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MARIA VELEDA Maria Veleda foi uma mulher pioneira na luta pela educação das crianças e os direitos das mulheres

e

na

propaganda

dos

ideais

republicanos, destacando-se como uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português. Num tempo em que a literatura infantil quase não existia em Portugal, publicou, em 1902, uma colecção de contos para crianças, intitulada “Cor-de-Rosa” e o opúsculo “Emancipação Feminina”. Em 1909, por sua iniciativa, a «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» fundou a «Obra Maternal» para acolher e educar crianças abandonadas ou em perigo moral, instituição que se manterá até 1916, graças à solidariedade da sociedade civil e às receitas obtidas

em

saraus

teatrais,

cujas

peças

dramáticas e cómicas Maria Veleda também escrevia e levava à cena. Consciente da situação de desigualdade em que as mulheres viviam, numa sociedade conservadora e pouco aberta à mudança, iniciou, nos primeiros anos do século XX, um dos maiores combates da sua vida: defender a igualdade de direitos jurídicos, cívicos e políticos entre os sexos. Numa época em que as mulheres estavam, por imperativos económicos, sociais e culturais, confinadas à esfera doméstica, criou cursos nocturnos no Centro Republicano Afonso Costa, onde era professora do ensino primário, e nos Centros Republicanos António José de Almeida e Boto Machado, para as ensinar a ler e a escrever e as educar civicamente, preparando-as para o exercício de uma profissão e a participação na vida política. Entre 1910 e 1915, como dirigente da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» e das revistas A Mulher e A Criança e A Madrugada, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania. Combateu a prostituição, sobretudo, a de menores, e o direito de fiança por abuso sexual de crianças. Fundou o “Grupo das Treze” para combater a superstição, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectava sobretudo as mulheres e as impedia de se libertarem dos preconceitos sociais e da influência clerical que as mantinham submetidas aos dogmas da Igreja e à tutela masculina. Convertida ao livre-pensamento e iniciada na Maçonaria, em 1907, aderiu também aos ideais da República e tornouse oradora dos Centros Republicanos, escolas liberais, associações operárias e intelectuais, grémios, círios civis e comícios do Partido Republicano, da Junta Federal do Livre-Pensamento e da Associação Promotora do Registo Civil. O combate à monarquia e ao clericalismo valeu-lhe a condenação por abuso de liberdade de imprensa, em 1909, além das constantes perseguições e ameaças de morte, movidas por alguns sectores católicos e monárquicos mais conservadores.

7º Ano, Turma A


BRITO CAMACHO Manuel de Brito Camacho (1-862-1934) foi um homem de múltiplas e invulgares facetas sociais como médico-militar, jornalista, político, publicista e escritor. Começou a sua formação superior em Medicina, mas cedo percebeu a importância da sensibilidade cívica para garantir maiores padrões de justiça social, daí decorreu a sua preocupação em formar uma opinião pública sólida que o levou ao exercício do poder político como deputado e ministro Republicano, tendo contribuído para a implantação da República em 5 de Outubro de 1910. No fim da sua vida, dando liberdade à sua sensibilidade humanista, escreveu e publicou ensaios e contos. Nasceu em Aljustrel a 12 de Fevereiro de 1862 no seio de uma família de camponeses remediados. Fez os primeiros estudos nesta povoação Alentejana e seguiu os estudos secundários no Liceu de Beja. Foi para Lisboa fazer os seus estudos superiores de Medicina, ingressando na Escola Médico-Cirúrgica em 1885. Entre 1902-1903 foi estudar Medicina na Universidade de Paris, para se candidatar a Professor da Escola Médica, mas abandona este seu projecto por motivações políticas que o levam a entusiasmar-se com a crítica jornalística ao regime Monárquico. Em 1891 ingressou na carreira de médico - militar como tenente que o levou ao posto de coronel em 1919. Exerceu medicina no Alentejo, na Estremadura e nos Açores e desenvolveu intensa actividade como jornalista e como professor do ensino básico. Toda esta actividade multifacetada de Brito Camacho levou-o a ser convidado a ingressar na Maçonaria, no Grande Oriente Lusitano em 1893, em Torres Novas onde estava a exercer clínica. A sua afirmação como líder político ocorreu em 1888, ao tornar-se Presidente da Associação Académica de Lisboa. Assim, desde cedo revelou as suas convicções Republicanas, tendo-se tornado membro e dirigente do Partido Republicano Português, nos anos finais do século XIX. Colaborou em vários jornais Republicanos, dirigindo designadamente o periódico “O Intransigente” (1894-1895), que o catapultou para a carreira política tornando-se deputado desta causa, atacando os erros e vícios do regime monárquico (os aditamentos à Casa Real, a greve académica de 1907 de contestação ao Governo de João Franco, a questão religiosa, etc.), nos anos finais do século XIX e início do século XX. A sua divergência ideológica com Afonso Costa e a hegemonia e radicalismo deste no Partido Republicano Português estimulou-o, já no novo regime Republicano, à fundação do Partido Unionista, também designado por União Republicana, em 1912, de que foi o principal mentor e dirigente. Deste modo, pretendeu com esta organização partidária opor-se à hegemonia da facção de Afonso Costa que se transmutou em Partido Democrático. Nesta qualidade ajudou à constituição de diversos Governos de coligação nos anos de 1912 e 1913 e sustentou uma polémica oposição à entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial (1916), nos termos defendidos por Afonso Costa, defendendo apenas uma política minimalista de defesa militar das colónias. Distinguiu-se na vida social portuguesa ao fundar e dirigir desde 1906 em Lisboa o importante jornal Republicano “A Lucta” que muito contribuiu para o desgaste da política monárquica. Neste papel, de oposicionista ao antigo regime político, foi um dos principais conspiradores e participantes na Revolução de 5 de Outubro de 1910 que instaurou em Portugal o regime Republicano. No regime republicano exerceu importantes funções políticas como ministro do Fomento, entre 1910-1911, no Governo Provisório, onde subscreveu a lei de separação do Estado e da Igreja. Foi ainda eleito como deputado pelo círculo de Évora por uma série de anos sucessivos.

7º Ano, Turma B


A REPÚBLICA E A IGREJA A República foi instaurada em Portugal no dia 5 de Outubro de 1910, e um dos aspectos que foi imediatamente alterado foi a Igreja. De uma forma muito rápida, foram tomadas medidas que visavam por fim aos privilégios que a Igreja há muito vinha acumulando. A República ficou marcada pelo decreto de 20 de Abril de 1911, conhecido por lei da separação do Estado e das Igrejas. Já antes por decreto de 8 de Outubro de 1910 tinham sido expulsos os jesuítas e decretada a secularização dos religiosos portugueses; a 12 de Outubro do mesmo ano foram laicizados os feriados religiosos, a 3 de Novembro é instituído o divórcio civil e a 25 de Dezembro aparecem as “leis da família”; mas foi sobretudo a lei de separação, que expropriou todos os bens móveis e imóveis da Igreja, que exerceu uma forte machadada nas instituições religiosas portuguesas. As medidas republicanas limitaram as expressões de culto ao interior dos tempos, criou as “associações de culto”, que determinavam a sua gestão, determinou as matérias a leccionar nos seminários, bem como o número de clérigos. Os bispos de então reagiram, rejeitando este diploma, o que acabou por acarretar o seu desterro das dioceses em 1912. Estas medidas foram postas em prática por Afonso Costa, ministro da Justiça e dos Cultos do Governo Provisório. Graças às medidas anticlericais por si postas em prática, passou a ser conhecido por “mata-frades”. Só em 1918, Sidónio Pais começou a pôr fim a tal questão que mais não conseguiu que unir os católicos e provocar a resistência popular ao novo regime. Entretanto, numa Pastoral Colectiva, os bispos portugueses reiteraram

o

respeito

pelos

poderes

constituídos, defendiam a separação entre a Igreja e o Estado, como distinta da laicização da sociedade, e no “apelo de Santarém” sugeriram

a

“união

dos

católicos”

para

intervierem activamente na vida pública. A partir de 1918 surge um movimento de “reconquista” dos valores evangélicos para a sociedade portuguesa, no qual, além de outras

Cartoon de Afonso Costa e as ordens religiOsas

actividades, se insere a missão dos jornais da Igreja. Não admira pois que, em 1945 fosse fundado em Castelo Branco um semanário precisamente com o nome de “Reconquista” que já vai no 66.º ano da sua publicação, e que nasceu deste movimento. 8º Ano, Turma A


A MAÇONARIA

A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre - pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. Esta sociedade secreta terá tido as suas origens na Idade Média, os seus princípios tiveram grande influência nas Revoluções Liberais, que se desenvolveram em todo o Mundo. A Maçonaria não aceita dogmas; combate todas as formas de opressão; luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância; combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um. Considera o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual. A Maçonaria é uma Ordem de duplo sentido: de instituição perpétua e de associação de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem determinados fins e que estão vinculadas a certas regras. É Iniciática, porque só pode nela ingressar quem se submeta à cerimónia de iniciação, verdadeiro “baptismo” maçónico, que significa literalmente o começo, e simboliza a passagem das trevas à “Luz”. É ritualista, porque as suas reuniões obedecem a determinados ritos, que traduzem simbolicamente, sínteses e sabedoria, remontando aos tempos mais recuados. É universal e fraterna, porque o seu fim último é a fraternidade universal, ou seja, o estabelecimento de uma única família na face da Terra, em que os Homens sejam, no seio da Ordem, verdadeiramente irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição social. Em Portugal, a Maçonaria teve uma grande influência na queda da Monarquia. Nos finais do século XIX e início do século XX, exerceram críticas ferozes ao Rei e às suas medidas, unindo-se aos Republicanos, que encontravam nos Maçons muitos dos princípios por si defendidos.

8º Ano, Turma B


PORTUGAL E A EUROPA NOS INÍCIOS DO SÉCULO XX Este séc. foi marcado, por grandes e inúmeros avanços tecnológicos, conquistas da civilização e grandes reviravoltas no que diz respeito ao poder. Todavia, no séc. XX Houve muito massacres, devido aos conflitos que este séc. presenciou. Muitos países da Europa e da Ásia apelidaram ousadamente este séc. como “Século Sangrento”. Devido, sem sombra de dúvidas ao grande rio de sangue que foi a 1ª Grande Guerra Mundial e, claro, posteriormente, o massacre da 2ª Guerra Mundial. Portugal, contudo, nunca foi dos países mais desenvolvidos e inovadores da Europa. O regicídio e a implantação da república veio mudar o regime político português; no entanto, Portugal só conseguia desenvolver-se nalgumas áreas: cultura e entretenimento, política e, poucas mudanças na medicina. No que diz respeito á ciência, tecnologia e mecânica, Portugal nunca conseguiu chegar ao nível da Inglaterra ou da Alemanha, continuando tímida e lenta no seu processo de modernização. Os avanços na ciência e mecânica foram extraordinários, como por exemplo: produção em massa de automóveis, motor a jacto nos veículos aéreos, filmes, rádio e televisão foram também importantíssimos pois faziam parte da comunicação mundial, um acesso muito mais facilitado aos telefones (produção em massa), o avanço nas ciências naturais e exactas, desenvolvimento enorme na agricultura (herbicidas e pesticidas), avanços na física com Albert Einstein (teoria de relatividade), a grande invenção da bomba nuclear, entre muitas outras que mudaram o rumo das “coisas” para nós, habitantes do séc. XXI. Na política, o fascismo, o nazismo e o comunismo foram as grandes organizações, que caracterizaram este século. Portugal, não foi uma excepção á implementação de uma ditadura. Assim surge o “Estado Novo”, um novo regime com ideias, fascistas, e sem qualquer ponta de democracia. António de Oliveira Salazar foi a grande figura portuguesa do fascismo, sucedido por Marcelo Caetano. A revolução russa e a União Soviética também marcaram profundamente o séc. XX. E, claro, que não se podia deixar de falar na criação da União Europeia que apesar de tudo, criou inúmeras vantagens para a população europeia.

9º ANO, TURMA A


PORTUGAL NA Iª GUERRA MUNDIAL Portugal participou na primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República recentemente instaurada. A Inglaterra, que mantinha desde há muito tempo uma aliança com Portugal, moveu influências para que o país não participasse activamente na guerra. O Partido Democrático, então no poder, movido também pelo facto de já existirem combates entre tropas portuguesas e alemãs junto às fronteiras das colónias em África, desde cedo demonstrou interesse em tornar-se parte beligerante do conflito. Em Setembro de 1914, eram enviadas as primeiras tropas para África, onde as esperariam uma série de derrotas perante os alemães. O regime republicano decidiu-se, contudo, a optar por uma tomada de posição activa na guerra devido a várias razões: • com vista à manutenção das colónias, de modo a poder reivindicar a sua soberania na Conferência de Paz que se adivinhava com o final da guerra; • necessidade de afirmar o prestígio e a influência diplomática do Estado Republicano entre as potências monárquicas europeias, de forma a granjear apoio perante uma possível incursão monárquica que viesse a derrubar o republicanismo (muitos portugueses defendiam, aliás, o regresso da monarquia ); • vontade de afirmar valores de Estado que distinguissem Portugal da Espanha e que assegurassem a independência nacional; •

necessidade por parte do Partido Democrático de Afonso Costa, então no poder, de afirmar o seu poder político, ao envolver o país num esforço colectivo de guerra, tanto em relação à oposição republicana quer em relação às influências monárquicas no exílio.

Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu pedir ao Estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa Lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914). Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França. Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200.000 homens. As perdas atingiram quase 10.000 mortos e milhares de feridos, além dos custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objectivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926. 9º Ano, Turma B


UM PAÍS QUE NÃO SABIA LER O Republicanismo assumiu-se, desde cedo, como

um

projecto

que

visava

reformar

a

mentalidade portuguesa por “ via da instrução e da educação “. Na génese do pensamento republicano, enquanto síntese das esperanças progressistas

da

sociedade

portuguesa,

a

educação foi desde logo entendida “ como factor de emancipação do povo”. Os republicanos afirmavam: “- O Homem vale sobretudo pela educação que possui”. Assim, durante a 1ª República, e logo a partir de 1910, os governos republicanos fizeram importantes reformas no ensino. A principal preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros. Em 1920, mais de metade da população portuguesa continuava analfabeta. O número de analfabetos era muito maior nas pequenas vilas e aldeias. Aí, o jornal, ou a correspondência pessoal, era lido em voz alta por algum letrado, enquanto os assistentes ouviam e comentavam. Além do ensino oficial, os republicanos apoiaram as associações recreativas e culturais. Em muitas delas existiam bibliotecas, salas de leitura infantil e organizavam-se conferências, debates e exposições. A liberdade de expressão permitia que todos os temas e assuntos fossem abordados. Por isso o número de revistas, almanaques e jornais diários e semanários aumentou. Em 1917, por exemplo, existiam em Portugal 414 publicações deste tipo. As primeiras alterações legislativas na forma de curtos decretos, ainda no mês de Outubro de 1910, são destinadas a eliminar o que se considerava serem velhos vícios existentes no sistema de ensino a todos os níveis, em especial os que simbolizavam a ligação à Igreja Católica e ao regime anterior. Decreta-se o fim do ensino da Doutrina Cristã nas escolas primárias e Escolas Normais, enquanto no dia seguinte se eliminam os juramentos sobre os evangelhos, exigidos aos professores e alunos do 1º ano da Universidade de Coimbra, assim como se anulam todas as matrículas na respectiva Faculdade de Teologia. As preocupações iniciais são a clara demarcação em relação à igreja e a eliminação da sua presença no sistema educativo (em 14 de Novembro decreta-se a extinção do ensino de Direito Eclesiástico) e a afirmação da liberdade de frequência dos cursos superiores pelos alunos matriculados. 9º Ano, Turma C


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