MARÇO 2023 11
FICHA TÉCNICA
Paulo Simões (coordenação)
Goreti Almeida
João Fernandes
Maria Loureiro
Natércia Sequeira
Irina Pires
Marisa Gonçalves
Maria Pedro Erse
PROJETO GRÁFICO
E DESIGN
Pedro Pereira
PERIODICIDADE
Trimestral
CONTACTO nec@chuc.min-saude.pt
Contamos com a sua participação. Faça-nos chegar comentários, eventos ou outras notícias de enfermagem do CHUC, para o nosso email.
CONTEÚDOS 03 MENSAGEM DA ENFERMEIRA DIRETORA 05 NOTA INTRODUTÓRIA 06 GRUPOS INSTITUCIONAIS 14 “MINUTO DE ENFERMAGEM” 20 O MEU SERVIÇO 28 DIFUNDIR ENFERMAGEM 30 EVENTOS ANTERIORES 38 COGITAR ENFERMAGEM 44 A NÃO PERDER DIREÇÃO Áurea Andrade COMISSÃO EDITORIAL Elisabete Santos Filipe Marcelino Manuela Coimbra EQUIPA EDITORIAL
MENSAGEM DA ENFERMEIRA DIRETORA
No Dia Mundial da Saúde, a Notícias de Enfermagem do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) partilha com os seus leitores o Percurso que os Enfermeiros e Enfermeiras do CHUC têm vindo a fazer nos últimos anos.
Em 2017, iniciámos este percurso de gestão da enfermagem do CHUC num contexto ainda muito marcado pelos constrangimentos económicos e financeiros decorrentes das medidas tomadas durante os anos da Troika.
Nos anos subsequentes, com a melhoria da situação económica e financeira do país, apesar de ainda se manterem algumas restrições ao investimento, foi possível criar um ambiente de valorização e reforço dos Recursos Humanos e melhoria das condições de trabalho. Quando começávamos a sentir algum alívio e, a retoma do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), fomos surpreendidos pela pandemia SARS-CoV-2, o que implicou a criação e ativação de um dispositivo estruturado e organizado de modo a assegurar a resposta específica para esta patologia, mas também capaz de simultaneamente responder a todas as outras situações de cuidados de saúde não COVID. Esta reconfiguração envolveu uma alteração muito significativa da estrutura assistencial instalada e um trabalho imenso, resultante do esforço e empenho de todos os profissionais do CHUC, onde os enfermeiros e as enfermeiras desempenharam um papel muito relevante e fundamental.
Entretanto, gradualmente fomos retomando a atividade assistencial normal.
O perfil demográfico dos nossos utentes mantém a tendência de agravamento do envelhecimento, sendo uma população grande consumi-
dora de cuidados de saúde e especialmente de cuidados de enfermagem.
A implementação de políticas promotoras da liberdade de escolha do prestador de cuidados de saúde e o crescimento do número de centros de referência nacional no CHUC, induziram um crescimento da procura e da diferenciação das respostas.
Este contexto complexo e diferenciado, confrontou-nos com um incremento dos requisitos de qualidade, e, consequentemente, com o crescimento das necessidades em cuidados de saúde e de enfermagem, em particular.
O CHUC reafirmou o seu estatuto de grande organização prestadora de cuidados de saúde onde, para além das respostas em saúde que os cidadãos procuram, se concretizam interesses e objetivos de múltiplos stakeholders, nomeadamente ao nível do ensino. Asseguramos assim, entre outras atribuições, a de contribuir para a formação de novas gerações de profissionais de saúde.
Do contexto interno, sublinhamos as dificuldades decorrentes de uma estrutura de prestação de cuidados com 1.779 camas, dispersa por vários pontos da cidade.
A nossa atuação tem-se pautado pela valorização do contributo de todos os profissionais na dependência hierárquica e funcional da Enfermeira Diretora, motivando-os a prosseguir um trajeto de melhoria e de desenvolvimento contínuos da qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem, numa ação convergente para concretização dos objetivos do CHUC e do SNS. Promovemos uma filosofia de cuidados de enfermagem centrada no cidadão, ancorada nos Enunciados Descritivos dos Padrões de Qualida-
ÁUREA ANDRADE ENFERMEIRA DIRETORA DO CHUC
de dos Cuidados de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros e nos referenciais teóricos do Autocuidado de Dorothea Orem, das Transições de Meleis e da Parceria de Cuidados de Anne Casey (em pediatria), bem como no modelo de análise familiar de Calgary.
Trabalhou-se na criação de um clima organizacional favorecedor do desenvolvimento pessoal e profissional, com suporte na cultura organizacional estruturada por princípios e valores de participação, trabalho de equipa, competência, qualidade, produtividade e melhoria contínua, assumindo um inequívoco compromisso e alinhamento com a missão e objetivos estratégicos do CHUC.
Ancorados nestes pressupostos, enquadrámos estrategicamente a governação da enfermagem do CHUC, em torno de quatro domínios estruturantes que designámos como eixos estratégicos: Valorização das Pessoas, Procura da Excelência dos Cuidados de Enfermagem, Melhoria da Segurança dos Cuidados e dos Profissionais, Melhoria dos Processos de Suporte e Logística das Áreas Clínicas.
Consideramos que a área da Gestão de Pessoas tem um papel fundamental no desenvolvimento e sobrevivência de qualquer organização, pelo que nos propusemos reconhecê-las e valorizá-las, pois são elas que agregam valores e representam o capital intelectual.
A ação tem assim, sido orientada para a capacitação e valorização das pessoas, com vista à promoção e desenvolvimento das suas competências e desempenhos.
A melhoria contínua da qualidade em saúde exige a aplicação de modelos operativos e colaborativos de cuidados centrados na pessoa, utilizando os recursos disponíveis, de forma eficiente, prestados de forma equitativa, com vista a promover a satisfação dos cidadãos, a corresponder às suas circunstâncias e, na medida do possível, às suas expectativas.
Temos vindo a promover respostas em cuidados aos cidadãos cada vez mais centradas na evolução das suas necessidades e consentâneas com o envelhecimento da população, com a diminuição da taxa de natalidade e com
o aumento da doença crónica.
Esta realidade orientou-nos para a clarificação dos referenciais de cuidados do CHUC, com os objetivos de facilitar transições saudáveis nas pessoas cuidadas nos diferentes contextos clínicos, promovendo processos de reconstrução da autonomia, com aproximação às famílias e capacitação dos prestadores de cuidados, com o intuito de contribuir para alargar cada vez mais o acesso aos cuidados de saúde.
A promoção da investigação em enfermagem e a acreditação dos contextos de prática clínica estão também englobadas nas nossas iniciativas estratégicas.
Cientes do contributo decisivo dos cuidados de enfermagem para a melhoria da qualidade em saúde, os enfermeiros e as enfermeiras do CHUC estão comprometidos, no desenvolvimento da estratégia nacional para a qualidade em saúde, determinada pelo Despacho n.º 9390/2021, de 24 de setembro.
Entendemos o domínio da segurança dos cuidados como determinante para a qualidade em saúde, estando igualmente comprometidos com a melhoria da cultura e dos níveis de segurança dos cuidados prestados Prestar cuidados seguros e livres de danos evitáveis, significa que somos capazes de demonstrar o nosso sucesso medindo os cuidados de enfermagem, com resultados mensuráveis, e focados em melhorar a saúde e o bem-estar dos utentes e cuidadores, como parte do nosso compromisso de reduzir as desigualdades em saúde.
Pela evidência produzida, sentimo-nos confortáveis na afirmação de que a estratégia adotada na liderança da enfermagem do CHUC tem sido adequada e gerado os resultados pretendidos, espelhados nos indicadores dos objetivos gerais e de monitorização.
MENSAGEM DA ENFERMEIRA DIRETORA 4
Áurea Andrade
NOTA INTRODUTÓRIA NEC
Iniciado o ano de 2023, a NEC difunde a continuidade de atividades dos Enfermeiros CHUC, revisitando os projetos institucionais, serviços e contributo particular da Enfermagem nos ganhos em saúde, satisfação das pessoas cuidadas.
O início de ano é normalmente um momento de reflexão e redefinição de percursos e desafios para o novo ano, sendo já manifesta a continuidade dos colegas na representatividade interna e externa, com projetos vencedores de prémios, formação internacional, o que nos faz antever um ano profícuo no desenvolvimento e empowerment da Enfermagem CHUC.
Convidamos novamente, todos a partilharem o contributo individual e de equipas para a consecução da missão da Instituição.
Votos de boas leituras. A equipa NEC
TEXTO e FOTOS: NEC
CAPA:PrENsa LibrE sErviCios
NOTA INTRODUTÓRIA 5
ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA DE CONSULTADORIA E LIGAÇÃO
O grupo institucional Enfermagem Psiquiátrica de Consultadoria e Ligação surge da reflexão sobre a necessidade de implementar medidas adaptativas, após avaliação do projeto Follow-up telefónico de apoio a Enfermeiros e Assistentes Operacionais do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra infetados em contexto de trabalho com SARS-CoV-2.
A Enfermagem Psiquiátrica de Consultadoria e Ligação provém de uma necessidade identificada de uma maior proximidade do enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica como consultor, no seio das equipas multidisciplinares que prestam cuidados a utentes com alterações da sua saúde física e mental.
A necessidade de uma gestão integrada do processo saúde/doença e a imprescindibilidade do trabalho em equipa e da interdisciplinaridade, obriga-nos a repensar a organização
de cuidados, por forma, a responder às necessidades das pessoas, em particular os Enfermeiros, que são cada vez mais complexas e são o grande desafio do século 21 e da Enfermagem do CHUC.
A Enfermagem Psiquiátrica de Consultadoria e Ligação, sustentada na evidência científica e apoiada nas Teorias de Enfermagem, psicológicas, psicossociais e neurobiológicas, persegue os mais elevados padrões de qualidade no cuidar e na abordagem holística, suportada na relação de ajuda, tem em conta as necessidades e as capacidades dos indivíduos, famílias e comunidades.
A especificidade da prática clínica em Enfermagem de saúde mental engloba a excelência relacional, a mobilização de si mesmo como instrumento terapêutico e a mobilização de competências psicoterapêuticas, socioterapêuticas, psicossociais e psicoeducacionais
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durante o processo de cuidar da pessoa, da família, do grupo e da comunidade, ao longo do ciclo vital. Esta prática clínica permite estabelecer relações de confiança e parceria com a pessoa, assim como aumentar o insight sobre os problemas e a capacidade de encontrar novas vias de resolução.
É nestas situações, que se torna urgente analisar e refletir sobre a necessidade do Enfermeiro de Saúde Mental e Psiquiátrica na ligação em equipas pluriprofissionais, de se criar maior acessibilidade e sinergias para promover práticas de excelência nos cuidados prestados ao cidadão e comunidade.
Desde dezembro de 2022, altura em que foi criado o grupo e o primeiro trimestre deste ano de 2023, foram realizadas várias atividades no âmbito da promoção da Saúde Mental:
• Mapeamento de Enfermeiros com título de Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica atribuído pela OE;
• Criação de email institucional grupo Psiquiatria de Ligação – enfpsiqligacao@chuc. min-saude.pt ;
• Diagnóstico de situação nos diversos contextos clínicos, aos enfermeiros do CHUC, no que respeita ao Bem-estar, Burnout, Stresse, Ansiedade e Depressão, através de envio por email de um formulário com instrumentos de autopreenchimento: questionário sociodemográfico, Índice de Bem-Estar da OMS (WHO-5), QUESTIONÁRIO DE COPENHAGEN BURNOUT INVENTORY e a Escala de Ansiedade Depressão e Stress (EADS 21);
• Tratamento e análise dos dados do formulário, para posteriormente intervenção;
• Construção de fluxogramas de intervenção.
Em 2023 pretendemos manter os objetivos propostos no projeto, promovendo a saúde mental e prevenindo a doença mental dos profissionais e utentes do CHUC.
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TEXTO e IMAGEM: GruPo ENfErmaGEm PsiquiátriCa dE CoNsuLtadoria E LiGação
PASSAGEM DE TURNO
O trabalho desenvolvido pelo grupo institucional “Passagem de turno” com vista à implementação do Procedimento Geral 15.00 – “Normalização da passagem de turno de enfermagem”, circunscreve-se na definição de várias estratégias envolvendo um conjunto diferente de atividades que se explicitam seguidamente.
Manteve-se a monitorização inicial mensal da implementação do procedimento em serviços piloto. Dos resultados das auditorias referentes a três dos serviços que completaram o terceiro mês de implementação, realça-se a evolução positiva no que respeita à enunciação dos diagnósticos de enfermagem ativos, à explicitação da evolução diagnóstica, bem como à intervenção do enfermeiro gestor promovendo reflexão sobre os conteúdos valorizados na passagem de turno. Salientam-se também os resultados de manutenção na transmissão de informação no âmbito da família.
Em cinco serviços com projetos de melhoria no âmbito da tomada de decisão clínica em enfermagem com acompanhamento do Grupo de Assessoria aos Sistemas de Informação e Documentação em Enfermagem na sua implementação, a passagem de turno foi também uma área relevada. As equipas de enfermagem destes serviços tiveram formação inicial, com reflexão sobre a prática da passagem de turno e posterior orientação e acompanhamento
durante a passagem de turno.
Como estratégia institucional mais abrangente com o propósito de promover a implementação do Procedimento Geral na instituição, foi disponibilizada formação com duração de duas horas, em anfiteatro, aos enfermeiros de todos os polos do CHUC, tendo participado nas ações de formação mais de 900 enfermeiros.
O objetivo destas ações de formação é refletir sobre o Procedimento Geral e os pressupostos teóricos que fundamentam a transmissão da informação na passagem de turno, pretendendo-se uma formação centrada nas práticas e na análise dessas práticas. Da análise e reflexão sobre a passagem de turno procura-se a mudança para uma prática normalizada e coerente com a visão que a Direção de Enfermagem tem para o exercício da profissão. Compreende-se que este é um enorme desafio para os enfermeiros, a valorização da área autónoma com enquadramento concetual na passagem de turno.
Como próximos passos estão planeados mais cinco momentos formativos destinados aos enfermeiros dos vários polos, a decorrerem até final de março, às sextas-feiras.
No seguimento do trabalho do grupo institucional “Passagem de Turno” e dando
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resposta à proposta feita pela Enfermeira Áurea Andrade no sentido da realização de um diagnóstico de situação relativamente à implementação do Procedimento Geral no CHUC, e tendo em consideração a pertinência e abrangência do trabalho a desenvolver, está a ser desenhado estudo com o intuito de dar a melhor resposta ao pretendido.
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TEXTO e IMAGEM: GruPo PassaGEm dE turNo
GRUPO DE PREVENÇÃO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO
A Prevenção de Úlcera por pressão (UP) é um desafio organizacional que requer uma abordagem multiprofissional e adaptada ao risco específico de cada pessoa. É, pois, fundamental a existência de uma cultura organizacional que promova a partilha de conhecimento nos vários contextos da prática de cuidados que acompanham a pessoa ao longo do seu ciclo vital, quer esteja em contexto hospitalar quer esteja no domicílio. No sentido de promover a partilha de experiências em contextos específicos de cuidados de enfermagem na prevenção de UP, à pessoa ao longo do seu ciclo de vida, em contexto hospitalar e na comunidade e fomentar a valorização do conhecimento científico na avaliação de enfermagem e do juízo clínico, no âmbito da prevenção de UP, o Grupo de Prevenção de Úlcera por Pressão (GPrevUP), no mês de Novembro (mês alusivo à prevenção das UP), colaborou na sessão de Nursing Share com a temática “Prevenção de Úlcera por Pressão – Diferentes contextos o mesmo foco”.
O evento reuniu vários peritos em diferentes contextos da prática de cuidados, entre os quais a Exma. Sra. Professora Doutora Susana Gaspar - Escola Superior de Enfermagem de Beja, que apresentou o tema “Prevenção de Úlceras por pressão em início de vida - recursos e instrumentos de avaliação”, conduzindo deste modo a reflexão para a realidade da prevenção de UP,
uso de escalas e importância juízo clínico de enfermagem nesta fase tão sensível da vida humana. Seguiu-se a Sra. Enfermeira Isabel Arqueiro, que exerce funções no Centro Hospitalar de Leiria e apresentou o tema “O posicionamento e a prevenção de UPs no bloco operatório”, onde o papel dos profissionais de saúde na prevenção de úlcera por pressão (UP) assume igualmente um papel relevante. Reconhecendo a importância do cuidado diferenciado ao doente em estado crítico, contamos com a Sra. Enfermeira Sofia Oliveira, do Serviço de Medicina Intensiva CHUC, que introduziu o tema “Prevenção de UPs em doentes com Colar Cervical”. Tendo presente a especificidade do cuidado na comunidade, foi nossa convidada a Sra. Enfermeira Lourdes Hidalgo, que exerce funções USF Cruz de Celas e preletou acerca da temática “Prevenção de UPs na comunidade - a realidade e as estratégias”, em que foram aludidas áreas de intervenção, projetos desenvolvidos e abrangência dos cuidados, literando profissionais e cuidadores para a prevenção de UP. Como comentador do evento, esteve presente o digníssimo Professor Doutor Pedro Sardo, da Escola Superior de Saúde de Aveiro, que de uma forma agregadora conduziu a reflexão acerca da valorização da avaliação de enfermagem em cada contexto e do respetivo juízo clínico, diferenciador na tomada de decisão nos vários contextos.
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Reconhecendo a importância dos cuidadores informais enquanto parceiros dos cuidados e em colaboração com o Grupo Institucional da Literacia para a segurança dos Cuidados em Enfermagem, no dia comemorativo “Dia do Cuidador Informal”, o GPrevUP participou no evento “CUIDARTE – Juntos pelo bem-estar do cuidador”, dirigido aos cidadãos em geral, que teve lugar no Pavilhão Centro de Portugal (Coimbra) no dia 5 de Novembro de 2022. Procurando promover uma verdadeira cultura de literacia em saúde no âmbito da prevenção de UPs, o GPrevUP participou com uma banca expositiva com os panfletos institucionais sobre o tema dirigidos ao cuidado de pessoas em idade pediátrica e pessoa adulta. Tendo em conta a multidisciplinaridade na prevenção de UP, contámos ainda com a colaboração do Serviço de Nutrição e Dietética, com a presença da Sra. Dra. Juliana Batista, que para além de se fazer acompanhar por material didático em linguagem clara e acessível, esteve disponível para o esclarecimento de dúvidas
De modo, a complementar esta participação no evento, o GPrevUP editou um vídeo com informação dirigida aos cuidadores informais relativamente à Prevenção de UP. Posteriormente este vídeo foi publicado na página das redes sociais dos CHUC, EPE no dia da 18 de Novembro, de modo a sensibilizar os utentes e cuidadores para esta problemática. O grupo institucional contou também com a presença de empresas da indústria farmacêutica e produtos de apoio na área: “Derma Excel” e a Electromédica, que divulgaram os seus produtos e equipamentos, que seguramente enriqueceu todos quantos puderam ter contato connosco neste dia virado para a comunidade de cuidadores.
Para a continuação do desenvolvimento do projeto, no final do mês de Novembro, foram realizadas auditorias em serviços dos vários Departamentos do CHUC, EPE, com intuito de monitorizar e implementar práticas seguras.
TEXTO e IMAGENS: GRUPO dE PREVENÇÃO dE ÚLCERAS Por PRESSÃO
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NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM
A transição de um ano civil obriga a um balanço do ano que finda e uma projeção de atividades, estratégias e perspetivas para o que se inicia. O ano de 2022 foi muito profícuo para o NIE, que comemorou o 10.º aniversário. Realizaram-se cinco Encontros de Enfermagem: Partilhar Investigação, sendo que com estes se pretende a apresentação, partilha e reflexão centrada nos percursos e resultados de investigação, desenvolvidos por enfermeiros do CHUC, quer em contexto académico, quer em contexto clínico (e nestes últimos, desenvolvidos com assessoria do NIE) e iniciou-se um curso de formação conjuntamente com esta apresentação de trabalhos, subjacente à temática: ‘Interpretação de Artigos Científicos’. Concretizaram-se duas Tertúlias de Investigação à Roda(da), objetivando falar descontraidamente sobre investigação em enfermagem fora da formalidade das salas de aula e auditórios, como num convívio de amigos à volta de uma mesa. Organizámos
o III Simpósio de Investigação em Enfermagem: O Enfermeiro Investigador, com a duração de dois dias, tendo sido precedido de três workshops: Publicação de Artigos Científicos, Interpretação de Meta-Análises e Empreendedorismo para Enfermeiro. Lançámos uma chamada de resumos de artigos publicados e de artigos originais, em torno da temática: Ciência e Reflexões sobre o Cuidar em Pandemia, a ser publicado em formato de ‘Cadernos’, em colaboração com a UICISA:E, no primeiro semestre deste ano.
O NIE continua a produção de investigação própria, dando continuidade ao desenvolvimento dos seguintes trabalhos: Evitamento dos enfermeiros à capacitação do prestador de cuidados, A Promoção da Intervenção por Pares na Pessoa com Doença Crónica, Requisitos para Assunção do Papel do Prestador de Cuidados e Promoção da Continuidade e Cuidados após In-
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ternamento em Unidade de Psiquiatria. Estão ainda a ser desenvolvidos, coordenados por colaboradores do NIE, cinco Projetos de Implementação de Boas Práticas, segundo a metodologia Joanna Briggs Institute (JBI) em serviços distintos do CHUC, com término previsto para maio.
Tem sido notório o incremento da procura de assessoria para o desenvolvimento de trabalhos de investigação em contextos clínicos e não clínicos, sendo que nestes primeiros meses do presente ano iniciámos o desenvolvimento de dois novos projetos.
O SAFE-Infusion (ensaio clínico com dispositivos médicos, financiado pela H2020) continua em desenvolvimento e o NIE continua à procura de novas participações em consórcios de projetos de inovação, com financiamento competitivo, pretende também apoiar a produção de inventos (em colaboração com o projeto TecCare - Investigação Experimental e Aplicada em Tecnologia dos Cuidados da UICISA:E).
No que respeita a atividades abertas ao público geral, no dia 18 de janeiro de 2023, o NIE organizou mais um Encontro de Enfermagem: Partilhar Investigação. Contou com a apresentação do trabalho: Desenvolvimento de Competências de Liderança através da Prática Simulada em Urgência/ Emergência no Ensino da Enfermagem’, desenvolvido no âmbito da dissertação de Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, pela Enfermeira Especialista Cátia Teixeira, e, dando continuidade ao Curso: Interpretação de Artigos Científicos (2.ª sessão), o Professor Doutor João Sargento Freitas apresentou a comunicação: Como interpretar artigos quantitativos? Moderou a sessão o Enfermeiro Gestor em funções de Direção e Coordenador do NIE, António Marques. Foram proporcionados a todos os presentes momentos de aprendizagem e reflexão no que respeita a opções metodológicas, tipos de estudos quantitativos e análise crítica dos resultados de investigação.
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TEXTO e IMAGENS: NiE
O PERCURSO DO NERCHUC, O PRESENTE
E O FUTURO
A criação do Núcleo de Enfermeiros de Reabilitação do CHUC (NERCHUC), emergiu da necessidade de promover espaços de reflexão entre pares, que permitissem a partilha de conhecimentos e projetos. O núcleo foi criado em 2012, na Ordem dos Enfermeiros (OE).
É constituído por todos os enfermeiros com título profissional de Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação, atribuído pela OE, em exercício profissional no CHUC. Permite fomentar a complementaridade e a articulação entre os vários profissionais de saúde, estimular o desenvolvimento pessoal e profissional dos Enfermeiros de Reabilitação (ER) pela partilha de conhecimentos e experiências. É um impulsionador de boas práticas clínicas.
Desde 2012 organizou várias sessões de partilha, entre 2020 e 2022 via zoom e em direto no Facebook (página criada em 2020 com 1107 seguidores). Em 2019, organizou a I Mostra de Cuidados de Enfermagem de Reabilitação do
CHUC: Diversificar para unir, evidenciando o papel do ER.
Pretende incrementar o desenvolvimento profissional, demonstrando a efetividade dos cuidados especializados nesta área e a obtenção de ganhos inequívocos em saúde, através do apoio na implementação de projetos de melhoria nos serviços. Vai continuar a ser uma ferramenta importante no benchmarking, através da organização da II Mostra de Cuidados de Enfermagem de Reabilitação do CHUC.
É sua pretensão continuar a assumir-se como interlocutor entre todos os ER e a Direção de Enfermagem, apoiar, divulgar e investir no conhecimento e na investigação produzida pelos ER do CHUC, pois a evidência demonstra os ganhos em saúde.
“Algumas pessoas gostariam que algo acontecesse, algumas pessoas desejam que aconteça, e outros fazem acontecer.” (Michael Jordan)
TEXTO e FOTO: aNa Pita
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VISITA AO CENTRO DE REUMATOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE UTRECHT
Em novembro de 2022 efetivei uma visita ao Centro de Reumatologia do Hospital Universitário de Utrecht, nos Países Baixos e fui recebida pela maravilhosa equipa da Enfermeira Susanne Bakkervan. A colaboração, o conhecimento, a inovação e o cuidado centrado na pessoa são alguns dos pontos que destaco desta visita. De notar a colaboração multi-profissional que operacionaliza-se em reuniões para debater protocolos, casos clínicos e a gestão de cuidados, e enfatizo o conhecimento profundo dos enfermeiros durante as consultas, que se realizam de forma autónoma e intercalados com a consulta médica, para utentes com doença estabilizada. A visita foi possível através de uma bolsa da Aliança Europeia de Associações de Reumatologia, EULAR. Este apoio destina-se a profissionais de saúde, não médicos, que trabalhem na área de reumatologia e tem como objetivo contribuir para os cuidados de saúde centrados na pessoa e desenvolver investigação, promovendo a colaboração entre Centros Europeus. A visita excedeu as minhas expectativas. Tive
a oportunidade de observar cuidados de enfermagem à pessoa com doença reumáticas e músculo-esqueléticas e compreender como funcionam os sistemas de saúde nos Países Baixos. Conheci vários profissionais e tive o privilégio de observar a sua dedicação, empenho e profissionalismo num trabalho coordenado em equipa, onde a pessoa se encontra no centro dos cuidados.
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TEXTO E FOTO: GEorGiNa PimENtEL
PROJETO “RE(H)ABILY4LIFE” VENCE
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DA SRCENTRO
Na edição 2023, do Orçamento Participativo da SRCentro, da Ordem dos Enfermeiros, o vencedor foi o projeto de Enfermagem de Reabilitação, do serviço de cirurgia cardiotorácica (CCTTOT), Re(h)ability4life. Este projeto de melhoria contínua da qualidade, é integrado pelos enfºs Maria Loureiro (que coordena), João Duarte, Ana Bela Santos, Ana Ferreira, Aurora Sequeira, Marta André, Tânia Azevedo, cuja enfermeira Gestora é a Enf.ª Emília Sola.
A criação deste projeto surge no sentido de melhorar e incrementar a resposta de cuidados de enfermagem de reabilitação às mais de 1500 pessoas submetidos a cirurgia cardíacatorácica anualmente. Estas cirurgias originam ou agravam o compromisso cardiorespiratório, deterioram a funcionalidade e a mobilidade com diminuição da força muscular, redução da atividade física diária e perda da capacidade de equilíbrio, podendo ser identificado no pré-operatório e/ou no pós-operatório.
Decorrente desta evidência e das competências especificas dos Enfs especialistas em enfermagem de reabilitação torna-se emergente a sua intervenção. Os objetivos deste projeto são:
- Aumentar a taxa de efetividade diagnóstica da Intolerância à atividade ;
- Implementar o programa de Enfermagem de Reabilitação dirigido à pessoa com Intolerância à atividade;
- Aumentar a Taxa de resolução diagnóstica da Intolerância à atividade.
A operacionalização do projeto passa por:
• Formação a todos os elementos da equipa de enfermagem de reabilitação
• Definição de algoritmo de identificação/avaliação do diagnóstico “Intolerância à atividade”
• Definição dos componentes do programa de reabilitação cardiorrespiratório no contexto de cirurgia cardiotorácica;
• Definição do algoritmo de programa de enfermagem de reabilitação com base no
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FITT (Frequência, Intensidade, Tempo, Tipo) a individualizar a cada pessoa
• Referenciação para continuidade de cuidados da pessoa sem resolução do diagnóstico IA.
Para otimização dos resultados e incremento da resposta assistencial, sobretudo no que se refere a recursos materiais de apoio, a equipa considerou um desafio importante a candidatura ao Orçamento Participativo do qual veio
a sagrar-se vencedora com 43,7% dos votos regionais.
A equipa acredita que este reconhecimento e apoio demonstrado será também um mote para o desenvolvimento de um programa de Enfermagem de Reabilitação que dê maior visibilidade e se traduza em ganhos em saúde para os cidadãos cuidados.
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TEXTO e IMAGENS: maria LourEiro
SURE - SKILLS FOR UNIMPUTABLE SOCIAL REHAB
O SURE é um projeto do CRI de Psiquiatria do CHUC enquadrado no Programa Erasmus+, no âmbito da Educação de Adultos não formal, promovendo para pessoas inimputáveis o desenvolvimento de competências pessoais, sociais, de integração cívica e cidadã tendo por base a (re)inserção, os meios digitais e a preocupação pelo ambiente. Com início em dezembro de 2022, o SURE tem a duração de 16 meses no qual o CHUC assume o papel de líder numa parceria com a instituição Parc Sanitari San Joan de Deu (PSSJD)-Espanha, pretendendo deste modo transformar as soft Skills de cada instituição em hard Skills
A identidade visual é composta por um logotipo que nasce da convergência dos significados da capacitação e criação de habilidades e pela preocupação ambiental, sendo os target groups: pessoas adultas; em regime hospitalar psiquiátrico; em regime penitenciário ou não (mas com a classificação de doentes inimputáveis); pessoas sujeitas a treino de competências pessoais, sociais, de integração cívica
e de desenvolvimento de consciência moral e ética, o SURE pretende iniciar um processo de colaboração internacional.
Este projeto, multidisciplinar é uma parceria entre a saúde e a educação mobiliza equipes multidisciplinares com forte presença de enfermeiros num investimento significativo na reabilitação de pessoas portadoras de doença mental que são portadoras de duplo estigma que urge combater.
De salientar o apoio do CA e nomeadamente da Sra. Enfermeira Diretora Áurea a estas iniciativas da Direção do CRIP que muito agradecemos.
Coordenação Geral: Direção do CRI de Psiquiatria CHUC (Horácio Firmino, Ana Dias e Fernando Gomes)
Coordenação Técnica: Pedro Renca
TEXTO e IMAGEM: ProjECto surE
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DIA INTERNACIONAL DO RISOATIVIDADES DE TEAMBUILDING EM OBSTÉTRICIA
No passado dia 18 de janeiro, assinalou-se o Dia Internacional do Riso, dia que vem chamar a atenção para a importância de sorrir/ rir. Não é à toa povo veicula que “Rir é o melhor remédio”, uma vez que mais que uma expressão facial, é uma demonstração de bem-estar físico e psicológico, que tende a aproximar as pessoas. Sorrir é uma forma de comunicação social com repercussões muito positivas, estimulando a libertação de endorfinas que reduzem o stress, a tensão arterial e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Nos contextos laborais é fundamental garantir o potencial humano, promovendo níveis de satisfação elevados entre os colaboradores para alcançar os objetivos organi-
zacionais. Nesse sentido, a equipa de Bloco Operatório e Bloco de Partos, Obstetrícia A, dinamizou atividades de teambuilding alusivas ao dia com intuito de tornar o ambiente de trabalho mais leve, promovendo momentos de descontração, boa disposição na equipa que, como sabemos, tendem a fortalecer os laços, unir as equipas e melhorar níveis de satisfação entre os colaboradores. A avaliação dos colaboradores foi muito positiva, tendo sido comentado que este tipo de atividades é “importante para fomentar o espírito de equipa”. Sugerindo-se, entre outras, que se dê continuidade a este tipo de dinâmica.
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TEXTO e FOTO: CristiaNa aLmEida E bárbara sousa
UNIDADE DE TRANSPLANTE HEMATOPOIÉTICO
A Unidade de Transplante Hematopoiético (UTH) localizada no 7º piso do pólo HUC do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi criada em 1996 com o objetivo de responder às necessidades de transplante autólogo de progenitores hematopoiéticos (TAPH) na zona centro do país.
O primeiro TAPH foi realizado no dia 21 de junho de 1996. Desde esta data, a UTH assegura o TAPH aos doentes da região centro do país dos 18 aos 70 anos de idade, com critérios de elegibilidade para este procedimento. A UTH tem como missão específica a administração de quimioterapia em alta dose seguida do TAPH em tempo ótimo, em condições adequadas para os doentes, minimizando os efeitos secundários e fornecendo o apoio clínico, psicológico, nutricional e social que lhes permita realizar este procedimento com a maior qualidade de vida possível.
Nos últimos anos assistimos a um incremento notório do número de TAPH anual, que era inferior a 30 em 2012. Em 2018, foram realizados 66 TAPH, com uma média de 60 TAPH por ano entre 2017 e 2022, dos quais cerca de 22% correspondem a doentes referenciados por serviços externos ao CHUC.
A UTH dispõe de cinco quartos, dois dos quais com pressão positiva e filtros High Efficiency Particulate Air (HEPA), onde são realizados os regimes de condicionamento com quimioterapia de alta dose e o TAPH. Incluídos na estrutura física da enfermaria B do Serviço de Hematologia Clínica, estão alocados à UTH mais 3 quartos individuais, em regime de isolamento protetor para onde são transferidos os doentes em fase de recuperação após transplante e onde são internados doentes para mobilização e colheita de células progenitoras hematopoiéticos para posterior transplante.
Desde 2014 está implementado o Serviço o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), desenvolvido em conformidade com a Lei n.º 12/2009, de 26 de Março, alterada pela Lei nº1/2015, de 8 de Janeiro e atualizada pela Lei nº 99/2017 de 25 de agosto e que apresenta como âmbito: a seleção de doentes para transplante autólogo de células progenitoras hematopoiéticas (CPH), a preparação de doentes para a colheita de CPH, a aplicação de CPH periféricas (após quimioterapia de alta dose) e toda a gestão das complicações associadas. Trata-se de um sistema centrado na qualidade e segurança da prestação de cuidados de saúde, orientado para a melhoria contínua da qualidade e para a satisfação das necessidades e expectativas dos doentes e profissionais.
A prática na UTH encontra-se sistematizada através de procedimentos elaborados pelos profissionais no contexto da prática clínica, sendo divulgados e estando acessíveis a todos os elementos da equipa multidisciplinar para consulta numa pasta partilhada.
O envolvimento e o profissionalismo da equipa capacitam-nos para aperfeiçoar ainda mais as práticas, por isso é imperativo perceber como estamos, perspetivando onde queremos chegar.
O MEU SERVIÇO
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Durante o processo de transição saúde/ doença, vivenciado ao longo do seu percurso no Serviço, a pessoa doente é acompanhada pela equipa de enfermagem de uma forma competente, tendo sempre presente a melhor evidência, focada na individualidade de cada pessoa, na satisfação das suas necessidades, no seu bem-estar e na recuperação da sua autonomia.
De acordo com a nossa visão interna e as partilhas das pessoas que cuidamos, verificámos a necessidade de iniciar um acompanhamento/preparação por parte da equipa de enfermagem do doente candidato a TAPH. Neste sentido, surgiu em 2021 o pedido de autorização para a implementação da consulta de enfermagem.
A consulta de enfermagem constitui uma importante estratégia, respaldada por lei, que oferece inúmeras vantagens na assistência à saúde, ao diagnóstico e ao tratamento. Existe, portanto, uma constante preocupação da equipa interdisciplinar do Serviço na procura da melhoria da assistência e do processo de cuidar.
Nesta linha de pensamento, a consulta de enfermagem surgiu como uma estratégia eficaz para deteção precoce de desvios de saúde e para acompanhar e dar seguimento às medidas instituídas ao bem-estar das pessoas envolvidas. Diferencia-se das várias formas de cuidar, possibilitando a aproximação e estabelecendo uma relação interpessoal de ajuda concreta diante de diferentes variáveis.
Por outro lado, permite a intervenção do enfermeiro no processo de transição do doente, desde a preparação no período pré-transplante até às estratégias adaptativas para lidar com as possíveis complicações no pós-transplante. A informação transmitida é fornecida de acordo com as necessidades e interesse da pessoa, para esclarecimento de dúvidas sobre o desenrolar do processo de TAPH, de modo a minimizar problemas potenciais e facilitar um ambiente favorável.
As consultas incluem iniciativas que visam a promoção da autonomia e da saúde (higiene pessoal e oral, higienização das mãos, alteração de comportamentos com vista à redução do risco de infeções, cuidados na confeção/armazenamento e manipulação dos alimentos, promoção do exercício físico ou de exercício de reabilitação), permitindo capacitar o
doente de conhecimentos e habilidades, otimizando o seu potencial para a gestão e adesão ao regime terapêutico e para a adaptação aos problemas de saúde. É fundamental instruir o doente/família para a prevenção de complicações associadas ao tratamento da doença.
Como consequência do estado pandémico que vivemos, o contacto mais próximo que a consulta pressupõe não tem sido possível, tendo-se iniciado a realização de telemetria para esclarecimento de dúvidas dos doentes ou para facilitar sua tomada de decisão no processo saúde/doença.
Os profissionais do Serviço colocam o doente no centro da atenção, ouvindo-o, capacitando-o e envolvendo-o nas tomadas de decisão, co-responsabilizando-o pelo seu projeto de saúde, valorizando a sua opinião para a qualidade e segurança dos cuidados de saúde.
Neste sentido, para facilitar a literacia do doente/ família, e complementar a informação transmitida oralmente, foram elaborados folhetos informativos, com linguagem assertiva, clara e positiva, de modo a facilitar a compreensão pelo próprio e pelos seus familiares. De realçar que os folhetos elaborados foram validados pelos próprios doentes/ família, tendo havido necessidade de ajustes após sugestões.
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e posterior implementação de ações corretivas. Os resultados daqui decorrentes, bem como o elevado número de elogios deixados ao Serviço, evidenciam o distinto nível de satisfação dos doentes. O MEU SERVIÇO
A preocupação da equipa para com a qualidade dos cuidados de saúde prestados é constante, sendo a avaliação da satisfação dos doentes, no momento da alta, e de forma sistemática, uma das estratégias utilizadas para identificação de áreas de melhoria, 23
No Serviço, as estratégias de gestão são individualizadas e focadas no projeto de vida de cada doente e nas suas necessidades concretas, adaptando a estrutura às pessoas a quem se destina. Assim, a coesão da equipa, com profissionais dedicados, motivados e com forte espírito de entreajuda, é garante da prestação de cuidados de saúde de grande qualidade, assentes numa filosofia de melhoria e otimização contínuas.
De forma a cumprir essa missão, em 2017, o Serviço candidatou-se ao Programa de Integração dos Cuidados (PIIC), com o projeto PTARD (Programa de Transplante Autólogo no Domicílio), de acordo com o pretendido com o despacho n.º 9323-A/2018 do DR n.º 191/2018, 1º Suplemento, Série II de 2018-10-03, que determina a estratégia de implementação de unidades de hospitalização domiciliária no SNS, no âmbito do movimento de construção de um “SNS + Proximidade”.
O movimento “SNS + Proximidade”, centrado nas pessoas e qualificado para uma maior capacidade de resolução das situações de doença ao longo da vida, tem completa aplicabilidade aos doentes hemato-oncológicos. O “cuidar em casa” deve ser estimulado, numa perspetiva multidisciplinar e de continuidade, incluindo não apenas os cuidados de saúde, mas também o apoio aos cuidados pessoais e a articulação com as respostas da comunidade.
Neste contexto, e com base na experiência presenciada e vivenciada pela equipa no Hospital Clínic de Barcelona, foi decidido desenvolver e concretizar o projeto PTARD, um projeto inovador no CHUC, que visa, em doentes com critérios bem estabelecidos, logo após o TAPH, o regresso do doente ao seu ambiente familiar em regime
de hospitalização domiciliária.
Para tal, e no âmbito da Hospitalização Domiciliária, encontra-se presentemente em curso a implementação do projeto PTARD aplicado a doentes em programa de TAPH.
Com a implementação do projeto PTARD, pretendemos reduzir a taxa de infeções nosocomiais e melhorar a qualidade de vida dos doentes, de forma a fortalecer respostas positivas, consentâneas e efetivas, centradas nas necessidades da pessoa, quer ao nível da melhoria contínua das práticas da qualidade e da segurança dos cuidados, quer na otimização dos resultados em saúde.
No entanto, são muitas as exigências e responsabilidades colocadas a toda a equipa de enfermagem, já que lhes é solicitado que se assumam como decisores, em articulação, complementaridade e interdisciplinaridade, com a restante equipa do projeto PTARD.
A equipa trabalha para e com a pessoa/família no seu projeto de saúde. Em doentes submetidos a TAPH, a demonstração de ganhos em saúde é a prova da importância da Enfermagem numa etapa de transição que envolve várias fases do estado do doente, o que requer dos enfermeiros competências na arte do cuidar, que este Serviço tem efetivamente capacidade de facultar.
Assim, para a implementação do projeto PTARD foi necessário rever procedimentos, realizar grelhas de avaliação (doente/cuidador/condições da habitação), assim como questionários de satisfação direcionados ao doente e ao cuidador.
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O trabalho realizado neste projeto já foi divulgado em vários eventos científicos, nomeadamente:
• Poster no âmbito do evento realizado no CHUC, “Literacia em Saúde – um desafio emergente: A Centralidade no Cidadão”, 8 de setembro de 2021
• 14ª Reunião Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa em 2021 - comunicação livre – 2º lugar
• Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia 2022 - dois pósteres.
Os profissionais do meu Serviço investem numa cultura de qualidade e segurança, de responsabilização individual e coletiva, com implementação de sistemas de monitorização e avaliação que permitem fundamentar as tomadas de decisão dos enfermeiros, identificando os erros e a consequente implementação de ações de melhoria contínua. Nesse sentido, o Serviço realiza auditorias internas nas diferentes áreas do cuidar. Contudo, o mais desafiador são as auditorias externas às quais o Serviço já foi várias vezes submetido, quer por parte da Direção Geral da Saúde (DGS), quer do Instituto Português do Sangue e de Transplantação (IPST), com relatórios muito favoráveis. Este olhar por alguém externo é encarado como um processo de crescimento da equipa por ser um processo reflexivo, modificador e promotor da mudança de forma consolidada.
Mas, a equipa gosta de desafios e estamos candidatos a Certificação da Idoneidade Formativa da Ordem dos Enfermeiros, com vista a melhoria contínua e aperfeiçoamento de competências.
Para a equipa, os Cuidado de Enfermagem vão além da execução de técnicas, envolvem presença, confiança e atitude do enfermeiro com o doente alvo dos cuidados. O Cuidar é ter como meta a recuperação, prevenção, manutenção e promoção da saúde do indivíduo em toda a sua integralidade e singularidade.
Mas, como o caminho se faz caminhando, a equipa tem uma perspetiva de esforço e de empenho constantes, de modo a continuar a prestigiar o Serviço de Hematologia Clínica e a Instituição, bem como a fidelizar doentes satisfeitos.
Este é o nosso Serviço: Hematologia Clínica – Enfermaria B e Unidade de Transplante Hematopoiético.
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TEXTO e IMAGENS: HEmatoLoGia CLíNiCa –ENfErmaria b E uNidadE dE traNsPLaNtE HEmatoPoiétiCo
DIFUNDIR A ENFERMAGEM
ComuniCações/Posters
Fernando Sousa foi palestrante convidado no 3º congresso internacional, 5.º congresso nacional da ACEPS CIDADANIA EM SAÚDE: BARÓMETRO SOCIAL E HUMANO ENFERMAGEM: CUIDAR A DIGNIDADE COM ESPERANÇA, com comunicação na mesa Transversalidade no cuidar a nível: Individual; social; coletivo e ambiental
Filipa Homem foi palestrante convidada na 1.ª Reunião Científica do Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da SPC, com a comunicação Manual de apoio à consulta de enfermagem à pessoa com patologia cardiovascular;
Maria Loureiro e Ricardo Simões foram palestrantes convidados na 1.ª Reunião Científica do Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da SPC, com a comunicação Dispositivos de Assistência Ventricular Externa;
Rita Santos, Diogo Gonçalves, Ana Vareda, Teresa Julião; Nuno Afonso apresentaram a comunicação Programa de intervenção multidisciplinar em acessos vasculares numa unidade de hemodiálise ambulatória hospitalar, no Encontro renal.
Teresa Margarida Girão Peralta apresentou o póster, em coautoria, O relaxamento no autocontrolo da ansiedade da pessoa com dependência de uso de álcool, nas I Jornadas Pedagógicas de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria;
Vanessa Anjos, Lucinda Santos e Jorge Letra apresentaram o póster, Projeto de Melhoria Contínua: Preparação do Regresso a Casa da Pessoa Submetida a Ostomia Respiratória e seu Cuidador, no Congresso Nacional de Estomaterapia a 24 e 25 de fevereiro de 2023;
Vanessa Anjos e Jorge Letra apresentaram a comunicação Intervenção por pares na pessoa ostomizada respiratório, no Congresso Nacional de Estomaterapia no dia 24 de fevereiro de 2023.
Vasco Correia foi palestrante convidado nas Jornadas Pedagógicas de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica do Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental do Instituto Politécnico de Leiria, com a comunicação Experiências e Relatos dos enfermeiros especialistas em Saúde Mental e Psiquiátrica no acompanhamento da criança e jovem com doença mental;
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DIFUNDIR A ENFERMAGEM
Maria Loureiro foi coautora do artigo científico: Oliveira Costa, D., Sofia Oliveira Gonçalves, I., & Loureiro, M. (2022). Prevenção de lesões por pressão na face associadas à ventilação não invasiva: . RevSALUS - Revista Científica Internacional Da Rede Académica Das
Jorge Façanha, Rosa Simões e Maria Pedro Erse, foram coautores do artigo científico: Santos, J. C., Quaresma, H., Brás, M., Carmo, C., Façanha, J., Nabais, A., Simeão, L., Calças, C., Matos, E., Coruche, I., Simões, R., Erse, M., Loureiro, C., & Marques, L. (2022). “Performing emotions and suffering. Recovery of depressive symptoms involving adolescent intervention in art and dance schools. European Journal of Mental Health, 17(3), 65–77. https://doi.org/10.5708/EJMH.17.2022.3.5
Teresa Margarida Girão Peralta recebeu o 1ºprémio para melhor Póster nas I Jornadas Pedagógicas de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica - Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria com o póster, em coautoria O relaxamento no autocontrolo da ansiedade da pessoa com dependência de uso de álcool;
integração em assoCiações/gruPos
Maria Pedro Erse foi revisora perita do Guia Orientador de Boas Práticas de Cuidados de Enfermagem Especializados em Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental da Ordem dos Enfermeiros;
Maurício Alves foi eleito membro efetivo do Conselho Pedagógico da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, durante o ano de 2022-2023;
Ana Dias, Carla Santos, Dulce Antunes, Fernando Sousa, Maria de Fátima Sousa, Maria Luz Patrício, Margarida de Matos, Miriam Simões, Célia Mota (Presidente), foram eleitos para os órgãos sociais da Associação Católica dos Enfermeiros e Profissionais da Saúde (ACEPS), mandato 2022-2026
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DIFUNDIR ENFERMAGEM
REINÍCIO DO PROGRAMA DE PREPA-
RAÇÃO PARA O PARTO E PARENTALIDADE DO CHUC: PAIS E BEBÉS
Recomeçou em janeiro de 2023, em regime híbrido (presencial e online), o Programa de Preparação para o Parto e Parentalidade (PPPP) dos serviços de Obstetrícia A e Obstetrícia B do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia (DGORN), do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Este Programa enquadra-se no Plano de Desenvolvimento Estratégico da Enfermagem do CHUC, na medida em que procura a excelência dos cuidados de Enfermagem (Eixo Estratégico 2). Neste sentido, pretende-se a uniformização e disseminação de práticas promotoras da qualidade dos cuidados de enfermagem, através da conceção, planeamento, implementação e avaliação de projetos de melhoria da qualidade dos cuidados, garantindo cuidados de enfermagem de excelência, ancorados nos referenciais teóricos adotados.
Enquadra-se também no Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, da Direção Geral de Saúde (2015), procurando desenvolver a confiança e promover competências na grávida/pessoas significativas para a vivência da gravidez, parto e transição para a
parentalidade, incentivando o desenvolvimento de capacidades interativas e precoces da relação mãe/pai/filho/a.
Assume-se o desafio, ambicioso, de conceber um programa conduzido por Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica de ambos os serviços, com o intuito de promover a saúde e transições saudáveis para a parentalidade.
Pretende-se uma resposta profissional às necessidades da mulher/pessoa(s) significativa(s), no âmbito da adaptação à gravidez e à parentalidade (competências parentais) e preparação para o parto, com elaboração do plano de parto, à luz da missão dos cuidados especializados em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, 2022).
O primeiro grupo é constituído por 10 grávidas e pessoa significativa, acompanhadas em Consultas de Vigilância da Gravidez de ambos os serviços de Obstetrícia. Presencialmente estarão cinco casais e outros cinco, via internet, trocando semanalmente. Sabemos que de todos
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os momentos vivenciados ao longo da gravidez, o trabalho de parto e o parto são revestidos de ansiedade e por vezes, medo.
Considerando que a ansiedade/medo é diretamente relacionado com dor, sendo prejudicial para o desenvolvimento e evolução desse momento, que deve ser único e positivo, a equipa pretende dotar a grávida/pessoa significativa de conhecimentos e capacidades que lhe(s) permita(m) a vivência e experiência de um parto gratificante e responsável, tendo por princípio fundamental a prática baseada na evidência.
Para além da ênfase colocada nesta fase da gravidez, procuramos transmitir informações estruturantes, tais como:
* a ligação mãe-família-bebé e importância da comunicação precoce;
* adaptações decorrentes do 3º trimestre da gravidez;
* trabalho de parto (TP): dinâmica pélvica, lidar com a dor do TP;
* paternidade envolvida e cuidadora;
* licenças parentais;
* competências do/a recém-nascido/a;
* cuidados ao/à recém-nascido/a;
* aleitamento materno;
* adaptações no puerpério.
A noção de que a organização dos temas deveria considerar as necessidades específicas de cada família, fez-nos consagrar algum tempo em cada sessão prática para que possam trazer temas/ dúvidas para o grupo.
EVENTOS ANTERIORES 31
TEXTO e FOTOS: arméNia Pratas, bárbara sousa, CELEstE viEira, Eduarda Couto, Guida saNtos, josé PortuGaL, maNuELa tEixEira
“RECADINHOS DE AMIZADE, COM TODA A SINCERIDADE”
A comunicação interpessoal nas organizações é fulcral para o seu funcionamento harmonioso e amistoso.
A excelência na comunicação interpessoal é fundamental para o sucesso profissional, equipas e organizações, uma vez que ela evita que conflitos gerados por falhas e má interpretação se tornem constantes e recorrentes. Comunica-se através de expressões faciais, palavras, olhares ou sorrisos. A própria forma como se pronunciam as palavras desempenha uma função importante na tomada de decisão, relacionamentos e bem-estar físico e psicológico da equipa.
Uma pesquisa realizada pelo psicólogo americano e professor emérito da Universidade da Califórnia (UCLA), Albert Mehrabian, constatou que as formas de comunicação não-verbais, realizadas por meio de gestos, postura corporal e contato visual, são 55% mais impactantes no ambiente de trabalho, por ser uma forma universal de relacionamento entre as pessoas.
Ainda segundo o pesquisador, 38% do impacto da comunicação reside no tom de voz das pessoas e apenas 7% nas palavras propriamente ditas. Ao considerar esses dados e inseridas num contexto multiprofissional, onde as relações estabelecidas e a comunicação são um alicerce poderoso para garantir cuidados de excelência às grávidas/famílias que nos procuram e o desempenho do nosso papel com satisfação, concebemos, planeámos, implementámos e avaliámos uma atividade, integrada no dia dos afetos (14 de fevereiro). Esta atividade pretendeu reforçar o espírito de equipa, melhorar a comunicação e promover um ambiente de trabalho mais agradável, com otimismo, dinamismo e flexibilidade assim como, à luz do que se entende por teambuilding, melhorar o desempenho das nossas equipas, corroborando o desejo de sucesso organizacional.
Neste sentido, no dia dos afetos distribuímos mensagens sobre amizade, afetos e o papel de cada um/a no mundo, embrulhadas com um rebuçado, denominadas “Recadinhos de amizade, com toda a sinceridade”.
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Todas as pessoas (utentes/familiares e profissionais) que estiveram presentes nas unidades de Bloco Operatório e Bloco de Partos puderam retirar um presente e foram convidados a partilhar a mensagem que receberam. As reações foram muito boas, bem como a partilha a subsequente.
Conseguimos distribuir sorrisos e criar uma corrente de boa disposição em todos nós.
Especificamente para as famílias por nós acompanhadas nesse dia, entregámos uma flor de papel com mensagem sobre a importância dos afetos, sendo recebida com agrado por todas.
A concretização desta atividade e o respetivo feedback positivo consubstancia-se nas palavras de Madre Teresa de Calcutá, “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano seria menor”.
EVENTOS ANTERIORES 33
TEXTO e FOTOS: arméNia Pratas, bárbara sousa, CristiaNa aLmEida, maNuELa tEixEira
PROGRAMA MAIS CONTIGO
O Programa Mais Contigo constitui-se como um projeto de investigação, no âmbito da promoção da saúde mental e da prevenção de comportamentos da suicidários em contexto escolar, baseado numa intervenção multinível em rede.
Tem como entidades proponentes a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro numa Parceria Institucional com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE e a Direção Geral de Saúde através do Plano Nacional de Saúde Mental e da Coordenação Nacional para as Políticas de Saúde Mental.
Nos dias 27 e 28 de Setembro de 2022 decorreu no Polo B da ESEnfC o XI Encontro Mais Contigo. O dia 27 contemplou um dia de formação com a dinamização de 2 workshops: “Sexualidade e Diversidade: conceitos específicos e princípios de boas práticas de intervenção” e “Comportamentos suicidários: conceitos e princípios de intervenção” e a apresentação da peça de teatro “Todas as Coisas Extraordinárias” de Duncan MacMillan, pela produtora Mente de Cão.
O dia 28 iniciou-se com a Conferência Mais Contigo em tempos de pandemia - Resultados 2021/2022. O Programa Mais Contigo foi desenvolvido a nível nacional nas ARS Centro, Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve (em 18 ACES e 2 ULS) e na Madeira (3 Centros de Saúde e Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus), e implementado pelas Equipas de Saúde Escolar em 69 Agrupamentos de Escolas e Escolas não agrupadas, concretamente em 88 Escolas/colégios, com o envolvimento de 5806 alunos, com uma média de idades de 15,5 anos e maioritariamente a frequentar o 8º de escolaridade (53,6%).
Em termos dos resultados obtidos da intervenção realizada em 5 momentos distintos ao longo ano letivo, e numa análise global, observam-se melhorias com diferenças significativas no grupo experimental comparativamente ao grupo de controlo, e entre a Fase 1 (antes da intervenção) e Fase 2 (após intervenção) nas variáveis estudadas: autoconceito, bem-estar e sintomatologia depressiva; na variável capacidade de resolução de problemas constataram-se melhorias, mas sem diferenças estatisticamente significativas. As raparigas manifestam piores indicadores de saúde mental, evidenciando maior vulnerabilidade para o sofrimento psicológico, doença mental e adoção de comportamentos suicidários. Em relação à sintomatologia depressiva, constatou-se que 28,5% dos adolescentes em programa apresentavam sintomatologia depressiva moderada ou grave (17,6% no ano letivo 2018-2019). Este resultado vai ao encontro da evidência científica, que realça o impacto negativo da pandemia na saúde mental dos adolescentes, reforçando a importância da intervenção e da prevenção. Outro indicador importante são as referenciações de alunos para os cuidados de saúde primários e cuidados hospitalares, num total de 76.
Somam-se aos resultados obtidos da intervenção com os alunos, o número crescente de agentes educativos (pessoal docente e não docente), pais e encarregados de educação, e elementos da comunidade sensibilizados para esta problemática e, por essa via, com maior literacia em saúde mental o que favorece o reconhecimento do risco de suicídio e o aumento das competências para ajudar e encaminhar para os serviços de saúde.
Na sessão de abertura do Encontro Mais Contigo intervieram a Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Áu-
EVENTOS ANTERIORES 34
rea Andrade, a Presidente da ARS Centro, Rosa Reis Marques, a representante da Coordenação Nacional das Politicas de Saúde Mental, Ana Matos Pires, a representante da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, Ana Paula Monteiro, o presidente da ESEnfC, Fernando Amaral, e o coordenador do Programa Mais Contigo, José Carlos Santos. Foi também apresentado o padrinho do Mais Contigo, o músico Carlão, com uma participação em diferido.
Realizaram-se quatro painéis ao longo do dia: “Identidade de género e comportamentos suicidários”, “Saúde mental na comunidade, “Testemunhos das Equipas Locais Mais Contigo” e “Testemunhos de Alunos e Pais Mais Contigo”.
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TEXTO e FOTO: maria PEdro ErsE, rosa simõEs E jorGE façaNHa
CANTAR AS JANEIRAS
Diz a tradição popular que ao longo dos tempos se foram unindo dois costumes: um pagão, em que se comemorava a entrada no novo ano depois do solstício de inverno e se “fechava a porta ao ano que terminava”, e um outro, cristão, que corresponderia à altura em que os reis magos teriam chegado a Belém para celebrar o nascimento de Jesus e oferecer-lhe as prendas de nascimento. Assim, manda a tradição que se cantem as janeiras, ou os reis, de porta em porta, a anunciar o nascimento do salvador do mundo, e desejando aos senhores da casa um bom ano.
No dia 6 de janeiro o CantAres do Sobralcoro misto da Psiquiatria Forense, do Pólo Sobral Cid, esteve presente no átrio do Pólo HUC a cantar as janeiras aos “senhores da casa” (membros do CA) e a todos aqueles que estiveram presentes para cantar connosco. Depois do almoço, já no Sobral Cid, elementos das equipas da Psiquiatria Forense, o coro e outros doentes que se quiseram juntar ao grupo, fizeram uma arruada pelo hospital cantando as janeiras em todos os pavilhões
do Pólo, numa tentativa de recuperar as boas tradições deste país.
Agradecemos ao CA do CHUC e ao CRIP o convite e a oportunidade de proporcionar um dia diferente aos doentes, contribuindo dessa forma para o sucesso do tratamento ao aumentar a auto-estima dos mesmos e ao diminuir o duplo estigma ao qual esta população está sujeita. A procura contínua de boas práticas pelas três equipas de enfermagem da Psiquiatria Forense visa melhorar de forma significativa o sucesso do tratamento e promover o desenvolvimento/aquisição de competências e participação em inúmeras oportunidades identificadas como facilitadores no processo de reinserção sociofamiliar.
Para o Carnaval está prevista a organização de Baile alusivo ao tema, com o qual pretende que os doentes internados e funcionários usufruam de momentos de descontração e de socialização.
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TEXTO e FOTO: oLGa CorrEia, tErEsa siLva E jorGE simõEs
NURSING SHARE
No decorrer do primeiro trimestre do ano 2023, o grupo institucional NursingSHARE promoveu no dia 1 de março de 2023 a sessão de partilha NursingSHARE sob o tema “Organização dos Cuidados de Enfermagem “ fomentando a partilha de diferentes métodos de cuidados e a um dos mais recentes modelos de assistência no CHUC, a hospitalização domiciliária. O evento contou com a presença da Sr.ª Enfermeira Elisabete Santos, em representação da Sra. Enfermeira Diretora Áurea Andrade, e ficou marcado por um momento de silêncio em homenagem à perda de um Enfermeiro da Instituição.
A apresentação da Enf.ª Cristina Almeida que descreveu o método de enfermeiro de referência, implementado no serviço de pediatria médica, dando enfoque à parceria de cuidados e aos ganhos em saúde na promoção de uma transição saudável para a parentalidade complexa. Relevou ser um método que incrementa os níveis de satisfação parental e uma resposta mais personalizada às crianças, sendo gratificante e motivador para os profissionais. O desenvolvimento de um projeto de melhoria para incrementar a resposta assistencial é exemplo do envolvimento profissional no processo. Na segunda apresentação, o Enf. Carlos descreveu uma forma de intervenção com recurso ao método de enfermeiro gestor de caso em saúde mental comunitária. Com um enquadramento teórico sumário da metodologia, salientou a importância da articulação de cuidados necessária para transições complexas de saúde/doença, tendo operacionalizado o método
com a apresentação de um caso, destacando intervenções, resultados e ganhos.
A última apresentação foi efetuada pelo Enf.º Luís Fernandes, que realizou uma breve descrição do serviço de Hospitalização Domiciliária dos CHUC, clarificando o processo de referenciação, a oferta de cuidados prestados e a organização inicial de intervenção, com exemplos vivenciados e destacando o percurso efetuado, dificuldades e desafios.
Após o período de apresentações, e como comentadores convidados, registamos a intervenção da Sr.ª Enf.ª em funções de gestão Rosa Meneses, que após uma análise dos métodos de organização de cuidados promotores da qualidade, deixa em aberto uma reflexão sobre se os cuidados no domicílio devem ser incrementados como resposta do Hospital ou deveriam ser revistas as respostas de cuidados na Comunidade. O comentário de análise do Enf. Gestor Francisco Mendes ressalvou a importância dos métodos para os diferentes stakeholders: pessoas cuidadas, profissionais, Estado e tutela. Salientou a importância do método de Enfermeiro de referência na resposta à pessoa com doença crónica complexa, para crianças e adultos. A partilha foi ainda enriquecida com a participação do público, gerando um interessante brainstorming final.
A próxima sessão Nursing SHARE, será no dia 12 de maio de 2023, dia Internacional do Enfermeiro!
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TEXTO e FOTOS: NusriNGsHarE
ENTREVISTA -
GABINETE COORDENADOR DE COLHEITA E TRANSPLANTAÇÃO EM COIMBRA
Para começar esta partilha gostávamos que nos fizessem um breve enquadramento sobre a história da transplantação e do Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação em Coimbra
O Gabinete Coordenador de Colheita e Transplantação (GCCT) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) está inserindo naquele que é considerado o Hospital pioneiro na colheita e transplantação de órgãos em Portugal.
Apesar de só ter iniciado formalmente a sua atividade em 1994, o GCCT-CHUC reveste-se da cultura da transplantação de Coimbra e dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), iniciada na segunda metade do século passado com o Professor Doutor Linhares Furtado, ao realizar o primeiro transplante de órgãos no nosso País com um rim de dador vivo. Um verdadeiro desafio para a época, face a todos os constrangimentos logísticos, terapêuticos e culturais, conquanto a primeira Lei que veio permitir a colheita de órgãos em cadáver só surgiu em 1976 (Lei 553/76). Desde então assistimos a um desenvolvimento contínuo de programas e iniciativas, como é o caso do único programa nacional de trans-
plantação hepática pediátrica se situar no CHUC, realizando-se desde 2012 no Hospital Pediátrico de Coimbra.
O CHUC é o Centro Hospitalar com maior número de valências na área da transplantação de órgãos (rim, fígado, coração), tecidos (córneas, osso, válvulas cardíacas e progenitores hematopoiéticos) e dispõe de Banco de Olhos e Banco de Osso certificados.
O GCCT – CHUC, iniciou a sua atividade em fevereiro 1994, dirigido pela Dra. Ana Maria Calvão da Silva até à sua aposentação em março 2021. Desde 1 de julho de 2021 é dirigido pela Dra. Andrea Salgueiro e tem o privilégio de manter como colaborador um dos Enfermeiros com mais anos de experiência a nível nacional e ainda em funções, na área da Coordenação de Colheita e Transplantação, o Enfermeiro António Alves. Integra ainda a equipa multidisciplinar do Gabinete a Assistente Técnica Fátima Filipe.
A primeira Enfermeira Coordenadora de Colheita e Transplantação no CHUC foi a Enfermeira Teresa Saavedra, que exerceu estas funções desde a origem do GCCT até 2009. O Enfermeiro António Alves integrou o GCCT em
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2004 e desde 2021, assume funções em regime de horário fixo. Em 2009 iniciou funções a Enfermeira Maria João Henriques, em 2016 integrou a equipa o Enfermeiro Paulo Nobre, em 2017 até 2018 o Enfermeiro Tiago Costa, em 2018 a Enfermeira Teresa Morais, e em 2020 o Enfermeiro André Ventura.
De dois Hospitais com atividade de colheita em 1994, o Hospital da Universidade de Coimbra e o Centro Hospitalar de Coimbra (já extinto), o GCCT tem atualmente 11 Hospitais com atividade de colheita: CHUC (incluindo o Hospital Pediátrico), Viseu, Sta. Maria da Feira, Aveiro, Leiria, Guarda, Castelo Branco, Cova da Beira (Covilhã), Ponta Delgada (S. Miguel), Angra do Heroísmo (Terceira) e Horta (Faial).
A ligação aos hospitais da área de ação do GCCT-CHUC é realizada através dos Coordenadores Hospitalares de Doação (CHD) – um CHD em cada hospital referenciador. Fazem parte da Rede Nacional da Coordenação de Colheita e Transplantação, criada pela Portaria nº 357/2008, 9 de maio.
O GCCT-CHUC articula-se funcionalmente com os outros 4 Gabinetes (S. João, Sto. António, S. José e Sta. Maria) a nível Nacional, e, a nível Internacional com outra congénere Europeia (ONT - Espanha), com a qual há protocolos estabelecidos.
Qual a atividade dos enfermeiros do GCCT-CHUC?
O GCCT-CHUC é uma estrutura autónoma dotada de recursos humanos especializados na área da coordenação, colheita e transplantação, funciona de forma permanente (24 horas por dia, 7 dias da semana), de modo a garantir uma resposta eficaz à referenciação de um potencial dador em qualquer hospital da sua área de ação. Os enfermeiros que desempenham funções no GCCT-CHUC encontram-se certificados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), através do curso de Coordenação de Transplantes (TPM) e demais formações contínuas, e a sua atividade clínica de enfermagem engloba preferencialmente as seguintes funções:
• Coordenação das equipas de colheita e das equipas de transplantação de órgãos, tecidos e células nas instituições de saúde, públicas ou privadas, da sua área de referência, definida pelo IPST, com eventual extensão a nível nacional e internacional;
• Articulação com as unidades de colheita e de transplantação, bem como com os coordenadores hospitalares de doação, com os centros de histocompatibilidade e demais entidades (Guarda Nacional Republicada, Instituto Nacional de Emergência Médica, Força Aérea Portuguesa), garantindo a atempada colheita e transplante de órgãos, tecidos e células;
• Articulação com todos os serviços de apoio e suporte à atividade de colheita e de transplantação, de forma a garantir o correto funcionamento dos processos de urgência, nomeadamente com o Serviço de Patologia Clínica, Imagem Médica, Anatomia Patológica, Serviço de Sangue e Medicina Transfusional, Serviço de Gestão Hoteleira, Serviço de Gestão de Doentes, Empresa de Segurança do CHUC, entre outros.
• Articulação com os restantes Gabinetes Coordenadores de Colheita e Transplantação (GCCT) e respetivos Coordenadores no sentido de garantir a atempada colheita e transplantação de órgãos, tecidos e células, organizando a sua oferta/aceitação e respondendo aos apelos nacionais e internacionais;
• Avaliação clínica de todos os potenciais dadores detetados conjuntamente com os coordenadores hospitalares de doação, usando de
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todos os conhecimentos científicos para expandir o número de órgãos disponíveis para transplantação;
• Consulta do Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA), nos termos da legislação em vigor, e transmitir aos estabelecimentos hospitalares públicos ou privados, devidamente autorizados, em que se proceda à colheita post mortem de órgãos, tecidos ou células, a existência de oposições ou restrições à dádiva constantes do RENNDA;
• Garantia da qualidade, segurança e transparência de todos os procedimentos relacionados com o exercício da atividade de colheita e transplantação;
• Realização de registos relacionados com a doação e transplantação definidos pelo IPST nesta área;
• Desenvolvimento de ações de formação internas e externas de profissionais, relacionadas com a área da doação e transplantação, de forma a promover a atividade na sua área de referência.
Toda a atividade desenvolvida pelos enfermeiros do GCCT-CHUC tem merecido o importante apoio da Enfermeira Diretora, bem como da Diretora do Gabinete, pilares fundamentais para a coesão e motivação dos seus elementos.
Pode-nos dar uma perspetiva do GCCT-CHUC em números?
O GCCT-CHUC é, de forma isolada, o Gabinete com maior atividade ao Nível Nacional, contando com uma média de 93 dadores efetivos/ano e cerca de 93 órgãos em intercâmbio com os restantes GCCT, A sua atividade pode ser representada pelos seguintes gráficos:
Cerca de 50% dos dadores em Morte Cerebral do GCCT-CHUC são notificados internamente no CHUC (maioritariamente no Serviço de Medicina Intensiva), sendo os restantes 50% pertencentes aos Hospitais da sua Rede de Referência, aspeto que implica uma forte capacidade de organização e logística para levar a cabo cada urgência.
Relativamente ao perfil do dador, tem-se verificado a tendência para o aumento no número de potenciais dadores do foro médico (AVC: 70.1%, anóxia cerebral: 10.3%), em detrimento dos potenciais dadores vítimas de traumatismo cranioencefálico (19.6%), em parte pela menor sinistralidade rodoviária e pela melhoria da qualidade dos cuidados do foro neurocrítico. A média de idade situa-se nos 61 anos, com um predomínio do sexo masculino (60%) face ao sexo feminino. O grupo sanguíneo mais prevalente tem sido o grupo A, seguido do grupo 0 (dados relativos a 2021).
Atividade de transplantação de órgãos em 2021 e 2022 no CHUC:
Para além da transplantação de órgãos, o CHUC conta com uma média anual de 118 transplantes de córnea, 181 transplantes de osso e cerca de 60 transplantes de células hematopoiéticas (dados relativos a 2021).
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Quando começa formalmente a atividade dos enfermeiros do GCCT-CHUC no processo de doação de órgãos/tecidos?
A atividade dos enfermeiros do GCCT-CHUC começa quando ocorre a notificação de um potencial dador (após as primeiras provas de morte cerebral). No entanto a sua atividade não se restringe apenas às notificações, abrange também o intercambio de órgãos entre Gabinetes e assessoria na identificação e avaliação de um possível dador.
As funções do Enfermeiro Coordenador de Colheita e Transplantação englobam todas as etapas inerentes ao processo de doação/transplan-
tação, desde a notificação do potencial dador, passando pela avaliação e estudo, alocação de órgãos, colheita, transplante e pós-transplante, com uma duração média por processo superior a 24 horas.
Quais os principais constrangimentos sentidos?
Todos os processos de urgência revestem-se de inúmeras particularidades e como tal, os constrangimentos podem ser de diversa ordem. Um dos principais constrangimentos prende-se com a coordenação de dois ou mais processos de
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urgência em simultâneo, seja de dadores notificados ou de intercâmbio de órgãos para transplante, implicando uma elevada capacidade de articulação de equipas e gestão de prioridades. Outro constrangimento relaciona-se com a recusa ou inexistência de condições de determinado recetor para transplante, fator que pode condicionar a fase da colheita (atraso ou cancelamento) e a fase da alocação dos órgãos. Podemos ainda salientar a distância e tempo de preparação dos recetores para transplante, a instabili-
dade hemodinâmica do dador e as condições climatéricas adversas (no caso da deslocação de equipas de colheita).
O Enfermeiro Coordenador de Colheita e Transplantação é responsável pela gestão de todo o processo de urgência e perante os constrangimentos apresentados é fundamental a capacidade de comunicação e gestão de conflitos, bem como a articulação com os intervenientes das várias fases.
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Qual a perspetiva futura da Enfermagem no GCCT-CHUC?
O GCCT-CHUC tem como missão dar resposta aos doentes em lista de espera para transplante pela disponibilização de mais órgãos e tecidos de qualidade. É com base nesta premissa e no trabalho em equipa coeso e consistente, que os enfermeiros do GCCT perspetivam diversas ações para o futuro, nomeadamente:
• Melhoria contínua da qualidade no âmbito da coordenação de colheita e transplantação de órgãos e tecidos, alicerçada na melhor evidência científica, no fortalecimento do relacionamento profissional com os diversos intervenientes e no desenvolvimento do processo de acreditação do GCCT;
• Incremento dos processos de formação contínua (alguns já em curso), quer ao nível interno, quer em relação às unidades da área de ação do GCCT;
• Alargamento e consolidação da rede de interlocutores nas diversas fases do processo de doação/transplantação, nomeadamente com os CHD e com interlocutores de enfermagem em relação aos restantes GCCT, às unidades referenciadoras de dadores, bloco operatório e unidades de transplantação do CHUC;
• Diversificação das iniciativas de colaboração inter-institucionais, nomeadamente com o IPST, GNR, INEM, FAP e Sociedades Científicas da área da doação e transplantação, como forma de desenvolvimento da sua atividade.
ENTREVISTADORA: iriNa PirEs
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FOTOS: GabiNEtE CoordENador dE CoLHEita E traNsPLaNtação Em Coimbra
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