MondoBrutal#5

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MöndoBrutal #04

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Info e coisas..:

A vida é uma viagem. Muitas das vezes vemo-nos sem tepo para tudo o que precisamos de fazer, pois temos de levantar voo e prosseguir para a próxima etapa. Na música isso muitas das vezes também se aplica. Quantas e quantas vezes um projecto não acabou para algo novo aparecesse? Quantas vezes não foi preciso esquecer ou reescrever linhas da nossa vida como pautas de música? Foi assim que surgiram os Suprah, como uma nova incarnação do espírito rock que teria feito cada um dos músicos que formam o grupo ter pegado num instrumento pela primeira vez. Foi assim com a que é a segunda incarnação dos Melodraw, que também nos revelam um pouco sobre si nesta edição, e acaba por tocar de alguma forma também no que diz respeito ao percurso, tanto dos headbangers Blindslaves, como dos insurrectos Agentx do Khaus. A mudança parece então também estar entranhada nas veias de cada músico, como um diabrete que não se cala. E muitas coisas surgem desse chamamento.

MÖNDOBRUTAL webzine mondobrutal@gmail.com

E nesta edição o nosso destaque vai para os Ashes. Bem mais de 10 anos volvidos, apesar de não serem o exemplo de uma desintegração de uma formação para que outra surja (pelo menos não alguma que agora importe), eles são um dos melhores exemplos de desintegração feita às regras do próprio rock, que temos por perto. Mudam dentro de si mesmos, que acaba por ser uma das coisas mais difíceis de conseguir nos tempos que correm. Essa parece aliás ser a melhor forma de conseguir fazer a caravana passar enquanto os cães ladram.

03 - Notícias

Temos também o rever do percurso que foi o dos Sirius, banda que hoje até poderá ser mais conhecida por ter sido aquela onde Daniel Cardoso começou por dar cartadas de valor na música, mas qua guarda em si uma esse^ncia que vale muito a pena conhecer. E temos ainda a participação dos Sicksin, com a descrição de como foi sendo tecido o seu tocante tema ‘A viagem (Aisánatue)‘, um tema que fala sobre um outro tipo de viagem. Uma para a qual é sempre mais difícil dizer adeus. Quanto a nós, não dizemos adeus. Apreciem mais esta edição, e vemo-nos na próxima.

http://www.facebook.com/pages/MöndoBrutal/118889448226960

A Seita: KaapaSessentainove (coisas variadas/ entrevistas) Maltês (design) Rui LX (tmbm design) Cátia Panda (recolha de info/ an.discos) Girh (revisão textos/ entrevistas) Lagartixa (an.discos) Hugo Cebolo (for.d’arquivo/ linhas c. q. s. t. a malha)

índice 02 - Editorial 04 - Fora do Arquivo: Sirius

06 - Blindslaves

10 - Suprah

14 - Ashes

20 - Agentx do Khaus

24 - Melodraw

28 - A.l.c.q.s.t.M.: “A Viagem (Aisánatue)” dos Sicksin

30 - Análises a discos

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32 - Videoclube pag.14


Not]cias .................. Artigo 19/Like a Texas murder lançam aquele que poderá ser o seu slipt de despedida Os portuenses Artigo 19 lançaram no passado mês o aguardado split com os brasileiros Like a Texas murder. Apesar dos sinais de boa vitalidade, ao que parece este é o último registo para ambas as bandas. Ao que sabemos, pelo menos alguns elementos dos Artigo 19, já se deverão estar a concentrar em projectos alternativos para o futuro. Podem ouvir o split no seguintes endereços:

http://artigo19.bandcamp.com/

http://likeatexasmurder.bandcamp.com/album/split-like-a-texas-murder-artigo-19

II Cambrafest - Festival de Bandas de Garagem

No tribe, Mordomo) está a bom vapor e segundo o músico já descreveu, o novo disco é “pesado, melancólico, furioso, lento e bruto.” O novo disco Galga de Zebra Ilesa está já planeado para Setembro, e sairá pela Infektion Records. http://www.facebook.com/pages/The9thCell/205967679417153

Dream Circus com primeiro álbum e novo contracto

Os lisboetas Dream Circus assinaram recentemente um contracto discográfico com a label norteamericana Digital Media Records para o lançamento do début álbum Land Of Make Believe nos formatos digital e físico. A banda anunciará brevemente aquela que será a data oficial de lançamento do mesmo, assim como também planeia revelar o artwork e ainda disponibilizar um tema novo nas habituais redes sociais. http://www.facebook.com/DreamCircus

ADK vão ao Vive le Punk 2012, em França

Estão agora abertas as inscrições para a 2ª edição do CambraFest – Festival de Bandas de Garagem. O CambraFest é um festival organizado pela Associação Académica de Cambra. As inscrições estão abertas até 2 de Setembro. http://www.aac.pt/2012/05/cambrafest-2012/

The 9th Cell com passos bem definidos

The 9th Cell, projecto a solo de David Pais(Ashes,

Os paramenses Agentx do Khaus parecem ter uma tour em mãos nos próximos tempos, e uma das datas que têm agendadas é ao lado de nomes como GBH, The Avengers, ou Devotos entre outros, no Vive le Punk 2012, em Callac (França), festival por onde também já passaram bandas como Social Chaos ou Ratos de Porão. As restantes datas serão, segundo os mesmos dão a entender, periféricas a esta.

http://www.facebook.com/profile.php?id=100003572002286&ref=ts

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F#ra do Arquivo SIRIUS

Expoentes da vertente melódica e sinfónica do black metal em Portugal, os Sirius foram uma das mais excitantes bandas portuguesas a surgir na segunda metade da década de 90, com resultados que, tal como estilhaços, ainda hoje atingem muitos músicos e bandas, tanto de metal, como de rock mais alternativo. A banda começou em 1994 como um projecto pessoal do antigo guitarrista dos lisboetas Twilight, Carlos ‘Nexion K’, então sob o pseudónimo Draconiis, através do qual expurgava os seus sentimentos e demónios para o formato de metal extremo. No entanto passados três anos Draconiis acabaria por contar com a adição de outros dois colegas que haviam integrado a sua antiga banda: Raven(baixo) e Vukoblack(bateria, teclas). Em 1998 decidem gravar a demo Fiery strife at the cosmic gates of Armageddon, ainda sem um vocalista. Esse posto seria ocupado pouco depois por Lord Gornoth, com o qual chegariam a gravar a demotape The Eclipse, a qual acabaria por mudar o rumo da carreira destes músicos, devido às inesperadas e eufóricas reacções que daí advira, e que estavam para lá das maiores expectavidas dos integrantes da banda; a edição chegou a ser rotulada de “demo-tape do ano” e a banda como “melhor banda portuguesa”, um pouco por todo o lado na imprensa especializada em metal, inclusive a nível internacional. Para que se possa ter uma ideia, a banda chegou a dar apenas um concerto para a promoção de The Eclipse, em Lisboa, e mais de 350 pessoas encheram a sala. Várias editoras independentes mostraram interesse na banda, mas foi na Nocturnal Art Productions, do então baterista dos Emperor, Samoth, que a banda viu a sua verdadeira oportunidade. Contudo as mudanças no alinhamento da banda prosseguiriam, e é por esta altura que se dá a integração do guitarrista Barzh, e a entrada de Flame para a bateria, o que acabou por dar a Vukoblack - multi-instrumentista que desde a sua entrada na banda acabaria por funcionar um pouco como produtor - a oportunidade para se concentrar de outra

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forma nas orquestrações e arranjos que ia desenvolvendo para as composições do grupo. Em Março do ano seguinte a banda assinaria contrato com a Nocturnal Art Productions, com vista à edição de dois álbums. A banda então não perde muito tempo, e a meio do ano inicia o processo de gravação do seu primeiro longa duração, Aeons of magick. Em Setembro Draconiis e Vukoblack deslocaramse até à Noruega para participar nas misturas do álbum no Akkerhaugen Lydstudio(onde já tinham sido trabalhados álbums dos Emperor e Zyklon, entre outros), deslocandose mais tarde até aos estúdios Strype Audio(com créditos em trabalhos de bandas como os Ulver e Mayhem..) onde seria feita masterização. Entretanto, durante este processo o grupo sofre uma nova baixa com a saída de Raven, cujo a posição acaba por ser ocupada pelo então segundo guitarrista Barzh, que uma vez pegando no baixo, entrega a sua posição como guitarrista a um novo integrante, Ainvar. É esta a formação que vê ser lançado, em Fevereiro de 2000, o aguardado primeiro álbum, Aeons of Magick. Sendo a sua estréia em formato longa duração uma autêntica bomba que fez tremer a cena black metal sinfónica, a banda voltou a receber vários elogios e uma muito boa cobertura por parte dos media especializados, algo também derivado do bom trabalho de promoção desenvolvido pela N.A.P. Não viria a passar muito tempo até que a banda começasse a pensar no segundo longa duração e a desenvolver novas músicas para o mesmo com vista à sua gravação ainda no mesmo ano, mas antes ainda chegaria a dar quatro concertos em solo nacional, dois dos quais acabariam por servir de apresentação do álbum nas duas cidades mais destacadas do país, Lisboa e Porto. Ambos acabaram por encher, o que contribuíu para o desenvolvimento de um estatuto de culto à volta da banda. O terceiro concerto seria também em Lisboa, mas já numa altura bastante avançada da composição do novo álbum, e já dava a perceber que a banda não tinha tempo para fazer uma tour como deveria ser, visto que já tinha o Akkerhaugen Lydstudio, novamente na Noruega, agendado para gravações no mês de Outubro. Foi também em 2000 que os Sirius encabeçaram o segundo dia da terceira edição do Steel Warriors Rebellion(SWR Barroselas), num cartaz onde também figuraram nomes como Sinister, Aborted, Asgaroth, Holocausto Canibal e The Firstborn, entre outros.


Ainda antes de iniciarem as gravações de Spectral Transition - Dimension Sirius, Barzh foi “convidado” a sair da banda, e Draconiis, Ainvar e Vukoblack acabaram por decidir trabalhar mais árduamente entre si, de forma a poderem tratar também das partes da guitarra baixo, sem recorrer a novos membros. De volta ao Akkerhaugen Lydstudio, a banda trabalhou com o produtor Thorbjørn Akkerhaugen e recebeu participações de vários artistas, seus pares dentro do género, como Faust (Emperor), Samoth (Emperor, Zyklon) e de Daemon (Limbonic Art, Zyklon), participações essas que o grupo soube aproveitar, e a par das quais soube dosear de forma muito inteligente as quantidades certas de agressão e diversidade nas suas composições, de forma a produzir mais um excelente conjunto me temas, carregados de um incisivo e ainda assim atmosférico espírito back metal. Após a sua saída em Março de 2001, algumas publicações chegaram mesmo a mencionar o resultado como sendo um possível mapa para como o metal extremo deveria soar no novo milénio. Com a edição do segundo álbum, os Sirius tornamse uma das bandas de black metal mais promissoras dentro do género a nível internacional, e é tendo em vista esse mesmo objectivo de uma definitiva internacionalização, que cresce no seio da banda a necessidade de criar raízes nessa zona do norte da Europa que soube acolher e apadrinhar da melhor forma o seu som. Draconiis, que mais ou menos por volta desta altura adopta o pseudónimo Nexion, acabaria por seguir com essa ambição vendo os restantes membros da banda, seus compatriotas de nacionalidade portuguesa sair a pouco e pouco, mesmo Vokublack, (apesar do seu papel extremamente activo, ao ponto de inclusive se ter envolvido no processo de mistura e masterização do álbum), sendo substituídos por um novo alinhamento constituído por músicos conterrâneos dessa mesma nova localização a que a entidade Sirius pretendia chamar de casa, e entre os quais se poderia destacar Ca-2(que hoje ocupa o lugar de baterista nos Enslaved). Terminado que estava o contracto com a N.A.P., Nexion chegaria ainda a ver aquele que começou como o seu projecto de sonho subir um pouco mais no trajecto da ambição, ao assinar com a Nuclear Blast records. Infelizmente, após a desintegração da formação que trazia de Portugal, já mais alguma coisa deveria ter deixado de fazer sentido, e Carlos, que desde o início se mantivera como o líder incontestado do projecto, acabaria mesmo por dá-lo como extinto no mesmo ano. Ainda em 2001 Nexion formaria os Re:aktor, juntamente com D.Void, Cyph e Sérgio Animal, com quem chegaria a editar um álbum, Zero Order em 2003. Por seu lado, Vokublack, também

conhecido como Daniel Cardoso, hoje mantém-se como um nome a ter em conta a nível do metal internacional, tendo participado em projectos de renome ao lado de músicos tão distintos como Kristoffer Rygg, Danny Cavanagh, Anneke Van Giersbergen ou os portuenses Heavewood, e lidera hoje os UltraSoundStudios, onde tem auxiliado inúmeras bandas nacionais a extrair o som de que são capazes, e a conseguir dar mais uns passos no que diz respeito a conseguir a atenção e o respeito de que são merecedores. Tal como os Sirius mereceram. Em entrevista ao site opuskulo.blogspot.pt em 2008, Daniel Cardoso chegou mesmo a revelar que chegaram a haver conversas no sentido de um reanimar dos Sirius. Vamos então torcer para que um dia os astros se alinhem na formação certa.

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MB

pt.wikipedia.org/wiki/SiriuS http://www.nocturnalart.com/artists/bio_sirius.php

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B l indslav e s

Os Blindslaves têm várias vantagens a seu favor, mas a da idade acaba por ser a mais importante. Têm aquilo a que se chama “espaço para crescer“. Mas assim que ouvimos o EP de estreia, reparamos que esta é uma banda que já tem no seu death metal thrashado, com a garra do espírito hardcore, uma receita mesmo muito bem polida. No entanto, como nem tudo são facilidades, o factor da localização não ajuda, e foi para saber mais sobre estas e outras questões que questionámos a banda.

Para começar, temos de frisar que Blindslaves soa muito melhor (e mais adequado) que Last Train :) Por que se tinham lembrado dessa expressão para o nome da banda nos primeiros tempos?

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dificuldades da localização geográfica. Sentem com alguma intensidade esse problema da localização?

Quando começámos, tinhamos o espírito e a vontade, mas faltava nos a maturidade. O querer as coisas demasiado rápido, levou-nos a escolher um nome para a banda com o qual não nos identificavámos, foi digamos que, a primeira coisa que nos surgiu. Com o passar do tempo, vimos que o projecto tinha pernas para andar e apostamos na escolha de um nome, que não fosse apenas algo com que nos identifiquemos, mas que nos representasse.

Sim, sentimos e acaba por ser até um dos nossos grandes obstáculos. Todos que andam nisto ou até mesmo aqueles que não andam, mas que se interessam por saber como funciona, sabem que o dinheiro que este meio produz, é pouco, há vezes que, aquilo que recebemos não cobra aquilo que temos que gastar até lá chegar, mas também não nos estamos a queixar disso, sabemos como funciona e só continuamos porque queremos, porque nos faz sentido. A localização, é um grande obstáculo, mas quando se chega a palco, dizemos, valeu a pena.

Na Serra da Estrela há uma cena heavy metal que já começa a querer sair do centro, mas que ainda luta contra as

Em 2009 o baixista original da banda saíu, foi entretanto substituído por Hugo Ferrão (Soul of Anubis) e finalmente


chegaram até ao António Batista. Tiveram aí uma fase em que recearam estar a passar por algum tipo de azar com os baixistas, ou para vocês foi apenas um processo natural? Pode-se mesmo dizer que foi uma crise de baixistas que nos tivemos e talvez umas das nossas piores fases enquanto banda, depois de termos ficado sem o baixista orginial. Não encontravamos baixista de maneira nenhuma, não tinhamos concertos e acabavamos apenas por ensaiar os três, sem objectivos, apenas para termos algo a que nos agarrar. Curiosamente, foi nessa altura que, concluimos a ‘Sins Of Yesterday’ e iniciamos a ‘Holocaust’, temas que fazem parte do nosso EP. Depois mais tarde, surgiu, Hugo Ferrão, actual guitarrista e Vocals de Soul Of Anubis que preencheu o papel de baixista durante aproximadamente 4 meses, que foi então, substituído por, António Batista, baixista de raíz. A partir daí, tem sido um crescimento bastante saudável, a banda tinha a vontade e com esta aquisição, ganhámos alma e logo começamos a delinear objectivos.

Como já foi escrito no site d’ a-trompa. net, ‘Against all’ é “o EP de estreia mas até nem parece”. Como têm sido as reacções ao mesmo? Foram bastante positivas. Já vendemos, juntamente com a nossa Editora, Infektion records, perto de 200 exemplares, à qual aproveitamos para agradecer. Eles tiveram um papel fundamental na divulgação do EP.

Tiveram algum tipo de ajuda externa à banda, sem a qual não teriam conseguido este resultado tão bem conseguido logo à primeira?

Durante, e principlamente no fim de um video promocional que fizeram para o tema “Holocaust “, dão a parecer que se divertiram bastante durante o processo de captação. Como se deram as gravações do ‘Against All”? Foram uma experiência muito enriquecedora, uma vez que nenhum de nós tinha gravado antes e acima de tudo, foram dois fins de semana em que esqueçemos tudo e apenas nos divertimos e ao longo do video amador que fizemos, quisemos partilhar essa mesma experiencia e passar aquela boa disposição para as pessoas, porque gravar é mesmo brutal ehehehe. Mas também havia aquelas longas sessões em que chegavamos e diziamos, okay, agora é para trabalhar, por exemplo 5 horas seguidas a gravar vozes. E depois é claro que o Paulo Lopes da SoundVision, quem nos produziui o EP, também fez um enorme trabalho de captação e masterização, tudo isto somado, as gravações deram se mesmo muito bem.

Thrash metal moderno e agressivo com apontamentos de groove, na linha de Lamb of God, Pantera ou Suicide Silence.. encontram outras bandas nacionais que a par convosco estejam a inflamar este estilo de metal? Há de certo muitas bandas nacionais dentro dos mesmo riffs e batidas bases que nos influenciaram, continuam a influenciar ou influenciaram recentemente e isso é óptimo, é sinal que a mensagem musical que eles quiseram transmitir, nos ficou na cabeça e passou para as nossas criações musicais. Cada vez mais as

Ainda somos uma banda nova, em termos de idade e há elementos que ainda dependem dos pais, uma vez que ainda estão concluir os estudos. Digamos que o poder ecnómico é muito importante e sem dinheiro não se faz rigorosamente nada, por isso, quando falamos em ajuda externa, uns tiveram dos pais, outros, tiveram que trabalhar. Depois, vem o espírito e a vontade.

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bandas nacionais resultam de uma mistura de influencias que, consequentemente resulta numa identidade. Somos apologistas, que as bandas não merecem rótulos, nós não conseguimos dizer que aqueles fazem um som igual ao nosso ou nos fazemos um som igual àqueles, até porque isso seria uma falta de respeito, o que poderemos dizer é que somos influenciados musicalmente uns pelos outros, o que faz com que as bandas procuram identidade e não ser igual e isso é muito bom. E evidente que ha bandas nacionais com traços evidentes, mas acho que cada banda transmite uma wibe diferente, seja ela agressiva, de revolta ou amor

Tiveram por aí um modelo de t-shirt promocional da banda, com um desenho do Egas e do Becas (versão zombies maléficos) desenhados pelo Oscar Afonso, que fez furor durante uns tempos. Até que ponto admitem que a arte promocional a uma banda tenha importância em comparação com a música? Diriamos mesmo, que o artwork é a primeira impressão que se tira de uma banda, a menos que se tenha logo contacto directo com a música, mas acaba por desempenhar um papel muito importante a par das construções musicais.

Já agora, estão a pensar comercializar uma segunda edição do referido modelo?

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Por enquanto o que temos em mente, é apenas comercializar este modelo que brevemente se encontrará disponível, vermos como vão correr as vendas e depois quem sabe, pensar noutra edição.

De volta à música, em palco têm conseguido contagiar elementos do público do público com a mesma eficácia que as malhas do EP prometem? Segundo o público que nos acompanha, sim, não tem sido avassalador, não, mas temos recebido sempre boas críticas e palavras de força de bandas com as quais temos tido a honra de partilhar o palco e pelo público que tem assistido as nossos concertos.

Têm andado a compor novo material? Para quando um novo registo? Sim temos. Já existe um ideia definida dos novos registos que iremos captar. Será o nosso FullLenght de estreia e poderemos adiantar que se irá chamar, ‘The Sheperd’. Mas ainda não tem data defenida, não nos queremos apressar com a ideia do álbum, o objectivo está presente e iremos trabalhar para ele. Não mais do que ano e meio, dois.

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MB

http://www.myspace.com/blindslaves http://www.facebook.com/blindslavesband


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SUPRAH

Os lisboetas Suprah não perdem tempo a pensar muitas vezes antes de arriscar em requisitar os serviços que possam ser uma mais valia na construção da entidade da banda, mesmo que isso implique ir além fronteiras, uma e outra vez. Com o seu rock alternativo que já chegou a soar a Deftones, mas hoje se inclina para uma costela um pouco mais sintética/industrial com os olhos postos no punk rock mais clássico, a banda formada por A. Cabrita, B. Baptista, B. Pereira e J. Rodrigues promete não pensar no último dia, e revela-nos aquele que será o seu próximo passo. Uma das primeiras coisas que referem na vossa biografia é que os Suprah começaram quando outras “experiências musicais iniciais” cessaram. Já alguma vez vos passou pela cabeça que o mesmo pudesse acontecer com esta banda, ou acreditam que desta é para ficar? Não pensamos muito nisso, as coisas duram enquanto duram. O que nos move é a vontade de fazer sempre mais e melhor.

Passar pelos palcos de festivais de jovens bandas portuguesas como o MUSA, ou o Rockastrus ajudou a empurrar a banda para aquele que consideram ter sido o bom caminho? Sim, há alguns festivais que proporcionam aos seus participantes momentos capazes de potenciar todo seu espectáculo e de valorizar a

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sua música. Esses são dois exemplos disso. Quando assim é os músicos têm vontade de continuar, e esse nós acreditamos ser o bom caminho - o sentir a adrenalina do próximo momento.

Que tal foi a experiência de tocar em Londres? Como se deu essa oportunidade? Nós fomos a Londres para masterizar o “Borderline f60”. Quando estávamos a preparar essa viagem pensámos: se vamos a Londres vamos tentar fazer um gig. Entrámos em contacto com a Bugbear e arranjámos o gig. Foi tudo um bocado aventura; tocámos numa cave daqueles pubs tipicamente londrinos, um local por onde já tinham passado grandes nomes; a maior parte do material foi emprestado pelas outras bandas com as quais tocámos, démos o nosso concerto com o power que nos caracteriza


e correu muito bem! Uma experiência que iremos repetir em breve.

Em 2011 lançaram o vosso primeiro álbum, “The Infinite Method”. Que tal tem sido a recepção ao mesmo? O disco fez em Abril um ano de vida, nós estamos contentes pois fizémos tudo aquilo a que nos propusémos. De forma independente e autónoma. Em termos de recepção não podemos dizer que correu mal, mas achamos que poderia ter havido mais abertura. Muitas vezes passam-nos a ideia que o nosso som é difícil de encaixar; ou é muito soft para passar num programa de metal, ou demasiado pesado para passar numa rádio mais mainstream. Mas no seu conjunto penso que o saldo é positivo.

Qual foi a sensação enquanto gravavam * o álbum, quando comparada com a gravação do EP. Sentiram alguma responsabilidade extra? A responsabilidade tinha mais a ver com fazer um trabalho que no seu todo fosse coeso e mostrasse as nossas facetas. Coisa que com quatro temas de um EP é mais fácil. Por outro lado o EP surgiu numa fase mais primordial do projecto, e foi feito de forma mais descontraída. Em relação ao álbum, havia a responsabilidade de melhorar a todos os níveis aquilo que tínhamos apresentado no EP.

Quando olham para trás, como sentem a decisão que foi não terem largado as rédeas do vosso trabalho durante a produção, mesmo estando a colaborar com um produtor como Bruno Lobato (que já trabalhou com nomes como You Should Go Ahead, Nigga Poison, ou Terrakota)? A resposta é um pouco difícil porque o Bruno para alem de produtor do álbum acompanhounos desde o início do projecto. Sempre discutímos com ele muitos aspectos da nossa música, ele conhece bem a banda e os temas e para nós foi uma escolha natural, nem sequer pusémos outra em equação, não fazia sentido. Com toda a certeza que se escolhêssemos um outro produtor o resultado seria bastante diferente.

Mencionaram atrás que o vosso single “Borderline F60” foi masterizado por Kevin Metcalfe, que entre outros já trabalhou com WhiteStripes, Prodigy e Vampire Weekend. Foi tratamento exclusivo para apenas este tema? Pensámos no “Borderline F60” como um tema de avanço do álbum e por isso mesmo foi acabado antes de qualquer uma das faixas do álbum, e foi o único que masterizámos com o Kevin. Quando todo o álbum ficou pronto

ainda equacionámos a hipótese de o masterizar inteiramente com o Kevin mas a verdade é que o trabalho do Bruno Lobato é muito bom e para nós o que interessava é que todas as faixas ficassem ao mesmo nível, e isso foi conseguido.

O vídeo para o vosso segundo single “Yourself / Your own”, que acabou por ser estreado no site da Antena3, foi inteiramente filmado na Suécia, a cargo de Rickard Bengtsson. Para além da nacionalidade do realizador do mesmo, houve mais algum factor para essa opção? Foi um trabalho inteiramente feito à distância, sem que vocês ou os envolvidos na concepção do vídeo tivessem de se deslocar? O que pode parecer um pouco estranho à partida foi na verdade um experiência muito simples de como a barreira da distância não interfere em nada na obtenção dos objectivos. Depois do video do “Borderline F60” queríamos uma coisa diferente. Nomeadamente queríamos


um video a cores, mais conceptual, com elementos gráficos e onde não aparecesse a banda. Num momento de pesquisa na net, chocámos com o trabalho do Rickard Bengtsson, através de um video do projecto português We trust, e acontece que ele para além de ser um jovem de 19 anos com um talento enorme e multifacetado, tinha exactamente o que procurávamos. Entrámos em contacto com ele a coisa deu-se. O trabalho foi sempre acompanhado por nós, ele ia-nos enviando os avanços do vídeo, mas podemos dizer que a partir das premissas iniciais ele conseguiu de forma extraordinária captar exactamente o que queríamos.

Música masterizada por engenheiro de som inglês, realizador de videoclip sueco.. Qual diriam ser o denominador comum quanto a estas colaborações? Procuram o que acreditam ser melhor para a banda independentemente das supostas barreiras, ou é uma constante procura por algo diferente? As duas. O denominador comum é pensar que

não há barreiras, pensar que vivemos num espaço global onde as hipóteses estão lá para as agarrarmos e que com um pouco de trabalho, paciência e vontade conseguimos aquilo que queremos. Ao pensar global as hipóteses de aparecerem coisas diferentes aumentam e isso é bom, satisfaz-nos.

“We search... and in the end, we are the solution”. Acreditam que na maior parte das vezes é preciso procurar noutros lugares, para descobrir que é no ponto de partida que nos sentimos bem, ou acham que não passa tudo - essa busca que cada um faz - de uma confusão que seria escusada? A piada dessa frase é exactamente essa. É não acharmos nem uma coisa nem outra!! Achamos é que temos de acreditar em nós e procurar em nós mesmos as soluções para os desafios que nos apararecem. E essa é normalmente a melhor solução e a solução que mais ferramentas nos dá para as batalhas futuras.

Já com alguns meios de comunicação atentos à vossa existência, como se adivinham os próximos passos dos Suprah. Têm algo aí prontinho a sair da manga? Claro, a nossa existência prende-se sempre com o desenhar de um novo objectivo que nos faça divertir na sua procura. Para breve - e isto dito em primeira mão para a MöndoBrutal - vamos apresentar um EP que vai ter a peculiaridade de ser todo cantado em português. Está-nos a dar muito gozo e acreditamos que vai ser um boa surpresa!!

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MB

http://suprah.com/

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http://www.facebook.com/suprahrocks


PASSATEMPO Os Suprah têm duas cópias do seu álbum The Infinite Method para ofercer aos leitores da MöndoBrutal!

2.

CDs Para se habilitarem a este prémio só têm de escolher, de entre as respostas dadas aquela que consideram a melhor frase (não a resposta completa) dita por B. Baptista, durante a entrevista acerca da sua banda. De entre as que nos forem enviadas, aquelas que nos parecerem as melhores/mais interessantes irão ditar cada um dos vencedores que receberá o CD dos Suprah em sua casa. Para isso não se esqueçam então de adicionar o nome e morada ao mail que nos enviarem.

Não percam mais tempo e enviem as vossas respostas para: mondobrutal@gmail.com

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s e h s A

Os Ashes por esta altura já não precisariam de apresentações. Isto é, se a criatividade, o infringir as leis de conveniência do rock e a garra que faz com que seis elementos se mantenham unidos para fazer o que mais gostam tomasse a melhor. Infelizmente no panorama em que nos movemos, a banda ainda se vê com muito a provar, mas eles enfrentam cada uma dessas provas com a cabeça erguida e com um bom punhado de canções. Ecila que o diga, e eles também, nas linhas seguintes. 14


Antes de mais, como correu o concerto de apresentação ao novo disco? O público reagiu bem ao que ouviu? O concerto de apresentação correu muito bem. E se considerarmos que no dia toda a preparação estava a correr mal, diríamos não podia ter sido melhor. A sala onde tocámos encheu (ainda temos de ver se foi um recorde) e o público reagiu muito bem. Tanto os que já conheciam, como os que nunca nos tinham visto ao vivo e os que não tinham o álbum ainda. Os temas mais antigos, que os recentes fãs da banda não conheciam tão bem, também tiveram uma óptima recepção. Foi uma noite muito gratificante com alguns pedidos de encore, inclusive de músicas que não estávamos à espera, mas como era uma noite especial fizemos o jeitinho... e ainda tivemos o nosso amigo e actor Pedro Branco a apresentar o concerto, interpretando o papel de Mad Hater (como já tinha feito na sessão fotográfica do artwork do álbum), o que também deu um toque especial ao evento.

complicado. Algo até bastante natural. Surgiu logo nos primeiros ensaios, da maneira do Marco tocar e de como poderíamos introduzir o som no violino nos temas que tínhamos na altura. À medida que íamos improvisando tudo nos soava bem e diferente do normal, pelo que foi só seguir essa linha para trabalhar. E na altura não havia nenhuma pressão para fazer de um modo ou outro, pelo que foi mesmo algo que surgiu livremente. Se calhar hoje em dia até já temos mais dificuldade... ou um outro cuidado pelo menos.

Já lá vão quase 15 anos de banda. De forma algo resumida, como diriam tem sido este percurso? Já lá vai tanto tempo? Incrível! Mas muito directamente digo já, não o trocávamos por nada neste mundo. Só se fosse com mais histórias para contar, e mais concertos nas costas.

No início, a vossa formação e o som que praticavam era bastante diferente do que são em 2012, certo? Correcto. No início eramos mais uma banda rock post-grunge, até nos voltarmos para uma área mais experimental e com mais elementos de metal. Isto sem contar com o início dos inícios, aí nem sabemos bem o que éramos... Curiosamente hoje em dia voltámos a ter dificuldades em definir o nosso som às pessoas. Mas ainda bem, achamos que é bom sinal.

Foi complicado inserir um instrumento como o violino numa fórmula considerada por muitos como estanque, como é a do rock/metal, sem que este apareça apenas de forma pontual em algumas músicas? Na verdade, lamentamos informar, não foi nada

Têm em ‘Ecila’ um disco que confirma da melhor forma aquilo que foram dando a entender com o EP de 2007. Como surgiu o conceito para o álbum, e como decorreu a sua composição? Obrigado pelo elogio. Após o EP de 2007 não queríamos perder a nossa identidade, já tínhamos atingido um tipo de som que nos agradava mas ao mesmo tempo queríamos ir mais além, puxar um pouco mais por nós. Começámos a fazer experiências nos ensaios, experimentando coisas novas, adensando pormenores, e acabou por surgir um som um pouco mais soturno e vivo. De certo modo, pela própria música que começamos a criar, acabámos por ser impelidos para um conceito mais cénico como se houvesse diálogos entre secções destas. Decidimos então adoptar um fio condutor para todas elas. Lembrámo-nos de um tema nosso do EP de 2007 que, sendo fora deste universo da “Ecila”, tinha um título “emprestado” do Sr. Lewis Carroll, e acabámos por escolher a história deste senhor para servir de base ao álbum.

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Como foi a experiência de ter alguém além fronteiras a masterizar o vosso disco, ainda para mais quando se trata de um engenheiro de som que já trabalhou com bandas que dão que falar no metal underground internacional, como Tombs, ou 16? Vocês estão bem informados! Bem, a ideia era o toque final ser feito por alguém experiente e totalmente isento. Assim poderia limar tudo o que nós não nos lembraríamos. E foi bastante fácil trabalhar com a Masterdisk. Eles comunicam bastante com os seus clientes, o Graham Goldman fez um sample para mostrar a visão dele e receber o nosso feedback e em pouco tempo já tínhamos o nosso álbum concluído. Aconselhamos vivamente o trabalho eles.

Acreditam no mito de que é sempre melhor deixar passar (pelo menos) 10 anos de banda antes de gravar um álbum, ou se tivessem tido oportunidade mais cedo acabariam por o ter feito sem arrependimentos?

Não acreditamos em mitos. Cada banda tem o seu tempo e ritmo. Se podíamos ter gravado o álbum mais cedo? Talvez. Mas será que ficaria como desejávamos? Porque no fim de contas o que interessa é se estás satisfeito com o que produziste. E nesse aspecto, estamos plenamente satisfeitos com o resultou no “Ecila”. Somos sempre apologistas do velho ditado “mais vale devagar e bem”.

Tool parece ser uma ferramenta essencial no kit de inspiração da banda, muito pelo equilíbrio resultante de todas as vossas distintas influências. Costumam ouvir associações à banda americana com alguma frequência? Talvez surpreenda um pouco, mas na verdade só metade da banda é que houve regularmente Tool. Aliás, um dos membros nem gosta do som deles. E ainda bem que assim é, pois não queríamos ser a cópia de algo já existente (e ainda por cima tão singular). Tool apenas é uma das muitas bandas e intérpretes que nos influenciam, não tem nenhum lugar especial nas nossas preferências. Temos noção que realmente a junção de todas as nossas influências acaba por vezes em resultar a algo semelhante a Tool mas noutras vezes não tem nada a ver. Não é comparação que nos aborreça de modo algum, é até uma associação lisonjeadora, como outras que já nos fizeram.

De certeza que, ainda para mais quando as vantagens palpáveis não são muitas, ou evidentes, houve momentos em que pensaram baixar os braços. O que vos tem motivado e feito perseverar? Realmente às vezes nem sabemos como ainda cá andamos. Pertencer a uma banda amadora é realmente um mundo de sacrifício e muito trabalho. Mas também já tivemos doses de divertimento e sensações únicas que era impossível ter de outro modo. Pensamos que a explicação mais simples é que nos sentimos como se fossemos irmãos. Uma família. E não podes deixar cair uma família, porque sem ela não és nada...

Ainda assim deve ter sido bom, na altura, quando viram que o vosso EP, apesar de completamente produzido pela banda sem recurso a meios ‘profissionais’, teve tão boa recepção ao ponto de chegarem a fazer uma segunda edição. Como foi que tal aconteceu? O que vos passou pela cabeça quando viram tal reacção ao vosso primeiro registo?


Foi muito bom realmente. Nós não temos um grupo muito alargado de fãs ainda, talvez por não conseguirmos tantos concertos como gostaríamos, então soube mesmo bem quando estávamos a divulgar o nosso EP chegar ao ponto de “Não temos mais EP’s para vender!”. Lá tivemos que fazer mais, com a maior das satisfações. Pensamos que ainda sobraram dois ou três dessa segunda remessa. Ver tantas pessoas interessadas no nosso trabalho, em adquirir uma cópia para ter e ouvir em casa, deu-nos imensa força para continuar e confiança para levar as coisas um pouco mais além, que foi o que tentámos fazer com o “Ecila”. A ver se também esgotamos a primeira edição (desta vez precavemo-nos e fizemos mais cópias).

E para este primeiro álbum, têm tido boas perspectivas? Óptimas! Já algum tempo que as pessoas andavam a perguntar quando saía um registo novo, porque demorámos mais tempo a apresentá-lo do que o esperado. Mas quando saiu houve logo muitos interessados em adquirir o “Ecila”, o que soube muito bem. As críticas têm sido muito favoráveis, os concertos também têm corrido bem e fazemos sempre uma venda ou outra ali ou acolá. Tudo boas perspectivas para continuar em força.

Raiva, frustração e melancolia. É difícil, com estes sentimentos como base para muito do que fazem, não cair em

momentos em que se deixem converter a um som mais próximo do doom metal do que do metal alternativo e enérgico pelo qual são conhecidos? Curiosamente, não. Temos energia a mais para fazer Doom. É da nossa maneira de ser. Somos pessoas muito bem-dispostas e activas e o que fazemos na sala de ensaios acaba por ser também um escape. E quando algo tem de sair, sai! Nas nossas secções mais ambientais e experimentalistas nota-se o nosso lado harmonioso e positivo. Essas partes na nossa música normalmente não duram muito tempo.

A palavra “compromisso” é uma constante no que diz respeito à vossa descrição do percurso da banda ao longo de todos estes anos. Chega a ser difícil às vezes estancar um pouco o divertimento e motivos individuais em função daquilo que acaba por ser a meta de todo o conjunto que constitui os Ashes? Nós costumamos dizer que uma banda é como um casamento. Só que em vez de duas pessoas, temos seis! Realmente por vezes é difícil harmonizar tudo: Gostos, ideais, objectivos, conceitos individuais num grupo, e estarmos todos satisfeitos com o caminho traçado e com o resultado obtido. Mas como já dissemos,

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nós consideramo-nos também uma família, damo-nos todos bem, não fazemos “só” parte de uma banda. Convivemos, conversamos, passamos muito tempo juntos fora de ensaios e concertos, como irmãos. E como irmãos que somos, há compromisso, mas não deixa de haver divertimento sempre. Se algum dia o divertimento estanca totalmente, pensamos ser difícil manter qualquer banda que seja.

Ao vivo há algo de esotérico que parecem querer levar para o palco, apesar da energia da música. O que diriam que pode estar por detrás deste tipo de associação ao ambiente que provocam ao vivo? Nem nós sabemos bem. É algo que sai naturalmente das nossas músicas sem pensarmos muito nisso. Como um ente vivo com vontade própria que não podemos (nem devemos) controlar. Em palco, quando se nota essa sensação é porque está tudo a correr muito bem, estamos todos conectados musicalmente e conseguimos transmitir essa força que queremos passar através dos nossos instrumentos, formando esse todo, obscuro e sensorial...

Quais são os planos no futuro próximo dos Ashes, agora que o “Ecila” encontrou

o seu caminho e finalmente saíu do plano irreal cá para fora? O plano agora é difundi-lo o mais possível. O “Ecila”, os temas do EP para quem não os conhece, e novos temas que já compusemos entretanto. Tocar, tocar, tocar. É a palavra de ordem.

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MB

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o d x t n e g A

K haus

Vêm do “centro do mundo”, como eles chamam a Paramos, e nas próximas linhas tanto são capazes de ofender mesmo quem não pretendem, como apresentar as filosofias sociais mais insuspeitas, tudo com um desregrado sentido de humor, que em tudo acaba por ser caótico. Estes são os Agentx do Khaus, e com o seu hardcore agressivo/festivo já estiveram mais longe de atingir o resto do mundo... Numa boa parte das vossas músicas parecem atacar de forma verbalmente violenta políticos e outros ‘grupos sociais’. Consideram esses mesmos grupos como pragas? Sim, alguns. Até os consideraríamos mais como protagonistas sociais. E achamos que sim, porque tiras uns, e aparecem logo outros.. é raça do caralho aquilo, portanto: praga; bicho mau.

Qual seria, na vossa opinião, o modo de vida a seguir, de forma a contornar a politica, por exemplo? Não vamos ser presunçosos ao ponto de dizer aos outros como viver, ou dar opiniões acerca de como o modo de vida de cada um deve ser. Apesar de atacarmos políticos ou o que seja, achamos que cada um tem de viver como se sente bem, porque nós não estamos aqui a apresentar fórmulas. O que fazemos é um bocado para o pessoal acordar,

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e depois cada um encontra a sua fórmula. Se fôssemos a impor a alguém uma fórmula já não seria a fórmula dessa pessoa, portanto a ideia é tu abrires os olhos e encontrares a tua fórmula. E nós por um lado, tentamos abrir os olhos, pelo menos ao pessoal que percebe.

As vossas influências, segundo descrito no vosso myspace, passam por bandas bastante agressivas como Disfear ou Doom, postos ao lado de nomes como Ska-P ou The Adicts que fundem o punk num tom quase festivo, algo que parece acabar por se traduzir no vosso som. É algo natural para vocês, essa mistura de naturezas - a mais violenta com uma mais festiva? Acaba por ser natural juntarmos as duas, sim. Um gajo quando compõe nem sequer está a pensar muito nisso, mas como já acabámos por


ser influenciados por essas duas formas de ser, quando estamos a fazer música, sai-nos tanto agressivo, como festivo. É como estivermos, é um conjunto de experiências, mas não ficamos a pensar “vou ser agressivo”, ou o que seja. Sai naturalmente. É o bipolar que há nas pessoas! (risos)

Como é que o público costuma reagir a essa mistura, ao vivo? À cabeçada. (risos) ..mas normalmente corre bem. Às vezes também depende de se for à noite, se for à tarde.. Se for à tarde, é festa cocktail - ‘cocktaileuse pirateuse’ -, com mergulho na piscina, depois do jantar. O importante é que até hoje nos nossos concertos houve sempre rebuliço. O que é bom, porque é sinal que o povo adere.

comer. Nós no dia em que fizémos a música não tínhamos cerveja, foi disso que sentímos falta, daí que foi nisso que pegámos. Tendo dito isto, pode-se dizer que somos ávidos praticantes de nonsense.

Em algumas actuações, se estivermos atentos conseguimos ouvir expressões curiosas, como “bota droga pra cima do palco”, ou “É tudo à grande”. Conseguem-nos explicar o significado ou o porquê destas expressões?

Numa actuação vossa podemos ouvir o vocalista debitar algo como “Este país é a merda que se vê”... Vêm no estrangeiro melhores oportunidades? Opá, não há melhores oportunidades. Imagina por exemplo, se estivéssemos noutro país.. íamos dizer a mesma coisa. É governado! O próprio facto de um sítio ser delimitado como país.. isso são barreiras abstractas, inventadas, que já mudaram milhares e milhares de vezes, e mudaram e mudam sempre de forma a satisfazer, não a maioria de quem lá vive, mas quem “manda” neles. Por isso, é a mesma coisa, tanto no estrangeiro como aqui. Mas como vivemos aqui, é aqui que constatamos que ele é uma merda. Se vivêssemos em Espanha íamos dizer o mesmo, até porque lá também há pessoal que o diz. Portanto, há merda em todo o lado.

Apesar do cariz de ‘protesto político’ que essa parte da letra deixa perceber, essa música chama-se “Hoje não há cerveja”.. Há alguma relação, ou, como alguns outros nomes de músicas vossas parecem também dar a entender, passa por uma questão de nonsense? Podíamos dizer que se trataria de brincadeira, mas a verdade é que a cerveja aqui pode ser visto como algo simbólico; quando não há cerveja pode querer dizer “quando não estás fixe”, aí é que começas a reparar no que está mal à tua volta. Algo como quando não se tem um prato de comida que

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Porquê? Porque o Brankinho quer fumar! (risos) Se o pessoal mandar o Brankinho fuma, e nem tem de ser sozinho. (risos) Quanto ao “tudo à grande”, não é em todos os sítios; só no [tasco/café esplanada] Zé da Banana. Lá é “tudo à grande”, porque fica no certo do mundo - em Paramos -, e é a catedral da reunião.

É fácil para uma banda que aponta a quase tudo o que são formas de poder arranjar concertos? Não, mas isso é também porque a gente não se mexe muito. Mas a verdade é que a gota está cara, e por isso não temos saído muito da mesma zona. Mas o pessoal [eventual público] também não gosta de barulho, e agora só querem é ver futebol e ir pro house. Mas já démos um ou outro concerto no Porto, por exemplo, entre os quais tivémos uma má experiência no Spot. Aproveitamos só para mandar uma mensagem a

dizer que eles são uns filhos da puta. Por outro lado, chegámos a tocar algumas vezes na Casa Viva, e esse sim, é um sítio que aconselhamos a todas as bandas. Têm concerto marcado para dia 13 de Julho no festival francês Vive le Punk, ao lado de nomes como GBH, The Avengers e Devotos, entre outros. Como foi que surgiu esta oportunidade? Olha, tivémos um piço fodido! Foi sorte, mesmo! O nosso amigo Pierrot, que ao que parece conhece o pessoal que está a organizar o festival, ele mais uns amigos vieram cá, e viram o concerto que démos no Zé da Banana, e quando viu disse “vou mandar a boca [ao pessoal da organização]”. E agora lá vamos nós para o “Espalha´Merda Tour”. Vamo-nos fazer à vida, dar praí mais meia dúzia de concertos e ver o que aparece.

Têm por aí previsto algum registo de originais para breve? Ui, o que não falta é músicas; é sempre a dar. A gente faz música como quem bebe cerveja, e agora está aí a sair o novo EP ou CD, o ‘Espalha’Merda’. O som está um pouco mais pesado, mas achamos que o povo vai gostar. E vamos ver se distribuímos alguns lá pelo estrangeiro. 10€! 10€ leve 2!! (risos)

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MB

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Melodraw

Banda que funde o seu grunge de sempre com elementos mais rock e alternativos, os Melodraw já por cá estão há algum tempinho, e apesar das adversidades, mostram interesse e garra para continuar. Com uma formação a bem dizer refeita, e o que consideram ser uma segunda vida da banda, eles explicam-nos como é possível passar por cima da tão sensível questão da separação do que teria sido uma boa dupla criativa. Numa vossa resumida descrição sobre a banda, apelidam o que tocam como sendo ‘rock bipolar’. Curioso, já que o grunge parece estar tatuado no vosso epicentro, e que Kurt Cobain(Nirvana) chegou a ser diagnosticado como tendo disfunção bipolar.. O que é, segundo o vosso entendimento, ‘rock bipolar’?

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considerável de elementos passar pela banda e deixar-vos. Qual é a sensação que têm sempre que um destes episódios acontece? É fácil encontrar na música força para continuar?

Nós descrevemos a nossa música como rock bipolar devido às mudanças de atmosfera das musicas, por vezes repentinas, que faz lembrar as mudanças de humor extremas das pessoas bipolares. Não só dentro das mesmas musicas, mas como um todo, pois temos musicas mais calmas e pop, assim como musicas mais violentas, algumas viradas para o metal, punk, etc.. Não nos limitamos musicalmente a um género.

A primeira fase da banda foi atribulada. Enquanto Filipe e França compunham entre si, vários membros trocaram, sairam, voltaram...enfim, coisas que a vida proporciona. Sempre que se muda um elemento há sempre aquela sensação do “começar de novo”.O mais importante é que ficamos sempre bem uns com os outros. E sim, a razão para continuar foi sempre a paixão pela musica que estávamos a fazer, pois significou sempre algo para nós. Infelizmente o França teve que sair, e essa fase da banda terminou automaticamente.

“França, João Figueiredo, Miguel Simões, Manuel Anjos, Pedro Silva e Ricardo Santos”... Viram um número

Com a segunda vinda da banda acabaram por decidir enveredar pela formação a três. Houve alguma razão inerente a essa


escolha, ou foi algo que simplesmente aconteceu? No principio houve umas jams entre Filipe e Mario, que resultaram numa musica (The Waste). A partir daí Filipe decidiu que devia continuar com os Melodraw, com o consentimento do França, pois as musicas tinham sido compostas pelos dois. Entretanto conhecemos o Iman, que entrou para o baixo, e fomos fazendo uns ensaios, pegando nos temas antigos da banda que só tinham uma guitarra, ficando Filipe a cantar e tocar desta vez.. Ainda procurámos um guitarra solo, mas à medida que o tempo ia passando, e musicas novas surgindo, decidimos que, por agora, vamos ser um trio, até porque todos estávamos a gostar deste formato.

Foi complicado deixar para trás a cumplicidade de França na dupla criativa que formava com o vocalista/guitarrista Filipe? Filipe e França são uma boa dupla criativa. O França tem uma grande criatividade, é já é muito experiente na musica (nasceu em 1970), e com influencias de bandas antigas, o que complementa o Filipe nas letras e melodias, pois há uma mistura de influencias que resulta muito bem. O bom disso é que ele, mesmo saindo, deixou para nós o seu toque, que nos vai sempre influenciar. E vamos sempre continuar a tocar algumas das musicas compostas pelos dois.

Como se sentem nesse formato a três? Não é algo que vos chegue a limitar, por exemplo em palco? Nós vemos desta maneira: Uma banda de três elementos não consegue ter uma sonoridade de uma de 4 ou 5, mas o contrário também é verdade. E nós gostamos do nosso som cru. Não dizemos que um dia não entrem mais elementos, mas porque não explorar a sonoridade de um trio? Vamos fazer isso até os três acharem que é tempo de partir para outra.

O timbre rouco mas controlado da voz de Filipe nos versos de “Shabby”, faz lembrar de forma quase assustadora a do americano Wednesday 13. Face a uma coincidência(ou será que não é?) destas, que tipo de associações vos tem passado pela cabeça, ou pelos ouvidos - partindo de possíveis comentário externos à banda? Foi a voz(neste caso de Filipe) que puxou o rock’n’roll, ou foi o contrário? Nenhum dos três conhecia o Wednesday13, por isso, é sim uma coincidencia. Normalmente associam a voz do Filipe a Billy Corgan, Layne Staley, Kurt Cobain, Scott Weilland, etc... Mas isso é normalissimo, em todas as musicas há sempre qualquer coisa que vai soar a algo já feito. O rock n roll é velho, e nós não queremos inventar nada. Queremos curtir e fazer boas musicas. Quanto ao estilo musical, não foi a voz de Filipe que o impôs. Cada um mete o seu estilo nos temas, e o resultado final tem um pouco dos três.

Há exploração de sons que vão desde o funk/reggae de “Smart monkeys” até ao paladar àspero de uma introdução enraizada em algo de metal bem extremo em “The waste”, mas tudo ligado a ideiais grunge, a lembrar por um lado Alice in chains, entre outros nomes. Como equilibram todas essas influências? De que forma decidem o que cada música irá conter? Nesta nova fase da banda, normalmente o Filipe traz para os ensaios esqueletos de musicas, que vão sendo trabalhadas pelos três. Vamos todos dando ideias, e ao fim de muitos ensaios as musicas começam a ganhar forma naturalmente. Nada muito pensado, mais por experimentação e instinto de cada um.

Já se cruzaram com muitas bandas grunge em palco, ou ao longo destes anos têm mais frequentemente dividido palco com bandas dos mais variados géneros? Temos partilhado o palco maioritariamente

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com bandas rock, mais na vertente metal, grunge e alternativo. Temos nos cruzado com boas bandas ao vivo e temos feito amigos, o que é sempre muito positivo. Esperamos ter cada vez mais concertos e experiencia em palco.

Prometem apenas que a vossa música será sempre a vosso gosto. Neste momento em que consiste esse gosto que têm em comum entre vocês? Que influências vos consomem nestes dias/o que têm ouvido? Entre nós temos muitas influencias, desde Led Zeppelin, The Doors, Metallica (o Iman é grande fã do Cliff Burton), Pink Floyd, The Beatles, Pixies, Nirvana, Alice in Chains, e muitas outras bandas, quase todas elas dentro deste grande grupo que é o Rock n Roll, que é a paixão partilhada pelos três. Dizemos que a musica será sempre a nosso gosto porque primeiro temos que gostar das musicas que fazemos, depois se os outros gostarem, óptimo! Acho que nunca vamos fazer musicas para vender, até porque hoje em dia já pouco se consegue vender! As bandas sobrevivem dos concertos, e era esse o patamar

que queríamos chegar no futuro.

Estão para breve mais temas novos a juntar a estas 3 novas malhas que apresentaram com a formação renovada? Neste momento estamos a tocar dez originais, e temos mais duas quase concluídas. Esperamos até ao fim de 2012 gravar o nosso primeiro EP, com 4 ou 5 temas. Vamos dando uns concertos e poupando algum dinheiro para concretizar esse objectivo, pois queremos um EP com qualidade. O problema é que hoje em dia, uma banda alternativa demora algum tempo a ganhar nome, para poder ganhar dinheiro para investir em álbuns, material, etc..é um processo lento, pois nenhum de nós tem dinheiro para investir. Talvez se encontrássemos um bom manager fosse mais rápido. Estamos abertos a propostas, veremos o que o futuro nos reserva.

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MB

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As linhas com_ que se cosem a [“A viagem (Aisànatue)”, dos Sicksin]

MALHA

O rock não é apenas feito de agitação e atitude ‘roda-no-ar’. Muitas das melhores músicas que conhecemos têm a emoção como seu epicentro, e por vezes isso implica erguer a força e intensidade da voz e da sua mensagem acima de quase tudo o resto, mesmo que despindo um pouco o som pelo qual uma banda pode ser conhecida. É desta forma que somos introduzidos ao tema “A viagem (Aisànatue)” dos queluzenses Sicksin, uma música acústica, com uma colaboração especial e uma temática que equilibra a balança, pesando mais na equação do que a força do volume e electricidade poderiam, e que difícilmente deixará alguém indiferente.

Quase que se poderia dizer que para chegar ao tema ‘A viagem’, foi preciso uma outra viagem. Uma que o vocalista/guitarrista Covas nos ajuda a desvendar, e cujo o ponto de partida foi a vontade de aproveitar uma outra balada em que a banda estava a trabalhar. “Quando estávamos a compôr o álbum Ponto de Partida, queríamos fazer uma balada a 2 vozes; já tínhamos um instrumental, que [por acaso] não era este”, explica. No entanto a dita música ainda não tinha letra, pelo que acabou por passar pela cabeça dos membros da banda aproveitar para experimentar algo diferente. “Na altura convidámos uma figura pública para cantar connosco”, mas à falta de resposta ao convite, os membros da banda ficaram de certa forma inconformados. Nisto o também vocalista/guitarrista da banda de tributo aos Censurados - Re-censurados - passou por

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um inesperado momento que o faria levar a ideia original para um nível completamente diferente, deixando de ser apenas a intenção de fazer uma balada como tantas outras, para se tornar em algo mais sério. “Houve um certo dia que eu fui ao concerto de Tara Perdida + Re-Censurados na Arruda dos Vinhos, e na vinda, um amigo e ex-membro dos Tara Perdida desabafou o processo lento e penoso dos últimos dias da mãe dele no hospital, com dores inimagináveis, já sem reconhecer ninguém”, partilha Covas. “E claro... foi-lhe negada uma morte digna, pois a eutanásia foi-lhe negada”, negação essa que acabou por justificar o protesto quase mudo, tímido, mas presente em toda a música em relação a essa delicada questão que é a morte a pedido/com consentimento de quem sofre, tão marcadamente sublinhada através do subtítulo (Aisànatue), anagrama para eutanásia.

É neste ponto que Covas, algo tocado decide arregaçar as mangas: “toda a história marcoume, então decidi compôr uma música que traduzisse todo o processo e a dor da família.”


Contudo, depois de (practicamente) tudo feito, o processo ainda não estaria concluído devido à inquetação plantada no grupo, pelo anterior convite não respondido. Isso inspirou os membros da banda a pensar em alguém de propósito para “A viagem”. Algúem que para além de uma colaboração de valor, acabasse por de alguma forma estar associado a tudo o que a nova música transportava. Esse músico que a banda identificaria com esse espírito acabou por ser João Ribas (Tara Perdida, ExCensurados, Ex-Ku de Judas). “Decidímos convidar o João Ribas por todas as razões e mais algumas! É amigo de todos os membros dos SickSin, é amigo da pessoa em causa, e passou por algo parecido. Fui a casa dele, expliquei-lhe tudo e toquei e cantei a música! Quando acabei, ele emocionado diz “Covas, é óbvio que vou fazer isto com vocês””. Quase que é palpável a emoção traduzida por estas palavras. Todo o processo de procura por aquilo que acabou por se concretizar em ‘A viagem’, acabou por ser uma grande ode às emoções, representada da forma mais nobre através desta canção.

Covas conclui ainda, a importância que a música acaba por ter no seio do grupo e como esta se reflecte também de forma intensa no público: “todos sentimos a carga implícita nos acordes, na letra e nas melodias e quando a acabámos de gravar sabíamos que tínhamos feito algo de diferente, e foi logo para o álbum. É um tema que ninguém gosta de falar mas que já tanta gente disse que chorou a ouvila! Muitos identificam-se com ela ou porque já passaram por algo assim ou simplesmente porque imaginam a dor que a mensagem transmite. Tocamo-la sempre ao vivo pois gostamos muito dela e acho que ninguém fica indiferente. O Ribas já a cantou connosco ao vivo e por vezes canta o Tiago Cardoso (dos R12). É uma música que ao vivo funciona mas de maneira diferente, não há moshe claro, é um tema pa cantar a plenos pulmões e para pensar.” Tempo então agora de nos calarmos, para vos deixar ouvir, sentir, e pensar.

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MB

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The Exploited, os Estado de sítio criaram a banda sonora ideal para quando for preciso partir os dentes a quem não merece as nozes... ou a Deus, caso queiram ir à raiz.

Estado de Sítio - Deus dá nozes a quem não tem dentes (2010)

Skypho - Same old sin

(2011)

um todo, quem sabe resultado da cumplicidade da química da banda com o trabalho de masterização de Jens Bogren. Há que destacar ainda a energia de “Sleeping In A Monster’s Bed” e de “Your Love, My Cage, My Prison, My Rage “, que chamam de forma bastante intensa. Viajar por entre um labirinto “tropical” no meio do normal circuito urbano, por onde diáriamente nos movemos, parece afinal ser possível.

Venial Sin - Sphere Of Morality (2012)

Se houve coisa que os Mata-Ratos conseguiram nos anos 90 foi criar uma receita explosiva onde música agressiva, servia de suporte a letras que fundiam revolta com algo de sátira na voz de uma forma agressivamente inteligente. Poderse-ia dizer que muitos tentaram, mas não conseguiram imprimir muito bem a receita da banda lisboeta na sua própria música, mas aqui o que importa é que os Estado de Sítio conseguem-no! E não só o conseguem como arruscam transportá-la para o próximo nível, com um ataque visceral que só traduz a urgência com que se movem, algo que os torna um nome a ter em conta, não só agora, como durante bastante tempo, acreditamos. Músicas com refrão que até conseguem transportar uma melodia que dá vontade de cantar em coro, tal como “Pescoço na corda”, “Labirinto”, ou “Única saída”, hino anarquista, onde cantam o soberbo e encorajador refrão “Não, não vou permitir, eu tenho o direito de decidir o que fazer à minha vida. Acabei de encontrar a única saída”. Resumindo, com um espírito muito ‘Oi’, mas com o dna de uns

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Com um tratamento imaculado a nível de som, este primeiro album da banda de Albergaria-a-Velha é o melhor pontapé de saída em longa duração que a banda podia ter para apresentar as suas intenções ao mundo. Mundo, sim, até porque mesmo a nível de composição e execução os Skypho têm neste Same old sin temas que, apesar da grande mistura de influências da banda, acabam a funcionar na perfeição, tal a convicção e confiança que os seus elementos têm tido ao longo de mais de 10 anos no som que praticam. Devido a essa mesma diversidade aqui presente (que viaja do nu metal ao metal progressivo mais técnico, mas com feeling, fazendo paragem obrigatória por sonoridades tribais, e melodia q/b pelo meio), o álbum acaba por ganhar uma dinâmica invejável e faz com que este acabe por ser um disco bem completo a vários níveis. Para algo mais experimental/ hipnótico poderemos apontar para algo como o início de “My last words“; para libertar a fúria poderíamos recorrer ao já clássico e regravado tema da banda, “My insomnia“; para algo um pouco mais easy listening e que ajuda a moderar a intensidade até nos podemos entregar a um tema catchy e cantado na nossa língua natal, como “A última caminhada“. Há um pouco de tudo aqui, e mesmo assim funciona bastante bem como

Com este primeiro registo de originais, após a introdutória demo de 2008, os vila-realenses revelamse uma muito agradável surpresa, revelando uma maturidade tanto a nível de execução como de composição que por momentos nos fazem esquecer rótulos ou qualquer outra coisa a que se pretenda agarrar como que tendo em conta que estamos a fazer uma descrição do que ouvimos. É música, ou melhor, é boa música, é isso que nos apetece escrever. Mas na verdade se quizermos caracterizar o campo por onde se movem estes temas, estamos a falar de death metal progressivo, muito ao estilo de o mais vintage que os Opeth gravaram, mas como que tendo os olhos postos no que (o também cúmplice dos suecos) Steven Wilson tem tendência a explorar na sua veia mais progressiva. De resto, há ambientes soturnos, e muita melancolia espalhada por todo o EP. O suficiente para dizermos que é um registo que não irá desagradar aos fãs do género, e apenas ajuda os


Venial Sin a somar pontos. Destaque para o intenso tema título(de formas bem diferentes nas duas partes que o constituem), e para o hipnotizante tema de abertura “A new rose“.

WAKO - The road of awareness (2011)

Como é que dá para simplesmente ignorar um disco destes? ..momentos mais brutais de puro death metal, de “Sorcerer” Aquele que parece ser o refrão de “Coronation of existence” é insano, quer através do cativante riff, quer através da experimentação quase robótica da voz, num tom quase de desfragmentação, algo que chega mesmo a parecer palpável.

Us & Them Jack Class [EP] (2012)

Misturar Messugha, Lamb of god, Converge e Nevermore tudo no mesmo pote, mexer até tudo se diluir numa massa negra, consistente e ameaçadora, é obra! A imprevisibilidade dos primeiros fundida com as melodias obscuras dos últimos num tema como “Ship of fools”, a hesitação que toma corpo através de uma sombra aterradora que se atira a cuspir raiva dos terceiros em “Dissonat dark dance”. Há inclusive apontamentos de Amon Amarth quer no refrão de “The shadows collapse within”, quer no riff inicial de “Drifting beyond reality”, tema que também surpreende pela pela forma como lembra o espírito de Chuck Schuldiner no solo que segue de imediato a introdução.

Identificas-te com a MöndoBrutal?

Como que uma fusão do mais clássico rock’n’roll daqueles Guns n’ Roses de que muitos ainda têm saudades, com qualquer coisa do glam q/b de uns Def Leppard, mas completamente contaminados pela ideologia ‘muito sexo, muitas drogas, dinheiro sufuciente para encher banheiras e puro rock’n’roll’ algures no tempo pregada por David Lee Roth, é assim que os Us & Them se mostram em 2012. Há que admitir que é difícil hoje em dia ouvir um registo de rock’n’roll que saiba elogiar essa arte de solar, sem que esta seja limitada

pela já tão batida estrutura versorefrão-verso-refrão-SOLO... Aqui, neste “Jack & Class” os Us & Them mostram que essa barreira para eles não faz sentido nenhum, como se pode pode reparar na forma como a guitarra de Ricardo dança à volta dos restantes elementos da música em “Checkmate”, por exemplo. Dançar é mesmo a palavra certa, e imaginar uma destas músicas a passar num bar de strip enquanto uma dançarina se deixa levar pelos seus mais sensuais movimentos numa poledance, não era de todo absurdo. O nome dos G’n’R não nos sai da cabeça quando ouvimos estas malhas pelo simples facto de que a inspiração dos gaienses parece ir beber aos mesmos sítios que os norte-americanos o fizeram; só quem tem o blues bem entranhado na pele percebe esse jogo entre a palavra da voz (de Pedro, que mais parece saída das goelas de um frontman da cena de LA em plenos anos 80) e a resposta da guitarra, que não cansa a necessidade de referir o quão esta última é elogiada neste EP - o final de “Demon girl” é soberbo. Mas por mais que as referências feitas aos Us & Them e ao seu mais recente registo sejam relativas a momentos que fizeram parte de um passado, a sua tenacidade faz todo o sentido no presente. Para o comprovar, basta ver como bandas como os americanos Alterbridge fazem todo o sentido nos dias de hoje. Mais um registo a seguir os passos de boas melodias, ritmo acertivo e refrões com um groove ainda mais contagiante, e vai ser obrigatório que adicionem também o nome dos Us & Them a essa lista.

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MB

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Videoclube WYteK8

http://www.youtube.com/watch?v=03A3M

http://www.youtube.com/watch?v=VRi3ll6NAqE

HALO - “Black

box”

BLIND CHARGE - “Medusa”

DROP D - “Absence

of

Light”

http://www.youtube.com/watch?v=EffWWNVgQ40

CHAOS IN PARADISE - “Sanzu River”

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(clica e vê)

ZKC8

http://www.youtube.com/watch?v=drsuGUp


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