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Há 25 anos reescrevendo o código-fonte do mundo, a Campus Party está presente há 15 anos no Brasil e hoje faz parte da Gouvêa Ecosystem que completa seus 35 anos de mercado.
Especial NRA Show 2023: O avanço digital embalando Inovações no Burger King e IA no foodservice
Chiamulera
ClearSale O futuro virou presente: Economia circular e a
Pedro
fundador da
Éloi Assis Com Rogério de Moraes Barreira Presidente do McDonalds
(BR)
CONVIDADOS QUE JÁ VAREJARAM
GENTE: by Mercado&Consumo
Com Igor Freitas de Tecnologia da Zamp Karen Cavalcanti Sócia-diretora da Moisaclab
CONFIRA ALGUNS
COM A
A revista MERCADO&CONSUMO não se responsabiliza por conceitos emitidos por colunistas, entrevistados e anunciantes.
6 Nota da editora | Palavra do CEO
7 ARTIGO - Marcos Gouvêa de Souza
9 REPORTAGEM DE CAPA
Em entrevista à MERCADO&CONSUMO, Kate Ancketill, fundadora e CEO da consultoria britânica GDR, dá um panorama do comportamento de consumo das novas gerações
18 ECONOMIA
Com melhora da economia, consumidor volta a comprar, mas ainda focado em bens de menor valor
28 CENTROS COMERCIAIS
Shoppings, strip malls, outlets e espaços de conveniência passam a oferecer mais serviços e entretenimento
36 FUTURO DA ALIMENTAÇÃO
Tecnologia chega para transformar todas as pontas do mercado alimentar, de bares e restaurantes a supermercado
44 TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
DTC, ecossistemas, uso de IA e autoatendimento são algumas das práticas de fora que pegaram no varejo nacional
54 VAREJO DE VALOR
Em época de orçamento apertado, consumidor se rende a atacarejos, brechós e novas marcas
62 E-COMMERCE
Hiperconexão vai ditar as novas relações do consumidor em um mercado em recuperação
SUMÁRIO
EXPEDIENTE
72 EXPERIÊNCIA NO VAREJO
Flagships e lojas-conceito servem de inspiração para encantar o cliente
PUBLISHER
Marcos Gouvêa de Souza
CEO
Célio Martinez
REDAÇÃO
Editora-chefe:
Aiana Freitas
Jornalista Responsável MTB 30.802/SP
Editora-assistente:
80 FOODSERVICE
Bares e restaurantes investem em eficiência, produtividade, qualidade e inovação
88 HOMENAGEM
Gouvêa Ecosystem faz 35 anos como parte integrante do desenvolvimento do varejo no Brasil
96 PESQUISAS
Estudos inéditos ajudam a entender o comportamento do consumidor e a tomar decisões nos próximos meses
Larissa Féria
Gustavo Grohmann
Reportagem:
Aiana Freitas, Felipe Mario, Gabrielly Mendes, Gustavo Grohmann, Isis Brum, Larissa Féria e Márcia Rodrigues.
DIAGRAMAÇÃO E ARTE
Roberto Gobatto
MARKETING E OPERAÇÕES
Gerente de Marketing:
Patricia Biancamano
Gerente de Operações:
Marcela Pagano
Product Owner:
Pedro Silva
DEPARTAMENTO COMERCIAL
Gerente comercial:
Daniele Leon
Executivo de Negócios:
Josias Bastos
Assistente comercial:
Stella Alves
s transformações pelas quais o varejo e o consumo têm passado ocorrem de forma tão acelerada que é perigoso dizer que um produto tem a pretensão de reuni-las num só espaço. Esta edição impressa da MERCADO&CONSUMO , lançada durante o Latam Retail Show 2023, no entanto, tenta resumir o que tem sido debatido no Brasil e mundo afora com curadoria, aprofundamento, análise – marcas tradicionais desta que é, hoje, a plataforma de conteúdo mais consultada por líderes do País quando se fala nesses assuntos. Na entrevista exclusiva concedida à revista, Kate Ancketill, fundadora e CEO da consultoria britânica GDR, é possível perceber que as tendências que ela previu que fariam parte do dia a dia do varejo há alguns anos hoje estão na prática diária do setor. De quebra, ela traz insights sobre o que está por vir. Reportagens produzidas a partir de entrevistas com os maiores especialistas do Brasil em varejo e consumo lançam luz sobre o que tem dado certo fora do Brasil e,
Aacertadamente, replicado aqui, o impacto da Inteligência Artificial sobre a forma de se fazer negócios, as últimas novidades do e-commerce, o caminho que tem sido seguido por centros comerciais de todos os portes e o futuro do alimento consumido dentro e fora do lar. Sem deixar, claro, de se debruçar sobre os desafios econômicos, fatores com os quais os empresários brasileiros se acostumaram a conviver, mas que também exigem constantes reinvenções.
A MERCADO&CONSUMO também preparou dois guias: um com uma lista das lojas mais inovadoras da cidade e outro com os bares e restaurantes que, da mesma forma, precisam ser visitados. Seja para quem veio de fora acompanhar o LRS 2023, seja para quem mora na cidade, onde varejo e foodservice não cansam de se reinventar. Como costumamos dizer, tudo o que acontece no varejo e no consumo no Brasil e no mundo está na MERCADO&CONSUMO . Na revista, no site, nas redes sociais, no YouTube - seguindo um conceito muito difundido no próprio varejo, somos omnichannel . Estamos onde nosso leitor-ouvinte-espectador quer, na hora que ele quer e da forma que ele quer.
Bom proveito!
Aiana Freitas Editora-chefe
A retomada da Revista MERCADO&CONSUMO de forma phygital é parte da nossa estratégia de integrar canais, com o objetivo de ampliar a nossa autoridade no setor de varejo e consumo, o que mais emprega do País.
Fazer parte desse time faz toda a diferença. Processos integrados, visão de futuro, pessoas que buscam se desafiar a todo momento. É assim que atuamos, com muita dedicação e competência, levando a nossa paixão para todos os nossos pilares, conteúdo, inteligência de dados e relacionamento.
Boa leitura!
Célio Martinez , CEO
8 MERCADO&CONSUMO
Nota da Editora
Palavra do CEO
"Tudo está centrado no empoderamento e transformação do omniconsumidor-cidadão, que numa relação sinérgica de causa e efeito precipita as mudanças que ocorrem com o crescimento do varejo digital."
OPORTUNIDADES E AMEAÇAS PARA TODOS OS GOSTOS
Avolta da revista impressa MERCADO&CONSUMO integrada ao Latam Retail Show 2023 é repleta de simbolismos.
A começar por ser parte integrante da comemoração dos 35 anos do atual Ecossistema Gouvêa.
Nada melhor do que fazer o que melhor temos feito, que é contribuir para desenvolver e compartilhar conhecimento visando o desenvolvimento empresarial, profissional, estratégico e conceitual dos setores em que atuamos, como temos feito em todo esse período.
Também por registrar, complementar e expandir o que de melhor acontece no Latam Retail Show num ano especialmente marcante para o Brasil e na retomada do caminho dos negócios, superado o período atípico representado pela pandemia. O cenário global de alguma forma conspira a favor do Brasil, dadas as dificuldades e desafios
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_Por Marcos Gouvêa de Souza
Artigo
André Ribeiro
que a economia, a política e os conflitos geram no mundo. Mas as maiores oportunidades e as mais desafiadoras ameaças estão no ambiente interno pela conjugação das questões econômicas, sociais, políticas, ambientais, de mercado e mais aquelas geradas pelos processos envolvendo a metamorfose do varejo.
A ausência de um projeto para a nação no longo prazo nos expõe ao imediatismo das ações focadas nas próximas eleições e essa talvez seja a constante e maior ameaça, impedindo que o incrível acervo de fatores positivos que envolvem o Brasil no cenário global não seja capitalizado para construir um país mais desenvolvido e menos desigual no plano social, econômico e ambiental.
Mas as oportunidades e ameaças que são geradas pelos movimentos em transformação no varejo e no comércio, que representam os maiores geradores de emprego e renda formais no Brasil, são aquelas que nos desafiam pela possibilidade de identificar, comparar, medir, projetar, avaliar impactos e propor estratégias e caminhos para a transformação positiva desses setores, contribuindo para o desenvolvimento do próprio país.
O que temos assistido e participado de forma ativa nestes 35 anos nos setores de comércio, varejo e consumo, na realidade global e local, representa a maior e mais dramática transformação pela qual esses setores passaram ao longo de toda sua existência pela conjugação de fatores liderada pela disrupção gerada pela tecnologia e o digital.
E tudo está centrado no empoderamento e transformação do omniconsumidor-cidadão, que numa relação sinérgica de causa e efeito precipita as mudanças que ocorrem com o crescimento do varejo digital, o cross border global, a
transformação do antigo PDV no OmniPDX, a evolução das marcas próprias do varejo, o direto ao consumidor dos fornecedores de produtos, a incorporação de serviços e soluções para ampliar conexões e com todo o instrumental tecnológico acessível para melhoria da experiência, da eficiência e da produtividade.
Todo esse cenário tem levado a um processo quase irreversível de aumento de competitividade e pressão constante sobre a rentabilidade inerente ao maior acesso a todas essas alternativas por um número maior de negócios e empresas.
O que caracteriza esse ambiente de ameaças e oportunidades para todos os gostos e ambições.
De nosso lado, até como um viés existencial, preferimos encarar a realidade sempre com a perspectiva do copo meio cheio e continuamos nos movimentando para trazer contribuições cada vez mais significativas para o mercado e para nós, como Ecossistema, fazemos parte das soluções e não dos problemas.
Desenvolver e incorporar negócios, multiplicando competências e integrando o que e quem possa ajudar a construir o futuro é uma vocação e um compromisso que assumimos há 35 anos. Continuamos convictos de que é para isso que existimos.
Continuem conosco.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma MERCADO&CONSUMO.
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“Novas gerações preferem o varejo físico”
Kate Ancketill, fundadora e CEO da consultoria britânica GDR, uma das principais referências quando se fala em futuro do varejo, diz o que vem por aí _ Por Aiana Freitas
A automação está chegando com força no varejo. Os consumidores buscam novas formas de interação e querem muita personalização. Transparência e autenticidade importam mais do que nunca. É preciso unir os mundos digital e físico para criar não só pontos de venda, mas locais onde os consumidores possam ter uma experiência de marca positiva.
Essas tendências, que hoje guiam dez a cada dez varejistas, estão entre os insights que Kate Ancketill, fundadora e CEO da consultoria britânica GDR, destaca em palestras e eventos mundo afora.
Só que elas não foram descritas por Kate agora. Fazem parte do seu discurso há quase uma década, quando o risco de uma pandemia que obrigaria o fechamento das lojas não estava no radar de nenhuma instituição de saúde. Foram citadas e atualizadas por ela ano após ano em seus concorridos painéis na NRF Big Retail’s Show, um dos maiores eventos do setor no mundo, realizado sempre em janeiro em Nova York, nos Estados Unidos. A chegada da automação foi alertada por ela num longínquo ano de 2017. A onda phygital foi destacada em 2021.
REPORTAGEM DE CAPA Divulgação
Kate Ancketill prevê o futuro do varejo com base em muitas pesquisas e na experiência acumulada atendendo às maiores marcas de consumo do mundo. Ela é capaz de explicar com clareza tendências complexas, mudanças sociais ou tecnologias emergentes para praticamente qualquer pessoa. E, como se vê, acerta em quase tudo. Em entrevista à revista MERCADO&CONSUMO, a especialista, uma das palestrantes do Latam Retail Show 2023, maior evento B2B de varejo e consumo da América Latina, alerta que as novas gerações não terão acesso a tantas coisas quanto seus pais, e por isso vão comprar menos e de forma mais consciente. Elas se preocupam com questões ambientais, o que também impacta na compra. Mas esperam que tudo esteja disponível por meio de um aplicativo, com total integração em todos os canais.
É prudente saber o que Kate Ancketill tem a dizer.
M&C: Você diz que vivemos uma era de “fim da abundância”, que tem impacto direto no comportamento do consumidor. Como essa realidade impacta também a dinâmica da indústria e do varejo?
Kate Ancketill: Várias coisas aconteceram no mundo para que chegássemos a esta nova era em que estamos entrando, que é a era do “fim da abundância”. Existem questões geopolíticas, como a guerra da Ucrânia, que resultou na escassez mundial de semicondutores. Há o problema do clima, que obviamente afeta todo o mundomesmo países como os Estados Unidos, que têm as suas próprias fontes de energia, estão sofrendo cortes de energia significativos como resultado de
condições meteorológicas muito severas. E, claro, ainda existem os resquícios da covid-19, que levaram a crises de custo de vida e inflação elevada. Considerando-se todos esses problemas, esta é uma das primeiras gerações que esperam estar em situação menos favorável do que as gerações anteriores. Os pais estão em melhor situação do que os filhos, e isso não acontecia há muito tempo em grande parte do mundo.
Para o varejo, é preciso aceitar que muitas pessoas simplesmente não podem mais ter acesso a algumas coisas, mesmo que possam comprá-las. E, em muitos casos, elas não podem pagar tanto quanto antes. Portanto, é necessário que todos os varejistas e consumidores pensem em como ser mais frugais, em como fazer mais com menos.
M&C: Você também alerta para a “economia da dopamina”. Como esse conceito mudou ao longo do tempo?
Kate Ancketill: Durante muito tempo, sempre que havia crises econômicas, existia o chamado “efeito batom”: as pessoas compravam pequenos itens de luxo para se animar porque, caso contrário, elas ficavam infelizes. Agora temos oportunidades diferentes por causa da tecnologia. Vemos muito mais experiências no varejo para atrair as pessoas e animá-las, deixá-las felizes e liberar um pouco de dopamina.
Alguns locais usam telas enormes para fazer as pessoas viverem experiências sensoriais onde estão. É como entrar na internet, mas sem usar fone de ouvido. Existem locais como o Outernet, na Tottenham Court Road, em Londres, que têm telas digitais de alta tecnologia e muitas experiências. Você paga por uma hora para caminhar em
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"Muitas pessoas simplesmente não podem mais ter acesso a algumas coisas, mesmo que possam comprá-las. E, em muitos casos, elas não podem pagar tanto quanto antes. Portanto, é necessário que todos os varejistas e consumidores pensem em como ser mais frugais, em como fazer mais com menos."
DIVULGAÇÃO
versões digitais de florestas tropicais com som e cheiro. A experiência em Aya, em Dubai, é outro exemplo [O Aya é uma espécie de parque tecnológico repleto de experiências].
Mas também podem ser apenas experiências imersivas e multissensoriais que você faz com seus amigos, tira fotos e registra para a posteridade nas redes sociais, aumentando seu capital social. Esse tende a ser o tipo de versão moderna do “efeito batom”.
M&C: Você disse na NRF, já em 2021, que o varejo físico se tornaria o sistema de apoio ao
e-commerce. Você acha que as lojas estão assim agora?
Kate Ancketill: Acho que o varejo físico foi fundamentalmente desalavancado pelo digital. Na China, 50% das vendas são feitas pelo e-commerce. Claro que eles estão mais à frente do que todos os outros países no mundo – na Europa esse índice tende a ter cerca de 20% –, mas, essencialmente, as lojas físicas ficaram muito caras para operar. Os aluguéis estão em alta. Os impostos, as taxas, o custo de empregar pessoas, a capacidade de manter funcionários e de os formar neste conjunto de competências tecnológicas mais
MERCADO&CONSUMO 13
Aya, em Dubai
avançadas de que necessitam tornaram o varejo uma proposta mais difícil do que nunca no mundo físico. Além disso, como resultado da covid-19, muitas lojas físicas também não sobreviveram. As lojas precisam ser integradas com um depósito para entregas locais, com o sistema de clique e retire e com o drive-thru. Porque pequenas lojas de varejo, especialmente em áreas como moda, não são mais suficientes em comparação com a vasta escolha que existe online. É preciso integrar a prateleira infinita às pequenas lojas. Elas têm de ser um local onde as pessoas encontram o essencial, mas o varejo precisa ir muito além do que aquilo que pode ser fisicamente acomodado em uma pequena loja. Isso significa que você tem que integrá-la ao comércio eletrônico. E a loja também precisa ser conveniente e divertida e, se possível, minimizar a pegada ambiental das entregas de comércio eletrônico por meio de coi-
sas como centros de clique e retire e microcentros de distribuição.
M&C: O metaverso foi a palavra da moda em 2022 e agora só se fala em Inteligência Artificial. Como essas tecnologias estão impactando o varejo?
Kate Ancketill: O metaverso está no seu “inverno”. A tecnologia precisa se atualizar e por isso está sendo deixada de lado no momento, acredito até que corretamente. Já a Inteligência Artificial está mudando fundamentalmente a forma como fazemos varejo agora. Todo mundo está usando, todo mundo está experimentando, principalmente no backend, em especial no varejo de grande escala e com uma grande operação de comércio eletrônico. Pode ser usada para escrever descrições de produtos, contar histórias e responder aos clientes, o que reduz enormemente
MERCADO&CONSUMO
"As pequenas lojas de varejo, especialmente em áreas como moda, não são mais suficientes em comparação com a vasta escolha que existe online. O varejo precisa ir muito além do que aquilo que pode ser fisicamente acomodado em uma pequena loja."
Aya, em Dubai
os custos de backend. E, claro, também está sendo usada para otimizar operações, para dizer ao dono do restaurante quantos camarões ele provavelmente precisará em uma terça-feira na hora do almoço nesta época do ano, dependendo do clima e dos jogos de futebol e de tudo mais que está acontecendo. Isso ajuda as operações em termos da compra da quantidade certa de alimentos, de garantir o número certo de pessoal etc. É extremamente útil para cortar custos e, portanto, melhorar as margens, o que está claro que precisamos fazer porque, como mencionei, o custo do varejo físico tornou-se, em muitos casos, insustentável, a menos que você seja extremamente eficiente. A IA ainda tem um longo caminho a percorrer. Estamos nos estágios iniciais, mas já está se mostrando extremamente útil para eliminar as coisas chatas que os humanos realmente não querem fazer.
M&C: Você já falou sobre as mudanças climáticas, mas o que você acha dos temas mais amplos do ESG? Você realmente acha que eles impactam o comportamento do consumidor?
Kate Ancketill: As gerações mais jovens definitivamente se preocupam muito com o meio ambiente e não querem trabalhar com marcas que não cumprem abertamente as suas obrigações de melhorar as suas credenciais ambientais. Vimos algumas marcas serem prejudicadas por cometerem erros ou fazerem greenwashing e serem descobertas. Portanto, existe definitivamente um perigo para uma marca se não melhorar a sua pegada de sustentabilidade ambiental.
Nossas pesquisas
mostram que a geração X [entre 1965 e 1981] se importa com isso, mas não tanto. Os baby boomers [nascidos entre 1945 e 1964] também se importam, mas não tanto. A geração millennial [nascidos entre 1982 e 1994] realmente se importa. E as gerações Z e alpha [nascidos entre 1995 e 2010 e após 2010, respectivamente] realmente se importam. Elas querem comprar de marcas que mostram que se importam, tanto do ponto de vista ambiental, quanto do ponto de vista da inclusão social.
No entanto, tendo dito isso, é claro que também existem grupos com rendimentos mais elevados com mais vantagens do que grupos com rendimentos mais baixos. Os jovens normalmente têm menos dinheiro, e, assim, ainda vemos empresas que têm uma reputação ambiental muito questionável tendo um bom desempenho entre eles porque são baratas. Portanto, o que as pessoas dizem que farão e o que realmente farão na privacidade da sua própria casa, diante da crise do custo de vida, são duas coisas muito diferentes. Infelizmente, a realidade
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"Os jovens têm ética, mas não têm necessariamente o conhecimento para compreender as implicações de suas ações ao fazerem essas compras de produtos muito baratos, geralmente de fabricação chinesa. E isso é uma preocupação."
é que, para atrair as pessoas para uma opção ambientalmente melhor, é preciso que o produto tenha o mesmo preço ou seja mais barato do que a versão alternativa. Esse é o desafio fundamental do varejo. Os jovens têm ética, mas não têm necessariamente o conhecimento para compreender as implicações de suas ações ao fazerem essas compras de produtos muito baratos, ge-
ralmente de fabricação chinesa. E isso é uma preocupação. Nos países mais ricos, com grupos de rendimentos elevados, há uma compreensão muito mais avançada das implicações de cada compra que fazemos. Algumas pessoas estão optando por ter cartões de crédito que medem a pegada de carbono de cada compra que você faz e corta seu limite após um
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"A boa notícia é que a geração alpha prefere o varejo físico em comparação com a geração anterior. Ela gosta do analógico, quer estar no mundo real com pessoas reais. Sair, estar em espaços físicos, acho que tudo isso durará definitivamente até a próxima geração – pessoalmente, acho que para sempre."
determinado valor ser ultrapassado. Esta é uma atividade minoritária entre as pessoas basicamente ricas da classe média do Norte da Europa. Lentamente, estamos nos movendo na direção certa. Infelizmente para o planeta, suspeito que seja muito lentamente.
M&C: Ainda sobre os mais jovens, o que mais eles querem? Quais são os hábitos que eles têm e que não costumávamos ter?
Kate Ancketill: Acho que eles estão mais interessados no acesso do que na propriedade. Como mencionei, eles não serão necessariamente tão ricos quanto seus pais, então não necessariamente possuirão tantas coisas. Podem não ser capazes de pagar as suas próprias casas, talvez vivam de aluguel para o resto da vida, podem não ter tanto espaço quanto as gerações anteriores. Então, possuir todas as suas coisas não é realmente uma opção; é melhor alugar, usar o streaming, assinar. Carros, por exemplo. Os jovens não esperam necessariamente ter um. Eles se juntarão a um clube e pegarão emprestado para usar quando for necessário. Isso exige novos tipos de financiamento, novas formas de seguro, compras em grupo e novas maneiras de fazer as coisas que não significam necessariamente cada pessoa ter itens caros para uso individual.
Atingimos em muitos países uma espécie de “pico” e não precisamos de mais coisas.
Preferimos ter experiências e gastar nosso dinheiro melhorando nosso capital cultural,
que depois compartilhamos com o mundo nas redes sociais, mostrando-nos escalando montanhas, andando de skate ou correndo por aí, em vez de comprar relógios.
Acho que esses hábitos estão aqui para ficar. As gerações jovens nasceram como nativas digitais e esperam que tudo esteja disponível por meio de um aplicativo com total integração em todos os canais. Pesquisas mostram que os alphas estão mais preocupados com a sua privacidade online. Portanto, eles podem ter uma pegada menor em termos de programação pessoal de informações que compartilham, estão mais conscientes das questões de privacidade. E ainda assim, é claro, eles viverão online e consumirão online. A maior parte de seu entretenimento será por meio das redes sociais e do YouTube.
Acho que a boa notícia é que a geração alpha prefere o varejo físico em comparação com a geração anterior. Ela gosta do analógico, quer estar no mundo real com pessoas reais. Sair, estar em espaços físicos, acho que tudo isso durará defini-
MERCADO&CONSUMO 17
Outernet, em Londres
MERCADO&CONSUMO Outernet, em Londres
tivamente até a próxima geração – pessoalmente, acho que para sempre.
M&C: Falando em futuro, quais serão as consequências no longo prazo da pandemia no varejo e nos negócios em geral?
Kate Ancketill: Como mencionei antes, aumentou a velocidade de desalavancagem do varejo físico e de sua substituição pelo comércio eletrônico. Qualquer coisa que não estivesse ou não pudesse ficar online muito rapidamente obviamente não gerarva dinheiro durante o lockdown. Portanto, isso acelerou a confusão pela qual todos temos passado nos últimos 20 anos para melhorar a capacidade online de alternar entre canais físicos e digitais, conforme necessário. Coisas como o clique e retire foram aprimoradas e se tornaram
fáceis para que todos possam acessá-las, incluindo idosos que não são nativos digitais, por exemplo.
Mas também acho que, no geral, isso eliminou os vulneráveis. Muitas empresas não sobreviveram, principalmente as que tinham vulnerabilidades estruturais e econômicas. O que a covid-19 fez foi sacudir essa árvore para que o que sobrou fosse mais robusto e implantasse tecnologias modernas para garantir que fosse rentável e eficiente. O backend operacional foi melhorado para dar resiliência para futuras paralisações potenciais ou outras pandemias. Isso diminuiu o patrimônio físico, provavelmente de forma permanente. Esperamos que o que sobreviveu seja melhor e mais adequado ao cliente moderno.
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Segmentos resilientes do varejo, como farmácias, alimentação, higiene e beleza, vêm se destacando _ Por Márcia Rodrigues
O consumidor brasileiro está voltando a comprar, ainda que com cautela, e vem animando o varejo, que espera um segundo semestre mais promissor. A constatação é do Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) pela PiniOn, que registrou a alta do otimismo da população em relação à economia durante três meses seguidos.
Em agosto, o indicador chegou a 103 pontos, mostrando aumentos de 1,0% e 13,2%, em relação a julho e na comparação com o mesmo mês de 2022, respectivamente.
Essa melhora na confiança ainda não refletiu nas vendas de segmentos de itens de maior
valor, carro ou casa. Mas a porcentagem de pessoas que têm intenção de comprar bens duráveis, tais como geladeira e fogão, aumentou. Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, da ACSP, esses dados mostram a resiliência da população com a retomada da economia, a política monetária – início da queda de juros – e o aquecimento do mercado de trabalho. “Não é um aumento absurdo [de confiança], mas podemos sentir que o consumidor está mais confiante. O fato é que estamos observando aumento na ocupação do emprego e na renda.”
Gamboa afirma que a expectativa da ACSP é de que as vendas do varejo comecem a se recu-
ECONOMIA
MERCADO&CONSUMO
Consumidor está otimista, mas compras ainda não atingem produtos de alto valor
perar a partir do terceiro trimestre, fechando o ano com crescimento de 1,7%.
Outra pesquisa, da fintech Trigg, aponta que 71,94% dos brasileiros querem comprar mais no segundo semestre do que compraram no primeiro. A mostra também constatou que 17,85% ainda não sabem se vão às compras e apenas 10,22% querem comprar menos.
ITENS BÁSICOS CONCENTRAM COMPRAS
De acordo com o levantamento, gastos com alimentação, saúde, eletroeletrônicos, educação e viagem são os principais planos dos brasileiros para o segundo semestre.
Quando questionados sobre preferências, 36,59% dos entrevistados responderam que vão priorizar a compra de itens com valores acessíveis e promoções.
Segundo o economista da ACSP, as vendas atualmente estão concentradas em itens mais básicos, de primeira necessidade, como alimentação (destaque para o crescimento das vendas nos atacarejos), farmácia e combustíveis, e assim devem permanecer no segundo semestre.
“Durante o isolamento social, observamos o aumento na demanda por smartphone e notebook. Porém, o home office não é mais uma regra e esses produtos têm durabilidade alta, o que vem refletindo nas vendas.”
SETORES RESILIENTES
Rodrigo Catani, head da Gouvêa Consulting, diz que não dá para falar da recuperação do varejo como um todo.
“Estamos vivendo um cenário de juros muito altos, apesar da última queda, o que impacta muito no desempenho do varejo, principal-
mente nas compras mais planejadas: eletrodoméstico, eletroeletrônicos etc., diz.
O fim do crédito parcelado sem juros, em discussão pelo governo, pode afetar o consumo, uma vez que essa é uma das ferramentas mais utilizadas pelo varejo brasileiro para impulsionar as vendas, pois permite que o consumidor realize compras sem comprometer o orçamento familiar no curto prazo.
Catani destaca que setores resilientes – farmácias, alimentação, higiene e beleza – estão em alta. Os dois últimos, inclusive, ganharam destaque no e-commerce. Já o setor de material de construção, que precisa de estímulo e financiamento, continua sofrendo. A moda também está enfrentando dificuldades por causa do cenário atípico de temperatura. “Fica difícil planejar as coleções com a mudança brusca de temperatura.”
O consultor acredita que o varejo terá um semestre ainda desafiador, porém melhor do que o início do ano. “O segundo semestre será menos otimista do que o que esperamos, mas será melhor do que o primeiro. Haverá crescimento, mas com um percentual menor.”
POPULAÇÃO JÁ COMEÇA A SENTIR DEFLAÇÃO NOS ALIMENTOS
Para Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio-SP, a queda na inflação dos alimentos, registrada em julho – último levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – já vem sendo sentida pela população. No período, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, apontou queda de 0,46% no grupo alimentação, principalmente nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), que já haviam recuado em junho (-1,07%).
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MERCADO&CONSUMO
“A maioria dos cortes de carne já está mais barata. Também é possível sentir a queda no preço do óleo de soja, que tem grande peso na cesta básica do brasileiro, assim como no do feijão. Esse movimento começou em junho e seguiu em julho e agosto. Tudo isso reflete na confiança do consumidor”, explica Dietze. A recuperação, no entanto, não deve ser assimétrica, segundo Dietze. “Não são todos os segmentos que estão registrando crescimento nas vendas, no Brasil como um todo. Os ganhos estão concentrados nas farmácias e supermercados. Todo o poder de compra que o brasileiro vem conseguindo vem sendo revertido para esses setores. Material de construção, móveis e decoração, por exemplo, estão vendendo menos do que em 2022.”
Vemos mais empregos sendo gerados, o que dá mais segurança para gastar”, sinaliza.
Dietze acredita, porém, que o ciclo de recuperação será mais forte no primeiro semestre de 2024, com o reajuste do salário mínimo, o corte de juros maior e os efeitos da inflação mais controlados.
Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio-SP
VENDAS MELHORES QUE EM 2022
Daniel Sakamoto, gerente-executivo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), diz que, de forma geral, o que se vê em 2023 é que as vendas do varejo nas datas comemorativas têm sido melhores do que no ano passado.
Dietze pontua que o setor de combustível, apesar de registrar queda no faturamento em relação a 2022, não encolheu no volume comercializado. O que se viu foi a queda nos preços da gasolina e do etanol etc, o que, consequentemente, afetou o faturamento.
Assim como o economista da ACSP, ele acredita que o crescimento das vendas no segundo semestre deve privilegiar setores diretamente ligados ao dia a dia do consumidor: supermercados e farmácias.
“De maneira geral, a expectativa para o varejo no segundo semestre é positiva. Temos inflação e juros em queda, o que permite ganho de poder de compra para o brasileiro.
Ele diz que tanto o varejo restrito – bens não-duráveis e semiduráveis – quanto o varejo ampliado – como supermercados, combustíveis e móveis e eletrodomésticos – estão melhores do que no mesmo semestre no ano passado.
De acordo com os últimos dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do varejo chegou a junho em patamar 3% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 4,8% acima da pré-pandemia.
“O desempenho do setor de vestuário e calçados, no entanto, ainda preocupa. Houve queda de quase 10%. Atribuímos isso à concorrência de marketplace internacionais”, afirma.
Para se ter uma ideia, as importações de produtos chineses de até US$ 50, que são isentos
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"O ciclo de recuperação será mais forte no primeiro semestre de 2024, com o reajuste do salário mínimo, o corte de juros maior e os efeitos da inflação mais controlados."
do Imposto de Importação, cresceram 38% em 2023, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Já a carga tributária efetiva incidente sobre produtos vendidos no Brasil varia de 67,95% a 142,98%, dependendo do segmento.
Para Sakamoto, o varejo brasileiro tem de se preocupar com a qualificação da mão de obra e os elementos da transformação digital. “O varejo tem muita concorrência e a transformação digital está vindo rápido. Quem não se preocupar, ficará para trás.”
Outro ponto de atenção, segundo ele, é a experiência do consumidor. “E ela não está vinculada a um item específico. Uma loja limpa, cheirosa, iluminada e com atendente simpático gera mais impacto do que uma loja toda tecnológica, fria e sem a preocupação com o consumidor.”
Gamboa, da ACSP, acredita que os itens mais caros acabam tendo desvantagens em relação às lembrancinhas. Porém, espera-se crescimento de vendas no Natal deste ano, em relação a 2022.
VENDAS NO VAREJO RESTRITO EFETIVAS E PROJETADAS
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Acumulado em 12 meses. De Março de 2007 - Dezembro 2023 - Fonte: ACSP
“Sabemos que a retomada do varejo não será rápida e as vendas não serão espetaculares, considerando o endividamento das famílias e o fato de a queda dos juros ser lenta e não chegar à ponta tão rapidamente, mas há otimismo.”
Segundo ele, parte do 13º salário deve ir para o pagamento de dívidas e parte para o consumo de itens.
VAREJO TRADICIONAL AVANÇA NO MUNDO DIGITAL
Fabio Aloi, sócio-diretor da consultoria Friedman, diz que a digitalização do varejo, acelerada durante a pandemia, vem se fortalecendo. Segundo ele, varejistas tradicionais avançaram em suas avenidas de crescimento digitais e nativos digitais estão migrando para o varejo tradicional.
“Um número surpreendentemente baixo de varejistas tradicionais sofreu sérios problemas de falência. Mas muitos mais ganharam um segundo fôlego utilizando a velocidade dos nativos digitais para ampliar seus recursos omnichannel e adotar formas de trabalho mais ágeis para fortalecer vendas e lucros.”
De acordo com Aloi, enquanto varejistas tradicionais estão investindo em tecnologia e inovação, nativos digitais buscam as competências clássicas dos varejistas tradicionais por meio de aquisições ou abrindo lojas físicas.
“As condições de concorrência atingiram um certo grau de equidade, e os varejistas convergentes enfrentam hoje o desafio do conhecimento quase holístico de seus clientes. Não bastam mais estudos de potencial de mercado, ou preferências no site, mas sim como seu cliente se diverte, compra, reutiliza e conserta seus produtos com o objetivo da hiper perso-
nalização.”
Para ele, “o futuro apresenta grandes oportunidades, e o momento exige que executivos mexam as peças desse grande quebra-cabeças da convergência e, com decisões estratégicas certas, criem cada vez mais valor para o futuro.”
DESAFIOS DO SEGUNDO SEMESTRE
De acordo com Aloi, manter-se competitivo é o principal desafio a ser endereçado neste segundo semestre.
“Como crescer sem aumentar a alavancagem? Como gerar caixa e competir num mercado altamente desafiador e competitivo? Conhecer seu cliente com profundidade pode ser um caminho para se relacionar melhor, gerar taxas de fidelidade e recompras mais robustas, que possam sustentar um crescimento orgânico forte.”
Segundo ele, “considerando o cenário de alta competitividade, somado a todos os problemas que as pesquisas mostram sobre a falta de engajamento das pessoas com seus trabalhos e as crescentes taxas de infelicidade com as lideranças”, o processo de desenvolvimento de pessoas passa a ser uma jornada, um organismo vivo, e não mais técnicas prontas que padronizarão as pessoas.
“O momento e o futuro próximo nos mostram que as empresas precisam criar mecanismos de medições de cultura, felicidade, saúde mental e engajamento e conectar esses pilares às métricas e necessidades de cada negócio. Uma grande oportunidade, um grande desafio, uma grande montanha a escalar.”
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MUDANÇAS NO MERCADO DE SHOPPING CENTERS NO BRASIL TRAZEM NOVA RELEVÂNCIA ÀS ADMINISTRADORAS
INDEPENDENTES
As recentes consolidações do setor de shoppings e as demandas de eficiência e de adaptação ao novo normal do período pós-covid resultaram num cenário desafiador na gestão destes empreendimentos. A profissionalização cada vez maior do setor é um caminho sem volta.
Neste cenário, as administradoras independentes ganham relevância, mostrando-se eficazes para empreendimentos fora das grandes corporações.
Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o País possui hoje 628 shoppings espalhados por todas as suas regiões, dos quais cerca de um terço pertencem a grandes companhias especializadas. Os outros dois terços são shoppings independentes. Nestes últimos casos, os desafios de mercado podem ser ainda maiores.
O executivo André Ryfer, sócio-diretor da administradora independente Soul Malls, conversou com a MERCADO&CONSUMO sobre o tema. Ryfer atua no ramo há 27 anos, prestando serviços para companhias de diversos portes, de grupos familiares a grandes fundos imobiliários.
M&C: Quais foram as principais transformações ocorridas no seguimento de shoppings no Brasil ao longo dos últimos anos?
André Ryfer: A primeira é a revolução digital, que tem trazido novas ferramentas de comunicação e acesso a produtos e serviços e impactado os hábitos de consumo dos clientes, suas formas de se relacionar entre si e com empresas e marcas. Em segundo lugar, está o aumento do número de shoppings, ao mesmo tempo em que enfrentamos um cenário econômico adverso entre 2015 e 2018 e, na sequência, a covid-19, o que criou um ambiente ainda mais competitivo. Por último, destaco a evolução dos padrões de gestão e governança corporativa exigidos pelo mercado, que impôs aos shoppings uma nova postura de administração.
Ilha Plaza Shopping, Rio de Janeiro
Conteúdo MERCADO&CONSUMO Media Labs
M&C: Quais são os fatores que influenciam no sucesso dos shoppings?
André Ryfer: Sempre dissemos que o principal fator de sucesso de um shopping é sua localização. Isso ainda é verdade, mas apenas a localização não é suficiente para garantir o sucesso. Três fatores são fundamentais: criar uma proposta de valor única para o shopping, que o destaque da concorrência; aplicar metodologia de gestão profissional com foco em eficiência e qualidade; e criar relações de confiança com lojistas e fornecedores em prol da estratégia e valorização do empreendimento.
a modernização das melhores práticas de gestão. Esta é a dinâmica que buscamos aplicar nos shoppings administrados pela Soul Malls.
uma estrutura completa de áreas e com aplicação intensiva de processos e metodologia especializadas de gestão. Este é o papel de uma administradora independente: levar a qualquer shopping a possibilidade de ter acesso às melhores práticas de gestão e relevância mercadológica.
M&C: Neste cenário, quais shoppings têm vantagens?
André Ryfer: Quando se fala em gestão, têm vantagem aqueles com administração profissional e atualizada com as novas demandas. O desafio é montar uma estrutura que concentre todas as áreas de atuação especializada para esse tipo de gestão: operações, jurídico, backoffice, marketing, planejamento, TI, entre outras, e que se consiga acompanhar e aplicar
M&C: Qual o papel das administradoras independentes neste cenário?
André Ryfer: Quando fundamos a Soul Malls, eu e meus três sócios vimos a oportunidade de criar uma administradora com estrutura de gestão com profissionais de primeira linha – muitos deles oriundos das maiores empresas do Brasil – que pudesse atender a shoppings independentes. Focamos numa proposta de valor que oferece uma atuação individualizada para cada ativo com
MERCADO&CONSUMO
Mercado de Produtores do Uptown Barra, Rio de Janeiro
André Ryfer, sóciodiretor da Soul Malls
Centros ComerCiais: de templos de compras a espaços de entretenimento e experiências
Para atender às demandas urgentes do consumidor, empreendimentos apostam em serviços como o conserto de roupa, dentista, cursos de línguas e cabeleireiro _Por Larissa Féria
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CENTROS COMERCIAIS
Poucos setores viveram transformações tão intensas em seu modelo de negócio quanto os centros comerciais, que deixaram de ser apenas destinos de compras e tornaram-se espaços multifuncionais, com foco em serviços, entretenimento e experiências.
Essa transformação foi acelerada na pandemia, com o crescimento do comércio eletrônico e do trabalho híbrido. À medida que mais pessoas passaram a trabalhar de casa, a demanda por comodidades como restaurantes, cafés, academias e coworking aumentou e levou os centros comerciais a se adaptarem, criando espaços que atendam a essas necessidades.
Nos shopping centers, são cada vez mais comuns alamedas de serviços que atendam demandas
urgentes do consumidor, como conserto de roupa e de aparelho eletrônico, dentista, cursos de línguas, cabeleireiro, manicure, entre outros. “Esses serviços fazem com que o consumidor frequente o shopping mais assiduamente”, afirma Luis Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).
Silva explica que, além do comportamento do consumidor, essa mudança ocorreu para suprir o aumento da vacância na pandemia, que passou de uma média de 4% para 12%.
A diversificação no mix de operações tem como âncora principal a gastronomia. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 21% dos frequentadores vão aos sho-
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Quintalzinho do Ban, Shopping Parque das Bandeiras
ppings por conta da alimentação.
“A gastronomia virou uma nova ancoragem. As operações de alimentação, não apenas de fast-food, têm se multiplicado dentro dos shopping centers. E não ficam mais só concentradas em uma alameda”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls.
Nos empreendimentos administrados pela Ancar Ivanhoe, dois pilares vêm se destacando nos últimos meses: a gastronomia e o bem-estar.
“A gastronomia em 2023 já representa 20% do total das vendas. Esse é um dado muito relevante por mostrar, na prática, que a venda é a consequência de experiências únicas. O bem-estar vem ganhando cada vez mais relevância neste ano, mês a mês, com um crescimento de 20% na comparação com 2022. Isso demonstra uma atenção maior dos clientes com a saúde, cuidados pessoais e, principalmente, um tempo de qualidade para se distrair e recompor as energias”, afirma Evandro Ferrer, CEO da Ancar.
Outro segmento que tem crescido nos centros de compras é o de entretenimento, que não se resume apenas ao cinema e ao parque. Está havendo uma diversificação de formatos, tanto em termos de eventos, quanto de instalações fixas e operações pagas.
“Construir lugares agradáveis dentro dos shopping centers para garantir experiências atraentes e convenientes é algo que a gente chama de placemaking. Isso vai desde ter parques para crianças e food halls até fazer eventos de entretenimento.
Basicamente, é criar espaços, não apenas atrações, para que as pessoas possam ficar, passar tempo e se sentirem acolhidas. A compra acaba acontecendo como uma consequência disso tudo”, destaca Marinho.
Com 27 empreendimentos em seu portfólio, 17 como sócia e 10 sob sua gestão, a Ancar tem investido, nos últimos três anos, em espaços proprietários, realização de shows, eventos de gastronomia e exposições culturais.
“Começamos a desenvolver áreas que remetessem
à extensão da casa e, principalmente, nas quais os clientes se sentissem parte integrante dos shoppings. O intuito é proporcionar experiências inovadoras, que gerem conexões e construam memórias afetivas”, diz o CEO da Ancar. Os projetos, explica, levam em conta as particularidades de cada shopping. Como exemplos de espaços placemaking, Ferrer cita o Jardim Urbano, no Shopping Conjunto Nacional, em Brasília (DF), que conta com um ambiente multiuso de convivência, incluindo um espaço colaborativo e criativo, e o Quintal do Ban, no Shopping Parque das Bandeiras, em Campinas (SP), com cenários para fotos, pet park e play kids.
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Evandro Ferrer, CEO da Ancar
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EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR
Além de oferecer espaços atraentes e inovadores, os shopping centers têm usado a tecnologia para melhorar a experiência do consumidor. As inovações vão desde mapas virtuais que usam geolocalização para indicar as lojas até aplicativos que permitem o acesso direto ao estacionamento.
O projeto Shopping 5.0, da Ancar, por exemplo, facilita a comunicação entre o lojista e o consumidor por meio de dois aplicativos integrados. Através do Hub do Lojista, as marcas podem cadastrar ofertas e realizar promoções e comunicações que são disponibilizadas automaticamente no aplicativo do consumidor.
Com a ajuda do CRM e dos dados, os empreendimentos vão evoluir para um modelo que conecta quem quer comprar com quem quer vender, gerando valor para lojistas, anunciantes e consumidores.
“A tecnologia não é o fim. Ela é o meio e existe para melhorar a experiência do consumidor. O mais importante é a tecnologia utilizada para monitorar o comportamento do consumidor para que ele receba ofertas que sejam relevantes e, consequentemente, aumente as vendas das lojas”, afirma Marinho.
Entre os desafios do investimento em tecnologia, está o de atrair um público mais jovem de consumidores, como os millennials e a Geração Z [de pessoas nascidas entre 1982 e 1994 e entre 1995 e 2010, respectivamente].
“Os jovens gostam de shopping centers. Os e a geração Z utilizam os shoppings como lugares de encontro. No futuro, vamos ver os shoppings investindo em espaços virtuais, com presença no metaverso e games, para se conectar com esse consumidor “, afirma Marinho.
CriadoreZ, que tem como foco a formação de laços e de relacionamento com essa geração por meio de projeto de cocriação com esses jovens.
A integração entre o físico e o digital nos centros de compras provocou uma mudança de comportamento do consumidor, que hoje vai aos shoppings já com a compra decidida. Com isso, o tempo médio de permanência, que ficava de 1h20 a 1h30 antes da pandemia, caiu para algo entre 30 e 40 minutos.
“O comércio eletrônico evoluiu demais. O consumidor pesquisa antes de ir ao shopping. Ele já vai com a compra definida ou só para retirar o produ-
Pensando nessa aproximação, a Ancar Ivanhoe começou a rodar no Shopping Nova Iguaçu, na cidade de mesmo nome, no Rio de Janeiro, o projeto
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Quintalzinho do Ban, Shopping Parque das Bandeiras
to”, comenta Ildefonso da Silva, da Alshop. Já na pandemia, os shoppings se adaptaram com a criação de e-commerce e cerca de 70% dos lojistas estão no comércio eletrônico. As mídias sociais são outro importante canal de comunicação com o consumidor. “As mídias sociais são fundamentais para criar uma relação entre o cliente e o shopping. Por exemplo: o consumidor que quer comprar uma blusa começa a busca pelo marketplace. O shopping fica ciente e oferece mais alternativas pelas redes sociais. Isso aumenta o leque de ofertas”, afirma Silva.
Segundo Marinho, as empresas que não se adaptaram a essas mudanças na velocidade necessária
estão reduzindo sua presença nos shoppings. Para David J. Contis, fundador do Agora Advisors Inc. e ex-presidente da Simon Property Group Malls Platform, embora as operações dos shoppings no Brasil e na América do Sul contem com menos opções de modelos do que nos Estados Unidos, o fato de serem mais baseadas no entretenimento, serviços, estilo de vida e saúde é uma vantagem.
Contis acredita que as marcas nativas digitais vão continuar abrindo lojas nos shoppings. “Estar online já não é suficiente. Os consumidores querem ter alternativa em relação a como farão suas compras”, diz.
Outra tendência, segundo ele, é que as lojas de departamento serão menos importantes. E as que sobrarem terão de ser muito criativas. No Brasil, Contis crê na consolidação do setor. “A tendência é a consolidação do setor. Em vez de vários shoppings espalhados, teremos alguns estrategicamente posicionados no mercado.”
ESPAÇOS MULTIUSOS
Não são apenas os shoppings que apostam em espaços multiusos, com mix variado de lojas. Unidade de negócios do Grupo Carrefour Brasil, com mais de 300 galerias comerciais em 20 Estados e 200 municípios, o Carrefour Property busca proporcionar conveniência, opções de serviços, lazer e entretenimento aos clientes de seus empreendimentos.
Um exemplo é o Paseo Alto das Nações, empreendimento multiuso com um hipermercado Carrefour na zona sul de São Paulo (SP), uma torre mista, com salas de escritórios e moradias, e um centro comercial voltado para conveniência e gastronomia. No mix de lojas, Bio Ritmo, Cobasi, Boticário, Cacau Show e Drogaria Carrefour, além de uma praça de alimentação com restau-
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Liliane Dutra, CEO do Carrefour Property
rantes como Outback, Saje e Frutaria.
“Um dos destaques desse projeto é a praça de convivência de 32 mil², acessível ao público, proporcionando um ambiente de lazer e entretenimento. Além disso, o empreendimento está estrategicamente ligado à estação de trem Granja Julieta, tornando-o facilmente acessível para os moradores da região”, afirma Liliane Dutra, CEO do Carrefour Property.
Proprietário do Atacadão e Sam’s Club, o Carrefour quer aproveitar esse diferencial para explorar as áreas de vendas e o tráfego de clientes, apostando na sinergia dos empreendimentos.
“Temos mais de 50 projetos imobiliários para serem lançados com foco no cliente. Um dos projetos mais recentes são as lojas combos que envolvem nossas unidades de negócios. A ideia é ter uma loja Sam’s Club junto com uma unidade Atacadão ou Hiper Carrefour”, diz Liliane.
Empresa que administra 29 centros de conveniência com a rede ComVem, a HBR Realty também busca oferecer um mix de serviços, com produtos e gastronomia, que tenham sinergia com o entorno da loja. “A proximidade com o consumidor em locais de grande circulação e em um momento de compra totalmente diferente de um shopping é importante para alavancar as vendas e se destacar numa localização estratégica”, afirma Luiz Henrique Rodrigues Costa, CEO da HBR Realty.
Costa destaca que, para atender ao consumidor que busca facilidades em seu dia a dia, o perfil de lojas da ComVem é formado por 50% de marcas locais e 50% de marcas conhecidas de mercado, de grandes redes. “Cada vez mais o consumidor busca por facilidades que proporcionem comodidade ao seu dia a dia. Por esse motivo, o modelo de conveniência ganha forte apelo.”
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ComVem Joaquim Antunes
Com 35 empreendimentos em andamento, a ComVem quer mais do que dobrar a rede em operação até o fim de 2025, passando dos atuais 29 para 64 unidades.
FALTA DE CULTURA
Um mercado que ainda tem bastante espaço para avançar no Brasil é o de outlet. O maior desafio ainda é a falta de cultura entre os varejistas. Diferentemente dos Estados Unidos, em que grande parte dos estoques das marcas é produzida para os outlets, no Brasil ainda prevalece a ideia de que outlets se destinam apenas a produtos "sobras".
“Ainda não temos essa cultura, mas já temos alguns varejistas brasileiros investindo em marcas próprias para outlets. Temos um conjunto de consumidores que gostam muito desse conceito de marcas por preços acessíveis”, analisa Marinho, da Gouvêa Malls.
Apesar de o segmento de outlets estar evoluindo em ritmo menor do que o de outros centros de compra, Marinho acredita que esse modelo deve crescer no País, pois é uma estratégia importante para o varejo.
“O Brasil já possui um público consumidor ávido por produtos de marcas de qualidade a preços acessíveis. Os outlets têm evoluído no Brasil no sentido de agregar mais alimentação e entretenimento, na mesma linha que os shoppings têm feito. É interessante que eles não estão se posicionando no Brasil apenas como centros de compras de produtos de marcas mais baratas, mas também como lugares agradáveis e atraentes para os consumidores”, afirma Marinho.
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Paseo Alto das Nações
FUTURO DA ALIMENTAÇÃO
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O "futuro" do alimento já é realidade
Antes distante, a tecnologia chegou para transformar todas as pontas do mercado alimentar _Por Gustavo Grohmann
Em seus inúmeros aspectos e setores, o mundo evolui cada vez mais rápido, praticamente obrigando quem tiver interesse em se manter conectado e atualizado a evoluir também. A sociedade parece já ter entendido muito bem esse frenesi e, mais do que aceitado a necessidade de movimentação, comprado e assimilado a ideia a valer.
É claro que, pensando nos últimos anos, a pandemia acabou por acelerar muita coisa, principalmente no que diz respeito ao digital, mas ela está longe de ser a responsável por essa constante mudança em nosso dia a dia. Basta olhar um pouco para trás, consultando ou não alguns livros de história, e perceber o quão inquieto o ser humano realmente é. Se o mundo, a sociedade, o varejo, o consumo e as pessoas estão mudando, não poderia ser diferente com o mercado alimentar.
Apesar do avanço da tecnologia em suas mais diferentes vertentes estar encabeçando as tendências do setor alimentar, assim como em várias outras áreas da sociedade, o momento também é de foco
total no cliente, esteja ele onde estiver. E de não deixar de lado o principal diferencial que temos: o “ser” humano.
O FUTURO CHEGOU
Durante algum tempo olhamos para determinados avanços tecnológicos no mercado alimentar, na operação ou nos produtos, como algo que seria alcançado, mas que estava lá na frente. Pois bem, não está mais. Porque muito daquilo outrora tão distante, como a Inteligência Artificial, por exemplo, já é realidade. Inclusive em grande escala.
“A IA tem um potencial de ajudar muito a evolução do mundo em várias áreas. No mercado de alimentos não é diferente. Mas ela precisa ser sistematicamente treinada para que consiga acumular informações adequadas”, revela Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice. “Resumindo, temos inteligência e eficiência para negócios e para os humanos”, garante.
Máquinas recebendo as pessoas nos restaurantes,
servindo, preparando coquetéis, cozinhando, levando e lavando a louça. Uma realidade pensada para o “restaurante do amanhã”, mas já utilizada no “restaurante do hoje”. “Vamos ter que tomar os devidos cuidados para que não haja abuso. O impacto, não só para bares e restaurantes, mas para toda a sociedade, vai ser um forte ganho de produtividade. Seja na área de gestão, seja na área de análise de comportamento dos clientes”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
O executivo entende que a tecnologia tende a tornar o mercado alimentar mais produtivo como um todo. “O setor precisa de um choque de produtividade. Nós produzimos hoje um quarto do que o americano produz por hora. No entanto, na última década, enquanto o americano subiu seus preços acima da inflação média dos EUA, aqui no Brasil nós subimos abaixo. Isso significa que tivemos ganhos de produtividade que nos permitiram isso. Esses ganhos de produtividade estão muito ligados ao avanço tecnológico e à automação. Precisamos ser mais produtivos. Usar mais a tecnologia para que encontremos um equilíbrio entre oferta de empregos e mão-de-obra”, garante Solmucci.
OMNICANALIDADE E A EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR
O avanço tecnológico não pede apenas ao mercado uma adequação em seus processos e pilares ao desenvolvimento que chegou e que vai continuar chegando. Ele também transforma a relação entre as pontas, com o consumidor ansiando por um caminho diferente do antes apresentado e o mercado tendo que entender e propor esta nova trilha. Principalmente com a mudança no comportamento das pessoas no pós-pandemia.
“Temos que entender que o consumidor, durante a pandemia, conheceu novas possibilidades em termos de consumo. Poder utilizar o delivery no horário do almoço e durante a tarde, poden-
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do comprar refeições e pagar por elas dentro de aplicativos mediante cadastro e obtendo vantagens ao fornecer dados pessoais. Os canais digitais cresceram mais de 100% entre 2019 e 2022, e totalizaram mais de R$ 30 bilhões gastos pelo consumidor entre julho de 2022 e julho de 2023. Um resultado 250% maior do que no mesmo período em 2019”, revela Eduardo Bueno, coordenador de projetos na Mosaiclab, lembrando das últimas pesquisas Crest, realizadas pela Mosaiclab em parceria com a Circana.
E, diferentemente do que muita gente previu, o aumento do digital não acabou com o físico. Longe disso. Bares, restaurantes, supermercados e estabelecimentos no geral têm o desafio de se adaptar e encontrar o equilíbrio da omnicanalidade na busca por atender aos anseios do consumidor, seja onde for. Estando onde ele estiver.
“Temos que disponibilizar o que o cliente deseja, na hora que ele deseja, onde ele deseja e quando
ele deseja. O conceito de ominicalidade mostra como podemos atingir este objetivo. O mesmo cliente pode em um momento estar em casa e utilizar um canal via app de delivery parceiro ou via app próprio dos restaurantes. Em um outro momento consumir diretamente no canal ‘restaurante’, que pode ser direto no balcão ou por um totem de autoatendimento. Devemos estar onde os clientes estão. Isto é fundamental na busca por crescimento”, garante Luiz Marcelo Correia, head do comitê Footech/Digital da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).
Para Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o próprio movimento do mercado tem mostrado que a tendência é que digital e físico vivam em harmonia e sejam complementares. “O volume de lojas tem se expandido no pós-pandemia. Isso ratifica o entendimento de que a experiência de compra, o retorno às lojas físicas e a interação
1 0 a n o s d e m e r c a d o 1 4 0 . 0 0 0 m ² d e A B L 1 0 s h o p p i n g s + d e 1 2 0 0 l o j i s t a s p a r c e i r o s G e s t ã o d e A t i v o s G e r a ç ã o d e R e s u l t a d o s Av. Raja Gabáglia, 1400 - Belo Horizonte/MG Acesse nosso site Conheça todos os empreendimentos da carteira GSA www.gsaativos.com.br
social continuam sendo centrais na vida do ser humano”, revela o executivo.
Com essa mistura de canais, o foco na experiência do consumidor passa a ser mandatório, uma vez que para o físico agora não basta apenas vender, assim como para o digital não basta apenas ser prático e rápido. O consumidor atual pede mais. Pede encantamento. Pede personalização. Mas pede também que antes de qualquer coisa façam o chamado “básico bem-feito”. E muito bem-feito.
“O básico se sofisticou. Saltou do ‘bem-feito’ para o ‘perfeito’. Os consumidores são cada vez mais exigentes. Com o tempo para atendimento, com os canais de acesso ao foodservice, com a qualidade, com a percepção de valor e com responsabilidade social, ambiental e corporativa integrada a cada mordida do seu produto”, alerta a CEO da Gouvêa Foodservice, Cristina Souza.
SEM PERDER A ESSÊNCIA
Apesar de cada vez mais e mais rápido a tecnologia avançar e alcançar a sociedade, uma coisa é certa: manter a humanização em todos os campos ainda é fundamental para o bom funcionamento das engrenagens.
“Temos um mantra no nosso setor: gente sempre vai querer ser cuidada por gente. Então quem não
entender que a experiência, que o lado humano, é um fator que justifica o cliente pagar mais por uma bebida, por uma comida, do que pagaria em casa, comprando no supermercado, certamente terá problemas”, prevê o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, que considera o cuidado importante também do balcão para dentro. “A humanização não está só na relação cliente-estabelecimento. Ela também está cada vez mais forte no time. Um time azeitado, harmonizado, que valoriza o humano, certamente entregará resultados melhores do que os que assim não se comportarem”, garante.
Mesmo com as facilidades proporcionadas pela tecnologia em nosso dia a dia, muitas vezes até nos isolando de certo modo, no fim do dia o ser humano se importa demais com as relações construídas. “Somos seres afetivos. Precisamos de toque, conexão, atenção e carinho. São esses elementos que ativam nosso cérebro e nos geram sentimentos positivos como prazer e felicidade. Você pode abrir mão de parte disso em um ou outro momento do seu dia, mas no final precisamos disso para manter nossa saúde mental”, revela Cristina Souza.
Para o head do comitê Footech/Digital da ANR, mais uma vez o equilíbrio se mostra essencial no momento que vivemos. “A tecnologia vem para
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agregar na jornada de compra dos clientes. Existe, sim, a preocupação, mesmo quando falamos de executarmos atendimentos por plataformas, em termos o lado humanizado e amigável com fácil entendimento e navegação. Os clientes estão cada vez mais usando tecnologias em seu dia a dia, sendo que muitos desejam executar compras utilizando estas tecnologias. Os restaurantes precisam se adaptar, mas sempre com o foco no cliente”, afirma Luiz Marcelo Correia.
No final das contas, o mercado alimentar, assim como todas as outras áreas da sociedade, vem passando por uma adaptação em um forte e rápido momento de desenvolvimento tecnológico, seja na operação, seja no relacionamento com o seu consumidor. E o mais importante de tudo é entender que aquilo que era antes considerado futuro já está aqui, bem à nossa porta.
“A maior mudança é que os hábitos do consumidor foram dinamizados. Ele não é mais uma única persona durante sua jornada diária. Ele muda seu comportamento de consumo de alimentos confor-
me o contexto. Acredito que a próxima evolução está na combinação perfeita entre qualidade do alimento, tecnologia e relacionamento. O consumidor vai exigir que esse tripé seja sempre equilibrado e que tenha cada vez mais impacto social”, afirma a CEO da Gouvêa Foodservice.
LOJAS AUTÔNOMAS
Com o avanço cada vez maior da tecnologia, a operação de um estabelecimento pode ser impactada e modificada de acordo com as necessidades e ideias da marca. Não à toa temos visto um “boom” de mercadinhos autônomos, principalmente em condomínios de prédios ou de casas.
“O setor supermercadista avança e expressa a nossa estrutura social. Ele é uma expressão de como a sociedade no geral se organiza. Quando olhamos para as lojas autônomas, observamos que é uma tendência que veio para ficar. Mas não são uma ameaça às lojas tradicionais. As redes médias e grandes já têm adotado lojas autônomas, é um processo gradual. Vai crescendo aos poucos e avançando conforme as alterações sociais. Sem
dúvida teremos ao longo dos próximos anos um crescimento deste tipo de loja”, revela Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas.
ticket médio inferior ao de bares, por exemplo. Ou seja, é um canal que atende diferentes necessidades e ocasiões de consumo no dia a dia do
CONVENIÊNCIA
Quem também voltou a ganhar espaço foi o mercado de proximidade, conhecido também como mercado de bairro. Ele reforça o atual momento em que o consumidor valoriza demais a conveniência. “Esse conceito oferece não apenas produtos para abastecer a casa dos consumidores em um momento de ‘emergência’, mas também provê pequenas refeições prontas e de rápido acesso, fortalecendo momentos de snacking, mas também surgindo como alternativa ao café da manhã. Pode atender momentos de indulgência também, como o momento do happy hour, ao oferecer um
consumidor, seja no aspecto de abastecimento doméstico, seja no aspecto do foodservice”, revela Eduardo Bueno, da Mosaiclab.
Para além da conveniência, os mercados de bairro também acabam atendendo certas demandas do novo consumidor. As famílias estão cada vez menores, então compras mais de uma vez por semana fazem mais sentido. Estão morando em lugares menores também, então falta espaço para armazenar grandes quantidades. E sem falar na pressão da renda, que acaba obrigando parte da população a comprar apenas o essencial.
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Unidade da rede Oxxo
COMIDA DO “FUTURO”
Se a tecnologia pode transformar a operação dos estabelecimentos, ela também pode fazer o mesmo com os produtos, industrializados ou fresquinhos, preparados para o consumo imediato. O chamado plant based chegou para atender a um consumidor específico, mas acabou ampliando o leque. “O plant based não se resume aos produtos que mimetizam a carne. Ele também inclui ovos e lácteos. E esses dois últimos participam de forma ampla da composição de inúmeros alimentos frequentemente consumidos mundo afora. Confeitarias e padarias com produtos veganos começam a surgir”, revela Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice.
A “carne de laboratório” também está virando realidade. Após separar e expandir a célula da proteína da carne, empresas estão imprimindo alimentos com a ajuda de impressoras 3D. O tema virou até competição da Campus Party, evento de experiência tecnológica que ocorre em algumas cidades do País.
“A ideia que tivemos foi fazer algo disruptivo. Resolvemos lançar uma competição gastronômica de alimentos bio-impressos a partir de impressoras 3D: o ‘Printer Chef’. A disputa foi um sucesso. Vamos continuar quebrando a cabeça para entender como continuaremos trazendo revoluções gastronômicas que ajudarão cada vez mais as pessoas a terem uma alimentação saudável. E quem sabe em breve tenhamos veganos e vegetarianos comendo carne de maneira saudável, sem precisar fazer o abate animal e enriquecendo cada vez mais o corpo humano com nutrientes que façam bem”, afirma Tonico Novaes, CEO da Campus Party e da Gouvêa Experience.
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Projeto Printer Chef
07 tendências do varejo internacional que “pegaram” no Brasil
Momento traz consumidor no centro de tudo e “boom” de novas tecnologias _Por Gabrielly Mendes
O consumidor passou por diversas transformações ao longo dos últimos anos. A pandemia acelerou sua digitalização e, naquele momento, o varejo iniciou uma corrida contra o tempo para se adequar às medidas de uma realidade que surgia quase da noite para o dia. Três anos depois, o varejo é moldado pelo comportamento de seu consumidor e apresenta tendências que acompanham as novas tecnologias e demandas da sociedade.
As lojas físicas abandonaram seu propósito puramente transacional e se transformaram em hubs de conexão entre marcas e pessoas. Responsável por uma fatia cada vez maior dos índices de compras, o varejo digital evolui a passos largos e se apresenta em diferentes formatos. Na esteira
dessa evolução, a Inteligência Artificial irrompe setores como uma ferramenta de otimização de processos e se torna aliada da jornada do consumidor.
A criação de novas tecnologias possibilitou que as varejistas estejam cada vez mais próximas de seu público-alvo e criem serviços e ações personalizadas para cada perfil. Com as empresas indo além de seu business core, o processo de formação de ecossistemas acelerou no País, viabilizando o surgimento de gigantes no mercado. A nova realidade traz consigo um novo varejo, cheio de desafios e adaptações, e, com ele, inúmeras tendências são criadas e remodeladas para acompanhar o novo consumidor.
TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS MERCADO&CONSUMO
01 CUSTOMER CENTRICITY
As estratégias centradas no consumidor são uma das tendências do mercado atual. Atento ao cenário econômico e disposto a pesquisar em múltiplos canais, o consumidor aumentou o número de marcas que consome, e capturar sua atenção em meio ao crescente número de opções é um desafio para as companhias. De acordo com o Consumer Insights 2023, estudo produzido pela Kantar, 55% dos brasileiros visitaram de cinco a sete canais de compras no primeiro trimestre do ano.
O modelo de negócio é essencial para a sobrevivência de empresas em meio ao crescimento do consumo influenciado por redes sociais e ferramentas de vídeos. A estratégia exige que o cliente seja o ponto focal de todas as decisões relacionadas à entrega de produtos, serviços e experiências para criar satisfação, fidelidade e defesa do cliente.
“Quanto mais você entender o seu consumidor e criar estratégias a partir dele, maior a chance de ele ser fidelizado. O consumidor atual tem um poder de escolha muito maior. Resta ao varejo evidenciar ainda mais a relevância de seus produtos e serviços”, afirma o sócio-diretor da Gouvêa Consulting Jean Paul Rebetez.
O executivo explica que iniciativas voltadas para os colaboradores também são essenciais para a jornada de compra do consumidor.
“A indústria não pensava em ter um processo de venda agradável para os vendedores, mas o que se vê agora é a criação de embaixadores. Elas estão realizando uma série de ações para empoderar e engajar os colaboradores, que se tornam fãs da marca. Um fã vende com muito mais emoção e verdade do que uma pessoa pouco engajada”, explica.
Informações da edição de 2022 do estudo “O Consumidor do Amanhã”, realizado pela Mo-
sailab, apontam que 58% dos consumidores passaram a pesquisar mais antes de comprar um produto ou contratar um serviço. A valorização da experiência de compra também foi citada por 23%.
As estratégias centradas no consumidor exigem que os varejistas possuam um profundo conhecimento das características, comportamentos e anseios dos clientes. Por isso, uma das funções das novas lojas físicas é a captura de informações de quem passa pelo espaço.
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02 LOJAS FÍSICAS COMO CANAIS DE EXPERIÊNCIA E MÍDIA
A diminuição das lojas físicas com objetivos puramente transacionais está acontecendo a passos largos. Mais do que serem simples PDVs, cada vez mais espaços são inaugurados com múltiplas finalidades. O fenômeno foi batizado de PDX: a loja, mais do que um ponto de venda, torna-se ponto de tudo.
O modelo propõe a transformação da loja convencional em um destino que proporcione experiências que vão além do simples ato de consumir. “Esses novos espaços são quase hubs de negócios porque passam a ser vistos como centrais de lazer e lifestyle. É muito mais do que vender um produto”, afirma Jean Paul Rebetez.
Considerados como alternativas aos canais digitais, os novos modelos são criados para consumidores que desejam estar imersos no mundo da marca e valorizam jornadas de compras fluidas e personalizadas. Kate Ancketill, CEO da GDR Creative, aponta a necessidade de experiências e conexões ao enfatizar que as empresas bem-sucedidas vão proporcionar experiências com injeções diretas de dopamina no cérebro do consumidor.
“Manter lojas apenas para vendas não é mais tão vantajoso. Utilizá-las como centros de distribuição, laboratórios de produtos e pontos de conexão com o consumidor é uma evolução natural”, explica Rebetez.
Ainda pouco difundido no Brasil, o conceito de retail media, que consiste em anúncios feitos nos canais de venda dos varejistas com base nas informações que eles têm dos consumidores, está mudando o varejo mundo afora. Estima-se que a prática seja responsável por quase US$ 75 bilhões em lucros nos próximos cinco anos e cresça
25% ao ano, segundo estudo feito pelo BGC e pelo Google.
A Nordstrom, rede de lojas de departamentos de luxo americana, conta com o Nordstrom Media Network, uma plataforma de publicidade que permite às marcas compartilharem suas histórias com os clientes. As campanhas podem ser veiculadas em sites, aplicativos e telas dispostas nos pontos de venda da empresa, dona das bandeiras Nordstrom e Nordstrom Rack.
No ano passado, o Carrefour e o grupo de publicidade Publicis criaram uma joint venture para explorar negócios no segmento de retail media . A varejista é dona de 51% do empreendimento, que atua na Europa Continental, na Argentina e no Brasil.
De olho na tendência, lançou ainda a plataforma de anúncios digitais Carrefour Links em 2021. Mais de 300 marcas anunciam na plataforma e aproveitam os dados dos 80 milhões de consumidores da empresa.
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MERCADO&CONSUMO
CRESCIMENTO DE ECOSSISTEMAS
O mercado vem observando o nascimento de grandes ecossistemas. O modelo de negócio se apresenta como um vínculo entre empresas com serviços e produtos adjacentes ao seu core business, e que proporciona experiências unificadas aos seus clientes.
O conceito vem ganhando força no Brasil e no mundo. O Magazine Luiza é considerado um dos grandes cases do Brasil, uma vez que sua capilaridade vai além do segmento de móveis e eletrônicos. A varejista atua em áreas que vão de moda e beleza, com marcas como Netshoes, a delivery de comida, com o AiQFome. Sua fintech ainda permite que clientes do Magalu façam compras, depósitos, transferências, pagamentos, saques, e tenham acesso a serviços como recarga de celular e de vale-transporte.
In Hsieh, especialista em inovação, e-commerce e
startups em tecnologia de Brasil e China, afirma que a pandemia e as novas tecnologias aceleraram o crescimento dessa modalidade. “A percepção que se tem é que ninguém sobrevive isolado. Quando pensamos em inovação, as empresas pensam em seu próprio quadrado, mas uma ação individual não é o suficiente para que toda a cadeia evolua. Se a empresa que estiver na etapa seguinte não mudar, os processos continuam os mesmos”, afirma.
Fundado em 1999 pelo então professor de inglês Jack Ma, o conglomerado Alibaba é responsável por grandes players como AliExpress, Taobao, Cainiao, Tmall, Baidu e Lazada. A gigante chinesa anunciou recentemente que irá se dividir em seis unidades de negócios. In Hsieh explica que ecossistemas chineses como o próprio Alibaba e a Tencent são exemplos globais de uma economia voltada ao consumidor e, por isso, colecionam milhões de clientes em todo o mundo.
“O ecossistema customer centric é a melhor das distinções. A criação de um vínculo entre empresas que não priorizam seu público final será mais um amontoado de serviços. Ecossistemas chineses fazem parte de todo o processo: estão presentes durante a transação, no conteúdo, nos meios de pagamento e na logística. Eles são tudo na jornada do consumidor”, enfatiza.
O BOOM DAS
TECNOLOGIAS IA NO VAREJO
Nos últimos meses, o nome ChatGPT se tornou mundialmente famoso. Presente em notícias e redes sociais, a ferramenta viralizou em razão de seu potencial de extrair sentido de perguntas realizadas pelos usuários e responder de maneira complexa uma infinidade de assuntos.
Diferentemente de um chatbot convencional, a ferramenta criada pelo laboratório de Inteligên-
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cia Artificial OpenAI utiliza um modelo de deep learning (aprendizagem profunda) e um algoritmo baseado em redes neurais para estabelecer conversas com usuários a partir de um imenso volume de dados.
A chegada do ChatGPT acendeu os holofotes para o potencial que a Inteligência Artificial teria para o mercado e o varejo vem implementando algumas de suas funcionalidades.
Dono das marcas Farm, Animale e Hering, o Grupo Soma utiliza a Inteligência Artificial para sugerir adaptações nas peças de acordo com as tendências de vendas, como as estampas best-sellers, e aumentar o resultado de SEO, de forma a otimizar as buscas dos clientes e, logo, expandir as taxas de conversão.
As recomendações da Inteligência Artificial proporcionam um retorno valioso para a equipe de estilo, facilitando decisões mais precisas e ágeis, tornando todo o processo de produção mais eficiente e econômico.
No Grupo Boticário, a Inteligência Artificial (IA) faz parte de toda a cadeia de produção da companhia, estando presente em processos como a automação de testes no laboratório, previsão de demanda e escolha de localizações para novas lojas.
A Coca-Cola e o Spotify também estão na lista
de empresas que estão usando ferramentas de Inteligência Artificial generativa em seus negócios. Elas são capazes de fornecer insights e informações dos clientes, avaliar produtos com base no desempenho em tempo real, detectar fraudes, controlar estoques e outras funcionalidades capazes de auxiliar negócios de todos os setores.
“A IA vai ser cada vez mais associada ao data analytics, sendo responsável pelo processo de decisão das empresas e direcionamento estratégico do varejo. No campo da biometria, será capaz de identificar consumidores e seus perfis de consumo. Lojas como Amazon Go e Amazon Fresh já utilizam esse tipo de tecnologia no exterior”, explica Carlos Carvalho, CEO da Truppe!.
FERRAMENTAS DE AUTOATENDIMENTO
Familiar para o consumidor do exterior, os serviços de autoatendimento em lojas e restaurantes se multiplicaram no Brasil durante a pandemia e agora são os queridinhos de quem busca conveniência, agilidade e autonomia em seu cotidiano. A tecnologia permite que estabelecimentos otimizem o fluxo de atendimento, reduzam custos e tenham um espaço omnichannel para atender consumidores digitalizados e analógicos.
“O setor de fast-food está entre os melhores cases de adoção do autoatendimento no Brasil, mas evoluções em interfaces e integração com Inteligência Artificial abrem oportunidades para a exploração de novos caminhos”, afirma Tiago Cabral, Chief Sales Officer (CSO) da TecToy, empresa nacional de eletroeletrônicos que tem apostado fortemente em totens. Um estudo apresentado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) sobre o setor supermercadista aponta que 49% dos entrevistados já utilizaram o serviço de self checkout e que, para
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85%, as principais razões para o uso deste tipo de serviço são a agilidade e a rapidez do processo de conclusão da compra.
Dentro desse modelo de conveniência, os minimercados autônomos se multiplicaram pelo País. A rede de lojas autônomas Zaitt, a retailtech Minha Quitandinha e o market4u, rede de minimercados, são apenas alguns exemplos. Até a rede Minuto Pão de Açúcar apostou nesse modelo, com uma loja na Paulista.
“Os padrões de consumo mudaram com as novas tecnologias e provocaram mudanças na forma como os consumidores se relacionam com as marcas e o que esperam delas. O consumidor 4.0 é digital e está aberto a tecnologias que contribuam com a sua experiência”, explica Patrícia Bordignon Rodrigues, diretora de Marketing e Canais da Benkyou.
DIRECT-TOCONSUMER
Caracterizando as transações realizadas diretamente ao consumidor final, o modelo Direct-to-Consumer (“direto para o consumidor”, em tradução livre) integra a lista das principais tendências do mercado.
Com as portas de pontos de vendas físicos fechadas durante o lockdown, as empresas foram obrigadas a acelerar sua digitalização e se voltarem para plataformas digitais para sobreviverem
à crise que transformou a sociedade. Diante desse cenário, a indústria passou a vender seus próprios produtos e serviços e se conectar diretamente com seu público-alvo.
Jean Paul Rebetez vê o momento como a segunda onda do Direct-to-Consumer e uma opção à fragilidade de um varejo que ainda se recupera da pandemia. “A indústria fica mais ágil e sabe exatamente o que seu cliente deseja. Sem intermediadores, testar produtos e repensar rotas é muito mais fácil”, afirma.
O executivo explica ainda que assumir a narrativa do seu próprio storytelling por meio de canais digitais e lojas físicas próprias com experiências
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é importante para amplificar sua presença no mercado. “As marcas perceberam que são as melhores vendendo os seus produtos e passaram a investir no físico e no digital para oferecer a melhor experiência de compra para os seus clientes – que também desejam se conectar com o que consomem.”
LIVE COMMERCE
Presente no cotidiano asiático, o live commerce é uma tendência cada vez mais replicada no Brasil entre empresas B2C e B2B. O conceito é simples: durante as transmissões ao vivo, produtos e serviços são apresentados aos clientes por profissionais especializados ou influenciadores. Enquanto a live acontece, os consumidores podem interagir em tempo real com o apresentador e também realizar compras dentro do aplicativo.
A modalidade surgiu com a promessa de possibilitar a interação entre os seguidores da marca, influenciadores e empresas por meio de vendas e divulgações imersivas. Difundido durante a pandemia entre lives de artistas e famosos, o live commerce pode ser visto como estratégia de atração para diversos varejistas.
Grandes redes como Pernambucanas, Casas Bahia e Magalu passaram a usar esse canal para se comunicar com clientes e atrair consumidores, com promoções exclusivas.
A indústria também tem usado esse formato para estreitar relação com os varejistas. É o caso da Mondelēz que, em dezembro de 2022, fez uma transmissão para auxiliar pequenos e médios negócios com ofertas e informações sobre tendências do mercado, além de oferecer dicas sobre os lançamentos de produtos da empresa.
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GSA ATIVOS COMPLETA 10 ANOS COM PLANOS DE EXPANSÃO
E SUPERLANÇAMENTOS
Há uma década no mercado, a GSA Ativos, empresa sediada em Minas Gerais, comemora sua trajetória de êxito na concepção, desenvolvimento e gestão de empreendimentos comerciais, com anúncios de expansão e dois superlançamentos.
O Complexo Pátio Belvedere ocupará uma área total de 5.411 m² no bairro Belvedere, região nobre de Belo Horizonte. Cerca de 80% do empreendimento estarão disponíveis para locação. Serão 49 lojas ao todo, divididas em três unidades. Dessas, uma já está em operação.
A região concentra a maior renda per capita de BH, variando de R$ 8 mil a mais de R$ 29 mil. Segura, arborizada e com moderna infraes-
trutura, foi o lugar ideal para abrigar o complexo.
O Pátio Belvedere I foi inaugurado com espaço para seis lojas, das quais três estão ocupadas. Buscando impactar positivamente o entorno com seu modelo de negócios, firmou parceria com a Associação de Moradores do Bairro Belvedere (AMBB) que, juntos, adotaram a Praça Arquiteto Ney Werneck com área de brinquedos para as crianças.
O centro comercial também oferece um exclusivo serviço de valet parking para garantir aos clientes a comodidade de chegar e partir sem preocupações com estacionamento, permitindo um acesso fluido e conveniente.
O outro grande investimento da empresa na capital mineira é o SIM Barreiro, um power center que será construído em um terreno de 24,5 mil m² na rodovia que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
De acordo com o projeto, serão 226 vagas para veículos, área para compras, autoposto, acesso seguro para pedestres, ciclovia e entrada separada para veículos de carga e descarga. O power center é um centro comercial de grandes operações, com espaços de locação de 3 mil m² a 4 mil m², para que os varejistas atendam para além da região onde se estabelecem.
Para acompanhar os movimentos de expansão, a empresa abriu um escri-
Projeto SIM Barreiro
Conteúdo MERCADO&CONSUMO Media Labs
tório nos Jardins, em São Paulo, com foco na captação de novos clientes para Belo Horizonte. Além disso, investiu na criação de uma aceleradora de startups, a GSA Tec.
Quem é a empresa
A GSA Ativos nasceu em 2013 com o propósito de fazer a gestão dos ativos adquiridos pelos clientes do Grupo EPO, que atua há 31 anos no mercado imobiliário mineiro. Em março de 2021, a empresa se tornou independente com a missão de oferecer soluções inteligentes, integradas e seguras para o setor de ativos imobiliários.
Atualmente, gere e administra dez malls, sendo um deles um power center. São mais de 15 prédios com finalidade corporativa, educacional e clínica médica
“Além disso, temos mais de 1.200 lojistas ativos no nosso portfólio, mais de 140 mil m² de área bruta locável e oito novos projetos no pipeline de vendas”, pontua Eduardo Luiz, sócio-diretor da GSA Ativos.
No último ano, a empresa fez uma série de investimentos
em práticas de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) em seus negócios e criou um comitê para definição das práticas. As ações são auditadas e as métricas, analisadas trimestralmente para mensurar as iniciativas que funcionam, as que precisam ser repensadas e quais os projetos requerem mais esforços.
MERCADO&CONSUMO
Patio Belvedere
Felipe Bacelar e Eduardo Luiz
MERCADO&CONSUMO VAREJO DE VALOR
Deborah Secco, sócia da Peça Rara
Varejo de valor ganha espaço em períodos de crise
Compras no atacado, brechós e recommerce ajudam a reduzir gastos no orçamento doméstico _Por Márcia Rodrigues
Seja para reduzir o impacto no orçamento doméstico, seja com o foco na sustentabilidade, reuso ou redução de consumo, o varejo de valor está cada vez mais presente na vida do brasileiro. Esse conceito, mundialmente conhecido em períodos de crise, é a forma que a população encontra para sobreviver de acordo com a sua realidade no momento.
Segundo Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem, principalmente no setor de alimentação, a busca por canais mais baratos é uma realidade. O impacto da inflação no orçamento familiar foi maior e as famílias precisaram repensar o seu consumo para sobreviver.
De janeiro a junho de 2023, enquanto a inflação nos alimentos chegava a 45%, a inflação geral cresceu 25% e a renda do brasileiro, 24%.
“Mesmo com a renda próxima da inflação geral, a
alimentação dentro do lar ficou muito mais cara, e as famílias brasileiras tiveram que reorganizar o seu orçamento para acomodar esse aumento de custo”, diz.
Em média, as famílias brasileiras gastavam 13% do seu orçamento em alimentos em janeiro de 2020 e, em junho de 2023, o percentual subiu para 16%.
“Quando você tem um movimento de aumento tão grande, numa linha tão importante, as famílias passam a realocar outras linhas do seu orçamento para alimentação e, obviamente, a buscar alternativas de canais, produtos de outras marcas e até de categorias diferentes para equilibrar este orçamento”, comenta o COO.
Yamashita conta que esse movimento não ocorre apenas nas crises do Brasil, mas em qualquer país.
“Quando a gente tem uma restrição do orçamento familiar ou aumento de preços, é natural a busca
dos consumidores por alternativas que viabilizem e encaixem no orçamento familiar.”
Uma dessas opções é a migração para canais mais baratos. Se o varejo de proximidade – os mercados de bairro – está caro, o consumidor vai para um supermercado. Se costuma comprar em um supermercado, vai para um hipermercado, atacarejo ou atacado.
“Ele vai se movimentar. Mudar a bandeira do supermercado que frequenta e buscar soluções em novos canais, como o digital, por exemplo. Nesse cenário, vale trocar o produto, experimentar novas marcas e até mudar de categoria, em uma medida drástica por necessidade. Exemplo: trocar a carne vermelha pela de frango.”
Yamashita lembra as crises enfrentadas na Europa e nos Estados Unidos. “Na Europa, durante a crise, houve um aumento de lojas de marca própria, que ofereciam produtos mais baratos. Nos EUA, durante a crise imobiliária, houve uma migração de consumo para os clubes de compra e atacado.”
Vale destacar, que os maiores operadores de alimentos no Brasil têm se concentrado na expansão de seus atacarejos – conceito criado a partir da junção de duas práticas comerciais muito populares: atacado e varejo.
“Os atacarejos hoje pegam todas as classes sociais, mas pegam um pouco as classes mais baixas
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"Os maiores operadores de alimentos no Brasil têm se concentrado na expansão de seus atacarejos – conceito criado a partir da junção de duas práticas comerciais muito populares: atacado e varejo."
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e, também, o B2B [business to business], como hotéis, restaurantes e padarias, que são altamente relevante e usam esse canal para se abastecer”, afirma Yamashita.
Segundo ele, a competição nos atacarejos vem aumentando, com mais empresas brigando pelo mesmo mercado. “Acho que esse formato vai continuar crescendo, mas muito provavelmente num ritmo menor que o visto nos últimos 10/15 anos”, afirma.
LOJAS DE DESCONTO E O MERCADO INFORMAL
Outro formato de varejo que nasceu na Europa e se espalhou para os Estados Unidos e outros países na América Latina, é o hard discount (lojas de desconto, em português). O conceito, mais tradicional em alimentação, trabalha com sortimento limitado, localização conveniente, preços mais baixos, operação simples e forte presença de marcas próprias. Essas lojas, não entanto, não vingaram no Brasil, em boa parte, pela concorrência da informalidade, segundo Yamashita.
A informalidade consegue ser mais competitiva em preço, pelo não pagamento de impostos, taxas e corretos procedimentos de registro e direitos trabalhistas em relação às operações estruturadas, organizadas e com poder de compra das redes formais. O próprio Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar tentaram operar com esse conceito e foram obrigados a rever seus planos de expansão desse conceito.
VAREJO DE ATACADO E TROCA DE MARCAS
Para Leonardo Miguel Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), a cultura de buscar alternativas mais baratas, mudar de estabelecimento de compra ou trocar de marca é recorrente na vida do brasileiro em momentos de aperto.
MERCADO&CONSUMO
Leonardo Miguel Severini, presidente da Abad
“O consumidor não vai deixar de usar azeite ou comer chocolate. Ele troca a marca e continua consumindo”, comenta Severini.
Há outro movimento, de acordo com ele, de famílias que buscam melhores preços conforme o tamanho da embalagem. Essas famílias saem da sua casa de carro para comprar produtos da cesta básica, como arroz, feijão, óleo, para economizar.
Se costumavam comprar um vidro de azeite de 400 ml, por exemplo, e veem a opção de comprar uma garrafa de 4 litros por um preço mais vantajoso, elas fazem a troca.
Essas famílias mantêm, no entanto, compras de menor valor no seu entorno: presunto, xampu, desodorante e outros itens de que necessitam no dia a dia.
Segundo ele, o que se viu nos últimos anos foram famílias e pequenas empresas se endividando em níveis históricos, por causa da elevada taxa de juros e da diminuição do emprego no ano passado. “Hoje, o desemprego vem diminuindo. As empresas estão contratando e trabalhando para honrar dívidas e os compromissos assumidos durante a crise.”
Severini defende que uma bandeira a ser levantada dentro do varejo de valor é o combate ao desperdício, principalmente no setor de alimentação.
“A Abras [Associação Brasileira de Supermer -
MERCADO&CONSUMO
“O consumidor nao vai deixar de usar azeite ou comer chocolate. Ele troca a marca e continua consumindo.”
Leonardo Miguel Severini, presidente da Abad
cados] apresentou um trabalho para propor a mudança da expressão ‘prazo de validade’ nos produtos. Em vez disso, as embalagens teriam o termo ‘recomendação de data’ e incluiriam a informação de que isso pode afetar o frescor ou o sabor do produto. Isso já é uma realidade lá fora”, conta.
RETORNO DE SETORES ‘ADORMECIDOS’
Com a inflação controlada, os juros caindo e o nível e a qualidade do emprego subindo, a tendência é de que o consumidor volte a comprar produtos de segmentos esquecidos durante a pandemia. Caso de móveis, bens duráveis, vestuários e material de construção.
“Também deve ocorrer a volta da procura por serviços, conveniência e produtos e marcas melhores”, afirma Yamashita.
BRECHÓ: ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL E MAIS BARATA
Yamashita conta que os brechós, até pouco tempo mais presentes em lojas físicas, ganharam o universo digital e começaram a crescer sua presença nos canais digitais, como os marketplaces.
O que essa digitalização gerou na prática? Acesso a produtos usados, remanufaturados de outras regiões e um leque muito maior de consumidores e de empresas. “O recommerce é uma tendência, seja por causa do aperto no orçamento, seja pela sustentabilidade. Cada vez mais pessoas aderem a esse mercado.”
Severini conta que, atualmente, tanto empresas quanto pessoas têm adotado a economia circular, e a opção vem crescendo porque sempre há quem quer fazer dinheiro e quem quer consumir.
Na economia circular, associa-se o desenvolvimento econômico ao uso consciente de recursos
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Bruna Vasconi, fundadora Peça Rara Brechó
naturais, reutilizando materiais para criar produtos de qualidade e reutilizando produtos de segunda mão, em vez de descartá-los.
O economista Ulisses Ruiz de Gamboa, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), também acredita que os brechós vêm ganhando destaque no mercado por causa da economia circular, questão de sustentabilidade e o preço.
“Antigamente, havia preconceito em se comprar roupas usadas. Hoje, a economia circular vem deixando este mercado cada vez mais chamativo, mais interessante. Eu mesmo já comprei roupas boas em brechós. É uma tendência que veio para ficar”, diz.
Assim como Yamashita, ele tem observado a ampliação do leque de atuação da modalidade, na migração de loja física para virtual ou vice-versa ou, até mesmo, nas duas opções. “É um mercado que uniu bom preço, qualidade e consciência ambiental. E as pessoas estão cada vez mais preocupadas com esses pilares.”
REDE DE BRECHÓS PROJETA
CRESCIMENTO DE 50% E
FATURAR R$ 190 MI EM 2023
A empresária Bruna Vasconi resolveu empreender no ramo de brechó ainda na faculdade de Psicologia, quando começou a vender itens dos filhos, de familiares e amigos. Na época, chegou a abrir uma loja em parceria com uma amiga, mas decidiu seguir carreira solo ao abrir sua primeira loja da Peça Rara Brechó, em 2007.
A marca, que virou franquia em 2020, conta com uma sócia de peso desde 2021: a atriz Deborah Secco. Segundo Bruna, a previsão é de que a rede contabilize 140 lojas abertas até o fim do ano e atinja um faturamento de R$ 190 milhões.
cial nas vendas nos últimos anos. A empresária atribui o resultado à ampliação da rede e ao fato de muitas pessoas se darem conta de que poderiam reutilizar peças e se desfazer das que não usam mais também, fazendo girar a economia.
“Meus filhos, por exemplo, separam itens que vão de roupas e acessórios a brinquedos para vender nas lojas Peça Rara. Com o dinheiro arrecadado, compram outras peças que estejam precisando. A utilização de itens de segunda mão é mais do que um hábito, é uma mudança de vida”, comenta.
De acordo com a empresária, o consumidor pode deixar itens que não quer mais usar em uma das lojas, em consignação. O valor da venda é transformado em créditos que podem ser utilizados nas próprias lojas.
A rede também conta com o Instituto Eu Sou Peça Rara, criado para dar uma destinação aos itens que não são aprovados para comercialização nas lojas. “Vendemos a um preço de R$ 5 a R$ 50 as peças doadas pelos fornecedores e o valor em dinheiro é doado integralmente aos projetos do instituto e associações parceiras”, explica Bruna.
O instituto tem uma unidade em Brasília e outra em Cuiabá. A terceira será inaugurada em São Paulo até 2024.
Bruna conta que houve um crescimento exponen-
MERCADO&CONSUMO 63
Novas configurações impulsionam participação do e-commerce
Apesar da queda 7% no 1º semestre deste ano, setor se recupera com aumento da base de clientes e de olho no futuro hiperconectado _Por Isis Brum
O cenário do comércio eletrônico passa por mudanças significativas, com os índices de venda por canais digitais em retração. De acordo com os dados mais recentes do relatório da NIQ Ebit, publicado em agosto, o primeiro semestre deste ano sofreu queda surpreendente de 7,3% em relação ao mesmo período de 2022, o que representa uma queda de R$ 9,4 bilhões em faturamento – R$ 119 bilhões ante R$ 128,4 bilhões um ano antes.
Por outro lado, a base de clientes cresceu 6% e o comércio eletrônico demonstra participação crescente nas vendas totais do setor varejista. Paralelamente, a expectativa da ampliação do poder digital, tanto nas operações de venda quanto de consumo, sugere transformações inevitáveis e alerta o varejo para se adequar à nova era de interações.
Para entender o novo cenário, é preciso voltar a 2020. As vendas pelos canais digitais apresentaram um crescimento vertiginoso, sobretudo em
volume, em quase três anos de pandemia, porque essa era a única forma de comprar. Segundo Roberto Wajnsztok, sócio-diretor da Gouvêa Consulting, apesar de ser um período de poucos investimentos, os recursos disponíveis foram inseridos no digital.
Samuel Gonsales, sócio e diretor de Relacionamento da E-commerce Brasil (ECBR), ressalta que empresas que operavam 100% offline tiveram de mudar suas práticas para atender aos seus clientes. Ficou mais simples de comprar na farmácia, adquirir ingressos para o cinema, abastecer a despensa, comparar preços e aproveitar ofertas. Além disso, o conforto e a conveniência da experiência de compra agradaram os consumidores. Com a normalização das atividades econômicas pós-covid, era esperado um crescimento menor.
Embora a queda tenha surpreendido os mais pessimistas, a análise mais criteriosa do estudo traz informações muito importantes para o setor.
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E-COMMERCE
Alexa, da Amazon, transmite informações e sugere compras
Shutterstock
Observa-se que março foi o pior mês para o e-commerce (-11,9%). De abril em diante, iniciou-se uma retomada gradual, com perspectiva de estagnação de agosto a outubro em comparação com o mesmo período do ano passado. O número de clientes que transacionam online passou de 49,8 milhões para 53 milhões e o valor gasto também cresceu, mas a quantidade de pedidos diminuiu e afetou os números do setor neste primeiro semestre.
Para Guilherme Arantes, especialista em e-commerce da Nuvemshop, juros altos e falta de clareza sobre os rumos da política fiscal impactam diretamente as decisões dos varejistas e o poder de compra dos consumidores.
Isso significa que, de um lado, os vendedores online mais descapitalizados tornaram-se menos agressivos quanto às ofertas, como fretes grátis, desconto no Pix, parcelamento sem juros e oferta de brindes, e, de outro, o comprador, com perda de poder aquisitivo, alto endividamento e sem aumento salarial, reduziu a frequência das compras e passou a gastar mais na operação realizada, especialmente em perfumaria e cosmético, única categoria a registrar crescimento substancial nas vendas, de 5,8%.
“As lojas online tiveram de equilibrar suas margens, o que pôde ser feito com o crescimento da base, evidenciando a maior penetração do e-commerce entre os consumidores”, analisa Wajnsztok. De acordo com o consultor, o fechamento de unidades físicas de grandes empresas como Tok&Stok, Marisa, Renner e Casas Bahia, para citar alguns exemplos, foi responsável por alavancar artificialmente o faturamento do e-commerce.
Wajnsztok acredita que esse jogo de forças positiva e negativa atuando no setor tende a manter as transações digitais não tão desequilibradas,
AMADURECIMENTO
Samuel Gonsales julga que o comércio eletrônico no Brasil está em fase de amadurecimento. Seu otimismo em relação ao setor faz crer que as empresas podem ser mais criativas em períodos de retração. Afinal, não é a primeira crise do varejo, e possivelmente não será a última, mesmo que as negociações sejam feitas pela internet. Para ele, a pandemia reconfigurou os hábitos de consumo, sendo este um caminho sem volta.
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pois a robustez esperada não vingou. Não ainda.
Divulgação
Guilherme Arantes, especialista em e-commerce da Nuvemshop
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A E-commerce Brasil catalogou 17 estratégias de entrega implementadas no País entre digital, física e mista. As opções de compra também continuarão a surgir, como adquirir produtos de um marketplace criado pelo banco do qual o cliente é correntista e retirá-los em uma loja física ou receber na porta de casa.
A fim de que essas expectativas se consolidem, terão os melhores resultados, segundo Gonsales, os vendedores que se estruturarem sobre três importantes pilares: conveniência (oferecer online o que o cliente precisa), comodidade (facilidade de entrega ou retirada) e informação. Quem não responder a essas demandas estará fora do jogo.
“O consumidor vai comprar de outro que ofereça ou mais informações, ou mais conveniência ou mais comodidade”, diz o especialista. Mesmo que os varejistas queiram investir menos no e-commerce, eles terão de manter alguma estratégia digital para que as pessoas possam se relacionar com seus clientes, seja pelas redes sociais, pelo WhatsApp, seja por um aplicativo específico para o seu negócio.
Os dados da Nuvemshop, empresa que oferece uma plataforma digital para pequenas e médias empresas (PMEs) venderem online, convergem para o otimismo de Gonsales. Guilherme Arantes afirma que o faturamento das PMEs cresceu 25% no primeiro semestre deste ano e movimentou R$ 1,5 bilhão no período. Em seis meses, os lojistas venderam 25 milhões de produtos, com destaque para o segmento de joias, que teve um resultado 77% melhor que o do primeiro semestre de 2022. Para a análise, a empresa utiliza os dados fornecidos por sua base composta de 110 mil lojas online cadastradas.
ANOS DE CRESCIMENTO
“As pessoas se acostumaram a comprar pela internet e vão continuar fazendo isso. Quando algo se torna um costume, é difícil parar de fazer”, avalia Rodrigo Dantas, CEO da Proteína Digital, empresa de consultoria e soluções criativas baseadas em dados. Sua percepção é a de que, em dez anos, as compras online poderão dobrar em relação a todas as vendas feitas atualmente, mas cada produto poderá responder de forma diferente em relação à sua adaptabilidade aos canais digitais.
Samuel Gonsales prevê que os próximos anos serão de investimento maciço no setor. Os varejistas encontram à sua disposição tecnologias nacionais para aprimorar seus recursos, como soluções de live commerce. “O caminho já está pavimentado. É só uma questão de fôlego para o varejo para massificar [o comércio eletrônico], opina.
Alexandre Ottoni e Deive Pazos, fundadores do Jovem Nerd
Dantas orienta os lojistas que querem aproveitar o crescimento para atender a duas exigências do e-commerce. A primeira delas é oferecer mais tipos diferentes de produtos com preços variados.
A segunda é usar as informações que possuem sobre como as pessoas agem, do que gostam e o que querem para direcionar as ofertas personalizadas.
“Quando analisamos o cenário, entendemos que a compra pela internet vai continuar crescendo, mesmo que seja devagar”, observa Dantas. “E as lojas vão precisar se adaptar, oferecendo mais variedade e personalizando as ofertas para acompanhar essa mudança.”
“Com o avanço da tecnologia, a gente consegue ver que os lojistas continuam se especializando mais ainda em como usar a tecnologia de ponta, a Inteligência Artificial e o marketing digital”, assinala
Guilherme Arantes. “Baseados nisso, vemos uma perspectiva de crescimento muito interessante para os próximos anos”, complementa o especialista.
HIPERCONEXÃO
O futuro é digital, com absoluta certeza. O e-commerce está se preparando para a era em que todas as coisas estarão conectadas e as relações de consumo passarão quase totalmente pelo online. Segundo Roberto Wajnsztok, a hiperconexão será o fator viabilizador da exponenciação do poder digital nos próximos anos e a movimentação das grandes empresas nesse sentido dá sinais do que esperar.
Para Gonsales, a Alexa, da Amazon, estremece mais o varejo do que os números apresentados pelo relatório da NIQ Ebit. Ao solicitar uma receita, por exemplo, o dispositivo de voz transmite a informação e sugere uma compra no final. Também pergunta se pode selecionar produtos do interesse do usuário na faixa de preço que ele se dispõe a pagar durante a semana do consumidor ou na Black Friday. A Inteligência Artificial estimula a necessidade de consumo.
Nos Estados
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Unidos, a Netflix lançou seu próprio e-commerce, a Netflix Shop, com produtos exclusivos, colecionáveis e limitados de produções originais do seu canal, como objetos e peças de vestuário. O negócio será expandido para outros países. Para se ter uma ideia do projeto do streaming, a série “Stranger Things”, lançada em 2016, tornou-se o carro-chefe da plataforma com bilhões de horas em visualizações. Também se tornou um fenômeno cultural, vendendo produtos de todo tipo a fãs da série, desde canecas, bonecos, jogos e mochilas até vasilhame de ketchup em uma edição especial produzida pela Heinz.
No Brasil, as TVs de concessão pública estão passando pelo período de revalidação de suas permissões. Sem capital para manter as emissoras, Gonsales acredita que grandes redes varejistas po-
dem aproveitar essa oportunidade para obter um canal direto com os consumidores/telespectadores, a exemplo do que já fez a Amazon. Na mesma linha, o Mercado Livre também lançará o seu próprio streaming. As vendas aumentaram com a oferta de assinatura do combo Disney e Star+ pelo marketplace. Com o seu próprio catálogo de filmes e séries, o ML assegura o cliente conectado à sua plataforma.
A busca é pela relevância. Em vez de serem lembradas quando algo falta, as gigantes do varejo querem estar presentes na vida do consumidor constantemente. A estratégia é fortalecer o vínculo entre as partes, deixar mais clara a oferta de múltiplos produtos, com preços diversificados, converter a relação em compra e fidelizar o consumidor.
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Outra forma de se consolidar é criar um modelo disruptivo de negócio digital. Wajnsztok exemplifica com o fenômeno recente da Shein, que até cerca de um ano atrás era uma desconhecida entre brasileiros e, agora, bate recordes de faturamento, ultrapassando redes estruturadas do segmento da moda. Na visão do consultor, o digital tem um espaço propício para a proliferação de modelos disruptivos, isto é, que reconfiguram o mercado. Por essa razão, também apresentam crescimento exponencial no online.
Waze, Uber e Instagram são três exemplos disruptivos mencionados por Wajnsztok. As pessoas não sabem precisar ao certo como essas tecnologias chegaram até elas. Não viram anún -
cio em nenhum canal. Assim, para o consultor da Gouvêa, “o fator exponencial no varejo e no consumo é o efeito que o digital gera dentro do mercado consumidor”.
“Por que a tecnologia é um viabilizador?”, questiona Wajnsztok. E ele mesmo responde: “Porque essa informação jamais chegaria se você não estivesse conectado.” E como as pessoas estão conectadas o tempo todo, cada usuário viabiliza um negócio disruptivo, algo em potencial que, ao chegar até ele, resulta em crescimentos jamais vistos. “Isso vai continuar acontecendo. A gente só não tem como adivinhar qual será o próximo da lista”, conclui.
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EXPERIÊNCIA NO VAREJO
FLAGSHIPS E LOJAS-CONCEITO DE ENCHER OS OLHOS EM SÃO PAULO
Morumbi, Jardins, Higienópolis e Pinheiros são os bairros preferidos das marcas para abrir espaços _Por Márcia Rodrigues dos Jardins, e os bairros de Pinheiros, Higienópolis e Morumbi como os corredores preferidos das marcas para abrir esses espaços.
Elas têm arquitetura inovadora, tecnologia de ponta, apresentam as principais tendências do mercado e oferecem serviços que proporcionam uma experiência única ao cliente. Tudo isso sem terem como foco principal a conversão em venda. Estamos falando das flagships e das lojas-conceito, espaços criados estrategicamente por redes dos mais variados segmentos para encantar o cliente.
“As marcas fazem um investimento gigantesco neste tipo de loja para gerar relacionamento com o cliente e provocar o consumidor. Não necessariamente elas esperam que o espaço gere lucro, por conta do volume de dinheiro investido. Porém, há ganhos. Quando o cliente passa pela experiência nesse ambiente, ele vai lembrar da marca e vai buscar o produto em uma loja física tradicional ou pelo e-commerce”, diz Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da Gouvêa Consulting e colunista da MERCADO&CONSUMO.
Rebetez conta que as flagships não são feitas para escalar, são lojas únicas. Já as lojas-conceito têm design, estrutura e estratégia que deverão ser seguidos pelas lojas que forem abertas ou reformadas nos anos seguintes.
Ele cita a região da Rua Oscar Freire, no bairro
“Há marcas que fogem um pouco desse circuito e buscam estar onde seu público-alvo frequenta. É o caso da Centauro, que criou a Arena Centauro, no Parque do Ibirapuera. Lá ela proporciona uma série de experiências imersivas aos frequentadores do parque. Há grupos de corridas, orientação sobre modelos de tênis, cursos e serviços gratuitos”, comenta Rebetez.
Outras referências em flagship e loja-conceito, na análise do executivo, são a Dengo, da fabricante de chocolates de mesmo nome, e a Zara.
Segundo ele, a loja da Dengo em Pinheiros “é escandalosamente linda e um convite ao consumidor”. “Lá é possível aprender sobre os diferentes tipos de cacau, tomar café, fazer uma refeição rápida, degustar chocolates e ainda contar com o clima muito agradável do ambiente e o atendimento impecável de atendentes experts no assunto. Sem contar o dress code dos colaboradores, que é impecável.”
Da Zara, Rebetez destaca a integração da loja física com a digital. “Com o app da marca no
celular, o cliente consegue saber se aquela roupa exposta na arara tem estoque no seu número e na cor desejada. Também oferece o modelo de autosserviço. Você consegue agendar horário para usar o provador e pagar sem passar pelo caixa, além de outras facilidades”, frisa.
Para ele, quanto mais prazeroso for o espaço e mais conectadas e fluidas essas marcas conseguirem se apresentar, mais proximidade elas terão com os clientes.
Nelson Kheirallah, coordenador do Conselho do Varejo da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), concorda com Rebetez e acrescenta que essas lojas – flagship e conceito – têm espaço amplo para o consumidor ficar à vontade, experimentar, sentir e tocar no produto.
“Também é importante que o trabalhador dessa loja tenha um nível de excelência acima do nível normal do comércio. Ele precisa ser uma pessoa com muita experiência e ter conhecimento sobre o produto da marca para poder proporcionar a melhor experiência para o consumidor. Se elas tiverem simplesmente um vendedor que pega o produto na prateleira e mostra, o consumidor não ficará satisfeito”, orienta Kheirallah.
Assim como Rebetez, Kheirallah ressalta que as flagships não são criadas para dar lucro. “Se a venda não foi feita nela, o consumidor vai procurar outra loja da marca em outro dia porque se lembrará da experiência que teve no local e acabará comprando.”
Rebetez destaca que, ainda assim, é possível medir o retorno dessas lojas para as marcas.
VAREJO MUDOU E AS MARCAS PRECISAM ACOMPANHAR
Para Nelson Kheirallah, a experiência no varejo mudou. Segundo ele, quando o consumidor vai ao shopping para comprar alguma coisa, hoje em dia ele encontra espaços de conveniência, convivência e experiência.
“As lojas precisam trazer seus consumidores para dentro e proporcionarem experiências in loco, para se diferenciarem das vendas do e-commerce. As lojas-conceito, além de serem feitas para oferecer esta experiência para o consumidor, também ditam a arquitetura das próximas lojas. Claro que as novas unidades podem não ter a mesma metragem, mas seguirão o padrão”, diz.
Ele destaca que, no caso de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, por exemplo, é importante para o consumidor ver e experimentar a mercadoria nas lojas.
A seguir, confira algumas flagships e lojas-conceito que valem a visita na capital de São Paulo!
“Além das vendas no local, é possível saber quantas vendas foram impulsionadas num raio de até 2 km de distância nas transações online, por exemplo”, explica.
Casa La Pastina
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NBA STORE
A NBA Store montou a NBA Arena do Morumbi Town para fazer o consumidor e fãs da Liga terem uma verdadeira imersão nesse universo. A loja tem dois andares e um espaço total de 1.500 m² e possui espaços instagramáveis, máquinas de arremesso pop-a-shot, totem para tirar fotos com os jogadores, área de videogame com consoles PlayStation 5 e o jogo NBA 2K.
A loja conta com um mural pintado pelo artista brasileiro Kobra, uma quadra de basquete usada para locações e treinos e um rooftop onde são servidos lanches e bebidas. Também há ampla oferta de produtos, incluindo sneakers e as regatas dos times. Lá, ainda é possível comparar o tamanho da própria mão com a dos jogadores.
NBA Store Arena - Morumbi Town Shopping
- Av. Giovanni Gronchi, 5.930 - Vila Andrade, São Paulo (SP).
SONEDA
A Soneda, rede de perfumaria e cosméticos, inaugurou, em abril deste ano, uma flagship na Avenida Paulista. A “Casa da Beleza”, como foi batizada, também é uma one stop shop, na qual é possível encontrar produtos de beleza, uma variedade de produtos da Daiso Japan, salão de beleza, o restaurante japonês Nakamise Ya e ambientes de convivência para toda família, inclusive os pets.
Destaque para o jardim japonês e o Mural da Beleza assinado pela artista plástica Camila Gondo, com vários elementos nipônicos como Darumá, Tsuru e o Maneki Neko.
A loja também deu início à campanha da Soneda, em parceria com a Reciclo Beleza, de logística reversa e reciclagem das embalagens de produtos de beleza, perfumaria e cosméticos.
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Soneda - A Casa da Beleza - Av. Paulista, 1.405, Bela Vista, São Paulo (SP).
NBA Store
Soneda
ZARA
A Zara inaugurou sua loja-conceito no Shopping Pátio Higienópolis em agosto deste ano. Com uma área de mais de 2.000 m², a loja tem um ambiente clean e oferece soluções tecnológicas que integram loja física com a plataforma online.
O espaço permite que o cliente “fale” com a marca a todo momento e por qualquer dispositivo. Por meio do aplicativo da Zara, o consumidor conta com funcionalidades como retirar seu pedido do e-commerce na loja em até duas horas, saber a localização de uma peça na loja, consultar a disponibilidade dos itens que vê expostos e até reservar um provador com horário marcado.
A unidade oferece, ainda, provadores digitais com contagem automática da quantidade de peças, indicação de cabine livre para uso e caixas específicas para o recebimento de devoluções. Também possui áreas com caixas de autoatendimento.
As práticas sustentáveis também foram priorizadas tanto no design quanto no atendimento. A construção tem como foco a redução do impacto ambiental e do consumo de água e energia. Entre as medidas, estão: sistemas eficientes de refrigeração, iluminação LED e uso de materiais mais sustentáveis. Tanto a madeira quanto os produtos
de papel – sacola e etiquetas – possuem certificações florestais internacionalmente.
Zara Flagship - Shopping Pátio HigienópolisAv. Higienópolis, 618, Higienópolis, São Paulo
CASA LA PASTINA
A La Pastina, uma das maiores importadoras de produtos alimentícios e vinhos do País, mantém uma flagship, a Casa La Pastina, na Rua Oscar Freire, nos Jardins.
O espaço tem dois andares e 620 m² e conta com a fachada quase toda aberta. O ambiente remete a Puglia, origem da Família La Pastina. Dentro, o consumidor encontra Empório, Caffè, Wine Bar, Restaurante, Panetteria, Rosticcerie, Sorveteria e Espaço de Experiências.
Segundo o gerente-geral, João Renato da Silva, a loja reúne todos os produtos importados pela marca em um único lugar. Lá é possível encontrar azeites, vinhos, embutidos, queijos, entre outros, de vários países. “O cliente pode degustar à vontade queijos artesanais, embutidos e sorvetes sem se sentir num cercadinho”, diz.
Uma vez por mês, o espaço organiza a “Feira do Vinho”, na qual o cliente pode degustar 20 rótulos de vinhos e se servir numa mesa de queijos e
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Zara Flagship
embutidos, além de ter descontos na compra dos vinhos e outros produtos. O ingresso custa R$ 150.
Outra atividade mensal são os jantares harmonizados com produtores e uma degustação premium, limitada a 13 pessoas com a presença de um professor.
A partir do ano que vem, a Casa La Pastina também realizará cursos sobre vinhos.
Casa La Pastina - Rua Oscar Freire, 574, Jardins, São Paulo (SP).
DENGO
A Dengo tem uma flagship, a Fábrica Dengo, no bairro de Pinheiros. A loja tem quatro pavimentos e 1.500 m² e foi toda construída em madeira. Lá o visitante faz uma imersão no universo do chocolate e de outros produtos de pequenos produtores brasileiros, como cafés especiais, queijos e vinhos.
O espaço permite que o visitante conheça todo o processo de fabricação do chocolate bean to bar – da amêndoa do cacau ao chocolate. De livre acesso, o percurso também pode ser feito com a
ajuda de um guia, em horários pré-determinados, principalmente aos finais de semana.
O piso térreo abriga uma parte da loja, onde linhas de produtos e acessórios Dengo estão à venda, além de uma cafeteria e confeitaria. O cardápio cobre todos os momentos do dia, a partir do café da manhã, com direito a brunch nos fins de semana.
No primeiro piso, o visitante encontra um espaço envidraçado que funciona como um “berçário” de bombons com sabores especiais vendidos na loja. No mesmo andar, há um empório com produtos de diferentes locais e produtores do Brasil, a Estação Monte Seu Dengo, onde o visitante pode produzir suas próprias barras de chocolate, e uma sorveteria. Neste andar, também estão expostos itens da linha Dengo Casa, projeto da marca realizado em conjunto com pequenos e médios artesãos de diferentes Estados do País.
No segundo piso, há um restaurante, um bar especializado em drinques de ingredientes brasileiros, com varanda e mesas ao ar livre, e uma pequena adega focada em vinhos nacionais.
A loja ainda conta com a Biblioteca do Choco-
Fábrica Dengo
late, que oferece produtos de outros fabricantes brasileiros.
Fábrica Dengo - Av. Brig. Faria Lima, 196, Pinheiros, São Paulo (SP).
HAVAIANAS
A loja-conceito da Havaianas na Rua Oscar Freire, nos Jardins, foi aberta em 2009 e passou por um redesenho e uma modernização em 2021. O espaço conta com recursos de acessibilidade, experiências sensoriais, personalização de produtos e tecnologia.
Ao entrar, o consumidor tem uma experiência sensorial, com sons, imagens que contam histórias, espelhos e vegetação. A loja também tem totens de checkout e self checkout e provadores com versões pensadas para pessoas em cadeiras de rodas ou com carrinhos de bebê, por exemplo. Há, ainda, um balcão de customização de produtos no qual o consumidor encontra pins para sandálias e patches para roupas que remetem a São Paulo e são exclusivos desta loja. Os prova-
dores têm um mini lounge e os usuários podem escolher a playlist que ouvem enquanto experimentam seus produtos dentro de cada cabine. Ainda dá para produzir fotos num espaço instagramável que pode se transformar em um estúdio de shopstreaming. A unidade também conta com um balcão de retirada que integra compras físicas e digitais com conveniência e facilidade.
Segundo Mariana Rhormens, diretora de Marketing de Havaianas Brasil, 80% dos consumidores que frequentam a Concept Oscar Freire são turistas.
Havaianas Concept - Rua Oscar Freire, 1.116, Jardins, São Paulo (SP).
CENTAURO
A Centauro inaugurou, em maio deste ano, a Arena Centauro, dentro do Parque do Ibirapue-
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Arena Centauro
Havaianas Concept
ra. O espaço de aproximadamente 1.000 m² tem três andares inteiramente dedicados ao mundo e à cultura esportiva, com uma série de experiências e serviços gratuitos para os usuários do parque.
Todas as semanas, o local apresenta uma série de atividades gratuitas, incluindo aulas de dança, yoga, clínicas de futebol, basquete e outras modalidades esportivas.
No primeiro andar, é possível visitar um museu interativo, acessar games digitais, participar de desafios e experiências. No segundo, há espaço para talks e mesas redondas, palestras esportivas com convidados, aulas outdoor com convidados especiais, transmissões de jogos ao vivo, estúdio de podcast e para eventos no estilo “meet and greet”.
A casa também abriga uma extensa alameda de
serviços, sem nenhum custo, incluindo empréstimo diário de diversos artigos esportivos, como bolas e raquetes; oficina para reparos de equipamentos, como skate e bicicleta; e uma área para experimentação de tênis de corrida, em parceria com marcas parceiras da varejista.
Há ainda, espaço para exposições imersivas itinerantes. Até o fim do ano, o primeiro andar abrigará uma mostra sobre o universo esportivo desde a época dos gladiadores, passando para o período em que de fato o esporte se difunde na forma que conhecemos hoje.
Arena Centauro - Parque Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - portões 3,4 e 5 - Vila Mariana, São Paulo (SP).
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Inovação como condição especial para
bares e restaurantes
Conheça experiências inovadoras em 7 negócios bem-sucedidos em São Paulo, desde o storytelling a compromissos ambientais e sociais _Por Isis Brum
“Bares e restaurantes são inovadores pela própria natureza e condição de sobrevivência”, crava Célio Salles, membro do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Ou seja, quem gosta de comodismo e tranquilidade não deve levantar essa porta.
O setor deu mostras de sua capacidade de adaptação e responsividade em tempo recorde durante os quase três anos de isolamento social pela ameaça da covid-19, sendo capaz de se reorganizar para atender aos pedidos online e retirada na porta, oferecer métodos de pagamento digitais
eficientes e contemplar uma nova geografia física e humana: o cliente estava no lar, não fora dele, e com a família, isto é, com crianças, adolescentes e até pais idosos em muitos dos casos.
Mas não é preciso uma nova pandemia global para que bares e restaurantes inovem. Atentos ao seu propósito e em contato com o cliente no dia a dia, os estabelecimentos que buscam permanência e relevância estão em constante evolução.
Para Ingrid Devisate, vice-presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a cultura de
FOODSERVICE
inovação é percebida por meio de avanços incrementais ou disruptivos que buscam melhorar o negócio em relação à sua eficiência, produtividade, qualidade, segurança ou até mesmo sobre o seu produto, desde os insumos até a lucratividade.
Romper com modelos atuais não é tão comum aos empreendimentos estabelecidos. Inovações disruptivas tendem a surgir a partir de novos negócios ou interesses. São iniciativas que inserem no mercado soluções para as quais ainda não havia demandas claras ou introduzem novos valores e conceitos revolucionários.
Por outro lado, as mudanças incrementais podem ser mais simples e, mesmo, necessárias, como atualizar o cardápio e a carta de bebidas, apresentá-los digitalmente, explorar os canais digitais para aumentar a oferta do serviço e a entrega por delivery, drive-thru e take away.
Outras, mais complexas, envolvem inovação da gestão em busca de tornar a operação mais eficiente, integrada, produtiva e mais barata. Medidas como essas podem incluir mudança de local para ajustar o atendimento ao perfil do cliente e ao modelo de negócio até a compra de equipamentos mais modernos.
Sejam administradores, sejam chefs, garantem os especialistas, donos de bares e restaurantes precisam se distanciar de suas próprias atividades, experimentar novos sabores, conversar com colegas, sair de sua própria cidade e participar de feiras e eventos para acompanhar novidades e lançamentos do setor. “Para que o restaurante tenha acesso a novas visões, não pode estar fechado dentro de si mesmo”, afirma Célio Salles.
social tem cada vez menos espaço em um universo à procura de cozinhas mais inclusivas.
Na opinião dele, os serviços exclusivos não são a parcela mais significativa da alimentação fora do lar.
Adepto da ideia do restaurante como um restaurador de relações, o CEO do Mundo Mesa afirma que a experiência proporcionada pelos estabelecimentos tende a ser mais valorizada quando alinhada a propósitos sociais e ambientais sustentáveis que em nada se opõem à alta gastronomia e à lucratividade do negócio.
Schnyder destaca cinco critérios essenciais para considerar, hoje em dia, um bar ou restaurante inovador: participação social, diversidade, propósito bem definido, zero desperdício e narrativa.
Confira, a seguir, bares e restaurantes de São Paulo que têm a inovação como preceito básico:
Para Georges Schnyder, diretor-executivo do “Mundo Mesa”, núcleo de inteligência em gastronomia, o restaurante isolado do seu contexto
Vassoura Quebrada
“Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis” foram inspirações rentáveis não apenas para os respectivos autores J.K. Rowling e J.R.R. Tolkien.
Quatro sócios nerds, na faixa dos 25 anos, fascinados pelo mundo fantástico da magia queriam frequentar um bar em que os seus bruxos favoritos fossem seus companheiros de mesa. Nascia, em 2018, o Vassoura Quebrada, a primeira hamburgueria inspirada em magia no bairro de Perdizes, em São Paulo. Com um ano de funcionamento, expandiu de 30 para 100 lugares.
A ideia de usar o RPG como elemento de criação do espaço construiu uma narrativa sincera e coerente. A decoração remete a Hogwarts, mas também abrange todo imaginário geek. Os hambúrgueres foram nomeados com feitiços e as bebidas, com poções.
Após firmarem uma parceria, o Vassoura e a Parks Brasil inauguraram, no ano passado, o “Parque Vassoura Quebrada”, no Shopping Parque da Cidade. O empreendimento funciona com um restaurante, loja de produtos e um salão para festas e eventos e tem capacidade para 165 pessoas e mais 100 circulando pelo parque.
Em setembro, chega ao Atrium Shopping, em Santo André.
O storytelling claro e objetivo conduziu o crescimento. Responsável pela narrativa da hamburgueria, do parque e dos produtos temáticos, Otávio Junior disse que, desde o início, os sócios sabiam o que queriam: “um bar bruxo”. Assim, tudo o que envolve o projeto Vassoura Quebrada conta uma história coerente que cativa a clientela.
Vassoura Quebrada
Quanti Cafeh
Enquanto alguns tentam entender o paradoxo do multiverso pela ciência ou pela tecnologia, o Quanti Cafeh mostrou que universos paralelos coexistem no tempo e no espaço. Os sócios e irmãos Andherson e Anthony Barcellos criaram um set gastronômico de diversos arranjos e possibilidades em Santana, na Zona Norte da capital.
Durante o funcionamento regular, as mesas espaçosas e confortáveis agrupam amigos ou se transformam em local de trabalho para quem
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Quanti Cafeh
busca o coworking como opção no dia a dia. A estante cheia de livros conduz o cliente a um espaço charmoso de leitura e conversa. Também vira o cenário de palestras e workshops sobre temas variados. O salão é o palco perfeito para saraus, música e poesia.
Os cafés são produzidos com grãos especiais e servidos com técnicas à escolha do cliente para promover novas sensações enquanto a bebida é saboreada. A origem do café é certificada para que seja livre de exploração humana.
A decoração integra a natureza que a cidade pavimenta para poder existir. Também influencia o menu, pensado para uma servir alimentação orgânica, saudável e à base de plantas. Além de tudo, os pets são bem-vindos.
Koya88
O Koya88 é um restaurante de comidas e bebidas asiáticas que em nada remete ao tradicionalismo oriental. Aberto no final de 2020, sem sushi no cardápio, a proposta da dupla de Thiagos Maeda e Pereira levou um ar nova-iorquino ao endereço
da Jesuíno Pascoal, na Vila Buarque, colocou ingredientes sazonais e frescos nos pratos dos clientes e sabores intensos em releituras de coquetéis clássicos. Mas os frequentadores ainda queriam sushi.
Os sócios cederam aos pedidos 2 anos depois sem alterar a essência da casa. Lançaram o omakase, que significa “por conta do chef”. O balcão foi transformado em um lugar exclusivo para seis pessoas atendidas mediante reserva antecipada e dispostas a experimentar sem escolher. De suas banquetas, acompanham o preparo dos pratos, também sujeitos à sazonalidade e à criatividade do sushiman Simon Ito.
Koya88 - Rua Jesuíno Pascoal, 21 Vila Buarque, São Paulo (SP).
Koya88
MERCADO&CONSUMO
Corrutela
Para criar o Corrutela, o chef Cesar Oliveira recebeu a consultoria de uma ONG inglesa que assessora, certifica e ranqueia restaurantes de acordo com um sistema de pontos sobre três pilares: abastecimento, meio ambiente e sociedade. O restaurante recebeu a pontuação máxima e lista entre os 55 estabelecimentos no mundo com as 3 estrelas entre os 250 certificados.
Por isso, preceitos como lixo-zero e redução da pegada de carbono são tão importantes quanto o comércio justo e uso de alimentos livres de agrotóxicos, os quais, à exceção do leite, se estendem a todos os ingredientes. A composteira está visível aos clientes desde a entrada do restaurante para destacar a sua proposta.
O restaurante possui câmaras frias para armazenar grandes compras entregues por logística ambientalmente sustentável. Mantém parcerias com agricultores orgânicos locais e em várias partes do País. Possui máquinas para a limpeza pesada de panelas e produz todos os ingredientes da cozinha a partir do zero, usando moedores, máquina de conchar, entre outros equipamentos.
Corrutela - Rua Medeiros de Albuquerque, 256 Vila Madalena, São Paulo (SP).
chef Cesar Oliveira
Mocotó
A comida sertaneja do interior de Pernambuco, de onde se origina José de Almeida, o fundador do Mocotó, saiu da Vila Medeiros, na Zona Norte, para as páginas das publicações especializadas depois que a tradição e a alta culinária se juntaram pelass mãos do filho, o chef Rodrigo Oliveira.
Mas a inovação do restaurante vai além de criações como o dadinho de tapioca. Envolve uma visão que inclui o staff e compromisso social. Oliveira contrata para sua equipe, preferencialmente, pessoas do bairro, mantendo-se fiel ao legado da família e aos vínculos que o restaurante promove ao longo de 50 anos de história. Paga
salários acima da média para a região, qualifica funcionários com bolsas de estudo e promove reuniões para que todos opinem no cardápio, trocando experiências.
O projeto social “Quebrada Alimentar” entrega, mensalmente, 400 marmitas a moradores da região, com fundos do próprio restaurante e de doações de fornecedores e parceiros, desde a pandemia.
O compromisso social não reduz a qualidade do serviço e confere ao Mocotó um lugar de destaque e visibilidade cada vez mais significativo.
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Mocotó
Mocotó - Av. Nossa Sra. do Loreto, 1.100 Vila Medeiros, São Paulo (SP).
Da Quebrada
No ano passado, a Vila Madalena recebeu o Da Quebrada, um restaurante-escola, vegano e que tem como premissa o aproveitamento máximo dos alimentos a preços populares. O estabelecimento é liderado por aprendizes, que fazem estágio remunerado, e são impulsionados a saírem de lá para se destacarem em outros restaurantes. Dessa forma, novos estagiários têm a oportunidade de aprender. O programa é uma parceria com o Instituto Baccarelli.
O “Da Quebrada” é um braço do “Gastronomia Periférica”, criado por Adélia Rodrigues e Edson Leite em 2012. Hoje, é uma Escola de Gastronomia, com ensino gratuito e online, que prioriza a formação de mulheres pretas e periféricas, estimulando-as ao empreendedorismo.
Da Quebrada - Rua Harmonia, 271 Vila Madalena, São Paulo (SP).
A Casa do Porco
Após uma longa carreira de sucesso, que lhe rendeu uma estrela no Guia Michelin, o chef Jefferson Rueda abriu com sua mulher, Janaína, A Casa do Porco, restaurante que se tornou icônico no centro da capital paulista.
Para fazer do porco a estrela de sua cozinha, aproveitando todas as partes – do focinho ao rabo -, o casal mapeou toda a cadeia produtiva de suínos e iniciou a sua própria criação. Não havia nada parecido nesse ramo antes. Os Rueda conseguiram conciliar alta gastronomia a valores acessíveis por meio de uma cozinha brasileira genuína, criativa e democrática.
A narrativa e a qualidade foram premiadas internacionalmente. Atualmente, ocupa o 12º lugar no ranking dos “50 melhores restaurantes do mundo” e a 4ª posição na América Latina.
Da Quebrada
A Casa do Porco - Rua Araújo, 124, República, São Paulo (SP).
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chefs Jefferson e Janaína Rueda, d´A Casa do Porco
PÓS-NRA SHOW 2023
f CONTEÚDO NETWORKING LAZER
Gouvêa Ecosystem 35 ANOS: história, legado e futuro
Jornada da empresa é parte do desenvolvimento do varejo no Brasil
_Por Aiana Freitas
MERCADO&CONSUMO HOMENAGEM
A abertura das lojas aos domingos, o acesso do consumidor de baixa renda ao mercado de consumo e a profissionalização do comércio são parte da realidade atual do varejo brasileiro. Essa evolução vem sendo acompanhada de perto, nas últimas décadas, pela Gouvêa Ecosystem, uma empresa focada em serviços e soluções para o setor de comércio, varejo e consumo fundada por Marcos Gouvêa de Souza, um dos maiores especialistas em varejo do País. A Gouvêa completa, em 2023, 35 anos.
A fundação da empresa, em 1988, se deu num contexto muito diferente, e não menos complexo, do que o atual. Na época, o setor era dominado por empresas familiares, a informalidade era ainda mais alta e o consumidor tinha acesso praticamente apenas a produtos fabricados e vendidos dentro do Brasil. A população de baixa renda estava fora do radar das empresas, embora desconfiassem de que ela guardava um imenso potencial de consumo.
Um dos marcos da contribuição da empresa para a compreensão do varejo brasileiro se deu no começo da década de 1990, quando a Gouvêa e a empresa de pesquisa InterScience fizeram um estudo para mapear a dimensão do mercado de consumo do País.
"Havia uma discussão muito grande sobre qual era o real tamanho do mercado brasileiro, porque nos números não computavam as classes baixas. Então, a dúvida era: se as classes baixas ascendessem para poder consumir, o que mudaria no Brasil? Mostramos o que deveria ser feito e como incorporar esse segmento de baixa renda ao mercado”, lembra Marcos Gouvêa de Souza.
porque o poder de compra desse grupo equivalia ao da classe média, que recebia entre 10 e 40 salários. O volume de dinheiro na base da pirâmide somava US$ 76,1 bilhões, ou 41,7% do total de consumo no Brasil.
A pesquisa apontou, ainda, que a população de baixa renda não tinha dinheiro para comprar os eletrodomésticos desejados pela classe média na época, como videocassetes, aparelhos de micro-ondas e aspiradores de pó. Mas estava ávida por adquirir aparelhos de TVs, refrigeradores, fogões e lavadoras de roupas.
ABERTURA COMERCIAL E DELEGAÇÕES INTERNACIONAIS
Nos anos seguintes, a redução gradual das tarifas de importação, iniciada no governo do então presidente Fernando Collor de Mello, abriu o mercado para produtos estrangeiros e chacoalhou a indústria nacional, que se viu diante de novos competidores.
Foi nessa época que a Gouvêa começou a montar as primeiras delegações de empresários para conhecer a realidade dos Estados Unidos e dos países da Europa. As idas às feiras, as visitas técnicas a lojas e o compartilhamento de aprendizados em eventos, publicações, livros, artigos e palestras se tornaram marca da empresa - e foram replicadas mais tarde por outras consultorias.
Intitulado "A Redescoberta do Real Mercado Brasileiro", o estudo mostrou que não era mais possível ignorar a baixa renda, formada por pessoas que recebiam de 1 a 10 salários mínimos,
Os grupos de executivos, em um número que inicialmente não preenchiam os dedos das mãos, foram crescendo ao longo dos anos. Hoje a empresa, por meio do braço Gouvêa Experience, é responsável por ter levado centenas de brasileiros à NRF Retail’s Big Show, em Nova York (EUA), todo mês de janeiro, assim como para a NRA Show em, Chicago, e a RECon em, Las Vegas, (também nos EUA), a Euroshop em Dusseldorf (Alemanha) e o Single’s Day na China.
“A Gouvêa teve um papel muito importante na modernização e no reconhecimento do varejo brasileiro, tanto no Brasil, quanto fora dele. Foi uma das pioneiras em levar varejistas para participação em visitas e feiras no exterior, a fim de possibilitar um novo olhar sobre as operações de varejo brasileiras, comparadas às melhores e inspiradoras práticas internacionais. Mais do que isso, ajudou no entendimento do gap e dos cenários, auxiliando várias organizações a repensarem seus modelos”, relata Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário e participante dos primeiros grupos.
A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, também conheceu o evento americano por intermédio da Gouvêa. “Passei a frequentar a NRF para me atualizar e conhecer as tendências. A Gouvêa foi pioneira em pesquisar e interpretar o universo do varejo, abraçando as principais causas desse setor.”
Outro movimento divisor de águas para o varejo brasileiro foi feito a partir de 1994, quando a então Gouvêa de Souza & MD coordenou outra pesquisa, essa em conjunto com o Programa de Administração de Varejo (Provar), da Universidade de São Paulo, sobre a abertura das lojas aos domingos. A questão causava polêmica entre os sindicatos, mas consumidores, dirigentes varejistas e até comerciários se mostraram favoráveis.
“Fora do Brasil, o domingo era um grande dia de vendas. A partir do momento em que a visão do consumidor foi trazida para a discussão, ficou difícil evitar a abertura. O domingo se transformou
MERCADO&CONSUMO
Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário
Outra forma de compartilhar aprendizados foi com a criação, em 2015, do Latam Retail Show, o maior evento B2B de varejo e consumo da América Latina, que consolidou alguns eventos que a empresa já desenvolvia. “Sempre íamos para o exterior e participávamos de eventos, individualmente ou em grupo, e, na volta, compartilhávamos os aprendizados, para ampliar o número de pessoas que tinham acesso ao que acontecia lá fora. Mas percebemos que isso tinha uma certa limitação e optamos por criar um grande evento que pudesse trazer muito mais conteúdo para muito mais gente, com o grau elevado de curadoria, que posicionasse o Brasil diante de outros mercados.”
Flávio Rocha, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo, salienta o papel da Gouvêa Ecosystem e do
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Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza
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“O Marcos soube voltar as vistas de muitos varejistas e empreendedores brasileiros para a revolução que se avizinhava. Não existe economia de primeiro mundo sem um varejo de primeiro mundo. Ambos estariam ameaçados se não existisse essa instituição de excelência que exerceu, em muitos momentos, o papel de ‘cola’ e ‘farol’ no desabrochar desse setor.”
O empresário Abilio Diniz, outro profundo conhecedor do setor, concorda. “O mundo caminha em alta velocidade e a visão inovadora da Gouvêa contribui muito para a inovação em toda a cadeia do varejo, setor que necessita estar sempre atualizado em relação às necessidades dos consumidores. Minha empresa de investimentos, a Península, fez uma viagem à China, organizada pela Gouvêa, para conhecer mais sobre as companhias de lá e foi extremamente útil para todo o nosso time.”
Formalização
e desenvolvimento do setor
Luiza Helena Trajano lembra que foi num jantar promovido pela Gouvêa durante uma edição da NRF que os líderes presentes perceberam a necessidade de criar uma entidade específica para o varejo, dando origem ao Instituto para Desenvolvimento do Varejo, o IDV.
Nessa época, em 2004, o varejo, apesar de já ser o maior empregador do Brasil, não tinha interlocutores diretos nos órgãos do governo. O instituto elegeu o combate à informalidade como prioridade, assim como a busca pelo desenvolvimento sustentável do setor. “Quando nos integramos, assumimos a tese de que não haveria desenvolvimento, globalização e maturidade com infor-
Abilio Diniz, empresário
MERCADO&CONSUMO
Ônibus da delegação da Gouvêa Ecosystem em frente ao Jarvits Center na NRF 2023
malidade”, diz Marcos, membro do conselho da entidade. Hoje, o IDV reúne empresários e presidentes de algumas das maiores empresas do varejo do País.
Da mesma forma, foi por iniciativa da Gouvêa que foi criado, há uma década, o Instituto Foodservice Brasil (IFB), que integra a cadeia comple-
ta do foodservice, envolvendo indústrias, marcas, operadores e prestadores de serviços. O instituto nasceu com a missão de fortalecer e promover o setor de alimentação fora do lar no País e, para isso, realiza e divulga estudos que auxiliam as empresas e o mercado como um todo.
Desde 2001, a empresa integra o Ebeltoft Group, participando de seu conselho. O Ebeltoft é uma aliança global de consultorias focadas em consumo e varejo, com membros em 22 países em todos os continentes.
Além das áreas de consultoria, conteúdo e eventos - que desde 2020 conta também com Campus Party-, nos últimos anos a Gouvêa se fortaleceu como ecossistema incorporando empresas de pesquisa, treinamento, tecnologia e aceleração digital.
No aniversário de 35 anos, a Gouvêa Ecosystem espera crescer 110% em faturamento na comparação com 2019, o ano imediatamente anterior ao da pandemia de covid-19. O número de sócios dobrou de lá para cá. O modelo de ecossistema, acredita Marcos, faz mais sentido do que nunca.
“Nosso modelo, em processo de contínua evolução, consiste em buscar a integração virtuosa daquilo que é mais positivo em empresas de pequeno e médio porte, em termos de comprometimento, criatividade, alma, agilidade e envolvimento, com as virtudes de empresas maiores em termos de infraestrutura, investimentos, tecnologia, relacionamento e marca”, finaliza Marcos.
Flávio Rocha, presidente do Conselho do Grupo Guararapes
Apresentamos com entusiasmo o "Anuário de Fornecedores para o Varejo" da MERCADO&CONSUMO. Com o nosso Anuário de Fornecedores, visamos oferecer uma ferramenta valiosa para fortalecer a eficiência operacional das empresas do setor varejista, proporcionando informações detalhadas e acessíveis sobre os fornecedores que são essenciais para as operações diárias e o sucesso contínuo.
CATEGORIAS:
o Arquitetura, Construção, Instalações e Manutenção
o Associações e Entidades de Classe
o Automação Comercial
o Consultorias
o Digital, E-commerce e Internet
o Eventos, Turismo e Terceirização
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o Logística
o Pesquisa
o Pontos Comerciais e Franquias
o Publicidade e Comunicação
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o Tecnologia
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Arquitetura, Construção, Instalações e Manutenção
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Consultorias
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Confira a lista completa de fonecedores
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PESQUISAS
Retail Show
2023 lendo o QR Code
WGSN PREVISÃO DOS COMPRADORES 2023
O aumento recente do custo de vida impacta diretamente nas decisões de compra. O impacto psicológico do retrocesso econômico, as compras de fundo emocional e a busca por conveniência moldarão os padrões de consumo. Pesquisa da WGSN, empresa inglesa de tendências, mostrará 8 perfis emergentes de consumidor e o que os motivará a comprar e continuar fiéis às marcas.
GLOBO DIÁLOGOS REGIONAIS
O novo estudo desenvolvido pela Globo, apresentado junto com cases de grandes marcas, destacará a importância do diálogo regional, com o objetivo de aproximar o consumidor das empresas. Além disso, a pesquisa ressalta a importância da adoção de estratégias regionalizadas para conquistar o mercado.
MOSAICLAB CONSUMIDOR DO AMANHÃ
A empresa de market intelligence Mosaiclab apresentará a 4ª edição da pesquisa “Consumidor do Amanhã”, que vai mostrar a percepção dos consumidores latino-americanos sobre expectativas futuras, impactos na sociedade e negócios e tendências sobre consumo e comportamento para Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Paraguai, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá e Venezuela.
IDV E MOSAICLAB IMPACTO DO ESG NAS DECISÕES DOS CONSUMIDORES
Iniciativas ESG são de grande importância nas decisões do consumidor. A 2ª edição deste levantamento, realizado pela Mosaiclab em conjunto com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), como parte do 3º Fórum IDV ESG no Varejo, trará dados sobre o tema, ressaltando a importância da adoção dessas iniciativas por empresas e marcas.
Confira as pesquisas completas após o Latam
PESQUISAS MAPEIAM O NOVO CONSUMIDOR
O Latam Retail Show de 2023, realizado entre os dias 19 e 21 de setembro em São Paulo, é o mais relevante evento B2B de varejo e consumo da América Latina. Além de mais de 200 palestrantes nacionais e internacionais e mais de 100 horas de conteúdo pago e gratuito, o evento apresenta diversos estudos inéditos que ajudam o varejo a entender o comportamento do consumidor e as principais tendências de mercado para nortear as decisões das empresas nos próximos meses.
ABMALLS
CENSO BRASILEIRO DE STRIP MALLS 2023: ANATOMIA E FATORES CRÍTICOS DO SUCESSO
Tendência que vem se espalhando pelo Brasil, os strip malls, comércios de rua organizados, apresentam uma opção diária prática para o consumidor. Este estudo da Associação Brasileira de StripMalls (ABMalls) traz uma radiografia do setor, com informações sobre sua evolução, perfil e estrutura dos empreendimentos e faturamento, além de análises regionais
EXPERIENCE AWARDS 2023: EDIÇÃO VAREJO
O Experience Awards - Edição Varejo certifica empresas em 20 segmentos com melhor NPS no Brasil. Feita com mais de 500 mil consumidores pela Solucx, a pesquisa avalia marcas para uma premiação que reflete a voz do cliente. Ao final do Latam Retail Show, os congressistas receberão um report com os dados de todas as marcas monitoradas.
PWC
PULSE 06 DA GLOBAL CONSUMER INSIGHTS
Esta nova edição da pesquisa da PWC busca entender os comportamentos do consumidor no pré-compra (onde eles buscam produtos, uso de celulares na pesquisa, propagandas mais atraentes), as tendências futuras (uso do chatbots e tendências de viagens) e os comportamentos atuais (preferências tecnológicas e uso do metaverso, entre outras).
GAD ESTUDO GAD INSIGHTS 2023
Em seu levantamento anual, a Gad, empresa de consultoria de marca, analisa o comportamento de grandes marcas no mercado nacional e internacional no último ano, resumindo os dados em 10 insights para mostrar diversas tendências sobre como as marcas devem se comportar no futuro.
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