MöndoBrutal #07

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Um ano de MöndoBrutal. Até nos custa a acreditar que o que em tempos foi apenas uma ideia, é já uma realidade há 12 meses, saíndo uma edição nova em cada 2 deles. Quando começámos, a nossa ideia era dar crédito e valor justo e devido a alguns dos projectos que por aí aparecem à nossa volta e tantas vezes ignoramos. Quando começámos chegámos mesmo a ouvir pessoas próximas de nós dizer coisas como “mas achas que isso vai durar muito? Deve haver praí meia dúzia, ou uma dúzia de boas bandas nacionais underground que valham as páginas de uma revista. E depois?”. A questão é mesmo essa: as (boas) bandas não param de aparecer, são sempre mais, e sempre que investigamos mais sobre um determinado nicho de uma área ou pequena onda, descobrimos mais e mais projectos entusiasmantes a aparecer. Esta edição é mais uma prova disso mesmo: Miss Lava, a fazer a capa e a coroar esta edição com o desfiar do rock que gasta pneu numa estrada gloriosa dedicada à paixão pelos riffs envolventes e cheios de groove; Fina Flor do Entulho, com o seu rock sujo, anarquista e contra tudo o que seja conformismo; A Last Day on Earth, com um som forte e melódico que puxa pelas emoções mais contrastantes e fascinantes; Cryptor Morbious Family, que têm vindo insistentemente a levantar a voz do seu metal industrial; Ten Thousand Wrong Choices, com um rock revigorante que prova que voltar atrás para fazer a escolha certa não é perda de tempo; Soul of Anubis com os detalhes por detrás da envolvente malha “Blood brothers”; e a história dos pioneiros do heavy metal ‘cá dentro’, os Nzzn. Uma das nossas preocupações maiores sempre foi motivar os músicos, mostrando-lhes que há um público, e que alguém está deste lado, e desse lado, atento e a ouvir o que eles criam e debitam pelos instrumentos/amplificadores! A prova está nas perto de 500 visualizações que cada uma das nossas edições já teve, em média. Algumas chegaram mesmo a ultrapassar 1000 visualizações. Contudo isto é também para nós. É um orgulho poder fazer esta webzine para vocês - quer sejam aqueles que pegam num instrumento, quer sejam aqueles que vão a concertos, ou até simplesmente apoiam a música underground da maneira que podem - e fazer o esforço para que cada edição tente sempre ser melhor que a anterior, quer graficamente, quer na forma de apresentar os conteúdos. É bastante gratificante ter-vos desse lado e ter a oportunidade de receber o vosso feedback. Não era nossa intenção fazer apenas mais uma fanzine/webzine. Em cada entrevista, tentamos traduzir visualmente o que de melhor cada banda tem, para acompanhar melhor aquilo que têm para partilhar connosco. Por fim, temos de agradecer a todas as bandas que participaram em todas estas edições, tanto nas entrevistas, como nos artigos. Até mesmo àqueles que nos mostram os passos trilhados no passado; às tantas até temos de lançar um agradecimento especial para esses, pois, como tudo na vida, só com um (bom) passado é que é possível planear um melhor futuro. A todos os que nos ajudaram e ajudam a fazer esta webzine possível, o nosso MUITO OBRIGADO!

MöndoBrutal #07 Info e coisas..: MÖNDOBRUTAL webzine mondobrutal@gmail.com http://www.facebook.com/pages/MöndoBrutal/118889448226960

A Seita: KaapaSessentainove (coisas variadas/ entrevistas) Maltês (design) Rui LX (tmbm design) Cátia Panda (recolha de info/ an.discos) Girh (revisão textos/ entrevistas) Lagartixa (an.discos) Hugo Cebolo (for.d’arquivo/ linhas c. q. s. t. a malha)

índice 02 - Editorial 03 - Notícias 04 - Fora do Arquivo: Nzzn

06 - Fina Flor do Entulho

10 - A last day on Earth

14 - Miss Lava

18 - Ten Thousand Wrong Choices

22 - Cryptor Morbious Family

26 - A.l.c.q.s.t.M.: “Blood Brothers” dos Soul of Anubis

Stay Brutal!

28 - Análises a discos 32 - Videoclube

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Not]cias .................. If Lucy Fell de volta??

de lançamento.” Para escutar as duas novas músicas basta ir até: http://www.facebook.com/morethanathousand

Low torque juntam-se à AWAL

Com um simples “a ensaiar” a banda lisboeta, até agora em hiato, quebra o silêncio e arranca assim da sua legião de fãs um misto de reacções que vão da curiosidade ao entusiasmo. Muitos foram os que esperaram mais da banda de pós-hardcore depois do seu entusiasmante segundo longa duração, Zebra dance; após a separação os membros da banda dividiram-se em projectos que igualmente deram que falar, como Paus ou Linda Martini. As expectativas para esta reunião dos If Lucy Fell vão desde uma nova dose de concertos até, quem sabe, um novo registo de originais. Para ir aguçando a curiosidade, basta seguir os passos em: http://www.facebook.com/iflucyfellrock

A banda do Montijo aliou-se à companhia de distribuição online AWAL(Artists Without A Label) para fazer chegar mais longe a sua música. A AWAL ajuda a promover a música dos artistas a ela associados em praticamente todos os pontos de distribuição online. Os Low Torque contam desta forma ver o seu álbum homónimo chegar practicamente todos os pontos de venda online dentro em breve. Para saber mais: http://awal.com/ http://www.facebook.com/lowtorque

Death metal e grindcore transformam

a Covilhã num talho pela 13ª vez, neste natal

Procura-se vocalista e baterista para os Another Day Will Come Os Another Day Will Como procuram vocalista e baterista. Segundo a banda, as inscrições para quem estiver interessado, estão a valer até ao fim deste mês de Novembro. Para mais informações, podem dirigir-se ao mural da banda: http://www.facebook.com/anotherdaywillcome

O volume 5 dos More Than A Thousand

É já nos dias 14 e 15 de Dezembro que se realiza a 13ª edição do Butchery At Christmas Time (BACT), festival dedicado à música mais extrema e brutal, onde o death metal, o brutal death metal e o grindcore têm vindo a ser representados ao longo das passadas edições. O festival realiza-se na Covilhã, e este ano irá contar com os grupos portugueses Undersave, Skinning, Revengeance, Brutal Brain Damage, Serrabulho e Vómito Na Cruz, ao lado dos checos Gutalax e dos franceses Infest, entre outras bandas. Saibam mais detalhes em: http://www.facebook.com/Butcheryfest

A “Música para o funeral de um país e do mundo”, dos Miss Cadaver Enquanto o quinto e muito esperado álbum da banda setubalense (com data prevista de lançamento a ser constantemente adiada) não chega, os More Than A Thousand dão-nos, não uma, mas duas amostras do que aí vem através das músicas “Heist” e “Fight your demons”, disponibilizadas online pela banda. Vol. 5 Lost At Home foi registado com o auxílio de Paul Leavitt e misturado e mastrizado por Henrik Udd (ligado a trabalhos de artistas como Septicflesh ou Old Man’s Child). A banda encontra-se neste momento em tourné europeia, mas fez questão de anunciar: “Não nos esquecemos dos concertos em Portugal, no inicio de 2013 vamos fazer uma tourné

Os Miss Cadaver disponibilizaram para download gratuito a compilação, constituída por alguns dos seus temas, Música para o funeral de um país e do mundo. A banda de arruda dos Vinhos que busca inspiração em nomes que vão de Napalm Death a Ratos de Porão, apresenta neste conjunto de temas que anteriormente “só apareceram nas k7’s e só quem as tem é que conhece.” De resto, o nome da compilação diz tudo, e para quem estiver interessado em dar uma escutadela, cá está o link: http://www.mediafire.com/?56aoth0bda6vx64 http://misscadaver.wordpress.com/

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F#ra do Arquivo NZZN

Numa altura em que o mundo anglosaxónico seguia orgulhosamente com uma bandeira revestida a aço e electricidade sem limites, uma banda portuguesa ousou aproveitar aquela que foi a chamada explosão do rock dos anos 80 para furar barreiras e almejar prensar a expressão heavy metal em português. Esta é a história dos Nzzn. Uma história de oportunidades, força de vontade, mas também de uma precoce falta de ouvido por parte dos produtores portugueses e da própria indústria para o que era então um novo, ousado e excitante som. No início da década de 80 em Portugal, era inimaginável ter um vislumbre que fosse do panorama musical nacional actual, onde a diversidade e oferta é imensa. Nessa época poucas eram as bandas - ou agrupamentos musicais -, portanto as que havia davam nas vistas com uma relativa facilidade. Muitas das vezes era mais uma questão de vontade. Se uma banda tivesse vontade de fazer algo com a sua música, só tinha de avançar. E os Nzzn avançaram. A banda lisboeta começou como uma banda de covers que fazia versões de músicas dos AC/ DC ou Van Halen (na zona de Cascais). Só por aí já estavam a assumir um patamar de técnica e espírit rock’n’roll e heavy metal merecedor de anotação; houve aliás “quem augurasse um futuro dourado àqueles que ousassem romper as malhas e se assumissem como pioneiros da onda mais pesada do rock em Portugal”, como chegou a referir o locutor e divulgador de metal António Freitas ao Blitz em 1994. Para isso contribuíu a força creativa, que fez com que a banda sentisse a necessidade de expressar as suas próprias emoções e vivências e “a certa altura fartámo-nos de fazer versões e resolvemos fazer originais”, como chegou a expressar o exbaterista da banda, Zica. A escolha do idioma nem sequer foi alvo de grande debate, tendo sido resultado de uma

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questão bastante prática. “É claro que optámos logo por cantar em português”, terá dito o ex-baterista. “Caramba, se somos portugueses porque é que não havíamos de cantar na nossa língua? ...Para além de que já vinham lá de fora coisas mais do que suficientes em inglês”, concluiría o músico. Após reunir algumas músicas da sua autoria, Necas, Zica e Zé Nuno (o nome da banda é resultado do acrónimo formado pelas iniciais dos nomes dos integrantes) contactaram a Vedeca - também conhecida por J. C. Donas, Lda, empresa do Porto ligada ao grupo Valentim do Carvalho - que na altura estavam a apostar em bandas portuguesas. Se hoje algo como mp3 gratuítos, demos, ou EPs são chave de apresentação inquestionável, na altura tudo o que a banda precisou foi mesmo contactar a editora e agendar um dia para que alguém da mesma fosse assistir a um dos seus ensaios. Idílio Viana (exRossil e A&R da editora) foi quem acabou por se deslocar até onde a banda estava e dar a luz verde para que a banda seguisse com o seu primeiro registo e marcasse o seu lugar na história da música portuguesa. “Ensaiávamos na Associação Popular de Paço D’Arcos e tínhamos duas ou três músicas feitas: “Vem daí”, “Deixa arder” e pouco mais. O Idílio Viana foi ver-nos à sala de ensaio e gostou... Depois foi editado o single “Vem daí”...”, chegou a referir Zica sobre esse capítulo. Freitas chegaria mesmo a referir que os Nzzn “ganharam lugar na história como criadores do primeiro single português de heavy metal”, com “Vem daí”, e que o mesmo “disparou para o primeiro lugar do top do popularíssimo


programa radiofónico Rock em Stock”. Mários Dimas, que acabou por formar a agência de management ‘Mario Dimas Management’, de Almada, foi também uma pessoa importante no decorrer do percurso dos Nzzn. Nome também associado à organização de concertos de bandas do calibre de Xutos e Pontapés, Dimas estava na altura a tratar dos concertos dos UHF, que por essa altura tinham editado À Flor da Pele. Segundo o ex-baterista da banda “na altura tivemos o apoio dos UHF, que foi decisivo para a nossa carreira porque o Mário Dimas decidiu pegar nos NZZN e fazer a primeira parte dos UHF durante um verão, e, nesses anos, onde os UHF actuavam era enchente certa.” A partir daí a popularidade dos Nzzn começou a aumentar um pouco e a banda com mais confiança e um melhor orçamento decidiu investir ainda mais. “A partir daí compramos um PA da Furacão e tornámo-nos autónomos, e a seguir fizemos o single “Gajos da sorte”. Fizemos concertos por todo o lado”, conclui ainda Zica. Com toda a confiança e know how advindos da experiência que iam acumulando, em 1984 os NZZN entrariam para os estúdios da Valentim de Carvalho com vista a gravar o seu primeiro (e único) LP. Forte e Feio, assim se chamava o disco, acabou no entanto por não ser aquilo que a banda pretendia. “gravámos o disco nos estúdios Valentim de Carvalho, mas devido à inexperiência dos produtores (gravámos com o Tó Pinheiro da Silva e produção de Mike Sargeant) não saiu o som que queríamos”, refere o ex-baterista. Composto pelos temas “Brigada rock”, “Infringindo a lei”, “Fogo posto”, “Participe no concurso”, “Vem daí”, “Heavy metal”, “Paga e não bufes”, “Morde aqui... a ver se eu deixo” e “Desgoverno (nacional)”, o disco prometia muito - até pela afirmação do próprio título do álbum - mas acabou por não convencer nem os membros da própria banda, nem a crítica. “Foi um desastre, a crítica não perdoou”, continua Zica, “e como o álbum se chamava Forte e Feio ainda mais pancada recebemos.” “A verdade é que o sucesso, uma vez mais, durou apenas dois anos”, como chegou a concluir Freitas. Tal recepção à nova música da banda, aliada ao próprio desânimo dos membros integrantes acabou por fazer com que cada vez fosse mais frágil a barreira entre os músicos e as suas próprias questões em relação à banda, ou até em relação à música em geral, o que fez com que a banda acabasse por se desintegrar devido a “problemas internos”. “Estávamos na contra-maré”, chegou a disparar Necas, o ex-guitarrista da banda. “O que fazíamos e que sempre fizémos foi um hard-rock pesado, mas o que estava mesmo a dar era o new wave”, chegou a explicar. O próprio “boom” (nos anos 80) do “rock português foi algo criado artificialmente e a prova é

que não durou mais do que dois ou três anos. Não havia circuito, não tínhamos mercado para termos aí umas 50 mil bandas a gravar”, terá defendido o ex-guitarrista dos NZZN. Zé Nuno, ex-baixista avançaria uma justificação mais enraizada na evidente filosofia por detrás da implacável indústria musical: “Os discos tinham que vender, se não se vendiam a editora deixava de apostar na banda. Nós estivemos em cima com o primeiro single, não estivemos mal com o segundo, mas depois, com o álbum, que já não vendeu o que se esperava, sentimos logo isso”. Zica, com um ponto de vista sempre um pouco mais ‘na boa’ diria que “é mesmo assim, a certa altura sentimos que nunca mais voltaríamos a ser estrelas do rock’n’roll”. Necas, contudo, acabaria por, em retrospectiva, olhar para tudo o que se passou e desabafar a sua derradeira conclusão: “Na época até achei ingenuamente que o meu esforço de 10 ou 20 anos como músico ia ser finalmente recompensado. E embarquei idioticamente naquilo, só percebendo mais tarde que as coisas não eram assim tão lineares. Senti algum desencanto mas não desisti. Continuo a tocar e até me estou a cagar para os tops”. Basicamente é mesmo assim: a música é, em primeiro lugar, algo que se sente! Tudo o resto acaba por ser secundário.

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MB

http://www.myspace.com/nzzn http://anos80.no.sapo.pt/nzzn.htm

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São clientes habituais do hospital mais próximo, e no seu currículo contam já com maxilares quebrados e um concerto na prisão de Custoias, por exemplo. Sejam benvindos ao fantástico mundo sujo, cru e real que os Fina Flor do Entulho legendam com rock anárquico que tanto tem de punk como de industrial, e tanto envolve quan to inquieta. Nota-se uma atitude bastante cáustica e quase cruel da vossa parte, mesmo para quem faz música rock bem extrema. O que vos serve de inspiração, artísticamente falando, para aquilo que é a Fina Flor do Entulho? ...O nome da banda diz algo do que fazemos e como colocamos cá para fora, essa expressão Fina Flor do Entulho, não é uma escola de samba, mas sim um saco cheio de merdas e protagonistas que insistem em fazer do espaço de todos um mundinho só deles, não sabem nem conseguem sequer soletrar palavras como, liberdade de expressão, igualdade...em vida na morte vai tudo esticado, daí a intro “O buraco é

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igual”.

O Carne de Deus está com uma produção bastante cuidada e potente. Como foi que gravaram, e como se processou o registo dos temas? ... Tivemos a felicidade de encontrar alguém potente na questão de gravação e produção (Mr. Grave) e que acima de tudo se identificou com o espírito da banda. Não foi fácil, sabendo que no dia seguinte tinhas que ir sempre trabalhar com uma ressaca descumunal(!!) e os estúdios ficavam a mais de 70km do local onde vives.

Já agora, aconteceu algo fora do


Quais foram as reacções que obtiveram lá fora? ... Foi na Galiza. É igual, falamos portugûes e percebemo-nos uns aos outros, dá para perceber que para eles a tourada é outra. São mentes mais abertas e mais receptivas. Consegues ir tocar lá fora e ter muito melhores condições que cá em Portugal e eu pergunto-me como é que isto é possivel?

Passa-nos a impressão de que essa mesma atitude que podemos escutar no álbum deve saltar do CD para o palco. Já houve episódios de ‘demasiado entusiasmo’ que tenham terminado de forma polémica, ou algo do género? ...Somos clientes do hospital no dia seguinte: pés, mãos, e maxilares partidos já aconteceram. Não que seja o desejável, por causa do aumento das taxas moderadoras (chulos), mas porque foi o que saíu. O do maxilar por exemplo, foi culpa da boneca insuflável que era de má qualidade e rebentou. Mas a situação mais marcante foi de certeza tocar na prisão de Custoias, em que os presos estavam proibídos de se porem de pé, e uns 50 cagaram e começaram a curtir de uma forma tão genuína o que lhes estava a entrar no tímpano. Acabou com um a subir ao palco a curtir, e uns senhores fardados deram-lhe umas festas... assim não se vai conseguir fazer pessoas, mas sim animais. Sistema falido.

normal durante a gravação, ou foi um processo pacífico? ...aconteceu tanta coisa,desde bebedeiras extremas, directas, rabos nus... ficam os bons momentos de convívio e companheirismo, num processo que, ao ser gravado sem ser take directo e siga, implica haver ligação e curtires o que fazes. Um momento que passámos no estúdio ficou registado e vai ser editado no nosso próximo lançamento em K7, Orgia de Domingo à Tarde, como um extra.

Quase que se poderia dizer que há algo de La Fura dels Baus nos Fina Flor do Entulho, não? ...Eu diria que há algo de Fura dels Barris eheh.

Durante um concerto da banda sai tudo mesmo de forma sentida? ...Só assim faz sentido, não tocamos géneros musicais, tocamos o que nos vai na tola e ficou como registo. Acho que quem já

Deram recentemente alguns concertos por território espanhol.

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nos viu e ouviu sente isso, não vai bater nem consegues passar mensagem nenhuma se não fores o primeiro a curtir e a acreditar no que dizes ou fazes.

‘Não baterei continência’ é um dos versos mais curiosos de uma das vossas músicas - “Inapto para serviço militar”. Algum dos membros da banda chegou a integrar em alguma altura o serviço militar obrigatório, ou algo do género? O que diriam que está na base desta música, e porventura inspirou este verso em particular? ...Esta, como a maioria, tem a ver com histórias reais e vivências de cada um. Neste caso foi algo passado pelo Danix que para além de impotente (ehehe), à 20 anos teve que ir á inspecção militar que na altura era obrigatória. E como ele gostava tanto de armas e mísseis como de um clister pelo cu acima, detectaram-lhe na altura mais romântica do processo - o de baixar a cueca -, um varicocelo, que são varizes nos colhões. Ficou desolado e tentou o suicídio, por não ir à tropa, como devem imaginar.

...experiências que decerto alimentam muito a creatividade! Que mais vos inspira enquanto banda? De onde tiram

toda a raiva que apertam no curto espaço de minutos de cada uma das músicas? ...Bois da nova ordem mundial, genocídios em massa, manipuladores de consciência, heróis da sociedade, pedófilos, religião pregadora de limpeza do altar, rebanhos com pastor... achamos que cada um é como é, e tem que ter o seu espaço, nem que seja em Marte. De resto estamos à espera de ir para o céu, com vinho e um campo verdejante, com som de fundo de cascatas e gemidos de bacanais eternos.

Também temos fé que sim (risos). Um registo ao vivo no Hard Club, um EP de impor respeito em Carne de Deus... que mais nos preparam para os tempos que aí vêm? ...Vamos fazer uma edição DIY de 25 K7s ao vivo, uma entrevista na radio Amplitude, e um momento porno registado no estúdio, muito em breve: Orgia de Domingo à Tarde. Abraços, curtam e berrem!!!

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MB

http://www.facebook.com/finaflordoentulhonoise

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A last day on Earth

Com uma confiança arrebatadora, os leirienses A Last Day on Earth envergam a música que desafia o fim dos tempos com a raiva do metal e a melodia do rock menos preocupado com complicações harmoniosas, e falam-nos da música cá dentro, lá fora, e no fim do mundo. Entre as linhas de uma review ao vosso álbum Between Mirrors and Portraits, Carlos Matos (responsável pelos Festivais Fade IN/Entremuralhas) descrevevos como “divididos igualmente entre a emergência dura e impetuosa e a nobreza da ternura”. Têm um cuidado especial na distinção das diferentes metades que contrastam a vossa música de forma a que se valorize cada uma independentemente da outra, ou é algo inevitável? Existe da nossa parte um reconhecimento desses diferentes contrastes, no entanto não é algo que tenhamos um cuidado especial em distinguir. Aquando da composição deixamo-nos levar mais pelas nossas emoções sem nos preocuparmos propriamente em fazer as coisas de uma certa e determinada maneira. No fundo não nos agarramos a nenhuma fórmula na altura da composição.

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A cena de Leiria há uns anos estava a começar a esticar os tentáculos e a dar que falar um pouco por todo o cenário metal do país, com bandas tão distintas como The Spektrum ou Flagellum Dei a dar nas vistas. Ainda se sente esse espírito, ou as coisas estão um pouco mais enferrujadas no que a concertos e mútua colaboração e promoção entre bandas diz respeito? Leiria sempre foi um nicho de músicos com diferentes géneros e diferentes circuitos. Dada a evolução do panorama musical leiriense e nacional a tendência para a colaboração entre bandas é cada vez maior, pois cada vez mais estas estão-se a tornar nos principais promotores de concertos.

Na review anteriormente mencionada também é dado a entender que se encaixavam de forma mais imediata no cenário musical de Orange County, na


California. É algo que faria sentido para vocês, nascer como banda nos Estados Unidos? Será que o cenário lá fora é menos competitivo que cá dentro? Apesar de muitas vezes sermos vistos como uma banda com uma sonoridade norte americana, temos bastante orgulho de sermos portugueses e de fazermos o que fazemos a nível musical! O cénario americano é sempre mais apelativo pois trata-se da “terra das oportunidades”, o que estaríamos a ser hipócritas se negássemos nunca termos pensado como seria se vivêssemos nos EUA. Mas a realidade foge aos sonhos e é nela que temos de nos concentrar e vingar. O cenário “lá fora” continua a ter uma maior abertura, e achamos que isso o torna mais competitivo e mais difícil de entrar. Existe muito mais procura, mas também existe muito mais oferta. Acreditamos também que existe uma certa altura em que, depois de reunidas as condições, há que fugir da chamada “zona de conforto” e tentar alcançar o “sonho”.

A chamada evolução natural. Quais diriam que são os compositores (integrantes ou não de bandas) que mais vos influenciaram? Embora cada um dos membros da banda traga diferentes influências, podemos considerar que no colectivo as nossas maiores influências vêm do grunge dos anos 90, de bandas como Alice in Chains ou Soundgarden, de bandas como Deftones ou Korn, e das grandes bandas de metal dos anos 90 como Sepultura ou Metallica.

A editora inglesa CoproRecords revela-se uma casa que soube apoiar alguns projectos portugueses bem interessantes, dentre os quais também vocês se incluem, a par com um leque bem curioso a nível internacional. O que sentem face à oportunidade de trabalhar com gente que ainda aposta na música e que sabe valorizar o que vocês fazem? Para nós foi bastante gratificante o

reconhecimento do nosso trabalho por uma editora internacional. Pensamos que graças a esta parceria conseguimos ter uma maior visibilidade a nível internacional que talvez não fosse possível de outra maneira. O nosso objectivo é sem dúvida continuar a trabalhar nesse sentido, continuando a abrir portas e a trabalhar com pessoas que apostem acima de tudo na qualidade.

O vídeo que desenvolveram para “Gold” é um bom exemplo de como é possível criar um produto extremamente interessante tanto a nível sonoro como visual, cá dentro. Acreditam que a falta de uma maior internacionalização das bandas nacionais é algo incontornável, ou que deveria haver um maior esforço por parte de todas as partes integradas? Na nossa opinião, e tendo em conta o panorama nacional, cada vez há mais internacionalização por parte de bandas nacionais, embora que seja preciso ter consciência que nem tudo serve de


a paixão pelo que fazemos, e isso serve de inspiração para a música que fazemos.

Apesar da energia agressiva, não se censuram a deixar algum positivismo em algumas das vossas letras. Haverá mesmo esperança durante um eventual último dia na terra? Se sim, como justificariam esse ponto de vista? A esperança requer uma certa perseverança; acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. Em relação a nós, podemos afirmar que estamos cá para durar e que difícilmente nos desviaremos do nosso objectivo. O pensamento positivo faz parte desse mesmo processo, mas nunca esquecendo a realidade onde vivemos e que nem tudo é um “mar de rosas”

Já agora, partindo da premissa anterior, o que decidiriam fazer no vosso último dia na terra?

exemplo. Na nossa opinião as bandas têm se preocupar mais com a qualidade do material que fazem. E os promotores e editoras preocuparem-se mais com a qualidade, e no que diz respeito às bandas, oferecerem melhores condições.

Ainda segundo as inspiradoras palavras de Carlos Matos, parece haver na vossa música uma intenção de vos “levar para longe de um eventual sentimento de aborrecimento”, provavelmente em relação ao dia a dia. Conseguem identificar algum tipo de situções que possam fazer sentido neste contexto, e que eventualmente acabaram/acabam por influenciar o que fizeram/fazem enquanto banda? Aborrecimento pensamos que seja um sentimento que não nos rodeia, ou pelo menos assim o tentamos. Acreditamos que somos uma banda bastante activa no sentido de fazermos um enorme esforço para tocarmos juntos o maior número de vezes possível, e de estarmos em constante contacto uns com os outros. O principal sentimento que envolve os A Last Day on Earth é

O que faríamos no nosso último dia na terra, pensamos que seja uma questão para a qual não podemos atribuir uma resposta precisa(!!!), pois dadas as nossas diferentes personalidades o mais certo seria cometermos um enorme número de loucuras. No bom sentido! (risos) Uma coisa é certa e podemos afirmar, gostávamos de acabar os nossos dias a fazer o que mais gostamos e a partilhar com todos os que nos rodeiam!

O que nos leva de novo à música propriamente dita. O Between Mirrors and Portraits já foi lançado há algum tempo, portanto vocês decerto que já estão a preparar uma nova banda sonora para o fim dos tempos, certo? O que podemos esperar do que aí vem? Sim, o sucessor de Between Mirrors and Portraits já está na forja!!! Pensamos que este irá ser um álbum mais emotivo e ao mesmo tempo mais directo, no que à mensagem diz respeito. Em relação a nós, podemos afirmar que estamos a ter um enorme prazer na composição deste álbum e que o processo de produção está a ser fantástico. Estamos a explorar novas sonoridades e ambiências, o que nós está a amadurecer imenso como músicos, assim também como pessoas.

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MB

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Miss Lava

s ou Los Angeles. É só escolher dre Lon eu, Vis rr, Tho t ien Val ss, os Slash, Wasp, Kyu nomes constam naquela que podem es ess os tod que por re, sob tar e disses stoner rock va. Uma história que o grupo de a afirmar ser a história dos Miss La promete não comprometer a energi que e a, for a rad est er rev esc a está ainda se vive o nos diz o guitarrista K. Raffah, só com , nal Afi a. nad por a sic mú sua da uma vez!


Como surgiu a vontade/necessidade de fazer esta banda? A banda surge na sequência de um projecto do Samuel. Na altura, ele procurava músicos que encaixassem numa visão de stoner rock. De formação em formação várias pessoas foram passando até que houve um click forte com o Johnny Lee na voz. O Johnny ligou-me e eu, que tocava baixo, fui para a guitarra. A química entre os 3 foi imediata. Era altura de dar um nome e, entre copos de vinho no Bairro Alto, chegámos a Miss Lava. Passámos uns anos na sala de ensaios a “encontrar” a banda, entrou o J. Garcia para a bateria e decidímos partir para os concertos ao vivo e para a gravação do EP.

“Heavy Rock’n’Roll Disaster”? O desastre deveria estar de mãos dadas com a verdadeira essência do rock’r’roll? Claro que sim! (risos) Em Miss Lava, parece que estamos sempre na “corda bamba”. Tás sempre no limite. Não sabes se vais cair ou não, tás sempre com aquela adrenalina e chegas sempre lá. É tipo um comboio a abrir e tu vais agarrado lá atrás, tás sempre a passar por sobressaltos, mas nunca largas. É assim com o rock. Quem o tem no sangue, é para sempre. Não faz compromissos, não tem meios termos.

O peso arrastado, o groove e a dose certa de melodia... Que mais falta para descrever os Miss Lava? Qual é aquele ingrediente especial que vos serve de combustível? Acho que o nosso combustível é a química que existe entre nós os 4 quando começamos a tocar numa sala de ensaios, a fazer som antes de um concerto ou quando abrimos os gigs a jammar. Isso é o que nos faz mover. Cada vez mais, aquilo que é ou que se reconhece como Miss Lava é o fruto do que cada um de nós consegue contribuir. E olha que cada um de nós não gosta das mesmas coisas. Se fores ao itunes de cada membro da banda aposto que não bate nada um com o outro. A mesma coisa na abordagem a cada instrumento. Mas na verdade isso é que faz com Miss Lava seja Miss Lava e não a miragem de uma outra banda qualquer.

Que tal têm sido os últimos anos a percorrer essas “dangerous miles” que o nome do vosso álbum de estreia antecipava? Tem sido fantástico.

Felizmente, temos tocado muito ao vivo. Sempre com a carrinha de um lado para o outro e sempre a abrir! Em Portugal, estamos perto de ter batido tudo e ainda conseguimos ir duas vezes a Inglaterra e uma vez a Los Angeles, para tocar no Whisky a Go Go. As primeiras partes têm sido marcantes, principalmente com Slash no Coliseu, Fu Manchu no Alquimista, Kyuss na Incrível [Almadense] e Valient Thorr no Music Box. A tour com Truckfighters também vai ficar para sempre. Os slots no Rock in Rio-Lisboa e no Vagos também foram inesquecíveis. Agora vem aí o Campo Pequeno, a abrir para WASP [no Campo Pequeno]. Vai ser especial.

Na primeira edição, o álbum de estréia tinha 4 capas diferentes à escolha. Foi uma questão de indecisão, ou uma investida por algo diferente? Foi claramente uma investida por algo diferente. Tentamos sempre acrescentar valor no pack dos nossos lançamentos, para além da música. No ‘Blues’ essa foi a diferença. No EP, a capa era um póster desdobrável com 1 metro. No novo álbum, o pack tem um cortante especial que não deixa ninguém indiferente. Numa era em que o download é a norma, principal-


acrescentar novas camadas ao registo audio. É um processo criativo também interessante, perceber como aquela música pode ser representada visualmente e pensar que a ideia visual também tem que poder viver por si. Isso e abrir espaço a novas pessoas no seio dos Miss Lava. Às tantas estás a discutir ideias com um realizador, com uma actriz, enfim.. e trazem-te sempre novas perspectivas sobre a tua música. É um processo enriquecedor. mente o ilegal, se não acrescentares valor ao produto tens menos hipóteses. Mas para além disso, é muito fixe pensar na banda para além da música. Ir até as capas, aos posters dos concertos, até os vídeos...

..por falar nisso, desde que começaram a dar nos ouvidos, também começaram a dar nas vistas, com uma boa dose de videoclips, que continuam a perpetuar, cada um mais interessante que o anterior. São amantes desse género de fusão entre a música e a imagem? Sim, muito. Todos nós trabalhamos em áreas ligadas à comunicação, por isso é quase inerente à nossa forma de estar pensar logo em vídeo. E tem muito mais piada quando consegues

Têm um novíssimo trabalho debaixo do braço - o Red Supergiant. Como descrevem este novo álbum? Como um disco de Miss Lava mais passivo. A banda está mais intensa e o som está mais orgânico. Isso permite-te ouvir uns Miss Lava mais pesados e ao mesmo tempos mais mellow, sempre com uma fluidez que nos agrada muito. Neste disco, estamos mais focados em termos de composição. Aparecia uma ideia e íamos atrás dela, pensando em como fazer uma música a partir dessa ideia. No primeiro álbum, se calhar brincávamos com mais ideias para chegar a uma música.

Quase que se adivinha que compõem tendo em mente a intensidade e a forma como as músicas soarão ao vivo. Foi com esse espírito que se lançaram a este novo conjunto de temas? Não pensámos nisso de raiz, mas acho que o facto de termos tocado muito ao vivo na promoção ao ‘Blues’ [primeiro álbum] deve ter acabado por, de certeza, influenciar as novas músicas. Acaba por estar dentro de ti, imagino. Havia ideias que apareciam por estarmos a testar salas novas, por estarmos a fazer soundcheck, outras que alguns traziam de casa, outras que apareciam em jams, enfim, tentamos

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que os processos de composição não sejam fechados, mas sim abertos de forma a que, a partir de qualquer coisa, possa nascer uma ideia.

bastante essencial. Como vêm a oportunidade de poder contar com um produtor dentro da banda?

O que foi preciso para conseguirem furar por uma provável, previsível e extensa fila de bandas alistadas para trabalhar com Matt Hyde (que já misturou/ masterizou bandas como Slayer, Monster Magnet, Fu Manchu e The 69 Eyes, entre outras), consegui-lo, e acabar com esta nova dose potente de rock’n’roll?

É muito bom porque permite-nos controlar mais aquilo que queremos. Estamos todos alinhados e mais conscientes daquilo que queremos para Miss Lava. Por outro lado, permite-nos ter o nosso “pace” para as gravações. Vamos gravando uma música por dia sem termos aquele stress das horas em estúdio que estão pagas. Isto permite-nos procurar o melhor para cada música livremente. Por isso o que ouves é um trabalho muito mais intenso, música a música, porque cada música foi trabalhada de forma focada.

Um mail! (risos) Agora a sério, foi um mail para o manager a explicar quem éramos, e uns links para o nosso trabalho. A resposta: “Fuck yeah!” A partir daí, começámos a contactá-lo directamente através de reuniões Skype com o Samuel, marcámos viagens para Los Angeles e lá fomos nós. Pelo meio, o processo arrastou-se bastante. Tudo o que havia para correr mal correu - quase que perdíamos o disco com as gravações todas lá dentro, o Samuel quase que partia o braço durante as gravações (o que implicou mês e meio de paragem). Isto levou a um atraso gigante e acabámos por fechar as misturas e masterização à distância, por mail, o que demora sempre mais. Foi um processo longo e desgastante, mas muito gratificaste. Adoro ouvir a patada do álbum.

O trabalho realizado pelo vosso baixista, Samuel Rebelo também deve ter sido

Agora é a estrada que chama por vocês, correcto? O quão ansiosos estão para acorrer ao chamamento e continuar a inflamar os palcos por aí fora? YEAHHHHH!!!!! A melhor parte de ter uma banda é tocar ao vivo. É aí que o desastre pode acontecer. É aí que estás sempre no limite. É ao vivo que o rock vive. Seja no chão de um club, seja num palco maior, em Viseu ou em Lisboa, Londres ou Los Angeles, o que interesse é sentir aquele power e dar-lhe como se não houvesse amanhã. Só vives uma vez.

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MB

Portugal: Tour Red Supergiant

http://www.facebook.com/MissLavaOfficial http://www.myspace.com/misslavarock

a, Cine01 Novembro - Almad tasticus! II, com an Ph l va Incrível, Festi K) Alternative Carpark (U Grande, Ovelha 02 Novembro - Marinha Carpark (UK) Negra, com Alternative Sala Undertino, 03 Novembro - Viseu, rk (UK) com Alternative Carpa Campo Pequeno, 10 Novembro - Lisboa, 1ª parte WASP Sociedade 24 Novembro - Évora, m Surveillance Harmonia Eborense, co Music Box 30 Novembro - Lisboa, com An X tasy 01 Dezembro - Loulé, Rock n’Shots, 15 Dezembro - Cascais, com Simbiose


TEN D N A S U THO G N O R W S E C I O CH

Boa disposição e uma entrega cheia de vida é aquilo que podemos esperar dos Ten Tho elementos que anteriormente passaram por bandas como os Y?, Slow Motion Beer W da pele, mas que se contém envolvida numa certa contemplação progressiva. Pelo men para o palco! Num discurso algo animado, mas sem comprometer o que é importante, e

Os membros que constituem a banda já pertenceram a bandas que deram bem nas vistas há algum tempo atrás, como Y?, In Solitude e Slow Motion Beer Walk. A fasquia não estará demasiado alta, tendo em conta os objectivos que foram alcançando com as respectivas bandas anteriores? Pedro Moutinho de Carvalho - A fasquia está de facto alto, mas acho que nenhum dos membros dos TTWC quereria de uma outra forma. O facto de virmos e termos backgrounds de relativo sucesso no underground português, pode ser uma arma que joga contra ou a nosso favor. Esperamos e trabalhamos para que quem ouça ou veja TTWC ao vivo, veja que o nosso passado está também reflectido no presente e que tudo que fizémos, e todas as escolhas que tivemos de tomar nos

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trouxeram a este ponto. Hugo Moreira - Nós gostamos de superar objectivos e temos ambição para sermos cada vez melhores em tudo que fazemos, logo essa fasquia serve de meta. Quando a ultrapassarmos, iremos colocar uma outra ainda mais alta, para assim tentarmos não estagnar.

É preciso alguma coragem para misturar Porcupine Tree e Alice in Chains na mesma lista de influências. Ainda mais surpreendente é ouvir, e perceber que essa mistura de nomes realmente faz sentido. Foi complicado chegar a um ‘acordo sonoro’, com referências musicais que tocam em extremos tão acentuados? John Keel - Quando o Mad Makk e o Hugo


processo de composição foi fluído, ou houve alguma dificuldade até conseguirem alinhar todas as ideias? Não houve o tradicional conflicto de egos, entre os elementos? Mad Makk - Uma das coisas que mais me orgulho na junção destas pessoas, é no facto de não haver egos inflamados. Todos sabemos o que fazemos dentro da banda e penso que isso se faz notar nos temas que compõem o EP e na nossas composições em geral. Todos temos liberdade para darmos o nosso cunho da maneira que acharmos que serve melhor a música, porque isso é de facto o mais importante.

ousand Wrong Choices. A banda constituída a partir de Walk ou In Solitude apresenta um rock com nervo à flor nos até ao momento em que a banda passa as músicas esta é a entrevista à banda do norte. Moreira, se juntaram após a incursão pelos Y? para fazer um novo projecto, os dois tinham uma ideia muito clara e específica daquilo que queriam fazer. Eles são os “rockers” da banda. A alma rock que se sente parte definitivamente deles os dois. Quando eu e o Moutinho nos juntámos aos TTWC trouxemos outro tipo de sonoridades. O Pedro, com as influências de Alice in Chains e do movimento mais grunge e da minha parte a componente mais melódica e electrónica. Quando juntámos as nossas influências àquilo que o Hugo e o Makk já tinham construído, o som fluíu melhor do que estaríamos à espera, por isso não foi muito complicado chegar ao tal “acordo sonoro”.

A vossa experiência em bandas anteriores faz-se notar nas composições que apresentam no EP de estreia. O

Como se deu a gravação do mesmo nos AMP Studios, com Paulo Miranda, conhecido por “várias produções distiguidas pela crítica como ‘Melhor Album do Ano’ [entre 2003 e 2007]”? Correu tudo como estavam a planear, sem grandes compromissos?

Sofia Lopes - A gravação foi uma experiência diferente de todas aquelas que tínhamos tido anteriormente em estúdio. Nós entrámos para estúdio com algumas limitações a nível de tempo. O Paulo Miranda sabia disso e ajudou-nos o máximo que podia e estava ao seu alcance. As gravações correram bem, mas gostaríamos de ter tido mais tempo para poder limar algumas arestas e poder ‘experimentar’ mais. Mas a limitação era nossa. Não podemos ter melhor opinião acerca do Paulo Miranda, tanto como produtor, como pessoa. John Keel - Uma palavra de agradecimento tambem à assistente do Paulo, a Margarida Faria, que além de ter dado apoio durante as gravações, também deu ‘uma perninha’ na “Change”, em que gravou um arranjo de violino.

Uma das curiosidades que nos sentimos obrigados a satisfazer tem a ver com a questão de os Slow Motion Beer Walk terem parado, após uma breve incursão

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estratégias ou formas diferentes de apresentar/promover a vossa música? Pedro Moutinho de Carvalho - Vamos ser honestos; o mercado mudou. Tudo aquilo que se fazia no passado para promover bandas ou artistas teve necessariamente de mudar. Estamos a viver numa altura complicada para se ‘ser músico’, e ao mesmo tempo estamos numa altura em que virtualmente tudo é possivel! Temos ferramentas ao nosso dispor hoje que permitem promover a nossa música em qualquer parte do mundo, sem que para isso se tenha de ter muito capital. Esta conjectura traz alguns problemas, sendo que o maior para uma banda que está a começar, é a oferta que há por aí fora. John Keel - Nós temos noção que para se conseguir alguma coisa, temos de nos desmarcar de tudo o resto. Para já estamos a promover o EP, seja através de vendas online (estamos a trabalhar com a Brandit para distribuição digital), ou através de redes sociais, como o Facebook, etc. O que estamos a projectar para fazermos se calhar ainda este ano, é uma apresentação dos TTWC em grande escala. Ter o site online, músicas para download, alguns concertos que estão a ser pensados (possivelmente também em formato digital) e outras surpresas que estamos a tentar realizar!

pelo português, e de a Sofia Lopes nos surgir de novo a cantar em inglês, envergando frases como “there’s no way to the ocean these days/ ‘cause the ocean turned out to be a small lagoon(Black city on hands)”, que acabam por desarmar qualquer um que goste de recorrer ao glorioso passado português para defender o recurso à tradição e ao que é ‘nosso’. Pode-se dizer que foi uma experiência que podia ter feito mais sentido e que agora é altura para um “must keep going(Oxytoxin)”? Sofia Lopes - (gargalhada) que grande questão. Não existem limitações para a escrita, seja em português ou inglês, existe sempre um mar de opções. Mas quando surgiram os Ten Thousand’, Slow Motion’ preparava uma série de temas em português; Ten Thousand’ foi também uma oportunidade de continuar a escrever em inglês. Assim escreveria nos dois idiomas: português em Slow Motion’ e inglês em Ten Thousand’. Continuo a escrever em português também.

Com o conhecimento que já devem ter na bagagem, daquilo que alcançaram anteriormente, estão a planear

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Uma das mensagens que deixam passar no texto de apresentação à banda é que é importante acreditar nos objectivos e usar as escolhas que fazemos - boas ou más - para aprender a seguir em direcção aos mesmos. Serão os Ten Thousand Wrong Choices a consumação de um desses objectivos? Mad Makk - Os TTWC são isso mesmo. O resultado de todas as escolhas, sejam elas as acertadas ou as erradas. Tudo o que fizemos no passado trouxe-nos aqui. Sofia Lopes - ...e não só nos TTWC, mas com tudo nas nossas vidas. Nós somos o resultado das nossas escolhas.

Uma das caracterísicas de pelo menos um, ou dois dos projectos anteriores a que


alguns elementos pertenceram, eram actuações a roçar o explosivas, contudo há uma faceta de certa forma mais progressiva e quase de contemplação na música que vocês cinco nos apresentam. Poderá isso ser algo que chegue a compromenter a extrapolação da veia mais rockeira para o palco? Hugo Moreira - No fucking way! (risos) Tudo aquilo a que estavam habituados do que conheciam dos elementos da banda ao vivo noutros projectos, está presente em TTWC. Nós somos rock e é isso que passamos. Ao vivo as coisas tomam outra forma. Ao vivo as coisas são mais cruas, e mesmo as próprias músicas acabam por ter uma abordagem diferente. John Keel - A parte da contemplação na música acaba por ser mais a minha faceta, porque não sendo um poser como o Mad Makk e o Hugo (risos), tenho de estar mais concentrado em todas as nuances melódicas e estar atento ás partes mais electronicas

das musicas. Pedro Moutinho - E o facto de o John se tornar “autista” no momento em que coloca os phones também ajuda (risos).

O primeiro EP - que costuma servir como cartão de apresentação -, já está. Agora apetece ouvir os Ten Thousand Wrong Choices em formato longa duração. Para quando acham que tal será possível? Mad Makk - é sem dúvida o próximo passo, mas para já, o mais importante em TTWC é divulgar o EP o mais que for possível. Neste momento a nossa prioridade é ganhar nome! John Keel - O álbum é e sempre foi o objectivo dos TTWC, mas como o Makk indica, neste momento lançar um álbum seria muito precoce, uma vez que o EP ainda não foi totalmente explorado. No entanto espero que daqui a alguns meses já vos possamos dar mais novidades nesse sentido. Hugo Moreira - O importante agora é visitarem a nossa página oficial no Facebook, ou no nosso site, e partilharem como se não houvesse amanhã (risos)!

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MB

https://www.facebook.com/TenThousandWrongChoices

www.tenthousandwrongchoices.com

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CRYPTOR MOR

Tratam elementos dos Arch Enemy/Ex-Carcass por tu, e já andam nestas andanças do und poder contar com a ajuda de uma qualquer cena do subsolo. Com incessantes mudanças d ignorado no que ao metal industrial diz respeito, no nosso país (e possivelmente além-fron Sete anos em actividade de certa forma intermitente, devido a variados factores que envolvem a banda. É complicado às vezes manter o entusiasmo pelo projeto, ou isso nunca esteve em causa? Manter o entusiasmo pelo projeto nunca foi problema pois fazemos apenas o que gostamos, quando queremos, sem interferência de terceiros. Claro que as mudanças no ‘line up’ vão desgastando, mas hoje em dia é difícil não acontecerem pois poucas são aquelas bandas que têm todos os membros a lutarem por elas igualmente. Há sempre os “cérebros” e os “arrastados”. O entusiasmo pelo meio underground português, esse sim, está muito em causa. As bandas deveriam ajudar-se mais, mas infelizmente o ego e inveja entre as bandas é maior do que a entreajuda.

Nos vossos espetáculos, recorrem a uma

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imagética evidentemente industrial, e chegam mesmo a ‘brincar com o fogo’, da mesma forma que os Rammstein, por exemplo, já fizeram. De que forma essa costela industrial é importante na essência dos CMF? Nós apenas temos umas tochas a arder e pouco mais, não será definitivamente da mesma forma que os gigantes Rammstein. Toda a imagem ao vivo em torno da banda é importante, visto os CMF não serem vistos “apenas” como uma banda que sobe ao palco e debita as músicas e sai (não querendo com isto criticar quem o faça)! Há um espetáculo em torno de tudo, e esse espetáculo visual é quase tão importante como a música.

Que tal foi a reação ao álbum Hypnotic Way to Hurt? O termo de comparação terá de ser sempre a


RBIOUS FAMILY

dergound há anos suficientes para saber que a longo prazo, infelizmente, ainda é difícil de formação, os Cryptor Morbious Family são um caso insistente e que não deve ser nteiras também, como já têm dado provas). Senhoras e senhores, os CMF: nossa própria história, e com o que conseguímos com o disco de estreia, e por isso podemos dizer que a reacção foi bastante boa em tudo, e elevou bastante a fasquia.

de Arch Enemy, ex-Carcass). Como se deu o contacto e a oportunidade para tal acontecer? Que tal foi a experiência para ambas as partes?

Chegaram a ter música vossa em várias compilações internacionais e a dar concertos fora do país. Que tal foi a experiência? Ainda existem/ ficaram mais datas por cumprir alémfronteiras?

Esse single foi o 2º e último single retirado do disco, e estamos a falar de 2010. Ele disse que gostou da música e nós gostámos da remix, portanto foi algo positivo para ambas as partes. O contacto deu-se devido ao nosso baterista Carlos falar com ele frequentemente.

A experiência foi boa e gratificante. Embora muitos dos planos tenham sido cancelados, infelizmente, os que fizémos foram positivos. O próximo disco será muito mais forte alémfronteiras, sem dúvida.

O single que lançaram - “Collective syndrome” - inclui um remix pelas mãos de Daniel Erlandesson (baterista

O nome do vosso EP de estreia era All of us got a killer inside. É uma afirmação forte. Podem-nos elucidar um pouco mais sobre essa inevitabilidade? Temos por norma fazer títulos fortes, mas [para] que cada pessoa interprete da sua maneira. Portanto…

Há algo de música circense ou até

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Dog Fashion Disco na vossa última música a ser disponibilizada cá para fora, “Waltz of pain”, em jeito de comemoração do 7º aniversário. Que tipo de referências musicais mais ‘ao lado’ diriam que têm, e (quem sabe) poderão vir a ser integradas nas vossas composições?

Os CMF tiveram a sua pausa neste ano. O último concerto que demos foi há um ano. É normal fazermos uma pausa de disco para disco, mas esta foi a maior da nossa carreira e isso devese ao facto de estarmos ocupados com outros projetos, só isso. Mas garantidamente irá sair o novo disco, e 2013 vai ser muito forte em promoção.

Os Cryptor Morbious Family são essencialmente o Carlos Sobral, o César Palma e o Tiago Tokinha. Estamos a falar de fans de metal extremo, trash, industrial ou até música eletrónica, portanto nunca se poderá esperar um disco igual, ou sequer parecido ao anterior. É como sair nas composições, e siga! Nunca pensamos se temos de fazer um disco mais assim ou mais assim. Fundimos tudo o que gostamos.

Álbum esse que já se dá pelo nome The Pit of Infamy, que já estão a trabalhar há algum tempo e também estava planeado ter trabalho de pós produção/ mistura feita por Erlandesson. De que forma está a avançar esse trabalho?

A banda não tem estado imune a alterações de line-up/formação, e nesta altura as coisas não estão a ser mais fáceis, segundo se adivinha por algumas mensagens que vão deixando em espaços virtuais. Aproxima-se uma pausa para a banda, ou é algo que não irá causar grande turbulência no epicentro dos Cryptor Morbious Family?

Já há alguma estimativa para quando o projeto voltará a estar completamente ativo de novo?

Várias demos estão completamente feitas. Iremos brevemente entrar em estúdio e gravar tudo, e rapidamente tudo ficará montado e pronto a seguir para a estrada.

Brevemente!

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MB

http://www.facebook.com/pages/Cryptor-Morbious-Family/197102269844

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http://www.myspace.com/cryptormorbiousfamily



As linhas com_ que se cosem a [“Blood brothers”, dos Soul of Anubis]

MALHA

“Quando nos encontramos a compor algum tema, tentamos sempre procurar “aquela viagem” de satisfação”, começa Hugo Ferrão, introduzindo-nos ao mundo de composição dos Soul of Anubis. E na verdade é mesmo essa a sensação que o tema nos transmite, a de uma grande viagem, uma viagem carregada de doom, hipnose e muitas melodias, ora evidentes, ora apresentadas de forma labiríntica. “De facto, a música “Blood brothers” tem momentos onde a melodia que se escuta quase soa a algo medieval, e outros em que o transe dá lugar a explosões de bateria com entrelaçamentos melódicos quase labirínticos entre baixo e guitarra. Quando compomos uma música, fugimos sempre às estruturas simples, queremos sempre fazer algo de diferente em relação à música anterior”.

“Muitas das vezes, estamos horas e horas em jams, apenas para ver o potencial que cada um consegue dar à música e como é lógico, sobressaem as emoções de cada um no momento.” No caso da “Blood brothers” em particular, Hugo contanos que a música começou por ser um trabalho que foi crescendo com o tempo. “Não seguimos nenhuma regra geral para ditar a música, foi apenas um seguimento simples onde nos levava a emoção e, já numa parte final, tentámos encaixar ou cruzar alguns riffs para que a música ficasse expressiva e forte”, continua, complementando ainda com a explicação de que a mesma partira de alguns riffs já planeados e compostos pelas mãos do baixista Speeds e do baterista Pedro. “No entanto, sentia-se o sentimento de uma “música inacabada” ou com a falta daquele pormenor. Uma das vantagens que temos é conseguir gravar os ensaios, para futuramente ouvirmos e analisarmos a música, e lembro-me de ter sido num fim-de-

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-semana, em que estávamos a trabalhar na música, onde o riff inicial surgiu e, instintivamente, o esboço da música ficou finalizado. Desta forma, a composição surgiu de todos os elementos da banda com a contribuição de cada um na análise estrutural da música. Queríamos uma música com uma conectividade distorcida, mas com alguma melodia.” Conectividade é mesmo a palavra certa para descrever o sentimento que a música reflecte e, ironicamente, a parte mais intensa dessa associação - a letra e sua mensagem - acabou por vir do último membro a intervir na composição. “Sempre que nos encontramos na finalização de um novo tema ou até durante a produção do mesmo penso bastante e procuro perceber qual o sentimento que a música transmite. Um dos meus lemas é conseguir um título simples com bastantes interpretações, mesmo antes de a letra se encontrar concluída. Tenho o gosto particular de explicar um caminho por várias vertentes. E como não seria de estranhar, a “Blood brothers” segue essa ideologia”, explica-nos o vocalista. No caso desta malha Hugo encontrou inspiração em algo bastante profundo, o sentimento de uma ligação familiar que apenas fica mais forte com o tempo, devido a todas as atribulações de uma vida em constante provação. “O que me levou a escrever esta letra é devido à forte relação que tenho com o meu irmão (guitarrista de BlindSlaves) e a luta contínua que atravessamos em momentos menos bons. Muitas das nossas conversas casuais acabam em “nós somos irmãos de sangue e estamos neste mundo para nos ajudar, nunca te irei virar as costas”. Pode ser uma ideia rústica, mas já aconteceu sermos traídos pelas pessoas que julgamos serem o topo da nossa confiança. É este o sentido de “Blood


brothers”, que fala sobre a verdadeira amizade e razão de sermos simples humanos, onde erramos, mas estamos sempre preparados para ajudar e compreender quem realmente tem valores fortes.” Apesar da salvaguarda feita por Ferrão, a ideia e o sentimento são perfeitamente legítimos e até algo muito forte num ser humano, algo que decerto não passa ao lado no momento em que o trio toca esta música. “De cada vez que preparamos um concerto, preparamos-mos no ensaio e pensamos cuidadosamente onde colocar a música para dar uma certa enfâse ao vivo. Não consigo dizer se existe um sentimento particular com a “Blood brothers”, uma vez que cada música nossa transmite um “sentimento de viagem” diferente. Posso contudo dizer que, sempre que a ouço ou toco, penso em momentos específicos da minha vida. É como se fizesse uma retrospectiva e avaliasse os meus actos perante as pessoas que me são próximas”, conlui.

Tendo isto em conta, estamos a falar de uma carga bastante intensa de energia a ser transmitida em palco, como comprova o guitarrista: “A música “Blood brothers” carrega algumas virtudes e energia, e é sem dúvida um dos marcos nos nossos concertos.” Mesmo aquando da conclusão do tema os três elementos sentiram “uma pressão enorme de como vai funcionar ao vivo. Posso dizer que muitas das vezes em que nos preparamos para um concerto e tocamos a “Blood brothers” no ensaio, ao chegar ao fim da música sentimos que foram sete minutos de pura hipnose. Parece que estávamos a viajar enquanto tocávamos a música. Já aconteceu tocar a música ao vivo e no final do concerto, em conversa com o público, ouvir comentários do género: “Estava completamente a alucinar. A música estava a entrar-me na cabeça de uma maneira…”. Fica aquela parte de dúvida em que não sei se seria efeito do álcool ou efeito da música em concreto (risos).” Hugo aprofunda mais ainda a questão do feedback que têm por parte do público: “Os nossos fãs, amigos e as pessoas que nos seguem sentem algo de diferente na música, alguma empatia, até porque sabem ou têm conhecimento acerca do que fala a música, e tentam perceber a lógica da música. Digamos que é como uma filosofia que queremos transmitir e é percebida. Recebemos comentários como: “Mas que viagem…”, “Vocês são mesmo malucos em lembrarem-se da todos os riffs”, ou até “Depois de ouvir o vosso concerto, tive de procurar no meu baú músicas de Culto of Luna”. E já aconteceu acabar o concerto e o público pedir a “Blood brothers” aos berros. São esses momentos em que reparamos a força que a música transmite.” Cult of Luna acaba por ser uma entre várias

referências que a banda implementa no seu som, e nesta faixa em particular, o guitarrista vocalista revela que a sintonia dos Soul of Anubis andava algo lançada sobre os riffs arrastados do “pósmetal”. No entanto isso “não quer dizer que as restantes músicas se baseiam apenas num tipo de metal ou até que a mesma música tenha de levar essa linha. Como somos três pessoas com gostos musicais diferentes, a música que compomos tem sempre bastantes influências. Neste caso, no processo de composição de “Blood brothers” seguimos bandas como Neurosis, Isis, Mastodon, Keelhaul, Cult of Luna, Melvins, Kylesa, TooL e Baroness. São bandas que estão muito presentes na nossa composição”, esclarece. No entanto quando se embate pela primeira vez com uma música surpreendente a este nível, o feedback não é garantidamente positivo, e a apreensão, como é natural a alguém que arrisca, esteve presente no seio da banda desde o primeiro momento: “Como é lógico, ao ser apresentada pela primeira vez, o público ficou reservado devido aos riffs lentos e arrastados. É difícil apresentar uma música nova com o factor de ser uma música que difere do “espectro normal de metaleiro” em Portugal, e ver a aderência do público. Mas sentimos que o público procura encontrar de algum sentimento ou emoção quando tocamos a “Blood brothers”, pois a maior parte das pessoas estão com os olhos fechados e estagnadas à procura de algo. É difícil dizer que este ou aquele tema se vá destacar ao vivo, pelo menos quando somos nós a criar a malha da música. Seremos sempre cúmplices do nosso próprio gosto e trabalho. Ao criarmos uma música, partimos de um princípio que terá de ter, pelo menos, uma parte mais “sentimental”, ou seja, queremos sempre introduzir uma malha que faça as pessoas pensar. No entanto, quando a Blood brothers” ficou no seu ponto final, sentímos que todos os riffs seriam para viajar ou até para hipnotizar.”

Quase em tom de revelação, Hugo conclui ainda: “Queríamos apenas uma pequena parte, mas ficou o “vínculo sentimental” na música toda.” Por um lado ainda bem, pois é através de diferentes estados de espírito que sentimos as mais variadas tonalidades de uma música, e neste caso, os Soul of Anubis esticaram esse limite como apenas os grandes ousam fazer, sem com isso comprometer a fluidez do tema. Que venham mais destes colossais temas, pois intensidade sónica deste calibre só faz bem aos sentidos.

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MB

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O Bisonte - Mundos & Fundos (2011)

Apesar da referência a apenas alguns dos temas, não há aqui temas fracos, e o disco encerra de forma muito boa, quase como que numa celebração embriagada, com David Lobão a desejar “Tudo de bom”. Músicas que se vão transmutando e adaptam à medida das palavras. Um elogio à composição, mais do que tudo o resto, tornando a exemplar utilização de versos em português(que aqui é soberba, digase) em “apenas” mais um bónus. Assim é este disco, cada música uma imprevisível montanha russa, e, quando damos por ela.. já o álbum acabou, como quem bebeu tudo de um só gole. Já?? Venha mais outro!!

Stone Dead - Animals (2012)

Há algo de bluesy-convulsivo, ou um swing nervoso neste segundo registo do grupo do Porto. Mundos e Fundos é um conjunto de temas forte como aqueles que nos agarram desde a primeira escuta - primeiro pela entrega visceral e sem merdas a uma fusão algo invulgar, depois (conforme cada nova escuta) pelos detalhes e a forma como estes soam espontâneos. Está cá o post-rock e o metal mais hipnótico e progressivo dos Baroness e dos Mastodon (algo que se nota em “Três vivas”, ou até mesmo na parte final de “Bula”); também cá está a experimentação mais melódica e com vontade de ser incategorizável, de uns Deftones ou Mars Volta (um pouco espalhada por todo o disco, mas mais evidente na faixa título e em “Seis estátuas”); e mesmo a aventura de tentar incluir sonoridades que não sejam as mais imediatas no contexto rockeiro, como o uso de uma harmónica em “Golias”, o recurso a poemas (dois ou três) recitados em simultâneo, gerando alguma confusão em “Seis estátuas”, ou a bizarra alusão a algo de cabaret (ou um vaudevile) com um cheiro a tradiconal ou mesmo a música popular no início de “Bula”, que até lembra algo desencaixado no contexto desta webzine, como o são os Virgem Suta. No entanto o dom destes quatro músicos chega ao ponto de nos conseguirem convencer que toda esta mistura realmente funciona!

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colunas. Aí sim, a ponte com o som sujo e pesado do deserto é do mais evidente, e pode tocar tanto nos Down como nos Kyuss, como até na cena psicadélica “a sério” - o tratamento de som deste EP é genial, pois por momentos até parece que o som é semelhante ao das produções de há 50 anos atrás! Malhas como “Gentle pain” ou “Mother” vão a todo o lado, mas sempre com os pontos bem ligados, de uma forma que quase nos parece que o método de composição dos Stone Dead é meterem-se todos dentro de um estúdio a tocar todos ao mesmo tempo e depois salvam os momentos que soam a músicas integrais. Às tantas essa até sempre deve ter sido a melhor forma de fazer as coisas! Quase que dá vontade de dizer “sejam benvindos ao passado, e, já agora, porque não provam um pouco daquilo que o deserto e os àcidos deixaram de melhor?”

Stampkase Mechanorganism (2012)

Com um travozinho a rock psicadélico, este EP dos Stone Dead ousa colocar a banda de Alcobaça ao lado de bandas como os Phazer, Drill ou Low Torque, no que toca ao rock empoeirado, que não tem medo de contemplar o horizonte - e para isso não haveria melhor cartão de visita do que a faixa que inicia as hostilidades, “Insane”. A parte curiosa nesta equação tem a ver com a questão de às tantas repararmos que (apesar de não alterarmos nada nas linhas atrás escritas) nos parece que a banda (principalmente em alguns pormenores do trabalho de guitarras) tem mais em comum com os Iron Maiden do que com qualquer banda da recentemente revigorada onda de stoner rock que aí esteve à porta. Às tantas tem a ver com o facto de a banda beber mais da caneca de cerveja dos Deep Purple, do que dos Down, por exemplo, como podemos escutar numa malha groovy como “Selfish mind”. A escepção chega quando a “Wild woman” irrompe pelas

Ao ver a capa e ao escutar a última música, que é a faixa título, deste álbum de estreia dos açorianos Stampkase a impressão com que ficamos é a de que algo de fantasmagórico está inerente a esta banda e ao que o quinteto pretende representar. E apesar de mais nenhuma faixa chegar aos níveis de experimentação quase esquisofrénica de “Mechanorganism”, a força e o calculismo dos intrumentais que nos são atirados aos tímpanos lembram bastante o espírito de uma (então) nova máquina que nos foi apresentada há 20 anos pelos Fear Factory. Nestes 10 temas, os Stampkase pegam nesse mesmo espírito e tornam possuídas por esse mesmo groove do


metal mais industrial este conjunto de composições, forrando-as com o nervo do novo sangue, o que se traduz em contratempos cheios de garra à Lamb of God, ocasionalmente contrabalançados pelas inevitáveis melodias à Soilwork, nos refrões. Alguns apontamentos lembram também a explosão de energia hardcore que bandas como Haste incutiam numa receita cirúrgicamente metal, algo que podemos escutar nos versos quer de “Dodge fire”, “Angluar plasma” ou até “Random shot”(uma das malhas mais interessantes). “Déjà-Vu” é, a par com a faixa título(apesar de não tanto como essa), uma das músicas mais experimentais do disco, com um instrumental no início da mesma, que puxa muito ao lado mais esotérico e quase chill out de quem escuta este álbum de estreia. “Blank wound” e “Stamina” são, talvez, as músicas mais bem conseguidas a todos os níveis neste registo da banda de S. Miguel, mostramdo a grande capacidade do quinteto em fundir o matematismo do seu djent com algumas referências de fazer arregalar os olhos, nomeadamente quando algo faz lembrar a insanidade Strapping Young Lad, na segunda das duas faixas. A receita é enérgica e não há dúvida de que estes temas em concerto certamente ganharão uma vida ainda maior e serão razão para boas doses de um caos saudável e revigorante.

Terror Empire - Face The Terror (2012)

ser um justo ponto de comparação para o quinteto da Lousã, mas na verdade eles transpiram mesmo a atitude completa da cena que há pouco tempo uma nova geração tentou reinventar. O problema é que tentar reinventar algo que já estava bem executado é uma tarefa pouco ou nada produtiva. Não traz nada de novo, mas este Face the Terror é thrash metal que não ignora de todo o que foi surgindo nestas últimas décadas e, apesar do gosto a vintage, nota-se e bem a força do músculo bem fresco e revigorado com que o grupo nos atira malhas como “Redemptive punishment”, em que ficamos a pensar “será que era assim que os Chimaira soariam se tocassem thrash old school?” De resto, a par com a voz bastante eficaz de Ricardo Martins, há que reconhecer o poder da execução rítmica da bateria de Gonçalo Marques. Ainda assim, cada um dos solos de “The Brave” acaba por ser um comproativo de como o conjunto de cordas da banda - Rui Alexandre (guitarra), Rui Puga (baixo) e Sérgio Alves (guitarra) - conseguem traduzir melodias cativantes de forma impecável. “Submission by fear” tem tanto de apontamentos à Nile como Death, o que só pode ser uma coisa muito boa, e “Last fire” volta à inspiração para riffs demolidores à Mille Petrozza, para encerrar o disco com chave de ouro (o riff principal desta malha é qualquer coisa!). Enfim.. Face the Terror é um deleite para qualquer amante de bom thrash metal com um pé insistentemente preso ao presente.

So.ma - Fuga (2012)

Com uma produção que é como um murro na cara, comparado com aquilo que um ouvinte mais desprevenido esperaria, o álbum dos Terror Empire arranca com uma qualidade de som que nos deixa desarmados. A entrada meia fantasmagórica transportanos para o passado, e quando “Dirty bomb” se revela uma potente malha thrash, estacionamos nos anos 80, mesmo ao lado de nomes como Testament, Slayer e até Kreator! A banda thrash alemã acaba mesmo por

à banda lisboeta) têm vindo a fazer, mas na verdade o privilégio do pioneirismo de uns não tem de ser o calcanhar de Aquiles de outros, e no caso deste conjunto de 5 temas isso chegaria mesmo a ser redutor, pois a gama de tons da banda vai de algo como At The Drive In (do qual “Colosso” será o melhor exemplo) até aos eleitos da banda, Oceansize, ou Circa Survive, como Luís Azevedo canta em “Mr. Miyagi”. A dinâmica e a forma como toda a banda acompanha as diferentes nuances e passagens entre as mais variadas emoções, sem grandes lutas, conflitos ou hesitações aparentes quer a nível rítmico, quer ao nível da manifestação das melodias, ao longo de todo o EP acaba mesmo por ser a maior vantagem de Fuga, e este EP acaba mesmo por ser mais do que um registo da banda, e merecer ser elevado ao patamar de exemplo a seguir. Contudo, um dos maiores deleites é mesmo ouvir riffs inspirados que não estariam de todo desencaixados num registo pela guitarra de Omar Rodrigues - o riff principal de “Ombros frágeis” é sublime! As letras cuidadas mas frontais num português que embaraça quem duvidou que fosse possível conseguir tal carga de intensidade numa música como “Miudinho nervoso”, por exemplo, em que a secção rítmica se une às guitarradas labirínticas para criar o verdadeiro colosso de encerramento, faz-nos ter vontade de juntar os So.ma ao lado dos acima referidos Linda Martini, e já agora a nossa memória também nos grita Moe’s Implosion (pela intensidade, apesar de não ser na língua de Camões), e recomendar este conjunto sonoro a quem ouve rock ‘cá dentro’ com os ouvidos postos no presente. Quando se chega ao fim da meia dezena de temas que constitui esta Fuga, e a ideia de nos ter sabido a pouco não sai da cabeça, é simples: basta seguir a receita imortalizada no filme Karate Kid, e exposta no segundo tema: “Wax on, wax off - é repetir”.

Artigo 19 + Like A Texas Murder - Split (2012) Este EP dos So.ma é uma surpresa refrescante no que diz respeito ao novo rock feito em português. Não seria de todo absurdo comparar a sonoridade do grupo ao que bandas como os Linda Martini (“O Fim” é quase uma homenagem involuntária

O hardcore puro e duro é o emblema que os Artigo 19 orgulhosamente carregam nos temas que podemos escutar neste split, a par com a incisão intensa, gritada, e balançada dos Like a Texas Murder sobre o mesmo género (apesar que em “Desejo irracional“ a banda brasileira

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este trabalho funciona como uma ponte entre diferentes culturas que encontram pontos em comum. Mais um exemplo de união, portanto, vindo dos Artigo 19. Vale a pena ouvir.

escolha para primeiro sinlge já agora -, no entanto, quando seguimos pelos restantes temas adiante apercebemo-nos de que não estamos a ouvir um quarteto que se conforma num lugar e fica sentado à espera que o tempo os torne obsoletos. Os Phazer evoluem, e o início demolidor de “Dear foe”, a surpreendente e intrigante instrumental “Spermatogenesis”, tal como o balanço a 4 rodas, cheio de groove à Clutch de “On the road”, deixam-nos colados à parede a pensar que já não era sem tempo que a fasquia não só deveria subir, mas ficar parada lá em cima no que à qualidade (em todos os sentidos musicais) toca no que neste cantinho à beira mar plantado se faz. Não é só peso, guitarradas e groove carregado de um ritmo contagiante - como se isso não bastasse -, são também as melodias, e aqui, para além de refrões muito interessantes, temos a calmaria benvinda de “My treasure”, um tema com um pezinho de funk lá pelo meio, mas que para além disso é um tema bastante curioso porque está cercado de um ambiente que nos transporta para aquelas baladas à antiga. E por fazer referência ao antes, o disco parece terminar como começa, com uma “Lil’ devil” típicamente ao estilo mais hard rock que os Phazer já nos vêm habituando (com direito a um dos melhores solos deste Rockslinger). Sim, porque é a admitir o legado de um passado rico, e não a ingorá-lo, que alguém realmente pode ter armas para, juntamente com a audácia, criar o ‘novo’ e segir confiantemente em frente.

Phazer - Rockslinger (2012)

atira-se a uma costela grind bem viciante). Três malhas mais uma intro com a qual arranca este split, dos portuenses, onde uma vez mais erguem o valor do esforço e do ‘calo’ - esse ‘calo’ advindo de quem passa por provações e sempre encontra aquela força para resistir. Resitir à música fácil e vendida (através do groove carregado de breakdowns de “Alma por fama”); resistir até face à eminência do fim, tal como “Lutar ou morrer” expele através da velocidade e da emergência da mensagem. Nomes como Sick Of It All são referências imediatas quando ouvimos estes temas, mas os Artigo 19 sempre tiveram a capacidade de imprimir melodias que viciantemente nos agarram e dão vontade de nos unirmos aos sentimentos aqui gritados a plenos pulmões. Mas em “Invencível”, o primeiro dos três temas e um que se revela uma adição obrigatória num qualquer alinhamento da banda ao vivo, o trio conta com a participação de Congas dos For The Glory para uma investida eficaz que toma contornos quase bélicos. Um registo de valor, quer pela agradável descoberta que é o hardcore praticado pelos brasileiros LTM, quer por mais estes 3 eminentes temas da banda do norte, mas principalmente pela forma como

Identificas-te com a MöndoBrutal?

Às vezes pensamos “Ok, vamos lá. Vamos ouvir e ver do que estes tipos formam capazes desta vez”, e acabamos numa posição em que temos de admitir que estamos rendidos à evidência de que não estamos a tratar com um caso normal ou banal de um grupo ou conjunto de artistas que lança música nova só porque sim. Com Rockslinger os Phazer apertam o gatilho uma vez mais, e dão um disparo que vai certeiro ter com o alvo, mas de forma arqueada e enganadora, quase como o personagem Wesley no filme Wanted, tal a ilusão a que somos sujeitos. Quando o EP arranca com o eficaz “I’ve been shot”, isto é Phazer no seu estado puro, sem espinhas, sem erros, e com melodias que se entranham à primeira - excelente

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MB

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Videoclube DkwtPo

http://www.youtube.com/watch?v=E4Y3N

d” TALES FOR THE UNSPOKEN - “Possesse

http://www.dailymotion.com/video/xs1e1f_skypho-nowhere-neverland_music

BESTA - “Misantropo”

SKYPHO - “Nowhere

http://www.youtube.com/watch?v=AXZWacwfW08

MACHINERGY - “Machinevil”

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(clica e vê)

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http://www.youtube.com/watch?v=2_4

neverland”


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