Manoel de Barros
Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens.
Manoel de Barros
Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens.
O Patrimônio Cultural é uma excelente fonte de deleite, fruição, apreciação, encanto e criatividade. Assim, nada mais interessante do que conhecer os bens que são referências culturais de sua cidade, região e país. A cartilha “Territórios Culturais – AACHP” surgiu com este objetivo: divulgar o Patrimônio Cultural da bicentenária cidade.
É fruto do trabalho da Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina-DF - AACHP , fundada em 2006 com a finalidade de preservar o Patrimônio Cultural de Planaltina, que desde o começo notou a ausência de informações que pudessem fazer com que, através da Educação Patrimonial, a comunidade se apropriasse desse patrimônio, pensando em, desde os momentos escolares, já se iniciasse a importância da preservação.
Traçando um panorama histórico da cidade, desde o Arraial de São Sebastião de Mestre D’Armas que a deu vida até o desenvolvimento da estrutura urbanizada, é apresentado também uma visão geral dos bens que compõem a centenária tradição cultural da região, além de convidar o leitor a desenvolver seu papel de ator do processo de preservação.
Este projeto nasceu da esperça em manter, preservar, divulgar o patrimonio da cidade mais antiga do DF. Vontade junta a ação, onde a AACHP sempre luta por uma cidade mais justa, onde seus espaços possam ser ocupados pela população que a habita, buscando mais qualidade de vida e o direito inalienável de ter sua história e memória mantida.
Assim, venha fazer parte da história da cidade. Chegue, reflita e viaje por este relevante material, que é um ponto de partida para o maravilhoso universo da cultura.
A iniciativa do projeto Territórios Culturais enseja a possibilidade de ações que o nosso coletivo necessita, ações voltadas para a educação patrimonial onde foi possível identificar espaços de memória em nossa cidade, tanto lugares já estabelecidos quando lugares que poucos conhecem. A iniciativa patrocinada pelo projeto, proporcionou que a AACHP catalogasse, por meio de fotografias e disponibilizadas na internet, um material que poderá ser utilizado por todos que quiserem conhecer nosso território. Essa matéria contém imagens inéditas e originais dos nossos espaços de memória e monumentos que são referencia quando falamos de patrimônio material, imaterial e natural.
A construção da Capital Federal, concluída em 1960, representou um marco na história moderna da nação. Contudo, ao considerarmos todas as cidades do Distrito Federal, encontramos lugares com histórias riquíssimas e anteriores a este fato. Planaltina é exemplo disso. Trata-se da Região Administrativa mais antiga do Distrito Federal.
O território do Distrito Federal, Brasil, é um mosaico morfológico. Brasília não foi construída em território virgem: os núcleos urbanos de Planaltina (século XIX) e de Brazlândia (anos 1930) e sedes isoladas de fazendas preexistiram a edificação da nova capital. O modernismo clássico de Brasília contrastou, de inicio, como vernáculo de construções seculares. (HOLANDA, 2003, p.02)
As veredas da história desta cidade.
O surgimento e/ou desenvolvimento de muitos centros populacionais como vilas, arraiais, aldeiais e cidades do interior do Brasil está relacionado muitas vezes às viagens exploratórias dos Bandeirantes,em busca por ouro.
Nas regiões centrais do atual território brasileiro, ... com a efetiva descoberta do ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, e do firme propósito da Coroa de expandir seus domínios a oeste de Tordesilhas. ... Os exploradores aventureiros, (bandeirantes) [realizaram] levantamentos cartográficos para o conhecimento da região, demarcação de novos territórios, ..., o estabelecimento de algumas povoações e aldeamentos ... . Em Goiás, especificamente, ... fizeram surgir mais de cinqüenta arraiais em um território que desde os primeiros momentos do século XVIII “ (BOAVENTURA, 2007, p. 25)
Também ocorreram criações de cidades por conta das missões jesuíticas na catequização dos indigénas e mesmo nos territórios já ocupados pelos diversos povos indígenas dos grupos Macro-Jê, além das tribos dos Caiapós, Carajás, Goiá, Xacriabás, Xavantes, Xerentes. Consequentemente esses centros populacionais cresceram atraindo cada vez mais pessoas. Isso ocorreu constantemente na região de “Goiaz” principalmente a partir de fins do século XVII e início do século XVIII.
[...] com a elevação de cerca de setenta vilas e lugares efetuados num período de aproximadamente cinco anos (1754/ 1759). Estas foram, na sua maioria, as antigas aldeias das missões que o governador e seus sucessores “rebatizaram” com nomes portugueses elevando-as à categoria de vilas. Tal procedimento implicou, em parte, uma reconversão simbólica. Com a elevação das aldeias indígenas a vilas, pretendia-se transformá-las em povoações civis utilizando esta expressão no duplo sentido de retirar o cunho religioso que o aldeamento missionário mantinha e de ser, alegoricamente, uma mudança que as traria para o seio da “civilização”. (MOREIRA, 2000, p. 190-191).
Para as explorações dos Bandeirantes e escoamento dos produtos da mineração, diversas estradas foram sendo construídas. E era nas proximidades de uma dessas estradas, que ligava Salvador – Bahia ao Distrito Federal – Rio de Janeiro, a capital do Brasil, e passava pelo Arraial dos Couros (Formosa), onde encontrava- se a região de Mestre D’Armas.
Dentre elas, a mais extensa estrada colonial brasileira cortava o Brasil de leste a oeste, da Bahia ao Mato Grosso, ligava Salvador a Bela Vista, passava pela região norte, hoje Distrito Federal, e servia de chão para bandeirantes, autoridades da Coroa Portuguesa, exploradores de minérios, mercadores de sal, fazendeiros e migrantes fugitivos da seca. São vários os nomes dados a elas ao longo do tempo: Estrada do Sal, Estrada dos Currais, Picada da Bahia, Estrada Colonial do Planalto Central (LIMA, 2015, p 43-44)
A tradição oral da cidade remete a origem do nome a um profissional que trabalhava com ferro e outros metais, um Mestre das Armas que provavelmente era dono de algum terreno nestas proximidades. Outra referência à região é feita em mapa de época a uma corrente de água: o “Ribeirão do Mestre d’Armas”.
Mas a primeira menção documental ao “Mestre d’Armas” encontra-se na Carta do Ouvidor Geral de Goiás, Antônio Sotomaior ao Rei de Portugal, D. José, de 30 de abril de 1758. Esta referia-se a um sítio chamado Mestre de Armas. Confira o trecho do texto no original: Assim, podemos identificar as raízes míticas do nome Mestre d’Armas tendo como base a localidade do ferreiro; o ribeirão e ou o sítio, não tendo necessidade de determinar a “correta” origem, uma vez que o mais interessante são as possibilidades e a riqueza de histórias e origens diferentes relacionados ao nome e que, por extensão, passou a nomear a região como um todo.
Já a semente da futura cidade de Planaltina pode ser encontrada no desenvolvimento do Arraial de Mestre d’armas.
Segundo historiadores, a região Mestre d’Armas era ocupada por diversas fazendas originárias das sesmarias, onde a população produzia alimentos para o próprio sustento, além da criação de gado e aves. Por volta de 1810-11, os habitantes desse território sofreram com uma grave epidemia. Foi então que resolveram fazer uma promessa a São Sebastião, caso a comunidade se visse livre da doença, doariam ao santo uma porção territorial para construção de uma capela em sua devoção. Assim, em 20 de janeiro de 1811, os moradores celebram a missa de ação de graças e cumprem a promessa doando-se o terreno.
Depois de construída, a Capela de São Sebastião tornou-se um espaço de agregação dos habitantes das fazendas, que se localizavam distantes umas das outras. Eram nas festas, sacramentos e enterros onde os moradores se reuniam. O que passou a determinar, com o decorrer do tempo, a necessidade de construção de ambientes para acolher as pessoas que frequentavam tais celebrações. Tem-se assim o embrião do Arraial de São Sebastião de Mestre d’Armas, futura cidade de Planaltina.
Com o desenvolvimento desse núcleo populacional, em 19 de agosto de 1859 é criado o Distrito de Paz de Mestre d’Armas pertencente ao município de Formosa da Imperatriz. Já em 19 de março de 1891 o Distrito de Mestre d’Armas torna-se um município. São construídas as primeiras escolas, o chamado espaço para “Aula de Primeiras Letras”, a Cadeia Pública e os espaços administrativos do novo município, os Cartórios Imobiliários e de Órfãos, de Registro Civil de Nascimento e Óbitos.
Em 1892, a cidade recebe a Comissão Exploradora do Planalto Central, a Missão Cruls, encarregada de demarcar o quadrilátero de 14.400m² onde seria instalada a futura Capital do Brasil. Bem como, em 1946, recebe o segundo grupo de estudiosos, a conhecida Comissão Poli Coelho, que ratifica o espaço demarcado pela comissão anterior.
No período de fins do século XIX e início do século XX, a cidade vai adquirindo características mais urbanas. São construídas pontes, estruturas para canalização de água. A partir de 1920, a Vila recebe energia elétrica e são realizadas obras de infraestrutura, como a construção de estradas, ruas e praças.
Finalmente, em 1938, a Vila de Mestre d’Armas é elevada à categoria de cidade. E, posteriormente, com a inauguração da nova Capital, Planaltina passa a fazer parte do território do Distrito Federal, recebendo assim, modificações e alterações estruturais, culminando hoje na existência de diversos bairros, que formam a cidade.
Diante das veredas da história da cidade já vista, a construção da capela de São Sebastião, as primeiras casas em adobe, as praças, além dos festejos e celebrações que estão presentes desde a origem do Arraial Mestre d’Armas revelam a importância da preservação desse Patrimônio Cultural, testemunho da história, dos que já passaram pela cidade, enfim, elementos que ainda hoje são locais de convívio, de contemplação, de saber e dinamicidade.
20 DE JANEIRO DE 1811
Missa de ação de graças e entrega das terras prometidas ao vigário de Santa Luzia, a semente do futuro Arraial de Mestre d’Armas.
19 DE MARÇO DE 1891
O Distrito de Paz de Mestre d’Armas torna-se município – A Vila Mestre d’Armas.
1910
Nomeada a Comissão ExplorA Vila Mestre d’Armas tem seu nome alterado para Vila de Alta-Mir.adora do Planalto Central do Brasil – Missão Cruls.
1922 1946
Lançamento da Pedra Fundamental da Capital do Brasil.
Nomeada a Comissão de Estudos para Localização da Nova Capital do Brasil–Comissão Poli Coelho.
30 DE ABRIL DE 1758
Data da carta contendo a mais antiga referência a “Mestre d’Armas”.
19 DE AGOSTO DE 1859
Criação do Distrito de Paz de Mestre d’Armas – Data O cial de criação da cidade. Nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil – Missão Cruls.
1892
1917
A Vila de Alta-Mir torna-se Vila de Panaltina.
1938
A Vila de Planaltina é elevada a Cidade Planaltina
21 DE ABRIL DE 1960
Inauguração da Capital Federal: Brasília e Planaltina passa a fazer parte o cial-mente do Distrito Federal.
Antes de conhecermos as manifestações culturais mais importantes de Planaltina, vejamos algumas ideias relevantes em relação ao que seja o Patrimônio Cultural. A Constituição Federal de 1988 nos apresenta um conceito bastante interessante de Patrimônio Cultural.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Assim, podemos identificar o Patrimônio Cultural de determinada comunidade não só por meio de suas manifestações materiais, como as Igrejas, museus, monumentos, mas também, através das tradições que se apresentam de maneira intangível, nos modos de ser, fazer, celebrar de determinado local.
Registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal em 2013, a Festa do Divido Espirito Santo é comemorada desde meados do século XIX. Seus cantos, folias, rezas e danças foram trazidos pelos bandeirantes para o centro do país e há registros em Portugal de sua comemoração desde o século XIV. Além disso, a Festa reúne os moradores nas praças da cidade, onde ocorrem brincadeiras, apresentações musicais, danças e comida tradicionais.
A Festa do Divino é uma festa tradicional associada à Igreja Católica, celebrando a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Além disso, trata-se de um evento cultural de temática religiosa, celebrado 50 dias após a Páscoa, que reúne os participantes para celebrar a terceira pessoa da
Trindade: “O Divino [Espírito Santo] como Amigo e Consolador dos Pobres” (ABREU, 1999, pág. 47).
No Brasil, o ritual da festa do divino constitui uma das festas devocionais mais tradicionais e antigas. Segundo a tradição bíblica, a devoção a Deus é celebrada na festa do Espírito Santo, que, no contexto católico, situa-se na festa denominada Pentecostes, festa que celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
Em Planaltina - DF, as festas sacras acontecem nas áreas urbana e rural. Na zona rural é chamada de folia da roça e ocorre em sítios, ranchos e fazendas na periferia de Planaltina - DF. Nas áreas urbanas, é chamado de folia de rua. Milhares de devotos juntam-se a foliões todos os anos, seja no campo ou na cidade, celebrando o Divino, expressando sua fé, rezando, emocionando-se, fazendo promessas, cumprindo promessas, divertindo-se e enchendo a cena rural (e urbana) com as imagens e alegrias desta celebração.
Embora Abreu (1999) afirme que há elementos cristãos e seculares na festa
sagrada, a base principal para nossa compreensão da folia da roça de Planaltina - DF é a devoção ao Espírito Santo expressa na Bíblia:
“ Tendo-se completado dia de 18 Pentecoste (...) todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia se exprimirem” (ATOS, 2, 1-4).
A folia de roça de Planaltina - DF gira em torno de um ritual que inclui dedicação a Deus, orações, cantorias, esmolas, 5 cavalgadas e pousos. É identificada como patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal por sua valiosa significação sociocultural e histórica, o que a torna uma fonte legítima para o estudo de sua manifestação e de seu contexto.
A Folia da roça de Planaltina – DF é realizada há 156 anos e é considerada a segunda maior festa religiosa de Brasília (DF), reunindo cerca de 60 mil pessoas, na zona rural ou áreas urbanas. A cidade de Planaltina - DF tem tradição centenária em celebrar a Festa do Divino Espírito. Somente em 2013, a Festa Planaltina foi considerada como patrimônio cultural imaterial do DF pelo Decreto nº 34.370/2013, recebendo o título de “Referência Cultural Jurídica do DF” (DECRETO nº 34.370, 2013, p. 1)
Desde o início do cristianismo, os cristãos têm adorado profundamente aqueles lugares santificados pela vida, a morte de Jesus. Eles se encaminhavam para a Palestina de regiões distantes, onde rezaram, e como resultado deixaram histórias de suas viagens, das quais as mais importantes são as histórias antigas de Etheria e os peregrinos de Bordeaux (século IV). Quando esses peregrinos retornam às suas cidades de ori-
gem eles tentam recriar os lugares que visitaram através de pinturas ou monumentos. As cruzadas (séculos XI/XIII) intensificaram a essa “reprodução”, dando a muitos cristãos a oportunidade de conhe-
cer a Terra Santa e de alimentarem da sua espiritualidade. Assim, especialmente nos mosteiros, nas capelas foram construídos monumentos que rememoram os vários santuários da Terra Santa tornando-se locais
de peregrinação espiritual de monges e freiras que não podiam viajar ao Oriente para encontrá-los.
Aqui em Planaltina, há quase 50 anos, a primeira foi realizada em 1973, a Via Sacra é realizada na Semana Santa, onde é apresentada para uma multidão de mais de 100 mil pessoas, é uma das maiores encenações teatrais a céu aberto do Brasil, atrai milhares de fiéis que aproveitaram o dia em
que, pela tradição católica, se recorda a Paixão de Jesus Cristo para fazer penitências e orações. São mais de 1200 atores e mais de 300 técnicos trabalhando voluntariamente para a realização do espetáculo. Em 2008, por meio do Decreto nº 28.870, a Via Sacra foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal.
È interessante rassantar que a escolha do local onde se realiza a Via Sacra ou seja o Morro da Capelinha, se deu por já existir uma capelinha dedicada a Nossa Senhora de Fátima. A Sra. Olívia Campos Guimarães, mandou erguer uma capelinha em devoção a Nossa Senhora de Fátima, como
pagamento da promessa feita em benefício da recuperação de saúde de uma de suas filhas. Assim foi escolhido o alto de um morro de sua propriedade. Desta forma O morro, depois da inauguração da capela, a 8 de a gosto de 1943, ficou conhecido como “Morro da Capelinha”.
A construção da capelinha no alto do morro, a pedido da Sra. Olívia, está relacionada a uma crença comum na história da humanidade, onde muitos associam esses lugares, como por exemplos as montanhas, ladeiras, elevações do relevo, onde podem encontrar o sagrado, o divino, a iluminação e etc.
Os pontos mais elevados aparecem como elementos da condição de sacrifícios, de orações e de cultos, os quais parecem visar a proporcionar maior proximidade com o sagrado. ... o morro da Capelinha, em Planaltina (DF), reproduz a perspectiva apresentada acima, quando, mais uma vez, a especificidade do relevo produziu o movimento do sacrifício e devoção de fé, representativos do esforço físico necessário para vencer a dificuldade da caminhada ou da procissão. Ali, reunem-se os elementos naturais, humanos e sagrados para tais devoções, o que se consagra, em especial, no espetáculo realizado durante a Semana Santa cristã. (STEINKE, V. A.; COSTA, E. B. 2012, p. 62)
Nas comemorações do centenário da Proclamação da República, o presidente Epitácio Pessoa autorizou a instalação da Pedra Fundamental da futura capital do Brasil, na cidade Planaltina no Estado de Goiás, cidade esta que estava dentro do Quadrilátero demarcado anteriormente pela Comissão Cruls. O Assentamento da Pedra Fundamental foi um esforço do então Deputado Federal do Estado de Goiás Americano do Brasil, que obteve a anuência do Congresso Nacional.
Em seu discurso o Deputado não omitia seu desejo pela mudança da capital para o interior do Brasil:
O monumento singelo mas eloquente da pedra basilar, ereto no rincão ameno escolhido para o novo Distrito Federal, a 7 de setembro, foi também uma resposta esmagadora aos paradoxais princípios dos incrédulos e a prova de que os homens de Estado já edificaram no ânimo a convicção da necessidade de agir, favorecendo o dispositivo constitucional que há três longas décadas de vida republicana espera seu cumprimento definitivo. A pedra fundamental será de hoje em diante um lembrete perene a recordar aos governos um dever irrevogável, a inspirar aos povos dos quatro pontos cardeais do país novo alento, prenunciando a vinda de dias promissores para a nacionalidade. (BRASIL, 1922, s/p).
Seu entusiasmo pela mudança se deve muito por ser sobrinho de Henrique Silva, um dos componentes da Missão Cruls, e um dos editores da revista Informação Goyana, que divulgava as vantagens de Goiás para o Brasil
O decreto para a construção do monumento é de janeiro, mas a ordem da construção só foi dada em 27 de agosto ao engenheiro Ernesto Balduíno e que deveria ser inaugurado em 7 de setembro de 1922 ao meio dia.
Com apenas dez dia para tamanha empreitada Balduíno projetou a Pedra com blocos pre fabricados e no local escolhido
apenas montariam o monumento. Em 31 de agosto os blocos ficaram prontos, mas o próximo desafio a ser vencido era a distância, afinal mesmo que Araguari, cidade onde os blocos foram fabricados, ficasse a 150 km de Ipameri, cidade final da linha férrea, ainda restavam 300 km até Planaltina. A solução foi o aluguel de cinco “Ford Bigode” e seis caminhões, para transportar as cinco toneladas de pedras e mais outros quatro carros de cidades vizinhas. Assim que placa comemorativa chegou no dia 1º de setembro a comitiva partiu e foram três dias de viagem até chegarem ao Arraial de Mestre
D’armas. Após a escolha do local, batizado por Balduino de Serra da Independência onde estavam localizados os dois morros, também batizados por ele de Morro do Centenário e Morro 7 de setembro. No dia cinco de setembro as obras começaram e terminaram as 10h da manhã do dia 7 de setembro. A Pedra fundamental foi inaugurada ao meio dia, conforme orientava o decreto. O empenho para que a Pedra Fundamental fosse inaugurada exatamente ao meio-dia do dia 7 de setembro deu-se para captar o momento em que o sol incidisse no seu vértice. O monumento tem a forma de um obelisco com base quadrada com 3,75 metros de altura. As suas faces estão orientadas pelos pontos cardeais. A Placa comemorativa feita em bronze está situada na face oeste, na qual está escrito:
Sendo Presidente da República o Exmº Sr. Dr. Epitácio da Silva Pessoa, em cumprimento ao disposto no Decreto 4.494, de 18 de janeiro de 1922, foi aqui colocada em 7 de setembro de 1922, ao meio-dia, a Pedra Fundamental da futura Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil. (VASCONCELOS, 1978, p. 237).
Em 1982, a Pedra Fundamental foi tombada por meio do Decreto 7.010.
A história começa conhecendo o soldado romano de nome grego chamado Sebastós, significa divino, venerável, nacido na Itália em 256 d.C. Foi militar por influencia de seu pai. Chegou a patente de 1º capitão da guarda pretoriana do Imperador Maximiniano, sendo uma grande honra para época. No entanto o Imperador não sabia que Sebastós era cristão, sua intenção em ser militar era de afirmar e dar força aos cristãos, enfraquecidos diante das torturas. O Imperador quando tomou conhecimento de cristão que pertenciam ao exército romano os perseguiu e os expulsou do exército. Por ser filho de militar não havia sido descoberto, mas ainda assim foi denunciado por um soldado e o Imperador por se sentir traído ordenou que Sebastós renunciasse a sua fé. Quando Sebastós negou o Imperador mandou que ele fosse morto de forma cruel e pública para que servisse de exemplos para outros possíveis cristãos infiltrados no exército. Assim ele foi amarado em um poste no estádio de Palatino e que fosse morto a flechadas e que deixam ele lá até morrer. Passado algumas horas Irene e outros cristãos foram retirar o corpo para o sepultamento e qual sua surpresa quando perceberam que ele estava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de irene até a sua pronta recuperação.
No Ano de 287 d.C. não temendo ser perseguido e morto, Sebastós após sua cura continuou evangelizando e se apresentou ao Imperador Maximiliano par que ele parasse de perseguir os cristãos, esse não atendendo a seu pedido o prendeu novamente, mas desta vez mandou açoitá-lo até a morte e que fosse jogado em uma das fossas de Roma para que ninguém o encontrasse. De acordo com os cristãos Sebastós apareceu para Lucina, também cristão, falando a ela onde o seu corpo estava e pedindo para que fosse sepultado junto as catacumbas dos apóstolos.
Sebastós, agora São Sebastião é o santo protetor contra a peste e as doenças contagiosas devido no ano de 680 d.C., Roma enfrentava uma terrível epidemia, que desapareceu quando os restos mortais do santo foram levadas para lá. São Sebastião é o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, dando seu nome à cidade, desde a sua fundação por Estácio de Sá. Conta-se que na A batalha de Uruçumirim, sendo a última que conseguiu expulsar os franceses do Rio, no dia 20 de janeiro de 1567, São Sebastião foi visto com uma espada na mão, entre os portugueses, mamelucos e indígenas Temiminós, lutando contra os franceses calvinistas e indígenas Tupinambás. Era o dia 20 de janeiro, o dia em que se passou a celebrar o santo.
Agora nossa história começa efetivamente no Arraial de MestreD’armas. Tudo foi dito para que fosse possível entender que Planaltina foi fundada graças a devoção a São Sebastião. Foi no ano de 1810 que uma epidemia atacou o povoado de Mestre Darmas, levando a população de maioria católica, a fazer uma promessa a São Sebastião que se os livrassem da epidemia doariam ao Santo por meio da Igreja uma porção de terras e ergueriam uma capela em sua homenagem. Foi então que no dia 20 de janeiro de 1811, a cidade de Planaltina nasce formalmente, quando a comunidade do arraial de Mestre D’armas celebra a missa de ação de graças e, entrega formalmente as terras a igreja, mudando de nome e se chamando agora Arraial de São Sebastião de Mestre D’armas.
Localizada na Praça São Sebastião, a primeira Igreja da cidade foi principal lugar de formação que culminou com o surgimento da cidade de Planaltina. Construída em adobe, a construção de pé direito duplo possui um pavimento complementado por um mezanino, além de duas entradas. A “Igrejinha” foi sede Paroquial até a construção da nova Igreja Matriz. Suas estruturas já passaram por diversos processos de restauração. Foi tombada pelo Decreto nº 6.940 de 19 de fevereiro de 1982
A doutrina do Amanhecer ou Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã Vale do Amanhecer - OSOEC, em seu nome oficial, surge a partir das visões espirituais da sergipana Neiva Chaves Zelaya, conhecida como Tia Neiva. Nascida em 1925, já com seus 22 anos e quatro filhos ficou viúva e para conseguir manter sua família, tornou-se, dentre outras profissões, fotógrafa, (que veio a lhe causar um enfisema pulmonar que a debilitou até a seu desencarne em 1985) e posteriormente a primeira caminhoneira registrada no Brasil. Trabalhou na construção de Brasília, sendo uma das poucas mulheres que vieram para trabalhar na edificação de Brasília. Aos 33 anos começaram suas visões espirituais e em 1958 começaram os primeiros atendimentos espirituais as diversas pessoas que começaram a procurá-la. Em 1959 ela funda a UESB, União Espiritualista Seta Branca, na Serra do Ouro, GO, atual Alexânia, posteriormente mudaram-se para Taguatinga permanecendo lá até 1959 quando Pai Seta Branca informou a ela que deveriam partir para o local definitivo que seria em Planaltina-DF.
Tia Neiva foi contactada por um ser espiritual chamado Pai Seta Branca, onde sua aparência é de um indígena que remonta sua última encarnação como um Cacique de povos originários da América do Sul, os antigos Incas. Pai Seta Branca trouxe a mensagem onde Tia Neiva seria a responsável
por fundar uma nova doutrina, a doutrina do novo milênio, onde o principal objetivo seria trazer o Doutrinador. Esse doutrinador tem como símbolo uma cruz adornada com um manto branco. Tia Neiva entregou ao doutrinador a responsabilidade por todos os processos e funcionamentos da doutrina do Vale do Amanhecer. Seja na condução das celebrações, na organização das escalas voluntárias, que os adeptos cumprem nos templos, na estrutura hierárquica de comando dos rituais, no planejamento dos eventos diários, semanais, mensais e anuais e nas orientações tanto dos próprios adeptos, quanto dos visitantes/pacientes.
O Vale do Amanhecer se destaca devido ao colorido e brilho de suas roupas ritualísticas, indumentárias, tendo muitos grupos que se dividem de acordo com o local de ritualização. As mulheres possuem a maior número e as mais variadas indumentárias, onde muitas remetem a antigas civilizações da história mundial, são 23 grupos chamados de falanges missionárias.
O Vale do Amanhecer conta com uma arquitetura bem diferente e expressiva, a exemplo do Templo que tem um formato de elipse.Dentro dele existem várias salas, chamadas de Castelos onde se realizam os rituais, trabalhos e celebrações da doutrina.
A elipse é um símbolo que recorrentemente aparece em todos os locais do Vale. Um outro local que se destaca é o es-
pelho d’agua em formato da Estrela de Davi que juntamente com o lago artificial,que foi construído em homenagem a Orixá Yemanjá, forma o Solar dos mestres. Existe também uma pirâmide com bustos da família de Amenófis IV, faraó da XVIII dinastia egipsia, conhecido como Akenaton, esposo de Nefertiti e pai do mais famoso faraó do antigo Egito, Tutankamon. Akenaton governou o Egito a cerca de 1.300 anos antes de Cristo. Nesta pirâmide os visitantes podem entrar e escolher um dos muitos e coloridos bancos de pedra para sentarem e ficarem em meditação. Todos esses locais são utilizados como áreas templárias por todos os adeptos da doutrina do Pai Seta Branca.
Toda essa grandiosidade arquitetônica é ocupada principalmente por seus adeptos, chamados de médiuns. Divididos em Doutrinador, já explicado aqui e o segundo, que está aos cuidados do doutrinador, chamado Apará, esse é o adepto que possibilita por meio dele a manifestação do mundo espiritual, onde tantos os adeptos quanto os pacientes, pessoas que vem em busca de ajuda, podem se consultar com esses seres espirituais, sejam eles Pretos Velhos, Caboclos, Médicos de Curas, Ministros de Deus, Cavaleiros espirituais, Guias missionárias dos mundos evoluídos e tantas outras entidades que estão presentes no panteão espiritual do Vale do Amanhecer.
Existem muitos rituais na doutrina do Amanhecer, que em sua grande maioria, qualquer pessoa pode participar como paciente e participar em sua totalidade como mestre ou ninfa do Vale. Além do grande número dos rituais, onde em cada um deles existem vários locais de posicionamentos. Para se ter uma ideia o trabalho de Estrela Sublimação só pode ocorrer com um número mínimo de 70 médiuns, menos que isso não pode acontecer. A consagração de 1º de Maio, dia do Doutrinador, é a maior celebração do Vale do Amanhecer, que congrega mais de 30 mil pessoas que vem de todo o DF, do Brasil e mesmo do exterior.
O Vale do Amanhecer conta hoje com mais de 800 templos, inclusive muitos fora do Brasil, como em Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Bolívia e etc. Em sua grande maioria os templos tem uma estrutura menor que a do templo de Planaltina, chamado de Templo Mãe, devido ter sido aqui a origem de todo o sistema doutrinário trazido por Tia Neiva. O Vale do Amanhecer, com todos os seus templos, tem mais de 1 milhão de adeptos registrados e mais de 250 mil médiuns que participam ativamente de suas celebrações.
O Vale do Amanhecer é o segundo local que mais recebe visitantes do Distrito Federal, cerca de 1 milhão de visitantes por ano, segundo a Secretaria de Turismo do DF. Por isso da sua grande importância no cenário cultual da nossa cidade, além disso a sua grande relevância em prática religiosa por e ser uma religião nascida aqui na cidade e expandida pra todo Brasil e para o mundo. Por esse grande valor cultural é possível falar que por todas as práticas, celebrações, rituais, monumentos, templos, construções, estilo arquitetônico, roupas, linguagem, preces, modo de agir, acessórios, joias, valores éticos e visão do mundo, por tudo isso podemos dizer que o Vale do Amanhecer é único, consequentemente faz parte da vida e do cotidiano de todos os candangos. Por isso deve ser vista, celebrada e reconhecida como algo que traz muito orgulho devido ser aqui o Templo Mãe. O Vale do Amanhecer traz olhares para Planaltina, para a região e divulgar, preservar, difundir esse local único é o dever de todos os combatentes que defendem o patrimônio, seja ele material, ambiental e/ou imaterial, que é o Vale do Amanhecer.
O Parque Recreativo Sucupira, foi criado em 1996, por meio da Lei nº 1.318/96, sendo o primeiro Parque urbano na cidade, e ocupa uma área remanescente da Fazenda Sucupira, de onde foi inspirado o seu nome. No entanto, o Parque Sucupira somente foi parcialmente implantado em 2014, como resultado de ações de mobilização social na busca por mais qualidade ambiental na região. O Parque Ecológico Sucupira é composto por remanescentes de Cerrado e predominância de mata ciliar do Ribeirão Mes-
tre D’armas, do córrego Fumal e do córrego Buritizinhos. Situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio São Bartolomeu e possui várias fitofisionomias de Cerrado, onde o destaque é dado a matas riparias ao longo dos cursos d’agua, áreas de brejo, veredas e campos úmidos.
O parque tem como principal função, além da proteção desse ambiente natural, de ser um parque recreativo, que recebe muitas pessoas diariamente afim de praticar esportes em suas trilhas e caminhos como
também pessoas que só procuram um ambiente mais verde para passar seu tempo. Em nossa região existem nove Unidades de Conservação, a saber: Parque Sucupira, Parque Ecológico e Vivencial Cachoeira do Pipiripau, Parque Lagoa Joaquim Medeiros, Parque Ecológico dos Pequizeiros, Parque Ecológico do DER, Parque Ecológico e Vivencial do Retirinho, Parque Ecológico e Vivencial Estância, Parque Ambiental Colégio Agrícola e Parque de Uso Múltiplo Vale do Amanhecer.
Pracia do Museu é ponto de encontro de moradores de todas as idades, recebe diversos eventos culturais e abriga o Museu Histórico e Artístico de Planaltina, o Casarão Azul, o Hotel Casarão, o Casarão da Dona Morena - Casa dos Idosos, o Casarão da Dona Nilda, o antigo Colégio Franciscano Irmã Maria Assunta, bem como alguns bares e restaurantes. Além disso, o espaço da pracinha é considerado área de tutela do bem tombado que é o Museu, devendo portanto ser preservado.
Construído em estilo colonial rústico em 1905, o edifício que abriga o Museus Histórico e Artístico de Planaltina foi em princípio residência de Afonso Coelho
Silva Campos. Seu acervo é composto de mobiliário de época e em suas dependências são realizadas diversas atividades cultu-
rais, como exposições artísticas, saraus, teatro, sessões de cinema. O tombamento do edifício foi firmado pelo Decreto nº 6939 de 19 de agosto de 1982.
A Escola Agrotécnica de Brasília –atualmente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, Campus Planaltina – foi criada em 17 de fevereiro de 1959 e inaugurada em 21 de abril de 1962. foi transformada em Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina em 29 de dezembro de 2008. O Instituto Federal de Brasília é uma instituição pública que oferece cursos gratuitos, que vão desde o Ensino Técnico de Nível Médio até a Pós-graduação.
A área atual do Campus Planaltina foi transformada em Parque Ambiental, pela Lei Complementar nº 630, de 29 de julho de 2002. Como Parque Ambiental, dentre seus objetivos primordiais estão: a preservação e a recuperação da área de sua abrangência, o desenvolvimento de pesquisas sobre o ecossistema local e o desenvolvimento de atividades de educação e pesquisa ambiental.
Dona Negrinha tristemente pode-se lem brar do famigerado bota-abaixo, nome popularmente chamado das medidas hi gienistas de reformulação do centro do Rio de Janeiro. Dentre tais medidas destaca-se a destruição de antigas casas em estilo colonial, para a construção de casas mais modernas e principalmente para a abertura de avenidas.
Essas medidas implementadas no governo de Pereira Passos, no início do século XX, teve como ponto principal a reforma da urbana do centro do Rio de Janeiro. Tendo como propósito construir uma capital aos moldes das capitais europeias aos custos da sobrevivência de pessoas pobres e do seu antigo patrimônio cultural.
O bota-abaixo levou à demolição de casarões que serviam muitas vezes como cortiços no centro da cidade, onde moravam muitas família pobres e em sua maioria, negras. Desalojados, estas pessoas buscaram abrigos nas periferias e nos morros, enquanto o centro se tornava área nobre para ricos e brancos.
Como o já dizia o filósofo, a História se repete primeiro como tragédia segundo como farsa, aqui em Planaltina ocorreu da mesma forma, agora como farsa, salvo as devidas circunstancias e efeitos nefastos, a derrubada do Casarão da Dona Negrinha, é mais uma ato da tragédia grega que ocor-
tendo em vista os diversos atores canastrões que atuavam em disfarçar o crime que cometiam.
Por diversas vezes as autoridades responsáveis pela preservação, manutenção e fiscalização do patrimônio foram avisadas do risco iminente de colapso do antigo ca-
mentos e memórias foram por terra na manhã do dia 30 de setembro de 2020, levando consigo mais um pedaço da única cidade goiana mantida dentro do quadrilátero da nova capital, deixando uma marca que somada a outras tantas está fazendo a cidade perder sua identidade. O interessante foram
sarão, mas nada foi feito. Foram várias as tentativas que a FUP/UnB buscou para a compra do imóvel, mas as querelas fundiárias, ainda da época da desapropriação para a instalação do Distrito Federal, nunca resol-
os olhares dos transeuntes que coincidentemente estava casualmente passando e ao perceberem o que estava ocorrendo sacaram suas câmeras e filmaram todo espetáculo. A situação se agrava tendo em vista
que o Casarão ficava na área de tutela de tombamento do Museu Histórico e Artístico de Planaltina ou seja nada nesta área pode ser modificado sem a devida autorização dos órgãos competentes.
Toda esta história é digna de se tornar mais um capítulo de Fausto quando percebesse que nada foi por acaso, tudo estava miletricamente planejado, luzes, segurança pública, câmeras, celulares, ação, tratores, caminhões, venderam a alma por pura ganância. Perdemos mais um monumento que se tornara documento, abrimos mais um ferimento em nossa já combalida cidade, ferimento este que ainda sangra muito.
Hoje a AACHP permanece atenta e na luta diuturna para que outros patrimônios não sejam destruídos pela cobiça e ignorância daqueles que não percebem que progresso é também respeitar sua história, que desenvolvimento é também promover seus patrimônios, que modernidade é também manter seus monumentos. As denúncias de crimes contra o patrimônio de Planaltina agora focam principalmente para que a Casa de Câmara e Cadeia seja restaurada urgentemente ou mais uma parte do que somos desaparecerá e será lembrada apenas nas pinturas e fotografias penduradas em palácios governamentais ou placas instaladas em praças públicas em homenagem aos patrimônios derrubados.
O Patrimônio Cultural está diretamente relacionado aos habitantes de determinada localidade. Ele faz referência à memória, história e identidade dos diversos grupos sociais que passaram, vivem ou habitaram a cidade, o estado ou país. Trata-se de bens materiais ou imateriais que interligam gerações, possibilitam a fruição, contemplação, mistério, curiosidade, sentimentos. Daí a relevância de trabalhar por sua preservação.
Atualmente existem vários instrumentos oficiais de preservação/ salvaguarda do Patrimônio Cultural instituídos pelo Estado brasileiro, dentre eles o tombamento2 e o registro3. Mas sabemos que os governantes por si só não podem fazer tudo. Portanto, vamos fazer nossa parte! Segundo a Constituição Federal no artigo 216:
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. (BRASIL, 1988)
Assim, como determina a nossa Carta Magna, cabe a todo cidadão zelar pela preservação do Patrimônio Cultural ao qual está envolvido. Você já conheceu a história da cidade, bem como as várias faces do Patrimônio Planaltinense. Então, vamos colaborar com a sua manutenção para as futuras gerações?
• Fiscalizando as ações ou a inatividade governamental e denunciando os descaso e vandalismos relacionados aos patrimônios da comunidade;
• Conscientizando familiares e amigos sobre a necessidade de preservação do patrimônio;
• Valorizando e participando dos eventos relacionados ao patrimônio, oportunizando sua continuidade e dinamicidade.
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ABREU, Martha. O Império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830-1900. Editora Nova Fronteira: São Paulo; FAPESP: 1999.
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GDF - Governo do Distrito Federal Governador
Ibaneis Rocha
Vice-Governador
Paco Britto
Secretário de Cultura e Economia Criativa
Bartolomeu Rodrigues
Secretário-executivo
Carlos Alberto Júnior
Subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural Sol Montes
PROPONENTE:
OSC - AAMA - Associação Artística Mapati
Dazi Antunes - Presidenta da AAMA - Associação Artística Mapati
Marcos Martins - Vice-presidente da AAMA - Associação Artística Mapati
Yuri Soares - Vice-presidente da AAMA - Associação Artística Mapati
RH - Gestão global do projeto:
Ficha técnica projeto Territórios Culturais Etapa 2 de 2 Coordenação geral do projeto Territórios Culturais
Dayse Hansa
Diretora de produção
Tereza Padilha
Produção Executiva
Alessandra Carvalho
Produção Executiva
Mirela Dias
Secretaria do projeto
Carlos Magno
Assistente de produção
Daiane Rocha
Assessoria de imprensa
Rodrigo Machado / Lambada Comunicação / Isaac Guimarães
Ficha técnica do Mapeamento
Associação dos Amigos do Centro Histórico
Coordenação Geral/Administrativa Financeira
Simone Dos Santos Macedo
Pesquisador Patrimônio Material e Imaterial
Leonio Matos Gomes
Produtor/A Executivo/A
Leonio Matos Gomes
Assistente De Produção
Gabriel Luis Dos Santos Macedo
Diagramador Pesquisa - Brochura Pós Compilação
Eloisa de Moura Alves
Este mapeamento integra o corpo das ações do projeto Territórios Culturais – Etapa 2 – Termo de Fomento (MROSC) Nº 14/2021 - Processo Nº 0015000001134/2021-58
Realização:
AAMA - Associação Artística Mapati
Co-realização:
Território Associação dos Amigos do Centro Histórico
Fomento:
Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal