MöndoBrutal #01

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MöndoBrutal #01

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Info e coisas..:

Olá a ti que estás desse lado. Sim, és tu mesmo. Em primeiro lugar queria agradecer-te por te teres dado ao trabalho de perder alguns minutos a clickar neste link, ou a fazer download à webzine; isso mostra que tens interesse. Também te queria agradecer em nome das bandas que aqui são referidas neste número. Todas elas lutam contra a adversidade de fazer arte através do som sem que uma fatia significativa de gente lhes ligue o que quer que seja, e fazem-no na mesma apenas por duas razões: porque gostam genuínamente do que fazem, e porque acreditam que vale a pena. A história dos W.C. Noise, o exemplo dos Cabeça de Martelo, o espírito de banda dos Us & Them, a garra das Bellenden Ker, a insistência dos Tetanus e a transformação dos Junkywax são merecedores de registo, e certamente têm potencial para aguçar a tua curiosidade, a par com os outros artigos. Esta é uma Webzine que pretende tratar principalmente de três géneros musicais, que não estão assim tão afastados como se possa pensar: o Rock, o Punk e o Metal. E a questão aqui é focarmo-nos no que existe e está mesmo ao nosso lado. Porquê? Porque essa música merece. Mas aqui o intuito não é fazer festas na barriga de quem está à sobra da bananeira, ou ir atrás de modas ou padrões só porque um qualquer nicho diz que é assim que tem de ser. Aqui pretende-se resgatar o Metal que vai contra as convenções da maioria, o Punk que acredita em continuar mesmo quando os outros baixam os braços, e o Rock que teima em não se deixar domesticar!

MÖNDOBRUTAL webzine mondobrutal@gmail.com A Seita: KaapaSessentainove (coisas variadas/ entrevistas) Maltês (design) Rui LX (tmbm design) Cátia Panda (recolha de info/ an.discos) Girh (revisão textos/ entrevistas) Lagartixa (an.discos) Hugo Cebolo (for.d’arquivo)

índice 02 - Editorial 03 - Notícias 04 - Fora do Arquivo: W.C. Noise

06 - Bellenden Ker

08 - Tetanus

Sê benvindº/a a esta viajem. Sê benvindo à MöndoBrutal.

10 - Cabeça de Martelo

14 - Junkywax

16 - Us & Them

18 - Análises a discos 20 - Videoclube

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Not]cias .................. Ultrasound Studios Music Contest

da terra que o acolhe. Ao palco irão subir nomes como O Rijo e Suprah. O primeiro dia está reservado para os documentários ‘Meio Metro de Pedra’ de Eduardo Morais e ‘Significado - se a música portuguesa gostasse dela própria’ de Tiago Pereira.

Blind Charge preparam segunda edição do seu segundo álbum

Os estúdios de Braga, encabeçados pelo músico e produtor Daniel Cardoso, agora também com sede na Moita, estão a promover um concurso de bandas que se irá realizar no Live Caffe(Moita) entre 9 de Dezembro e 11 de Fevereiro que visa a gravação de um EP para a banda vencedora e também a participação num concerto organizado pela HellXis. Aos interessados, é seguir o link:

http://www.facebook.com/event.php?eid=164268010331421

Lonears cessam funções

Lamia, o segundo longa duração dos portuenses já esgotou a sua primeira edição física. Neste momento a banda encontra-se a tratar de um segunda edição. A par com isso os Blind Charge têm vindo a dar alguns concertos em locais escolhidos a dedo para a promoção do seu trabalho. Espera-se que anunciem novas datas para breve. Entretanto, disponibilizaram o álbum digitalmente para download gratuíto em www.blindcharge.com/download. Há também um espaço virtual dedicado ao conceito por detrás do novo conjunto de músicas: http://pt-br.facebook.com/pages/LAMIA/212704082115127?sk=wall

The9thCell - a segunda cara do metamorfo

A banda de rock alternativo de Linda-a-velha, após uma incursão pela música electrónica, decidiu por “várias razões“(segundo os mesmos) terminar o projecto no passado mês de Junho. O ano passado a banda havia lançado Electrophosis, uma versão electrónica da sua sonoridade inicial. Não nos deixaram sem primeiro prometer que “os membros da banda vão fazer novos projectos“.

II Festival de Música Moderna de Alcácer do Sal

Já está disponível para download gratuito o 8º álbum de The9thCell, de nome Metamorphic - Vol II. Um trabalho de 9 versões de artistas que influenciaram a vida e música do mentor do projecto, David Pais (Ashes, No Tribe), e que conta ainda com a participação especial de Samuel Luís e Rodrigo Santos (Hands of Guilt) no tema “Clenched Fist”. Para fazerem download: http://www.mediafire.com/?3by5?4880lr8xtf4

É a 4 e 5 de Novembro que irá decorrer no Teatro Pedro Nunes, em Alcácer do Sal, a segunda edição do Festival de Música Moderna que enverga o nome

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F#ra do Arquivo

W.C. Noise

Em meados de 1990, enquanto o Hard Rock fechava os olhos por entre convulsões e o Grunge tomava conta das ondas de rádio um pouco por todo o mundo, na zona do Porto quatro jovens músicos davam início às actividades de uma banda que se tornaria um marco no que ao thrash metal português diz respeito. Rodolfo Cardoso(guitarra, na altura também membro dos Dove), Paulo(guitarra), Berto(baixo) e Miguel(bateria) formavam assim o primeiro alinhamento dos W.C. Noise. Após alguns meses, com a saída de Berto, por razões pessoais, Paulo é forçado a abandonar o papel de segundo guitarrista em função de colmatar a falha na posição de baixista, mais ou menos na mesma altura em que integram aquele que será o vocalista da banda: Nando. A 1 de Novembro de 1990 a banda estreia-se a convite dos Hardness, num concerto dado na Associação dos Restauradores do Brás-Oleiro, na cidade do Porto. Quando acreditavam ter encontrado uma formação suficientemente sólida para começar a desbravar o trilho com concertos, as complicações ainda continuaram a surgir, e a banda viu-se sem baterista

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quando Miguel foi incorporado pelo SMO - Serviço Militar Obrigatório. A banda então recrutou Pedro Martins para o lugar deixado vago, e foi com ele que registaram a sua primeira gravação: uma demo tape gravada em apenas dois dias. Infelizmente, o som da mesma gravação ficou muito mau, ao ponto de a banda se recusar a assumir o registo como algo válido em termos da sua promoção, acabando por não o comercializar. Menos de um mês depois, na passagem de ano de 90/91 a banda dá um concerto na Senhora da Hora, ao lado dos Hardness, Operação contágio e Genocide, e ao longo do ano de 1991 a banda vai marcando presença em vários palcos da zona do Porto, ganhando experiência e começando a definir uma postura na cena local. Em 1992 registam a demo tape You’d better shut up! nos estúdios Rec’n’Roll com uma produção poderosa de Luís Barros, dos Tarântula, com a qual afirmam claramente a sua dedicação ao thrash metal mais agressivo, com referências claras à sonoridade de uns Slayer - muito sublinhada pela rispidez com que Nando debitava as letras - e Metallica na sua fase inicial de carreira. Com a crueza do registo quase que se adivinha que os W.C. Noise pretendiam transpôr a rudeza do metal banhado a cerveja dos anos 80 para a década de 90. Malhas bem incisivas e sempre directas, com acelerações que relembram a linha ténue que separa o thrash do punk, como em alguns momentos de “Diarrhea”, mas também alguns momentos que transparecem um pouco de influência de algum thrash europeu na forma de uns Kreator, por exemplo, no groove carregado de ritmo de uma parte quase no final de “My life”. No entanto a intenção maior da banda, apesar de ser notóriamente agressiva, não os inibiu de abrir o registo com o instrumental de guitarra acústica “The emptiness” numa melodia de rendilhados quase clássicos que nos transportam para o universo dos four horsemen da Bay Area, na sua era dourada. Boas referências dentro do género, portanto, não lhes faltavam. Com esta demo tape os W.C. Noise veriam novas portas a abrir-se perante o resultado do seu esforço e a mais significativa dessas oportunidades seria mesmo o contrato com a independente MTM, após uma actuação em Abril do mesmo ano, no Pavilhão Infante de Sagres, ao lado dos Ramp e Censurados. Já sob o selo desta editora a banda partiu para a gravação do seu primeiro álbum, Loud &


Mad, também gravado nos estúdios Rec’n’Roll em Valadares, que só seria editado em Dezembro do mesmo ano. Para além da regravação dos temas da demo tape, devidamente actualizados, o registo conta com “Each one in it’s place”(uma malha que para além de lembrar o mais marcante thrash de 1983, inclui solos bastante inspirados), “Godless”(Música com uma letra bem interessante sobre o tema da religião que entre outras chapadas de luva branca, se sai com um “Don’t say I don’t have faith, how could o live without it?/ i have faith in me, i have faith in you..”), “Memories”(a música mais experimental de todo o álbum, com a insistência em riffs monocromáticos com a intenção de provocar algum tipo de transe, até ao momento da libertação, um pouco à imagem de algumas explorações de Megadeth) e “Eternal gap”(Um desfecho com um instrumental thrash experimentalista e vocalizações com uma atitude bastante punk que quase faz ver este tema mais como um crossover de thrash metal com hardcore). O ano de 1993 foi principalmente preenchido por concertos de uma longa digressão na qual incorreram de forma a promover o álbum. Ainda no mesmo ano voltam a ter alterações no line-up e integram Vítor(ex-Overhead) na banda, com quem ainda antes do ano acabar iniciam uma mini-tour de 10 concertos em Espanha, como forma de estender o raio de alcance da sua música; pela mesma altura o seu primeiro disco chega mesmo a ser editado pela editora espanhola Treboada. Em 1994 lançam novo álbum: Reality Asylum. Com uma sonoridade declaradamente mais alternativa, mas sem fechar os olhos às suas raízes e influências iniciais tal como à evolução das mesmas(como se pode notar no refrão muito à Megadeth de “Lost”, ou até alguns detalhes de “Wasted time” que não fugiriam muito a algumas experiências que os Metallica estariam a fazer pela mesma altura, ou até pela intro de “Better days”) os W.C. Noise entregam-nos aqui uma proposta banhada q/b na experimentação de uns Pantera(estrutura base de “Lost”, “Secrecy”, ou até o groove de “Man-hunting” como pontos chave) mas também com algumas piscadelas de olho à onda de rock gótico que emergia em Inglaterra, com algumas referências à sonoridade de uns Paradise Lost(o refrão de “Better days” é tão influenciado na banda britânica quanto brilhante, e um dos momentos mais inspirados do disco). Minado de pequenas referências, o disco

acaba por fundir tudo numa fórmula com o cunho da banda, e em “Ladder” temos um momento no qual os W.C. Noise poderiam estar a mostrar o resultado dessa receita numa junção practicamente perfeita. No entanto é em “People” que deitam a casa abaixo com uma espécie de híbrido descarado e completamente experimental onde até chega a haver um momento de rap e vários solos(um dos quais chega mesmo a preencher, no lugar da voz, aquele que poderia ser o refrão da música, bem perto do fim). Uma bela surpresa, este álbum, principalmente à luz do que se fazia e ouvia à data, e que nos marca através de afirmações como “Don’t let the world without your voice..”(em “Better days”). O disco teve edição em cd, e através da alemã Milestone Music chegou mesmo a ser lançado com uma capa alternativa. A banda ainda chegou a promover este segundo álbum. Passados dois anos, e apesar de uma carreira na qual partilharam palco com bandas como Carcass, Skyclad, Ratos de Porão, Ramp, Tarântula, Moonspell, Bizarra Locomotiva ou Genocide, o grupo dissolve-se e a banda é dada como terminada. Estávamos em 1996. Foram exímios técnicos no seu instrumento, e com uma máquina de thrash que não censurava a veia alternativa. Pelo contrário, ajudaram a marcar um momento de novo fôlego na música extrema nacional. Apesar das alterações que sofreram na formação desde o início, a sua música manteve a mesma linha característica que o nome da banda ainda hoje enverga, e conseguiram atingir o sucesso que apenas alguns conseguiam antever. Em 2010 a banda chegou a juntar-se de novo, 20 anos passados desde a sua origem, para um concerto que, diz quem viu, foi uma autêntica celebração onde não faltaram grandes malhas, muita agitação, entoações em coro, e uma grande prestação dos músicos que, apesar do pouco tempo que durou o concerto, fizeram esquecer aos saudosistas as duas décadas que se passaram entretanto, e dar a sensação que estavam de volta aos anos 90, e que quem estivesse disposto a levar com uma jarda de som endiabrado mas acertivo, estava no local correcto à hora exacta para testemunhar aquilo que uma grande banda de metal portuguesa teve de melhor para nos dar e deixar.

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MB

http://underrrreview.blogspot.com/2009/06/wc-noise.html http://portugal80smetal.blogspot.com/2011/06/wc-noise.html http://aimagemdosom2008.blogspot.com/2009/11/wc-noise.html#comment-form

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r e K n e d n e l l e B

As lisboetas Bellenden Ker têm brindado os resistentes do maior movimento rock a acontercer no início dos anos 90 com doses de agressividade cáustica e pujança sónica que certamente não deixam um único membro do público indiferente, ao longo destes últimos 3 anos e meio. Marta Lefay, vocalista e guitarrista da banda, desvendanos um pouco mais sobre este fetiche sonoro para quem realmente aprecia rock. As Bellenden Ker têm uma sonoridade muito particular quando colocadas no panorama nacional. Que tipo de reacções costumam ter do público que tem contacto convosco pela primeira vez? O público depende, há pessoas que gostam muito e outras que gostam menos. O nosso estilo de música não é comercial e sabemos perfeitamente que não vai ao encontro dos gostos musicais de todas as pessoas mas tocamos, sem dúvida, aquilo que gostamos.

O grunge está intrínseco em muito do que vocês fazem, e parecem fazê-lo sem vergonha nenhuma. Quais diriam que são as vossas principais influências, e de que forma vos incentivaram na criação

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do som da banda? O grunge também nos influenciou bastante porque também faz parte da música q nós ouvimos mas não é só grunge, temos todas gostos muito variados desde rock, blues a metal, e acabamos por juntar isso tudo para criar as nossas músicas.

Pelas fotos nas quais podemos tropeçar nos vossos espaços virtuais, dá para perceber que pretendem passar também uma imagem bastante forte para o lado de cá. Como descrevem o vosso visual e as intenções(se é que as há) por detrás do mesmo? Nós queríamos que o impacto visual reflectisse


um bocado aquilo que as músicas querem dizer, então optamos por um cenário meio fantasioso e caótico fora do senso comum. Foi também uma maneira de unir a música com um lado estético que representasse a banda.

Quantas bandas dentro do género em que se inserem e com formação integralmente feminina acreditam que existem hoje em Portugal? Não sei ao certo mas têm aparecido cada vez mais.

Uma vez que uma grande fatia do público adepto do Rock mais pesado é masculino, chegam a pensar que por vezes são alvo de atenção mais pela vossa sexualidade que a vossa música?

qualquer represália... qual seria a vossa escolha? Sair com instrumentos sem pagar nada claro. A revolta nem sempre tem de ser demonstrada com destruição. Demonstramos mais revolta com música do que com destruição.

Donita Sparks ou Courtney Love? Ambas.

Têm alguma coisa planeada a nível de lançamentos, por conta de autor, ou de outra forma? Sim, vamos em breve gravar um EP e lançá-lo talvez ainda este ano.

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MB

Às vezes sim, aliás, por vezes até ouvimos bocas desagradáveis que nos põem nessa situação mas isso acontece mais quando tocamos em sítios com público desconhecido. Costumamos tocar mais em Lisboa e arredores onde conhecemos grande parte do público (amigos).

Encaram a música e a sexualidade como coisas indissociáveis? Não, há muita música dissociada da sexualidade. É sim indissociada de emoções.

Já referiram em algumas entrevistas que o vosso nome deriva montanha australiana, e que pretendem transportar o significado de algo como o vazio da condição humana. Porquê essa condição em particular? Porque é algo inevitável e o qual toda a gente sente em vários momentos da vida. Como costumamos dizer, faz parte da condição humana.

Pelos vídeos e número de concertos que é possível ver que vão arranjando, dá para ter uma ideia de que gostam de pisar o palco. É lá que se sentem mais à vontade, mais soltas? Sim, é isso que queremos e é isso q gostamos. É um grande combustível para as BellendenKer e também para nós enquanto pessoas fora das Bellendenker. É muito bom podermos ter essas oportunidades.

É visível a chama da revolta punk na vossa atitude. Se vos dessem a opção de entrar numa loja de música e das duas uma: a) sair cada uma com

o instrumento/set à sua escolha sem pagar absolutamente nada; b) destruir todo o material que conseguissem sem

http://www.myspace.com/bellendenker http://facebook.com/bellendenker

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Tetanus

as bandas mais d a m u o sã s u ck sem Os Tetan inho, fazendo ro sp E e d s te en resist as nas nem palmadinh s, so is m ro p Nas m co mais próximas. es d a d ti en e d costas os a pereles ajudam-n s a h lin s te in e u seg como deveria d ém b m ta e , ceber isso de do b em cada cida lu C rd a H m u haver nosso país. Os Tetanus são das bandas mais perseverantes da zona de Espinho. Acham que recebem o devido respeito por esse

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facto? Gostaríamos que assim fosse, mas a maioria dos concertos dos Tetanus tem sido fora de Espinho. Ainda que ocasionalmente tenhamos oportunidade de divulgar o nosso trabalho na nossa terra, as condições nem sempre são as melhores e a ausência de apoio municipal no sentido de aumentar a visibilidade da musica local e das bandas mais preserverantes é muito escasso ou quase nulo.

Depois de serem descritos por alguns media como “rock enérgico” ou “rock musculado”, como vocês descreveriam o vosso próprio som? Achamos que são dois bons adjectivos entre out-


ros para caracterizar o nosso som. Sem suplementos vitamínicos, apenas o resultado de muito trabalho. Um rock suado.

Dia 19 de Fevereiro passaram pelo palco do renovado Hard Club. Tocar no Hard Club é uma experiência diferente? Tocar no Hard Club é acima de tudo uma boa experiência, diferente sim, de nunca lá termos tocado antes, e como é obvio é um ponto de referência para muitas bandas nacionais e internacionais. Haveria de haver um Hard Club em todas as cidades.

Há algo de Zen numa música como a “Daybraker”. Concordam, ou apenas coincidentemente foram beber à mesma fonte/influências? Pensando bem, sim, é muito provável que a “Daybreaker” que, é uma musica “velhinha” dos Tetanus, tenha influência das bandas que mais ouvíamos na altura. Ainda que nas nossas músicas se beba um pouco de tudo e as influências sejam as mais variadas.

São alvo de dificuldades enquanto banda, que vos atrapalham e atrasam alguns planos, ou pelo contrário são uma banda que sabe levar o seu tempo a planear os passos que dão? Talvez o trajecto dos Tetanus nunca tenha sido na realidade planeado, e as dificuldades servem muitas vezes de incentivo. O objectivo é dar passos

cada vez mais firmes no meio musical.

Já estão juntos desde 2001. Em 2009 planearam lançar um EP. Não estará para breve um registo de originais/álbum dos Tetanus? Neste momento os Tetanus estão focados no lançamento e promoção de um EP intitulado Tetanus For Breakfast, a sair em breve. Mas ao mesmo tempo não nos cansamos de fazer músicas novas todos os dias. Certamente num futuro próximo iremos lançar um novo registo de originais.

Já estiveram nas finais de vários concursos de bandas e até chegaram a ganhar, pelo menos o Rocktaract em 2005. Não esperavam por esta altura ter um pouco mais de reconhecimento (por parte dos meios de divulgação musical, por exemplo)? ...O Rockraract em 2005, melhor banda rock Rock Rendez Worten 2008, mas quem está a contar... (risos). O nome Tetanus tem vindo a ser reconhecido mas julgamos que com o lançamento do EP tenhamos uma maior visibilidade. Embora a nossa maior preocupação seja continuar a fazer boa música.

Fazer Rock em Portugal ainda é convidativo, ou é ‘masoquismo’? Ouvir rock é muito convidativo quer em Portugal como em qualquer parte do mundo, “fazer rock” pode ser doloroso se não estamos a fazer música e sim barulho. Mas masoquistas, e ainda que nos dê prazer, somos certamente se não estivermos preparados para lidar com o facto de que não é muito fácil viver do rock em Portugal.

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MB

http://pt-br.facebook.com/pages/Tetanus/152148034840703 http://www.myspace.com/mytetanuspace

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o l e t r a M e d Cabeça

É em Ovar que os C.D.M. estão sediados, e num raio descrito pelos próprios à volta desse epicentro, já ajudaram a gerar o caos e a destilar mesmo muita energia nas mais variadas salas/locais de concerto ao longo dos últimos 15 anos. Numa altura em que é cada vez mais fácil criar música e começar bandas, mas também mais frequentemente as vemos terminar após 2 ou 3 anos, voltamos a nossa atenção para um exemplo de persistência que tem resistido às mais diversas dificuldades e inspirado os mais atentos à cena punk nacional. Óscar Beeroff(Guitarra), Speedy Gonzalez(Voz), Johnny Disgrace(Baixo) e Miguel Butcher(Bateria) acorrem ao local do crime e ajudam-nos a conhecer o martelo com que se forja algum do punk/hardcore mais visceral da zona de Aveiro.

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15 anos é muito tempo e practicamente uma carreira para uma banda portuguesa. Como vêm este percurso de altos e baixos? Os C.D.M. já cumpriram muitos dos seus objectivos, ou o futuro ainda é uma folha em branco pronta para ser manchada? Speedy - Sim, C.D.M. já tiveram altos e baixos a nível de entradas e saídas de pessoal, mas o Óscar como membro da formação inicial da banda fez sempre os possíveis e impossíveis para manter a banda erguida e sempre activa. Quanto aos objectivos, é continuar a tocar e a espalhar o caos. Miguel - Estou com C.D.M. acerca de 4-5 anos, ainda faltam muitos objectivos a cumprir! Muitos bares para tocar e pôr abaixo!! Apesar de vários percalços, o acidente do Óscar e o nascimento do meu rebento atrasou bastante as ideias que estavam na mesa, epá estamos um bocado distantes este ano :)


Johnny - Estou a tocar com os C.D.M. acerca de 3 anos e ainda não demos tudo, certamente que iremos continuar a deixar a folha limpa por enquanto (digo eu) porque a vontade de fazer barulho continua a mesma ;) Oscar - Praticamente já nos aconteceu de tudo ao longo destes anos :) Como em qualquer situação do dia-a-dia, os altos e baixos são para serem ultrapassados. Para a frente ainda temos muito barulho a fazer, álbum para gravar, compilações e splits para participar, concertos, ensaios… bota e vira, non stop :)

Visto que muitas vezes já tocaram/tocam a troco de nada, o que acham de muitas das bandas de hoje que aparecem e já afirmam que apenas tocam ao vivo caso haja “retorno monetário”? S - Nós gostamos é de tocar, por isso é sempre um gosto aceitar concertos independentemente a que preço for, mas quando é longe uma ajuda é sempre bem-vinda. M - Muitas das bandas que aparecem a pedir “cachê” tiram hipóteses a outras bandas que querem ter sítios para tocar e para o pessoal se divertir sem ter que pagar entradas, e preços absurdos nas bebidas. J - Andamos aqui por gosto, outros andam atrás de outras coisas. Há alguma coisa melhor do que conviver com os amigos, beber umas cervejas e fazer barulho?? O - Como é normal, nós e como quase todas as bandas que conhecemos, já tocámos a troco de umas cervejas, ou o $ dos bilhetes do comboio, ou alguma ajuda para gasóleo. Ou então acontece por vezes dividir pelas bandas e organização, o preço do bilhete que se cobra à entrada. Mas é a tal situação, nós somos do Norte, se vem alguma banda de fora desta zona, é preferível ajudar nos gastos essas bandas. Mas tenho quase 100% certeza que tal como nós, já aconteceu à maior parte das bandas pagar para tocar, mas por vezes é mesmo esse o espírito, tocar pelo gosto ou contribuir para ajudar alguma causa. Mas cada um sabe de si, e faz o que quer…

da banda, ou os seus elementos em particular? O – Consigo neste preciso momento, lembrar-me de todos os concertos que demos, fica sempre algum pormenor do dia :) uns melhores que os outros a nível de som ou a nível de estado etílico da nossa parte, ou até mesmo do pessoal que esteve a assistir, bem como o convívio com o pessoal das outras bandas que tocámos, e o pessoal que organizou os concertos. S – O primeiro no Altar, foi de partir tudo, ehehe, literalmente. M - No Hard-Club claro, apesar da ferrugem :D e também o primeiro concerto no Porto-Rio com o Luís ainda no baixo. J - Sim, o primeiro no Altar, pena que não me lembro de ter tocado, uups...

Mais de 10 anos sem um novo registo de originais é muito tempo. O que vos tem atrasado no que diz respeito a gravar um novo álbum? J - Ui essa agora!! É uma lista infindável de coisas, desde filhos, dedos partidos, o técnico de gravações que fomos desencantar, é só coisas porreiras ;) eheheh mas com o tempo há-de sair alguma coisa. M - É verdade... mas temos feito algumas musicas novas e modificámos outras... falta de tempo, trabalho, horários e um bom sitio para podermos gravar ;) O – Parece mentira, mas a realidade é mesmo esta: quando estamos mesmo prontos para gravar, já tudo ensaiado, acontece alguma coisa, desde pessoal que sai e tem-se que arranjar substitutos, a acidentes de trabalho, motivos profissionais,

De entre os muitos concertos que já deram, dá para nomear algum(ns) que tenha(m) marcado a carreira

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sair, é mesmo o fim da banda. Até hoje ainda cá estamos por algumas razões, a principal é não ser eu a cantar :D a outra é nunca ter desistido de continuar a fazer aquilo que eu gosto, sempre com a ajuda do pessoal que está na banda.

Têm participado em várias compilações juntamente com outras bandas punk/hardcore. Esse tipo de atitude de força conjunta tem-vos ajudado a promover a vossa música, e é um método que apoiam (o de promoção conjunta / variedade entre bandas)?

etc… A última vez foi em Junho que já estávamos em estúdio a gravar uma música e nesse mês eu caí com 1 amplificador na mão e ia ficando sem alguns dedos… agora ainda estou em recuperação :) S – Lá está!! Como normalmente não recebemos dinheiro por tocar fica complicado pagarmos uma gravação ;) e por motivos pessoais de alguns membros da banda, a falta de tempo também não o permite.

Já alguma vez disseram “Sit down Boo Boo sit … good cop”* a um polícia? O – É engraçado isso… pois bastantes vezes, aparecia sempre a policia nos concertos, ou acabavam com aquilo ou íamos parar á esquadra, enfim… O pessoal por causa disso chamava era outros nomes :) S – Uhmmm… já disse algumas coisas mas isso acho que nunca me passou pela cabeça dizer-lhes =) M - Hehehe tá a passar ali 1, upa diz!!!! J - Os bófias são gajos porreiros (só é pena terem nascido).

Ao longo destes anos todos, e com tantas mudanças de formação, quantas vezes a existência dos C.D.M. foi posta em causa? S – Não sei se alguma vez foi posta em causa, mas só mesmo o Óscar para responder a essa pergunta. Acho que ele nunca deixou cair os C.D.M., ou quando eles estiveram mesmo lá em baixo ele acabou por erguê-los sempre. M - Isto é para ti Óscar!!! Por mim é até ao fim, até que os membros se soltem!!! J - Óscar, brilha ai! ;) O – Bem, como sou eu o único que está desde o inicio da formação, continuo a dizer o mesmo que dizia ao pessoal na altura, pode sair toda a gente que quiser e entrar outros, mas se algum dia eu

* nome do primeiro álbum da banda

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S – Penso que sim, porque passamos a conhecer outras bandas que mais tarde acabamos por tocar com elas, e elas ficam a conhecer o nosso som, é como se fosse um círculo. J - Sim, com algumas das bandas já tocámos, e já conhecemos. Outras ainda não, mas ficamos com uma ideia assim como eles também, e como toda a gente que ouve a compilação. Deviam ser feitas mais ainda!! O – Sim, logicamente que apoiamos, é uma maneira de divulgação de todas as bandas que participam, venham mais oportunidades. M – Tudo dito.

Em vários artigos sobre a banda é sublinhado o facto desta ser a formação mais sólida da banda. Concordam? O que distingue os Cabeça de Martelo de 2011 de formações anteriores? S - Talvez seja a formação mais regular a nível de concertos e ensaios. O som também ficou um bocado mais pesado, talvez pelo facto do Miguel adorar partir a bateria, eheh J - Em relação às formações anteriores não sei responder pois não convivi com eles, connosco as coisas funcionam de forma simples e objectiva, tentamos cumprir com a nossa parte, cada um tenta fazer com que as coisas dêem certo e encaixem umas nas outras ;) M – É mesmo isso ;)


Já têm novos originais em quantidade suficiente para um novo registo/álbum? J - Sim, mas mais alguns não faziam mal, e que certamente irão ser trabalhados. S – Já há muito tempo eheheh, só há falta de dinheiros para a tal gravação! O – Já temos, e vamos voltar à carga mal eu recupere dos dedos, ensaiar, dar concertos e gravar o novo álbum finalmente M - É só limpar a ferrugem e bota e vira

Se o martelo fosse realmente para partir cabeças, que cabeças estariam/estão ainda por partir?

O – Tanto a nível de ensaios, como nas musicas novas que fizemos, como de concertos, esta formação torna-se a mais sólida/regular destes últimos anos. Foi uma evolução que se tornou natural ao longo dos anos, e que tem resultado bem. Fica aqui de seguida um grande abraço ao pessoal que já passou pela banda: João Elvas – Bateria; E.T. – Bateria; Cabeças – Bateria; Bolinhas – Bateria; João Alçada – Baixo; Canijia – Baixo; Popas – Baixo; Luís – Baixo, Miguel – Voz, Meskita – Voz

Não é muito habitual vermos uma rapariga à frente (a tomar conta do microfone) numa banda punk/ hardcore. Chegou a ser complicado para a Speedy, ou pelo contrário, adaptou-se desde o início à banda e trouxe ainda algo mais para contribuir?

O – Xiiii, nem comento isso ;) S – Tantas, tantas, tantas…. Todos os dias das nossas vidas pelo menos uma cabeça por dia rebolaria pelo chão com muito gosto… Acho que toda a gente tem esse pensamento uma ou mais vezes por dia! Nãao?? Ai se eu pudesse... ehehhe J - Ui, tantas mesmo enquanto o martelo durasse, era sempre aviar! A começar nesses ladrões no parlamento… grrrrrr M – Porra, tanta gente a mandar e a meter-nos a mão nos bolsos, mas primeiro era abrir as cabeças ao pessoal que pensa que é gente e não tem aonde cair morta!!! Humildade e respeito têm que existir sempre…

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MB

S – Já estou na banda á mais de 8 anos, no início foi um bocado complicado mas com o tempo fui encarreirando, fazia só refrões, mas o Miguel (vocalista) foi trabalhar para fora e decidímos tentar só comigo e cá estou eu hoje a cantar sozinha em C.D.M. sem medo eheh O – Pelo facto de ela já estar connosco à bastante tempo, era lógico haver uma continuidade no que estávamos a fazer, logo a seguir à saída do Miguel. Com os ensaios, ela tomou bem conta das músicas como vocalista principal. E o tom de voz dela resulta com a nossa sonoridade :)

www.myspace.com/cabecademartelo www.facebook.com/cabecademartelo

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JUNKYWAX

Recentemente, na zona do Porto o grunge palpitou de novo ao som de algumas jovens bandas. Os Junkywax foram uma delas, mas André Fonseca, vocalista e membro fundador, explicanos como ficar estagnado no tempo não faz parte dos planos da banda. Boas! Os Junkywax já por cá andam há algum tempo a dar rock ao underground do Porto. Quando se juntaram qual foi a principal motivação? Viva! Na altura, com o line up que tínhamos, a

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motivação deste projecto era ressuscitar o grunge que muito boa gente dava como morto, e eram as nossas o origens, crescemos a ouvir esse estilo.

É difícil manter uma banda como os Junkywax unida nos dias que correm? Não. Estamos todos a ‘remar’ para o mesmo objectivo que consiste em fazer musica para nós, viver o que sentimos, e que por acréscimo temos tido sempre um bom receptor: o Público. Esse, que nos dá vontade e apoio para continuar em frente nos dias difíceis que correm.


Vocês já lançaram digitalmente um EP - Your eyes smoke - e têm vindo a partilhar alguns singles, espaçadamente. Já há planos para uma nova colecção de originais? Nós possuíamos um reportório com 13 originais, mas dado a esta viragem de estilo (que continua associada com o novo), neste momento a maior parte do material ficou para trás e contamos com músicas novas e continuamos a compor mais com este novo line up. Vêm muitas surpresas e estamos em estúdio a gravar um EP.

Têm um novo elemento na vossa formação, certo? Como está a ser a integração do mesmo nos Junkywax? Temos um guitarrista novo, Luis Reis. Tem um papel fundamental no grupo, pois agora é o unico guitarrista e trouxe as boas influências com ele. Era o que estavámos a precisar para completar o puzzle e chegar a esta sonoridade actual.

A inspiração por trás do vosso nome tem relação com a cera ‘Punky Junky’? Não!! (risos) Simplesmente foi uma junção de duas palavras da nossa baixista, Alexandra Cardoso, e que nos pareceram óptimas na altura mas que não há significado próprio. Até porque o nome JUNKYWAX foi criado para ser uma palavra única, um nome único, nada genérico, como infelizmente não é a mentalidade da maioria. Já pensámos em mudar de nome dada estas últimas alterações, mas não queremos esquecer nunca as nossas origens.

Já alguém - fã ou banda - saíu lesionado de um concerto dos Junkywax? Já se registaram uns episódios engraçados, e agora que as músicas estão cada vez mais agressivas tem-se visto mais situações de ‘porrada’ nós próprios incitamos à loucura; gostamos de público desinibido e essa energia também acaba ser retribuída da nossa parte. Há cerca de 2 meses num ensaio eu levei com a guitarra do Luis na cabeça e acabei no hospital a levar pontos! Mas qual é o problema? A música leva-nos ao expoente máximo da loucura. Cada um sente à sua maneira.

Por quantas alterações de formação já passou a banda? Mudamos de baterista 2 vezes, de baixista também mas nos tempos iniciais, entre 2008 e 2009. De guitarrista foi recentemente e continuamos neste momento com este line up agora. Esperemos que seja para ficar assim porque nunca nos sentimos tao firmes como agora.

No início seguiam uma sonoridade mais grunge. Pelas novas músicas percebese uma tendência mais metal. O que vos tem estimulado criativamente mais recentemente e para que terrenos acham que a vossa sonoriade pode seguir? No inicio queríamos tocar aquilo que nos motivou para fazermos algo em conjuntos. Com o passar do tempo sentimo-nos muito limitados com a nossa composição, tornando-se cansativo, sabíamos que podíamos fazer mais. O grande impulsionador desta viragem foi o nosso baterista, Diogo Pereira, que quando entrou, há cerca de 2 anos e pouco, trouxe com ele o metal e este começou a entranhar-se nas nossas veias. Pantera, Lamb Of God, Texas Hippie Coalition são algumas influências.

Tem sido complicado arranjar concertos, ou pelo contrário conseguem contornar o problema da escassez de sítios que acolhem bandas underground? Depende da ocasião! Para nós, o mal está em haver poucos sítios para certo tipo de bandas. As bandas são quase obrigadas a repetirem os mesmos locais se querem tocar, ou então aquelas que têm mais possibilidades agendam concertos fora, pois certos locais não cobrem as despesas como deveriam. Não é fácil. Um dia todos terão de pagar para tocar.

Que mais têm planeado para os próximos tempos? A gravação do novo EP já está a rolar nos nossos planos. De resto... não gostamos de fazer grandes planos, vivemos um dia de cada vez. As situações vão surgindo e lá estaremos nós para dar conta do .. recado e deixar a nossa marca. Obrigado. MB http://www.myspace.com/junkywax http://pt-pt.facebook.com/junkywax.banda

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Us & Them

Os Us & Them tocam hard rock’n’roll, inspiram-se nos clássicos, não procuram troféus e revelam uma positividade que deve muito ao sangue novo que têm a pulsar dentro da banda. Aí estão eles: Gaia é uma boa localidade para começar uma banda? Mais importante do que a localidade é irmos conhecendo as pessoas certas para abraçar e ter forças para que o projecto vingue e nesse ponto estamos bastante satisfeitos. Talvez por fazer parte de um grande centro metropolitano estamos mais perto de tudo, desde a cena musical que se passa no norte assim como o apoio técnico aos músicos, passando pelos vários eventos que vão aparecendo, o que é sempre algo muito bom para nós, músicos.

Como é a cena musical na àrea onde se

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movem: há muitas bandas a praticar este género de música ou pelo contrário tem sido complicado repartir as ‘dores de crescimento’[procurar concertos, divulgação, contactos para gravações...] da banda? Quem corre por gosto não cansa e quando se faz algo onde nos dedicamos de corpo e alma em prol de um sonho, o empenho e o trabalho necessários não podem ser vistos como uma “dor de cabeça” mas como um caminho a percorrer. Nós classificamos o nosso estilo como hard rock’n’ roll e no panorama musical português é um estilo que escasseia e os que tentam aparecer vão sendo diluídos num panorama exigente e sempre muito comercial. Mas sentimos que temos vindo a fazer a nossa parte, temos um site da banda e estamos em quase todas as redes sociais mais relevantes. Gravamos um EP em 2010 e estamos a preparar outro para lançar no fim de 2011, entretanto sempre que possível participamos em concursos,


festivais e concertos que vão aparecendo porque ajudam-nos a crescer como músicos e divulgam a nossa música.

A vossa formação sofreu algumas alterações nos últimos meses. Como tem sido a adaptação dos novos elementos (tanto aos temas antigos, como à própria banda e aos concertos)? Após um 2010 cheio de concertos e boas críticas surgiu a necessidade de recrutar um novo guitarrista, alguém que trouxesse o espírito e energia para darmos mais um passo em frente. Após varios ensaios ficamos muito satisfeitos com a escolha mas passados alguns meses perdemos o vocalista o que veio atrasar um pouco o caminho que estávamos a percorrer, mas em Abril de 2011 encontrámos um substituto à altura com bastante margem de progressão. Ambas as adaptações foram rápidas e o espírito contagiante, fazendo com que todos começassem a contribuir para a criação de novos sons e também melhorando os mais antigos.

Já alguma vez tocaram uma versão da “Us & Them” dos Pink Floyd? Não, apesar de já estarmos habituados a associarem-nos a esse tema. É uma banda muito influente a alguns de nós, mas escolhemos esse nome apenas pela forma que consegue interagir com as pessoas. Para além disto não seguimos tendências tão progressivas, experimentais e psicadélicas, apesar de as termos como influências.

Uma boa parte das bandas de Rock rege o seu som com base na identidade do frontman. Foi complicado arranjar um substituto para o vosso vocalista anterior? Pareceu difícil mas se pensarmos bem foi rápido e fácil. Demorou cerca de 4 meses e apenas fizemos cerca de 6 audições. Reparamos logo no fácil entendimento que houve na primeira audição do novo vocalista, o Pedro. Para além disso, coincidiam os interesses dele com os nossos e foi uma selecção bastante fácil.

De forma geral o principal nome que nos fica a reverbar na cabeça após ouvir boa parte das malhas do Highway 19 é o dos Alter Bridge. É uma referência que vos agrada? O que acham deste tipo de comparações? Agrada e é uma enorme influência.Não seguimos uma linha tão pesada como a dos Alter Bridge mas, tal como disseste, é possível reparar que algumas partes dos nossos temas se assemelham ao estilo deles. Afinal de contas, a música é feita de influências e é impossível não colocar numa obra pessoal, um pouco dos outros.

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No vosso myspace podemos ver que continuam a batalhar nos concursos de bandas. O que têm em mente quando concorrem é o prémio, ou o concerto em si? Sim, tocamos sempre onde nos for possível e nos deixarem. O objectivo é o de sempre: divulgar, melhorar como banda e claro, divertirmo-nos. Os primeiros concursos foram sempre os mais entusiasmantes porque havia sempre a esperança de ganhar algo. Mas hoje em dia percebemos que não é a conquista de troféus que nos levará mais longe. Sabemos que apesar de ganharmos ou perdermos o concurso, acabamos sempre por ganhar algo melhor, isto é, uma proxinidade com quem nunca nos viu.

Como tem sido a reacção do público ao rock que praticam? Podemos dizer que tem sido bastante boa e com feedbacks brutais. O que acontece muitas vezes é não estarem preparados para o som que debitamos, porque ou procuram algo mais pop ou mais clássico dentro do rock. Mas conseguimos perceber que conseguimos contagiar todas as massas que passam pela organização dos eventos onde tocamos e humildemente queremos continuar assim. No entanto pensamos que Portugal não é um país que consuma muito o nosso estilo mas queremos atingir pequenas massas e crescer.

2011 já está a dobrar a esquina, formação renovada, e daqui a nada estão para fazer 6 anos de banda.. Vem aí um novo registo de originais? Sim! Prevemos entrar em estúdio no final do ano e conseguir gravar o novo EP ainda antes de 2012. Terá no mínimo 2 temas exclusivos e prometemos um som mais directo e mais expressivo. Para já continuamos a pisar palcos e a trabalhar no novo material para nos fundirmos e obter uma melhor química no grupo.

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MB

http://www.myspace.com/usnthemband

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http://pt-br.facebook.com/usnthemband?sk=app_4949752878


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Blind Charge - Lamia (2011)

É com um grito que os Blind Charge rompem através das colunas logo como tiro de partida de 45 minutos surpreendentemente bem inspirados. Com a agressividade e imprevisibilidade de uns Converge, mas com a consistência de fusão de uns Mastodon, a banda portuense funde o pós-rock com a impulsividade do hardcore, mas com apontamentos melódicos que caem que nem uma luva e que apenas encontram paralelo na inspiração nata de uns More Than a Thousand. O álbum está de tal forma repleto de bons momentos que é difícil, senão ingrato destacar apenas alguns; há oscilações de voz quase a desvanecer à Deftones em “White noise” sobre instrumentais tão cristalinos quanto acolhedores até que um tapete nos é puxado de debaixo dos pés e estamos face a uma aceleração evidentemente inspirada pela onda mais alternativa que tocou o punk nos últimos anos sob a identificação de Refused, até que quando damos por isso estamos embrenhados num dos temas mais envolventes da banda, “Mr. Ocean” que nos transporta através de uma cavalgada de ondas sonoras que practicamente nos ameaçam afogar, de tal forma nos deixamos levar quase em transe através da faceta épica e melancólica da música, de guitarras em riste, quase num flu-

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tuar esotérico que por vezes lembra alguns momentos do melhor e mais melódico que uns Unjust fizeram. “Walking cliche”(que tresanda, e ainda bem, às investidas mais violentas dos já citados Deftones), “March”(que adiciona à receita apontamentos de uns The Used e um final com experimentação de muito bom gosto que atinge o auge no fim com um coro de ‘almas perdidas’ lá ao longe como que a pedir socorro) e “Idiots savants”(que remistura a receita e volta a dar com um toque de Rock dos 90’s a cobiçar o groove do Industrial, guitarras tão expansivas que chegam a afogar e coros afundados na última incursão do refrão, que nos lembra que também nós já estamos presos debaixo destas ondas) podem ser vistas como outros excelentes momentos da melhor forma da banda neste seu segundo longa duração. No entanto não é só de explosões que Lamia é feito, e através dos 12 temas os Blind Charge doseiam de uma forma bastante inteligente a dinâmica com momentos como o tema título(intrumental calmo, practicamente acústico, melancólico e hipnótico) que ajudam a que o todo flua de forma a não vermos o tempo passar, e arriscam a acrescentar mais um adjectivo ao álbum: belo.

Bloody Disgrace - Demo 2008

sere - o street-punk. Com letras de uma consciência social e ironia bem afiadas que lembram tanto Cock Sparrer como Anti-Nowhere League(exemplificados através de “Enjoy your freedom” e “Kill, kill, kill” respectivamente) os Bloody Disgrace debitam um som rude, cáustico, rouco, endiabrado e cheio de riffs daqueles bem viciantes. Apesar de o nomes que nos vêm mais ao de cima serem Bad Religion ou The Clash(tal a semelhança da voz ‘rouca’ e incansável de Carlos ‘Dirty punk’ com um misto da dos frontmen de ambas as bandas) a atitude que se nota ao longo de faixas como “Grateful for nothing”, “Wankers” ou até a faixa que enverga o nome da banda é que estes rapazes tanto podem passear pelos caminhos trilhados por Mata-ratos como a seguir desavergonhadamente soar quase a Toy Dolls. Com uma incursão muito bem sucedida pelo português em “Sufoco”, ainda assim o momento que mais se destaca, tanto pela força resgatada a uns The Exploited, como pela creatividade no ritmo em algumas partes, é mesmo o de “Hey cop... you’re a cunt”, que para além do mais tem uma mensagem mesmo in your face. Antes de pegarem fogo ao (fim do) mundo, banhamno primeiro em cerveja e desatam pelas ruas fora a fazer a festa e (mais uma vez a ironia) perguntamse a si mesmos “Could I call myself a winner?”. Sim, podem.

(2008)

Dream Circus - Fear [EP] (2011)

Apesar do nome, Demo 2008 é um conjunto de músicas da banda de Esmoriz que totaliza 26 minutos em 12 faixas, praticamente o habitual para um álbum dentro do género em que o registo se in-

Um pouco de tudo o que é grunge polvilha este EP da banda portu-


O espírito grunge metalizado está bem representado nestes 4 temas, sempre com um elemento extra que ora aqui, ora ali vai apimentando a fórmula base, como os growls(!) ocasionais em “Run away”, ou os coros em “Poor Jimmy”, a qual também nos serve com um twist bem interessante no fim, passando para um ritmo mais hipnótico e com algo ritualista(talvez um pouco do doom dos Black Sabbath a vir ao de cima). Estas 4 malhas soam como que banhadas por influências clássicas, que tanto poderiam ir de Ramones a Nirvana, passando por Sonic Youth, como de Led Zeppelin aos Soundgarden, estancando em Black Flag. A melhor parte é mesmo que desde o primeiro segundo até ao fim de “Another ride” ficamos um pouco às aranhas para classificar o género com que poderiam ser catalogados; os Jed Dickens deixam-nos assim com a impressão de que encontraram um som bastante próprio - o seu.

guesa/canadiana Dream Circus, com uma produção bem acima da média, algo que faz todo o sentido se tivermos em conta que as produção esteve a cargo dos Ultrasound studios. Músicas com um músculo bem metal(a presença forte das guitarras nota-se muito bem em “Lie”, com um travozinho agradável a Alice in chains), mas sempre sob a omnipresente força de melodias e ganchos viciantes que, contra todas as premonições que pudessem tentar fazer, apenas os coloca mais a par da natureza de uns Bush ou Pearl Jam, dado a forma como tanto vão a pontos de alguma melancolia(algo que se pode escutar nas partes acústicas de “Alive and well” e “My own enemy”), como logo a seguir nos entregam refrões cheios de energia(destaque para “Lie”). No tema título invertem um pouco esta fórmula(não necessáriamente com partes acústicas), mas com resultados muito recomendáveis.

Anti-Clockwise - Love bomb baby

Jed Dickens - For some clowns [EP]

(2009)

(2010)

É quase impossível ignorar a sensação da primeira vez que se ouviu a estreia em álbum dos Blind Zero quando entramos por este For some clowns dos Jed Dickens adentro.

Identificas-te com a MöndoBrutal?

pedida emprestada a uns Motörhead que descaradamente até aparece sob a forma do verso “Baby I was born to lose”(apesar que Johnny Thunders pode ter sido o criador) logo no primeiro tema. Mas aqui a associação não chega sequer a ter o mínimo de hipótese de servir como algo desconstrutivo, bem pelo contrário. Tal como os já citados Mötorhead, também os Anti-Nowhere League ou até os Ramones podem ser citados como influências, do início ao fim do álbum, sendo este um cocktail quase perfeito para quem pretende fehar os olhos, mandar umas caralhadas e beber umas cervejas depois do trabalho. A nível de destaques, o já citado primeiro tema “I will never sing the blues” carrega uma mensagem que o próprio título já revela, que torna a intenção dos Anti-Clockwise bem clara, logo desde o início; também há que referir a ousadia de integrar um tão português “my neighbour Bica” numa letra como “Room with a view”, que dá que pensar, tal a forma como um elemento tão típicamente nacional é fundido com uma letra tão ríspidamente atirada no formato britânico; O riff principal de “Lifesuckers” ora lembra Xutos, ora lembra Foo Fighters, e por aí uma ideia de experimentação fresca parece fazer sentido, e é bastante benvinda. No entanto, diria que o verdadeiro ponto alto, quer pelo choque, quer pelo groove acaba por ser “Domestic tattoos”, que tem potencial para deixar qualquer um mais desprevenido de queixo caído desde a primeira audição, tal é a inteligência musical/ironia nos versos demonstrada pela banda. Practicamente todas as músicas poderiam ser referidas e é bom que se saiba: sim, temos bandas como esta por cá a dar no duro. Quem ainda não ouviu e gostou de perceber do que se trata, faça o favor de ouvir o disco.

Ouvir o Love Bomb Baby é como entrar no pit-mosh de um concerto banhado a punK-rock old school e muita cerveja. É inegável a garra

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MB

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Videoclube EIZBec

http://www.youtube.com/watch?v=VYO2u

http://www.youtube.com/watch?v=av83i6jz8CU

BELLENDEN KER - “Dirty

hands”

SIMBIOSE - “Pointless Tests”

CHEMICAL WIRE - “Bees”

http://www.youtube.com/watch?v=nqJ7PqbF8i8

ess” ANONYMOUS SOULS - “Relentl

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(clica e vê)

tch?v=7Z0BeQ-aAJY

http://www.youtube.com/wa


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