italiano que copia. O que interessava para esta sociedade secreta, era o ardor revolucionário e a disponibilidade para a luta contra o Portugal monárquico. As admissões fizeram-se às centenas, atingindo à data de 1910 números que se diz rondar as quatro dezenas de milhar. Só por volta de 1822/1823, é que a sociedade Carbonária chegou ao nosso país. Enquanto esta sociedade secreta surgia chegavam ao nosso país várias associações independentes, mas não vão ter o poder de intervir junto da sociedade e das pessoas. Nenhuma delas durou muito tempo nem foi muito realçada na História. À Carbonária Portuguesa, pertenceram pessoas da mais elevada categoria social. Até 1864 a sua intervenção fez-se sentir em muitos momentos críticos da vida nacional. A indignação nacional suscitada pelo afrontoso ultimato da Inglaterra (1890) e as desastrosas consequências da revolta de 31 de Janeiro de 1891, com o seu cortejo de prisões, deportações e perseguições de toda a espécie, arrastaram a juventude académica para as sociedades secretas. Mas, foi em 1896 que surgiu a última Carbonária Portuguesa, sendo completamente diferente das anteriores: diferente organização, ritual e até processos de combater. Esta sociedade secreta, ajudou no desenvolvimento de várias actividades anti-monárquicas.

Diana Loureiro, Maria Costa e Matilde Sousa - 6ºG

O 31 DE JANEIRO DE 1891 A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demontrar a sua neutralidade no movimento revolucionário. Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a Implantação da República. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de S. Nicolau, o actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluiam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.

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Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos. No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados. Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40. Às dez da manhã, a revolução estava vencida. Em Lisboa, o governo reagiu e fez seguir para o Norte os regimentos de Caçadores 5 e Cavalaria 4. O rei D. Carlos acompanhou de perto a situação e ponderou marchar à frente das tropas caso a situação se agravasse. Vencida a conjura, Alves da Veiga e Sampaio Bruno trataram de fugir do país, sorte que não tiveram a maior parte dos sargentos e praças que foras julgados em tribunal.

Ana Inês Ribas, Inês Sousa e Maria João Dias - 6º J

COMEMORAÇÃO DO 31 DE JANEIRO

Em 31 de Janeiro comemora-se o aniversário da histórica revolta republicana que eclodiu na cidade do Porto no ano de 1891. Apesar de ter fracassado, esse movimento inseriu-se numa ampla onda de indignação social que varreu o país em protesto pela capitulação do governo monárquico perante as exigências do ultimato inglês e representou a primeira expressão revolucionária do movimento republicano que sairia vitorioso quase duas décadas mais tarde, em 5 de Outubro de 1910. Apesar de ter fracassado, esse movimento inseriu-se numa ampla onda de indignação social que varreu o país em protesto pela capitulação do governo monárquico perante as exigências do ultimato inglês e representou a primeira expressão revolucionária do movimento republicano que sairia vitorioso quase duas décadas mais tarde, em 5 de Outubro de 1910. O 31 de Janeiro de 1891 foi um movimento eminentemente popular que, segundo o historiador Joel Serrão "foi efectivada por sargentos e cabos e enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas e foi hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa." Os sargentos tiveram uma importância determinante na revolta de 31 de Janeiro. Entre os 22 condenados em conselho de guerra, 14 eram sargentos. Os sargentos

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Abílio, Galho e Rocha, ocupam um lugar de destaque entre os heróis da revolta republicana do Porto. Daí que para os sargentos portugueses, o 31 de Janeiro seja uma data com especial significado. Desde há vários anos, especialmente desde as comemorações do centenário do 31 de Janeiro que foi assinalado com uma sessão solene do Plenário da Assembleia da República, que a Associação Nacional de Sargentos tem vindo a apelar à Assembleia da República para que delibere consagrar o 31 de Janeiro como Dia Nacional do Sargento.

André Gonçalves e Pedro Silva - 6º J

REPUBLICANISMO

O republicanismo português já existia, latente, na corrente mais à esquerda das Cortes Gerais de 1820, assim como na ideologia setembrista (a partir de 1836) e na rebelião Patuleia (1846-47), embora esta rebelião fosse uma mistura muito heterogéne da esquerda setembrista, de elementos absolutistas e de um populismo baseado no atraso dos meios rurais do país. Ele é originário do jacobinismo da Revolução Francesa de 1789 : Liberdade, igualdade e fraternidade. O republicanismo não teve expressão até 1890. Mesmo os homens mais representativos da geração de 70 - Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós só episódica e superficialmente consideraram a fórmula republicana a mais adequada à efectivação do ideal de democracia que os entusiasmava. Na sua ascensão, o republicanismo recrutou adeptos em todas as classes da sociedade liberal, capazes mental e moralmente de se preocuparem com a "coisa pública". O proletariado, inicialmente mais próximo do socialismo, transitou para o republicanismo a partir de cerca de 1890, o mesmo ocorrendo com alguns dos seus Oliveira Martins mentores, como Nobre França, que havia convivido com Antero e Fontana, grandes proprietários agrícolas, como José Relvas; professores universitários, como José Falcão, Teófilo Braga, Duarte Leite, etc.; altas patentes do Exército e, principalmente, da Marinha; advogados, médicos, professores de todos os graus do ensino em resumo, elementos de todas as classes da sociedade liberal convergiram a partir daquela data para a solução republicana. Um ano depois do Ultimato Inglês (11-01-1891), o PRP (Partido Republicano Português) publicava um manifesto que precedeu de três semanas a sublevação de 31-01-91. A repressão subsequente ao esmagamento da revolta e a acusação de que o PRP estava implicado nela, fragilizou-o bastante. Nas eleições seguintes só conseguiu dois deputados e a partir de 1894 até 1900 o PRP desistiu das eleições face às fracas possibilidades de êxito. Para além do caciquismo nos meios rurais, as eleições, embora em teoria livres, não eram, de forma alguma, um modelo em termos de igualdade de tratamento e de lisura nos actos. Situação aliás que não se modificou substancialmente com o advento da República. Em vez disso o PRP apostou em criar uma rede de organização partidária, com comissões políticas paroquiais, municipais e distritais. Em 1890 são eleitos 3 deputados, todos pelo Porto, entre eles Afonso Costa. Em 1906 são eleitos quatro deputados (entre eles Afonso Costa, António José de Almeida e Alexandre Braga). Nas eleições a seguir ao regicídio, o PRP elegeu mais três deputados (entre eles Brito Camacho) e ganhou 16 câmaras municipais (entre elas Lisboa). No início de 1910 a representação do PRP subiu para 14 deputados. Todavia, meses antes da revolução que iria levar a república ao poder, aquele número apenas representava cerca de 10% dos deputados. João Renato e Tiago Lemos - 6º J

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OPERAÇÕES DE DIA 4 PARA DIA 5 DE OUTUBRO

4 de Outubro de 1910 De Madrugada Os 15 dirigentes máximos da revolução concentram-se nos Banhos de S. Paulo. Estava previsto que vários quartéis de Lisboa aderissem à revolução republicana, mas só se sublevam três: Quartel de Marinheiros, Infantaria 16 e Artilharia 1. Os navios cruzadores Adamastor e S. Rafael, ancorados no Tejo em frente de Lisboa, aderem à revolução, mas o navio almirante D. Carlos permanece nas mãos dos monárquicos. Colunas de militares que aderiram à revolução saem dos quartéis para se dirigirem aos pontos-chave que deviam tomar. Avançam por Campo de Ourique em Lisboa. Desencadeia-se uma troca de tiros com uma patrulha da Adamastor Guarda Municipal fiel à monarquia. Os revolucionários juntam-se no Largo do Rato e dali tentam avançar para o quartel do Carmo, mas defrontam-se e trocam tiros com uma barreira de guardas na Av. Alexandre Herculano. Os revolucionários verificam que não têm forças suficientes para prosseguir o plano e decidem concentrar-se na Rotunda onde se barricam. O Almirante Cândido dos Reis dirige-se aos Banhos de S. Paulo para conferenciar com os 15 companheiros que aí se encontravam. Concluíram que o golpe tinha falhado e decidem fugir. Cândido dos Reis toma o caminho de Arroios e, desesperado com o fracasso, suicida-se. A notícia do suicídio espalha-se lançando a maior consternação entre os republicanos. José Relvas e outros companheiros decidem ir para a redacção do jornal "A Luta" e redigem notícias a negar o suicídio, mas a consternação continua e muitos soldados e civis republicanos decidem abandonar a Rotunda. Por volta das 5 horas da manhã permanecem na Rotunda apenas 100 soldados e 50 civis com 5 canhões e algumas espingardas, comandados por Machado dos Santos. De Manhã Tropas monárquicas concentram-se no Rossio. Pelas 11 horas os navios que aderiram à revolução bombardeiam o Palácio das Necessidades onde o rei D. Manuel II se encontrava. O rei foge de Lisboa e dirige-se para o palácio de Mafra. Tropas monárquicas comandadas por Paiva Couceiro dirigem-se para uma colina acima da Rotunda, o alto da Penitenciária, e daí abrem fogo sobre os republicanos. São alvejados pelos republicanos a partir do quartel de Artilharia 1. Grupos de elementos da Carbonária dinamitam pontes, estradas e a linha-férrea para isolar Lisboa. De Tarde A mãe de D. Manuel II, rainha D. Amélia e a avó, rainha D. Maria Pia, que se encontravam no palácio da

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Pena, em Sintra, decidem ir para Mafra juntar-se ao rei. Muitos republicanos, civis e militares decidem juntar-se ao grupo barricado na Rotunda, levando consigo armas e munições. Ao fim da tarde, já eram cerca de 1500 resistentes. As tropas de Paiva Couceiro dirigem-se para o Alto do Torel para daí continuarem a abrir fogo sobre os republicanos barricados na Rotunda. O quartel-general monárquico tenta chamar reforços a Lisboa, vindos dos regimentos da província. As colunas militares não conseguem entrar em Lisboa, pois todos os acessos à cidade tinham sido destruídos pelos grupos da Carbonária. Noite Durante toda a noite há tiroteio cruzado, à distância, e ninguém sabia como a luta ia acabar. O navio cruzador D. Carlos é tomado pelos republicanos. Dia 5 de Outubro de 1910 O embaixador da Alemanha sai à rua com uma bandeira branca a pedir tréguas para que os cidadãos estrangeiros residentes em Lisboa pudessem sair da cidade. Grupos de soldados monárquicos julgam que a bandeira branca significa que os oficiais se tinham rendido e decidem largar armas e confraternizar com os republicanos. Os oficiais da Marinha ameaçam bombardear a cidade de Lisboa com as baterias dos navios ancorados no Tejo. Às 9 horas Eusébio Leão, José Relvas e vários outros dirigentes republicanos entram na Câmara Municipal de Lisboa, assomam à varanda e dali proclamam a República com discursos inflamados. O povo enche a praça do Município e aplaude a vitória republicana.

Tiago Cunha - 6º A

ORIGEM DO CAFÉ O café é uma planta nacional da Etiópia, país do continnte africano. Estima-se que seja conhecida há mil anos no Médio Oriente, especialmente na região de Kaffa, daí, certamente o nome "Café". Há várias teorias sobre a descoberta do café, mas o que realmente é certo é que foi descoberto no Yemen, na Arábia. Os pastores foram os primeiros a perceber os benefícios do café. Observavam as cabras que comiam aquela pequena cereja (fruto do café)e se tornavam mais espertas e resistentes. No início o café era utilizado como alimento, logo passou a vinho, artigo medicinal e finalmente teve o seu reconhecimento como bebida. Os árabes foram os primeiros a cultivar e a beber o café. Mais tarde, em África, foi desenvolvida outra espécie de café, o "Robusta Africana", conhecido no Brasil como "Conillon". O café foi levado para o Brasil da Guiana Francesa, em 1727, pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta. Filipa Tavares - 6º H

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OS CAFÉS DO PORTO A arquitectura e a decoração dos cafés atestam a vida económica da cidade e são um reflexo das correntes artísticas das diversas épocas. As obras de arte neles incorporadas (esculturas, painéis, vitrais e murais) têm a assinatura de artistas conceituados da cidade. À volta da bebida, sempre se juntaram políticos, artistas, escritores. As Tertúlias dos Cafés foram decisivas, antes dos poderosos meios de comunicação actuais, na formação de correntes políticas, artísticas e literárias. Matilde Gonçalves - 6º J

CAFÉ "O MAJESTIC" Inaugurado a 17 de Dezembro de 1921, com o nome de "Elite", o café, situado no n.º 112 da Rua de Santa Catarina, esteve desde logo associado a uma certa frequência das pessoas distintas da época. Um dos que esteve presente na inauguração foi o piloto aviador Gago Coutinho, acabado de chegar de uma viagem à ilha da Madeira, e que ficou encantado com o esplendor da decoração Arte Nova. No ano seguinte o nome mudaria de "Elite" para "Majestic", sugerindo o chic parisiense, mais ao encontro da clientela que pretendia atrair, Dentro do estabelecimento, de planta rectangular, reina a linguagem Arte Nova. A simetria curvilínea das molduras em madeira e os pormenores decorativos cativam a observação. Grandes espelhos riscados pela idade, intercalados por candeeiros em metal trabalhado, delimitam as paredes num inteligente jogo óptico de amplitude, que lhe dá uma dimensão maior que a real. Esculturas em estuque, representando rostos humanos, figuras desnudas e florões, confirmam o gosto ondulante e sensual, enquanto que duas linhas de bancos em couro gravado, substituindo os originais em veludo vermelho, criam, em termos de perspectiva, uma sensação de profundidade e elegante aconchego. A partir dos anos 60, a transformação do ritmo de vida provocou o declínio destes estabelecimentos e o "Majestic" não escapou a essa sorte até aos primeiros anos da década de oitenta. Porém, a sua beleza original e o seu significado na cidade do Porto, valeram-lhe a classificação em 31 de Agosto de 1983 de "imóvel de interesse público" e "património cultural" da cidade, o que possibilitou que se iniciasse um processo de recuperação que, apesar de longo, permitiu a reabertura do café em Julho de 1994 com todo o seu antigo esplendor, convidando a reviver a fascinante Belle Époque.

CAFÉ "A Brasileira" A Brasileira é um dos mais emblemáticos cafés da cidade do Porto, localizado na Rua de Sá da Bandeira, em plena Baixa. De acordo com um projecto do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, "A Brasileira" tem uma notável

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fachada, com o magnífico pára-sol de ferro e vidro, e um interior deslumbrante, em que sobressaem os cristais, os mármores e o mobiliário de couro gravado. A chamada "sala pequena" foi, nos últimos anos, separada e é hoje explorada pela multinacional Caffè di Roma. O restante espaço esteve encerrado durante vários anos e reabriu recentemente como restaurante. O estabelecimento foi fundado por Adriano Teles, farmacêutico do Porto, que, ainda jovem, decidiu tentar a sua sorte emigrando para o Brasil. Lá, dedicou-se ao negócio do café, com o que enriqueceu nos finais do século XIX. De regresso ao Porto, montou uma torrefacção e fundou "A Brasileira", inaugurada e 4 de Maio de 1903, para servir café à chávena. Não havia na cidade, por essa altura, o hábito de tomar café em estabelecimentos públicos. Adriano Teles para promover o seu produto ofereceu, durante os primeiros treze anos de "A Brasileira", o café à chávena de graça no seu estabelecimento a quem comprasse um saquinho de grãos de café.

Guilherme Paulino e Ricardo Fonseca - 6º A

CAFÉ LUSITANO Foi inaugurado em 1853 na esquina da Rua Sampaio Bruno. Era um café luxuoso, cheio de espelharia, de candelabros e vários outros arrebiques. Possuía bilhares e uma sala especial decorada com rigor para as senhoras tomarem os sorvetes. Durante o dia mantinha as mesas sempre ocupadas com jogos de dominó, do boston e do voltarete, enquanto à noite era muito frequentado por comerciantes. O sucesso alcançado por este tipo de estabelecimento tornou-se importante para o aparecimento de numerosos cafés.

Filipa Tavares - 6º H

BOTEQUINS DO PORTO Os primeiros botequins do Porto datam de 1820: O botequim do Sr. Frutuoso - situado no Largo da Porta de Carros. O botequim das Hortas - na Rua das Hortas (Rua do Almada). Este botequim existiu 60 anos, até 1880. O botequim da Neve - na Rua de Sto António. Denominava-se assim por servir sorvetes. O Guichard - na Praça Nova. Está ligado ao Movimento Literário do Porto. Existiu até 1857. O botequim da Porta do Olival - no Largo do Olival (Cordoaria). Era frequentado pela juventude e intelectuais. O botequim do Pepino - no Muro dos Bacalhoeiros (Ribeira). Era frequentado por marinheiros e prostitutas. Bebia-se muito e cantava-se o fado. O botequim do Amaro - no Muro da Ribeira. Existiu até 1876. O botequim de S. Lázaro - era frequentado por juventude e intelectuais.

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Café Águia D`Ouro - abriu as portas em 1852. Passaram por ele: Teófilo Braga, Júlio Dantas, Delfim Maia, Antero de Quental, Júlio Dinis, Guilherme Braga, entre outros políticos e artistas. Café Brasil - inaugurado em 1859. Tinha duas mesas privativas para dominó. Café Portuense - inaugurado em 1860, na Rua Sampaio Bruno. Foi o café mais luxuoso e requintado da altura. Possuía uma sala só para senhoras. Jogava-se o dominó, o boston e o voltarete. Em 1891 deu lugar ao café Chave D`Ouro. Café Camacho - na Praça D. Pedro. Foi inaugurado em 1870. Existiu até 1917. Ficou conhecido pelo seu serviço de restaurante. Café Lisbonense - foi construído na Rua do Bonjardim. Tinha dois salões, um para servir café e outro para jogar bilhar. Apresentava uma orquestra durante o Inverno. Café Central - abriu em 1897. Estava instalado onde agora é o Imperial. Era um dos sítios preferidos dos estudantes. Café Âncora d`Ouro Café Progresso - inaugurado em 1899, junto à Praça Carlos Alberto. Ainda existe e é um dos que serve melhores cafés na cidade. Café Lealdade (depois Romão) - ainda existe na Praça Carlos Alberto. Café Âncora D`Ouro - "Piolho" - inaugurado em 1899 e até hoje é frequentado por estudantes. Café da Comuna - inaugurado em 1857, localizado na Praça da Batalha. Era frequentemente vigiado pela polícia o que obrigou ao seu encerramento. Reabriu em 1889 e passou a chamar-se Leão D`ouro.

Carolina Silva - 6º H

HISTÓRIA DO HINO Durante a monarquia, o ideário da Nação Portuguesa estava consubstanciado no poder do Rei. Não havia a noção de um hino nacional, e por isso as peças musicais com carácter público ou oficial identificavam-se com o rei. A poesia do "Hynmno Patriótico" teve diferentes versões face às circunstâncias e aos acontecimentos da época. Nos finais do século XIX, "A Portuguesa", de forte expressão patriótica, pela afirmação de independência que representa e pelo entusiasmo que desperta, torna-se, naturalmente e por mérito próprio, um consagrado símbolo nacional. Porém, o Hino, que fora concebido para unir os portugueses em redor de um sentimento comum, pelo facto de ter sido cantado pelos revolucionários de 31 de Janeiro de 1891, foi desconsiderado pelos monárquicos e proibida a sua execução em actos oficiais e solenes. Aquando da implantação da República em 1910 "A Portuguesa" foi espontaneamente tocada e cantada nas ruas de Lisboa. A mesma Assembleia Constituinte de 19 de Junho de 1911, que aprovou a Bandeira Nacional, proclamou "A Portuguesa" como Hino Nacional.

Carolina Silva e Rafaela Oliveira - 6º H

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OS AUTORES DE "A PORTUGUESA" Alfredo Keil - Autor da Música Alfredo Keil de origem alemã foi, além de compositor, também poeta, fotógrafo, pintor e coleccionador de obras de arte. O primeiro elemento da família Keil veio para Portugal em meados do séc. XIX. Chamava-se Johan Christian Keil, alemão de Hanover, exilado político, que em 1839 se estabeleceu em Lisboa, como alfaiate, aí passando a residir. Casado com Maria Josefina Stellpflug, de origem alsaciana, deram origem a uma família de artistas em várias áreas, principalmente na música e pintura. Deste casamento nasceu, no palácio de Barcelinhos, em 1850, aquele que viria a ser filho único do casal, Alfredo Cristiano Keil. Mestre alfaiate Christian Keil possuía duas alfaiatarias na Rua Nova do Almada e viria a ser o alfaiate do rei D. Luís e de boa parte da aristocracia e burguesia rica lisboeta. Porém a sua clientela estendia-se a outros países. Muitos clientes vinham a Lisboa mandar fazer os seus fatos, visitar a cidade e ficariam amigos deste alemão emigrado e bem relacionado. Johan Keil rapidamente se liga à alta finança internacional, investe em diversas Bolsas e adquire uma fortuna considerável, nomeadamente em títulos e imóveis a render, em Lisboa. O filho pôde assim ter urna educação de menino rico sem qualquer limitação nos seus estudos e viagens. Desde muito novo que Alfredo Keil mostrou um talento invulgar para a música, tendo, aos 12 anos, escrito a sua primeira peça musical com o título Pensé Musicale, que dedicou à mãe. Estudou no Colégio de Santo António e, em 1858, já tinha lições de música com António Soller. Em 1860, com apenas 10 anos, frequentava o colégio Britânico na Rua Vale de Pereiro, em Lisboa. Teve lições de piano com o famoso pianista húngaro Oscar de La Cinna. Em 1869 viajou com o pai pela Europa, passando por Madrid, Paris, Genebra, Zurique, visitando museus e monumentos e acabando por ficar em Nuremberga, para frequentar a Academia Real de Belas Artes. A Guerra franco-prussiana, em 1870, força-o a regressar a Portugal, onde frequenta então aulas de pintura com Miguel Luppi. Teve ainda como professores de música, António Soares e Ernesto Vieira, e aulas de desenho com o professor Joaquim Prieto, da Academia Real de Belas Artes. A 4 de Outubro de 1907, três anos e um dia antes de ser proclamada a República, Alfredo Keil morre, em Hamburgo, vítima de doença. Contava apenas 57 anos e deixou inacabada a ópera “Índia”, que começara a compor para as comemorações da chegada de Vasco da Gama à Índia.

Henrique Lopes de Mendonça - Autor da Letra Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931) seguiu a carreira naval, tendo viajado como oficial da Marinha pela Europa e pela África. Foi professor da Escola Naval e da Escola de Belas-Artes de Lisboa, presidente da Academia das Ciências e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Autores (1925). Em 1890 foi encarregado de escrever a letra do hino nacional, A Portuguesa.

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Notabilizou-se como dramaturgo historicista, inserindo-se a sua obra no neo-romantismo. Estreou-se em 1884 no Teatro D. Maria II com o drama A Noiva. A sua obra comunga do nacionalismo derivado do Ultimatum inglês. Obras dramáticas: A Noiva (1884), O Duque de Viseu (1886), A Morta (1890), Afonso de Albuquerque (1898), Amor Louco (1899), O Salto Mortal, Nó cego (1905), O Azebre (1909), Auto das Tágides (1911), A Herança, Saudade e O Crime de Arronches (1924). Romance: Os Órfãos de Calecut, Terra de Santa Cruz; Cenas da Vida Heróica (folhetins históricos em oito volumes): Sangue Português, Gente Namorada, Lanças na África, Capa e Espada, Fumos da Índia, Santos de Casa, Almas Penadas, Argueiros e Cavaleiros. História e arqueologia: Estudos sobre Navios Portugueses nos Séculos XV e XVI, O Padre Fernando Oliveira e a sua Obra Náutica, Memórias Académicas. Democrata convicto, seguiu a carreira da marinha, e foi promovido a aspirante em 1871, reformando-se em 1912 no posto de capitão-de-mar-e-guerra. Presidiu à Academia das Ciências de Lisboa (1915). A ele se deve em grande parte a animação que o historicismo conheceu, sob as duas formas então predilectas: o drama declamado em verso «O Duque de Viseu» e a novela histórica, como os folhetims publicados em "O Comércio do Porto" e reunidos nos volumes de «Cena da Vida Heróica». Em 1892 publica os «Estudos sobre Navios Portugueses nos Séculos XV e XVI», Henrique Lopes de Mendonça iniciou por forma magistral a série de trabalhos que levaram à conclusão, hoje aceite "urbi et orbi", de que a caravela, navio latino e apropriado às navegações descobridoras do Atlântico, foi uma criação dos portugueses» (Jaime Cortesão). Colaborou na letra do hino «A Portuguesa» com Alfredo Keil.

Ana Sofia, Diana Loureiro e Matilde Sousa - 6º G

BANDEIRA NACIONAL A 19 de Junho de 1911, depois de se implantar a República, a Bandeira Nacional substituiu a Bandeira da Monarquia Constitucional. A Bandeira Nacional é dividida na vertical com duas cores fundamentais: verde escuro do lado esquerdo (ocupando dois quintos) e encarnado à direita (ocupando três quintos). Os seus autores são: Columbano, João Chagas e Abel Botelho. Significado das Cores - o vermelho é uma cor de força, coragem e alegria, que representa o sangue derramado pelos portugueses; - o verde, a cor da esperança e do mar, foi escolhida em honra de uma batalha onde esta cor deu a vitória aos portugueses. Ao centro, sobre as duas cores, tem o Escudo das Armas Nacionais, e a Esfera Armilar Manuelina, em amarelo e avivada de negro. Esta simboliza as viagens dos navegadores portugueses pelo mundo, nos séculos XV e XVI. - o branco representa a paz; - o Escudo lembra a defesa do território; - as Quinas, a azul, representam as primeiras batalhas na conquista do País (os cinco reis mouros vencidos na Batalha de Ourique por D. Afonso Henriques); - cada quina contém cinco pontos brancos: as cinco chagas de Cristo que ajudou D. Afonso Henriques a vencer esta batalha; - os sete castelos amarelos representam os castelos tornados aos mouros por D. Afonso III.

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A Etiqueta da Bandeira 1. Ao ar livre, a bandeira iça-se ao nascer do sol e arria-se ao pôr-do-sol. 2. Deve ser içada com determinação e arriada com cerimónia. 3. Deve ser içada diariamente, desde que o tempo o permita, e em todos os feriados nacionais e datas comemorativas, nos edifícios públicos e de entidades nacionais - nos próprios edifícios ou perto deles. 4. Se é transportada com outra bandeira em desfiles ou paradas, a bandeira nacional é levada à direita da outra. 5. Se é transportada com outras bandeiras em desfiles ou paradas, a bandeira nacional é levada à frente da linha formada pelas outras bandeiras ou estandartes. 6. Nenhuma outra bandeira deve estar mais alta do que a bandeira nacional. 7. Quando é colocada numa janela ou noutro local semelhante, a parte verde deve estar à esquerda do observador. 8. Quando for colocada sem mastro junto a um orador deve estar atrás e por cima da sua cabeça.

Ana Inês Ribas e Francisca Albuquerque - 6º J

DR. MANUEL DE ARRIAGA

Nasceu na cidade da Horta, no Faial em 1840 e faleceu em 1917. Ficou para a História como o primeiro Presidente da República Portuguesa. Advogado e profissão, fixou-se em Lisboa, depois de ter estudado em Coimbra. Adepto da Causa Republicana, defendeu-a através de escritos e de uma activa participação política, tendo feito parte de primeiro grupo de deputados republicanos eleito em 1889. O prestígio conquistado entre as hostes republicanas, as suas posições moderadas e o descomprometimento pessoal face ao Governo Provisório, formado depois da implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, levaram a que fosse eleito

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para a chefia do novo regime. Adoptou um atitude conciliadora tentando unir as diferentes facções republicanas. Não o conseguiu, acabando mesmo por se envolver numa luta política com o Partido Democrático, que acabará por perder, após ter nomeado o General Pimenta de Castro para o cargo de Chefe do Governo e de ter apoiado a sua função governativa, terminada pela eclosão de uma revolta a 14 de Maio de 1915. Com o derrube do Governo, caiu também Manuel de Arriaga que renunciou à Presidência da República a 16 de Maio. Filipe Simão, Gonçalo Sousa e Vicente Iglésias - 6ºJ

TEÓFILO BRAGA Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu a 24 de Fevereiro de 1843. Escritor, historiador, literário e político português, era natural de Ponta Delgada (Ilha de S. Miguel) e pertencia a uma família da aristocracia local. Teve uma infância e adolescência algo conturbada, devido à morte da sua mãe, em 1846, chegando mesmo a passar por dificuldades económicas. Iniciou os seus estudos secundários em Ponta Delgada, frequentando o liceu entre 1854 e 1859. Colaborou, desde 1858, no jornal “O Meteoro” e, desde 1859 no “O Santelmo”. Contudo terminou o liceu no continente, onde passou a residir a partir de 1861. Em 1862 entrou no curso de Direito na Universidade de Coimbra, tendo-o terminado em 1867. Em 1868 obteve o grau de Doutor em Direito, pela mesma Universidade, ingressando em seguida na Escola Politécnica do Porto. Alguns anos depois, em 1872, alcançou a cátedra de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras, que ministrou até à sua morte. Teófilo Braga foi o mentor da “ Geração de 70” ( movimento académico que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política e da literatura) e participou na “Questão Coimbrã”( protesto da geração de intelectuais que, por volta de 1865, se formou em Coimbra contra o exagero romântico), através da publicação do texto Teocracias Literárias, em 1865, sendo apontado por Eça de Queirós como o representante da nova geração literária. Escreveu e publicou inúmeras obras. Adepto do Positivismo de Comte e de Taine, crente no génio nacional e popular, viria a estudar a literatura portuguesa durante cerca de 50 anos, numa obra ímpar. A acção de Teófilo não se viria a esgotar na literatura e, assim, teve ainda uma acção política. Ainda durante a Monarquia, presidiu ao Centro Republicano Federal de Lisboa e candidatou-se várias vezes a candidato republicano. Em 1886, foi empossado vereador da Câmara Municipal de Lisboa, cargo que voltaria a ocupar em 1911. Sendo um forte defensor dos ideais republicanos, empenhou-se na publicação da doutrina republicana, participando em vários comícios e publicando inúmeros livros. A 5 de Outubro de 1910, aquando da implantação da República, a sua reputação e a projecção internacional que, entretanto tinha alcançado, levaram a que fosse escolhido para Chefe do Governo Provisório, com funções de Presidente da República. Ocupou este cargo até 3 de Setembro de 1911, sendo da sua autoria o projecto da nova bandeira nacional. Deputado desde as Constituintes, voltou a assumir a chefia do estado em 29 de Maio de 1915, no seguimento da renúncia de Manuel de Arriaga. Pessoa de espírito infatigável, morreu, em Lisboa, a 28 de Janeiro de 1924, sentado à sua mesa de trabalho. Mariana Casalta – 6º F

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JOSÉ RIBEIRO DE CASTRO

Nasceu no dia 7 de Abril de 1848, em Braga. Foi um advogado, jornalista e político português que, entre outras funções, ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo trabalhado como advogado na Guarda em Lisboa. Membro da Maçonaria desde 1868, a sua carreira política foi iniciada como membro do partido Progressista. Fundou o primeiro jornal republicano fora dos grandes centros urbanos, começando a publicar em 1882 “O Povo Português”. Foi escolhido para presidir ao Ministério, depois da tentativa falhada de governo em ditadura. José de Castro morreu em Lisboa, no dia 31 de Julho de 1929.

Beatriz Januário

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6º M

ALVES DA VEIGA Augusto Manuel Alves da Veiga nasceu em Mirandela no ano de 1850, filho de abastados lavradores, naturais de Izeda. Alves da Veiga foi um acérrimo republicano e chegou a fundar e dirigir o semanário “República Portuguesa”. Nesse semanária colaboraram ilustres figuras portuguesas da época, como por exemplo, Magalhães Lima, Alves Morais, Lopes de Melo, Álvaro de Mendonça, Manuel de Arriaga, entre outros. Ainda era estudante do liceu quando fundou e dirigiu o jornal “ O Liceu”. Em 1874 formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Entre 1875 e 1876 residiu no Porto, sendo um dos redactores do jornal “Actualidades”. Em 1890 foi o principal companheiro de Magalhães Lima numa viagem ao estrangeiro. Na revolta de 31 de Janeiro de 1891, leu, das janelas da Câmara, a proclamação do novo governo do povo. Como não vingou, emigrou para o Brasil, onde exerceu a advocacia. Foi ministro em Bruxelas, nomeado pela República, logo a seguir ao 5 de Outubro de 1910.

Carla Nina e Marta Gomes - 6º G

BERNARDINO MACHADO Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu no Rio de Janeiro a 28 de Março de 1851. Estudou Filosofia e Matemática na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1876 e ganhou o concurso para lente de Matemática, quando contava apenas 28 anos.

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Em 1882 filiou-se no Partido Regenerador (monárquico), tendo sido Deputado e Ministro das Obras Públicas. Desiludido com a Monarquia, aderiu à Maçonaria e ao partido Republicano Português, que, pouco depois, o elegeu para o seu Directório. Em 1907, tomou a defesa dos estudantes numa greve académica e foi forçado abandonar a cátedra de professor. Depois da Revolução de 5 de Outubro de 1910, assumiu a pasta dos Negócios Estrangeiros, no Governo Provisório. No desempenho das suas funções, conseguiu que alguns países mais reticentes em aceitar o novo regime português acabassem por reconhecê-lo como legítimo. Em 1911, candidatou-se às eleições para presidente da República , mas foi vencido por Manuel de Arriaga. No ano seguinte foi para o Brasil como embaixador até 1914, altura em que foi nomeado Primeiro Ministro. Procurou intervir na vida pública tentando apaziguar os conflitos político--sociais que na época se encontravam muito agudizados. Entretanto rebentou a I Guerra Mundial e defendeu a participação de Portugal na guerra com o apoio de todos os partidos parlamentares. No final do seu mandato a situação interna mantinha-se muito agitada. Em 1915 instalou-se a ditadura de Pimenta de Castro e Bernardino Machado foi um dos que se impôs para repor a ordem democrática. A 6 de Agosto de 1915 foi eleito Presidente da República e, nessa qualidade, enfrentou o golpe de Sidónio Pais a quem se recusou a entregar os poderes presidenciais, razão pela qual foi encarcerado e banido do país, regressando em 1919. Voltou a assumir a chefia do país, mas só por dois meses. No dia 11 de Novembro foi de novo eleito Presidente da República e é nessa qualidade que enfrenta o golpe militar de 28 de Maio de 1926. Para tentar evitar a Guerra Civil, entregou os poderes presidenciais ao então Capitão de Mar e Guerra Mendes Cabeçadas, pois considerava-o um republicano convicto. Foi com grande mágoa que assistiu à implantação de um regime que iria abolir os direitos e liberdades pelos quais lutara toda a vida.

Inês Moura – 6º L

SAMPAIO BRUNO José Pereira de Sampaio nasceu a 30 de Novembro de 1857, de pseudónimo Bruno para a posteridade, foi um escritor ,ensaísta e filósofo portuense e figura cimeira do pensamento português do seu tempo. O seu pai era “maçon” e proprietário de uma padaria na Rua do Bonjardim, no Porto, que o filho viria a herdar. O racionalista deísta e as ideias liberais foram as influências dominantes na formação do seu pensamento. Defensor de ideias republicanas, Sampaio Bruno integraria o directório do Partido Republicano Português. Fundou vários semanários portuenses, bem como o diário “A Discussão”. Com Antero de Quental e Basílio Teles, elaborou os estatutos da Liga Patriótica do Norte, no seguimento do Ultimato Britânico de 1890. Participou na acidentada revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, de cujo Manifesto foi compilador, exilando-se depois em Paris com João Chagas. Em França sofreu a influência de uma série de personalidades, como Santos Dumont e Jules Guesde, os socialistas Benoît Malon , os poetas Paul Verlaine e António Nobre. A depressão que o afectou no exílio parisiense pode ter contribuído para encaminha r a sua pesquisa no sentido da espiritualidade, mergulhando na literatura de inspiração judaica, na cabala e na ideologia maçónica.

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Regressou a Portugal no ano de 1893. Em 1902 teve uma grande desavença com Afonso Costa, abandonando então definitivamente a militância no PRP, mas ligado a um republicanismo independente e crítico que pretendia aprender com os erros da República. Em 1909 foi nomeado director Biblioteca Municipal do Porto, cargo que manteve até à sua morte em 1915.

Ana Francisca Pinto e Francisco Moreira – 6º A

RICARDO JORGE Ricardo Jorge nasceu no Porto a 9 de Maio de 1958 e faleceu em Lisboa, a 29 de Julho de 1839. Formou-se na escola Médico-cirúrgica do Porto em 1879. Abordou a história da Neurologia , na tese de dissertação da sua licenciatura. A partir de 1880 foi docente na mesma escola. Fez várias viagens a Paris e Estrasburgo, onde assistiu a lições de Charcot, procurando nos hospitais locais uma aprendizagem difícil de adquirir em Portugal, onde o saber neurológico era ainda incipiente. Em 1884, abandonou a Neurologia e passou a dedicar-se à Saúde Pública. Com a sua obra “ Higiene Social Aplicada à Nação Portuguesa", uma série de conferências publicadas nesse mesmo ano, lançou uma nova perspectiva de abordagem das questões da saúde pública em Portugal, o que o guindaria numa importante carreira de higienista em Portugal, com larga influência nas políticas de saúde em Portugal. Em 1891 e 1899 foi médico municipal do Porto e responsável pelo laboratório de Bacteriologia, tornando-se em 1895, professor titular da cadeira de Higiene e Medicina Legal da escola Médico-cirúrgica do Porto. Em Junho de 1889 deu-se a sua consagração definitiva a nível nacional e alcançou projecção internacional quando, sem hesitações, chegou à prova clínica e epidemiológica da peste bubónica que, nesse ano assolou a cidade do Porto, tendo esta sido depois confirmada bacteriologicamente por ele próprio e Câmara Pestana. No entanto, as medidas profilácticas que orientou no sentido de eliminar a peste, como a evacuação de casas e o isolamento e desinfecção de domicílios entre outros, desencadearam a fúria popular que, incentivada por grupos políticos, obrigaram Ricardo Jorge a abandonar a cidade. Em Outubro de 1899 foi transferido para 1899, sendo nomeado Inspector Geral de Saúde. Participou em iniciativas como a organização da Assistência Nacional aos Tuberculosos, iniciada em 1899. Em 1903 foi incumbido de organizar e dirigir o Instituto Central de Higiene que passaria a ter o seu nome a partir de 1829.

Tiago Cunha -6ºA

AURÉLIO PAZ DOS REIS Nasceu a 28 de Julho de 1862 na cidade do Porto e faleceu no dia 18 de Setembro de 1931. Era comerciante na sua cidade natal, revolucionário republicana, político, floricultor, fotógrafo amador, maçon convicto e era

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considerado o pioneiro do Cinema em Portugal, por ter sido o primeiro português que produziu e realizou um filme em Portugal . Viveu 69 anos e iniciou-se na maçonaria onde teve papel de relevo aos 37 anos de idade e, nesse ano, foi director e segundo secretário (1896) do Ateneu Comercial e vice-presidente do Senado da Câmara Municiupal do Porto.

Marta Gomes – 6ºA

BASÍLIO TELES Basílio Teles estudou no Porto, onde foi aluno da Escola Politécnica e da Escola Médico-cirúrgica em 1875, que abandonou, depois de um conflito com um professor. Passado algum tempo foi professor do liceu de Literatura, Filosofia e Ciências Naturais. Foi membro do Partido Republicano Português Democrático do Norte, fazendo parte do Directório durante vários anos. A sua participação na revolta de 31 de Janeiro de 1891, levou-o a um retiro de que só voltou após uma amnistia. Em 1910, não aceitou a pasta das Finanças no 1º Governo Republicano e em 1911, apresentou um programa político que incluía a pena de morte, a suspensão das garantias por tempo indeterminado e o encerramento das escola até serem totalmente transformadas pela República. Ainda em 1915 recusou a pasta da Guerra.

Diana Coelho – 6º A

JOÃO PINHEIRO CHAGAS Foi um dos melhores republicanos, entre muitos outros. Político, jornalista, nasceu em 1 de Setembro de 1863, no Rio de Janeiro, de uma família de portugueses emigrados nos tempos das luta liberais e, morreu no Estoril em 1925. Fez os seus estudos em Lisboa e iniciou a sua carreira profissional no jornalismo, no jornal Primeiro de Janeiro, o Porto. Desiludido com a Questão do Ultimato Inglês tornou-se grande opositor do regime monárquico que passou a criticar vivamente na imprensa. Em 1892 fundou o seu próprio jornal, República Portuguesa, que serviu como veículo de ataque e desmoralização da Monarquia. Esteve envolvido em várias manifestações com vista ao derrube do regime monárquico. Foi condenado por implicação no 31de Janeiro de 1891, onde o elo que fez ao exército como meio mais rápido e eficaz de dar à nação o governo desejado, a condenação dele foi agravada. Esteve degredado em Angola e depois andou foragido. Em 1893 beneficiou de uma amnistia, tendo ido viver para o Porto. Continuou a

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sua luta como jornalista político e participou em todas as tentativas para abolir a monarquia. Foi um dos elementos mais activos na preparação do 5 de Outubro, tornando-se um dos responsáveis pelo êxito da revolução. Uma vez instaurada a República, foi nomeado Ministro ( embaixador) em França, na cidade de Paris, cargo do qual acabou por se demitir por discordar do modelo político surgido pelos governantes. Em 1911 chefiou o 1º Governo Constitucional. Em 1915, quando se preparava para chefiar outro governo, foi alvo de um atentado a tiro no Entroncamento, no qual perdeu um olho. Regressou então a Paris, mas suspendeu as suas funções durante o Sidonismo. Defendeu também a participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial e foi membro da Conferência de Paz de Versalhes e da Sociedade das Nações.

Lucas Rocha Gomes – 6º F

JOAQUIM PINTO COELHO Nasceu na freguesia de Mozelos, Santa Maria da Feira, a 27 de Fevereiro de 1868. Licenciou-se em medicina e era membro do Partido Republicano Português. Foi no primeiro Presidente da Câmara de Espinho e veio a falecer a 24 de Fevereiro de 1917. Foi uma das personalidades que mais lutou para a criação e desenvolvimento da cidade de Espinho. Além de médico era membro do referido partido, sendo um dos mais activos impulsionadores. Ele ficou conhecido como sendo o “amigo dos pobres” . A 2 de Janeiro de 1902, tomou posse como Presidente da Câmara de Espinho. O Dr Joaquim Pinto Coelho, sendo presidente da Câmara de Espinho, preocupava-se muito com a sua localidade e como bem-estar da população. Por isso realizou variadas obras que contribuíram para o desenvolvimento e engrandecimento de Espinho. Entre elas passo a destacar algumas: fornecimento de energia eléctrica à vila no ano de 1903, construção do Mercado Municipal, substituição do nome das ruas por números, construção da Fonte do Mocho, cedência de terreno para construção da actual Câmara Municipal e alguns terrenos para o Parque João de Deus, localizado em frente à Câmara, instalação do primeiro colector de esgotos. Ao fornecer energia eléctrica à vila, Joaquim Pinto Coelho fez com que Espinho se tornasse um marco referencial para a luz eléctrica em Portugal e serviria de exemplo para outras terras. Com a instalação de esgotos, vem demonstrar que se preocupava com a higienização de Espinho. Outro facto importante foi o facto de ter sido o fundador e primeiro director do Jornal Gazeta de Espinho. Em Outubro de 1910, o Dr. Pinto Coelho passou a presidir à Comissão Municipal Republicana de Espinho e ainda em 1911 tornou-se administrador do concelho de Espinho. Joana Milheiro -6ºA

AFONSO COSTA Foi um Jurista e político republicano. Nasceu em Seia , dia 6 de Março de 1871 e faleceu em Paris em 1937. Formou-se em Direito, na Universidade de Coimbra em 1895. Doutorou-se com o estudo “ A Igreja e a Questão Social”, em que ataca o catolicismo social e faz profissão de fé socialista. Em 1911 passou a reger

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Economia Política na Escola Politécnica de Lisboa e, em 1913, tornou-se o primeiro director da Faculdade de Direito de Lisboa, então criada. Deputado Republicano, em 1900, o seu papel na agitação política que levou ao derrube da Monarquia, no dia 5 de Outubro de 1910, foi da maior importância, dirigindo campanhas de grande impacto na opinião pública, sobretudo em Lisboa. Depois o chefe incontestado do Partido Republicano Democrático, dando à acção um teor essencial anti-católico. Abraçou a pasta da Justiça após a proclamação da República, assinando, logo no dia 8 de Outubro de 1910, as leis contra as Ordens religiosas., assim como depois a lei da separação das igrejas e do Estado. Afonso Costa também foi Chefe do Governo entre 1913 e 1914, e Ministro das Finanças, entre 1915 e 1916. Organizou o primeiro Orçamento equilibrado desde o triunfo do Liberalismo e promoveu a intervenção de Portugal na 1ª Guerra Mundial. Exilado em França, desde 1918, durante a ditadura do Sidónio Pais, não voltou a Portugal. Presidiu, em 1919, à Delegação Portuguesa da Conferência de Paz e foi, até ao dia 28 de Maio de 1926, chefe da Delegação Portuguesa na Sociedade das Nações de que foi dispensado pela Ditadura Militar.

Alexandra Sá – 6º I

FERNANDO LOPES GRAÇA Nasceu em Tomar, a 17 de Dezembro de 1906 e faleceu em Casais, a 27 de Novembro de1994. Compositor, pianista, regente e musicógrafo, é considerado um dos maiores compositores portugueses do século XX. Com 14 anos começa a trabalhar como pianista no Cineclube de Tomar, procedendo ele próprio aos arranjos das peças que interpretava. Em 1927 frequenta a Classe de Virtuosidade, onde tem como professor o maior pianista português de todos os tempos: o Mestre Viana da Mota, antigo aluno de Lizt. Em 1828, frequentaria também o Curso de Ciências Históricas e Filosóficas, na Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica. Entretanto funda em Tomar o semanário republicano “A Acção”. Em 1931, conclui o Curso Superior de Composição com a mais alta classificação, concorrendo de seguida a professor do Conservatório, o que lhe viria a ser vedado devido à sua oposição ao regime político, sendo inclusivamente preso e desterrado para Alpiarça. Em 1937 ganha uma bolsa de estudos para Paris, a qual lhe seria igualmente recusada por motivos políticos, mas resolve partir a expensas próprias. É autor de uma vasta obra literária incidente em reflexões sobre a música portuguesa e a música do seu tempo, mas maior ainda é a sua obra musical.

Eduardo Almeida - 6ºJ

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ANGELINA VIDAL Filha de um músico, herdou do pai as atitudes desassombradas, o desafio das convenções. O próprio marido, médico da Academia Real, não aceita o seu comportamento temerário, o desafio das convenções: é uma das primeiras mulheres a discursar ao lado dos grandes nomes da República. Os seus discursos no Porto, em dois comícios republicanos, ficaram célebres: assumiu--se como livre-pensadora e contra o regime monárquico. Mãe de cinco filhos, separou-se do marido, ao fim de doze anos de casamento, para ganhar a vida e desdobra-se a trabalhar: foi tradutora, contista, ensaísta, professora, conferencista, poetisa, dramaturga e jornalista. Nos últimos trinta anos da Monarquia, escreveu em quase todos os jornais revolucionários. O que disse, o que escreveu, acarretou-lhe retaliações por parte do governo monárquico, que lhe recusou a pensão por morte do marido em 1894, alegando que era “inimiga das instituições e andava a combater o “regime monárquico”. Não será também a República a restituir-lhe a pensão. Dois anos após a instituição da República, Angelina Vidal, desiludida com o caminho que a República levava, chama a atenção para a emigração assustadora, a decadência da indústria e do comércio, a miséria do proletariado, a paralisação de todas as forças vivas do país. Também entre os jornalistas fez inimigos: para ela os jornais eram a instrução do povo e como tal deviam promover as boas práticas políticas e transmitir aos trabalhadores a consciência dos seus direitos e deveres, em vez de explorarem os escândalos domésticos, que destruíam a moral. Angelina Vidal ocupava um lugar proeminente entre as pioneiras que defenderam a educação para a mulher como plataforma para a igualdade. Nesse âmbito, chama a atenção para as deficientes condições de trabalho em que vivia a operária que não podia criar os filhos de modo a fazer deles cidadãos de que o país necessita, enquanto nação civilizada. Defendeu um ideal de justiça social e repudiava o poder arbitrário. Esteve ao lado dos que fizeram a República, arriscando a segurança e a família. Perdeu tudo uma segunda vez, quando se empenhou na defesa do operariado e dos direitos das mulheres operárias e trabalhadoras. E, tal como aqueles que defendia, morreu na miséria em 1917.

Francisca Albuquerque – 6º J

ANA DE CASTRO OSÓRIO Foi pioneira em Portugal na luta pela igualdade entre homem e mulher. Escreveu, em 1905 “Mulheres Portuguesas”, o primeiro Manifesto Feminista Português. Foi uma das fundadoras do Grupo Português de Estudos Feministas, em 1907, em 1909, da Associção de Propaganda Feminista, em 1912, da Comissão Feminina Pela Pátria, em 1916, a partir da qual se formou, no mesmo ano, a Cruzadas das Mulheres Portuguesas. Casada com Paulino de Oliveira, membro do Partido Republicano, aproximou-se desse partido, tendo, depois da instauração da República, colaborado com o Ministro da Justiça, Afonso Costa, na elaboração da Lei do Divórcio. É considerada a criadora da Literatura Infantil em Portugal, com a série de contos infantis “Para as Crianças”

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que publicou entre 1897 e 1935, em Setúbal, em fascículos. Foi membro da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista internacional “Le Droit Humaine” – o Direito Humano. Herdou do pai as atitudes desassombradas, o desafio das convenções.

Bárbara Blasco – 6º J

ADELAIDE CABETE

Não era oriunda de uma família abastada e culta. Aos 33 anos licenciou-se em Medicina pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa, devendo-se a um enorme esforço pessoal e ao apoio do marido. Nascida em Elvas, cedo teve que trabalhar numa fábrica de secagem de ameixas e, na sua infância, nem a instrução primária fez, começando os seus estudos aos 18 anos, após ter casado com o sargento Manuel Ramos Cabete, republicano culto. A sua actividade não se limitou ao exercício clínico, como ginecologista; lutou pelo ensino da puericultura e começou a escrever. Em 1901 é publicado o seu primeiro artigo no jornal elvense que tinha como título “Instrua-se a Mulher”. Daí por diante colaborou com várias revistas( Alma Feminina, Almanaque Democrático, Portugal Feminino, entre outras) e escreveu para jornais como A Batalha, A Pátria, Diário de Lisboa, entre outros. Em 1907 foi iniciada na Maçonaria e, em 1901, foi co-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Presidiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e, em 1923, representou o governo português, no Congresso Internacional Feminista realizado em Roma .

Maria Luís Roxo – 6º A

CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO

Era natural da Guarda, onde nasceu em 1877, frequentou o liceu e fez os preparatórios para o acesso ao Ensino Superior. Matriculou-se na Escola Politécnica e na Escola Médico-cirúrgica, em Lisboa. Formou-se em Medicina em 1902. Nesse mesmo ano tinha-se casado com o primo Januário Barreto. Ele era médico e activista republicano. Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira médica a operar no Hospital de S. José. Trabalhou também no Hospital de Rilhafoles, sob a orientação de Miguel Bombarda e, como Adelaide Cabete, acabou por dedicar-se à Ginecologia. No ano seguinte, juntamente com outras quatro médicas - Adelaide Cabete, Domilia de Carvalho, Emília Patacho e Maria do Carmo Lopes - juntou-se ao comité português da associação francesa “La Paix pour le Désarmement par les Femmes”, sendo uma das vogais da direcção. No ano seguinte foi iniciada na Maçonaria, na loja Humanidades, com o nome, simbólico de Lígia.

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Fez parte de diferentes associações e, como militante da Liga Republicana, empenhou-se na campanha a favor da discussão e aprovação da Lei do Divórcio no Parlamento, para além de ter colaborado com Adelaide Cabete na confecção da bandeira republicana que seria hasteada a 5 de Outubro. Depois da implantação da República, Carolina Beatriz Ângelo viveu a sua militância republicana e feminista a um ritmo de tal maneira alucinante, que faleceu de ataque cardíaco, a 3 de Outubro de 1911, aos 33 anos de idade, depois de mais uma reunião nocturna da Associação de Propaganda Feminista, deixando órfã uma filha de 8 anos de idade. Naquele primeiro ano da República, Carolina Beatriz Ângelo, abraçará ferozmente a causa do sufragismo, consumindo muitas das suas forças, ao desenvolver, individual e colectivamente, uma intensa e continuada campanha para que as mulheres, ainda que uma minoria, tivessem direito ao voto. Depois de uma longa luta que a levou a recorrer aos tribunais, foi a primeira mulher a exercer o direito de voto em Portugal e em qualquer país da Europa do Sul, votando para a Assembleia Nacional Constituinte em 28 de Maio de 1911. Este acontecimento teve repercussões internacionais, nomeadamente nos meios sufragistas estrangeiros.

Zarena Ouzounova – 6ºA

Propriedade: EB 2/3 Sá Couto 4500 Espinho Professoras coordenadoras/dinamizadoras: Augusta Barbosa e Carminda Batista Colaboração directa: Departamento de Ciências Sociais e Humanas Composição e Processamento de Texto: Professoras Augusta Barbosa e Carminda Batista Offset: Sr. Hugo Castro Tiragem deste número:500 ex.

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