Jornal de Abrantes - outubro de 2020

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/ JORNAL DE ABRANTES

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas OUTUBRO 2020 / Edição nº 5596 Mensal / ANO 120

Tamanhos grandes, até à copa H

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FUTEBOL Pego e Alferrarede desistem dos campeonatos. Pág 25

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// A sombra da Oliveira do Mouchão, em Mouriscas, no concelho de Abrantes, marca a partida para a descoberta de 47 quilómetros de vidas, de vivências, de cultura, património e tradições. A Grande Rota das Ribeiras de Arcês e Rio Frio, e do Rio Tejo (GR55) foi finalmente inaugurada e atravessa os concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal.

SAROAL


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

A valorização da aldeia de S. Domingos, que se divide pelos concelhos de Abrantes e Sardoal, é uma das preocupações de um grupo de cidadãos que querem dinamizar o km 380 da Estada Nacional 2, que atravessa a localidade. Uma das formas encontradas foi a “criação” de dois murais alusivos à aldeia. Um de S. Tiago (alusivo à freguesia de Santiago de Montalegre da qual faz parte S. Domingos), pintado por Francisco Camilo (na foto) está pronto a ser apreciado. O outro será uma figura rural da aldeia e irá ocupar uma outra parede de uma casa de S. Domingos.

//Patrícia Seixas //DIRETORA

Que 2020 está a ser um ano trágico, não é novidade para ninguém. O mês de setembro não quis ser diferente e levou à comunidade abrantina dois dos seus melhores representantes, ambos da freguesia de Alferrarede. No dia 1 de setembro, faleceu José Bioucas-Dias. Era natural do bairro do Tapadão e foi considerado um dos investigadores mais influentes do mundo. Portugal, Abrantes e o mundo perdeu um dos seus melhores. No entanto, para além da parte profissional, a minha admiração vai para a pessoa que era o “Zé Manel”. Quis a vida que fosse meu primo, por casamento, e foi alguém que eu conheci desde sempre. E sem precisar de exagerar, afirmo que foi das melhores pessoas que conheci e que, quis a sorte (a minha sorte), se cruzasse e marcasse a minha existência. Partir aos 60 anos, no auge da carreira, não é justo. Mas ver partir uma pessoa BOA quando sabemos que ainda tanto tinha para nos dar, é uma dor que não cala. Já no dia 21 de setembro, deixou-nos o Manuel Martinho. Transcrevo as palavras que lhe dedicou o nosso colaborador e amigo José Alves Jana no dia do seu falecimento: “Não foi hoje que Abrantes ficou mais pobre, mas quando Manuel Martinho ficou incapacitado de exercer a sua intervenção cívica. Era um cidadão comprometido com a sua terra, Alferrarede antes de mais, depois Abrantes, e o país. Era conhecido como fotógrafo, atividade em que produziu abundante documentação sobre as terras que amava. Em Novembro de 1995, fundou e passou a animar o Jornal de Alferrarede, em cujas páginas fez verdadeira intervenção social. Não era dotado de uma técnica superior de jornalismo, mas tinha valores firmes e, dele “sabia-se com o que se podia contar”: dizer o que tinha a dizer, em defesa do que sentia ser o interesse da sua terra. Já há uns tempos, a falta grave de saúde tinha-o retirado da vida ativa. Agora, retirou-o de entre nós. Deixa-nos a memória de ter feito por nós tudo o que podia e sabia. Obrigado!” Mudando de assunto, em outubro, arrancam os campeonatos distritais de futebol. Na região, há equipas que decidiram não participar. Trazemos-lhes as razões desta decisão nesta edição, bem como as explicações do presidente da Associação de Futebol de Santarém de como vai funcionar a época. Com a chegada do futebol aos campos do distrito, chega também a equipa da Antena Desportiva para acompanhar tudo, a par e passo. É aos domingos à tarde, na Antena Livre, e agora com uma responsabilidade maior pois devido à interdição de público nos campos, os nossos repórteres desportivos vão ser os olhos e os ouvidos de todos os adeptos. Para acompanhar. Sabe que há uma nova rota para percorrer nesta região? São 47 quilómetros de pura natureza, costumes e tradições e passa pelos concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal. É a GR55 e já foi inaugurada.

ja / JORNAL DE ABRANTES

É o espaço nobre da cidade, junto do Castelo de Abrantes. A existência de um Parque Radical naquela zona é algo que se discute há muito mas, se lá está, há que cuidar dele e da segurança de quem o utiliza. Não é o que se vê. O perigo está à espreita e o Parque é também utilizado por crianças mais pequenas. Aqui não é só a falta de manutenção, é a falta de atenção que poderá colocar alguém em risco.

PERFIL /

//Naturalidade/Residência? Tramagal; Entroncamento

//Uma viagem já feita ou por fazer? Por fazer, Londres. Ainda não fui e quero muito, por todos os motivos. //Prato preferido? A história em si, a história da música e O frango assado no forno, temperado muito mais coisas. Das viagens já feipela mãe Celeste, e acompanhado tas, Paris fascina-me e regresso todos com batatas fritas e arroz. Não há ou- os anos. É para mim a cidade mais tro frango assim. bonita do mundo. //Um recanto para descobrir? Sou muito citadino. Sugiro por exemplo Lisboa ou Braga. São duas cidades que adoro com inúmeros recantos por descobrir.

//Luís Delgado / Técnico de vendas na Salvador Caetano, 47 anos.

//Um disco? “Abba Gold” que reúne alguns dos grandes sucessos da banda sueca Abba. Tem algumas das minhas músicas favoritas da banda, sendo que algumas delas são “músicas da minha vida”. //Um filme. Porquê?? Toda a saga “Star Wars”. São nove, bem como os extras que já existem. A magia da imaginação e da ficção científica sempre me fascinaram.

//Uma figura da História? Posso considerá-la da história: Madonna, claro! Por ter sido uma mulher livre que sempre fez o que lhe apeteceu, antes e depois de ser famosa. É a artista mais famosa da história da música. //Um momento marcante? A minha estreia no mundo da rádio. Era a Rádio Tramagalense (mais tarde Rádio Tágide). Fui “obrigado” a assegurar um programa porque o apresentador não apareceu e eu fiz assim a minha primeira emissão de rádio e nunca mais parei. Depois passei pela Nacional FM em Alcanena, Rádio Hertz em Tomar e a Antena Livre há já 20 anos.

//Um sonho por realizar? Ter uma casa na praia! Pelo fascínio do mar. E cada vez penso mais nisso. //Se fosse presidente de Câmara o que faria? Daria uma grande prioridade às estradas. A cidade onde vivo há 20 anos, bem precisa. //O que mais e menos gosta na sua cidade? Gosto da localização central. Estamos perto de tudo. O que menos gosto é do sentimento de insegurança com que algumas pessoas vivem em certas zonas da cidade. Certos ambientes estão cada vez mais degradados e nada se faz contra isso. //Uma proposta para um dia diferente na região? Na região há vários sítios que podia sugerir, mas sugiro os que mais frequento como são o Parque da Barquinha e o Parque do Bonito, no Entroncamento. O ambiente num e noutro são fantásticos. Encontra-se paz e tranquilidade.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Taras Dudnyk (estagiário). Pedro Santos (estagiário) Colaboradores Marta Bessa, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Ricardo Beirão, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020


ENTREVISTA /

“Os jovens dentro da escola estão a ter todos os seus cuidados. A maior preocupação é dos portões para fora” // O ano letivo começou há dias e, em ano de pandemia e mil e uma condicionantes, fomos perceber como tudo se processou no concelho de Abrantes. Celeste Simão, vereadora com o pelouro da Educação na Câmara Municipal de Abrantes acredita que tudo irá correr pelo melhor, se todos fizerem a sua parte. Entrevista: Patrícia Seixas Fotos: Taras Dudnyk

O ano letivo começou há dias. Em Abrantes, como correu?

Não é muito fácil falar sobre o arranque do ano letivo porque este ano foi caraterizado por duas situações. Uma pela pandemia que vivemos e em que foi preciso preparar toda uma série de coisas dentro dos Agrupamentos, dentro das escolas, e depois a questão da transferência de competências. É um procedimento que não foi feito em setembro, não houve um contrato assinado com o Ministério, como tinha sido afirmado que entraríamos nesta altura. No entanto, para que tudo acontecesse com normalidade em setembro, foi preciso iniciar muitos procedimentos durante o último ano e meio. Ou seja, procedimentos relativos a contratos de limpeza, de água, alarmes, transportes escolares – que foram alargados também para o 2.º e 3.º ciclos e secundário –, refeições escolares… portanto, foi preciso preparar tudo para que em setembro tudo estivesse pronto para iniciar o ano letivo. Mas à semelhança de anos anteriores, podemos dizer que foi um arranque normal porque as escolas puderam começar a funcionar sem problemas de maior.

E o ano letivo arrancou com tudo pronto?

Arrancou com tudo pronto. Há um

senão, que é conhecido, que é a preocupação com o pessoal não docente, apesar dos trabalhadores já todos fazerem parte do quadro da Autarquia. No mês de setembro todos receberam o seu vencimento já a partir da Autarquia. No entanto, uma preocupação que continuamos a ter é a questão da tão falada falta de assistentes operacionais. É um problema que existe e não podemos escamotear e estamos a resolver de forma paulatina.

É um problema que existe em todas as escolas do concelho?

Não é de todas. É um problema que existe a nível dos Agrupamentos porque a questão do pessoal não docente não pode ser vista por escola. É evidente que as necessidades vão-nos chegando por escola – porque há uma pessoa que se reforma, há outra que entra de baixa médica – mas os números são tratados por Agrupamento. E aí temos carência de algumas pessoas que nós tentámos resolver neste início de ano letivo com a colocação de algumas pessoas mas, ao longo do ano, e este ano com mais enfoque devido à pandemia e pelas necessidades crescentes

“Tudo o que é preciso para o regular funcionamento de uma escola, já está do lado do Município”

que as escolas têm com a desinfeção, as pessoas são chamadas a dar mais de si e do seu tempo para outras tarefas que não eram normais.

A desinfeção e limpeza dos estabelecimentos escolares também foram concertadas com a Câmara?

Nós, antes da transferência de competências, já tínhamos as competências ao nível do pré-escolar e do primeiro ciclo. Tudo aquilo que é material de proteção individual da parte operacional, tem a ver com a Autarquia, e as juntas de freguesia no protocolo que têm connosco, fizeram esse apetrechamento das escolas. No que tem a ver com a parte pedagógica e com as pessoas que ainda faziam parte do Ministério da Educação, foi o Ministério da Educação que teve de colocar este material dentro das escolas. Ou seja, tudo que tem a ver com material, ficou devidamente resolvido. Acerca dos planos de contingência, cada Agrupamento fez o seu plano, que foi sujeito a aprovação do Conselho Geral, sendo por fim aprovados, arrancando o ano letivo com cada plano de contingência previamente elaborado e implementado.

Se a questão dos funcionários está tratada, bem como as refeições e transportes escolares, o que falta para que Abrantes tenha a competência da Educação a funcionar em pleno? Já há pacote financeiro definido?

Já nos foram feitas transferências. A transferência será feita por duodécimos, já temos algumas transferências feitas, queremos pensar que o Estado é uma instituição de bem e que vai cumprir com o que está prometido. Neste mo-

mento, podemos dizer que entrámos na transferência de competências porque tudo o que é preciso para o regular funcionamento de uma escola, já está do lado do Município. Agora e ao longo do tempo, conforme vamos entrando no ano letivo, haverá sempre pormenores que vão aparecendo e o nosso trabalho agora tem de ser o de monitorizar o que está a acontecer, estar atento e realizar um trabalho de efetiva articulação com os Agrupamentos, que é uma tarefa que não é fácil porque quando se fala de transferência de competências na área da Educação, as pessoas por vezes pensam que é uma coisa muito simples, mas não é. É que quando se começa a mexer, não basta só pôr em prática aquilo que está plasmado no Decreto-lei. Quando se começa a mexer, a entrar a fundo e a ir ao pormenor, vão aparecendo perguntas como, de quem é a competência dos marcadores para escrever nos quadros? Da folha de papel para os alunos? Da folha de papel para o funcionamento dos serviços administrativos? Estes pormenores têm de ser todos muito bem afinados. Nós afinámos inicialmente tudo o que era o grosso do funcionamento, conseguimos chegar a várias conclusões nas reuniões com o senhor delegado regional dos estabelecimentos escolares, mas ao longo do ano vão aparecendo pormenores que nós nas reuniões que vamos tendo de monitorização do processo, vamos afinando. Conseguimos afinar antes do início do ano letivo estes pormenores dos quais dei exemplo, mas é natural que vão aparecendo outros. Outro exemplo, em relação aos espaços desportivos, dos pavilhões. A gestão dos horários que servem os alunos é da com-

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ENTREVISTA / petência do Agrupamento, mas a partir do momento que já não há utilização por parte da escola, e a transferência de competências também nos traz esta questão dos pavilhões desportivos, dos horários que ficam livres, a Câmara pode alugar estes espaços a outras entidades como as associações desportivas e pode cobrar por isso. Temos é de aferir se vamos ou não cobrar, quais os horários que ficam livres... é preciso fazer todo esse trabalho, mas é preciso que as escolas primeiro definam o seu tempo de utilização, sendo as escolas a prioridade.

Isso levanta a questão das limpezas e desinfeções desses espaços: foi reforçado o número de funcionários?

Da parte do Ministério da Educação não foi reforçado. Os funcionários que estão nas escolas neste momento são os mesmos que eram antes de termos a transferência de competências. No início do ano, em parceria com IEFP, colocávamos mais pessoas para determinadas tarefas. No entanto, - e não podemos considerar estas pessoas como um posto de trabalho efetivo porque sendo um contrato de emprego de inserção, há tarefas que temos de salvaguardar - , o que temos de ver daqui para a frente e foi o que eu pedi aos Agrupamentos, é que o serviço fosse distribuído de acordo com o pessoal que tínhamos no início do ano letivo. Agora, de acordo com os rácios, temos de ir apurando o que será necessário além do rácio porque também sei que o Governo está a rever a Portaria dos rácios, que é importante que este trabalho seja feito e com alguma celeridade, e depois o que vamos colocar além do rácio... queremos crer que depois em sede de comissão de acompanhamento da descentralização, que o Estado faça estas transferências para a Autarquia, porque a Autarquia não pode ficar com uma transferência de competências e depois o orçamento extravasar para além disso. O que ficou acordado com o Estado em sede de acompanhamento, nesse caso com a DGEsTE, foi que tudo o que saísse fora daquilo que vai sendo transferido, vai ser avaliado ao longo do tempo. Neste momento não conseguimos falar de valores.

Mas o Município anunciou já um apoio direto às famílias da ordem de 1,6 milhões de euros e isto é só parte do pacote alocado à Educação...

sejam transferidas da parte do Ministério venham cobrir tudo o que tem a ver com a transferência de competências, sendo que aquilo que extravasar será posteriormente negociado.

Carta Educativa. Qual é o ponto da situação?

Eu não fujo de falar da Carta Educativa. Quando estivemos para aprovar a Carta Educativa, esta foi para o Conselho Municipal de Educação e tinha alguns números que não nos convenciam. Por aconselhamento do representante da DGEsTE no Conselho Municipal de Educação, achámos por bem retirar a Carta Educativa e voltar a olhar para ela novamente, tendo em conta que demorou algum tempo a sua elaboração. Como estávamos na eminencia da transferência de competências, era bom revê-la e aguardar mais um tempo. Quando houve a possibilidade de voltarmos a mexer, os números foram todos atualizados, pois já diziam respeito a alguns anos atrás e o que fizemos foi atualizá-la. Levou a alguma discussão no Conselho Municipal de Educação e foram levantadas algumas questões para as quais incluímos mais algumas notas. Coincidindo com o início da pandemia, demos um parecer favorável e foi enviada para a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, e aí está a aguardar que nos emitam um parecer que esperamos que seja favorável.

Pode então estar para breve?

Tudo depende agora do trabalho que a DGEsTE fizer em relação à Carta Educativa. Logo que tenhamos este parecer, será remetido para a reunião de Câmara e logo de seguida à Assembleia Municipal. Apesar de eu pedir que sejamos todos muito céleres no trabalho que cada um efetua, temos de compreender que a DGEsTE também tem sido confrontada com esta questão de os alunos estarem seis meses em casa e é uma estrutura regional, apesar de a lei determinar que existe um prazo. No entanto, apesar de

Sim. Das verbas que nós temos mais ou menos previsto, até porque estamos em requalificação do Colégio da Nossa Senhora de Fátima, das obras de requalificação da Escola Octávio Duarte Ferreira, em Tramagal... tudo que tem a ver com a educação está calculado na ordem dos 4 a 5 milhões de euros. A Câmara Municipal tem dado uma ênfase à área de educação,e pensamos que o futuro tem de estar alicerçado com boas bases no que diz respeito à educação. Há novos projetos e atividades que os Agrupamentos vão propondo e que vamos assumindo quando tem a ver com os projetos educativos dos agrupamentos e com o Projeto Educativo Municipal. Para aí não faltarão as verbas necessárias. Esperamos que as verbas que

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“É importante premiarmos os melhores alunos, (...) numa perspetiva de valorizar o seu trabalho e o seu empenhamento”

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

termos uma Carta Educativa à espera de um parecer por parte do Ministério da Educação, a educação no concelho não deixou de funcionar, as escolas não deixaram de funcionar.

Vai ser dada continuidade aos prémio de mérito e ao enriquecimento de competências. Estamos a falar de quê, em concreto?

A entrega dos prémios de Mérito já está instituída há alguns anos. No Conselho Municipal de Educação dizem que estes prémios deviam ter uma função mais abrangente pois são atribuídos aos alunos que têm a nota mais alta. Os Agrupamentos também tem os seus prémios de Mérito que atribuem, não só às notas, mas também às questões de solidariedade, trabalho na área da cidadania entre outras. É importante premiarmos os melhores alunos, não com a perspetiva de deixar os outros para trás, mas numa perspetiva de valorizar o seu trabalho e o seu empenhamento e demonstrar aos outros alunos que é importante trabalhar e estudar. Também premiamos o ensino profissional, que muitas vezes é considerado como um ensino de segunda oportunidade, mas é uma oportunidade de estudo e de trabalho e que cada vez faz mais falta no mercado de trabalho e cada vez tem mais vagas. É importante preparar os alunos para os politécnicos, temos de considerar que os alunos do ensino profissional não estão a fazer uma escolha de segundo valor, mas que também podem ir preparados para o mercado de trabalho ou para prosseguimento de estudos. Portanto, os prémios de Mérito continuam a fazer sentido e irão continuar a ser entregues.

Nesta altura é importante percebermos de que forma se prepara uma escola para a existência de um surto...

Não é muito fácil. Existem planos de contingência, os Agrupamentos prepararam as escolas com muita cautela. As escolas estão todas com circuitos marcados no chão para as crianças seguirem, é uma escola diferente do que tem sido até agora, as crianças não podem circular livremente pela escola, têm de seguir aqueles trajetos. Claro que os

Agrupamentos terão de ter algumas cautelas para as crianças não ficarem marcadas negativamente por esta fase, sendo que as questões da saúde mental também nos preocupam, mas para fazer face a isto, não existe outra forma. Está tudo preparado, os alunos têm circuitos, as turmas têm os seus espaços, houve muito cuidado com a preparação dos refeitórios, inclusivamente abrimos a possibilidade de os alunos poderem ver servidas as suas refeições em regime de take-away para que possam transportar e almoçar noutros espaços da escola mas os refeitórios estão muito bem preparados. Os jovens dentro da escola estão a ter todos os seus cuidados. A maior preocupação é dos portões para fora, onde assistimos a grupos de jovens que, do lado de fora, possam não cumprir os cuidados necessários. A preocupação vai mesmo no que as crianças possam fazer, mesmo com os seus pais, durante os fins de semana.

Para além da Câmara e do Agrupamento, as autoridades policiais também são um parceiro importante...

No âmbito do Conselho Municipal de Segurança foi deixado um alerta às forças de segurança, nas reuniões com o Conselho Municipal de Educação também tem sido falado este assunto, nos conselhos gerais dos Agrupamentos... temos tentado fazer chegar a nossa mensagem em todos esses locais. O que esperamos é que cada um faça a sua parte. Penso que os Agrupamentos estão a fazer muito bem a sua parte, a Câmara tem estado a acompanhar, as comissões de Proteção Civil - eu partilhei os planos de contingência com o coordenador da proteção civil - para que todos possamos seguir as instruções que a Direção geral de Saúde coloca para fora. Se toda a gente cumprir a sua parte, tudo irá correr pelo melhor.

É uma pergunta, não para a vereadora, mas para a Celeste Simão. Acredita que este ano letivo possa decorrer até ao fim com aulas presenciais?

Eu acredito que poderá correr até ao fim sem toda a gente ir para as aulas presenciais. Os números de infetados estão a aumentar, acredito que possa haver grupos a terem de ir para casa. Estou confiante que possam não ser muitos mas acredito que isso possa acontecer exatamente por causa da falta de cuidados dos portões para fora e no fim-de-semana. Não acredito que dentro da escola possam haver problemas. Se acontecer, alguns alunos terão de ir para casa. Não quero pensar que serão muitos, somente algumas situações. Como sou otimista, eu gostava muito de acreditar que o ano letivo decorresse do início até ao fim sem problemas destes, mas se acontecer, cá estamos preparados para fornecer novamente computadores aos alunos, para dar todo o apoio. Se forem famílias inteiras, em continuar a levar os alimentos à casa das pessoas que necessitarem, dos alunos que têm escalão A... está tudo a funcionar, está tudo ativo para que se isso acontecer, tivermos que reagir. (Pode ler a entrevista na íntegra em www. jornaldeabrantes.pt)


REGIÃO / Abrantes

Vereador do PSD apresenta queixa por crime ambiental // Rui Santos, vereador do PSD eleito para o executivo municipal de Abrantes, vai apresentar uma queixa no Ministério Público no sentido de serem investigados alegados crimes ambientais praticados no Brunheirinho. Rui Santos confirmou ao Jornal de Abrantes o que tinha dito na reunião do executivo municipal de 1 de setembro e na reunião de dia 15 do mesmo mês. Rui Santos fez questão de referir que a queixa não é contra ninguém ou contra nenhum partido, mas vai fazê-la para que o Ministério Público possa desenvolver um inquérito para averiguar se houve mesmo práticas ilícitas referidas pelo vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, na reunião do dia 1 de setembro. “Tal como disse na minha última intervenção, vou entregar a certidão da ata [da reunião de 1 de setembro] nos serviços do Ministério Público para que se

assim o entenderem poderem averiguar a situação que foi exposta há 15 dias”, explicou Rui Santos. O vereador social-democrata acrescenta que esta sua decisão não pode ser vista como uma ameaça ou um ataque político contra ninguém. Rui Santos disse que, “enquanto eleito não podemos continuar a fazer determinadas afirmações graves e depois nada acontecer”. E vincou que não sabe se “é verdade ou se é mentira aquilo que o vereador do Bloco de Esquerda disse. A ser verdade é um crime ambiental praticado por essas pessoas. A ser mentira é um crime praticado pelo senhor vereador do Bloco de Esquerda”.

Rui Santos tinha perguntado na reunião do executivo municipal de dia 15 de setembro, se o vereador Armindo Silveira tinha entregue a lista com os nomes dos munícipes que, alegadamente, teriam despejado as fossas sépticas para um ribeiro, no Brunheirinho. Manuel Jorge Valamatos disse que não tinha recebido nenhum documento e Rui Santos anunciou, de imediato, que iria solicitar uma certidão da reunião de 1 de setembro para formalizar a queixa judicial. Após comunicar a sua intenção, o vereador Armindo Silveira não teceu comentários e apenas revelou que vai falar no Tribunal, quando for chamado. Este caso começou a 1 de se-

tembro quando o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda questionou a legalidade ou a justeza da cobrança da limpeza de fossas sépticas por parte de cidadãos residentes no concelho que não têm acesso ao saneamento básico. E disse que tinha conhecimento de casos no Brunheirinho em que haveria cidadãos que, eventualmente, para não pagar a limpeza das fossas, teriam feito descargas para ribeiros. Ora, tanto o presidente da Câmara de Abrantes (PS) como o vereador Rui Santos (PSD) questionaram o vereador Armindo Silveira sobre a identidade destas pessoas que teriam cometido infrações à lei, tendo o social-democrata reve-

lado mesmo que, a ter acontecido, foi um crime ambiental. Armindo Silveira não disse quem tinha feito a limpeza ou as descargas e que tinha ouvido este caso de uma eleita na Assembleia de Freguesia de Bemposta. E foi nessa sequência que Rui Santos disse que se “o vereador do BE não entregar no prazo de 15 dias a lista [dos munícipes que fizeram as descargas de águas residuais] no gabinete da presidência, eu próprio vou pedir uma certidão da ata e apresentar uma queixa no Ministério Público”. Armindo Silveira ripostou que não cedia a ameaças e chantagens e que tinha feito uma declaração política, não entendendo a postura do social-democrata em envolver o tribunal. Rui Santos ainda justificou a sua posição. Não era ameaça, era apenas para clarificar aquilo que pode ser um crime ambiental e, porque como eleitos, não podem ir para uma reunião dizer o que apetece sem aferir a veracidade dos fatos. Passaram 15 dias, Armindo Silveira não entregou nenhuma lista ou nome de quem terá feito as descargas de águas residuais e o social-democrata vai mesmo apresentar uma queixa junto do Ministério Público. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Sardoal

Má qualidade das comunicações no interior do país em destaque no Dia do Concelho // Sardoal celebrou 489 anos da elevação do Sardoal à categoria de Vila no dia 22 de setembro. Neste Dia do Concelho, Sardoal estaria em festa mas estes não são tempos normais. A data foi comemorada numa cerimónia que teve lugar no Centro Cultural Gil Vicente. Em Dia do Concelho, as comemorações passaram este ano por uma cerimónia “modesta e contida” e foi o presidente da Assembleia Municipal (AM), Miguel Pita Alves, o primeiro a usar da palavra para defender que a pandemia é uma oportunidade para o interior do país mas a relembrar que este seria um dia de reunião dos e com os sardoalenses. “Estamos habitualmente em festa nestes dias. Gostamos de receber quem é de fora e com eles compartilhar o melhor que temos na nossa natureza, do nosso património e sobretudo da nossa cultura”, disse o presidente da Assembleia. Miguel Pita Alves afirmou que “passamos por momentos atípicos da nossa vivência, nos quais tivemos que adotar novas formas de vida mas não convém relaxarmos neste desaceleramento que nos foi imposto. Temos que reagir e voltar às dinâmicas antigas, com todas as precauções exigidas”. “Defendo, desde o início desta pandemia, que o interior do país tem aqui uma oportunidade. De repente, as zonas de baixa densidade passaram a ser interessantes e desejadas. Temos nós que criar as dinâmicas e as condições para que isso aconteça. (…) Temos que criar novas realidades para que se mantenham famílias e que possam permanecer a viver no interior do país, descobrindo as mais-valias e a qualidade de vida que podemos oferecer”, disse o presidente da AM. Aproveitando a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, Miguel Pita Alves defendeu que “a coesão territorial deve ser ou voltar a ser um dos maiores desígnios de Portugal”.

Parque de Negócios de Andreus vai arrancar

O presidente da Câmara Municipal, Miguel Borges, começou por falar dos tempos que vivemos, aludindo a “umas comemorações em tudo diferentes, como não há memória. Vivemos tempos conturbados que apelam à nossa consciência cívica naquilo que é a nossa responsabilidade individual, mas também e muito à nossa consciência coletiva como comunidade que se une para enfrentar as agruras do tempo presente. Estou certo que saberemos lutar contra as adversidades circunstanciais sem contudo deixarmos de manter o espírito solidário, coletivo que tão bem nos carateriza”. O autarca falou dos investimentos feitos pelo Município na salvaguarda

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nidade tarda em chegar a esta faixa longitudinal do nosso País e, com este tardar, tardam também a fixação de novas empresas o desenvolvimento das existentes, a criação de postos de trabalho, a criação de riqueza e o aumento da nossa população. Toda a atividade económica, nos dias de hoje está assente numa base digital. Não nos chega estarmos com 75% de cobertura em 2023 e 90% em 2025 é pouco ambicioso para o que merecemos, é pouco ambicioso para uma verdadeira coesão territorial. Comunicações de voz que não funcionam e internet de enorme fragilidade, é esta a nossa realidade”. “Nunca estivemos tão perto, não queremos estar digitalmente longe”, concluiu o presidente da Câmara de Sardoal.

//Ministra Ana Abrunhosa na cerimónia comemorativa dos 489 anos da elevação do Sardoal à categoria de Vila do Património e do que falta fazer. Não esqueceu a obra da nova escola e agradeceu a quem permitiu que a obra fosse possível. “Mais investimentos estruturantes estão a decorrer no nosso concelho, com especial destaque para a nova escola, não só pela importância que tem no desenvolvimento de uma comunidade, mas também, e permitam que o refira, uma luta pessoal com mais de 10 anos, iniciada ainda como professor do nosso Agrupamento de Escolas. Não posso deixar de destacar o papel fundamental que três pessoas aqui presentes tiveram neste feliz desfecho. O secretário executivo da Comunidade da CIMT, Dr. Miguel Pombeiro, a Dra. Isabel Damasceno e a professora Ana Abrunhosa, nas funções que então desempenhavam na CCDR Centro”. “Já no decorrer deste ano, a capacidade do nosso Parque Empresarial ficou esgotada com a cedência dos três últimos lotes a duas novas empresas e a expansão de uma já existente”, informou o presidente da Câmara de Sardoal, que declarou que o Executivo está “atento à importância fundamental de fixar empresas no nosso concelho” e, como tal, “estamos a trabalhar no sentido de apresentar a nossa candidatura, até ao final do mês de outubro, do Parque de Negócios de Andreus. Uma zona de implementação empresarial que, numa primeira fase, poderá alojar até 10 empresas. Um conceito moderno, inovador cujo investimento rodará os 600 mil euros. Importa

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

também referir que está a decorrer neste preciso momento o concurso para a empreitada de requalificação do Externato Rainha Santa Isabel. Um edifício emblemático, de enorme beleza, onde muito sardoalenses aprenderam algumas lições que os prepararam para a vida. Vamos voltar a dar vida a este espaço com a instalação da Biblioteca Municipal de Sardoal, falo-vos de um investimento de quase um milhão de euros”.

“Nunca estivemos tão perto, não queremos estar digitalmente longe”

No entanto, um dos maiores problemas do interior do país continua a ser a falta de qualidade nas comunicações. Foi esse problema que levou Miguel Borges a escrever à ministra da Coesão Territorial. O presidente lembra que para além da falta de rede e internet, também o serviço dos CTT afasta potenciais investidores. “Entendam como declaração de princípios da minha parte o facto

“A modernidade tarda em chegar a esta faixa longitudinal do nosso País”

de considerar que viver no interior é um privilégio que, infelizmente poucos usufruem, no entanto há, como em todo o território nacional constrangimentos de diversa ordem que urge ultrapassar de forma a melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos. Sei que a perfeição é utopia, mas se existe lugar onde nos poderemos aproximar dela, é sem dúvida o interior do nosso País, o nosso interior. Não é só uma visão romântica mas principalmente realista. O que despoletou a minha comunicação com a Senhora Ministra, vem no seguimento da abordagem já feita ao Senhor Primeiro Ministro a quando da sua passagem por Sardoal há aproximadamente um ano. Falo-vos de comunicações, não só as comunicações móveis de voz, o acesso à internet, mas também o tradicional serviço dos CTT. Se dos primeiros (rede móvel e internet) a modernidade tarda a chegar. Quanto ao serviço prestado pelos CTT é notória a sua degradação num claro desrespeito por uma população, na sua grande maioria idosa, com uma enorme dependência deste serviço. Volto a dizer é uma enorme falta de respeito por quem deste serviço depende. Mas não pensemos que são só os idosos, são igualmente as empresas que esperam dias sem fim pela encomenda que tarda e que poderá ter especial importância para o desenvolvimento da sua atividade económica”, denunciou o presidente. Para Miguel Borges, “a moder-

“Não é nada que estes territórios não mereçam”

A ministra Ana Abrunhosa falou da pandemia e de como partilha da opinião de que esta situação fez muitos portugueses “repensarem as suas vidas e regressarem ao interior do país”. A governante garantiu depois que o Governo está empenhado em resolver os problemas das comunicações no interior, lembrando que os territórios do interior vão merecer uma atenção especial. “Mais do que uma vontade, é algo que já estamos a implementar. Não é nada que todos o atores deste território não exijam e não é nada que estes territórios não mereçam”, afirmou. Para a ministra “não basta dizer que 90% da população tem dados móveis porque a Ana Abrunhosa que tem dados móveis no Terreiro do Paço, é a mesma Ana Abrunhosa que quando vai ao Alentejo quer fazer uma chamada de voz do seu telemóvel e não consegue”. Garantiu que a “coesão territorial obriga não só a cobertura de toda a população mas do território e é isso que está previsto e é intenção deste Governo”. Ana Abrunhosa asseverou que “iremos estar muito atentos ao leilão [concurso 5G], estaremos todos atentos às condições que serão impostas às operadoras e foi assumido pelo Primeiro-ministro que, no leilão, seria dada prioridade aos territórios do interior”. Nesta cerimónia foram ainda distinguidos sete funcionários do Município que cumpriram 25 anos de trabalho ao serviço do concelho de Sardoal. Patrícia Seixas


REGIÃO / Sardoal

Crise instalada na Santa Casa da Misericórdia

de pessoal, pelo que foi necessário prescindir de alguns colaboradores. E no mês de agosto muitos sardoalenses ficaram preocupados com o atraso nos pagamentos dos ordenados. O Jornal de Abrantes sabe que o pagamento do vencimento foi feito em duas tranches, mas que aquilo que tinha sido prometido pela Mesa Administrativa, de fazer o pagamento da segunda tranche até dia 10 de setembro, tinha sido cumprido. Mesmo assim, as dúvidas sobre a situação financeira da instituição nunca pararam de surgir e o vereador socialista na Câmara de Sardoal, Pedro Duque, questionou o presidente da Câmara, Miguel Borges, sobre a situação da instituição e sobre os rumores que corriam pela vila. Nesse dia, 15 de setembro, Mi-

guel Borges informou que o pagamento de ordenados estava regularizado e que, enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral da Misericórdia, iria convocar uma assembleia para o dia 26 de setembro.

Presidente da Assembleia Geral sugere demissão da Mesa Administrativa

A Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia aconteceu no dia 26 e na ordem de trabalhos, para além da informação sobre o processo da creche, havia vários pedidos de autorização que têm a ver com receitas para a instituição, entre elas a contratação de um empréstimo de 100 mil euros, a autorização para venda de prédios rústicos e uma alteração de hipotecas. Numa reunião em que estiveram presentes cerca de três dezenas de irmãos, no final a re-

união, Miguel Borges, enquanto presidente da Assembleia Geral da Misericórdia, deixou aos presentes uma reflexão sobre o que entende ser o futuro da instituição. Nesse sentido, em declarações à rádio Antena Livre, explicou que há todo um trabalho feito pela Mesa Administrativa da Misericórdia, liderada há muitos anos pelo provedor Anacleto Batista, mas que talvez estivesse na altura de voltar a dar a palavra aos irmãos. “Tenho a certeza que esta instituição precisa de outro tipo de gestão. Uma gestão dinâmica, moderna, mais eficiente e mais eficaz”. Miguel Borges disse que “chegámos ao ponto a que chegámos por questões transversais a estas instituições, mas também por erros de gestão, dos quais o provedor não pode estar alheio porque é provedor há muitos

anos”. E depois diz que talvez seja “ a altura de dar a palavra aos irmãos para decidirem quem é que acham que são as melhores pessoas para desempenhar funções na Mesa Administrativa”, tendo concluído com a opinião: “acho que não estão reunidas condições para o senhor provedor continuar”. Apesar desta opinião ou reflexão do presidente da Assembleia Geral, igualmente presidente da Câmara de Sardoal, o Jornal de Abrantes sabe que o provedor ou a Mesa Administrativa não terão intenção de apresentar a demissão ou de provocar eleições antecipadas. E o avanço para eleições só pode acontecer se uma maioria dos irmãos convocarem uma Assembleia destitutiva. E mesmo assim, teria de ser aprovada a destituição nessa mesma reunião. Jerónimo Belo Jorge

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A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal tem andando na ordem do dia naquele concelho por via do encerramento da valência da creche, por dificuldades financeiras, e depois porque apresentou no último mês dificuldades financeiras. Quanto à creche, o Jornal de Abrantes já tinha noticiado que a instituição de Sardoal, com mais de 500 anos de história, decidiu fechar o serviço. Era uma questão que já vinha sendo avaliada desde 2013 com a Segurança Social, entidade estatal que subsidia estas valências. Mesmo com as verbas recebidas, a Misericórdia tinha de assumir uma verba significativa para garantir o serviço prestado. Nesse sentido, a Câmara de Sardoal já tinha concedido um apoio de 70 euros por criança para ajudar a instituição a fazer face às despesas. Mesmo assim, a valência dava prejuízos todos os anos e, em 2020, a Segurança Social colocou em cima da mesa a “obrigatoriedade” de fazer obras para requalificar o edifício ou então a creche não podia funcionar. Entre várias reuniões, e com a pandemia a complicar ainda mais os processos, a Santa Casa da Misericórdia de Sardoal decidiu em final de maio informar a Câmara Municipal que ia encerrar a valência. Esta informação despoletou no Município a intenção, entretanto concretizada, de assumir a creche, como creche municipal, para não perder a valência para o concelho. Anacleto Batista, provedor da Misericórdia de Sardoal, tinha referido ao Jornal de Abrantes que mesmo com o apoio do município, dos 70 euros por cada criança convencionada com a Segurança Social, a gestão dava sempre prejuízo. Até porque a creche tinha mais de 30 crianças e só 20 estavam convencionadas. Com o encerramento da creche, houve necessidade da Santa Casa da Misericórdia ajustar o quadro

Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Abrantes tem despesa de 750 mil euros com medidas de combate à COVID-19 750 mil euros é o valor que o município de Abrantes já gastou nas várias medidas relacionadas com a pandemia. Segundo um relatório da autarquia, entre março e agosto, e nas várias medidas e ações do município, há um registo de uma despesa direta de 749 mil euros. Deste total, 425 mil euros dizem respeito aos descontos diretos ou isenções na fatura de ambiente dos Serviços Municipalizados de Abrantes entre abril e junho. Estes documentos tinham sido solicitados pelo vereador do PSD Rui Santos e o presidente da Câmara, e do conselho de administração dos Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA), apresentou os valores segmentados em todos os investimentos ou despesa relacionada com as medidas de combate ou prevenção do coronavírus no concelho. Se em relação aos SMA havia uma previsão de despesa da ordem dos 250 mil euros, verificou-se, contas feitas, que os descontos e isenções levam a que o município assuma o pagamento de 425 mil euros que os munícipes e empresas pouparam nos três meses. Aliás, segundo o presidente da Câmara de Abrantes, ainda há alguns acertos a fazer, entre débitos e créditos de munícipes, uma vez que as faturações bimestrais levaram ao surgimento de situações que não estavam previstas. Ou seja, haverá munícipes que só tiveram dois meses de desconto ou isenção por via do sistema informático de faturação dos SMA. Nestes casos, depois de apurados esses valores, será feito um crédito para que não sejam prejudicados em relação à medida aprovada e colocada em prática. Em contraponto haverá outros munícipes que tiveram quatro meses de desconto, ou seja, um mês a mais em relação ao aprovado. Nesses casos será feito o acerto e os munícipes nestas condições vão ter de pagar o mês que não lhes foi cobrado.

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Explicações do presidente da Câmara de Abrantes sobre as despesas com a COVID-19 Segundo Manuel Jorge Valamatos trata-se de uma questão técnica do software de faturação que só foi detetado nesta altura e que tem estado a ser corrigido para resolver estas questões. De qualquer forma o presidente da Câmara referiu que houve um valor muito mais elevado nesta “despesa” a suportar pelo município já que havia uma previsibilidade de estar envolvida uma verba de 200 ou 250 mil euros. Nesse sentido foi aprovada uma alteração orçamental por via destes acertos nas contas do município.

Máscaras e luvas levam fatia de 140 mil euros

Quanto aos outros investimentos ou despesas relacionadas com a pandemia, a aquisição de máscaras e luvas levou a uma despesa de 139 mil euros nestes seis meses. Há a notar o maior investimento em julho, 80 mil euros, quando passou a ser aconselhado o uso de máscaras em locais públicos ou na rua. Estas aquisições foram feitas para uso interno, para as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), bombeiros e outras estruturas da comunidade. Nestes pacotes estão integradas as máscaras comunitárias que foram distribuídas pela população. Já no que aos testes diz respeito, o Município de Abrantes tem uma fatura de 19 575 euros. Recorde-se que os testes a todos os funcionários de IPSS’s, forças de socorro e funcionários da autarquia e juntas de freguesia foram suportados pela Câmara Municipal. E foi uma despesa registada em julho, quando começaram a ser levantadas as medidas de confinamento a que o país esteve sujeito. Neste período de confinamento foram feitos trabalhos de desinfe-

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ção e higienização de locais públicos, o que representou um gasto de 27 mil euros. Neste setor o Município teve uma fatura de quase 200 mil euros. Em termos de refeições de apoio social há um gasto nestes meses da ordem dos cinco mil euros. Trata-se de um apoio direto às famílias. Já na educação, seguindo este relatório a que o Jornal de Abrantes teve acesso, há a notar um investimento de 15 mil euros em tablets em maio, na altura em que foram retomadas as atividades letivas com grande parte dos alunos a ter ensino à distância ou em casa. Neste sentido houve também a necessidade de aquisição de serviços de internet para alguns dos alunos o que representou uma

“Entre março e agosto, há um registo de uma despesa direta de 749 mil euros”

despesa de 13 mil euros. Já a aquisição de refeições ou bem alimentares para as famílias cujos alunos têm apoio social escolar representou uma fatura de 18 mil euros. Contas feitas, nestes seis meses o Município de Abrantes teve um registo de despesa na educação na ordem dos 47 mil euros. Já noutro tipo de apoios sociais às famílias, instituições desportivas ou culturais houve um registo de gastos de 51 mil euros. Há ainda neste relatório de despesas com a COVID-19 uma despesa de 20 mil euros em diversos tipos de aquisição de serviços. No somatório total, em seis meses, desde que começou a pandemia e o estado de emergência em Portugal, o Município de Abrantes tem uma fatura de gastos de 750 mil euros.


REGIÃO / Constância

Assembleia ao lado do Executivo, recusa competências

estiverem clarinhos como a água, não aceitamos. Sabemos nós que não podemos ir além de março de 2022, quer concordemos com aquilo que nos é proposto, quer não, esse é o deadline e nessa altura vamos ter que aceitar mesmo”. Estas explicações foram aceites pela Assembleia Municipal que votou, por unanimidade, a não aceitação das transferências de competências nas áreas da Educação, Saúde e Ação Social.

// A Assembleia Municipal de Constância, reunida no dia 25 de setembro, aprovou por unanimidade a não aceitação de transferência de competências por parte do Município. Decisão que vem ao encontro do já aprovado pelo Executivo da Câmara Municipal. Sérgio Oliveira, presidente da Autarquia, explicou as razões que levam o Executivo de Constância a recusar as competências nas áreas da Educação, Saúde e Ação Social. “Neste momento, entendemos que não estão reunidas as condições para aceitar essas competências. De todas aquelas que se pretende transferir até 2022 – o prazo foi prorrogado às autarquias locais – essas são aquelas que assumem um maior peso naquilo que será a gestão diária de uma Autarquia e, nesta caso, falamos de uma Autarquia com a dimensão da de Constância”, começou por justificar o presidente. Sérgio Oliveira não escondeu que a Autarquia de Constância “já

tem os recursos humanos todos contados e há aqui um conjunto de questões, nomeadamente a nível de recursos humanos e a nível financeiro que, no nosso entender ainda não está devidamente clarificado. Precisamos dessa clarificação para que possamos, em consciência, aceitar este processo de transferências sem prestar um pior serviço às nossas populações e sem colocar em causa, obviamente, esses mesmos serviços”. Constância adia assim para março de 2020 a aceitação das competências mas o “que nos preocupa mais”, disse o autarca, “é o facto de em algumas dessas áreas, principalmente na área da educação e da saúde, haver algu-

Assembleia unânime na aprovação da política fiscal para 2021

// AM vota ao lado do Executivo e recusa transferência de competências mas situações de postos de trabalho que nós sabemos que são postos de trabalho permanentes mas que são assegurados através de CEI’s [Contrato Emprego-Inserção] ou através de prestadores de serviços”. É entendimento do Executivo liderado por Sérgio Oliveira que “devem ser identificadas todas as necessidades de postos de trabalho permanentes e devem ser contabilizados esse número de postos de trabalho naquilo que é o pacote financeiro a transferir para as autarquia locais”. Porque como afirma o autarca, “todos nós sabemos, e todos os políticos dizem isso e eu subscrevo, que

no nosso país as autarquias estão mais próximas das pessoas e por isso conseguem gerir melhor os dinheiros públicos do que a Administração Central. Mas também todos nós sabemos que quando faltar um assistente operacional numa escola ou num Centro de Saúde, as pessoas vão começar a dirigir-se à Câmara Municipal e a exigir que o problema seja resolvido”. Portanto, para Sérgio Oliveira, “ou aceitamos a transferência de competências com os pés bem assentes na terra ou então vai ser um grande risco para as autarquias. Há ali aspetos que ainda não estão clarificados e enquanto não

Na mesma sessão da Assembleia Municipal foi ainda aprovada a política fiscal para o ano de 2021. A proposta, que já tinha sido aprovada por unanimidade pelo Executivo Municipal, na reunião de 11 de setembro, visa manter os valores praticadas no presente ano de 2020, foi aprovada por unanimidade. A única diferença em relação ao presente ano, é referente ao IMI, pois a autarquia optou por retirar tanto a majoração em dobro para prédios rústicos em situação de abandono, como a majoração em triplo para prédios urbanos devolutos e em ruínas há mais de um ano. Relativamente a este imposto (IMI), mantém-se a taxa de 0,35%. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

//Assembleia Municipal aprova por unanimidade a não aceitação da transferência de competências

Transferência de competências chumbada em Assembleia Municipal // A Assembleia Municipal de Vila Nova da Barquinha, reunida a 25 de setembro, votou por unanimidade a não aceitação da transferência de competências na área da Educação, Saúde e Ação Social. Esta posição reforça a decisão do Executivo Municipal que tinha decidido da mesma forma e o presidente da Câmara, Fernando Freire, explicou que “até nova deliberação em contrário por esta Assembleia, as competências do domínio da saúde, educação e ação social são aquelas que, de facto, têm um maior peso, e de que maneira, no orçamento municipal”. Ao Jornal de Abrantes, o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, disse que esta tomada de posição se prende com o facto de “neste momento, não conheço quais são os recursos humanos alocados, por exemplo na Ação Social, quem são os técnicos, quantos são, quais são os valores e não havendo uma matriz objetiva e concreta sobre recursos humanos, dinheiros que serão transferidos, não nos vamos pronunciar sobre isto sobre pena de estarmos aqui a violar critérios

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e colocar em causa ou em crise os meios financeiros da própria Câmara Municipal e a sua sustentabilidade”. Fernando Freire adiantou que “quando tiver dados concretos, atuaremos em conformidade. Se tiver que aceitar, em última instância, partir para uma negociação, apresentando resultados objetivos”. O autarca revelou que “a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha saiu do PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), dos ajustamentos financeiros em 2017 e tem que quantificar, com parcimónia, os custos que isto importa, nomeadamente as novas competências num quadro completamente aberto. E é esta questão que está aqui a ser discutida”. A aceitação das competências por parte da Autarquia fica assim adiada até março de 2022, “a não ser, conforme consta da delibera-

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

ção, que os senhores deputados municipais – e a competência também é deles – entendam trazer o assunto a nova Assembleia Municipal. É a a eles que compete, em último rácio nos termos da lei, definir a transferência”. No entanto, acrescenta Fernando Freire, “por parte do Município, enquanto eu estiver presidente (em princípio até outubro de 2021), eu e

“É muito importante que o senhor Primeiroministro e o senhor Presidente da República valorizem o interior mas que passem das palavras aos atos”

o restante Executivo não vamos aceitar transferências de competências até não ficar esclarecido estes itens que referi”. Mas com a Assembleia Municipal a votar por unanimidade junto com a posição da Câmara Municipal, a decisão sai fica reforçada. “Os nossos deputados são pessoas esclarecidas. É evidente que às vezes temos divergências em termos políticos mas nesta matéria em concreto, e com a transparência com que foi colocado o assunto, desconhecendo quais são os pressupostos alocados ao pacote financeiro e aos recursos humanos na transferência de competências, eles perceberam perfeitamente e votaram em conformidade”.

Tancos versus Monte Real

Ainda na Assembleia Municipal foi questionada a declaração de António Costa, secretário-geral do PS, que admitiu, em Leiria, que a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil é “algo justo, que é necessário e que faz sentido”. O Jornal de Abrantes questionou Fernando Freire sobre o

ponto de situação do processo da BA3, em Tancos, ao que o autarca respondeu que “está igual ao de Monte Real, ou seja, está tudo a marinar”. Nesta altura, “são os lobies a funcionar, nomeadamente os grupos de pressão” pois “há quem queira que seja para Monte Real, há quem queira que seja para Coimbra, há quem queira que seja para Tancos... um aeroporto em cada sítio do país”. Mas diz Fernando Freire que “o que importa é avaliar e ponderar os territórios, avaliar os que têm mais capacidade para rececionar aeronaves, quer de mercadorias, quer de transporte de passageiros, e depois deixar o Governo decidir sobre essa temática”. Certo é que entre os autarcas do Médio Tejo “é pacífica a questão de Tancos para os transportes, numa plataforma logística que engloba a porta norte – que vai desde Alcanena até Tancos – onde teríamos não só o nó rodoviário de Alcanena, Torres Novas, Entroncamento e Barquinha, como teríamos também o nó ferroviário, nomeadamente os cais na zona de transferência de mercadorias e contentores em Riachos – Torres Novas e Entroncamento. Por outro lado, teríamos o terceiro meio de transporte que seria o avião de mercadorias na base de Tancos”. Fernando Freire também relembrou que a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo deliberou por unanimidade “que os militares são uma força perene, forte e significativa e que queremos que eles continuem no nosso território. É possível conciliar a sua permanência com a questão do aeroporto. Aliás, o próprio Chefe do Estado Maior, com quem já falei várias vezes, faz parte da solução e não parte do problema. Ou seja, conseguimos conciliar os interesses. Agora, caberá ao poder negocial, quer por parte da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, quer dos autarcas que a compõem, convencer o Governo destes argumentos e verificar se, de facto, queremos descentralizar e valorizar o interior. É muito importante que o senhor Primeiro-ministro e o senhor Presidente da República valorizem o interior mas que passem das palavras aos atos”. Declarou o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha que “se vêm alguns fundos - e ainda há pouco ouvimos o senhor ministro das Infraestruturas dizer que o Interior tem sido descriminado, e tem porque os investimentos são todos inclinados para o mar – então que haja alguma coerência e um princípio de transparência, e também de equilíbrio, para as zonas de baixa densidade que bem precisam para alocar maior riqueza aos nossos territórios”. Patrícia Seixas


REGIÃO / Mação

Câmara adia transferência de competências na Educação, Saúde e Ação Social para 2022 sias, não foi possível chegar a um acordo”. “Ora, penso eu que só se podem chegar a acordos quando há propostas de um lado ou de outro”, disse o autarca, explicando que “até 30 de outubro [de 2019] não houve nenhuma proposta por parte da União de Freguesias nem por parte da Câmara”. Entende Vasco Estrela que “com este documento que recebemos, estamos perante uma proposta da União de Freguesias. Proposta esta que deverá ser analisada e que irá ter uma resposta por parte da Câmara Municipal”, em próxima reunião do Executivo onde será dado conhecimento “da nossa contra-proposta”. Se as duas partes não chegarem a acordo, “poderemos então dar o passo seguinte”. Vasco Estrela explicou que “não podemos dizer que não chegámos a acordo porque até agora não havia nada para acordar. Esta é a única altura em que temos alguma coisa para acordar ou não. Houve aqui um passo que foi dado a mais”, concluiu o presidente da Câmara de Mação.

//Reunião do Executivo da Câmara de Mação

Patrícia Seixas

União de Freguesias apresenta proposta para transferência de competências no valor de 217 mil euros

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A Câmara Municipal de Mação não vai aceitar a transferência de competências nas áreas da Educação, Saúde e Ação Social, preferindo adiar para março de 2022. O presidente Vasco Estrela justifica a decisão considerando que “neste momento, em qualquer uma dessas áreas há questões que têm que ser devidamente avaliadas e conversadas”. O autarca afirma que, “na área da Saúde, as reuniões que tivemos não foram satisfatórias em termos daquilo que era a proposta que foi feita. Na Educação, pouco ou nada de conversas existiram e na área da Ação Social ainda nem sequer há documentos mínimos para trabalhar, nem sequer foram disponibilizados”. Para Vasco Estrela, “neste momento, a assunção de responsabilidades nas competências por parte da Câmara, não trariam um ganho muito efetivo para as populações do concelho”. O presidente diz ainda sentir “alguma relutância por parte dos trabalhadores de que a Câmara possa assumir essas competências. Enfim, não há grande vontade que isso aconteça”. “Não havendo essas condições e não achando a Câmara, e eu próprio, que haja prejuízo para as populações – e isso é o mais importante no meio de tudo isto – não vejo razões para nós assumirmos esta responsabilidade”, explica, avançando que “faz sentido termos aqui algum compasso de espera, perceber como é que as coisas correm noutros locais, até porque muitas das câmaras, nomeadamente na área da Educação, já tinham competências e têm um caminho já feito, que em Mação nunca foi feito”. Vasco Estrela vai esperar “para aprender com os outros” e em 2022, “quem aqui estiver, assumirá as competências se na altura não for prorrogado por mais algum tempo. É uma questão que temos todos que avaliar”. O presidente da Câmara de Mação diz que “por princípio, sou favorável a estas transferências de competências” mas fala de “pontas soltas que não convinha estarem soltas e porque acho que a Câmara não deve ter a tentação de ser a dona disto tudo. Tenho tentado combater isso”. Vasco Estrela fala ainda de incoerências e imprecisões que devem ser esclarecidas antes da aceitação por parte da autarquia. Na votação da proposta, o vereador do PS, votou contra o adiamento da transferência de Competências.

Na reunião do Executivo, realizada a 23 de setembro, o presidente da Câmara deu conta de uma proposta da União de Freguesias de Mação, Penhascoso e Aboboreira para a delegação de competências do Município para a Freguesia. Do documento recebido, Vasco Estrela, enunciou as competências em questão e trata-se da gestão e manutenção dos espaços verdes; limpeza das vias e espaços públicos, sarjetas e sumidouros; manutenção, reparação e substituição do mobiliário urbano instalado no espaço público, com exceção daquele que seja objeto de concessão; realização de pequenas reparações nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico e manutenção dos espaços envolventes dos referidos estabelecimentos de educação. Competências que, no documento enviado pela União de Freguesias, perfazem um total de 217.365 euros. “Conforme é referido no documento, onde é feito o resumo das reuniões que aconteceram entre o Executivo Municipal e a União de Freguesias, a última conversa que houve foi há 11 meses”, começou por explicar Vasco Estrela. O presidente da Câmara leu ainda que “conclui a União de FregueAF_CA_JOVENS_IMPRENSA_PI_210x285mm_cv.indd 1

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REGIÃO / Vila de Rei

Proposta para a modificação da paisagem apresentada // Vila de Rei já tem uma proposta para o projeto de modificação da paisagem. Trata-se de uma nova forma de ordenar a floresta por forma a evitar a proliferação de fogos florestais. O Programa de Transformação da Paisagem começou a dar os primeiros passos ainda no anterior governo socialista pela mão do então ministro da Agricultura Luís Capoulas Santos. Foi um programa destinado aos concelhos de Mação, Sertã e Vila de Rei após os incêndios que assolaram esta zona do pinhal interior. Mais tarde o governo acrescentou os concelhos de Oleiros e Proença-a-Nova. Só que o atual governo fez uma revisão a este programa experimental e estendeu-o a outras zonas do país criando linhas de apoio que, na opinião do autarca de Vila de Rei, Ricardo Aires, são “menos positivas”. Ricardo Aires diz que o projeto definido pelo ministro Capoulas Santos deveria ser aquele que deveria ser aplicado nestes três concelhos. “O que sabemos é que, em maio, nos disseram que o projeto-piloto não era bem aquele que estava desenhado. Não estou a dizer que este novo projeto não seja eficaz. Digo é que o anterior, na minha opinião, seria muito mais eficaz”, revela Ricardo Aires. É que o primeiro projeto tinha uma linha de apoio direta a estes municípios e com esta alteração

estes três concelhos (Mação, Sertã e Vila de Rei) têm de “ir a certos avisos e na nossa região há critérios que são muito difíceis de concretizar”. Ricardo Aires diz que “mais uma vez o governo de Portugal não está a ver bem a nossa situação. As regras mudaram e vamos ter de fazer tudo por tudo para mudar, senão de tantos em tantos anos isto vai arder”. O autarca diz que tem ainda um problema no concelho que é o cadastro, porque um dos critérios nos projetos é ter a identificação de todos os proprietários e, sem o cadastro feito, isso é complicado. Ricardo Aires deixa um aviso sério: “Os nossos proprietários têm de perceber que têm mesmo de mudar a paisagem das propriedades”. E uma das questões que tem vindo a ser tratado pelo governo é a forma de obrigar os proprietários a “entrar” nestes programas de modificação da paisagem. A Assembleia da República já tem uma proposta para o “arrendamento forçado” por forma a obrigar os proprietários a ceder a exploração das propriedades mediante o pagamento de um determinado valor. No início de agosto o secretá-

rio de Estado das Florestas, João Paulo Catarino, explicou este projeto-lei: “o arrendamento forçado está previsto só para aqueles casos concretos em que o Estado diz ao proprietário ou à autarquia ‘o projeto é este’ - transformação da paisagem -, o dinheiro que temos disponível para fazer, pagamos a transformação da paisagem, damos um apoio durante 20 anos. Mesmo nestes casos, pagando tudo isto, o Estado fazendo o projeto, criando as condições para que essa transformação aconteça e pagando um apoio durante 20 anos ao proprietário, [pode ser que] exista nessa área, que pode ser 1 000 ou 1 500 hectares, um ou dois ou três proprietários que digam ‘não, mesmo assim nessas circunstâncias, a propriedade é minha, não quero, nem deixo fazer”. Já a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, anunciou em meados de setembro que no Programa de Transformação da Paisagem, da responsabilidade do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, já aprovado em Conselho de Ministros, o Pinhal Interior surge como uma das áreas territoriais envolvidas. “É um programa amplo, com várias medidas, nomeadamente ligadas ao emparcelamento, aos condomínios de aldeia, mas que são muito importantes quando forem implementados no terreno, porque a questão da transformação da paisagem é essencial nestes territórios, em termos maioritariamente florestais e aldeias com vulnerabilidade”, considerou. Jerónimo Belo Jorge

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Cann 10 pode começar fábrica em dezembro A pandemia veio provocar alguns atrasos nos processos da empresa multinacional israelita Cann 10 em Portugal, nomeadamente no projeto de criação da fábrica em Vila de Rei. O processo é muito complexo, começou por explicar ao Jornal de Abrantes Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, garantindo que os empresários continuam com as mesmas intenções desde novembro de 2018 quando foi anunciado o investimento de cerca de dez milhões de euros. Ricardo Aires diz que a pandemia veio colocar algumas areias nas engrenagens, ou seja, alguns atrasos por via daquilo que são as medidas anti-COVID em Israel. O autarca garantiu que está a acompanhar todo o processo que já passou a primeira fase de licenciamento do INFARMED. O autarca salientou também que este é um processo cheio de novidades em

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

Portugal, já que a produção de fármacos a partir da Cannabis não existia no nosso país. Seja como for, Ricardo Aires diz ter a informação por parte dos empresários que neste momento “iam tentar ver de conseguiam começar em dezembro, porque esta não é uma empresa de agricultura ou de estufas. É uma empresa de

transformação”. Por outro lado, o autarca diz que em Israel continua tudo confinado, por causa da pandemia, o que atrasa ainda mais todos estes processos. Agora, diz Ricardo Aires, “já não depende de nós, agora depende deles e das licenças necessárias para esta atividade”. As instalações da empresa em Vila de Rei irão executar os serviços de produção, importação, exportação e transformação de “medical cannabis sativa” com vista ao fabrico de produtos fitofarmacêuticos. O presidente da Câmara de Vila de Rei diz que não é apenas a Cann 10 que se vai instalar no concelho. Há em curso o processo de venda de lotes de terreno para empresas, para não falar noutras mais na área do turismo. Mas, tal como noutras questões do país, o coronavírus tem atrasado muitos destes processos. JBJ


REPORTAGEM /

PROVE 10 anos de agricultura sustentável vendida em cabazes

Espinafres, alfaces, brócolos, nabiças, cenouras. Um a um, são alguns dos vegetais que, há dez anos, recheiam os sacos dos clientes que vão levantar as suas encomendas de hortofrutícolas ao Mercado Municipal de Abrantes. O projeto PROVE – Promover e Vender, chegou ao Ribatejo Interior em 2010 e, no ano em que celebra uma década de existência, ganha agora uma nova casa e novos produtores. Conceição Pereira, coordenadora técnica da TAGUS - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, afirma que o balanço de uma década de PROVE “é claramente positivo, porque se não fosse positivo nós não conseguiríamos ter a resiliência que é ser agricultor ou consumidor ao longo destes dez anos. Ser por si só agricultor, não é fácil”. Ao longo de dez anos, este projeto juntou já 18 produtores que fizeram chegar os seus produtos a 150 consumidores, num total de 16.278 cabazes comercializados, que resulta num volume de faturação de 134.428,00 euros. Os benefícios desta comercialização assentam em diversos aspetos. Para o produtor, o escoamento da produção agrícola e obtenção de algum rendimento. Para os consumidores, a confiança nos produtos naturais e nos produtores. Para o território, o desenvolvimento da economia local, a sustentabilidade ambiental e a manutenção da paisagem. Já nos últimos seis meses, em tempos de pandemia, o cenário sofreu algumas alterações. No que toca à ideologia dos consumidores, Conceição Pereira está esperançosa de que “a comunidade esteja muito mais sensível em relação ao meio ambiente e, por isso, passe a consumir mais produtos locais”.

// Nuno Alves é um dos produtores que todas as semanas preparam os cabazes para entregar aos clientes, agora num novo local, o mercado diário de Abrantes.

Nova casa, novos produtores

Fora, estas as duas novidades abordadas na cerimónia que assinalou os dez anos do projeto PROVE. Depois de os núcleos do projeto terem passado por locais como o antigo Quartel dos Bombeiros de Abrantes, em 2010, pelo Mercado Criativo, em 2013, e pelo edifício Millenium, onde estiveram até agora, Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, fez saber que um dos pisos do Mercado Municipal da cidade irá ser a nova casa deste projeto.

“Este é um espaço espetacular para este efeito”, referiu o autarca, salientando ainda a mais-valia que é a existência deste projeto. “Temos a possibilidade de perceber de que horta vêm os produtos, a sua origem e a oportunidade de conhecer os produtores”. A coordenadora técnica da TAGUS admitiu, também, que o novo espaço

“faz todo o sentido, visto que é um espaço equipado e preparado para dar condições aos nossos produtores e aos nossos consumidores”. Simão Pita, o único produtor que se mantém desde o primeiro dia do projeto, conta-nos que “ser agricultor hoje em dia, passados 10 anos, é muito mais difícil e vai ser ainda mais se não fizermos nada”. “Temos de fazer alguma coisa para que os agricultores tenham sucesso, porque se não houver agricultores, o que é que vamos comer?”, acrescentou. O produtor revela que o projeto PROVE lhe permitiu “aprender muita coisa”, nomeadamente a necessidade de “sermos educados no sentido de saber que as plantas têm ciclos e que não é possível produzirmos tudo a qualquer momento”. Foram estes os ensinamentos que o fizeram crescer de tal forma que agora

é ele o “orientador” dos novos agricultores que se juntaram ao projeto. É o caso de Nuno Alves, Márcia Louro e António Faria. O primeiro, com 32 anos, é o mais novo dos quatro produtores e afirmou que a paixão pela agricultura começou desde muito cedo. “Tinha cinco ou seis anos quando pedi as primeiras sementes à minha mãe e, desde então, nunca mais parei”. Há alguns anos, “fruto do nascimento de uma nova consciência mais virada para a sustentabilidade e para o futuro, senti a necessidade de evoluir um pouco mais sobre aquilo que sabia sobre agricultura e comecei a ter conhecimento com um conjunto de novas técnicas, novas formas de abordar a produção agrícola e novas variedades”, acrescentou o produtor. Nuno Alves, que tem a sua horta em Alferrarede, no concelho de Abrantes, diz ser um “completo defensor dos circuitos curtos” e admite ter pena de não se ter juntado mais cedo a este projeto. Já Márcia Louro, natural de Panascos, concelho de Sardoal, afirma que se dedicou à agricultura durante a pandemia e, inicialmente, “era apenas um hobby, um antídoto anti-covid”. Contudo, o panorama mudou e, agora, admite estar “viciada”. Natural de Amoreira, no concelho de Abrantes, António Farinha é mais dedicado ao cultivo de cereais e olival e embarca nesta experiência como “um complemento” ao seu trabalho. Com a agricultura a fazer parte da sua vida desde muito cedo, o produtor espera, também, contribuir para o sucesso deste projeto. Conceição Pereira deixa bem claro que se a TAGUS é a mentora do projeto, são os próprios produtores, entre si, que fazem a gestão “na íntegra dos consumidores e de como é construído o cabaz”. As entregas são feitas às sextas-feiras entre as 16:30 horas e as 19:30 horas, no Mercado Diário de Abrantes, a consumidores previamente inscritos Marta Bessa

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SOCIEDADE /

Chuvada de final de verão causa inundações em Pucariça

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ma chuvada forte a meio da tarde de 17 de setembro provocou o caos nas encostas e linhas de água afluentes da ribeira da Pucariça. Apesar de haver um alerta meteorológico para possibilidade de chuva forte, nada fazia prever que por volta das 15:30 desse dia, algumas zonas tivessem sido assoladas por precipitação muito intensa. E a ribeira da Pucariça, que percorre parte da União das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto e da Freguesia de Rio de Moinhos, voltou a receber os muitos metros cúbicos de água da chuva. Em bom rigor, a ribeira da Pucariça, que teve muitos problemas com a tempestade Elsa em dezembro do ano passado, até recebeu bem e escoou as águas. O problema, desta vez, foram os seus afluentes que com água a mais e muitos resíduos entupiram e galgaram os seus leitos. Filipa Soares mora no Arco, entre Rio de Moinhos e a Pucariça e viu naquela tarde a sua casa ficar inundada pelas águas da chuva que escorreram encosta fora e cujas linhas de água e aquedutos não conseguiram vazar. “Foi uma trovoada que parecia uma tempestade tropical, veio uma ventania tão grande que quase não tive força para fechar as portadas”, começou por contar esta habitante referindo ainda que a água, tocada a vento, era tanta que entrava por baixo das portas. Mas isto era a chuva. O problema veio depois, quando começaram a chegar as águas das encostas nas traseiras da sua casa. Depois explicou que ali na encosta havia um monte de estilha de um antigo eucaliptal que foi replantado. “Com a força da água a estilha veio por aí abaixo. Parecia uma avalanche, como vemos na televisão, com a bola de neve a formar-se (…) vim a correr chamar o meu marido para tirar os carros”, explica Filipa acrescentando que tinha água dentro de casa. Tem prejuízos que ainda não tinha conseguido contabilizar uma vez que ainda não tinha tido tempo de limpar as lamas e perceber o que é que a água estragou. Esta é uma situação que não é nova. Aliás, Filipa diz que é recorrente em toda esta zona da ribeira da Pucariça. “A freguesia tem o problema dos incêndios e das cheias. E esta ribeira ainda não foi intervencionada depois dos prejuízos causados pela tempestade Elsa”, explicou o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, Rui André, adiantando que há um outro problema nas zonas laterais do vale. Disse o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, há cortes de eucaliptos em que a limpeza não é feita, apesar dos licenciamentos que existem, a água da chuva empurrou os resíduos que entupiram as linhas de água afluentes da ribeira. E depois causou este problema. Jerónimo Belo Jorge

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REGIÃO / Abrantes

Abrantes já tem campos de padel que esta nova modalidade vem aumentar a oferta desportiva de Abrantes no contexto regional. Havia campos de padel em Torres Novas e era ali que alguns praticantes de Abrantes se deslocavam para fazer uns jogos. O presidente revelou que agora os campos terão o incremento que a comunidade quiser. Podem funcionar todos os dias, até à meia-noite, pois têm iluminação, e têm um sistema de abertura e fecho de portas online. Ou, seja, pode ser “comandado à distância nas portas e na iluminação”, garantiu Manuel Jorge Valamatos. Para já os campos terão utilização livre, havendo apenas a necessidade de um registo online, ou nos serviços de desporto da autarquia, para poder utilizar os campos. E como tanto as portas como a iluminação são automáticos podem ser geridos à distância. E nas primeiras três semanas os campos têm tido muita utilização, o que quer dizer que há muitos abrantinos a praticar, ou pelo menos, a experimentar esta nova modalidade.

// Inaugurados a 5 de setembro, os campos de padel já receberam centenas de praticantes Como é uma modalidade para jogar a pares poderá ser uma modalidade para ser praticada em família, num local aprazível e no meio do arvoredo. O autarca vincou ainda que, dependendo daquilo que seja a utilização destes campos, pode haver a possibilidade de construção de mais alguns, noutros pontos da cidade ou do concelho. Luís Fragoso, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Padel, esteve presente na inauguração destes dois campos e revelou que já conhece a cidade de outras modali-

dades. Do triatlo, com o filho, e de jet ski, uma modalidade motorizada que pratica, para além do padel. Luís Fragoso manifestou a satisfação pelo crescimento da modalidade em Portugal e destacou que 40% dos praticantes são mulheres, o que quer dizer que é, ou poderá ser, uma modalidade familiar. Quanto ao futuro, manifestou esperança que estes campos permitam a divulgação do padel e deixou o desejo de poder, daqui por um ano, ter à beira Tejo, em Abrantes, uma competição profissional. Paulo Sanches, o coordenador da secção de desporto escolar da Federação Portuguesa de Padel e

Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

O padel é uma modalidade emergente, mas já tem cerca de 100 mil praticantes, mais de 500 campos em todo o território nacional de 154 clubes. Quando, há dez ou doze anos, se construiu um campo polidesportivo no Aquapolis norte esteve pensada a possibilidade de poderem nascer ali campos de padel. Mas como era uma modalidade a dar os primeiros passos em Portugal, a Câmara de Abrantes decidiu construir um polidesportivo. A declaração foi feita no dia 5 de setembro pelo presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, na inauguração dos dois campos de padel de Abrantes. Ficam localizados junto ao polidesportivo do Aquapolis norte, junto a Barreiras do Tejo, numa zona arborizada e à beira-rio. Para esta inauguração a autarquia convidou a Federação Portuguesa de Padel e criou, desde logo, a demonstração da modalidade para competidores e para iniciados. Manuel Jorge Valamatos diz

com ligações familiares a Rossio ao Sul do Tejo esteve presente nos jogos de demonstração que se seguiram ao descerramento da placa. Ao Jornal de Abrantes explicou que era importante haver a formação de base, como em qualquer modalidade, a começar nas escolas. Depois o aparecimento de um clube que dinamize o padel será um outro patamar e que poderá aproveitar, eventualmente, os valores que possam surgir das escolas. Acima de tudo, diz Paulo Sanches, é preciso começar a praticar com um monitor para que possa aprender as regras e a técnica. E depois jogar e jogar, sempre em pares, porque o padel é um jogo de duplas. Para jogar padel, de forma gratuita, deverá consultar a página da Câmara de Abrantes ou contactar o setor de desporto, na cidade desportiva, e marcar a utilização de um dos campos. Sé é um novato tenha atenção, não deverá comprar equipamento só por comprar. Ou, porque é mais barato ou, porque tem os de marca. Deverá perceber que tipo de calçado será o mais adequado, pois é uma modalidade em que necessita de aderência ao piso. A escolha da raquete também deverá ser tida em conta, pois há vários tipos. Por último as bolas, sendo quase iguais às de Ténis têm uma pressão mais baixa.

PORTUGAL CHAMA:

PEÇA AUTORIZAÇÃO PARA FAZER QUEIMAS E QUEIMADAS. É OBRIGATÓRIO. As queimas e queimadas são uma das principais causas de incêndios em Portugal. Conheça e respeite as regras e as boas práticas. Evite coimas que podem ir até aos €60.000. • Informe-se e peça autorização na sua Câmara Municipal, através da aplicação Queimas e Queimadas ou ligando para o 808 200 520. • Tenha sempre consigo o comprovativo de autorização/comunicação para o caso de ser abordado pela GNR. • Assegure-se que existe uma faixa limpa de vegetação à volta da zona a queimar. • Tenha por perto um balde com água, uma mangueira ou um extintor. • Vá sempre acompanhado e leve consigo um telemóvel. • A inalação de fumo pode ser fatal, proteja-se com um pano húmido ou com uma máscara de fumo. • Nunca abandone a queima ou queimada antes de estar totalmente extinta. • Mantenha-se informado e cumpra as regras e as boas práticas. Saiba mais na sua Junta de Freguesia, Câmara Municipal ou pelo 808 200 520 (custo de chamada local). Aplicação - fogos.icnf.pt/queimasqueimadas

Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO /

GR55, a Grande Rota que é “um diamante bruto” // A festa estava preparada com pompa e circunstância. Era o momento ansiado há muito e já adiado há meses. A pompa teve que ficar para outra altura, talvez já livre de vírus, mas a circunstância marcou presença. A Grande Rota das Ribeiras de Arcês e Rio Frio, e do Rio Tejo (GR55) foi finalmente inaugurada.

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a manhã de sábado, 26 de setembro, a sombra da Oliveira do Mouchão, em Mouriscas, no concelho de Abrantes, marcou a partida para a descoberta de 47 quilómetros de vidas, de vivências, de cultura, património e tradições. A GR55 atravessa os concelhos de Abrantes, Mação e Sardoal e ao longo do percurso descobrem-se lugares mágicos onde a natureza é dona e senhora, mas também lugares onde a presença humana marca a paisagem. Lagares, moinhos, azenhas, capelas, antas, açudes, levadas, grutas, pontes romanas, praias fluviais, vestígios de um antigo castelo, lendas... e muito mais. Esta é a a oferta da GR55 e chega e sobra para convencer a calçar os ténis e partir. A grande Rota Cultural e Etnográfica das Ribeiras da Arcês, do Rio Frio e do Rio Tejo, promovida pela ACROM (Associação das Rotas Culturais de Mouriscas), que ganhou o Orçamento Participativo Portugal (OPP) em 2017, por proposta de António Louro, está pronta a ser percorrida. Mas voltemos à cerimónia e à milenar Oliveira do Mouchão. Os primeiros olhares prenderam-se no Tesla branco que entrou no recinto, não pelo carro em si – que também prende a atenção – mas por quem viria lá dentro. Convidada de honra, Ermelinda Marques marcou presença junto “à sua oliveira”. A D.ª Ermelinda é a mourisquense que doou a Oliveira do Mouchão à freguesia, em fevereiro de 2019, e a tornou um ex-libris da localidade. Pedro Matos, presidente da Junta de Freguesia de Mouriscas, deu o pontapé de saída nos discursos e começou logo por referir que esta “não será, garantidamente, a inauguração que todos nós desejávamos e que este projeto merece, mas é possível nestes tempos de pandemia”. Parabenizou a equipa

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//Pedro Matos com Ermelinda Marques, que doou a Oliveira do Mouchão à comunidade e marcou presença na cerimónia

da ACROM e agradeceu aos parceiros envolvidos e às três câmaras municipais “que participaram e contribuíram para a realização desta Grande Rota”. Pedro Matos desejou que, “apesar da inauguração contida, que esta Grande Rota seja benéfica para todos. Que seja um desafio para os caminhantes e amantes da natureza, que aproveitem o ar puro e as lindas paisagens que o nosso interior tem”.

“Um diamante bruto que precisa ser lapidado”

António Louro, presidente da Direção da ACROM e proponente da proposta nº 529 do Orçamento Participativo Portugal, integrada no âmbito regional, na área da cultura, na zona geográfica do Centro, usou da palavra para falar do projeto mas também de futuro. “Foi um longo processo de três anos e que atravessou algumas dificuldades, situação que arrastou os prazos de execução da GR55”, começou por dizer. No entanto, referiu, “o mais importante foi termos trazido o projeto a bom porto e estamos hoje aqui reunidos à sombra deste monumento vivo do tempo dos faraós, que tem a bonita idade de 3350 anos e é uma parte importante do património cultural que esta rota permite visitar”. O presidente da ACROM relembrou que esta era a inauguração possível, “já adiada de 21 de março, devido à situação que vivemos” mas que voltar a adiar a inauguração “não fazia mais sentido”. Adiantou que a Grande Rota “está praticamente concluída e irá ser homologada brevemente e até já passou a ser percorrida por imensos caminhantes”. “A GR55 é um diamante bruto que precisa ser lapidado”, disse, emocionado, acrescentando que “o que foi executado é apenas a espinha dorsal daquilo que falta fazer”. António Louro lembrou que “a recuperação e valorização do

//Os autarcas envolvidos no projeto da GR55, António Louro e Rui Santos, sub-diretor da DGPC vasto património existente ao longo dos 47 quilómetros da Grande Rota é uma tarefa para os anos vindouros” e que “da nossa parte esse desafio já começou e iremos tentar recuperar algumas estruturas existentes, por forma a aumentar o potencial cultural e turístico e obter algum retorno económico para o nosso território”. O presidente da ACROM disse que a Associação tem “em cima da mesa várias ideias e projetos, temos uma proposta no PDR2020 para recuperar uma azenha”, e referiu que “neste momento já temos duas azenhas a funcionar, brevemente estará a terceira e isso é um facto significativo mesmo a nível do país”.

Reunidos os condimentos para projeto de sucesso

“Esta Grande Rota tem, quanto a nós, uma grande importância”, disse Vasco Estrela, o presidente da Câmara Municipal de Mação, que deixou três notas aos presentes. “A primeira delas é o facto de ser uma Grande Rota que

nasce muito do impulso da sociedade civil, desta Associação que, através do Orçamento Participativo, tentou encontrar os meios para concretizar este projeto”. O envolvimento das três câmaras municipais foi a “segunda nota de importância”. O presidente da Câmara de Mação disse que, “independentemente das extraordinárias relações pessoais entre os três presidentes, é cada vez mais importante esta ligação intermunicipal para a valorização do nosso território e de projetos comuns”. Na terceira nota, “provavelmente a mais importante”, Vasco Estrela destacou o território. “Por tirarmos partido daquilo que nós temos de bom, do que temos para mostrar aos nossos visitantes, às nossas pessoas dos nossos concelhos que muitas vezes não conhecem a nossa realidade”. O autarca assumiu que a GR55 “é um fator importante para o desenvolvimento dos nossos territórios e das nossa terras, com a recuperação das azenhas


REGIÃO /

e de outros locais dignos de serem visitados. Penso estarem aqui reunidos todos os condimentos para que este projeto seja mesmo de sucesso”. Vasco Estrela não esqueceu “o muito que ainda há a fazer” e deixou a garantia, por parte da Câmara de Mação, “que tudo iremos fazer para que os objetivos que presidiram à elaboração e concretização deste projeto sejam atingidos”. “Que a partir de agora todos façamos a nossa parte, que possamos divulgar esta Grande Rota, que saibamos cuidar dela e que saibamos pô-la ao serviço das nossas populações, que é para isso que nós trabalhamos e é para isso que fomos eleitos”, concluiu o presidente da Câmara de Mação.

“Três concelhos mas um território único e uma comunidade só”

Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, começou por agradecer a todos “os que nos proporcionaram este momento tão importante para as nossas três comunidades que, no fundo, é uma comunidade só”. Destacou o “cenário de fundo que prova bem aquilo que é a resiliência e a resistência da natureza”, referindo a Oliveira do Mouchão, “e a resistência e resiliência destes jovens da ACROM

que acreditaram, fizeram o projeto, foram para a frente e hoje é um projeto vencedor que já não é projeto, é uma realidade do nosso território”. Miguel Borges voltou a defender o território do interior do país, do qual fala “com grande orgulho”. “Nós vivemos no interior mas é um interior especial. Como costumo dizer, o interior do nosso país é tão bom, mas tão bom, que até fica perto do mar. Tomara muitos países ter um interior como o nosso. E é um interior onde não falta qualidade”, disse, referindo a máxima que defende há muito de que “interioridade não é sinónimo de inferioridade, muito pelo contrário”. E a Grande Rota “mostra essa qualidade. Aquilo que é a nossa natureza, a nossa beleza, aquilo que durante séculos os que nos antecederam conseguiram preservar e que nos cabe agora preservar e deixar este legado no futuro”. No entanto, para o presidente da Câmara de Sardoal, a grande riqueza deste território “é o património humano”. E agradeceu a “lição” dada por aqueles que se juntaram para que a GR55 fosse avante. “É um bom exemplo de que quando os homens e as mulheres se juntam, conseguem fazer coisas muito bonitas”. Miguel Borges falou também do empenho das três câmaras envolvidas e da “obrigação de dar continuidade e apoiar-vos naquilo que já está feito mas

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também no muito que nós queremos fazer todos como três concelhos mas um território único e uma comunidade só”.

“Tremenda empreitada que permite descobrir lugares perdidos”

O discurso de encerramento pertenceu ao presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, que começou por elogiar o papel importante da ACROM no desenvolvimento e concretização deste projeto e António Louro pela “capacidade de transformar uma ideia num projeto de valorização do nosso território”, e que teve um investimento de 80 mil euros. O autarca não esqueceu todos os que se envolveram - desde a empresas e a voluntários - “nesta tremenda empreitada que permite descobrir lugares perdidos e desfrutar dos mais belos quadros da nossa natureza, valorizar a água e os nossos recursos hídricos aqui tão bem celebrados e a necessidade constante de uma preocupação ambiental para a sua preservação. Valorizar a natureza e o património cultural, assumir que a promoção dos percursos pedestres têm vindo a ter uma importância maior no que respeita à valorização do turismo ambiental e ao desenvolvimento sustentável do meio rural e valorizar o

intercâmbio cultural das nossas gentes, costumes e tradições”. “Perante a notável e monumental Oliveira do Mouchão”, Manuel Jorge Valamatos assumiu o compromisso “de continuar a promover e a preservar esta Grande Rota através de continuadas iniciativas desportivas, culturais, turísticas e ambientais”. De destacar ainda o “papel fundamental” dos vereadores das três câmara municipais que se envolveram no projeto e que os respetivos presidentes elogiaram “pelo empenho e carinho” com que trabalharam em prol da Grande Rota das Ribeiras de Arcês e Rio Frio, e do Rio Tejo. Foram eles Luís Filipe Dias, da Câmara Municipal de Abrantes, Vasco Marques, da Câmara Municipal de Mação e Pedro Rosa, da Câmara Municipal de Sardoal. A cerimónia contou ainda com o sub-diretor da DGPC – Direção Geral do Património Cultural e elementos, Rui Santos, representantes da Floema, a empresa especializada na operacionalização das rotas e de alguns voluntários que têm trabalhado com a ACROM na preparação da Grande Rota. Inaugurada a GR55, e tal como se diz o vídeo promocional dos municípios envolvidos, “venha, descubra-nos e descubra-se”. Boas caminhadas!

//1 – António Louro, presidente da Direção da ACROM //2 – Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação //3 – Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal //4 - Manuel Jorge Valamatos - presidente da Câmara Municipal de Abrantes

Patrícia Seixas

Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Colheita de batatas para solidariedade em Mouriscas No início de abril, estávamos no período de confinamento por causa da pandemia do coronavírus. E estávamos sem saber bem como seria o futuro imediato. O comércio estava quase todo fechado, as empresas com funcionamento limitado e as escolas estavam de portas trancadas. Foi nesta altura que, em Mouriscas, nasceu uma ideia que juntou uma empresa de comércio de produtos agrícolas, uma escola de desenvolvimento rural e uma junta de freguesia. De forma simples a empresa Manuel Cadete Lda, de Alferrarede, ficou com sobras de batata de semente que os clientes não compraram. André Cadete tinha dito na altura que as pessoas, mais fechadas em casa, dedicaram-se mais aos produtos hortícolas (courgette, alface, tomate ou aromáticas) do que aos tubérculos. E na empresa em vez da devolução ao fornecedor ou de colocar as batatas na fritadeira resolveram avançar para outra solução. A parceria com a Junta de Freguesia de Mouriscas e com a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA), na altura sem os alunos, foi feita de forma a fazer a sementeira. A Escola tratou de toda a parte logística da sementeira da batata da Herdade da Murteira e a Junta de Freguesia tinha destinado que a produção seria para fins solidários. E foi isso que aconteceu. Em

meados de setembro a produção dos tubérculos estava pronta para a colheita que rendeu mais de 200 quilos que foram entregues à Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas (ACATIM), que tem as valências de lar de idosos e apoio domiciliário. De acordo com Pedro Matos, presidente da Junta de Freguesia de Mouriscas alguma destas batatas foram destinadas a famílias que passam dificuldades. Trata-se de uma família de itinerantes que face à ausência de feiras e outro tipo de eventos não têm tido atividade. Pedro Matos já rinha referido, em abril, que a Comissão Social de Freguesia está a funcionar e

que trabalha de mãos dadas com a Cáritas Diocesana que presta o apoio aos mais necessitados, sendo que isso já acontece com o Banco Alimentar contra a Fome. Na altura João Quinas tinha referido que “se a empresa Manuel Cadete oferece a batata de semente, se a Junta de Freguesia fornece a lista que vai receber a batata, a EPDRA fornece o terreno e toda a parte operacional da sementeira”.Esta foi uma das muitas ações de solidariedade desenvolvidas nos tempos de pandemia, de confinamento obrigatório, mas que apenas na entrada do outono ficou concretizada. Os tempos das culturas agrícolas assim definem. Jerónimo Belo Jorge

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Antigo posto da GNR em Barreiras do Tejo promove EN 2 A estrutura pertence à Infraestruturas de Portugal, mas foi a União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede que avançou para uma requalificação visual do espaço e que a divulgou nas redes sociais. Uma pintura e o arranjo da zona envolvente ao edifício onde durante muitos anos funcionou o posto da GNR e onde estava instalada uma balança para controlar o peso das cargas dos veículos pesados. Este espaço está há muitos anos sem qualquer utilização por parte da Infraestruturas de Portugal e começava a apresentar alguns sinais de degradação. O espaço envolvente ao pequeno edifício contempla ainda uma zona de estar com uns bancos, alegretes e um bebedouro que agora foram alvo de requalificação.

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

Bruno Tomás, presidente da União de Freguesias diz que a propriedade da estrutura nunca foi uma preocupação porque Estado são todas as instituições que dele fazem parte, seja o poder

central ou o poder local. E adiantou que esta requalificação vem no seguimento do trabalho que tem vindo a ser feito nos espaços públicos e nos fontanários. Aliás, de acordo com o autarca há naquela zona de estar um marco de água que está “seco”, mas que a junta de freguesia quer ter ligado para que os turistas ou todas as pessoas que circulam pela Nacional 2 possam utilizar. “Vou pedir aos Serviços Municipalizados de Abrantes a ligação da água da rede pública”, indicou o presidente da União de Freguesias. Bruno Tomás destacou a importância crescente da Estrada Nacional 2 no turismo e aquele local “é uma das entradas da cidade” pelo que pode funcionar como atrativo para quem percorre a mítica estrada que liga Chaves a Faro. JBJ


REPORTAGEM / // Alcoomatic é a nova máquina de desinfeção de mãos e é um caso de sucesso

“É muito simples: é só colocar lá as mãos”

// De uma dificuldade criou a oportunidade. Em plena pandemia, está a viver um dos melhores momentos da sua existência profissional. Tem sede na zona industrial de Montalvo, no concelho de Constância, mas o seu responsável, Daniel Pereira, é de Rio de Moinhos, freguesia ribeirinha do concelho de Abrantes. Chama-se H.JDP e é a empresa responsável pela máquina de desinfeção de mãos, Alcoolmatic, que está presente em muitos espaços públicos da nossa região. Daniel Pereira conta que foi em fevereiro que a empresa começou a notar “uma quebra no trabalho”. Em março, quando se iniciou o estado de emergência de saúde pública provocada pelo vírus COVID-19, a H. JDP deixou de conseguir entregar as máquinas de industria alimentar, que produzia diariamente, junto dos seus clientes. “Só íamos em último recurso às empresas. Por exemplo, era preciso alguma máquina parar para visitarmos o cliente. Tivemos uma quebra de produção que chegou aos 90%”, recorda Daniel, acrescentando que as “encomendas não saíam. Não conseguíamos faturar e o telefone deixou, praticamente, de tocar. E com isto tudo, começámos a ficar um pouco ansiosos com o que o futuro podia trazer”. Naquele momento, foi preciso sentar a equipa e dar asas à imaginação e à capacidade de reinvenção. “Começámos a pensar o que podíamos fazer para dar a volta à situação. E, felizmente, devido a uma equipa que me acompanha muito coesa e muito profissional, chegámos a uma solução”. “Começámos a olhar para uma máquina de desinfeção industrial que estava no interior da empresa e foi daí que surgiu a ideia de se fazer uma máquina para desinfetar as mãos para espaços públicos. De uma dificuldade, relacionada com o que estávamos a viver, criámos

//Daniel Pereira é de Rio de Moinhos, freguesia do concelho de Abrantes, e é o proprietário da H. JDP.

“A Alcoolmatic já conta com seis versões e tem estado em evolução constante”

a nossa oportunidade”, explica o responsável, lembrando que o formato da máquina acabou por ser inspirado num sinal de stop instalado em frente à empresa. Devido ao resultado do trabalho de 17 colaboradores, a Alcoolmatic já conta com seis versões e tem estado em evolução constante. A máquina é toda em aço inox. Tem um avisador, que acende uma luz, e que avisa quando o hidro álcool chega ao fim. Faz a desinfeção das mãos através de sensor e possibilita pelos menos 500 desinfeções por litro. A máquina padrão

//A Alcoolmatic já conta com seis versões e tem estado em evolução. conta com um depósito de 5 litros e funciona ligada à eletricidade. Mas não fica por aqui, a H. JDP tem avançado com outros passos evolutivos e, hoje, já se encontra a produzir Alcoolmatic com depósitos de 20 litros, conferindo a possibilidade de mais de 10 mil desinfeções e com vários tipos de funcionamento: híbrido (a bateria ou a eletricidade) e através de painel solar.

Daniel sintetiza que a empresa “dispõe de seis versões da máquina: a Alcoolmatic 1 que todos conhecem, que é a máquina padrão, a 2 para crianças, a 3 que é a máquina híbrida, a 4 que é a máquina híbrida para crianças, a 5 que funciona através de painel solar e a 6 que é a máquina para transportes”, que facilmente se instala em autocarros, metros, comboios, etc. E a evolução não termina aqui.

Refere o empresário que neste momento a H. JDP está a ultimar uma Aplicação que vai permitir ao cliente controlar a máquina à distância. Por exemplo, vai-lhe permitir verificar a quantidade de hidro álcool que ainda existe no depósito, entre outras funcionalidades. “O que se torna diferenciador e positivo nesta máquina é que o utilizador não tem de tocar em lado nenhum para proceder à desinfeção das suas mãos. É muito simples: é só colocar lá as mãos” (risos), evidencia o empresário, dando conta que recentemente, a empresa fez uma alteração que prevê uma pulverização controlada, ou seja, a pessoa coloca as mãos e a máquina pulveriza, só voltando a fazê-lo passados 3 segundos. “Portanto, controla a desinfeção e rentabiliza o produto”. A primeira máquina, que serviu de exemplo, foi desenvolvida em três dias. No dia em que foi divulgada, rapidamente uma empresa do concelho de Constância referiu a Daniel que queria adquiri-la. E a partir daí, os contactos de diversos clientes com a H. JDP nunca mais pararam. Hoje, a Alcoolmatic encontra-se no Estádio da Luz, no Aeroporto de Lisboa, em vários locais de norte a sul do país, desde empresas, farmácias, hipermercados, restaurantes, lavandarias, etc e a internacionalização da Alcoolmatic também já é uma realidade, tendo já saído da empresa mais de 1000 máquinas. A Alcoolmatic tem presença no Louvre, na Disney Land Paris, no Crédito Agrícola e na sede do E. Leclerc, em França. Reconhece Daniel, que o facto da H. JDP ter sido motivo de notícia, já por cinco vezes, na televisão conferiu-lhe muita projeção e abriu-lhe portas. “A partir da projeção que a televisão nos deu, começaram a surgir pessoas a querar-nos representar lá fora. No caso do Louvre, foi assim que a situação se concretizou”, avança. Para além da Alcoolmatic, a H. JDP dedica-se a várias vertentes dentro da industria alimentar, nomeadamente, ao desenvolvimento de linhas de produção, cozinhas em inox, sistemas de higienização e dispõe de uma área dedicada à serralharia civil. Tudo é concebido à medida do cliente. “O cliente tem uma ideia, fala connosco, nós trabalhamos a ideia e concebemos a máquina e damos toda a manutenção necessária, num trabalho bastante personalizado”. Quanto a objetivos futuros, Daniel avança a possível contração de mais recursos humanos e o aumento de instalações de modo a dar resposta a um conjunto de encomendas que não param de chegar.

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JMC

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CRÓNICA /

O testemunho de um confinamento “numa tenda” em Abrantes Conforme o tempo foi avançando, mais pequena a minha tenda ficava, porque menos tempo se podia estar nas ruas de Abrantes sem as autoridades intervirem. E gostando muito de atividade física, esse foi o meu primeiro travão mental para mudar, porque tive de trocar as tardes a jogar futebol ou as caminhadas para ver o pôr do sol com os amigos por sessões de cinema sozinho, confinado no sofá de minha casa. As aulas foram o segundo passo a mudar, pois acostumado com o humor matinal dos professores e a pressa de escolher algo para vestir, tudo isso foi trocado por uma vídeo-chamada de manhã onde aparecia com o pijama por ter acabado de acordar, e que por acaso era o mesmo que usava o dia inteiro.

infindáveis e comer a famosa comida da “mamã”, eram passados em casa, em Abrantes, a olhar para a televisão e a ver a situação a escalar cada vez mais rápido. Ovar, após um famoso carnaval onde o amontoado de pessoas foi enorme e a alegria parecia que crescia ao nível que os grupos de pessoas ficavam maiores, porque ainda ninguém sonhava com o que aí viria, entrou na boca de Portugal alcançando números que nem a capital conseguia acompanhar. A minha mãe, com o decorrer da pandemia e do confinamento, ia abrindo as janelas cada vez menos, já para não falar da porta de casa que apenas se abria para o meu pai, o único

números não se comparavam com a cidade situada no distrito de Aveiro e, portanto, a minha preocupação nunca passava pela minha saúde, mas sim com a de quem tinha deixado meses atrás com um breve “até já” como se fosse regressar no próximo fim de semana. Nas infindáveis chamadas de vídeo que a minha mãe insistia em fazer por dia comigo, o “cuidado que ele é invisível e vem de fininho” foi a frase que mais ouvi, e à qual eu respondia sempre que o vírus não era nenhum “feiticeiro” com a capa de invisibilidade e que tinha tanto cuidado que nenhum feitiço dele me ia apanhar, Isto para que ficasse mais descansada ou, pelo menos, para que pudéssemos alterar o assunto da conversa, visto que era entupido com o tema nos telejornais, com as notícias on-line e com as minhas vizinhas “cuscas”, que mesmo com a situação de pandemia iam comentar para a janela todas as situações que se passavam na rua e na cidade, fazendo da sua varanda uma mesa de café com a devida distância social. O Município e o presidente de Ovar, Salvador Malheiro, o herói do concelho nesta situação

As aulas eram uma aprendizagem mais para os professores do que para nós propriamente, porque eram eles a aprender novamente como ensinar depois de tantos anos com o mesmo método. Isso refletia-se muito na motivação dos alunos, que por muito que tentassem, também se iam desmotivando ao longo do semestre de aulas. A semana não custava muito a passar porque os trabalhos da universidade e as guerras constantes na cozinha para confecionar algo comestível mantinham-me bastante ocupado, mas nos fins de semana, onde geralmente ia a casa mimar os meus familiares com abraços

corajoso, que trazia mantimentos e trabalhava enquanto a fábrica não fechava. Tomava banho e desinfetava-se todo, mesmo que fosse só ao quintal regar os vasos, com o medo de alguém ter passado pela casa e tocado nos mesmos, de tão chamativos e vistosos que os girassóis amarelos eram, que ao contrário da casa dos meus pais, continuavam a receber a luz do sol todos os dias. A realidade deles com o vírus era completamente diferente da minha, visto que Abrantes por muito que tivesse também de cumprir todas as ordens e regras de funcionamento propostas pela DGS, os

de pandemia, decidiram no dia 18 de março implementar um cerco sanitário que proibiu deslocações para fora do concelho de residência, o que acabou com o plano, arriscado e pouco razoável, elaborado pelos meus pais de me virem buscar de carro no período da Páscoa, sendo que provavelmente iria ficar preso na fronteira do cerco e teria de ser deslocado para um alojamento qualquer para cumprir quarentena e executar todos os testes necessários para saber se estava livre do vírus, que andava a matar dezenas de pessoas no concelho. Portanto, o mais sensato foi realmente os meus pais terem

por Pedro Santos

Estava eu na estação de comboios à espera do táxi do costume. Tinha acabado de chegar à cidade abrantina vindo de uma longa viagem de fim-de-semana, onde visitei os meus familiares mais próximos como já era habitual. Na altura nunca me passaria pela cabeça que aquela seria a última viagem num período de cinco meses onde fiquei sem os ver. A conversa com o taxista era comum, fluente e geralmente o tema era sempre o que se passava de errado com a cidade de Abrantes. Bem como a conversa, eu estar no lugar ao lado do condutor também, porque já era um costume aquelas viagens todos os fins-de-semana. Conversámos até sobre um vírus que andava lá muito longe... no outro lado do mundo, numa cidade chinesa chamada Wuhan, vírus esse que na altura nunca nós os dois imaginámos chegar até à porta das nossas casas. Penso que na altura chegámos a culpar os americanos pela situação, com argumentos que fomos buscar aos acontecimentos da altura, visto que o mundo já andava de “pernas para o ar” como disse o taxista, com as notícias iniciais do ano de uma potencial Terceira Guerra Mundial. Com vinte anos e sem qualquer habilidade de viver sozinho, a situação da pandemia veio-me trazer uma sensação estranha de estar a acampar sozinho dentro de minha própria casa. Na minha tenda, onde apenas sabia usar o pequeno fogão para comidas básicas e o saco de cama para dormir, isto foi tudo o que precisei em um apartamento lotado de outros utensílios. No início, Portugal procurava à força toda por um caso de covid-19 e eu pedia a todo o custo não ouvir a minha cidade nas notícias. Ambos não tivemos de esperar muito, pois, assim que apareceu o primeiro caso no norte do país, os números de Ovar dispararam e a minha cidade tornou-se mais famosa do que o seu conhecido Pão-de-Ló. O medo instalou-se rapidamente no país e os mais velhos, os mesmo que estiveram na guerra, foram os primeiros a senti-lo.

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

O medo em Ovar

guardado a saudade no bolso e eu ter ficado em terras abrantinas.

A ansiedade

Passado meses isolado na minha tenda, e já sem aulas diariamente para me ocupar, as consequências do isolamento começavam a aparecer aos poucos. O cabelo cresceu de forma tão rápida que parecia que andava constantemente com um capacete, aquela ideia que todos nós tivemos de fazer algum exercício físico durante o tempo de quarentena e tornar todos os dias produtivos também já tinha desaparecido e sido trocada por ver séries e filmes na televisão “alapado no sofá” a comer bolachas. Já conhecia todos os pores do sol possíveis em Abrantes, porque todos os dias cometia a “ilegalidade” de o ir ver ao castelo da cidade sozinho, fingindo ir passear um cão imaginário. Mas a parte pior é como o vírus começou a mexer comigo não da forma que devia, porque ao invés de causar problemas respiratórios e febre, o vírus e o isolamento começou a causar-me problemas de ansiedade. Porém, a calma e a tranquilidade que Abrantes transmite a todos os seus cidadãos, foi o suficiente para meter a mão no volante e um pé no travão e conseguir contornar um pouco essa situação que nunca tem uma cura definitiva, porém, tem como ser controlada e a cidade assemelhou-se perfeitamente como um antibiótico para a situação. Relembrar toda esta fase do meu ano de 2020, num período onde a segunda vaga de Covid-19 é uma realidade cada vez mais presente, é uma coisa preocupante porque o confinamento e isolamento das pessoas retiraram um pouco de uma das mais maiores armas para a felicidade que o “ser humano” têm, que é a comunicação direta e a proximidade entre as pessoas. Toda esta situação criou um medo inexplicável de voltar a estar em contacto com o mundo. Recordo-me que o primeiro abraço que a minha avó me pediu foi passado dois meses de já estar na cidade de Ovar, em casa dos meus pais, porque ela tinha medo de se aproximar de qualquer pessoa, especialmente de mim, muito talvez por ter passado o meu tempo de quarentena confinado em Abrantes sozinho. Um lugar distante onde ela provavelmente nem sabe onde fica localizado e, portanto, essa distância de mim transformou-se em um medo de não saber onde eu andei, que impossibilitou o abraço tão recorrente aos fins-de-semana.


REPORTAGEM /

Escultura traz “anos de vida” para João Reis

//Junto à “polémica” estátua de «Zé Farinheira», José Fernandes de Oliveira

// O interesse não veio de família porém, para João Reis, desde pequeno que a cultura das artes e dos trabalhos manuais foram um ponto de interesse, mas foi já praticamente quando se reformou que decidiu dedicar mais tempo para aprender e aperfeiçoar a arte da escultura. Aprendeu com o auxílio de vídeos na internet as teorias que precisava e com a prática foi melhorando o seu engenho. João Reis admite que nunca vai chegar à perfeição, e muito menos se considera um escultor porque sempre viu a atividade como um hobby e uma “forma de ganhar anos de vida e felicidade”. Admite ainda que o jeito que tem nas mãos também o ajuda muito na arte porque sente que é um “dom” que nasceu com ele, e assim como cantar, é sempre preciso nascer com o bichinho dentro de nós para termos algum jeito. O processo de escultura começa pela análise de uma foto onde memoriza os traços, a parte corporal e as feições de cada pessoa. De seguida, começa a construir sempre a partir da base, trabalhando até conseguir o produto final. Confessou separar em cada peça uma hora onde decide parar e ver todos os detalhes que tem de para emendar não voltando mais atrás. Feitas em cimento e ferro, as esculturas são feitas para serem duradouras, como as histórias que a pessoa homenageada tem para contar. Como todo

o trabalho de João Reis é autónomo, a escolha das pessoas que esculpe é feita pela admiração da história que cada pessoa tem para contar e, como faz tudo por gosto, as esculturas não costumam demorar mais que três semanas a estarem prontas levando sempre o seu tempo a fazê-las com calma porque a pressa é inimiga da perfeição. O próximo trabalho do artista irá ser realizado com mais três pessoas onde vão fazer um monumento a homenagear os combatentes da guerra do ultramar que vai estar exposto brevemente. À questão de uma obra favorita, João Reis confessou que a obra que fez para o coronel Terras Marques, figura que conheceu há 40 anos na tropa e pela qual criou uma admiração pela personalidade fantástica e pela maneira como o coronel comandava e tratava os soldados num ambiente “pesado” e rigoroso, sentiu que era preciso ser homenageada. Quando lhe entregou o busto feito, o próprio já não o reconhecia pela quantidade de pessoas que já lhe passaram pelos mãos. Porém, deu-lhe efetivamente muito gosto

e o coronel Terras Marques ficou muito agradecido pelo gesto. Só que cada peça é única e como não utiliza qualquer tipo de moldes, mesmo que tentasse repetir alguma das suas esculturas ou bustos, nunca iriam ficar igual. João Reis tem imensas estátuas expostas ao longo das ruas de Montalvo, contudo, recentemente uma gerou algumas argumentações nas redes sociais. Falamos da escultura de «Zé Farinheira», José Fernandes de Oliveira, um cidadão com perturbações mentais causadas por traumas de guerra. João Reis viu todas as reações que causou mas considera que aquela estátua, a segunda para o próprio Zé, porque já antes lhe tinha feito um busto, foi uma homenagem mas também uma reflexão da sociedade que, considera o escultor, ter sido injusta com o próprio, que no fim das contas luta para viver uma vida com a normalidade possível. “Este foi um gesto que eu fiz porque senti que a minha parte era homenagear uma personagem da terra para que a historia dele não morra”. Na inauguração da escultura

“Feitas em cimento e ferro, as esculturas são feitas para serem duradouras” confessou arrepiar-se com a situação pois aquela que era para ser apenas uma revelação com duas pessoas, tornou-se especial pela presença do próprio Zé Farinheira que, na exata hora combinada apenas pelos dois, João Reis e Custódio Rodrigues, apareceu como por magia no local onde estava situada a escultura com as suas próprias feições. João Reis disse que a definição do Zé “é ser imprevisível” e foi emotivo o facto de ele, sem qualquer conhecimento, aparecer lá, mesmo sem saber o que se estava a passar naquele local. Porém, como a homenagem foi feito ao mesmo, Zé ficou para ajudar também no levantar do pano. Sobre o reconhecimento das obras, João Reis diz que nunca fez qualquer escultura a pensar

em condecoração, mas admite ser gratificante o facto de as pessoas gostarem da arte que faz e que “é bom a gente saber que as pessoas gostam e tenho tido alguns manifestos através das redes sociais” de pessoas que gostam e admiram aquilo que faz. Houve até uma situação onde uma criança “de sensivelmente oito anos” se dirigiu ao escultor mesmo no café e disse: “Eu gosto das coisas que o senhor faz”. Nessa situação João Reis não escondeu o sorriso e confessou que se sentiu feliz por não ser apenas o público mais adulto a admirar a sua arte mas também os mais novos que, se forem instruídos pelos pais, podem aprender o porquê daquela figura estar a ser homenageada e procurar saber a sua história. João Reis pretende continuar a construir esculturas e bustos até a vida lhe permitir, porque sente que isto tem-lhe “dado anos de vida” e explicou que quando se gosta de fazer alguma coisa parece que o tempo passa a voar. Por estar reformado, irá aproveitar para fazer aquilo que mais lhe dá prazer. Pedro Santos

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SOCIEDADE /

CRIA gere CLDS 4G com 568 mil euros para 36 meses O Contrato Local de Desenvolvimento Social de Abrantes de quarta geração (CLDS 4G) arrancou no dia 1 de setembro. Gerido pelo Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) o contrato vai ter a duração de 36 meses, 17 atividades e um valor global de 568 mil euros. Este projeto está dividido em três eixos. Dois deles, família e idosos, desenvolvidos pela equipa do CRIA e um terceiro, emprego e empreendedorismo, desenvolvido em parceria com o Parque Tecnológico de Abrantes. Andreia Vitório, coordenadora do projeto, destacou o arranque do trabalho já esta quarta-feira, dia 2 do projeto, com a assinatura de um protocolo com a União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede. Este é o primeiro passo que permita depois todo o trabalho de planeamento das ações concretas. Para já “queremos saber qual a necessidade que está em cima da mesa para trabalharmos essa necessidade”, explicou a coordenadora do contrato. Andreia Vitório notou que este protocolo irá abranger os três eixos. Já Nelson de Carvalho, presidente da direção do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) deixou a nota de que este contrato de desenvolvimento social não teve qualquer alteração por causa da pandemia, uma vez que começou a ser desenhado antes da COVID-19. Mas depois vincou que a pandemia vai é alterar a forma

como as ações e atividades poderão ser desenvolvidas. E deu o exemplo de worshops ou de sessões de informação que poderão ter de ser reequacionadas, ou adaptadas face às contingências do coronavírus e às medidas da Direção-Geral da Saúde. O presidente da direção do CRIA deixou claro que o CLDS 3G que também foi gerido pela instituição assentou numa candidatura. Este já foi diferente porque mudou o mecanismo. O CLAS (Conselho Local de Ação Social), presidido pela Câmara Municipal, escolheu o CRIA e “convidou-nos para a implementação deste CLDS 4G”, explicou Nelson de Carvalho mostrando a satisfação pelo facto de o projeto anterior ter corrido bem e com boa avaliação da Segurança Social. “Para nós, é uma honra muito grande porque entenderam que os três anos de execução num projeto que não era fácil. E há essa responsabilidade que assumimos quando aceitámos, fazer com que

esse projeto corra bem, com que o investimento que temos à disposição para este conjunto muito grande de ações chegue, de facto, às pessoas, contribua para elevar os níveis e os patamares de coesão, qualificação das famílias, das pessoas”, disse Nelson Carvalho. E acrescentou: “seja nas questões das pessoas, seja nas questões da empregabilidade, valorizar as competências das pessoas para chegarem mais facilmente ao emprego. Então hoje, com esta crise, é uma questão muito preocupante”. O presidente do CRIA assume a responsabilidade que têm em mãos: “Disseram-nos vocês fizeram bem e agora têm de fazer melhor”. No global e ao longo dos próximos 36 meses o CLDS vai implementar 17 atividades, com 239 ações e tem como destinatários 1366 pessoas, com um orçamento global de 568 mil euros.

O que é o CLDS 4G

O Eixo 1 (Emprego, Formação

“Queremos saber qual a necessidade que está em cima da mesa para trabalharmos essa necessidade”

e Qualificação) tem a gestão da Tagusvalley que neste CLDS 4G surge como parceiro privilegiado do CRIA. Prevê um total de 7 atividades, 43 iniciativas para um público-alvo de 408 destinatários. Terá um orçamento de 176 mil euros. O objetivo é o estímulo do emprego, das competências empreendedoras e a integração profissional. Os destinatários serão pessoas desempregadas, jovens à procura do primeiro emprego, beneficiários do RSI (Rendimento Social de Inserção). Haverá também um olhar atento para alunos que estão a concluir o ciclo escolar e que pretendam abandonar os estudos. O Eixo 2 (Intervenção familiar e parental, preventiva da pobreza infantil) tem previstas seis atividades, 82 iniciativas e aponta a 538 destinatários. O orçamento deste eixo prevê um investimento de 235 mil euros. Neste eixo as atividades têm como base dotar os destinatários de conhecimentos mais aprofun-

dados sobre estilos de vida saudáveis e potencializar os mesmos para “uma gestão mais consciente dos recursos”. O Eixo 3 (Promoção do envelhecimento ativo e apoio à população idosa) será coordenado pelo CRIA, aponta a 420 destinatários e terá quatro atividades, 114 iniciativas e um orçamento de despesa de 156 mil euros. Este eixo aponta à necessidade de consciencializar os destinatários sobre situações de perigo e de risco, promover o envelhecimento ativo e permitir o acesso e o conhecimento dos mais idosos às novas tecnologias por forma a contribuir para a diminuição do isolamento social. A duração total deste Contrato Local de Desenvolvimento Social de quarta geração (CLDS 4G) tem a duração total de 36 meses e um orçamento global de 568 mil euros e teve início formal esta terça-feira, 1 de setembro. Jerónimo Belo Jorge

VILA DE REI município AVISO n.º 21/2020 DESIGNAÇÃO DE ENCARREGADO DE PROTEÇÃO DE DADOS Em cumprimento da alª a), no n.º1 e no n.º6 do artigo 37.º do Regulamento (EU) 2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016, torna-se público que, por despacho do Presidente da Câmara de 20/03/2020, foi designado Diogo Serras Baptista dos Santos, com a categoria de Técnico de Informática, grau 1, nível 1, Encarregado de Proteção de Dados do Município de Vila de Rei. Nos termos do artigo 39.º do RGPD, são funções do encarregado da proteção de dados, entre outras: -Informar e aconselhar o responsável pelo tratamento ou o subcontratante, bem como os trabalhadores que tratem os dados, a respeito das suas obrigações nos termos do RGPD e de outras disposições de proteção de dados da União ou dos Estados-Membros; -Controlar a conformidade com o RGPD, com outras disposições de proteção de dados da União ou dos Estados-Membros e com as políticas do responsável pelo tratamento ou do subcontratante relativas à proteção de dados pessoais, incluindo a repartição de responsabilidades, a sensibilização e formação do pessoal implicado nas operações de tratamento de dados e as auditorias correspondentes; - Prestar aconselhamento, quando tal lhe for solicitado, no que respeita à avaliação de impacto sobre a proteção de dados e controlar a sua realização nos termos do artigo 35.º do RGPD; -Cooperar com a autoridade de controlo (CNPD); -Ser o ponto de contacto para a autoridade de controlo sobre questões relacionadas com o tratamento, incluindo a consulta prévia a que se refere o artigo 36.º , e consulta, sendo caso disso, esta autoridade sobre qualquer outro assunto. (Por delegação de competências do Presidente da Câmara, conferida por despacho de 17/11/2017). Município de Vila de Rei, 31 de agosto de 2020 PAULA CRISTINA BARATA JOAQUIM CRISÓSTOMO - A Chefe de Divisão

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020


GALERIA / Vicente Lourenço é abrantino, tem 47 anos, e ganhou paixão pela fotografia com a chegada das máquinas digitais, ali por volta de 2001. Ainda se lembra da primeira máquina que comprou: Sony CyberShot DSC-P50. Depois deu asas ao sonho de fazer fotografias. O que mais gosta de fotografar, é, sem dúvida, a natureza e o tipo de fotografia que tem mais paixão é fotografia macro. “Adoro ver todos os pormenores que não consigo ver a olho nu. Gosto de ver os bichinhos e plantas em pormenor”.

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GASTRONOMIA / AGÊNCIA FUNERÁRIA PAULINO INFORMAÇÃO À COMUNIDADE - Têm sido praticadas burlas por indivíduos que se apresentam como ligados à Agência Funerária Paulino – alegam ser familiares de colaboradores ou gerentes -. Prontificam-se a vender peças de roupa ou jogos de cama e banho para angariar dinheiro para abrir uma loja, e exercem pressão para a compra, conseguindo sempre levar mais dinheiro que o «preço» anunciado. - A Agência Funerária Paulino dedica-se, exclusivamente desde há 95 anos à Actividade Funerária e Conexas, e nenhum colaborador, gerente, ou familiar destes usa o nome da empresa para actividades de outro conteúdo. - Se for abordado com este discurso, feche a porta de casa e contacte as autoridades, ou chame alguém de confiança; - Não entregue dinheiro ou valores; - Se foi burlado não deixe de apresentar queixa – as autoridades só podem investigar se houver uma queixa. - Espalhe a mensagem, informe as pessoas idosas e mais isoladas.

PROTEJA A NOSSA COMUNIDADE

// DEGUSTAÇÃO GASTRONÓMICA

Bacalhau de fio a pavio Um jantar temático de degustação de bacalhau foi uma proposta do restaurante Casa Chef Vitor Felisberto para uma noite diferente. Como o próprio nome indica, degustação, implica provar várias iguarias, neste caso, tem o bacalhau como ingrediente principal da noite. Elogio ao fiel amigo foi o título escolhido para este jantar “Bacalhau de fio a pavio” e que juntou na cozinha os Chef’s Vitor Felisberto e Margarida Bessa Rego que decidiram criar pratos para “mostrar” que o bacalhau pode ir muito além da posta tradicional ou das caras, os mais conhecidos. Entre o cachaço, o lombo, as línguas, as badanas, as bochechas ou as membranas na cabeça tudo pode ser aproveitado. E foi isso mesmo que os Chef’s prepararam para esta degustação. Foram oito pratos distintos e, mesmo assim,

três ainda ficaram de fora da lista, desde as célebres pataniscas que foi o primeiro, passando pelo penúltimo que levou o Chef Vitor Felisberto ao concurso “A Revolta do Bacalhau” e que consiste num puré de grão-de-bico, com os lombos do bacalhau e pezinhos de porco recheados com camarão ou a uma sobremesa com “shot de manjericão, um sorbet de manga e um fondant com recheio de bacalhau e abóbora”. Na sobremesa o destaque vai para a mistura do gelado com o fondant que foi apresentado quente. Vitor Felisberto disse que tentou mostrar neste jantar temático que o bacalhau pode ser confecionado de muitas maneiras. Esta foi também uma forma de poder avançar com outro tipo de iniciativas, de âmbito mais privado, e que normalmente não se encontram pelo interior do país.

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA Carlos Manuel Pereira Ascenso Lopes, Presidente da Mesa de Assembleia Geral da COPOLAN, Cooperativa Agrícola de Olivicultores de Andreus, CRL, usando da faculdade atribuída pelo n.º 2 do artigo 24 dos Estatutos, e para o efeito do disposto no nº. 2 do artigo 23 do mesmo diploma, convoca a reunião ordinária da Assembleia Geral, para o dia 03 do próximo mês de Outubro de 2020, pelas 18 horas, a ter lugar na sede da cooperativa em Andreus (LAGAR), com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - Eleição dos corpos sociais 2- Apreciação e votação do orçamento e do plano de actividades para o exercício seguinte. 3- Outros assuntos de interesse para a Cooperativa. Se há hora marcada não estiver presente o número estatutário de cooperadores, ou seus representantes devidamente credenciados, a Assembleia, reunirá uma hora depois, independentemente do número de cooperadores presentes.

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O Presidente, Carlos Manuel Pereira Ascenso Lopes NOTA As listas, deverão obedecer ao preceituado no artigo 20º dos Estatutos da COPOLAN,nomeadamente satisfazer os seguintes requisitos: a) Serem remetidas ao presidente da mesa da Assembleia Geral, com a antecipação mínima de 15 dias, em relação á data designada para a àquela Assembleia. b) Serem subscritas por um mínimo de 10 membros, no pleno gozo dos seus direitos.

AGRADECIMENTO Venho por este meio prestar a minha gratidão a todo o staff do serviço dos cuidados Continuados Integrados Rainha D. Leonor em Vila de Rei. Louvo a abordagem profissional, carinhosa e educada em todos os momentos. Agradeço desta forma simples a todos os médicos, enfermeiros e assistentes operacionais. António Joaquim Farinha Estevão

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

//1 – Pataniscas de bacalhau //2 – Bochecha de bacalhau //3 – Lombo de bacalhau com pézinhos de porco //4 – Sobremesa

Margarida Bessa Rego destacou o facto de terem tido um dia e meio para preparar a degustação “no meio do serviço normal do restaurante, o que elevou ainda mais o desafio”. E depois vincou aquilo que pode deixar este tipo de iniciativas que é provar as muitas formas de poder cozinhar o bacalhau. Há partes mais salgadas, misturas de sabores, pratos mais doces ou mais picantes. E os acompanhamentos também podem variar muito para além daquilo que “estamos mais habituados a comer na cozinha mais convencional”. O Chef Vitor Felizberto destacou a elaboração da sobremesa, com bacalhau, como a maior dor de cabeça. Mas o facto é que quem esteve no jantar de degustação referenciou a sobremesa como “a cereja no topo do bolo”, mostrando, claramente, que ficaram satisfeitos.


DESPORTO /

Futebol distrital arranca sem público e com desistência do Pego e dos Dragões Este fim de semana, 4 de outubro, arranca o futebol distrital com a primeira jornada do campeonato distrital da 1.ª divisão da Associação de Futebol de Santarém. Um arranque sem público e com muitas incertezas e com o presidente da Associação de Futebol de Santarém, Francisco Jerónimo, a manifestar que a principal preocupação da Direção é a saúde de todos e que a prova iria iniciar através do cumprimento de todas as normas e regras. O assunto inevitável foi a situação difícil que os clubes de futebol Sénior da 1.ª Divisão Distrital de Santarém estão a atravessar devido à falta de receitas com a restrição de público nos estabelecimentos. O mesmo percebe a complexidade da situação, porém relembrou todos os apoios dados pela federação e os programas aprovados a partir de dia 20 de maio, com medidas excecionais, designado de programa COVID-19 no montante de 100 mil euros, resultante de verbas e receitas extraordinárias que a associação pode juntar a este fluxo, juntamente com a redução do valor total de inscrição no valor de 30% ressaltando também o esforço acordado em 17 de setembro com mais medidas que reside num apoio direto na taxa de jogo, visto que não existe receitas. O presidente pediu criatividade e esforços aos clubes na retoma da competição e que tivessem desportos com a questão do policiamento, que sublinhou não ser obrigatório e sugeriu que cada clube pudesse fazer um policiamento próprio para que houvesse uma redução de custos, visto que não haverá público nesta fase e, portanto não haveria necessidade obrigatória de tal serviço pago.

No seu discurso ressaltou a incoerência da questão de outros eventos poderem ter público com as devidas regras e numa situação distrital onde normalmente “aparecem 200 a 300 pessoas que espalhadas pelo campo” não se tornariam num aglomerado de pessoas nem criavam qualquer tipo de ajuntamentos confrontando com a questão das claques organizadas que são o maior motivo da direção-geral não avançar para a possibilidade de público nos estádios e que esta situação não se refletia na situação distrital. Francisco Jerónimo admitiu que a situação da Secção Desportiva da Casa do Povo do Pego é difícil porque ao contrário dos Dragões de Alferrarede, que comunicaram em tempo a sua decisão de não participar no campeonato com as suas devidas, a casa do Povo do Pego decidiu ir a sorteio sem uma

confirmação oficial da desistência, portanto diz o presidente que “vai prejudicar a competição”. Numa situação de ocorrência de casos de COVID-19 no meio do campeonato, Francisco Jerónimo, esclareceu resumindo numa frase “qualquer situação o caminho é adiar o jogo (…) porque o futebol distrital não suporta pestes como o futebol profissional” e que, portanto esse seria o princípio a seguir sendo insuportável o valor dos custos dos testes. Numa última mensagem o presidente da Associação de Futebol de Santarém deixou uma palavra de esperança e prometeu uma determinação de todos os envolvidos no desporto para a superação desta situação complexa, deixando também uma mensagem de esperança para os mais novos, onde apela que em conjunto “vamos vencer este jogo das nossas vidas”.

Pego e Dragões de Alferrarede desistem

A direção da Secção Desportiva da Casa do Povo do Pego, do concelho de Abrantes, através de um comunicado, emitido na terça-feira, 29 de setembro, avançou com a formalização da desistência da sua equipa de futebol sénior da 1.ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Santarém. Em causa está, segundo Carlos Cadete, presidente da Direção da Secção Desportiva da Casa do Povo do Pego, a “falta de sustentabilidade financeira”. O presidente clarificou que esta é uma decisão final e foi tomada devido aos apoios serem “insuficientes” sendo que o clube vive da venda de bilhetes e da receita do bar e que sem os adeptos presentes nas instalações “não faria sentido haver futebol no Pego” — frase referida na reunião onde estiveram

presentes os clubes da 1.ª Divisão Distrital. Carlos Cadete proferiu que, em cinco anos de presidência, sempre honrou os seus compromissos. Com as dificuldades presentes este ano, e se a situação corresse mal não ira conseguir manter a palavra, optou a Direção do Clube pela paragem da equipa, mesmo contendo um plantel definido e feito para entrar no campeonato este ano. Sugeriu ainda que a 1.ª Divisão Distrital de Santarém tivesse um número de equipas reduzido, contribuindo para a competitividade desportiva e para que os adeptos vissem um “melhor futebol” resultando que o preço dos bilhetes valessem realmente o espetáculo. Já nos Dragões de Alferrarede, o presidente da comissão administrativa, José Seixas explicou que a desistência foi baseada na situação financeira do clube: “Temos uma situação económica equilibrada, mas não saudável”. Não havendo receitas, mas com despesa, e sendo os Dragões uma instituição de utilidade pública tem responsabilidades sociais. José Seixas diz que falou com as pessoas do futebol, dirigentes, treinadores e jogadores e as opiniões divergiam. Mas, diz o presidente, “por razões sanitárias entendemos não ir a jogo. Olhamos para a saúde dos atletas, das famílias e da comunidade”. José Seixas referiu que é preciso saber quando se pode estar ou não em jogo e confirmou que as fontes de receita destas equipas é do bar e da bilheteira. Por isso, não haver público é não haver essa receita que é sempre uma ajuda. Não há seniores, mas José Seixas garante que em relação à formação está tudo pronto para o arranque, assim haja decisão das autoridades de saúde e do futebol. Jerónimo Belo Jorge e Pedro Santos

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// Depois de uma época que acabou a meio, sem campeões, o futebol distrital está de regresso com muitas incertezas à mistura. Incertezas do clubes, pela viabilidade financeira, e incertezas pela saúde. Antes do arranque houve duas baixas nos campeonatos. O Pego desistiu da 1.ª e os Dragões de Alferrarede não entram nas contas da 2.ª

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Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

CIM do Médio Tejo vê candidatura aprovada para formação na área da violência doméstica // A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo viu aprovada uma candidatura que se destina à Formação de Públicos Estratégicos. Com a implementação desta candidatura, a CIM do Médio Tejo conta iniciar três cursos a partir de novembro de 2020 destinados ao público em geral. Formação de agentes qualificados que atuem no domínio da violência doméstica e/ou prevenção da vitimização ou revitimização desta, destinada aos técnicos de apoio à vítima (TAV); Formação de profissionais da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica – violência doméstica entre pessoas do mesmo sexo e Avaliação e Gestão de Riscos de Violência Doméstica são os três cursos de formação previstos a concretizar. Através da operacionalização destes cursos, a CIM do Médio Tejo pretende desenvolver um plano de formação específico na área da violência doméstica, violência de género e violência

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contra as mulheres, com o objetivo de dotar de conhecimentos e competências os técnicos de intervenção das estruturas dos municípios de apoio e acompanhamento a vítimas de violência doméstica e a todos aqueles que são pertença das entidades das Redes Locais de Resposta Integrada à Violência Doméstica da região do Médio Tejo e ao público em geral. Para o efeito, os cursos de formação a dinamizar são realizados com base nos referenciais da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. De referir que a CIM do Médio Tejo, desde algum tempo, dinamiza e participa em grupos de trabalho na área social, sendo também membro da Plataforma Supraconcelhia da Rede Social do Médio Tejo. “É no âmbito da sua atuação regional, e mais concretamente pela participação neste tipo de fóruns, que esta CIM tem tomado conhecimento da realidade e, com isso, tem procurado, conjuntamente com os seus parceiros, soluções para os problemas

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

identificados. Neste contexto, e na sequência da experiência que já detém na área da formação e por considerar que há um caminho ainda a percorrer ao nível da qualificação dos técnicos de intervenção, a CIM do Médio Tejo considera ser uma grande mais valia a implementação desta candidatura pelo nosso território”, adianta a Comunidade Intermunicipal. De salientar que a CIM do Médio Tejo desenvolveu um Plano de Desenvolvimento Social Intermunicipal o qual detém o diagnóstico social regional. Neste diagnóstico é abordada a existência de necessidades formativas nas áreas temáticas da igualdade de género e violência doméstica e de género. Este Plano encontra-se agora em implementação na região do Médio Tejo, “pelo que esta candidatura será de facto uma mais valia e um complemento na sua execução”. Esta candidatura foi aprovada pelo POISE - Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, contando a sua concretização com o seu financiamento.

OPINIÃO /

//José Alves Jana //FILÓSOFO

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o próximo mês, o Médio Tejo vai a eleições. Mas não podemos votar – porque as eleições terão lugar nos Estados Unidos da América. O que ali se vai decidir não é, em última análise, quem será o próximo presidente, mas o futuro do Mundo, logo da Europa, de Portugal e do Médio Tejo, e de cada um de nós. O que se vai decidir nas eleições presidenciais americanas é que mundo queremos. Já o sabemos: só os americanos votam. Mas não estão apenas na América os que querem e não querem o que ali em grande medida se decide para o mundo. (A atual pandemia já nos mostrou à evidência que as nossas vidas se decidem, em grande medida, muito longe de nós.) Trump não é apenas um homem. É, ali, o representante de um modo de estar no mundo: com respeito apenas pelo dinheiro e pelos grandes, pelo luxo e pela ousadia; com desprezo por todos os outros, excepto na medida em que lhes forem úteis, com desprezo pelos factos e pela Lei, com desprezo por tudo e todos os que lhe provoquem qualquer inconveniente. “Vale tudo, desde que seja a nosso favor” é a única lei que respeitam. Pobres, sobretudo os pobres, e os pretos, e os deficientes, e os doentes (sobretudo se não têm um bom seguro de saúde); e as leis que não nos favorecem; e as organizações que não nos representam… tudo isso e tudo o mais que disso se pode aproximar é detestável e deve ser banido, por todos os meios. Defendem e praticam eles. Do outro lado, é importante dizê-lo, estão os Direitos Humanos, o Estado de Direito, os factos e a ciência, a Justiça e as organizações que procuram ser justas, o processo de apuramento da Verdade e a construção de um mundo para todos. Para todos. É isso que está do outro lado, mesmo que o outro candidato não se possa confundir com estes valores. Está, no entanto, mais próximo deles, apenas mais próximo. Não vale a pena fecharmos os olhos: o que divide os americanos não divide apenas os americanos. Basta olhar para o mapa do mundo. Basta

Vamos a votos A barbárie está sempre mais perto de nós do que somos capazes de pensar, por isso somos sempre surpreendidos quando ela se revela.

focarmos o que se passa em cada um dos países. Basta repararmos no que se passa nas redes sociais. Basta ouvirmos as opiniões que se discutem à nossa volta. A barbárie está sempre mais perto de nós do que somos capazes de pensar, por isso somos sempre surpreendidos quando ela se revela. O sobe e desce dos índices de civilização têm uma lei universal: “ao baixo todos os demónios ajudam, para cima só um santo e é coxo”. Não é a praia que está por debaixo da calçada (Maio 68), é o inferno. Mas este inferno não é justo: não é o lugar de condenação dos algozes, é o lugar de condenação das vítimas. Qualquer que seja o resultado das próximas eleições presidenciais nos EUA, é o nosso futuro que ali se decide. Mesmo que nos recusemos a percebê-lo. Nós não votamos nas eleições americanas, mas todos os dias, cada um de nós, ajuda a dar forma a um ou outro dos dois mundos que estão em jogo ali e em qualquer lugar. E também nós ajudamos, aqui, a decidir a forma… do nosso concelho, do Médio Tejo, de Portugal, da Europa e do mundo global em que vivemos. Neste jogo, o jogo da vida, não há lugares neutros.


DESPORTO /

Antena Desportiva está de regresso com os campeonatos distritais se vai passando a nível desportivo na região, para além dos campeonatos da primeira e segunda divisões distritais de futebol sénior, iremos ter o habitual acompanhamento do campeonato da Inatel (se e quando arrancar), mas também de provas e campeonatos de outras modalidades como o futebol feminino, futsal, basquetebol, atletismo, btt e ciclismo, canoagem, trail running e orientação.

A equipa desportiva da Antena Livre será composta pelos repórteres Jorge Duarte, Jorge Beirão, Carlos Serrano, João Sampaio, João Rodrigues, José Azevedo e Raul Santos, pelos jornalistas Patrícia Seixas e Jerónimo Jorge, estando a coordenação a cargo de Ricardo Beirão. Quanto às participações especiais, para 2020/2021, a antevisão da jornada da 1ª Distrital será de Pedro Monserrate e da 2ª Distrital de Rui Matos. O futebol feminino contará com o comentário de Pedro Sampaio, o futsal com Hélder Rodrigues, o basquetebol com Nuno Ruivo, atletismo com Carlos Alfaiate, btt e ciclismo com Renato Valério, canoagem com João Laia e trail running e orientação com Artur Oliveira. Ricardo Beirão

Treinador dos Lobos do Carvalhal escreve ao Wolves O treinador da equipa dos Lobos de Carvalhal, equipa que milita no campeonato do INATEL, concelho de Abrantes, escreveu a Nuno Espírito Santo, treinador da equipa “gigante” dos “lobos” de Inglaterra, ou “lobos do mundo”, como lhe chama. Num tempo de indefinição sobre como serão os campeonatos amadores de futebol Miguel Alves escreve uma carta aberta ao também treinador português do Wolverhampton para deixar um lamento daquilo que é a situação atual. Miguel Alves pede uma ajuda, qualquer que seja, do clube ou do treinador que, recorde-se, comprou o portista Fábio Silva por 40 milhões de euros. Nesta carta o treinador dos Lobos de Carvalhal situa a aldeia e a realidade com que se vive o futebol por estas bandas e pelo campeonato do Inatel.

“Peço encarecidamente aos Wolves e ao Mister Nuno Espírito Santo, que como é evidente somos fãs acérrimos, ao Clube pela quantidade de portugueses que tem nas suas fileiras e pelo nome que despertou sempre a nossa curiosidade e pelo Mister pelo seu percurso ao longo de anos imaculado e de uma forma rectilínea que a mim em particular muito me agrada, naquilo que nos puder ajudar, muito nos vai agradar”, pode ler-se no texto explicativo de Miguel Alves. Se a carta vai chegar ou não ao treinador do Wolves logo se verá. O certo é que como marketing nas redes sociais está a funcionar e fez chegar o apelo à imprensa nacional da especialidade. À data de fecho desta edição não havia ainda qualquer resposta por parte do treinador português Nuno Espírito Santo ou dos “lobos” de Inglaterra. Jerónimo Belo Jorge

Precisamos da China?

//Nuno Alves //MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS //nmalves@sapo.pt

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as últimas duas décadas, a rápida ascensão da China nos palcos internacionais gerou uma vaga de desconfiança generalizada em relação às verdadeiras intenções do gigante asiático. Com a pandemia, essa desconfiança foi levada por muitos a um extremo que já indicia sinais de preconceito. Na esfera política, os líderes das grandes potências económicas têm criticado a China pelo seu comportamento, embora usem de muita cautela e refreiem qualquer risco de fragilizar as suas relações com Pequim. A excepção são os EUA que, depois de décadas de uma convivência cooperante, antagoniza a China como a origem de todos os males do mundo. Precisamos realmente da China? Sim, e muito mais do que julgamos. À primeira vista, a dependência é óbvia. Dependemos da China em tudo aquilo que seja manufacturado. Diariamente, a maior parte dos produtos que utilizamos foram totalmente ou parcialmente produzidos na China: roupa, calçado, mobília, telemóveis, computadores, televisões, equipamentos automóvel, electrodomésticos, etc. Desde a sua entrada na Organização Mundial do Comércio em 2001, a China ganhou imenso com a globalização. Mas não foi um jogo de soma zero. Ao mundo, a China permitiu o acesso a produtos a preços substancialmente mais baixos. O impacto foi enorme, desde os países mais ricos até aos mais pobres. Sem o baixo custo da mão de obra chinesa e a ausência de custos ambientais ou sociais significativos, nunca teríamos a possibilidade de comprar e descartar

bens de consumo à velocidade com que o fazemos. Graças à China, comprar um telemóvel ou um computador nunca foi tão barato. E isso, do ponto de vista económico, torna a nossa dependência da China ainda mais complexa. Nas últimas duas décadas, a invasão das nossas economias com produtos chineses baratos permitiu ao consumidor geral um custo de vida mais acessível. Considerando que a inflação reflete o aumento ou descida do custo de vida, o acesso a produtos baratos oriundos da China permitiu igualmente aos Bancos Centrais controlar artificialmente a inflação por esta via. Com um custo de vida mais alto, os Bancos Centrais, cuja primeira missão é a estabilidade dos preços pelo controlo da inflação, teriam de aumentar as taxas de juro. E isso iria prejudicar significativamente quem detém créditos ou pretende ter acesso a eles. No fundo, as importações baratas da China, indirectamente, permitem-nos pagar os empréstimos das nossas casas com juros mais baixos mas, em contrapartida, a produção barata chinesa provocou desemprego devido à falência de empresas e indústrias que não conseguiam competir com o custo de produção chinês. A China não deixa, contudo, de correr riscos com esta dependência. Na verdade, mesmo com o aumento do poder de compra chinês e da procura interna em anos recentes, a manutenção do dinamismo económico chinês e de muitos milhões de postos de trabalho na China continuam a depender do nosso apetite voraz para comprar muito. Sem as exportações e com um mercado interno ainda incapaz de suster a rapidez de crescimento das últimas décadas, a economia simplesmente implodiria. PUBLICIDADE

É já no próximo domingo, dia 4 de outubro, que a Antena Livre arranca para mais uma época de informação desportiva. À semelhança do que têm sido os últimos anos, o prato forte de Antena Desportiva será o futebol, mas esta época haverá um acompanhamento mais próximo de outras modalidades, onde equipas e atletas da nossa região participam. Numa altura em que o acesso de público aos eventos desportivos está limitado ou interdito, a imprensa, e em concreto a Antena Livre, assume um papel decisivo na transmissão das “ i m age ns sonoras” e na informação do público. Desta forma, e para que os ouvintes possam saber com o maior rigor possível o que

OPINIÃO /

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DESPORTO /

PR5-MAC-ROTA DA QUEIXOPERRA Percurso Enquadrada na União Freguesias de Mação, Aboboreira e Penhascoso, a “Rota da Queixoperra”, é particularmente agradável pelo acentuado pendor rural que apresenta, pelo património existente ao longo do seu percurso e pela biodiversidade que ostenta. Redes Móveis disponíveis em toda a ROTA, diversos pontos de água potável (fontes) disponíveis. Dotada de um plano de emergência e resgate, com a marcação de balizas de socorro (SOS) devidamente identificadas, pode o pedestrianista caminhar seguro, desfrutando da natureza no seu estado ainda puro.

Património Natural Por entre vales e serras podemos encontrar a cornalheira uma pequena árvore já rara no concelho. Pelas margens da ribeira, tabuas, gilbardeira, hera ou choupos também podem ser encontrados. Pelas encostas

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podemos observar ainda sobreiros, medronheiro, matos preenchidos por tojo, carqueja ou murta. Águias como a calçada ou a águia-deasa-redonda, ou ainda papafigos que por aqui nidificam nas estações quentes. Muitas são as espécies de insetos que habitam esta região. De realçar a borboleta do medronheiro ou a borboleta-maravilha entre muitas outras espécies.

Património Cultural Ao nível do património construído, salientam-se as construções de casas antigas, o Poço das Talhas, a barragem do Cabril, a fonte de mergulho, entre outros. Além do extenso património existente na “Rota da Queixoperra”, é possível observar diferentes tipologias de paisagens e diversos ecossistemas típicos desta zona geográfica. De referir a existência de uma geologia diversa (Geossitios) com a presença das Marmitas das Azenhas de Água e das pistas de fósseis na Serra do Carvalhal.

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

6124- Largo do Centro Recreativo e Cultural de Queixoperra GPS - N 39 33.188 W 008 04.410 15 Waypoints Existe PR5.1-MAC-Variante da Represa do Cabril (0,69 Km) Percurso circular, que percorre toda a localidade de Queixoperra (Mação). Cada caminhante, desenha o seu percurso. Existe a variante do represa do Cabril. Os pontos recomendados são: / Fonte de mergulho / Poço das Talhas / Represa do Cabril / Ponte Romana / Nora de Água / Miradouro da Serra do Corvo (Carvalhal) / GEOSSITIOS / GEOCACHING

Projeto “Rotas de Mação” vai tornar-se uma associação autónoma As Rotas de Mação vão passar a ser Associação até final do ano. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara Municipal de Mação,Vasco Estrela, que explicou que a Câmara vai continuar a apoiar a Associação mas que “assim não há risco de se confundirem os papéis”. O autarca falou dos investimentos já feitos pelo Município, investimentos que devem rondar a casa dos 80 mil euros, porém, não tira o mérito ao projeto que diz ter nascido “da sociedade civil, da vontade de um conjunto de pessoas que teve o empenho” e que contou com a ajuda da Câmara “desde a primeira hora, com grande envolvimento logístico e principalmente financeiro”. O projeto iniciado em Mação em 2018, que conta com mais de 40 voluntários envolvidos e com o apoio do Município, Juntas de Freguesia, forças de segurança e Bombeiros, está “a dar os primeiros passos para a constituição de uma associação até final do ano”. Vasco Estrela manifestou a importância que a Câmara tem na função de direcionar a política do Município na área do turismo e do lazer, e frisou que “as coisas têm de ser direcionadas daqui para lá e não de lá para cá”, por isso “separando as águas”, decidiu antecipar um pouco daquilo que estava previsto acontecer daqui a alguns anos, oficializando que a associação pas-

sará a ser autónoma evitando que “se diga que a Câmara está a influenciar politicamente a gestão das Rotas”. No protocolo que foi assinado entre a câmara, as associações e as juntas de freguesias envolvidas, está estabelecido um conjunto de obrigações para todas as partes. O presidente destaca “nuances muito próprias do processo, uma vez que está a ser construído um portal que custa mais de 50 mil euros, pago pela Câmara, houve toda a marcação dos terrenos, que se cifra em cerca de 20 mil euros, e ainda falta marcar os restantes percursos, o que deve representar mais o dobro deste valor”, indicando, que todos estes investimentos terão de ficar protocolados no futuro. O compromisso do portal, plataforma na internet e aplicação móvel associada, para usufruto dos turistas e caminhantes, que neste momento está a ser alojado pela câmara, responsável por pagar os custos do alojamento até fevereiro, vai se manter até a essa data, assumindo o Município esse compromisso financeiro. Vasco Estrela referiu ainda que no final do ano “a associação irá fazer a sua vida, uma vez mais com o nosso apoio, mas seguindo o seu caminho” sem que haja grandes “intromissões” de parte a parte, tendo aquilo que são as responsabilidades das entidades. Pedro Santos


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

Na zona poente do centro histórico da cidade, encontramos uma rua que os mais velhos, agora já mais de 70 anos de idade, ainda conheceram por Rua da Fonte. Hoje, o seu nome oficial é Monteiro de Lima, que contudo também não foi muito interiorizado pelos abrantinos e o mais habitual é, quando alguém a esta rua se quer referir, indicar o nome de algum dos mais conhecidos estabelecimento comerciais, que por ali abrem as suas portas. Embora desconhecido para os mais novos, o topónimo Rua da Fonte é muito antigo, pois já aparece num documento de 1388 … uma casa que há na dita vila na rua da Fonte…e num outro documento, datado de 1644, surge designada como Rua da Fonte do Salgueiro, certamente porque alguma destas árvores se encontrava por perto. Curiosamente, no Dicionário Geográfico do Padre Luís Cardoso, que ele classifica como “ a notícia histórica de todas as cidades, vilas e lugares… com todas as coisas que neles se encontram” e que depois ofereceu a o rei D. João V, há uma referência a esta fonte. Pena foi que muito do seu trabalho, ainda manuscrito, se tivesse perdido quando do terramoto de 1755, pelo que dele, entre 1747 /52, só foram publicados dois volumes e apenas até à letra C. Na entrada, bastante desenvolvida, dedicada a Abrantes, falando do crescimento da vila refere: Em Abrantes chega-se por uma parte (poente) ao sítio que chamam dos Salgueiros onde hoje se conserva um poço de duas braças e meia e até três de altura, por memória destas árvores que naquele sítio havia e que hoje se acha este poço rodeado de casas. E no mesmo Dicionário ainda aparece outra referência: Dentro da vila e no sítio mais baixo de toda ela, está um poço de que se tira água com três varas de corda e em sítio mais inferior ainda corre por bica um anel de água que se entende ser da nascente da mesma fonte do poço, porque as águas são em tudo semelhantes (muito salobras). Há quem defenda que este poço e o Chafariz eram uma e a mesma fonte. Penso que não, embora possivelmente com nascente comum ou próxima e o padre Luís Cardoso, como se viu, frisa bem que são duas fontes distintas. O Chafariz foi sempre indicado como tendo bicas e um tanque onde bebiam animais, ao passo que esta outra era um poço, portanto uma fonte de mergulho. O Chafariz nunca aparece nomeado como Fonte do

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uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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Rua Monteiro de Lima, antiga Rua da Fonte

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Salgueiro, mas sim de Nossa Senhora da Assunção e em cartas militares antigas aparecem distintamente assinaladas estas duas fontes. Em duas destas cartas, uma datada de 1768, outra de 1801, que me foram gentilmente cedidas por José Vieira, aparece indicado o poço, na extremidade poente desta rua, num pequeno largo onde hoje podemos ver um marco fontenário desactivado, um dos poucos sobreviventes dos vários que foram instalados, quando do abastecimento público de água a Abrantes e para que a ninguém faltasse a água, esta era generosamente oferecida a quem neles se quisesse ir abastecer. Reparando bem, a base deste fontenário assenta sobre umas grandes pedras brancas, formando círculo e originando o que parece ser a cobertura de um poço. Será que este ainda se encontra por baixo destas lajes? Não sei, mas é interessante verificar que, com o fontenário sucedendo ao poço, este continuou a ser, através dos tempos, o sítio da água, nesta parte baixa da povoação. Ainda não há muitos anos havia, pelo menos, mais outros dois destes antigos fontenários a funcionar, um no Largo da Câmara, que foi desactivado, mas ainda houve a sensibilidade de o integrar numa composição

escultórica e outro, junto ao Jardim do Actor Taborda que, infelizmente e não sei bem porquê, foi de lá removido e possivelmente deitado ao lixo, quando das últimas obras feitas no local. Em sessão da Câmara de 10 de Agosto de 1892, foi atribuído a esta antiga Rua da Fonte o nome de Monteiro de Lima, em homenagem ao engenheiro militar Augusto Salustiano Monteiro de Lima, natural de Lisboa e que foi o responsável pelo projecto das obras de abastecimento de água à então vila de Abrantes, até aí muito mal servida de água potável. A inauguração deste importante melhoramento teve lugar em Outubro de 1891, tendo havido na altura festejos que ficaram memoráveis e Monteiro de Lima, em jeito de agradecimento pelo bom trabalho realizado, entrou logo, no ano seguinte, na toponímia abrantina. Curiosamente o tema da água não se desligou deste lugar. Consultas: - Eduardo, Campos, Toponímia Abrantina, C.M.A. 1989 - Website – purl.pt – Dicionário Geográfico do Padre Luís Cardoso - Cartas militares – 1768 e 1801

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SAÚDE / Alteração dos dias de visitas a doentes nos hospitais A saúde e a doença em tempos de Covid 30 setembro Dia Mundial do Cancro Digestivo

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/ Paula Gil / Enfermeira, Unidade de Saúde Pública do ACES Médio Tejo

Com a entrada em vigor do Estado de Contingência no passado dia 15 de setembro, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, decidiu reforçar a segurança para a realização de visitas a doentes com a redução dos dias em que são permitidas as visitas. Assim, as visitas ficam restritas aos seguintes dias da semana: terças-feiras, quintas-feiras e domingos. Esta alteração entrou em vigor no dia 15 de setembro de 2020. Para além da alteração dos dias de visita, mantêm-se ativas todas as regras estipuladas aquando do retorno das visitas aos doentes do CHMT. Nos dias em que a visita é permitida (terças-feiras, quintas-feiras e domingos) é, apenas, permitida uma visita por doente internado, tendo cada visita a duração de 30 minutos. Os únicos doentes que permanecem sem visitas são os doentes Covid-19. As visitas estão sujeitas a horário fixo, pré-definido consoante o quarto de internamento e o número da respetiva cama, nos seguintes horários:14h30, 15h30, 16h30 e 17h30. Só são permitidas visitas de maiores de 18 anos e os visitantes têm que cumprir com todas as normas de segurança e higienização em vigor, nomeadamente cumprindo a higienização das mãos e a utilização de máscara cirúrgica. Os visitantes devem, a todo o tempo, garantir o distanciamento necessário com os doentes a visitar, de acordo com as instruções transmitidas pela equipa de saúde. Relativamente aos utentes que se encontram internados em quartos individuais, a visita poderá ser realizada entre as 14h30 e as 18h00, mantendo-se a duração máxima de 30 minutos por visita. Após o término de cada visita, o quarto será devidamente higienizado e arejado.

Ao fragilizar a Saúde Pública Mundial, a pandemia por Covid – 19 veio alterar muito das nossas rotinas de vida, levando as pessoas a descurar algumas situações relacionadas com outras doenças. O Dia Nacional contra o Cancro Digestivo é comemorado anualmente a 30 de setembro para alertar a população para a doença, para o elevado número de mortes causadas por ela e incentivar a sua prevenção e diagnóstico precoce. Além da Covid-19, há “dezenas” de outras doenças que continuam a existir. Importa por isso reconhecer alguns sinais e sintomas e procurar ajuda médica imediata: • alteração dos hábitos intestinais (“prisão de ventre” ou diarreia); • perda de sangue nas fezes (vivo ou escuro); • dor abdominal; perda de peso sem razão aparente; • perda de apetite; • náuseas e vómitos; • enfartamento; • dificuldade em engolir; • cansaço constante ou outros, procure ajuda médica.

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Faça uma chamada telefónica e fale com o seu médico assistente. Não deixe que o “medo” o impeça de fazer o melhor para a saúde. O diagnostico precoce e o tratamento adequado permite, em muitas situações, a cura ou mais anos com qualidade de vida. O cancro digestivo inclui os cancros do cólon e reto, estômago, fígado, pâncreas e esófago segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, estes cancros matam 30 portugueses por dia. O seu aumento prende-se com vários fatores, uns possiveis de serem modificados por cada individuo, como os maus hábitos alimentares, a obesidade e o sedentarismo e que devem ser alvo da nossa atenção diária. Outros fatores de risco, os não modificáveis, como a idade e o aumento da esperança média de vida, exigem uma vigilância medica mais cuidada. Estes fatores de risco ligados aos estilos de vida parecem relacionar-se com os diferentes cancros digestivos: consumo excessivo de álcool, a obesidade (cancro fígado), o sal e fumados (cancro estômago), pancreatite (inflamação) crónica (cancro pâncreas); Ingestão frequente de alimentos e líquidos muitos quentes

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2020

(cancro esófago). O cancro do aparelho digestivo mais frequente é o cancro do cólon e reto (intestino grosso) dietas ricas em carnes vermelhas, com elevado teor de gordura animal e baixo em fibra (colon e reto). Agora que a pandemia do Covid-19 levou a que muito de nós permaneçam mais tempo em casa preocupe-se com uma melhor gestão do tempo. Opte por contrariar “os apetites” de ficar sentado, por petiscar o que lhe “vem à mão”. Planeie e faça escolhas saldáveis! Comece pela lista de compras – não tenha em casa o que não deve! Opte por uma vida mais saudável, opção certa na prevenção. Escolha uma alimentação rica em vegetais/hortaliça, fruta, azeite, feijão, grão, cereais e nozes e outros frutos secos. Hidratar é essencial - beber água em abundância no dia-a-dia, mesmo sem sede. Saía de casa encontrando rotinas para praticar atividade física regular. Não fumar e consumir bebidas alcoólicas com moderação são algumas opções que podem fazer a diferença. Faça vigilância de saúde. Vacine-se! A sua saúde vem em primeiro.


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Outubro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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