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A LUTA PELA SAÚDE VISUAL EM FORMA DE LIVRO
Os docentes, investigadores e optometristas Madalena Lira e Jorge Jorge protagonizam o mais recente avanço em prol da visão. Visão sem Segredos é o livro que esclarece, apoia e desmistifica o universo em torno da saúde visual, tanto na população em geral como entre os próprios profissionais. O lançamento da obra fez-se no epicentro onde estes dois especialistas empreendem a missão de fazer crescer a optometria portuguesa, a Universidade do Minho. O auditório da Escola de Ciências não foi suficiente para todos os que quiseram ouvir os autores e ainda o presidente da Escola de Ciências, José Manuel Meijóme, e o renomado oftalmologista Paulo Ribeiro, a 28 de fevereiro.
Madalena Lira confessou a todos os participantes que pensava que o auditório seria demasiado grande para o evento, mas perante um espaço repleto de pessoas, sentadas, de pé e em todos os cantos da sala, asseverou-se a dimensão que o livro Visão sem Segredos já ganhou antes mesmo do lançamento oficial. Paulo Ribeiro, diretor clínico da clínica Rufino Ribeiro, foi o primeiro convidado a explicar porque se envolveu na obra com a escrita do prefácio, em tom divertido e muito honesto, como lhe é caraterístico. “Que eu saiba as faculdades não têm uma cadeira fundamental: como se comunica com o doente? Genericamente diz-se que temos de adaptar o discurso ao grau de capacidade intelectual e cultural do interlocutor. Mas como se faz isso? E quando se começa a trabalhar na saúde, apanha-se indivíduos com graus muito diversos de cultura e conhecimentos. E uma coisa é escrever um livrinho sobre como se deve responder a determinada questão, o que é útil, sim, mas o doente interrompe-nos e vira-nos para o lado e temos que improvisar a explicação.
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E no improviso, por norma, há o erro.
E este livro, no plano científico, ajuda nisso, para que, quem exerce, não seja apanhado de surpresa junto do doente. Por mais experiência, por mais treino que se tenha, a “casca de banana” existe sempre e não há volta a dar. Este livro tem essa vantagem e, em vez de dizer que aconselharia os doentes a lerem o livro, digo antes que aconselharia os professores a obrigar os alunos a lerem o livro (risos).”
José Manuel Meijóme secundou o oftalmologista discursando que “conseguiu-se o rigor técnico que é exigido para os leitores profissionais, não descurando a compreensão para a população em geral. O livro irá contribuir muito para algo que é uma obrigação para todos nós, que é promover a literacia em saúde, ou seja que cada cidadão contribua naquilo que pode fazer no seu dia a dia para cuidar da sua saúde, porque assim cuida da de todos.Quanto menos cada um de nós recorrer aos sistemas, menos sobrecarregados ficam e mais e melhor respostas daí advêm. E este é um desafio que se coloca na visão, porque temos muitos problemas decorrentes das evoluções sócio-económicas, das condições sócio-demográficas e todas elas stressam os serviços de oftalmologia e optometria e é preciso dar resposta.” neste livro ideias de como explicar aos seus pacientes, com uma linguagem mais acessível e sem perder o rigor científico, a importância do olho e seus constituintes.

Ou seja, para além dos avanços científicos que empreendem no laboratório e da formação de jovens optometristas propõem-se levar as informações ao público final?
Esta é uma etapa da missão em prol da saúde visual nacional?
Este é o nosso contributo para o aumento da literacia em saúde visual. Foi a forma que encontrámos para ajudar a população em geral a saber mais sobre a visão e como pode cuidar dela. Hoje em dia, as pessoas recorrem a fontes de informação que frequentemente não são credíveis o que pode levar a situações mais complexas e prejudiciais em termos visuais. Com esta obra queremos ajudar a população em geral a conhecer a importância da visão, de como o meio onde estamos inseridos a pode afetar, e ainda, como se pode melhorar ou preservar algumas das respetivas funcionalidades. Os especialistas da visão, em particular os que estão a iniciar a sua carreira, podem encontrar
Nós somos professores universitários e investigadores na área da optometria e ciências da visão há cerca de 25 anos. Durante este período ensinámos centenas de alunos de licenciatura, de mestrado e de doutoramento e publicámos e apresentámos dezenas de trabalhos científicos. Enquanto docentes universitários, uma das nossas funções é a valorização social do conhecimento através da interação com a sociedade. A publicação dos trabalhos que habitualmente fazemos não chega a todos e, por isso, resolvemos transformar aquilo que fomos aprendendo e ensinando durante a nossa carreira em algo que chegue à população em geral. Este livro surgiu para isso, para disseminar entre a população em geral a informação científica pertinente numa linguagem acessível. O que adianta conhecer e produzir ciência se não formos capazes de a transmitir?
Como se dividiram para compilar esta obra?
Esta talvez tenha sido a parte mais simples para a criação desta obra. Apesar de termos os dois a mesma profissão, cada um de nós tem áreas de investigação e de ensino diferenciadas, a miopia, as lentes de contacto, o daltonismo, a visão binocular ou a visão e desporto, para referir alguns exemplos, são áreas a que cada um se tem dedicado e especializado o que tornou o processo de distribuição dos temas fácil.
Que dificuldades tiveram?
A maior dificuldade que encontramos foi selecionar os temas a abordar.
Inicialmente, fizemos uma prospeção sobre as dúvidas e perguntas mais frequentes dos pacientes e depois disso à medida que íamos escrevendo e completando os temas, apareciam novas ideias e novos assuntos para abordar até que tivemos que parar, pois, caso contrário ainda estaríamos a escrever. Na revisão do livro contámos com a ajuda inestimável de dois amigos, a Dra. Ana Maria Pinho e o Dr. Paulo Ramos, que, com o seu saber nos ajudaram. Outra parte que nos criou alguma ansiedade foi a escolha da editora, pois era uma área completamente nova para nós e tivemos que perceber qual das editoras seria a mais adequada para o tipo de obra.
O caminho em direção a uma saúde visual ótima em Portugal ainda é longo? O caminho da saúde visual é um caminho longo e por vezes algo sinuoso. É necessário a contribuição e empenho de todos os intervenientes para alcançar um ponto em que a população possa usufruir de serviços de saúde visual de qualidade em tempo útil. A nossa contribuição para isso tem sido feita desde o primeiro dia em que começámos a estudar na Universidade do Minho. O lançamento deste livro não será certamente o fim e pretendemos continuar a contribuir com a nossa investigação, com o ensino e com a interação com a sociedade para ajudar a melhorar a saúde visual dos portugueses.
E têm tido uma excelente recetividade sobre este Visão sem Segredos. A recetividade está a exceder as nossas expectativas. Nós sabíamos que o livro que escrevemos seria útil e que teria impacto na literacia para a saúde visual da população, mas não estávamos a contar a aceitação que estamos a ter. Para além das opiniões positivas dos profissionais da área e dos alunos, a recetividade por parte da comunicação social e do público em geral tem sido fantástica. Muito obrigada a todos os que têm colaborado para isso!