Jornal de Abrantes - janeiro 2020

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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas / JANEIRO 2020 / Edição n.º 5587 Mensal / ANO 119 / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

MAÇÃO

Governo desiste de recurso judicial e concelho vê direitos repostos Pág 21

ESTAJORNAL EM SUPLEMENTO

2020

Fomos conhecer as expetativas de ano novo José Bioucas Dias é um dos investigadores mais influentes do mundo. Pág. 9

MÓVEIS

MOVÍRIS

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Deixaram para trás uma vida na Venezuela, parte da família e todos os pertences, mas a vontade de viver e dar futuro a uma bebé de cinco meses levou um casal a deixar aquele país para recomeçar em Mouriscas. pág. 5

ABRANTES

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Ao lado da SAPEC, em frente às bombas combustíveis BP PUBLICIDADE

O início do sonho português

Págs. 16 e 17


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

Foi com esta imagem que o rio Tejo se despediu de 2019. No último dia do ano, junto ao açude em Abrantes, o rio voltou a encher-se de espuma talvez para nos lembrar que esta é uma luta que não terminou. Vai continuar em 2020 e por aí em diante. É responsabilidade nossa zelar por ele. É responsabilidade das autoridades fiscalizadoras não permitirem que cenários destes continuem a acontecer...

Patrícia Seixas DIRETORA

Quero começar por desejar-lhe um Feliz Ano de 2020. Diz a sabedoria popular que os anos bissextos não são lá grande coisa mas vamos acreditar que, num mundo em constante mudança e onde já nada é o que era, também esta “sina” se tenha alterado. Se for para melhor, claro. E para 2020 todos desejamos o melhor, com a saúde à cabeça. No entanto, como o ano vai ser exigente, fomos conhecer as expetativas de autarcas e de responsáveis por outras áreas da sociedade. Também convém não esquecer o final de 2019. A tormenta chegou em dezembro e deu pelo nome de Elsa. Foram muitos os estragos que deixou pelo caminho e os rios transbordaram. Apesar de na região não ter passado de ameaças, a situação pior viveu-se no Baixo Mondego. Por aqui, para além das quedas de árvores que são sempre imprevisíveis, é no mínimo estranho que os problemas piores surjam sempre nos mesmos locais dando a ideia que não têm resolução. A boa notícia é que deu para repor alguma água nas nossas barragens e adivinhar uns meses mais tranquilos nas reservas deste bem cada vez mais escasso e precioso. Contudo, o ano não terminou da melhor forma no Tejo. Um “mar” de espuma voltou a cobrir o leito do rio na zona do açude, em Abrantes. Um alerta para percebermos que esta luta está longe de ter terminado. Mas 2019 também nos mostrou a crise na Venezuela e o desespero de uma população que só não foge do país se não puder. Mas há quem consiga. E é essa história que lhe contamos nesta edição. A vida de um casal que se viu sem alternativas e que se “refugiou” no interior de Portugal. Os olhos parecem encarar agora um futuro mais risonho. E como o frio vem para ficar, afinal é inverno, também lhe deixamos algumas dicas gastronómicas para aconchegar o estômago e dar energia suficiente. Em Mação, foi reposta a justiça. O Estado desistiu do recurso relativo à sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria que deu razão ao município de Mação sobre as indemnizações referentes aos incêndios de 2017. E o anuncio foi feito pelo próprio ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e em Mação. E Vasco Estrela tem razão quando afirma que “para a história fica tudo aquilo que aconteceu”. Já passou mas não é para esquecer. Terminamos ainda com outra notícia feliz. É que o abrantino José Bioucas-Dias, natural do bairro do Tapadão, na freguesia de Alferrarede, em Abrantes, está entre os investigadores mais influentes do mundo. Esta é a terceira vez que faz parte da lista e o professor catedrático do Instituto Superior Técnico fala do orgulho sentido sem esquecer que este é também o resultado de um trabalho em equipa. A mim, pessoalmente, enche-me o coração de alegria e fico com um sentimento de justiça pela pessoa que és, Zé Manel. E com 2019 a ser passado, resta-nos ter esperança e mudar atitudes para que 2020 seja o tal ano de mudanças boas. Saúde, sorte e prosperidade é o que se deseja. Pois que seja. Feliz Ano Novo!

ja / JORNAL DE ABRANTES

O bebé do ano 2020 do distrito de Santarém nasceu na maternidade do Centro Hospitalar do Médio Tejo, em Abrantes. Chama-se Salvador, nasceu às 14h42 do dia 1, com 3,870kg. É de Paialvo, Tomar. Ao Salvador e à mãe Vanessa Ferreira a equipa do Jornal de Abrantes deseja as maiores felicidades.

PERFIL /

/ Hélder Silvano Neves

Professor do Ensino Secundário Aposentado 58 anos

Naturalidade / Residência Abrantes

Uma música Music, de John Miles

Um filme Out of Africa

Um livro Equador, de Miguel Sousa Tavares

Uma viagem que marcou Um cruzeiro, no ano passado, pelos mares Adriático, Jónico e Egeu

Um país para visitar Islândia

Um momento importante Nascimento dos filhos Um recanto diferente na região Polje de Minde

Se fosse presidente de Câmara o que faria? Faria o que pudesse… O que mais e menos gosta na sua localidade? Continuo a pensar que, em certos aspetos, Abrantes continua a ser boa madrasta, mas não boa mãe.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Ana Rita Cristóvão (CP7675 A), anaritacristovao@mediaon.com.pt. Colaboradores Carlos Serrano, José Martinho Gaspar, Paulo Delgado, Teresa Aparício, Paula Gil, Manuel Traquina. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020


ENTREVISTA /

“Nunca ninguém foi capaz de me calar, por muitas ameaças que me tenham feito” // Adelino Gomes é um nome incontornável nos Bombeiros, quer a nível local, regional ou mesmo nacional. É a voz que não se cala, é a pessoa que encara a sua carreira como uma missão. Após mais de 40 anos de serviço, 20 deles como comandante dos Bombeiros Voluntários de Constância, terminou o seu mandato no final de 2019. Mas não pense que se afastou. Fica na Corporação, agora como presidente da Direção da Associação Humanitária. Bombeiro há mais de 40 anos e há 20 no comando dos Voluntários de Constância... Como é que se decide dedicar uma vida a esta causa? Foi por vocação?

Eu acho que sim, foi vocação e o espírito solidário que sempre tive. Desde os 16 anos que fiz parte de associações, estive sempre envolvido em atividades populares. Entrei para os Bombeiros numa altura em que se pensava formar a Secção de Santa Margarida e houve um pedido de voluntários para dar início ao processo por parte da Junta de Freguesia. Como sempre estive ligado às causas sociais rapidamente aderi e inscrevi-me. Cheguei onde cheguei, sou bombeiro de carreira, passei por todos os postos de bombeiros e no país são muito poucos os que não conheci. Depois saltei para cargos a nível nacional como foi o caso da Liga dos Bombeiros Portugueses onde fui vice-presidente, fui comandante nacional de Operações em Lisboa, presidente da Federação Portuguesa por três vezes e estive sempre ligado à Federação como vice-presidente ou como secretário técnico. Não me arrependo nada de ter feito esta carreira de bombeiro e de a poder continuar no futuro.

Em relação ao que encontrou quando chegou, como deixa os Bombeiros Voluntários de Constância?

Hoje em dia, em termos de equipamentos, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância tem oito viaturas de combate a incêndios e 24 ambulâncias. Conta com 28 profissionais e um corpo ativo de 120 elementos. Começou com uma escola de cadetes onde já aprendem 22 crianças, mas queremos chegar aos 60 elementos. Temos um enorme património com dois quartéis e isto é fruto do espírito de toda esta gente nos bombeiros, do espírito que foi criado entre os elementos de comando e as associações à volta. E esta foi a maneira de chegar onde chegámos. O Orçamento de 2019 foi de 2 milhões e 100 mil euros. Agora é altura de parar. Eu podia continuar no Comando mais algum tempo mas optei por ir para a Direção e passar esta “pasta” ao Marco, a quem eu reconheço uma grande

que estamos errados, nós saberemos emendar e tentar entrar em consensos. O problema é que até hoje nós dizemos mas do outro lado está sempre alguém que não quer reconhecer nem aceitar que somos homens com experiência e que, no fundo, queremos colocar essa experiência ao serviço do país.

Não se afastou por completo. É presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância desde 23 de dezembro. É-lhe impossível “despir a farda”?

/ Adelino Gomes despiu a farda de comandante para vestir o fato da presidência da Associação Humanitária capacidade para poder continuar este trabalho e desenvolvê-lo com outro tipo de ideias.

Foi sempre uma das vozes mais críticas nos anos dos grandes incêndios e sempre defendeu uma mudança de paradigma para que novas tragédias não se repitam. Porque é que a si nunca o conseguiram calar, ao contrário de outros?

É o espírito de bombeiro, o espírito de defesa dos homens, das instituições e quando alguém me tentou “meter uma rolha”, ou tentaram, eu disse imediatamente que a mim ninguém me cala. Eu vou estar sempre na fila da frente pois não tenho nada a perder nem a ganhar. Não estou preso politicamente, não estou preso a nada que me possa impedir de dizer aquilo que penso e dizer aquilo que acho importante fazer. Nos incêndios, quando as coisas não estavam a correr como devia ser, quando havia interesses pessoais e alguns interesses políticos de tentar dar uma imagem que não existia, al-

guém tinha que denunciar isto. E esse alguém, normalmente, era eu. A comunicação social já sabia que nestas coisas eu não me calava e toda a gente me perguntava «porque é o comandante fala e os outros não podem falar?» Os outros podiam falar mas, provavelmente, alguns deles têm receio de perder algum protagonismo ou até mesmo o próprio lugar. Eu não! Não estou preso a nada, ninguém me

“Quando alguém me tentou ‘meter uma rolha’, ou tentaram, eu disse imediatamente que a mim ninguém me cala”

segura nestas coisas e vou continuar a dizer aquilo que sinto. E nunca ninguém foi capaz de me calar, por muitas ameaças que me tenham feito.

Neste momento, é um dos secretários da Mesa dos Congressos da Liga de Bombeiros Portugueses mas também já exerceu o cargo de vice-presidente do Conselho Executivo. A luta pela dignificação da carreira de bombeiro vai ter um fim um dia destes? Vão conseguir? Não sei se vamos conseguir ganhar esta luta mas o que vamos é tentar. E não se trata de ganhar ou perder. Aqui, trata-se de fazer prevalecer a nossa força, as nossas ideias e aquilo que entendermos. Podemos até estar errados, ou não, em algumas situações mas lutamos por aquilo que entendemos que é o melhor para os bombeiros, para o cidadão (que é esse que nos preocupa) e o que é melhor para o país. Esta é a nossa maneira de demonstrar as nossas posições. Se nos disserem ou se nos provarem

Não é fácil. A farda de Comandante, comecei a despi-la já há alguns meses com a passagem para o 2º Comandante. Até para começar a trabalhar aquilo que eu entendo que deve ser a gestão da Associação Humanitária. Essa farda eu dispo. Agora a farda dos bombeiros eu não sou capaz de despir. Razão pela qual decidi ficar como presidente da Direção e para que a minha Associação Humanitária de Bombeiros não caia porque custou muito a levantar. Quero manter vivo o reconhecimento nacional dos Bombeiros de Constância até porque é a segunda Associação do distrito com mais capacidade, quer humana quer de materiais. É mais uma missão que eu assumo e sei que vai ser espinhosa, difícil mas tem um bom ADN.

A passagem de comando foi “menos traumática” por ser o Marco o novo comandante, sendo que o Marco Gomes é seu filho?

O segundo comandante era o Marco, podia ter sido outro. Desde que eu reconheça que tem capacidade e consegue desenvolver a defesa dos bombeiros e esta Associação, para mim era indiferente. Calhou a ser o Marco. Mas quero dizer que o Marco era segundo comandante não por nomeação nem proposta do pai. Foi porque os bombeiros votaram nele para este cargo na altura. Havia mais dois ou três que se propunham a isso e o Corpo de Bombeiros, maioritariamente, votou no Marco. Todos os que passaram desde adjuntos a comandantes, e já desde o tempo do Avô Dias, foram sempre escolhidos pelo pessoal. Até porque é isso que faz sentido porque é com eles que têm que trabalhar. Patrícia Seixas

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO /

Tempestade Elsa deixou rasto de destruição Os dias 19 a 21 de dezembro registaram em Portugal, e na região, a passagem de duas tempestades, uma das quais, de nome Elsa [a primeira, a segunda Fabien foi mais fraca], foi bastante violenta. Sendo uma tempestade extra-tropical trouxe a Portugal ventos muito fortes, com rajadas muito acima dos 100 kms/h e chuvas intensas que provocaram muitas inundações já para não falar em árvores caídas ou barreiras deslocadas. Na região, as chuvas intensas provocaram enxurradas na Pucariça e, depois, em Rio de Moinhos, onde chegou a haver algumas evacuações preventivas. Na zona de Sentieiras (União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede) e em Vila de Rei, as ribeiras também encheram pela chuva forte e provocaram estragos, nomeadamente nos passadiços do Penedo Furado. Em Constância, as águas do Tejo e Zêzere subiram e chegaram a ameaçar a zona baixa da vila, mas a Barragem do Castelo de Bode acabou por não fazer as descargas que inicialmente chegaram a estar previstas. Na Barquinha, o Tejo também saiu do leito normal, enquanto que em Mação registaram-se problemas e pontões que atravessam ribeiras. Já Sardoal registou problemas em duas estradas concelhias.

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SOCIEDADE /

Família venezuelana começa em Mouriscas o sonho português // Deixaram para trás uma vida na Venezuela, parte da família e todos os pertences, mas a vontade de viver e dar futuro a uma bebé de cinco meses levou um casal a deixar aquele país para entrar em Portugal. No início de dezembro, a Jennifer, o companheiro Gustavo, a mãe Iris e a bebé Samantha percorreram os corredores do aeroporto de Caracas com o medo e o receio de poderem a qualquer momento ser interpelados pelas autoridades venezuelanas e serem impedidos de embarcar no avião que os haveria de fazer chegar a Portugal. Jennifer recorda, com lágrimas nos olhos, esses minutos que só tiveram descanso quando se sentaram e, acima de tudo, quando o avião levantou voo. Mesmo com a documentação toda certa, Jennifer é filha de pai português por isso, tem dupla nacionalidade. Mas havia sempre o receio de qualquer impedimento por causa da pequena Samantha. “Lá os bebés são 'propriedade' do Estado e isso podia impedir a nossa saída”, conta ao Jornal de Abrantes com a noção de que tiveram “sorte. Sim. Sorte porque não nos revistaram, não fizeram perguntas”. A opção por Portugal foi natural, pela ligação ao pai e aos tios que vivem em Mouriscas. E foi em Mouriscas que encontraram a tranquilidade que há muito tempo não tinham. “Aqui não é preciso andarmos a correr por gasolina ou por comida”, diz Gustavo que com admiração revelou que ficou impressionado com a calma, pois até as “portas podem ficar abertas”. E é nesta calma que descomprimiram de dias difíceis da Venezuela em que viviam em sobressalto constante, pois as notícias “que passam cá mostram uma pequena parte da realidade que é bem mais grave do que aquilo que se vê”, começa a contar Jennifer que relembra a corrida constante pelos bens essenciais. Desde a falta de comida, a falta constante de água ou de eletricidade. “Cá pagas a internet, mas tens. Lá é grátis, mas... não tens”, comenta Gustavo para exemplificar a vida que tinham a cerca de 3 horas de Caracas, onde viviam. A ideia de deixarem o país e toda uma vida começou a ganhar forma quando entrou na vida deles a Samantha. Quando foi para o parto [numa clínica privada, pelo seguro de saúde da empresa em que trabalhava] Jennifer recorda os receios que a falta constante de luz criava. “Todos os equipamentos de saúde estão ligados à eletricidade. E se fosse preciso? Como seria?

Não consigo imaginar. Felizmente correu tudo bem e o parto correu bem”, diz a luso-venezuelana com um sorriso. Quando questionada sobre a opção de vir para Portugal, explicou que foi quase imediato. A irmã foi para o Peru e lá “tratam-na mal como é venezuelana. Mas não teve a oportunidade que eu tive por ter nacionalidade portuguesa”, diz Jennifer com uma lágrima no olho, tal como a sua mãe Íris. Tiveram de “fugir” porque o custo de vida é incomportável. “A inflação mata as pessoas. Num mês uma coisa que custava um dólar agora custa cinco. E as pessoas não compram comida e vão emagrecendo, emagrecendo”, explicam ao mesmo tempo que revelam que compravam “pastas” (massas) e de má qualidade. Gustavo revela que os problemas de estômago que tinha desapareceram quando começou a “comer com mais qualidade”. Esta é, contam, uma realidade do país. Jennifer explica, novamente com um sorriso no rosto, que ir ao supermercado e ter “escolha de produtos” é uma “riqueza que não temos”. E dá outro exemplo. Fruta. “Só temos a fruta da época. Papaia e laranja. Se quiseres maçã ou uvas não tens dinheiro para as

/ Gustavo e Jennifer (em cima) vieram da Venezuela com a sogra, Íris, e a filha, Samanth

Depois do repouso dos dias agitados o casal quer começar a trabalhar para recomeçar a vida

comprar”. E continuam a explicar que peixe não podem comprar por não terem os meios de conservação. Já na carne ou “compras porco ou frango” porque não há dinheiro para poder ter variedade na alimentação. Jennifer e Gustavo viviam perto de Valência, a oeste de Caracas, depois do grande lago. Ela trabalhava numa grande companhia na área da qualidade alimentar e ele, mais ligado às tecnologias de comunicação, era secretário

técnico e treinador numa equipa de futebol. Tinham uma vida estável antes das crises políticas que colocaram a Venezuela num caos constante e sem solução à vista. Não falam de política, embora haja um sentimento de saudade, principalmente porque a família do Gustavo ficou lá. Falam com eles através do WhatsApp. E a saudade aperta, mas a vontade de dar melhores condições à pequena Samantha faz ultrapassar as contrariedades que surgem pela frente. Como chegaram sem nada, sem roupa, rapidamente algumas pessoas ajudaram. A dona da Mil Ideias e a Carla Filipe fizeram uns pedidos, uma espécie de campanha informal que correu alguns circuitos do Facebook, e levou a que em dez dias esta família tivesse as condições para poderem viver e, acima de tudo, enfrentar o frio português a que não estão habituados. “Dizem que os portugueses são mais frios, mas não é assim. Só temos a agradecer tudo o que nos deram”, diz Jennifer ao mesmo tempo que Gustavo puxa o colete que tem vestido e agradece também o “regalo” que lhe deram. Quando esta família chegou a Lisboa, os tios da Jennifer, que vivem em Mouriscas, foram buscá-los. “Vinham com a roupa que tinham vestido e sem qualquer bagagem”. Agora que já descansaram e deixaram de viver “em stress” e a “correr todo o tipo de riscos”, o casal que vive em casa da tia que os acolheu em Mouriscas só pensa em poder trabalhar. “Estamos legais, a tratar de todos os papéis. Já temos número de contribuinte e esperamos poder encontrar trabalho”, diz Jennifer com a esperança de poder refazer a sua vida em Mouriscas ou na região. Gustavo sabe que pode não ser fácil encontrar trabalho nas suas áreas, mas para já querem trabalho para darem início, de forma definitiva, a nova etapa na sua vida. A Samantha, de cinco meses, os pais Gustavo e Jennifer (de 33 e 30 anos, respetivamente), e a avó (Íris Martinez, com 63 anos) vivem com tranquilidade e saudade longe da sua terra, mas com a esperança e a vontade num futuro mais risonho em Portugal. A família abriu-lhes as portas, a comunidade foi solidária com as necessidades imediatas e agora só lhes falta um trabalho para começar a viver o “sonho português”. Jerónimo Belo Jorge

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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POLÍTICA /

Independentes criam movimento AlternativaCom Apresentou-se em 11 de novembro com o propósito do seu nome “AlternativaCom” e quer concorrer às eleições autárquicas de 2021 no concelho de Abrantes. Vasco Damas, João Pedro Céu, Rui André, José Rafael Nascimento e Ana Gomes são os nomes conhecidos e apresentados por um movimento que se diz independente e com um objetivo único que visa o desenvolvimento da cidade e do concelho de Abrantes. Na altura da apresentação, Vasco Damas referiu que “este núcleo fundador é composto por pessoas com currículos e carreiras profissionais, passe a imodéstia, de mérito, que sabe de política, mas nunca viveu da política. Temos formação, conhecimento e experiência que agora colocamos ao dispor dos abrantinos”. Ainda no início de novembro, Vasco Damas fez questão de vincar que “tomámos a decisão de nos disponibilizarmos para servir Abrantes e os abrantinos e criámos este movimento independente depois de uma profunda reflexão sobre a situação política, económica, social e cultural do concelho. Preocupa-nos os atrasos e os declínios observados no nosso município, assim como a ausência de dinâmicas cívicas e democráticas”, explicou o gestor, ao mesmo tempo que avançava com a ideia de que esta candidatura não é contra ninguém, mas sim a pensar no desenvolvimento de uma cidade e concelho.

Um mês e meio de Movimento

Depois do lançamento, o AlternativaCom apresentou-se com alguns comunicados disponibilizados nas suas páginas nas redes sociais e com uma “apresentação” do seu líder no período de intervenção do público na Assembleia Municipal de dezembro onde Vasco Damas explicou ao que vêm e deixou uma série de perguntas ao presidente da Câmara de Abrantes. Ao Jornal de Abrantes, o líder do movimento independente revelou que nestes quase dois meses de existência pública, o movimento continua a crescer “e a fazer o seu trabalho de sustentabilidade que se propôs aquando da apresentação”. Mais concretamente, explicou que estão num trabalho de agregação de pessoas para “dar valor e robustez” ao projeto. Mas deixou desde já um gesto de uma primeira vitória para o concelho: “desde o dia da apresentação [11 de novembro de 2019] existe

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/ João Pedro Céu, Ana Gomes, Vasco Damas, Rui André e José Rafael Nascimento são os fundadores do movimento de independentes um pulsar diferente (…) existe uma vontade de fazer mais e melhor e começamos inclusivamente a ouvir algumas das nossas propostas e sugestões em quem nos está a governar (…) e isso deixa-nos com uma enorme satisfação”. Agora, em 2020, Vasco Damas revela que o movimento vai continuar a acompanhar de perto as atividades do concelho. É o momento [no primeiro semestre] de ir para o terreno, às freguesias “para nos conhecerem e, acima de tudo, para ouvirmos as pessoas e as suas preocupações”. Sobre algumas críticas que têm feito ao AlternativaCom de não apresentarem qualquer proposta ou projeto, deixa clara a ideia de que têm um propósito claro para o concelho, mas que não mandam ideias avulso para o ar: “Não vamos apresentar ideias que nós achemos que são as melhores propostas que depois não têm adesão à realidade e às reais necessidades das pessoas”. E isso o movimento quer conhecer nestes primeiros seis meses de 2019.

JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

Quanto à formalização do AlternativaCom, o líder do movimento independente revelou que já estão a trabalhar nesse sentido, com o apoio da AMAI (Associação dos Movimentos Autárquicos Independentes) no sentido de se constituírem formalmente. Ainda não há uma decisão, mas ficou expressa a vontade de que seja muito em breve. Recorde-se ainda que a 11 de novembro Vasco Damas havia reconhecido estarem “conscientes das dificuldades que temos pela frente porque conhecemos a inclinação sociológica do concelho, resultado dos interesses cruzados que o interligam”. Mas afirmou que “se fosse fácil não seria certamente para nós e é por isso que a assinatura do nosso movimento pretende devolver a confiança aos abrantinos”, argumentando que “esta é uma missão possível”. O candidato garantiu ainda que irão “trabalhar para conquistar o melhor resultado possível e a vitória nas eleições estará per-

manentemente no nosso foco”. No entanto, acrescentou que, “independentemente desse resultado, ao assumirmos com coragem e com todas as dificuldades com que nos vamos deparar de hoje em diante, ao construirmos esta alternativa, acabámos de oferecer a primeira vitória ao concelho de Abrantes”.

As listas de independentes no concelho

Abrantes já experimentou movimentos independentes em Autárquicas, quer para a Câmara e Assembleia Municipal quer para Assembleias de freguesia. Em 2009 o movimento autárquico encabeçado por Albano Santos conseguiu eleger um vereador para a Câmara e quatro deputados municipais, tendo conseguido 16,41% dos votos. Concorreu a sete das 19 freguesias (da altura) tendo conseguido a vitória em S. Facundo. Nas freguesias, vários movimentos independentes foram crescendo e aparecendo. Em 2013 Mouriscas

e Bemposta e em 2017 Mouriscas, Tramagal e Rio de Moinhos. Sendo que esta última se notabilizou com Rui André [membro do AlternativaCom] a ser reeleito para a junta de freguesia por um movimento independente em vez do PSD, por quem tinha sido eleito em 2013. Nas autárquicas de 2017, as regras de candidaturas de movimentos independentes ditavam que as listas tinham de cumprir a paridade [garantir a representação mínima de 33,3% de cada um dos sexos e não podem conter mais de dois candidatos do mesmo sexo colocados, consecutivamente, na ordenação da lista], têm de constituir um conjunto de assinaturas proponentes com 3% do número de eleitores (3% dos eleitores de Abrantes são 971) e também têm de constituir conta bancária específica para a campanha, a designar um mandatário financeiro e a apresentar o seu orçamento de campanha, bem como a prestar contas da sua campanha eleitoral perante o Tribunal Constitucional. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Abrantes

Município de Abrantes compra Cine-Teatro S. Pedro O Cine-Teatro S. Pedro foi comprado pela Câmara Municipal de Abrantes por 470 mil euros. Depois de longas negociações e de um processo complicado e que teve vários avanços e recuos, a autarquia e a Sociedade Iniciativas de Abrantes, que era a proprietária do edifício cultural, chegaram a acordo. O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, anunciou o negócio [a 9 de dezembro, um dia depois da assembleia geral da Iniciativas de Abrantes]no interior do cineteatro, lado a lado com José Carreiras e José Alberty, dirigentes da sociedade proprietária do imóvel. A compra por 470 mil euros vai ser paga ao longo de sete anos. 70 mil euros a serem pagos em 2020 com assinatura da escritura e, depois, 65 mil euros nos seis anos subsequentes. Nas últimas rondas negociais a Iniciativas de Abrantes tinha apresentado uma proposta de venda pelo valor de 800 mil euros e a Câmara de Abrantes, já liderada por Manuel Jorge Valamatos, fez uma contraproposta do arrendamento por 35 anos, pelo valor de 150 mil euros. A sociedade concordou com a proposta de arrendamento, mas depois resolveram apresentar uma nova proposta, desta vez para a venda do edifício à autarquia. José Alberty e José Carreiras explicaram o motivo da proposta de venda em vez do aluguer que tinha tido aceitação. “A sociedade não tem rendimento nenhum (…) e não é possível manter uma sociedade ativa sem rendimentos. A solução do arrendamento era empurrar de barriga um problema para os vindouros. Temos filhos e netos e temos de ter respeito por eles”, justificou José Alberty. E acrescentou que o acionista com maior relevância da sociedade é o Centro Social Paroquial de Rossio ao Sul do Tejo e “havia de ter cuidado para não prejudicar essa instituição”. O dirigente assumiu que “talvez não soubessem, mas há coisas que, por vezes mais escondidas, são muito importantes”. Não querendo adiantar valores ou percentagens, José Alberty garantiu que o Centro Social do Rossio será um dos grandes beneficiários desta venda. Num comunicado conjunto, a Câmara Municipal e a Iniciativas de Abrantes explicam, em resumo, a história do imóvel e depois explicam o negócio: “A Câmara Municipal de Abrantes está consciente que o Município de Abrantes e os seus munícipes têm para com o Cine-Teatro S. Pedro uma ligação histórica e de grande afinidade. Considera que é um espaço privilegiado de promoção e difusão de atividades culturais e artísticas,

/ José Alberty, Manuel Jorge Valamatos e José Carreiras firmaram o acordo final do Cineteatro S. Pedro

Negócio fechado por 470 mil euros a pagar em sete anos

estando o mesmo vocacionado para o serviço público, para Abrantes e para a região”. O texto assinado pelas duas partes finaliza com a frase: “A propriedade do imóvel será transmitida

à Câmara Municipal, que a partir de agora velará pela sua adequada manutenção e o porá ao serviço da Cultura e de Abrantes”. O presidente da autarquia revelou que há uma estimativa de obras no valor de 2 milhões de euros para devolver o imóvel à sua função que, no entanto, poderão ser faseadas. Não querendo avançar datas para a reabertura da sala, revelou que a primeira preocupação será com a segurança, pelo que será avaliada e intervencionada a estrutura e o teto do edifício. Adiantou ainda que

agora é altura de levar o processo para a CCDR Centro (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), e tentar encontrar financiamentos para suportar os investimentos que têm de ser feitos para que assuma a sua função de sala cultural e de espetáculos. Manuel Jorge Valamatos vincou a abertura que a Iniciativas de Abrantes sempre teve com ele, depois de ter assumido a presidência da autarquia, uma vez que antes o processo estava a ser gerido por Maria do Céu Albuquerque, sempre

com a participação do vereador com o pelouro da cultura, Luís Filipe Dias. O presidente frisou que “podíamos ter feito esse contrato de arrendamento, mas entendemos que devíamos comprar (…) está em causa um investimento de 2 milhões de euros [de requalificação] e faz todo o sentido fazer este investimento num imóvel que é do município”. José Alberty questionado sobre se a mudança de presidente de Câmara teve influência na rapidez que o processo ganhou fugiu na resposta para uma explicação do que tinham sido as negociações. Segundo afirmou, o processo emperrou entre o final do contrato de comodato e as mais-valias que a Câmara queria que a sociedade suportasse. Continuou a explicar e finalizou “quando há respeito, quando há a compreensão dos interesses envolvidos para cada parte, e há a possibilidade e inteligência de se apagarem essas divergências para se construir uma obra, essa obra faz-se. Não tenho mais nada a dizer.” José Carreiras disse que este é um momento histórico para a cidade e não apenas para a Iniciativas de Abrantes e agradeceu à Câmara ter criado condições para que se “tivesse chegado a acordo”. A ideia de construir um cinema ou um teatro terá começado a germinar em 1946 quando um grupo de cidadãos abrantinos, encabeçados por Manuel Fernandes, terá encomendado um projeto ao arquiteto Amílcar Pinto. A construção ainda terá começado em 1947 com a demolição da Igreja de S. Pedro Novo, construída em 1708, mas acabou por não ir em frente. Apenas foram executadas as fundações para que fosse apresentado outro “desenho". O projeto construído é da autoria do arquiteto Ruy Jervis d’Athouguia e foi inaugurado a 19 de fevereiro de 1949 com a comédia de Júlio Dantas “Outono em Flor” da Companhia do Teatro Nacional Dona Maria de Amélia Rey Colaço / Robles Monteiro. A sala de espetáculos tinha, nesta altura, uma plateia com 512 lugares a que se acrescentavam 232 no primeiro balcão e mais 210 no segundo balcão. Com o encerramento deste processo ficou igualmente encerrada a novela “Antigo Mercado Diário” de Abrantes. Formalmente, o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, revelou que ali vai nascer “o pavilhão multiusos de Abrantes, mantendo a traça das fachadas, mas reconvertendo todo o seu interior”. Jerónimo Belo Jorge

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ATUALIDADE / Constância

Constância distingue cidadãos em Gala concelhia “Gostar de Constância” é uma gala que a Câmara Municipal da Constância realiza anualmente a 7 de dezembro por ter sido nesse dia, em 1836, que a rainha D. Maria II, satisfazendo um pedido apresentado pela população local, mudou o nome da vila de Punhete para Notável Vila da Constância. Este ano foi na Casa do Povo de Montalvo que Anabela Ferreira e João Paulo Moreira [cabeleireiros Contraste], José Pereira [associativismo], e Cláudia e Rui Monteiro [Central Park] receberam as distinções. Houve ainda tempo para dois momentos musicais com os TINTINNABVLVM e com o Grupo de Cantares da Casa do Povo de Montalvo.

Os cabeleireiros que casaram nas Pomonas

João Paulo Morais e Anabela Ferreira foram os primeiros a sentar-se nos cadeirões da Casa do Povo de Montalvo com Helena Calhau a lançar a conversa com o mote da comemoração dos 20 anos do salão de cabeleireiro Contraste. A conversa, muito ligeira, foi aos primórdios da atividade profissional de João Paulo, quando desde muito jovem deambulava pelo salão da mãe, também ela cabeleireira. Depois a vida levou-o a conhecer a lisboeta Anabela Ferreira. A vida foi andando e a dada altura, João Paulo e a mãe resolveram abrir um salão de cabeleireiro em Constância. Alternavam o trabalho entre Tomar e Constância. Ele com penteados mais “modernos e arrojados” e a mãe com os mais clássicos. E assim se mantiveram até nascer o filho, o Tomás, que alterou as prioridades de João Paulo e de Anabela. “Quando nasce um filho tudo muda, temos de pensar na vida dele e não apenas na nossa. Por exemplo, levá-lo todos os dias à escola”, referiu o cabeleireiro que explicou então a decisão de fixarem residência em Constância. João Paulo Morais revelou ainda os seus trabalhos para fora da região. Outro exemplo, foram a Sintra pentear os noivos, ingleses, e os convidados. A isso não será alheia formação constante fora de Portugal e a participação, enquanto júri, em eventos do Guiness Book Od Record’s, nomeadamente no recorde de coloração. “Foram cinco cabeleireiros de Portugal, e eu fui um deles”. E como sempre colaboraram nos penteados das Pomonas Camonianas, Anabela Ferreira recordou o momento em que tiveram de ultrapassar algumas questões, mais burocráticas, para fazerem o seu ca-

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samento quinhentista. Com o apoio da direção da Escola de Constância contaram os pormenores da preparação de um casamento “público” que muitas pessoas chegaram “a pensar que era encenação das Pomonas, mas depois iam percebendo que era real e integravam o cortejo.” João Paulo Morais recordou ainda a altura em que decidiram que a noiva chegava de barco à margem e depois seguia de carruagem. E para comemorar os 20 anos do salão em Constância, em 2019, resolveram convidar outros cabeleireiros e fazer uma cerimónia diferente. “Convidámos uma série de pessoas que são portadores de deficiência para as pentear e maquilhar. Foi um momento único”, disseram os dois cabeleireiros que contam com a presença da Maria, especialista em penteados apanhados.

JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

Zé Pereira, o faz tudo no associativismo

José Pereira jogou à bola, foi treinador, fez teatro em Montalvo e já foi tudo no associativismo. Tudo não. Nunca foi presidente da direção. “Sou um braço de trabalho, não um presidente”, afirmou com uma boa disposição notável que arrancou muitas gargalhadas. Aliás, começou por dizer que gosta de ajudar e de fazer parte da associação da sua terra. Desde cedo que era assim. Desde cedo que organizava os bailes em Montalvo. “Naquele tempo diziam-nos assim, fazem os bailes. Se tiverem prejuízo pagam do vosso bolso. Se tiverem lucro é para nós [associação]”. E foi assim que, ainda jovem, começou a “dirigir” a sua vida associativa, sempre em prol da terra. “Há 47 anos que trabalho para

esta casa [Casa do Povo de Montalvo]. Até me costumam dizer que o Zé Pereira vai a todas […risos] e vou.” Ainda sobre a organização dos bailes confidenciou que era para poderem namorar. “Havia muita responsabilidade nos namorados. Hoje não, é de qualquer maneira”, foi dizendo à medida que se desenrolava a conversa das suas memórias. Já foi alvo de uma homenagem por parte da Casa do Povo de Montalvo porque já perdeu o conto aos mandatos que tem como dirigente. Serão mais de uma dúzia. Hoje já não faz teatro, quem sabe possa voltar à Casa do Povo, mas é o “motorista” que transporta os miúdos para os treinos de futebol. E são os miúdos que lhe fazem as traquinices e as partidas que, depois, o acarinham mais, porque ao invés de se zangar mantém sempre uma boa disposição impressionante. E isso faz-se notar na forma carinhosa com que os miúdos tratam o Zé Pereira.

Central Park a crescer em Santa Margarida

A Cláudia e o Rui Monteiro entraram na restauração e agora na hotelaria de forma improvável. Desde muito cedo em Santa Margarida da Coutada ambos se dedicaram ao trabalho. A Cláudia quase foi cabeleireira. O Rui fazia obras de construção civil. Foi assim que se conheceram e casaram. Mas depois

Rui contou que não queria “cabelos” lá em casa e, como a mulher gostava de nunca estar parada resolveram adaptar a sua casa, que até poderia ter sido uma loja de materiais de construção, para um café. Foi assim o início de uma vida dedicada à cafetaria, restauração e agora ao alojamento, com os olhos postos no futuro, porque os filhos já seguem as pisadas dos pais no negócio de família. Cláudia contou que ficou satisfeita com a ideia de um café. Mas “impôs” uma condição ao marido: “Tinha de ter pão quente. No Crucifixo tinha pão todos os dias e aqui [Santa Margarida] havia padeiro uma ou duas vezes por semana. Por isso o café tinha de ter pão quente”. E assim foi. O Parque Ambiental de Santa Margarida foi inaugurado a 18 de abril de 2002 e “nós abrimos o café em janeiro seguinte [2003]. Começámos com o café, umas sopas e bifanas por causa das visitas ao Parque, mas depressa passámos a ter pequenas refeições.” Com uma sala pequena, 34 lugares, Rui explicou que perceberam a necessidade de crescer e em 2007 avançaram com o projeto das novas instalações. Aí já com cozinha mais “a sério” porque é onde Cláudia se sente bem. É a responsável pela cozinha tradicional do Central Park que diz, entre sorrisos, “adoro aquilo que faço. Na cozinha perco a noção do tempo”. Apesar de estarem em Santa Margarida os projetos não se ficam por aqui. A aquisição da casa de um irmão levou-os a entrar num dos negócios da moda: O alojamento local. Atualmente, Rui diz com orgulho que a sua pequena empresa tem nove empregados a tempo inteiro e que apenas dois são de fora do concelho. E o futuro está garantido. Vão fazem nova ampliação da sala do restaurante e há o projeto para a construção de uma pensão. “Tenho um terreno de 3 mil metros e o sonho de construir uma pensão com 34 quartos. Onda caiba [os passageiros] um autocarro”. O filho David está há seis anos a trabalhar com os pais. É aquilo que quer fazer e explica o pai: “sozinho toma conta da sala e às vezes até me manda embora de lá. Eu estou mais nos papéis”. Já a filha, Joana, também, está a dar os passos no negócio. Tem uma outra formação, mais gourmet. “Há dias chegou lá com uma série de coisas para começar a mudar o serviço.” Tem outros andamentos que não é a cozinha tradicional da mãe. O Rui e a Cláudia, já com os filhos ao lado, deixam a nota de que de verão são os visitantes do Parque Ambiental que os procuram e que no inverno é a população mais local. E o Rui Monteiro acaba a dizer “enquanto houver vida humana tem de haver casas para comer e beber” Jerónimo Belo Jorge.


SOCIEDADE / Abrantes

Abrantino José Bioucas Dias é um dos investigadores mais influentes do mundo José Bioucas Dias admite que este reconhecimento é “uma grande honra e uma enorme responsabilidade”

// SOBRE A DISTINÇÃO Todos os anos, o Web of Science Group identifica os investigadores mais influentes do mundo. Os poucos que conseguem um lugar nesta lista são aqueles que foram citados com mais frequência pelos seus pares na última década. 13.166 é o número de vezes que o abrantino José Bioucas-Dias foi citado, num universo de 244 publicações, de acordo com o Web

of Science Group. Este ano, apenas 6300 investigadores em todo o mundo, de 21 áreas distintas, foram reconhecidos neste âmbito, o que representa cerca de 1% dos investigadores mundiais. Destes, 23 são figuras vencedoras de um prémio Nobel. A lista de 2019 contempla ainda mais de 1.200 instituições.

“Acima de tudo, é um trabalho de colaboração, é um trabalho em que muitas das ideias que dão origem a estes artigos foram desenvolvidas no âmbito de colaborações internacionais, no qual eu emprestei umas ideias mas também com uma forte componente das pessoas com quem colaborei. Parte destes trabalhos são com alunos meus de doutoramento mas tenho um enorme conjunto de colegas nos quatro cantos do mundo com os quais tenho vindo a colaborar e a produzir trabalhos deste tipo, com alguma aceitação pelos pares”, explica-nos o investigador que reforça que “isto não seria possível se eu não tivesse os meus alunos e as instituições, sobretudo o Instituto Superior Técnico e, acima de tudo, o Instituto de Telecomunicações, que me tem dado todas as condições para que este trabalho surja”. Uma aceitação que “nos enche de orgulho” e que tem que ver, diz

José Bioucas-Dias, com “a qualidade do trabalho, a inovação que o trabalho tem - têm contribuições científicas inovadoras - vista pelo lado dos pares”. Não escondendo que a investigação “dá muito trabalho” e que este o reconhecimento não é “do trabalho de um ano, é de um trabalho de muitos anos”, José Bioucas considera que esta é uma área que dá “acima de tudo, gozo. O prazer da descoberta, de introduzirmos contribuições de alguma relevância: isto é um desafio e as pessoas têm de estar motivadas para fazer isso”. “Motivação que eu tenho tido a sorte de ter, eu próprio, e de ter conjuntamente com os meus alunos e com os meus colaboradores internacionais”, conclui.

José Bioucas Dias mencionado na Assembleia Municipal de Abrantes

E a distinção feita a José Bioucas-Dias não passou despercebida à comunidade abrantina, com o presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, Bruno Tomás, a proferir algumas palavras na sessão da Assembleia Municipal de Abrantes de 6 de dezembro. “Apenas e só lhe quero deixar uma palavra: obrigado. E este obrigado é um obrigado sentido em meu nome e em nome da Junta de Freguesia, por aquilo que tem feito pela investigação não deste concelho, não deste país, mas a nível mundial. É um dos investigadores mais influentes do mundo. (...) Este senhor é de Abrantes, é de Alferrarede, obrigado a ele. A Junta de Freguesia a seu tempo irá fazer chegar a ele uma missiva”, disse Bruno Tomás. Ana Rita Cristóvão

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O abrantino José Bioucas Dias, natural do bairro do Tapadão, na freguesia de Alferrarede, concelho de Abrantes, está entre os investigadores mais influentes do mundo. Este é o segundo ano consecutivo que José Bioucas está na lista dos investigadores mais influentes a nível mundial, figurando no top de 1% de cientistas cujo trabalho é mais citado por outros colegas da sua área - neste caso, na área das Geociências. No total, é a terceira vez que faz parte da lista, com a primeira aparição a datar de 2015. D e a c o rd o c o m a C l a r i v a te Analytics, esta lista agrega as “mentes científicas mais influentes do mundo”, representando uma das mais prestigiadas fontes para avaliar o impacto das publicações científicas, investigadores e instituições. José Bioucas-Dias é professor no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, na área científica de Telecomunicações. É também investigador sénior a nível de análise de padrões e imagens de Tecnologia de Investigação - processamento de imagem de vários tipos, com destaque para o processamento a nível de Geociências (em imagem de satélite). Em declarações ao JA, o investigador admite que receber este reconhecimento é “acima de tudo, uma grande honra, e, em segundo lugar, uma enorme responsabilidade”. “Isto é resultado das condições que eu tenho, por um lado, dos colaboradores que tenho, das instituições que me apoiaram e, modéstia à parte, de um certo trabalho meu, uma componente minha”, diz, salientando que o trabalho desenvolvido é “um trabalho de equipa”.

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ATUALIDADE / Abrantes

Subida nos tarifários da água e dos resíduos, baixa no saneamento O Executivo da Câmara Municipal de Abrantes aprovou, por unanimidade, a proposta do presidente da Câmara para o tarifário para 2020 no que diz respeito ao abastecimento de água, recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos e atualizou as tarifas de saneamento. Manuel Jorge Valamatos começou por explicar a que fica a dever-se o aumento de 14 cêntimos no que à água diz respeito. “Perspetivando-se o aumento dos custos que irão ocorrer durante o ano de 2020, designadamente custos com pessoal, quer devido ao aumento do salário mínimo nacional quer à mudanças obrigatórias de posicionamento remuneratório, bem como o aumentos dos custos dos produtos de tratamento de água, entre outros, propõe-se a atualização das tarifas de água em 1,2%”, começou por dizer o presidente. “Esta atualização implica que um utilizador do tipo doméstico que consuma mensalmente 10 m3 de água pague mais 0,14€ por mês. Atualmente paga 11,34€”, disse o autarca que explicou que este cálculo tem por base o consumo médio e que considerou que este é um aumento “em nada robusto” e que “tem a ver com a capacidade de continuarmos a ser competitivos”. O presidente da Câmara falou

depois do investimento que os Serviços Municipalizados de Abrantes têm feito nos últimos anos e, apesar de não ter nada contra a nova empresa Tejo Ambiente, justificou o porquê de Abrantes não ter entrado. Com o aumento do custo da tonelada por parte da Valnor, o tarifário dos resíduos sólidos urbanos também irá aumentar. Manuel Jorge Valamatos explicou o porquê deste aumento de 86 cêntimos que, segundo disse, o Município “não

tem outra hipótese” mas avançou que 2020 será o último ano com estes “aumentos abruptos”. “Em 2017 os SMA foram confrontados com um enorme aumento da deposição de tratamento dos resíduos imposto pela Valnor, num sistema de que nós e mais 24 municípios fazemos parte. (…) O custo de deposição de tratamento passou de 31,20€ para 45€ a tonelada, em 2018 passou para 50€ a tonelada. Mais de 60,3% do que em 2016, o que representou um custo adicio-

nal de cerca de 270 mil euros. Os Serviços Municipalizados viram a despesa agravada em 270 mil euros na altura sem poder cobrar isso às nossas pessoas diretamente”, referiu Manuel Jorge Valamatos. No entanto, como avançou, “de modo a minimizar o impacto que estes aumentos tiveram nas faturas mensais dos clientes, optou-se em 2018 em repercutir esse aumento em três anos”. Propôs então “dar continuidade a essa opção” em 2020 e o aumento

do tarifário dos resíduos sólidos urbanos “para um cliente do tipo doméstico que consuma 10 m3 de água” será de 0,86€. “Um aumento significativo mas é o ano de terminar com estas subidas mais abruptas e obviamente que no próximo ano subirá em função da taxa de inflação” O presidente referiu ainda os tarifários especiais para apoiar as famílias economicamente mais vulneráveis “apesar destas dificuldades”. “Temos estado sempre a acompanhar as famílias com rendimentos baixos e as famílias numerosas com mais dificuldades e têm sido sempre acompanhadas pelos Serviços Municipalizados. O ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) define como obrigatoriedade que não seja a entidade gestora a financiar este tipo de situações, tem de ser a Câmara Municipal. Estamos aqui a falar de um montante de cerca de 20 mil euros”, afirmou. Boas notícias só mesmo no tarifário de saneamento. É que Abrantes vai pagar menos um milhão e 100 mil euros, dinheiro proveniente de uma candidatura da Abrantáqua que vai ser devolvido ao Município. Assim sendo, “em 2020, um cliente de tipologia doméstico que consuma 10 m3 de água, irá pagar menos 11 cêntimos por mês”. Os tarifários para o ano de 2020 foram aprovados com o voto favorável do vereador do PSD. De referir que o vereador do Bloco de Esquerda teve que se ausentar da reunião de Câmara, não participando da votação. Patrícia Seixas

Chef Victor Felisberto conquistou prata na "Revolta do Bacalhau" O Chef Victor Felisberto conquistou, no dia 17 de dezembro, um diploma de prata no concurso gastronómico “A Revolta do Bacalhau”. A Casa Chef Victor Felisberto era um dos 30 restaurantes apurados para a final cujos resultados foram divulgados numa gala que teve lugar em Lisboa. O prato apresentado por Victor Felisberto foi um bacalhau confitado com ervas aromáticas, com pés de porco recheados com foie gras de bacalhau e, a acompanhar, um puré de grão-de-bico. Este é um concurso de receitas nacional, criado em 2005 pela Inter Magazine, para o RECHEIO Cash&Carry e para a NSC – Conselho No-

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rueguês dos Produtos do Mar. O regulamento previa a atribuição de diplomas consoante a pontuação do júri. [diploma de Ouro (acima de 90 pontos); diploma de Prata (entre 70 e 89 pontos); diploma de Bronze (entre 50 e 69 pontos); e diploma de Participação (até 49 pontos)]. Quer isto dizer que o bacalhau do Chef Victor Felisberto teve entre 70 a 89 pontos, o que lhe garantiu a categoria de prata. Neste concurso - dividido por três áreas: cozinheiros, estudantes de cozinha e restaurantes - os candidatos foram desafiados a confecionar pratos com a presença do bacalhau. “A Revolta do Bacalhau” é um

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concurso em formato de rota gastronómica e em que puderam ser apresentados prados de bacalhau na forma tradicional, gastronómico e casual. Os 30 restaurantes mais bem classificados, onde se inclui a Casa Chef Victor Felisberto, entram na Rota da Revolta do Bacalhau e foram visitados por um júri que irá provar o prato a concurso.


SOCIEDADE /

Sindicato e trabalhadores do Continente de Abrantes contra repressão laboral

levar à desvinculação ao posto de trabalho através do despedimento voluntário”. Ivo Santos, diz que já deixaram de tentar contactar a direção da loja continente de Abrantes. Já tinham feito os alertas necessários para que as situações fossem alteradas, mas como tudo se mantém

Sindicato acusa SONAE de asssédio laboral, empresa fala de um só caso

na mesma “tivemos de partir para ação pública”. Catarina Monge, a funcionária do Continente que apresentou a denúncia ao sindicato, diz que esperou tempo demais e que foi em julho deste ano que resolveu reportar as situações ao sindicato. Revela que está há 23 anos nesta loja, em Abrantes, e que continua a ganhar pouco mais do que o salário mínimo nacional porque, aponta, os aumentos não têm a ver apenas com a antiguidade, mas com avaliações de desempenho “desenhados” pela direção da loja. Aliás, este é outro fator que leva Ivo Santos a apontar o dedo à Sonae. “Mudam os funcionários de secções como querem”, e vinca outras queixas dos trabalhadores: “os horários são alterados e comunicados por boca, sem terem a definição de horários mensais” como está acordado no acordo coletivo de trabalho. A questão dos salários já é transversal a todas as lojas da cadeia de venda a retalho e de todas as outras

“andam todos à volta do ordenado mínimo nacional. E os que não andam vão ficar, pelo menos, com a atualização de 2020 decidida pelo governo”. O Jornal de Abrantes tentou obter uma reação do diretor da Loja de Abrantes, José Lourenço. Quando nos dirigimos à loja foi-nos dito que qualquer questão teria de ser colocada por escrito, através de um endereço de correio eletrónico fornecido na loja. Como os emails com os pedidos de esclarecimento vieram devolvidos, enviámos também um pedido de esclarecimento para a Sonae, a responsável pelas marcas Modelo/ Continente. Três dias depois do protesto tivemos um contacto da agência de relações públicas da marca em que nos foi confirmado uma única queixa de assédio que resultou de um inquérito interno, tendo o mesmo sido arquivado pelo instrutor designado. A agência revelou que não houve outros casos reportados. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) realizou dia 18 de dezembro uma ação à porta do supermercado Continente, em Abrantes, e acusa a direção de loja em Abrantes de comportamentos repressivos e atitudes impróprias com os trabalhadores. Ivo Santos, coordenador da delegação de Santarém e Leiria do CESP denunciou ainda que na loja de Abrantes “é praticada pressão, repressão e assédio sobre trabalhadores, de forma reiterada e com objetivo de afetar a dignidade da pessoa ou criar ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante e desestabilizador.” Secundado por outros sindicalistas e pela funcionária do Continente de Abrantes que denunciou estes casos de repressão, Ivo Santos disse que estas denúncias podem juntar-se às outras sobre o mesmo grupo empresarial. Mas neste caso, acrescentou “há pressão sobre os trabalhadores para os

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SOCIEDADE /

Livro guarda a arte de entrelaçar dos esparteiros “Esparteiros: Arte de entrelaçar” é um livro de história e acima de tudo de histórias. De muitas histórias de vida. Sandra Uva Alexandre, antropóloga, começou em fevereiro uma corrida de ir ao encontro de uma arte que já foi a principal atividade económica de Mouriscas e que nos dias de hoje tem apenas uma empresa a laborar. A fabricação de seiras e capachos para os lagares de azeite, primeiro através do esparto, depois do cairo e, mais recentemente, de ráfia e nylon, é uma das imagens de marca de Mouriscas, que em meados do século passado chegou a ter 14 oficinas e a empregar dezenas de pessoas. Na maioria, mulheres. E havia muitas que trabalhavam em casa para vender a produção às oficinas. Bastava ter uma roda [forma] e a matéria-prima. Primeiro a corda feita de esparto e, mais tarde, o cairo. Depois os lagares foram-se modernizando e as seiras e capachos deixaram de ter a importância vital na produção do azeite. Em Mouriscas, por exemplo, ainda há uma cooperativa de olivicultores que produz o azeite a partir das prensas com capachos. Mas são casos raros. Os lagares de linha são mais rápidos, eficientes, limpos e com menos mão de obra. Hoje a produção a única fábrica de seiras e capachos de Mouriscas, a SIFAMECA, aponta mais ao artesanato do que aos lagares de azeite. Produz capachos e tapetes em cairo, com a técnica da arte de entrelaçar as cordas. E foi para salvaguardar esta arte que a Câmara de Abrantes se candidatou ao programa Tradições da EDP, em 2018, e viu ser aprovado o seu projeto. Trata-se do financiamento para a produção de um livro, apresentado no dia 16 de dezembro, e de um vídeo documental, em produção, para a salvaguarda deste património que ainda existe em Mouriscas. Paralelamente com o apoio da Associação Palha de Abrantes e da SIFAMECA têm sido desenvolvidas muitas iniciativas em torno da espartaria. Desde ações de formação com o Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA), a outras da associação cultural Palha de Abrantes ou a visitas de estudo, com milhares de crianças a terem passado pela fábrica de Mouriscas. Helena Gomes, representante do programa Tradições da EDP, que financiou o projeto de salvaguarda da espartaria, deixou vincada a importância de não deixar perder esta arte e ficou muito sa-

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O livro guarda as memórias de uma arte, mas acima de tudo conta muitas histórias de vida da freguesia de Mouriscas

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tisfeita com o resultado. Aliás, fez questão de dizer que também experimentou a entrelaçar as cordas e revelou que se vivesse mais perto vinha melhorar a sua experiência. A coordenadora do programa da EDP entrou mesmo em diálogo com a dona Maria Adília, mourisquense que fez questão de recordar a todos aqueles tempo: “Os patrões quando chegavam vinham ver quem fazia mais”. Helena Gomes provocou ainda um momento divertido ao falar das marcas que o entrelaçar das cordas deixam nas mãos, porque não era um trabalho fácil. E a dona Maria Adília vai dizendo “era lixado” para

gáudio da plateia que reagiu de forma divertida a este diálogo. Manuel Jorge Valamantos, presidente da Câmara de Abrantes, deixou clara a importância de salvaguardar este conhecimento. “O trabalho muito duro daquele tempo [referência às dificuldades deixadas por Maria Adília] devia de nos fazer pensar naquilo que nós hoje falamos de dificuldades”. Manuel Jorge Valamatos referiu-se ao livro agora apresentado com o mote do programa Tradições: “não há futuro sem as origens”. É, afirmou, uma homenagem aos esparteiros, aos mourisquenses e aos abrantinos. E agradeceu a

todos quantos colaboraram no livro porque foi uma encomenda da Câmara de Abrantes à Associação Palha de Abrantes. Sandra Uva Alexandre é a autora do livro que tem ainda fotografia de João Jerónimo e as ilustrações de Raul Bueno. A autora explicou que esta foi mesmo uma corrida, já que o tempo que teve para a recolha, escrita e produção não foi muito. Começou em fevereiro deste ano com as conversas que teve de fazer com as pessoas das Mouriscas. E foi o primeiro registo que deixou, o facto das pessoas “abrirem as portas da sua casa, da sua vida” a uma desconhecida que ali chegou a dizer que queria fazer umas perguntas sobre aquele tema. “Para um antropólogo é algo muito marcante deixarmos o nosso contributo para os vindouros para que fiquem com o registo de como se faz (…) porque corremos o risco de a perder no tempo”, explicou a autora acrescentado que do ponto de vista pessoal “foi algo fabuloso terem partilhado as suas vidas”. Há muitas histórias semelhantes e que fazem a evolução dos tempos: “desde as que não aprenderam a ler e a escrever, desde as que foram para a escola e rapidamente [na quarta classe] tiveram de sair ou das que iam trabalhar para ajudar as famílias”. Sandra Uva Alexandre referiu que as pessoas com quem falou deixaram os registos não documentais desde o início do século XX, dos tempos das memórias e experiências das pessoas com quem falou. O livro apresenta a componente de entrevistas a mourisquenses, principalmente, mulheres que trabalharam na arte de entrelaçar e apresenta também investigação documental. Os registos apontam para 1898 como o ano da mais antiga oficina de espartaria. Mas os registos da autora com moradores de Mouriscas aponta o período que vai dos anos 20 do século passado até à década de 60, altura em que a espartaria foi uma das principais atividades económicas da freguesia de mouriscas, onde chegaram a existir 14 oficinas a produzir as seiras e capachos para o país e para exportação. O livro apresenta algumas fotografias antigas mas também algumas ilustrações que Sandra Uva Alexandre justificou por ser a forma de deixar no papel “a descrição” da arte de entrelaçar as cordas. Com ilustrações torna-se mais fácil deixar o registo deste património imaterial. Entre muitas conversas com as pessoas de Mouriscas encontrou muitas histórias de uma história ligada a esta aldeia. Afinal, Esparteiros eram nomes de famílias, era uma profissão, é o Grupo Desportivo e Recreativo e é o Grupo Etnográfico, e agora, passa a ser um livro: Esparteiros: Arte de entrelaçar. E vai ainda, em 2020, ser um vídeo. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Vila Nova da Barquinha

Câmara vai concessionar o espaço “Sabores do Tejo” para o próximo ano, até para poder ganhar outra visibilidade. O presidente da Câmara da Barquinha revelou que o concurso público vai alargar o âmbito de funcionamento da loja que passa também para a restauração. Ou seja, mantém os produtos locais e produtos turísticos, mas poderá alargar-se à alimentação e restauração. “O nosso objetivo é que o privado possa colher frutos de uma exploração que faz, dentro dos critérios de transparência de uma hasta pública. Todos os privados podem apresentar a candidatura até às 16 horas de 13 de janeiro”. O espaço comercial “Sabores do Tejo” foi criado na antiga cantina escolar paredes meias com a Galeria Santo António e inaugurado a 9 de junho de 2017. É uma loja de produtos derivados da produção local, explorada em parceria entre o Município e a Associação de Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte (ADIRN). O espaço a ser concessionado até 13 de janeiro de 2020 conta com um ponto de venda com 41,84m2, com uma arrecadação com 7,25m2 e dois wc`s, um deles adequado para pessoas com deficiência. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

A Câmara Municipal da Barquinha abriu concurso público para a concessão do espaço comercial “Sabores do Tejo”. Até agora o espaço teve uma gestão conjunta autarquia e da associação de desenvolvimento local ADIRN, mas o objetivo é dar nova vida ao espaço de produtos locais, como explicou Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, em reunião do executivo realizada a 11 de dezembro. O concurso público vai estar aberto até às 16 horas do dia 13 de janeiro e a renda mensal pedida pela autarquia tem o valor de 100 euros. É um valor muito acessível para permitir a criação de mais atividade comercial que irá “fazer mexer” aquela zona da vila. O “Sabores do Tejo” continuará a funcionar com o mesmo objetivo: a venda de produtos locais, artesanato, vinhos e pode apostar também na gastronomia. Fernando Freire revelou que como a atividade privada está mais habilitada ao desenvolvimento deste tipo de atividades “queremos criar, sem colocar em causa a oferta dos produtos que ali já se encontram, uma atividade comercial pura”. O autarca revelou que também a ADIRN propôs esta solução

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SOCIEDADE /

Bombeiros de Constância recebem cinco equipamentos individuais...

bem vincado esse apoio dando o exemplo da loja de Alferrarede que já chegou a abrir às 04 horas da madrugada para fazer sandes para os operacionais nos grandes incêndios da região de Abrantes em 2017.

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O Intermarché do Tramagal ofereceu cinco equipamentos de proteção individual aos Bombeiros Voluntários de Constância. Trata-se de uma ação habitual do grupo Intermarché para com os Bombeiros Portugueses e, neste caso, para os voluntários de Constância pela proximidade que têm, por via da secção de Santa Margarida. Os equipamentos oferecidos têm um custo global superior a cinco mil euros são constituídos por fardamento com proteção especial para os incêndios florestais, botas, luvas, cógulas e capacetes. Ana Tanoeiro, gerente da loja de Tramagal do Grupo Intermarché, explicou a escolha da corporação e a ação concreta de 14 de dezembro. A proximidade que existe com Santa Margarida porque, apesar de serem concelhos diferentes, a corporação de Constância precisa apoios, até por via das dificuldades financeiras que vive. Ana Tanoeiro, que prepara um outro desafio na sua vida profissional, acredita que no futuro se vai manter esta colaboração entre ambas as instituições, até porque a responsabilidade social faz parte do ADN dos empresários do grupo “Os Mosqueteiros”. Aliás, deixou

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JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

Pela corporação de Constância estiveram presentes o até entã comandante Adelino Gomes, o segundo comandante Marco Gomes e a equipa de cinco bombeiros de um pronto-socorro de combate

a fogos florestais que recebeu o equipamento de proteção individual. Adelino Gomes terá feito a última cerimónia pública como comandante dos bombeiros de Constância, depois de 24 anos naquele cargo. Vai ser substituído, por escolha dos operacionais [como sempre aconteceu] pelo atual segundo comandante, e o seu filho, Marco Gomes. Aliás, já é este que tem desempenhado as funções de comando por delegação de competências. Adelino Gomes agradeceu o apoio do Intermarché e recordou a colaboração que existe, há muito, entre das duas instituições. Já Marco Gomes, segundo comandante e futuro comandante dos Voluntários de Constância, destacou este apoio numa altura em que a corporação vive momentos difíceis face aos atrasos nos pagamentos dos transportes de doentes e que, por isso, obriga a uma gestão complicada daquilo que são os compromissos entre entidade patronal e os colaboradores. Estes cinco equipamentos de proteção individual foram muito bem recebidos pela corporação de Constância. Os bombeiros de Constância têm, atualmente, 28 profissionais e um corpo ativo de 120 elementos. Começaram com uma escola de cadetes onde já aprendem 22 crianças, mas querem chegar aos 60 elementos. Têm 8 viaturas de combate a incêndios florestais e 24 ambulâncias e viaturas de transporte de doentes.

... e Cruz Vermelha de Abrantes uma ambulância Já em Abrantes a Cruz Vermelha recebeu a oferta de uma ambulância para o transporte de doentes. Trata-se de uma viatura nova adquirida pela Câmara Municipal de Abrantes que vai substituir uma outra que tinha sido cedida há uns anos e que, nesta altura, nos 800 mil quilómetros já estava inoperacional muitas vezes. Desta forma a Câmara de Abrantes decidiu comprar uma nova viatura de nove lugares, no valor de cerca de 40 mil euros para oferecer ao Núcleo de Abrantes e Tomar daquela instituição. Trata-se de uma viatura com capacidade para transportar duas cadeiras de rodas em simultâneo e que vem dar mais condições para o trabalho de apoio à população. Aliás, a tónica de preocupação

com as pessoas foi o indicador do discurso do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, quando afirmou que os serviços autárquicos necessitam de uma nova viatura, mas que esta [entregue à Cruz Vermelha] vai servir muito mais as pessoas e por isso tornou-se numa compra mais

urgente. O autarca vincou a colaboração que existe com a Cruz Vermelha e, na presença do seu presidente, Francisco Georges, deixou o convite para que o núcleo passe a integrar com regularidade as reuniões de segurança e proteção civil, mesmo fora da época dos incêndios. Já Francisco Georges agradeceu o apoio da autarquia a quem concedeu uma das mais altas condecorações da instituição que dirige: a Ordem da Benemerência. O Núcleo de Abrantes e Tomar da Cruz Vermelha começou em 1976, tem atualmente 60 voluntários, 34 funcionários e 12 ambulâncias para o serviço de emergência e apoio social. Jerónimo Belo Jorge


MÚSICA /

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e Montalvo para o mundo, a cantar há 20 anos, Ana Laíns afirma que “o caminho foi difícil, mas valeu pena” e define-se como uma “cantora colorida que canta as raízes”. Os festejos começam no dia 31 de janeiro, no Casino Estoril, num concerto para o qual promete “surpresas” e em que vai partilhar o palco com amigos como Mafalda Arnauth, Fernando Pereira, Silvestre Fonseca, Ivan Lins, Luís Represas, as Adufeiras de Idanha e o Grupo de Cantares de Évora. Este concerto em que “a portugalidade irá estar a 100%” irá ser gravado com vista a editar aquele que será o seu primeiro álbum ao vivo. “Acho que tenho de festejar as minhas vitórias e aquilo que de alguma forma não consegui”, disse a criadora de “Quatro Caminhos”, referindo que tem feito “uma carreira muito discreta, longe do ‘mainstream’”. A artista confessou: “Foi duro, trabalhando sozinha porque quero, mas tenho conseguido muitas coisas, de forma árdua é certo”. “Desde o princípio que tenho tentado mostrar às pessoas que não sou só fadista, sou uma cantora que canta as nossas raízes de uma forma transversal. E impor esta verdade na forma como veem o meu trabalho tem sido uma grande batalha, mas está a dar frutos e as pessoas já falam de mim como aquela cantora colorida”, afirmou. Laíns participa com a canção “Eu”, que fez parte do seu álbum de estreia a solo, “Sentidos” (2006). Para a intérprete “a poesia assume toda uma importância na sua carreira, a par das pesquisas etnográficas”. “Cantar na minha língua e as raízes do meu país é o que eu sou”, sublinhou. Ana Laíns projeta uma digressão nacional celebrativa dos 20 anos na música, que irá passar por Constância, a vila onde cresceu, além de palcos no estrangeiro onde tem atuado com regularidade. Ana Laíns cantou pela primeira vez em público aos 6 anos em Constância, no Ribatejo, e em 1999 venceu a Grande Noite do Fado de Lisboa, quando decidiu enveredar pela carreira artística. Em 2006, saiu o seu primeiro o álbum, “Sentidos”, em que gravou, entre outros, poemas de Florbela Espanca, António Ramos Rosa, e com o qual fez uma digressão que passou pela Bélgica, Países Baixos, Rússia e Grécia.

ANA LAÍNS – 20 anos de cantigas, no Casino Estoril Em 2010, a convite de Boy George, gravou o tema “Amazing Grace”, que fez parte do álbum “Ordinary Aklien” (2011) do britânico. Também em 2010 saiu o álbum “Quatro Caminhos”, em que se estreou como letrista. Também nesse ano participou em dois temas do álbum “Catavento”, de Beto Betuk. Em 2017, saiu o álbum “Portucalis”, no qual contou com a participação de Luís Represas, entre outros músicos. O concerto em janeiro no Casino Estoril tem “uma vertente solidária e de retribuição à comunidade,

pelo que 10% do valor de bilheteira reverte diretamente para a Re-food de Cascais, que tem por objetivo contribuir para a resolução do problema da insuficiência alimentar de famílias, através da recolha e da redistribuição indireta de excedentes e/ou de dádivas de produtos alimentares”. Portucalis é o país dos sonhos de Ana Laíns e é também o 3º álbum da uma cantora, que dedica integralmente o seu trabalho à Portugalidade que lhe define a identidade há mais de 18 anos. Depois de “Sentidos” (2006) e

“Quatro Caminhos” (2010), Portucalis surge no tempo certo, sem atrasos, e com a certeza de uma Missão por cumprir – Passar a Mensagem: “Este disco é dedicado a todos que gostam de Pessoas, que gostam de ser Pessoas do seu País, e compreendem que a Vida é uma Missão. É dedicado a todos que compreendem que desta Missão faz parte o Lugar onde nascemos!” Alheio a rótulos, regras e conotações, Portucalis é um disco transversal, que viaja por todo o vasto Universo de cores da Música,

Etnografia e Língua Portuguesa. Do galaico-português ao Mirandês, passando pelo português actual, do Fado à Música de cariz Tradicional das Beiras e Trás-os-Montes, passando, paralelamente, pelas influências dos diferentes géneros que foram a escola no seu início de carreira (Jazz, Bossa Nova, Músicas do Mundo Ocidental e Oriental), este disco é uma viagem entre o Passado e o Futuro, que tem ao leme Ana Laíns, a “Cantora Colorida”. O álbum conta com palavras de Ana Laíns, Mafalda Arnauth, Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa, José Afonso, Sebastião Antunes, Carlos Leitão, D. Dinis, D. António de Bragança, e alguns temas populares de recolha. Nas melodias a cantora contou com Ivan Lins, Fernando Alvim (a título póstumo), Paulo Loureiro, Filipe Raposo, Luís Caracol, Helena Del Alfonso e José Lara Gruñeiro. Este álbum conta ainda com as participações especiais de Ivan Lins, Mafalda Arnauth, Luis Represas e Filipe Raposo. Portucalis, o 3º álbum da uma cantora, que dedica integralmente o seu trabalho à Portugalidade que lhe define a identidade há 20 anos. Depois de “Sentidos” (2006) e “Quatro Caminhos” (2010), Portucalis surge no tempo certo, sem atrasos, e com a certeza de uma Missão por cumprir – Passar a Mensagem: “Este disco é dedicado a todos que gostam de Pessoas, que gostam de ser Pessoas do seu País, e compreendem que a Vida é uma Missão. É dedicado a todos que compreendem que desta Missão faz parte o Lugar onde nascemos!” Este álbum conta ainda com as participações especiais de Ivan Lins, Mafalda Arnauth, Luis Represas e Filipe Raposo. (C/ Lusa)

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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EXPETATIVAS / 2020 Um Ano Novo traz sempre a esperança de dias melhores e 2020 não é diferente. Todos falam num ano de muitas exigências mas sempre com fé num futuro melhor. Quisemos conhecer quais são as expetativas para 2020 dos nossos autarcas bem como de outros representantes de várias áreas da sociedade.

Manuel Jorge Valamatos

António Alberto Margarido

Mais de Abrantes para os Abrantinos. Ao nível da política fiscal vamos manter as taxas de 2019, que estimamos que exista uma devolução às famílias de 133 mil euros em sede de IRS, e assim contribuir para a sua estabilidade financeira. Melhorar ainda mais a qualidade de vida dos Abrantinos. Reforçaremos o apoio às crianças e jovens, com investimentos superiores a dois milhões de euros nas Escolas Básicas, valorização do Parque de Ciência e Tecnologia de Abrantes e o concurso público para a empreitada de instalação da ESTA neste local. Mais juventude. Mantendo os Contratos Interadministrativos, com as Juntas de Freguesia, vamos transferir cerca de um milhão de euros para a requalificação do espaço público. Mais democratização do território. Não esquecendo a nossa história, arrancaremos com importantes projetos: a revitalização do Cineteatro S. Pedro e do antigo Mercado Diário. Vamos devolvê-los aos Abrantinos e garantir mais cultura. Na saúde e ainda na educação, concretizaremos a Descentralização de Competências do Governo para a Câmara Municipal, traduzindo-se numa melhor resposta para as nossas pessoas. Mais saúde e mais educação. Estas, e outras medidas, para dar mais de Abrantes aos Abrantinos.

Para o Ano Novo, criam-se novas espectativas, metas, objetivos, como se estivéssemos no Ano zero, vamos começar tudo de novo, esta passagem dá-nos o alento necessário na procura de soluções que não encontrámos no Ano que agora finda. Muitos acontecimentos novos surgirão, ambientais, familiares, a natalidade, profissionais, com a troca de trabalhadores por robôs, muita reflexão irá acontecer no nosso velho continente. Com a nova configuração da União Europeia, principalmente, os países pequenos irão reduzir as suas áreas de negocio, de novo com a reposição de nova fronteira, criando custos e mais burocracia, a separação julgada improvável, afinal é uma realidade. Mas pensando bem, como é nosso timbre, afinal, sempre vivemos com pouco, dando cartas por todo o Mundo, no desporto, ciência, ensino universitário, nos grandes órgãos decisórios mundiais. Vamos ter receio de quê? Por um Ano Novo? Iremos vencer mais uma etapa. Desejo a todos um Próspero Ano Novo.

Presidente da Câmara Municipal de Abrantes

Sérgio Oliveira

Joaquim Serras

Presidente da Câmara Municipal de Constância

O ano de 2020 ficará marcado por três intervenções importantes – a requalificação do Parque Ambiental de Santa Margarida, a requalificação da zona ribeirinha e a construção da Extensão de Saúde de Montalvo. Estamos a desenvolver o projeto da praia fluvial do Zêzere, com vista à sua aprovação pelas entidades externas, bem como a necessária procura de fundos comunitários para a sua execução. É um processo que levará algum tempo até à sua concretização. Por outro lado, estamos a desenvolver o plano de acessibilidade local e a estratégia local de habitação. Esperamos que em 2020 seja possível fixar mais empresas e mais comércio, e com isso

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Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes

Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei

mais população. A reabilitação do edificado no centro histórico da Vila levada a efeito por privados irá mudar a face da mesma, bem como a abertura do novo Hotel. Continuaremos a fazer investimento público, sem comprometer a saúde financeira da autarquia, honrando e cumprindo os compromissos assumidos. Em 2020, Constância continuará a ser um Concelho dinâmico, vivo e onde é bom viver, investir e visitar.

JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

Neste momento simbólico, em que a Associação Comercial e Empresarial de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei celebra 99 anos de existência, são objetivos estratégicos contribuir para o desenvolvimento do ecossistema empresarial regional, nomeadamente através da atração e incentivo ao desenvolvimento de novos e inovadores projetos empresariais; da prestação de apoio técnico aos projetos empreendedores, à criação de emprego e à captação de investimento para os concelhos das áreas de abrangência da Associação; da contribuição ativa para a melhoria do setor empresarial, especificamente através da formação e qualificação dos profissionais do

setor assim como da dinamização de ações de promocionais e de networking dirigidas aos nossos Associados. Este é também um momento ímpar para avaliar o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos tempos pela ACE, no apoio aos empresários da Região, e definir quais os caminhos que pretendemos trilhar nos próximos 100 anos. Votos de um Excelente Ano 2020! E que os Vossos Projetos Empresariais se concretizem com sucesso!


JANEIRO DE 2020 EDIÇÃO N.º 48 www.estajornal.ipt.pt Gratuito · Periocidade Trimestral DIRETORA: HÁLIA COSTA SANTOS DIRETORA ADJUNTA: RAQUEL BOTELHO

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Três freguesias de Abrantes e a localidade de Vendas Novas viveram dias diferentes, acolhendo cerca de 1300 militares de cinco países que participarem no ORION 2019, um exercício para testar as capacidades das forças armadas num eventual cenário internacional de crise. Tudo foi preparado de acordo com as exigências da NATO. Foram criados incidentes equivalentes aos que os militares podem encontrar numa situação de estabilização, depois de períodos de conflitos armados. Foram feitos treinos de fogo real, diurnos e noturnos. Combinaram-se as diferentes capacidades do Exército, para avaliar a sua operacionalidade, em articulação com as forças militares de outros países. E montou-se uma grande operação que implicou tratar de tudo como num cenário real, incluindo assegurar o alojamento e a alimentação de centenas de pessoas. O resultado foi positivo.

MAFALDA RODRIGUES

MAFALDA RODRIGUES

Forças militares preparadas para cenários internacionais de crise

CATARINA JACINTO

• Edição especial sobre o ORION 2019, o exercício no âmbito da NATO que avaliou com sucesso a operacionalidade das tropas


ORION 2019 02

ORION 2019, um exercício militar com participação de civis

JANEIRO 2020

ESTA JORNAL

MAFALDA RODRIGUES

Simulação de um bloqueio de estrada testou com sucesso as capacidades do Exército. Este foi apenas um dos muitos exercícios que, ao longo de dez dias, decorreram em Abrantes e Vendas Novas, envolvendo 1300 militares de sete países da NATO. ANDRÉ VENTURA, MAGDA FILIPE E MARIA NICOLAU ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Comandos simularam população revoltada que bloqueou uma estrada

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Alunos da ESTA desempenharam o papel de jornalistas televisivos

As Organizações Não Governamentais foram representadas por elementos do IGC – Centro de Direitos Humanos, da Faculdade de Direito de Coimbra

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O ORION é um exercício realizado anualmente para treinar a capacidade de resposta do Exército em situações de crise, nomeadamente em contextos internacionais. Este ano teve a particularidade de sair dos muros das instalações militares, aproximando-se das populações e contando com a participação de várias entidades civis. “Este é um exercício extremamente importante porque permite validar o nosso treino movido ao longo de um ciclo de treino anual”, explicou o Tenente Coronel Melo Dias, comandante da Taskforce Viriato. Por outro lado, estar perto das populações “é benéfico para ambas as partes” e ajuda a construir uma “boa imagem do Exército”. No final de novembro, cerca de 1300 militares de Portugal, Espanha, Lituânia, Roménia e Estados Unidos estiveram em três freguesias de Abrantes (Bemposta, Tramagal e Água Travessa) e em Vendas Novas, ocupando espaços civis cedidos pelas Juntas de Freguesias, como campos de jogos. Do Brasil e de França vieram observadores. Para além de vários exercícios, como o fogo real, os militares envolvidos foram confrontados com situações idênticas às que poderão encontrar em cenários internacionais no âmbito das ações da NATO. No decorrer do ORION foram criados incidentes para testar a capacidade de resposta das forças. Um deles aconteceu numa estrada secundária da aldeia de Chaminé, em Abrantes. Imaginem-se dois países em conflito, décadas de incidentes que resultam da tentativa de supremacia por parte de um deles. Imagine-se, ainda, crime organizado em ambos os lados, grupos extremistas, atentados e tentativas de invasão. Já num período de estabilização, imagine-se que as forças da NATO estão nesse território, onde há uma manifestação de civis, que bloqueiam uma estrada para exigir água potável. Este foi o primeiro incidente criado para testar a reação das forças envolvidas no ORION 2019. Os manifestantes – protagonizados por um grupo de comandos – mostravam descontentamento pela poluição das águas e bloqueavam uma rua da localidade, impedindo a comunidade de se deslocar. Por isso esta simulação foi designada de

Road Block (bloqueio de estrada). Durante cerca de duas horas, ouviram-se gritos exigindo água potável e recusas em reabrir a estrada. Com garrafas de líquido turvo e cartazes, os supostos manifestantes perguntavam: “Esta é a água que eles querem que a gente beba?” E acrescentavam: “Daqui ninguém nos tira!” Tudo encenado. O incidente simulado contou com a participação de elementos do IGC – Centro de Direitos Humanos, da Faculdade de Direito de Coimbra,

que fingiam ser cidadãos revoltados pela passagem estar impedida. Havia também quem fizesse o papel de membros de Organizações Não Governamentais que tentavam estabelecer a comunicação entre manifestantes e militares. Dando ainda mais corpo às parcerias com entidades civis, os alunos do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes desempenhavam o papel de jornalistas, como se estivessem realmente numa situação de conflito.

O objetivo da simulação era avaliar as capacidades de uma UEB-Unidade de Engenharia Bélica numa operação de estabilização, identificar o ponto de situação das funções de combate e treinar a projeção intrateatro de meios pesados. Neste incidente simulado participaram cerca de 50 militares, incluindo os que vieram do arquipélago da Madeira. Confrontados com o incidente, tiveram que mostrar a capacidade para intervir, no âmbito da sua missão, sem recurso à violência, como exigia a situação.

No final do incidente simulado, o responsável pela operacionalização, Tenente Coronel Telmo Hing, fez um apanhado geral ao desempenho dos militares avaliados, referindo que os objetivos foram alcançados. Ou seja, apresentaram uma solução para cooperar com as populações, conseguindo a desmobilização dos manifestantes. Recorreram às capacidades de engenharia do Exército, solução que seria a apropriada, se estivessem numa situação real.g


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Em entrevista ao ESTAJornal, o Brigadeiro-General Matos Alves explica o ORION 2019 e justifica o investimento de 275 mil euros

“Cumprir aquilo que nos pedem lá fora com êxito e sem grandes situações críticas” O Brigadeiro-General Carlos Matos Alves, comandante da Brigada de Intervenção, explicou ao ESTAJornal o ORION 2019, um exercício militar em que Portugal organizou no âmbito da NATO. “Procuramos que o exercício e o cenário trabalhado vá ao encontro daquilo que está a ser também trabalhado pela NATO nos cenários”, adiantou o responsável. Ao longo de dez dias, os 1300 militares envolvidos, para além de aspetos técnicos como a prática de tiro, responderam a desafios criados para testar a capacidade de resposta. Tal como se estivessem num cenário internacional de crise. O Brigadeiro-General sublinhou que os diversos incidentes que foram injetados no exercício têm a finalidade de preparar os militares para que, numa situação real, não sejam surpreendidos. “Provavelmente, em treino, já foram sujeitos a situações idênticas. É este o objetivo do exercício. É treinar o mais possível para uma situação real.” O Brigadeiro-General Matos Alves revelou que o custo do ORION 2019 – 275.000 euros – se justifica, perante a opinião pública, por várias razões: “poucos incidentes e menos episódios negativos para as forças armadas”, “cumprir aquilo que nos pedem lá fora com êxito e sem grandes situações críticas” e “sermos reconhecidos pelos nossos pares”. Qual é o grande objetivo deste exercício que é o ORION? O grande objetivo deste exercício, que é um exercício do Exército, é finalizar um conjunto de treinos de exercícios setoriais que vão sendo realizados aos diversos escalões para combinar com o treino de todas as capacidades que o Exército tem, procurando verificar o ponto de situação e a avaliação da sua operacionalidade. Qual é o grau de envolvimento que a NATO tem neste exercício? É um exercício que está previsto na calendarização dos exercícios NATO. Dá-se a oportunidade aos países para organizarem um exercício. Cada país convida os restantes parceiros da NATO para que se possam candidatar, se for essa a sua intenção, e participar no exercício. Portugal teve total liberdade para criar o cenário dos incidentes? O cenário que é trabalhado no exercício é da responsabilidade do país que organiza o exercício. Fomos nós que organizámos. Procuramos que o exercício e o cenário trabalhado vá ao encontro daquilo que está a ser também trabalhado pela NATO nos cenários. Que tipo de preparação é feita para que estes militares vão em missão e saibam lidar com as diferentes culturas, com as

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GONÇALO MORAIS ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Brigadeiro-General Matos Alvez garante que todos os militares são preparados a todos os níveis para o teatro das operações, incluindo no que diz respeito às diferenças culturais

O objetivo do ORION é finalizar um conjunto de treinos setoriais combinando “todas as capacidades que o Exército tem” v

diferentes pessoas e com a pressão a que estão sujeitos? Todos os nossos militares, nomeadamente no recrutamento, recebem um conjunto de palestras e um conjunto de instruções que os prepara para o teatro de operações, para as suas condições climatéricas, para a cultura e para o povo que lá irão encontrar, respeitando sempre as culturas que predominam nos diferentes teatros de operações. É esta a preparação. Dar conhecimento da cultura do povo que vamos eventualmente apoiar ou ajudar a nível de criar condições de segurança.

MAFALDA RODRIGUES

Este exercício prepara os militares para situações internacionais, de crise. Nessas situações existem elevados níveis de stresse e também imprevistos. Sendo esta uma simulação, como é que o exercício ajuda os militares a enfrentar os cenários reais de conflito? Este exercício visa sempre preparar forças para serem empenhadas em situações reais. Por isso é que os diversos incidentes que são injetados no exercício têm essa finalidade: preparar as pessoas para que numa situação real não seja a primeira vez que são surpreendidos. Provavelmente em treino já foram sujeitos a

situações idênticas. É este o objetivo do exercício. É treinar o mais possível para uma situação real. Qual é, então, a pior situação que pode acontecer? A pior situação é quando há vítimas. Quer seja da força ou da população que nós estejamos a ajudar. É haver danos humanos. Estas situações são sempre críticas. Não podemos dizer o que é mais ou menos crítico, mas eu diria que, sempre que há vítimas, feridos ou mortos, é sempre grave. De que forma é que a NATO acompanha o decorrer deste exercício ORION? A NATO acompanha com os seus parceiros que estão cá. Com observadores de vários países. Vai aproveitando e vai vendo aquilo que está a ser feito. Provavelmente vai também acompanhar os relatórios finais do país. Como explica à população portuguesa o investimento que é feito neste exercício face ao retorno que tem, que é sobretudo preparação para missões internacionais? O retorno que tem e que justifica todo este evento, este treino e formação, qualificação e na aquisição de novo equipamento e sistemas novos, é o resultado que vamos mostrando: com poucos incidentes e com menos episódios negativos também para as forças armadas. O nosso registo neste aspeto tem sido

feliz. É resultado deste treino e deste empenhamento todo. É representar bem Portugal, ajudar e cumprir aquilo que nos pedem lá fora com êxito e sem grandes situações críticas. E também sermos reconhecidos pelos nossos pares e eles gostarem de ser nossos parceiros. Quanto custa e quem paga um exercício destes? Este exercício é pago por verbas que estão destinadas ao treino operacional. Este exercício aproxima-se de um investimento de 275 mil euros. É o que custa a nível de recursos humanos, a nível de movimento de material, de sistemas de alojamentos e de alimentação. Para finalizar sabe dizer a quantidade de militares que participa ao todo no ORION? E quantas viaturas? Nós, neste momento, nas duas áreas do exercício (Vendas Novas e em Santa Margarida), temos cerca de 1300 militares. Incluídos não só como como audiência de treino, mas também o apoio real que toda esta atividade, com o deslocamento de tantos meios e tantos recursos humanos por esta zona, obrigou a montar um apoio real a todo o exercício. Em relação às viaturas, temos cerca de 180/190 viaturas entre as duas áreas também. Estão cerca de 40 viaturas em Vendas Novas e cerca de 150 em Santa Margarida.g


ORION 2019 04

JANEIRO 2020

Exercício de fogo real noturno, transporte em veículos militares, controlo de segurança por parte de militares americanos e noite numa tenda

número de efetivos que fazem parte desta operação, saber onde estão distribuídos”. Também lhe compete também saber o número de baixas de militares, caso se verifiquem. O espaço que serve de cantina está amorosamente enfeitado com trabalhos manuais de crianças que, normalmente, usam o espaço agora ocupado por forças internacionais da NATO. É um salão com cozinha que dá apoio ao campo de jogos da Bemposta. Pela primeira vez o ORION 2019 teve pelotões instalados em equipamentos civis. Organizam-se como se estiHCS vessem num cenário de uma missão internacional, com posto de comando, enfermaria e tudo o mais de que um pelotão necessita. Para além da organização própria do Exército, nota-se também outro tipo de preocupações, como a reciclagem. À saída falamos com o Capitão Rafael Fernandez, do Esquadrão de Reconhecimento EsOs capacetes são obrigatórios, por uma questão de segurança panhol. Apesar da hora tardia, vem MAFALDA RODRIGUES com um sorriso nos lábios. Entrou para o exército há 20 anos, percebe-se que gosta do que faz. Sobre o ORION 2019 diz que a relação e colaboração entre portugueses e espanhóis “é bastante boa”. Em termos práticos, considera que as vantagens de participar num exercício destes, Capitão Rafael Fernandez, do Esquadrão de n u m p a í s d i fe Reconhecimento Espanhol, resume a experiência rente, passam por numa palavra: “interessante” permitir “fazer exercícios de tiro num terreno que difíceis dos conflitos. É claramen- não é conhecido”. Por outro lado, te um campo desportivo, ocupado acrescenta que “é muito interespor grandes tendas. As viaturas sante partilhar experiências, tátiencontram-se estacionadas e no cas e procedimentos com exércitos meio do recinto encontramos a de outros países”. Resume esta exárvore dos fumadores. O objetivo periência em apenas uma palavra: é que haja sítios específicos para se “interessante”. fumar, com baldes para depositar Num exercício de preparação para as beatas. cenários internacionais de crise não As instalações estão vistas. Agora há dia nem noite. Já perto da meia fazemos uma pausa para um refor- noite, muitos dos militares estavam ço alimentar, tal como vários dos a descansar. Mas havia sempre alhomens e mulheres envolvidos no guém alerta. Afinal, o ORION 2019 exercício. As expressões faciais e as teve como objetivo preparar mais posturas corporais demonstram já de 1300 militares para cenários em algum cansaço, mas ainda há dis- que a NATO intervém. Neste caso, posição para conversar. O Soldado seria uma missão de estabilização. Figueiredo, do Regimento de Infan- Mesmo assim, há sempre coisas que taria nº14, explica a sua missão: “dar podem acontecer, a qualquer hora apoio logístico na cozinha”. Revela do dia ou da noite. Nem que seja ainda que “a distribuição de comi- acompanhar e acomodar um grupo da e confeção tem sido um trabalho de estudantes de Comunicação Socansativo, mas que tem atingido os cial que quiseram ver o outro lado objetivos”. de um exercício desta dimensão. Ao lado está o Furriel Cordeiro. Nes- O único problema que tiveram foi te exercício está a auxiliar a secção mesmo a dificuldade em fechar a de indivíduos do posto de comando tenda… De resto, tudo controlada sua taskforce. Revela que a sua do, como se espera neste tipo de função passa por ter “controlo no cenários.g

Uma noite com o Exército HCS ALEXANDRA SILVA ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Estamos literalmente do outro lado de Abrantes, ao fundo está a torre iluminada. Até Constância, a viagem parece ser silenciosa. Ao entrarmos no Campo Militar de Santa Margarida as palavras “o futuro de nós dirá” marcam uma das pedras da entrada. Aqui tudo funciona exatamente como uma cidade. Poderíamos, até, dizer que esta é uma cidade dentro de uma outra cidade. A sinalização está onde deve estar e a velocidade deve ser igualmente respeitada: 40 kms por hora. Agora parados, as portas do carro abrem. Está de noite, mas não muito frio. A primeira hora é de preparação e contextualização. Entre informações somos equipadas com sacos de cama e o necessário para nos auxiliar nas refeições: cantil, pratos metálicos e talheres. A braçadeira amarela no braço esquerdo distingue-nos, indicando que não passamos de civis. A paragem não é muito longa. Agora em jipes militares voltamos a estar em andamento. Ao volante está o soldado Azevedo a fazer conversa casual. Vai mostrando a sua perspetiva sobre o exército e sobre a opção que fez. Ao lado direito, passamos por uma igreja. Entretanto entramos no meio do mato. Está escuro e a estrada não revela o melhor dos estados. Já não estamos no alcatrão, é terra batida. Estamos no campo de tiro. As luzes no céu são evidentes e o som não mente. A pólvora pressente-se nos nossos narizes e os tiros ecoam pelo ar, acelerando o coração. É um exercício de fogos reais noturno. Já está quase a terminar. Aqui está o Esquadrão de Reconhecimento Espanhol, que veio da Bemposta. O Capitão Carvalho, da Taskforce Viriato, revela que os militares espanhóis planearam e executaram “aquilo que entenderam consoante as capacidades e munições” que trouxeram. Eram “munições de carro de combate 125 milímetros, munições de 25 milímetros da viatura de reconhecimento, metralhadora ligeira e espingardas automáticas”. Em terreno estão meios de apoio ao exercício, “equipa de bombeiros, em caso de focos de incêndio que podem acontecer”. Não acontecem. Tudo controlado. Acaba o exercício, passa-se novamente ao movimento. Carros e viaturas Pandur em fila, motores a fazer barulho. É um cenário de fazer acelerar novamente o coração, sobretudo para quem vive esta experiência pela primeira vez. Estamos preparados para entrar numa Pandur. Os capacetes são obrigatórios.

“Esta é a nossa viatura 8/8 Pandur e tem várias versões. Esta é a versão base.”

Antes de entrar, o Furriel Cordeiro faz uma descrição da viatura: “Esta é a nossa viatura 8/8 Pandur e tem várias versões. Esta é a versão base.” Agora sim, entramos e sentamo-nos. Equipada com comunicações internas e externas, assim como um sistema de supressão de incêndios, o interior da viatura é um espaço apertado. Cintos apertados, sentados frente a frente, o veículo inicia a marcha. Em determinada altura surge a indicação de que nos podemos levantar para espreitar. As escotilhas estão abertas. Em pé, com as cabeças de fora, mesmo que a uma velocidade controlada, a emoção das estreantes é visível. Estamos novamente na estrada onde o percurso volta a ser intenso. As irregularidades do chão fazem a viatura abanar. Agora a conversa não parece ser tão casual como na viagem anterior. “Esta viatura pode chegar até aos 100 quilómetros por hora”, explica o Furriel Cordeiro, integrante do Regimento de Infantaria nº14. Passamos Vale de Açor. Alguém pergunta se há perigo no caso

de capotar. “Não! Isto é blindado!” Meia hora de viagem e estamos na Bemposta. À chegada estão os americanos, que rapidamente procedem à nossa identificação. Ainda demora algum tempo. Os procedimentos são rigorosos. Havia que fazer a revista, mas, tratando-se de mulheres, deveria ser feita por uma militar. Minutos depois chega uma jovem que haveria de nos acompanhar durante boa parte da noite. Falamos-lhe em Inglês, mas afinal era portuguesa. Os americanos não trouxeram mulheres. Os espanhóis, sim. Entre conversas, acabamos por entrar, indo ao encontro do Capitão Pina. A conversa é formal, sendo-nos explicado todo o contexto em que durante a semana decorrem os exercícios. O espaço foi cedido pela Junta de Freguesia para receber os militares participantes no ORION 2019, que o prepararam exatamente como fariam num território onde tivessem que intervir debaixo da chancela da NATO, em missões de estabilização, depois das fases mais

ESTA JORNAL


ORION 2019 05

WWW.ESTAJORNAL.IPT.PT

Viaturas Pandur em exercício que simula incidente numa coluna de proteção a viaturas civis

“Touro 23, touro 23, daqui touro 20… escuto” HCS

HCS

ALEXANDRA SILVA ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Soldado Cruz, há pouco tempo no Exército, assegurava as comunicações entre veículos

Alferes Sabino ao comando da coluna, dando instruções via rádio às restantes viaturas HCS

1º Sargento Marques, da 1ª Companhia de Atiradores de Viseu, prepara-se para a próxima missão, no Afeganistão

Em estradas civis e estreitas, a coluna cruzou-se com carros, carrinhas e tratores sem incidentes.

HCS

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Acordamos na Bemposta, concelho de Abrantes, num dos locais onde estão instalados os militares que participam no exercício militar ORION 2019. Aqui ouve-se falar português, inglês, espanhol e lituano. A manhã não é de muitas palavras, mas o pequeno almoço parece ajudar a despertar. Entramos num espaço ameno. É um pavilhão junto a um campo de jogos da freguesia, disponibilizado para acolher este exercício militar de dimensão internacional. À entrada a mesa está pronta para nos podermos servir. Entre papos-secos e croissants, há toda uma outra panóplia de complementos. A sala vai-se compondo de militares, uns mais robustos, outros mais franzinos. E, entretanto, todos os pormenores chamam a atenção de quem entra nesta realidade pela primeira vez. As botas em tons diferentes distinguem os militares, tal como os camuflados usam. Enquanto uns utilizam copos de plástico, outros aplicam a criatividade. E, assim, as garrafas de água de meio litro ocupam o lugar dos devidos recipientes. As conversas parecem ser casuais. À saída somos encaminhadas pelo Alferes Sabino. Fora dos muros que protegem todos os outros militares, encontramos uma senhora com cabelo já grisalho. Vinha resguardada de baixo do chapéu de chuva enquanto passeava o cão. Provavelmente, não teria mais do que metro e meio de altura. Sobre o convívio com os militares que neste exercício se instalaram, pela primeira vez, em infraestruturas civis, considera que é bom. Acrescenta, ainda, que esta experiência deveria ser feita mais vezes “para se prepararem para o que aí vem”. Agora dentro da viatura Pandur e de capacete na cabeça, estamos prontos para arrancar. É um espaço apertado, mas há lugar para as habituais armas G3. Brevemente, serão substituídas por novas armas, mais modernas e, sobretudo, mais leves. Estas já quase são ‘peças de museu’. Além dos nossos bancos, dentro da viatura há ainda espaço para o rádio de comunicações e para reforços os reforços alimentares. Partimos às 8h09. Ali dentro, estuda-se o mapa identificando o trajeto a ser percorrido. Quase sempre num tablet, mas às vezes também em papel. Estávamos prontos para iniciar o exercício pretendido, a escolta de três carros civis – com 13 figurantes – membros representantes de ONG’s, simulando o que poderia acontecer num contexto

Proteger os veículos civis de uma eventual emboscada foi o objetivo deste exercício

de missão internacional no âmbito da NATO. Fazemos uma primeira paragem, a nossa Pandur é a primeira a chegar. Há uma tentativa de contacto via rádio, mas sem sucesso. A soldado Cruz, responsável pelas comunicações, continua a tentar. As escotilhas abrem. É notório o cheiro a queimado. Parece que uma das viaturas da coluna sobreaqueceu. No tempo morto, o 1º Sargento Marques, chefe de viatura, vai satisfazendo a curiosidade de quem não passa de meros civis. As perguntas e respostas são todas casuais. Fala do seu percurso, revela que esteve recentemente na Roménia. Regressou, esteve em Vila Real e agora prepara-se para ir para o Afeganistão. A participar no ORION 2019, em Santa Margarida, confessa que “o tempo em casa é pouco” e que “tem de haver sobretudo compreensão”. No telemóvel vê-se uma foto de duas crianças,

provavelmente serão os filhos. Entretanto todas as viaturas estão no local. É de imediato explicada a tática a ser utilizada, com instruções claras dadas pelo Alferes Sabino aos condutores das diferentes viaturas militares que vão integrar a coluna de escolta. Por volta das 9h40, dava ordem de partida: “A toda a rede, a toda a rede. Preparar para iniciar!” Em permanente comunicação com as outras viaturas militares, o Alferes Sabino ia dando as instruções relativamente às distâncias a ser mantidas. Ao mesmo tempo controlava toda a coluna, num movimento frenético de olhares entre frente e trás. Ao volante encontrava-se o apontador, 1º Cabo Ferreira. O grau de dificuldade aumentava quando se passava por pequenas povoações. Apesar da dimensão das Pandur, a coluna cruzava-se com carros, carrinhas e tratores nas estradas estreitas sem incidentes.

No ar as indicações ouviam-se: “touro 23, touro 23, daqui touro 20… escuto” e “touro 50 avance para proteger o flanco esquerdo das viaturas civis”. Esta expressão utilizada parte exatamente do facto de o touro ser o animal adotado pela 1ª Companhia de Atiradores de Viseu, à qual pertenciam estes militares – revela o 1º Sargento Marques. Era um percurso digno de ser filmado. Ao longo de sensivelmente 15 quilómetros entre as estradas das aldeias e o chão de terra batida, a coluna, no seu percurso, contava na frente com uma Pandur ‘testa’ e uma Pandur ‘canhão’ – a primeira responsável por abrir caminho e a segunda por reagir com fogo em caso de necessidade. A terceira, era a do comando. Escoltados e intercalados entre os veículos militares, seguiam os carros civis. Por fim, a coluna terminava novamente com outras três Pandur, nomeadamente com funções de apoio médico, recuperação de veículos e competências relacionadas com engenharia. Assim chegados ao local, defrontamo-nos com um incidente. Por momentos, os corações aceleram, seria este um momento ‘play’ ou ‘no play’? Ou seja, teria sido criado no âmbito do exercício para testar a capacidade de resposta do comando da escolta ou seria mesmo real? Era ‘play’, portanto, criado para treinar os militares. Consistia numa (suposta) avaria dos eixos de um dos veículos militares presentes no exercício. Pelo que, em situação de resposta, o Alferes Sabino falou com os escalões superiores para decidir o que fazer. Enviou-se uma plataforma para rebocar a viatura (supostamente) avariada. Estavam concluídos todos os procedimentos. Estava finalizado o exercício. E as caras revelavam satisfação. “Apesar das condições, correu bem”, confessava o Alferes Sabino, reconhecendo que existiram “situações que podem ser, claramente, melhoradas”. Nada que estes treinos não ajudem a resolver em situações futuras.g


ORION 2019 06

JANEIRO 2020

ESTA JORNAL

“Nós estamos aqui desde as seis da manhã até às onze e meia da noite, sempre as mesmas pessoas, a confecionar”

Cinco países, uma cozinha e 1300 militares CATARINA RESENDE E CAROLINA RODRIGUES ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Ao chegar ao campo militar da Bemposta deparamo-nos de imediato com as forças militares. A postura rígida e séria contribui para reforçar a maior proximidade possível com a realidade, um dos principais objetivos do exercício ORION. Por todo o lado havia soldados, portugueses e americanos, distribuídos nas diversas funções. Contrariamente ao primeiro impacto, rapidamente sentimos uma grande disponibilidade e simpatia por parte de todos, sem exceção. Havia automóveis prontos a sair a qualquer momento, militares armados de um lado para o outro, tendas onde se encontravam vários elementos a trabalhar. São mais de 1300 militares e 180 viaturas de cinco países da NATO envolvidos no maior exercício anual organizado pelo Exército Português: o ORION. Partimos à descoberta de tentar perceber como se alimentam 1300 pessoas de diferentes países em pleno exercício militar. Foi o Capitão Pina quem nos levou até à cozinha. Pão, batatas, água, leite, sacos de rações. Tudo em grandes quantidades. O espaço das refeições é de grandes dimensões e está organizado com mesas compridas para servir os militares. Os alimentos são confecionados em duas cozinhas móveis, de campanha, trazidas pelos militares, constituídas por grelhas, bancadas e todos os utensílios necessários. Este espaço é gerido por seis Praças que se encarregam da preparação, da confeção, da distribuição e da limpeza da linha. As principais responsáveis pela cozinha são a Furriel Joana Simões e a Furriel Cecília Garcia. As duas tratam de toda a logística necessária até ao momento da confeção. As ementas, ementas de exercício, foram escolhidas pela Furriel Simões, que optou pelos pratos mais fáceis como costeletas, salada de atum, bifes de peru e de frango e, a escolha para o último dia, bacalhau. “O pessoal prefere sempre comer um bifinho. Carne, sempre carne! (risos)”, partilha. Segundo informações fornecidas pelo Oficial de Logística, Capitão Fonseca, os pedidos de alimentação têm de ser feitos num período mínimo de nove dias antes do exercício. As ementas estão pré-definidas, sendo enviada uma nota para a entidade responsável pelo fornecimento da alimentação. Os produtos são previamente contabilizados. “Estamos aqui com uma cozinha que está a confecionar para

CATARINA RESENDE

o pessoal que está nesta localidade e para o pessoal que está na região de Água Travessa. Os militares que estão na região do Tramagal vão ao campo militar buscar a refeição deles. Estão lá pessoas indicadas para cozinhar para eles, por uma questão de proximidade.” “Agora estamos a confecionar para 500 pessoas nestas cozinhas e fazemos mais ou menos duas peças por homem. Contamos à mão e separamos por cuvetes. Depois, separamos 160 refeições que vão para um ponto de distribuição e 40 que vão para outro, o resto fica aqui. Temos de contabilizar também o que aqui ficar, para o caso de ser preciso mais… Geralmente não acontece, mas temos de ter um certo controlo para ninguém ficar sem comer”, explica a Furriel Garcia. Os géneros são transportados para a brigada, localizada em Santa Margarida. Posteriormente, a Furriel Simões envia uma “check list” com as quantidades de cada minuta (uma minuta corresponde às quantidades de cada produto necessário para cada refeição). De seguida, recebida essa lista e depois de devidamente concluída, os alimentos são acondicionados e transportados numa arca frigorífica, de volta ao posto, cerca de 24 horas antes de serem utilizados, mantendo a frescura e a qualidade das refeições. “Há uma primeira triagem para verificar a qualidade dos produtos e depois há uma se-

gunda triagem quando as matérias chegam de manhã, realizada pelo pessoal da equipa de alimentação”, informa o Capitão Fonseca, oficial de logística. Os pequenos almoços começam a ser servidos às sete e meia, sendo necessário fornecer a refeição para fora do posto, como por exemplo os militares instalados em Água Tra-

vessa. O almoço está marcado para o meio dia e meia e o jantar para as sete da tarde. “Nós estamos aqui desde as seis da manhã até às onze e meia da noite, sempre as mesmas pessoas, a confecionar. Temos de ter organização, porque quando chegamos cá de manhã temos de garantir que as coisas começam logo a arrancar, senão atrasa tudo”,

acrescenta a Furriel Cecília Garcia. “Até agora tem corrido bem e nós também fazemos por isso. Temos um bom ambiente de trabalho e isso torna muito mais fácil conseguir fazer as coisas.” A alimentação feita tem de ser adequada, uma vez que os envolvidos necessitam de energia suficiente para as atividades propostas. É feita uma dieta calórica, composta por alimentos mais calóricos, com um maior valor nutritivo. Para assegurar a qualidade das refeições e o bem-estar dos participantes, são necessárias também medidas de higiene, asseguradas por todos os intervenientes, como garantiu a Furriel Garcia: “Temos sempre o cuidado de utilizar luvas. Por exemplo, quem está a grelhar a carne utiliza luvas, quando é necessário cortar batatas ou outro alimento, também o faz. Temos aqui um lavatório e produto para desinfetar as mãos. Tentamos lavá-las o máximo de vezes.” À conversa com o Praça Valetto, um soldado americano, sobre a qualidade das refeições, rapidamente responde com o seu sentido de humor e boa disposição: “A comida é muito boa. Temos ficado cada vez mais gordos ultimamente, é saborosa! (risos) Muito pessoal gosta de comer pão”, confessou. “O bacalhau é bom. Sou dominicano, portanto como muito bacalhau. Conheço muita gente que nunca tinha comido e gostaram bastante. Estou contente com a comida que nos dão, tem que chegue!” Quando, por alguma razão, as missões se prolongam e os participantes não conseguem fazer as refeições no campo militar, a opção é a ração de combate. Esta ração é composta por duas refeições principais (almoço e jantar), talheres, bebidas energéticas, açúcar, sal, café, bolachas doces e bolachas salgadas, pastilhas purificadoras (para o hálito, uma vez que não têm como fazer a sua higiene oral), toalhitas, rebuçados, uma barrita de chocolate energética, sardinha e atum enlatados, pão, água e fruta (estes três últimos fornecidos à parte), sendo suficiente para 24 horas. Conforme explica o Soldado Figueiredo, “inclui um saco onde se aquece a comida, que contém um químico que reage com a água. A seguir, basta colocar a ementa, o almoço ou o jantar, dentro do saco. Fechamos e esperamos cerca de 12 minutos, mantendo-o deitado, começando a ferver e fica pronto a comer”. Esta ferramenta foi desenvolvida por razões táticas, segundo o Capitão Pina, pois “nem sempre podemos utilizar o fogo para aquecer a comida. O fogo é luminoso, vê-se que está ali alguém. O facto de a comida aquecer também liberta cheiro, daí utilizarmos esta ferramenta”. Todas as embalagens fornecidas são guardadas para serem colocadas no lixo mais próximo. Está tudo pensado de forma a não deixar nenhum vestígio para trás. “No monte não se deixa mais do que pegadas, não se leva mais do que recordações”, remata o soldado Fonseca.g


ORION 2019 WWW.ESTAJORNAL.IPT.PT CATARINA JACINTO

ORION 2019 com balanço positivo:

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“O exercício correu conforme o planeado”

O exercício final foi um evento de alta visibilidade: a demonstração de uma operação ofensiva, com fogos reais e apoio aéreo próximo

Três membros do Governo no encerramento do ORION 2019 CATARINA JACINTO ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Estava um dia cinzento e ventoso e o chão estava lamacento, na carreira de tiro da base militar de Sta. Margarida (Tramagal, Abrantes). Apesar de as condições climatéricas não serem muito favoráveis, era percetível o trabalho de todos os militares presentes. Ouviam-se várias línguas, entre as quais, o português, o inglês, o francês, o espanhol, o lituano e o romeno. Entre muitas conversas paralelas, estava a ser montado o sistema de som e continuavam a chegar cada vez mais veículos militares, autocarros e ambulâncias. Perto das 10h15 estavam estacionadas cerca de 30 viaturas, junto à tribuna, onde as entidades civis e militares assistiriam ao encerramento do exercício ORION 2019. À medida que o tempo ia passando viam-se cada vez mais carros militares a chegar, o que originou um grande movimento de pessoas no local. Supressores de ruído (tampões para os ouvidos, para o comum dos civis) eram distribuídos por todos, o que permitia antecipar o nível de ruído que se esperava. Às 11h10 chegou o Chefe de Es-

tado Maior, o ministro da Defesa Nacional, o secretário de Estado adjunto da Defesa Nacional e a secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes, assim como as altas patentes do exército. Quando saíram dos autocarros em que foram levados até à zona de demonstração, houve uma série de cumprimentos aos militares que já estavam presentes, incluindo observadores internacionais. Começou a ser explicado o que iria acontecer no exercício, e foi então que as pessoas começaram a colocar os supressores de ruído. Quando o exercício começou, o barulho disparado pelos canhões era estremecedor. O exercício consistiu na visualização de uma demonstração ofensiva, de fogos reais e de apoio aéreo próximo. Tal como aconteceu entre 23 e 28 de novembro, em Abrantes e Vendas Novas, este exercício serviu para comprovar a capacidade de resposta dos militares envolvidos em cenários de crise. Durante a demonstração assistia-se à chegada e à retirada de tanques e de militares, enquanto que tudo isto era narrado em inglês, língua oficial do ORION 2019, uma vez que se tratava de organização no âmbito da NATO. Era possível ouvir as transmissões entre mi-

litares sendo que estes usavam muitos códigos. Esta transmissão de mensagens tornou possível aos espectadores compreender a dinâmica e a organização deste tipo de situações. Foram momentos em que se viram e ouviram diferentes tipos de disparos e várias movimentações de veículos e de militares com vista a concretizar o objetivo do exercício: neutralizar o ataque. O fumo branco lançado ao fundo comprovava o fim e o sucesso da ação. O final do exercício foi marcado pela passagem de um F-16, da Força Aérea, mais conhecido por ‘caça’. O barulho muito intenso suscitou curiosidade e fez toda a gente olhar para o céu. No final da desmonstração, depois de todo o lançamento de fogo real, os veículos de guerra foram estacionados lado a lado e desligados. Os militares formaram em frente aos respetivos veículos. O Chefe de Estado Maior, José Nunes da Fonseca, agradeceu a participação de todos e desejou um bom regresso a casa dos militares estrangeiros vindos da Espanha, Estados Unidos da América, Lituânia, Roménia, Brasil, França e Grécia. Os portugueses preparam-se para novas missões, nomeadamente no Afeganistão e na República Centro Africana.g

Coronel Miguel Freire

Coronel Brito Teixeira

RUI ABREU ESTA D COMUNICAÇÃO SOCIAL

Teixeira, responsável pela parte do exercício que decorreu em Vendas Novas. Este responsável adiantou que, durante o exercício, a maior dificuldade encontrada foi mesmo o estado do terreno, que se encontrava muito enlameado, mas que por sua vez proporcionou uma melhor oportunidade de treino. Apesar de os militares terem operado com equipamento e armamento das respetivas nações, não foi sentida qualquer diferença, pois “o equipamento é muito semelhante”, garante o Tenente Coronel Matos Dias. Porque as missões no estrageiro não se baseiam apenas na componente militar, mas também no comportamento humano, o Coronel Miguel Freire garante que “quando um soldado desempenha funções fora do território nacional tem que o fazer sabendo que está num país com uma cultura muitas vezes estranha, portanto tem de ser acima de tudo com respeito e cordialidade”. Aliás, um dos incidentes criados ao longo da semana para verificar a capacidade de resposta dos militares envolvidos tinha a ver com questões culturais. “Os soldados estão em missão com armas, mas sendo um instrumento de paz.” Sobre o balanço final do ORION 2019, o Coronel Miguel Freire considerou que o exercício correu bem, no entanto remeteu a opinião final para os soldados: “Na minha humilde perspetiva, eu acho que correu bem. Mas no fim da linha terão de ser eles a dizer se correu ou não bem!” Tendo estado permanentemente em contacto com os militares no terreno, o Tenente-Coronel Matos Dias garantia que “a moral está extremamente elevada” que o leva a concluir dizendo que este exercício militar “foi um sucesso.”g

No final do ORION 2019, o Tenente-Coronel Matos Dias, responsável operacional pelo exercício no concelho de Abrantes, garantia o sucesso da operação e resumia o seu estado de espírito: “Estou feliz!” Pelo seu lado, o ministro da Defesa Nacional João Gomes Cravinho, esclarecia que este exercício permitiu oferecer o treino necessário para que as forças militares estejam melhor preparadas quando, no âmbito da NATO, são destacadas para cenários internacionais de conflito. “Este exercício é muito importante para que as forças nacionais tenham as melhores condições para o cumprimento das missões.” O planeamento do ORION 2019 precisou de “cerca de um ano, que se foi prolongando até aos dias de execução”, esclareceu o Coronel Miguel Freire, responsável pela organização do exercício. Um dos objetivos assumidos pela organização era a integração da multinacionalidade, por isso, “numa mesma companhia, havia pelotões de diferentes nacionalidades”. O exercício foi preparado para toda a tipologia de operações devido à complexidade das missões em que as forças militares portuguesas participam, tal como explica o Coronel Freire: “Nós temos sempre situações que nos exigem operações ofensivas, defensivas e de estabilização.” Com o decorrer do ORION 2019 não se registaram incidentes graves. “O exercício correu conforme planeado. Os incidentes que ocorreram não planeados foram ainda mais positivos”, afirmou o Coronel Brito

“Nova arma ligeira tem sido testada” No final do ORION 2019, o ministro da Defesa Nacional anunciou o novo equipamento que vai passar a ser usado pelo Exército português: uma “nova arma ligeira” que “tem sido testada, já no contexto deste exercício”. “Em princípio, o contingente de paraquedistas que parte, em março, para a República Centro Africana irá

já com a nova arma”, adiantou João Gomes Cravinho. Acrescentou ainda que, “para isso, há todo um período de aprontamento que corresponde exatamente a este período, em que se vão familiarizando, conhecendo a arma”. Entre vários outros objetivos, o ORION 2019 também fez parte desse processo de aprontamento.g


ORION 2019 08

Uma parceria de excelência Os alunos da ESTA participaram ativamente no ORION 2019, colocando em prática a formação própria do ensino superior politécnico: o saber fazer. Esta oportunidade resultou de uma parceria de excelência com o Exército português, que voltou a abrir as suas portas à ESTA, permitindo que os alunos praticassem as competências que adquirem nas salas de aulas. Esta edição do ESTAJornal, exclusivamente dedicada ao ORION 2019, é o resultado de uma

JANEIRO 2020

ESTA JORNAL

parte desse trabalho. Para além do que fica registado nestas páginas, importa sublinhar o valor que esta experiência teve para os alunos da ESTA, que certamente fará a diferença no seu futuro pessoal e profissional. Importa, também, reconhecer a confiança depositada pelo Exército português nesta equipa, desde a primeira hora em que o desafio foi lançado até ao momento da sua conclusão, proporcionando todas as condições para um balanço muito positivo.g

FICHA TÉCNICA | DIRETORA: Hália Costa Santos DIRETORA ADJUNTA: Raquel Botelho REDATORES: Alexandra Silva, André Ventura, Catarina Resende, Carolina Rodrigues, Gonçalo Morais, Mafalda Rodrigues, Magda Filipe, Maria Nicolau e Rui Abreu PROJETO GRÁFICO: José Gregório Luís PAGINAÇÃO: João Pereira | TIRAGEM: 15000 exemplares IMPRESSOR:Unipress Centro Gráfico, Lda PROPRIETÁRIO: Instituto Politécnico de Tomar MORADA: Estrada da Serra, 2300-313 Tomar EDITOR: Licenciatura em Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes SEDE DA REDAÇÃO: Rua 17 de Agosto de 1808, 220-370 Abrantes


EXPETATIVAS / 2020

020 Vasco Estrela

Miguel Borges

Ricardo Aires

Neste ano de 2020 que marca o início de década deste século, quero manifestar os meus votos pessoais e do Município que lidero, de muitas Felicidades para a população do Concelho de Mação e de toda região de influência do Jornal de Abrantes e da Antena Livre. A concretização da felicidade de cada um depende dos objetivos traçados e das circunstâncias de vida que cada um de nós tem e que muitas vezes são impeditivas da mesma. Por isso mesmo, espero que seja possível remover as dificuldades que impedem a concretização dos objetivos que cada um tem; que seja possível atingirem a felicidade que merecem! Da parte dos poderes autárquicos, compete fazer tudo para proporcionar aos cidadãos as condições para que tal aconteça. A Câmara Municipal de Mação tudo fará para que assim seja, cometendo aqui e ali erros, mas com a certeza que, em nenhum momento, os mesmos são cometidos com intenção maligna. Trabalharemos afincadamente para melhorar a qualidade de vida dos nossos Munícipes e na busca incessante do desenvolvimento do nosso Concelho. Para isso contamos com TODOS! Para que TODOS possamos ser felizes!

Quando nos é pedida uma reflexão para o ano que acaba de chegar, lembramo-nos de muita coisa. Apontamos um conjunto infindável de desejos que nos vêm ao pensamento, recheados de objetivos, metas e ambições, entre muitas outras coisas. Há, no entanto, um desejo que nunca é esquecido: a saúde, “muita saúde para todos”, “o que é preciso é haver saúde”, “saúdinha”! Todos possuímos a experiência de vida necessária para sabermos que este é, com toda a certeza, o melhor que podemos aspirar para a nossa passagem por estes 365 dias. Com saúde, virá toda a nossa capacidade de saber fazer, a nossa força de lutar contra as adversidades, de procurarmos o melhor de nós em prol da comunidade em que nos inserimos.

Vila de Rei prepara-se para entrar em 2020 com grandes expetativas. Queremos dar continuidade à nossa aposta no apoio às famílias e às empresas, na coesão social, no investimento estrutural em áreas consideradas prioritárias que permitirão um desenvolvimento sustentável do concelho e da população, de forma equilibrada e capaz de atrair novos habitantes. O Município continuará o esforço de promoção do concelho e das suas potencialidades, dinamização e captação de investimento, de empresas e de atividades diversas geradoras de emprego. Estou profundamente convicto que, juntos e no respeito pela diferença, podemos dar um contributo para promover e prestigiar Vila de Rei, para assegurar melhor qualidade de vida a quem vive e trabalha no nosso Concelho e para garantir o seu desenvolvimento sustentado.

Luís Damas

Fernando Freire

Aos Agricultores da nossa região desejamos que seja um Ano de 2020: sem fogos florestais, sem secas, sem atrasos nos pagamentos pelas entidades públicas, sem burocracia por parte das entidades públicas e com os maiores sucessos nas suas atividades. Aos responsáveis do sector os votos de uma boa negociação com Bruxelas do novo Quadro Comunitário. Que passem da retórica à prática para que a desertificação humana do interior seja invertida. Para a nossa Associação de Agricultores de Abrantes Constância Sardoal e Mação, a consolidação dos projetos em curso: Que as sete equipais de Sapadores Florestais estejam em 2020 operacionais em pleno; As seis ZIF (Zonas de Intervenção Florestal) que Associação é a entidade gestora com uma área total de 72415 hectares nos concelhos de Abrantes Sardoal e Gavião; A manutenção do elevado rigor dos múltiplos serviços que prestamos aos agricultores; Manter o aumento do número de associados dos últimos anos; Aos nossos colaboradores os maiores sucessos profissionais e pessoais. À Sociedade que está cada vez mais urbanizada, um maior respeito pelo mundo rural e às suas tradições. Os Agricultores são os maiores fazedores de ambiente e paisagem. À Ministra da Agricultura as maiores felicidades nas suas funções. BOM ANO 2020

Nuns tempos marcados pela incerteza política mundial, pelas alterações climáticas com especial enfoque no nosso rio Tejo, evoquemos o melhor que temos: os sentimentos de humanidade, de fraternidade, de solidariedade, de esperança, de justiça, de paz e de desenvolvimento. Estes sentimentos são mais vivificados nas pequenas comunidades, como a nossa, onde temos uma rede social atuante e onde a proximidade se pode fazer com mais facilidade. Em 2020, vamos continuar a apostar na educação, na cultura, no turismo, nos percursos pedonais, na regeneração urbana, no saneamento básico na parte norte da freguesia da Praia do Ribatejo, na receção a novas empresas no novel “ninho” bem como no Centro de Negócios, em Atalaia. O crescimento económico e a criação de emprego são objetivos fundamentais face à ação da política municipal que priorizou a fixação das pessoas e a renovação das gerações. Os últimos dados estatísticos são animadores e devem-se à implementação de políticas sociais e fiscais indutoras de novos investimentos e suscetíveis de captar novas famílias certamente atraídas por novos equipamentos públicos e escolares, serviços, cultura, zonas de lazer que proporcionem melhor qualidade de vida e bem-estar. Vai ser um ano cheio de energia para concretizar projetos, materializar as ideias e concretizar as obras do quadro comunitário vigente. Certos estamos que o futuro será aquilo que quisermos que seja.

Presidente da Câmara Municipal de Mação

Presidente da Câmara Municipal de Sardoal

Presidente da Associação dos Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação

Luís Ablú Dias

Diretor-geral Media On, Comunicação Social, Lda.

O ano que findou foi um ano de mudanças, adaptação e, acima de tudo, de muito trabalho para conseguirmos ampliar o portfólio da Media On e projetar o futuro deste nosso projeto…. Apesar das dificuldades que os órgãos de comunicação social atravessam, principalmente os regionais, é com otimismo e muita confiança que olhamos para 2020, sempre focados no serviço público que prestamos, na proximidade das nossas populações e também na sustentabilidade do projeto. 2020 vai ser o ano de viragem em que continuaremos a acompanhar a evolução das novas tecnologias, sempre com o intuito de chegar até vós das mais variadas formas e de informar com rigor, transparência e profissionalismo o que se passa na nossa região. Para o que tem acontecido e o que perspetivamos que aconteça, não podemos deixar de contar com todos e, desde já, agradecer em especial aos nossos clientes, parceiros, colaboradores, leitores e ouvintes, aos quais deixo aqui os votos de um excelente 2020.

Presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Rotary Club de Abrantes atribui 64 bolsas de estudo a jovens do concelho Aconteceu no dia 21 de dezembro a cerimónia pública de entrega das bolsas de estudo do Rotary Club de Abrantes (RCA), na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes. Perante a presença do presidente do Rotary de Abrantes, da Governadora do Distrito 1960, do administrador da Fundação Rotária Portuguesa e dos parceiros e patrocinadores, foram atribuídas 64 bolsas de estudo a jovens do concelho. Este ano, a Câmara Municipal de Abrantes aumentou o número de bolsas para alunos do ensino superior de 30 para 42, no âmbito do protocolo de cooperação com o RCA e a Fundação Rotária Portuguesa. No total, foram 42 renovações e 22 novas bolas que não seriam possíveis de atribuir “sem a confiança da comunidade no RCA e no seu trabalho”, salientou o presidente José Guilherme Moura Neves que vê este projeto como uma ferramenta para os jovens levarem “por diante um sonho que será a vossa vida”. “Temos de preparar os nossos jovens para a sociedade dos dias de hoje, cada vez mais exigente. Nesta perspetiva, jamais o RCA abdicará da responsabilidade que tem em mãos, assumindo-a na íntegra, perante os jovens e perante

/ Rotary Club de Abrantes já atribuiu 652 bolsas de estudo em 38 anos a sociedade: dar ao jovem a possibilidade de ele se formar. Seremos agente de mudança e promotores de um mundo melhor”, disse o responsável.

Já Mara Duarte, a governadora do Distrito 1960 do Rotary Portugal, expressou que o RCA é, com os seus parceiros, o que “mais bolsas de estudo atribui em Portugal”.

“Hoje em dia aquilo que importa não é quem faz, é quem consegue agregar um conjunto de boas vontades para efetivamente surgir projetos na comunidade

Silva e Rico premiou melhor aluno de Matemática da ESSA A empresa abrantina Silva e Rico, Lda, que este ano comemora 100 anos de existência [1919-2019] decidiu, em colaboração com a Escola Secundária Dr. Solano de Abreu (ESSA), instituir o prémio para o melhor aluno de Matemática do ano 2018/2019. Um prémio de Matemática porque, revelou Arturo Cortés Fernandez, gerente da empresa, o fundador desta, Joaquim Rico, tinha na base da sua vida de negócios o “saber fazer contas”. A cerimónia de atribuição do prémio, constituído por um diploma e por um cheque de 400 euros, foi atribuído ao jovem Pedro Mi-

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guel Marques Sousa, que fez o 12.º ano de escolaridade em 2018/2019 e que foi, igualmente, o melhor aluno desta escola. Pedro Sousa garantiu a melhor classificação da disciplina ao conseguir 19 valores. Nesta altura, o jovem estuda na universidade de Manchester, em Inglaterra, Ciências da Computação - que por cá seria equivalente à Matemática e a Engenharia Informática. Pedro Sousa explicou porque escolheu estudar em Inglaterra e deixou como nota aos ex-colegas que assistiam à cerimónia que “vale a pena trabalhar. Estudem”. Já Jorge Costa, diretor da ESSA,

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/ Familia Cortés Fernandez com o diretor da ESSA (à esquerda) e com o melhor aluno de matemática, Pedro Sousa (à direita) revelou que há sempre uma grande discussão sobre os benefícios e prejuízos de atribuir prémios, mas que a sua posição é simples: de concordância com a existência deste tipo de ações. “Acho que o mérito deve sempre ser premiado,

por isso concordo com este tipo de iniciativas”. Cortés Fernandez explicou que já em 2006, no ano em que o fundador da empresa, Joaquim Rico, faria 100 anos, também fizeram uma distinção aos melhores alunos

com valor, e este é um projeto com valor acrescentado, sobretudo na sociedade do futuro que queremos construir”, reiterou a responsável que destacou que “a aposta na educação é uma aposta decisiva” e que estes jovens que beneficiam desta bolsa têm agora “um compromisso e uma responsabilidade”. Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes destacou este como um “excelente exemplo de uma parceria eficaz” e referiu o esforço feito pela autarquia consubstanciado num aumento de cerca de 10 mil euros para o aumento do número de bolsas. “Cada vez há mais alunos, mais famílias a recorrer a estas candidaturas das bolsas de estudo e é com muita determinação que cá estamos para o fazer”, concluiu o presidente do Município, dizendo que este “é um investimento nos nossos jovens” e mostrando esperança de que “todos os jovens possam voltar à sua cidade”. Em representação da PEGOP, outro dos parceiros do RCA, José Vieira lembrou o apoio da empresa a esta iniciativa já desde 2004 e destacou que “ter hoje uma educação superior é um fator diferencial brutal”. Patrícia Seixas e Ana Rita Cristóvão

da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes. Arturo explicou que a empresa fundada por Joaquim Rico, o seu patrão durante muitos anos, continua ativa, agora mais no ramo imobiliário, com várias lojas arrendadas no centro histórico de Abrantes e até casas de habitação. Mas recuemos ao ano de 1919 quando Manuel José Coelho, Joaquim Rosado Rico e Eduardo Dias da Silva fundaram a empresa Coelho, Silva e Rico. Mais tarde, com a saída de José Coelho, a sociedade manteve os outros dois sócios, passando a chamar-se Silva e Rico. Arturo Cortés Fernandez, nascido na Galiza mas com vida e carreira construída em Abrantes, foi gerente de diversas empresas e mantém-se hoje como gerente da empresa aos 81 anos e meio e [entre risos] diz que está “a ultrapassar a média de idades de Portugal”. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Vila de Rei

PSD diz ser necessário regular isenção de Derrama a empresas com sede no concelho Na Assembleia Municipal de Vila de Rei de 10 de dezembro, o deputado Hélder Antunes (PSD) trouxe à mesa a questão da isenção de Derrama praticada no concelho, no âmbito do regulamento de apoios e incentivos à fixação de empresas em Vila de Rei. O regulamento referente às Isenções de Impostos e outros Tributos Próprios do Município foi aprovado em fevereiro deste ano em AM, numa votação em que o deputado social-democrata se absteve por considerar que o mesmo “contém incongruências” e que a sua aplicabilidade suscita “muitas dúvidas”. Diz Hélder Antunes que “atualmente, o regulamento prevê que todas as empresas com sede em Vila de Rei estejam isentas de Derrama e que todas as empresas que pretendam usufruir deste benefício apresentem candidaturas e assinem um contrato” - posição com a qual não concordou inicialmente mas que agora considera “necessário desenvolver mecanismos” para

Fátima Tavares (PSD) diz que não concorda que “uma empresa que tenha sede em Vila de Rei tenha o benefício total de Derrama

/ Bancada do PSD na AM de Vila de Rei que “as empresas não sejam apenas beneficiadas por terem sede em Vila de Rei mas que desenvolvam, pelo menos em parte, a sua atividade no concelho”. Hélder Antunes constatou que a possibilidade de “uma empresa que

tenha sede em Vila de Rei mas não desenvolva cá atividade ter direito a isenção de Derrama, enquanto outras, apesar de não terem cá sede mas desenvolverem cá a atividade, criam postos de trabalho e contribuem para a economia local, não

estão isentas nem tão pouco conseguem ter algum benefício à luz do regulamento em vigor”. Por sua vez, a deputada Maria de Fátima Tavares (PSD) diz que não concorda que “uma empresa que tenha sede em Vila de Rei tenha o benefício total de Derrama porque passamos a ser um paraíso fiscal, passa-se a ser uma offshore”, reiterando que o importante é que “as empresas tenham sede em Vila

de Rei, desenvolvam a sua atividade em Vila de Rei e que mexa com a economia em Vila de Rei”. Em resposta, o presidente da autarquia, Ricardo Aires, defende que desde a aprovação do regulamento que se mostrou disponível para aceitar contributos [escritos] dos deputados, afirmando que continua “à espera dos contributos de ambas as bancadas” e que só se agirá “quando as bancadas estiverem decididas a modificar substancialmente o regulamento”. Do lado da bancada do PS, o deputado Carlos Dias disse não lhe parecer necessário “mexer muito mais nisto”, apesar de se mostrar “disponível para colaborar”. O deputado socialista considera que “o facto de a empresa ter a sede em Vila de Rei só por si é suficiente para ter direito à Derrama” e que “o fundamental é que haja empresas sediadas aqui. Nem todas as empresas têm que ter atividade no concelho”, assumindo que esta isenção é “um fator de atração”. Ana Rita Cristóvão

Na sequência do encerramento da Praia Fluvial do Penedo Furado e acesso aos passadiços, devido às elevadas precipitações ocorridas entre 19 e 20 de dezembro e consequentes inundações e aluimentos, os percursos pedestres com passagem neste local encontram-se interditos. Os percursos pedestres em questão são o PR3 – Trilho das Bufareiras, a GR 44 - Grande Rota da Prata e do Ouro e a GR 33 – Grande Rota do Zêzere. O Município, em nota de imprensa, solicita a todos os pedestrianistas para o respeito das interdições mencionadas, uma vez que

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Acesso interdito aos passadiços afeta percursos pedestres estas se devem sobretudo pela necessidade de salvaguarda da segurança e integridade física das pessoas. O Município de Vila de Rei procedeu recentemente a trabalhos de beneficiação no acesso entre a Praia Fluvial do Penedo Furado e o início dos Passadiços, bem como entre a zona de estacionamento e os balneários/ WCs. Desta forma, foi implementado um pavimento em tout venant compactado, criando melhores condições de acesso a pessoas com mobilidade reduzida, cadeiras de rodas ou carrinhos de bebé.

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ATUALIDADE / Constância

Município faz ponto de situação sobre obra do Villa Tejo Nature & Spa Hotel Na última sessão de Assembleia Municipal de Constância veio a cima da mesa o tema referente ao futuro hotel que está a nascer na Estrada Nacional 3, na entrada norte da vila de Constância, o Villa Tejo Nature & Spa Hotel. O anúncio do investimento do hotel de quatro estrelas foi feito já em 2017 e desde então as coisas não estão paradas, tendo já sido realizadas visitas por parte da autarquia à obra. Nesse sentido, Sérgio Oliveira, presidente do Município de Constância, deu conta de que esteve presente numa “visita que foi feita pelas técnicas do Turismo de Portugal à obra”, com o propósito de “veicular e reafirmar a importância estratégica que tem para o concelho a conclusão daquela obra”. Relembrando que este investimento é financiado pelo Turismo de Portugal, o autarca explica que “o apoio que o Turismo de Portugal está a dar para a construção do hotel está a ser reembolsado pelo promotor” deste investimento privado. Lembre-se que o promotor João Rosa anunciou o investimento alocado à construção do Villa Tejo Nature & Spa Hotel de cerca de 4 milhões de euros que são, em parte, comparticipados pelo Turismo de Portugal, pelo Programa Portugal

/ Villa Tejo Nature & Spa Hotel (foto de arquivo 2018) 2020. Na altura, João Rosa vincou que “o valor não é a fundo perdido, ele tem de ser reembolsado”, o que significa que há “metas para atingir e objetivos para cumprir”. Em Assembleia Municipal, Sér-

gio Oliveira reiterou que não é por este ser um investimento privado que deixa de ser “fundamental e da maior relevância para aquilo que é o nosso concelho e o nosso território”.

Admitindo que este “não é um investimento que se cinge apenas ao nosso concelho mas sim à nossa região”, o presidente da autarquia constanciense explica que “tem havido alguns atrasos” na execução

António Mendes (CDU) renuncia a mandato de deputado municipal O anúncio foi feito na última sessão da Assembleia Municipal (AM) de Constância quando o presidente da mesa, António Luís Mendes (PS), deu conta do pedido de renúncia ao mandato por parte do deputado da CDU António Manuel dos Santos Mendes. “Venho solicitar que me seja aceite o pedido de renúncia ao mandato de eleito na AM a partir do momento presente”, dizia o respetivo pedido, sem apresentar as razões da renúncia. António Mendes iniciou o percurso autárquico aos 29 anos como vogal da Assembleia de Freguesia de Santa Margarida da Coutada, em 1979, tendo sido eleito para verea-

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dor em 1982, cargo que ocupou na oposição até 1985. Em dezembro desse ano foi eleito presidente da Câmara Municipal de Constância – cargo que desempenhou durante 24 anos. Foi também, de outubro de 2009 até 2015, presidente da AM de Constância. Após o anúncio de renúncia, a bancada da CDU, pela voz do deputado Rui Ferreira, apresentou uma saudação e reconhecimento a António Mendes pelos seus “40 anos de atividade autárquica”. Na saudação lida é referido que António Mendes “durante todos estes longos anos abraçou a causa pública, de forma intensa, em prol do desenvolvimento do nos-

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so concelho, podendo afirmar-se, sem qualquer demagogia, que em cada rua do nosso território, (...) em cada estrutura dos serviços públicos existentes, a presença da ação do autarca António Mendes é uma constante”. Nesse sentido, a CDU recordou uma moção que foi aprovada em AM em 2015, ano em que António

Mendes foi condecorado, a 13 de fevereiro, pelo então presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Comendador da Ordem de Mérito. Nessa moção de 2015 lê-se que “a António Mendes se deve o período mais intenso de desenvolvimento do concelho”, dando a CDU como exemplos o “abastecimento regular

da obra que se devem às dificuldades de mão-de-obra: “muitas vezes o próprio empreiteiro tem falta de pessoas para trabalhar, pelo menos é isso que me chega”, deu conta o autarca. Em relação à inauguração, Sérgio Oliveira espera que “para o próximo ano já esteja a funcionar”. “Naquilo que estiver ao meu alcance farei tudo para que aquele investimento se conclua e que o hotel seja uma realidade”, concluiu. Recorde-se que a Vila Poema, Sociedade de Exploração e Gestão Hoteleira, Lda, está a construir em Constância o Villa Tejo Nature & Spa Hotel, um empreendimento que será constituído por: 28 quartos duplos, 10 suites, 5 suites premium com jacuzzi na varanda, SPA com piscina interior, jacuzzi, banho turco, sala de relaxamento e massagem com duche, restaurante, bar e auditório. No exterior haverá áreas verdes de utilização comum, percursos pedestres e de BTT, zonas de estacionamento, uma esplanada panorâmica e uma piscina exterior para adultos e crianças. A nova unidade hoteleira vai garantir 30 postos de trabalhos diretos e 42 durante a época alta. Ana Rita Cristóvão

de água em todo o território municipal; a construção da escola Luís Camões e consequente criação do ensino de 2º, 3º ciclo e secundário; o ordenamento das margens dos rios Tejo e Zêzere; a construção da extensão de saúde de Santa Margarida e do Centro de Saúde de Constância; a zona industrial de Montalvo; o Centro de Ciência Viva – Parque de Astronomia; o Parque Ambiental de Santa Margarida; a Biblioteca Municipal”, entre outros. Nesta moção, na altura aprovada por unanimidade, era ainda recomendado ao Município que se erguesse um monumento a António Mendes num dos equipamentos emblemáticos do concelho como “forma de perpetuar uma pessoa que (…) mudou a face do concelho de Constância, deu-lhe visibilidade nacional e revolucionou a qualidade de vida de toda a comunidade”. Em AM a 22 de novembro de 2019, a CDU apelou a que seja cumprida a deliberação tomada na moção apresentada em 2015. Ana Rita Cristóvão


ATUALIDADE / Mação

Autarquia reage ao anúncio da desistência de recurso pelo Governo à sentença de Tribunal Na reunião de Câmara de Mação de 26 de dezembro, o executivo camarário reagiu ao anúncio por parte do ministro da Administração Interna de que o Governo desistira do recurso apresentado perante a sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria que dá parcialmente razão ao Município de Mação no que diz respeito às indemnizações relativas aos incêndios de 2017. No dia 20 de dezembro, Eduardo Cabrita e a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, estiveram em Mação para apresentar o balanço do Fundo de Solidariedade da União Europeia (no qual consta que 33 municípios beneficiaram diretamente de um apoio de 33,7 milhões, num total de 50,6 milhões deste fundo disponibilizado a Portugal). Nessa ocasião, o ministro da Administração Interna afirmou que a decisão do Governo em desistir do recurso “faz parte dessa vontade manifestada por todos de olhar para o futuro”. Em reação, o presidente da Câmara de Mação manifestou-se satisfeito com a decisão anunciada pelo governante, reconhecendo “o facto de terem vindo a Mação fazer a apresentação destes resultados, para os quais Mação tinha sido excluído numa primeira fase” e deixou também uma nota pelo facto de “terem desistido do recurso, quando estávamos muito em breve para saber o resultado desse recurso”. No entanto, Vasco Estrela reforça que “para a história fica tudo aquilo que aconteceu”. “E o que aconteceu foi que Mação foi discriminado negativamente pelo Governo anterior, a forma como fomos tratados, quer o Município quer os cidadãos”, admitiu o autarca relembrando que os prejuízos foram para o Município, para “os munícipes do concelho, as empresas, os agricultores. Tudo isto que não foi aplicado à Câmara também não foi aplicado às pessoas”. Vasco Estrela acrescentou que se não fosse a ação da Câmara Municipal e a sua própria ação pessoal – sendo competência exclusiva do autarca – de ter intentado a ação contra o Estado, “hoje as coisas teriam sido de maneira diferente. Lamento que um Município tenha de recorrer à Justiça

/ Mação vai receber 487 mil euros do Fundo de Solidariedade da União Europeia em resultado dos incêndios de 2017

Vasco Estrela diz que “para a história fica tudo aquilo que aconteceu” e admite que “tudo isto era evitável”

para fazer valer os seus direitos em situações tão problemáticas e vulneráveis como aquela em que nós estávamos. Tudo isto era evitável”. “Não vale a pena agora escrevermos as coisas de maneira diferente do que aquela como elas aconteceram”, referiu o autarca que disse que se as coisas não tivessem tomado o rumo que tomaram

haveria “muitas pessoas a dizer que o presidente da Câmara de Mação tinha sido demagógico (…) e tirou tentar proveito político, conforme foi referido em Assembleia Municipal”. O presidente da autarquia maçaense sublinhou ainda o apoio de pessoas e entidades ao Município ao longo desta situação, como “membros do Governo que estive-

ram de forma discreta do lado da razão”. Tempo depois da intervenção dos vereadores. Vasco Marques deu os parabéns ao presidente da autarquia pela “capacidade e por toda a forma como conduziu o processo desde o primeiro dia porque no meio de tanta injustiça e confusão (…) teve sempre o bom senso de manter as suas ideias e firmeza

para defender Mação”. “Pouco a pouco veio-se percebendo que este teria de ser o caminho e de qual lado é que estava a razão”, disse o vereador, acrescentando que a visita do ministro da Administração Interna no dia 20 de dezembro foi “a prova mais que provada de todo o esforço que o senhor presidente teve ao longo destes dois anos e tal e de que a razão estava do lado dele”, num processo que foi “cansativo, demasiado triste, (…) e vergonhoso”. “Agora [é tempo de] fazer o que se possa fazer para minimizar os prejuízos, sendo que parte deles jamais poderão ser compensados”, concluiu o vereador, que informou ainda que a autarquia recebeu recentemente um camião de material cerâmico (azulejos), na sequência dos fogos de 2017, por parte de uma empresa da Beira Alta para ajudar o Município. Já a vereadora Margarida Lopes referiu que é “com satisfação” que vê “aquilo que aconteceu [dia 20]” e espera que “se passe a um novo capítulo desta história que já vai longa e que seja agora mais justa para os munícipes maçaenses”. Por sua vez, o vereador do PS, Nuno Barreta, salientou que “todos nós vamos fazer parte da história por um motivo que não queríamos, infelizmente” mas que fica provada a importância do “direito ao exercício da cidadania que todos devem prezar”. O vereador parabenizou a atitude do presidente da autarquia e disse ainda que não esperava que o resultado fosse diferente daquele que aconteceu. Lembre-se que a Câmara de Mação tinha avançado e 2018 com uma providência cautelar para impedir que os interesses do concelho e da população ficassem excluídos do acesso ao Fundo de Solidariedade da União Europeia, que deveria financiar a 100% os prejuízos causados pelos fogos. Em julho de 2019, o Tribunal deu parcialmente razão ao Município, decisão face à qual o Governo decidiu recorrer, acabando agora por recuar e desistir do recurso apresentado. No entanto, em reunião de Câmara a 26 de dezembro, Vasco Estrela deu conta de que o Município ainda não foi oficialmente notificado dessa decisão. Ana Rita Cristóvão

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ATUALIDADE / Sardoal

Aprovado novo tarifário da água para 2020

IMI para 2020 com estímulo ao arrendamento A Câmara Municipal de Sardoal aprovou, por unanimidade, a proposta do presidente da Câmara relativa às taxas de Imposto sobre Imóveis (IMI) para o ano de 2020. No caso geral, será mantida a taxa de 0,325% para os prédios urbanos e de 0.8% para prédios rústicos. Por sua vez, os prédios dos sujeitos passivos que tenham dependentes a cargo beneficiam de uma redução do imposto em função do número de dependentes que integrem o agregado familiar, mantendo-se os valores em 20, 40 e 70 euros para famílias com um, dois, ou mais dependentes, respetivamente.

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A Câmara Municipal de Sardoal aprovou, por unanimidade, o tarifário para 2020 no que à água, aos resíduos sólidos urbanos e ao saneamento diz respeito. Com a entrada do Município na empresa Tejo Ambiente, EIM, S.A., houve necessidade de rever os tarifários para que sejam iguais nos seis municípios aderentes: Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar e Vila Nova da Barquinha. Na reunião de 19 de dezembro, o presidente da Câmara disse “haver uma atualização de tarifário com uma intenção clara e o compromisso de este tarifário não sofrer alteração nos próximos 15 anos, a não ser o valor da taxa de inflação”. No caso concreto do Sardoal, a atualização vai significar um aumento de 13% tendo o vereador socialista Pedro Duque referido “um acerto dos mais elevados”. No entanto, o vereador reconheceu que “os vereadores do Partido Socialista abraçaram” a integração do Município na Tejo Ambiente “com a plena convicção de que seria um projeto positivo e que não reste qualquer dúvida sobre isso”. “A questão é que”, adiantou Pedro Duque, “agora que se teve que fazer este acerto, isto decorre de não se ter feito qualquer atualização nos anos anteriores quando, se calhar, deveria ter sido feita”. Miguel Borges concordou com os vereadores e referiu que defende “e é obrigação imposta pela ERSAR que o custo tem que ser imputado ao consumidor final pois é isto que está na Lei das Finanças Locais. Defendo até, por preservação de um bem que é escasso, que tenha que ter um custo justo e não um custo baixo de forma a que as pessoas não o valorizem”. E lembrou que, em tempos, foi “fortemente criticado pelo Partido Socialista” por propor uma “grande atualização da tabela de taxas”. Já com o atual Executivo, o presidente disse que a atualização tem vindo, todos os anos, a reunião de

Ainda neste âmbito, foram aprovadas as propostas de redução de 20% sobre a taxa de IMI a aplicar a prédios urbanos arrendados em todo o concelho, assim como a majoração em 20% da taxa a aplicar a prédios urbanos degradados e ainda a majoração até ao dobro da taxa no caso dos prédios rústicos com áreas florestais que se encontrem em situação de abandono. A aprovação das referidas taxas mantém o valor do IMI cobrado no concelho perto do mínimo permitido por lei, “e cria incentivos ao mercado de arrendamento e à reabilitação urbana e florestal”.

Câmara “e nunca vi da parte dos senhores vereadores nenhuma proposta nem nenhum sinal ou vontade” de fazer a referida atualização. Quanto ao que este aumento significa na prática, Miguel Borges explicou que, “para um consumidor do tipo doméstico que consuma 10 m3, estamos a falar de um aumento anual de cerca de 30 euros” o que vai dar, mensalmente, um aumento de 2,06 euros na fatura. Mas o novo tarifário, em Sardoal, não vai ser aplicado já no início de 2020, ao contrário do que se vai passar nos outros municípios que integram a Tejo Ambiente. Miguel Borges explicou que a Tejo Ambiente está, neste momento, “com um conjunto de candidaturas que os municípios fizeram e estamos a falar de um valor que ronda os 15 milhões de euros e este processo está a decorrer. Ainda há trabalhos a fazer e que ocupam muito tempo. Então, foi tomada a decisão de não fazer tudo ao mesmo tempo porque poderia prejudicar uma coisa e outra. O que ficou decidido é que as nossas energias são canalizadas nos investimentos, no aproveitar destes Fundos Comunitários”. O autarca avançou que “concluído este trabalho referente aos investimentos, e recordo que para o Sardoal são cerca de 800 mil euros que neste momento estão em candidatura para a Cabeça das Mós, entraremos num processo de transição. Até lá, continuará o serviço a ser feito pela Câmara Municipal mas é garantido que a transição far-se-á no primeiro trimestre de 2020. Este novo tarifário só se aplica a partir dessa data”. Patrícia Seixas

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JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020


ATUALIDADE / Sardoal

Câmara e Águas do Tejo resolvem litígio da Barragem da Lapa em Tribunal A falta de entendimento entre a Câmara Municipal de Sardoal e a Águas do Tejo vão levar a Barragem da Lapa para litígio judicial. A informação foi prestada pelo presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, na Assembleia Municipal de dia 10 de dezembro. O autarca revelou que tinha tido na semana anterior uma reunião com o chefe da Divisão Financeira da autarquia e com um gabinete jurídico porque o “processo chegou a um ponto em que as Águas do Tejo [proprietária da infraestrutura] e a Câmara não se entendem”. Miguel Borges disse que tentaram procurar alguém “que acima de nós nos diga quem tem razão. E pronto, vamos para litígio”. O assunto está já a ser tratado pelo gabinete jurídico da Câmara porque “há coisas que têm o seu limite” e revelou ainda que as coisas não “podem ficar ad eterno”. Vincou depois que “deve envergonhar-nos, a todos nós que andamos neste processo há muitos anos, uns com maior culpa do que outros, que uma situação destas não esteja resolvida. É lamentável que uma obra pública esteja como está, passados tantos anos”. Quando à segurança da barragem, que recorde-se apresentava uma fissura que poderia por em causa o seu enchimento pleno, Miguel Borges garantiu a segurança da infraestrutura. E adiantou que a barragem tem estado a ser monitorizada e acompanhada. E revelou que o que eram as exigências da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) até foram diminuindo pelo comportamento que a barragem tem tido. Na reunião que tiveram com a Águas do Tejo, o presidente do Conselho de Administração da EPAL e o presidente da Câmara esgrimiram os argumentos das duas partes, sem entendimento. Miguel Borges afirmou aos deputados municipais que, nessa reunião, depois de muita discussão disse “Engº Sardinha [José Sardinha – presidente Executivo da EPAL] quando nós não nos entendemos há quem nos ajude a que haja um entendimento e nós vamos partir para essa instância, que será o Tribunal Arbitral. Mas vamos partir para outra área”. O presidente da Câmara de Sardoal, em jeito de comentário final, disse ainda que este pode ser um caso a ser estudado por tantas más práticas. “É uma história triste. Alguém um dia podia fazer uma tese de mestrado ou de doutoramen-

to, porque há aqui um manancial tão grande de más práticas, maus procedimentos ao longo de muitos anos e de muita gente. Era interessante.” O que é que está em causa? A Câmara de Sardoal construiu a Barragem da Lapa para abastecimento público do concelho. A Águas do Tejo, no final da primeira década de 2000, ganhou a concessão de exploração da barragem por um prazo de 40 anos e deveria ter pago uma verba de cerca de 1 milhão e 100 mil euros à autarquia, coisa que nunca aconteceu. Ao longo dos anos a Águas do Tejo geriu a barragem e vendeu a água ao concelho de Sardoal, com a Câmara a reivindicar esta verba que nunca foi recebida. Ao que o Jornal de Abrantes sabe, houve a dado momento um acerto de cerca de 300 mil euros, mas o valor inicial nunca chegou a ser fechado. Agora a Águas do Tejo quer rescindir, de forma antecipada, o contrato de concessão de exploração daquela infraestrutura e as duas entidades não chegam a acordo nos termos desta rescisão. E falta

ainda a autarquia ser ressarcida de uma parte dos cerca de 1 milhão e 100 mil euros que nunca chegou a receber. E como não há entendimento, a questão vai ser resolvida a um nível superior, ou seja, um Tribunal Arbitral que é o que prevê o contrato inicial entre das duas partes. Ora o futuro também poderá estar em causa já que, segundo o presidente da Câmara de Sardoal, se a barragem continuar em modo de concessão necessita de um tipo de intervenção que poderá ser diferente se deixar de estar concessionada e a trabalhar como até aqui. Recorde-se que a Barragem da Lapa foi construída em 1999 para aproveitar a água da ribeira das Sarnadas e da ribeira do Vale Formoso, que confluem num local próximo de um local chamado Lapa, constituindo a partir daí a ribeira de Arecês que vai desaguar no rio Tejo. É uma barragem terra com 24 m de altura, com uma torre de manobras, descarregador de cheias e descarga de fundo. A albufeira tem uma área de 47618 m2. A torre

de manobras tem duas tomadas com o fim de abastecimento de água. Quando foi construída, na cota máxima, a barragem podia armazenar 640 mil metros cúbicos de água. Esta barragem para abastecimento público do concelho de Sardoal começou a ser construída em setembro de 1999 e a sua inauguração foi feita em 7 de dezembro de 2002 pelo então ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente. O valor inicial do investimento foi de 2 milhões 245 mil euros. Recorde-se que a 18 de março de 2014, o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, afirmou à agência Lusa que “até hoje a barragem não foi entregue” pelo consórcio construtor à autarquia, município que se “recusa a rececionar a obra sem as devidas correções às anomalias” detetadas na infraestrutura. Afirmou Miguel Borges que “o consórcio construtor da Barragem da Lapa foi notificado em 2004 para proceder à correção das anomalias detetadas na infraestrutura hidráulica, mas até hoje, dez anos depois, não fez as obras”.

E observou que a infraestrutura “está em funcionamento, mas de forma limitada”. Uma inspeção realizada em 2004 pelo Instituto Nacional da Água (INAG) obrigou ao início de descargas controladas na Barragem da Lapa, em virtude de se verificar, “por deficiente construção”, uma fissura junto à parede do descarregador e a inexistência de tela de isolamento no paredão junto à fonte de captação, “deficiências que condicionam”, afirmou Borges, o total aproveitamento da barragem e respetivo enchimento. Segundo Miguel Borges, os problemas de construção “não representam perigo” para a população, uma convicção “assente em pareceres técnicos” do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que procede a análises e registos de inspeções de rotina, nomeadamente a fim de se detetarem sinais ou evidências de deteriorações e anomalias, no corpo da barragem, nos sistemas de drenagem e impermeabilização, bem como nos sistemas de observação. Jerónimo Belo Jorge

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SAÚDE /

CHMT é o primeiro do país a certificar Unidade de Hospitalização Domiciliária

51.5 km percorridos pela equipa de Hospitalização Domiciliária do CHMT

1.537 visitas domiciliárias feitas pela equipa desde 2018

Um ano de Hospitalização Domiciliária

A Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) recebeu, no dia 13 de dezembro, a certificação pela norma ISO 9001:2015. Uma Certificação que aconteceu ainda antes de esta Unidade celebrar o primeiro ano de existência, que se completou no dia 19 de dezembro. Este processo de certificação, agora concluído, torna o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, na primeira entidade hospitalar do país a certificar uma Unidade de Hospitalização Domiciliária. O âmbito desta Certificação incidiu sobre a admissão e transferência de doentes para a UHD e Internamento na UHD. Este processo de Certificação iniciado em Maio deste ano, e cujo término aconteceu no corrente mês

de dezembro, terá revisão anual, por forma a garantir a continuidade das condições de qualidade e de procedimentos validados pela norma ISO 9001:2015. Os objetivos desta Certificação passaram por estabelecer critérios de qualidade e satisfação de clientes internos e externos definindo todos os procedimentos da Unidade, tendo por base as Norma da Direção Geral de Saúde e a Missão do CHMT; garantir a qualidade nos processos certificados, com a monitorização contínua do Processo; implementar medidas de melhoria contínua dos processos tendo em consideração os objetivos e indicadores monitorizados e realizar benchmarking e atualizar os procedimentos de forma a garantir

Secretário de Estado da Saúde anuncia recondução de Administração do CHMT O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) foi reconduzido para um novo mandato de três anos, anunciou em Abrantes o secretário de Estado da Saúde, António Sales, durante uma visita aos utentes e profissionais daquele hospital no dia 24 de dezembro. “É com muita honra e orgulho que estou com o atual presidente do Conselho de Administração,

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Carlos Andrade Costa, que tem feito um excelente trabalho com a sua equipa no CHMT e seria mais do que normal esta recondução”, disse António Sales, quando questionado sobre se confirmava a recondução do atual gestor e da sua equipa à frente daquele Centro Hospitalar, que agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, todas no distrito de Santarém. António Sales escolheu o Hos-

JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

os melhores resultados. As vantagens deste processo de Certificação incidem sobre a uniformização de procedimentos tendo por base a legis artis, no âmbito da Hospitalização Domiciliária; a reflexão sistemática da equipa multidisciplinar sobre os resultados obtidos e procura de soluções de forma a garantir a melhoria contínua dos processos o que melhorou o relacionamento da mesma; a relação com outros Departamentos do CHMT (Logística, Farmácia; Patologia Clinica) de forma a uniformizar processos que são transversais na Instituição; e formação contínua e ações de sensibilização internas e externas para divulgação da Hospitalização Domiciliária ainda recente em Portugal.

A 19 de dezembro de 2018, o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, internou os primeiros doentes em casa. Um residente em Abrantes e outro em Alvega. Nascia a Unidade de Hospitalização Domiciliária no CHMT. Desde então a equipa de Hospitalização Domiciliária percorreu 51.500 quilómetros e realizou 1.537 visitas domiciliárias. Atualmente a equipa é constituída por um médico e quatro enfermeiros a tempo inteiro e por um Assistente Social, um Farmacêutico e um Nutricionista, a tempo parcial.

A funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano, a Hospitalização Domiciliária garante o mesmo nível de qualidade e segurança na prestação de cuidados ao doente que o internamento convencional. A Unidade de Hospitalização Domiciliária cuidou de doentes em casa com a seguinte distribuição por concelhos: Abrantes – 51; Torres Novas –22; Entroncamento – 19; Constância – 8; Mação – 8; Tomar – 8; Sardoal – 7; Barquinha – 3; Gavião – 2; Ponte de Sor – 4; Alcanena – 1; Golegã – 1; Ourém – 1; Ferreira do Zêzere – 1.

Este projeto do CHMT, EPE, resultou do trabalho em equipa entre a Unidade de Hospitalização Domiciliária e o Serviço de Gestão da Qualidade e junta esta nova certificação a um grupo de outros Serviços Assistenciais do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, como são exemplo o Serviço de Pneumologia, a Unidade de Diabetes e Obesidade e a Rede de água do Serviço de Instalações e Equipamentos, todos certificados durante o ano de 2018. Já antes, outros Serviços do CHMT estavam certificados como são os casos, a título de exemplo, do Serviço de Nefrologia, do Serviço de Imuno-hemoterapia, da Central de Esterilização, dos Cuidados Intensivos (UCIP), do Serviço de Obste-

trícia, dos Cuidados Paliativos, do Serviço de Psiquiatria, do Serviço de Pediatria – Cuidados Neonatais, da VMER, da SIV e do Serviço de Patologia Clínica. Segundo o CHMT, o conjunto dos Serviços Assistenciais certificados no CHMT, EPE, “torna esta instituição hospitalar numa das principais do Serviço Nacional de Saúde com maior número de Serviços Assistenciais certificados”. Com uma equipa de 65 auditores internos, o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE encontra-se no grupo dos hospitais do SNS, com maior número de Serviços Certificados e que têm mantido essas certificações, após as revisões anuais dos respetivos processos de Certificação.

pital de Abrantes para “lanchar” com os profissionais que estavam de serviço nestas épocas festivas. A escolha recaiu sobre Abrantes a convite de Carlos Andrade. O governante revelou que todos os anos escolhe uma unidade hospitalar para fazer esta visita de cortesia e “este ano calhou em Abrantes”. Já sobre as tão propaladas obras na urgência do hospital de Abrantes, o secretário de Estado afirmou levar “o recado” do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamentos, e do presidente do Concelho de Administração do Centro Hospitalar e revelou que

qualquer decisão será tomada no debate do Orçamento de Estado na especialidade da saúde, deixando no entanto a indicação que o setor vai ser um grande reforço financeiro em 2020. Carlos Andrade Costa também confirmou que aceitou o pedido de recondução da tutela, numa situação que vem igualmente ao encontro do pedido da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) à Ministra da Saúde no sentido da recondução do atual Conselho de Administração (CA) do CHMT, que terminou o seu segundo mandato no mês de dezembro.


DESPORTO /

«No núcleo, mais do que jogadores, formamos homens» // O Núcleo Sportinguista de Alferrerede foi constituído há 25 anos e, para além de um espaço de convívio para os associados, tem 7 equipas de futebol de formação, desde as Escolinhas até ao escalão de Juniores. Conversámos com Carlos Serrano, presidente da Direção, mas também treinador, sobre o passado, o presente e o que se pretende para o Núcleo no futuro. Quando foi criado o Núcleo Sportinguista de Alferrarede (NSA) e com que objetivo?

No dia 29 de setembro de 1994, um grupo de entusiastas sportinguistas da freguesia de Alferrarede lavraram em escritura pública a criação do NSA, tendo como objetivo principal reunir a família sportinguista.

Não se pode dissociar a relação entre a realidade do futebol de formação e o ter equipas nos nacionais. Uma coisa é certa, o futebol é uma das paixões do mundo do desporto, mas na sociedade atual, atenta cada vez mais a particularidades, afirma-se muitas vezes que no desporto são os pormenores que fazem a diferença. Mas serão? importante é fazer uma reflexão sobre o que queremos de forma transparente e escolher o melhor caminho. Só assim poderemos ter equipas nos nacionais e por muitos anos.

Que tipo de ligação mantêm com o Sporting Clube de Portugal? Recebem muitos apoios do clube mãe?

A ligação dos Núcleos ao Sporting faz-se apenas na promoção, apoio e divulgação da marca Sporting. Em relação aos apoios da casa mãe, são praticamente inexistentes e dos poucos que possa haver só virão a ser dados aos Núcleos Oficiais, tendo o NSA já parecer favorável do Sporting para alterar o nome para Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Alferrarede. Como é obvio, as dificuldades existentes e aos escassos recursos financeiros disponíveis levam a que a imaginação seja importante para a angariação de algum dinheiro para cobrir as necessidades do quotidiano.

Quais são, a curto prazo, os principais objetivos do Núcleo?

O Núcleo tem como principal o b j e t i v o f o r m a r, o q u e é u m processo longo e com etapas de aprendizagem que devem ser respeitadas, para que o processo de formação de cada miúdo seja de qualidade. Tal como indica o nome, e tendo em conta que estamos a falar de futebol e de formação, teremos que afirmar que o principal objetivo é a formação de miúdos na sua plenitude no que se refere às suas competências técnicas, táticas, físicas, psicológicas e sociais.

Têm várias equipas a participar em quadros competitivos. Dedicam-se exclusivamente ao futebol? Quantas equipas e atletas integram?

O NSA parte para esta época desportiva com 110 atletas distribuídos por 6 equipas nos quadros competitivos da Associação Futebol de Santarém e uma equipa de escolinhas que participa no Torneio Concelhio de Escolinhas. Podemos falar em outras atividades não como participantes, mas como organizadores, tais como torneios de pesca, sueca e provas de BTT.

Onde é que as vossas equipas jogam e treinam?

Como não temos instalações próprias, utilizamos as que nos são disponibilizadas pelo Município, tendo no Complexo Desportivo a nossa residência, sendo os Campos n.º 2 – Abrantes e n.º 3 – Rossio ao Sul do Tejo os recintos onde treinamos e jogamos.

Quais foram os resultados mais

Em tempos, ainda antes da existência da Cidade Desportiva e dos vários relvados, o concelho de Abrantes tinha habitualmente várias equipas de futebol de formação nos campeonatos nacionais. Por que razão deixou isso de acontecer? Estará para breve o regresso aos nacionais?

Para além do Núcleo, o Carlos Serrano integra a equipa que faz as emissões de Desporto da Antena Livre. Como é esse trabalho de contar na rádio o que se passa nos campos da região?

/ Carlos Serrano, presidente da Direção do Núcleo Sportinguista de Alferrarede relevantes?

Falarmos de resultados será importante? Em primeiro lugar há que questionar a relação entre os resultados e/ou o crescimento dos jovens atletas. O NSA tem como primeiro princípio formar depois ganhar, porque a maioria dos pais aborda essa expressão de forma superficial, pensando apenas no presente e nos resultados imediatos. O resultado mais relevante foi o título de campeão distrital da segunda divisão de juvenis na época de 2017/2018.

Qual a realidade do futebol de formação no concelho de Abrantes?

O futebol de formação no concelho de Abrantes tem vindo a ganhar alguma visibilidade, pena é que não haja diálogo entre os clubes de forma a que se possa constituir equipas fortes, mas sem atropelos e conscientes de que não vale tudo para atingir objetivos. O querer vencer e conquistar troféus é importante, mas será que os miúdos estão a trabalhar atributos essenciais no seu crescimento?

Qual é o papel de um treinador das camadas jovens no meio disto tudo? Ser treinador no futebol de formação é uma tarefa mais complexa do que parece e é um cargo de muita responsabilidade. Isto porque os treinadores das camadas jovens têm uma participação ativa na vida dos miúdos. E, como tal, para além de lançar as bases da aprendizagem, também terá de lhes transmitir os valores sociais durante o seu crescimento, para que, acima de jogadores, também seja possível formar homens.

Tudo aconteceu há 20 anos num jogo em Alpiarça, fui como observador do jogo entre o Águias de Alpiarça e o Ferreira de Zêzere, que discutiam o primeiro lugar com o Abrantes Futebol Clube, e acabei a fazer comentários para a Rádio Antena Livre. Nunca pensei começar naquele momento, num programa de grande audiência, sendo o grande responsável Manuel Chambel. Aqui aplica-se o velho ditado “primeiro estranha-se depois entranha-se”, hoje continuo a ser um apaixonado pelo futebol e faço aquilo de que gosto, que é falar de futebol. José Martinho Gaspar

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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PUBLICIDADE / NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e dezanove, exarada de folhas cento e vinte e quatro a folhas cento e vinte cinco, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA E QUATRO - A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual os Senhores MANUEL FILIPE DIAS DE JESUS e mulher PAULA FERNANDA DE JESUS ESPERTO BONITO, contribuinte fiscal número 198 358 326, casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia e concelho de Vila de Rei e ela de Angola, residentes na Rua Dr. João Mota e Carvalho, lote 22, em Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, ele marido é dono e legítimo possuidor do seguinte prédio: ---Prédio rústico sito em Restolho de Trigo, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de mil quinhentos e sessenta metros quadrados, a confrontar de Norte com caminho, de Sul com Manuel Martins, de Nascente com Luís de Jesus e de Poente com Lucinda Maria de Jesus, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 102 da secção D. ---Que, ele justificante é possuidor do prédio acima identificado desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e nove, por lhe ter sido doado verbalmente, ainda no estado de solteiro, maior, por sua mãe MARIA AMÁLIA, viúva, residente na Rua dos Lírios, número 208 C, em Vale de Rás, Abrantes, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ---Que, desde a referida data, logo há mais de vinte anos, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, cortando a madeira e limpando o mato, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecido como seu dono por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião, titulo este que, por natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. ­---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ---Abrantes, 20 de Dezembro de 2019. A Notária: Sónia Maria Alcaravela Onofre

---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e dezanove, exarada de folhas cento e doze a folhas cento e catorze, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA E QUATRO - A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual a Senhora MARIA AMÁLIA, contribuinte fiscal número 118 962 31 O, viúva, natural da freguesia e concelho de Vila de Rei, residente na Rua dos Lírios, número 208 C, em Chainça, Abrantes, DECLAROU que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora dos seguintes prédios: ­---UM) Prédio rústico, sito em Cabeço da Esteveira, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de cultura arvense de regadio, figueiras, oliveiras, mato e pinhal, com a área de dois mil metros quadrados, a confrontar de Norte e de Nascente com Luís de Jesus, de Sul e de Poente com José Lopes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 41 da secção E. ---DOIS) Prédio rústico, sito em Bajouco, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de mato, pinhal e cultura arvense, com a área de setecentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte e de Nascente com António Dias Pedro, de Sul com Luís Marques Pinheiro e de Poente com Luís Marques Branco, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 501 da secção C. ---Que, ela justificante é possuidora dos prédios acima identificados desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e nove, por partilha meramente verbal, por óbito de seu marido João de Jesus, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ---Que, desde a referida data, logo há mais de vinte anos, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, amanhando-os, cortando a madeira e limpando o mato, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecida como sua dona por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição dos citados imóveis por usucapião, titulo este que, por natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. ­---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ­---Abrantes, 20 de Dezembro de 2019. A Notária: Sónia Maria Alcaravela Onofre

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NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e dezanove, exarada de folhas cento e quinze a folhas cento e dezassete, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA E QUATRO - A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual os Senhores SILVINO DE JESUS, contribuinte fiscal número 101 183 690 e mulher MARIA ADÉLIA DA CONCEIÇÃO MOLEIRO DE JESUS, contribuinte fiscal número 119 856 760, casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia e concelho de Vila de Rei e ela da freguesia de Aboboreira, do concelho de Mação, residentes na Rua Jogo da Bola, número 76, em Aboboreira, Mação, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios ---UM) Prédio rústico sito em Carrapeteiro, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de mil cento e sessenta metros quadrados, a confrontar de Norte e de Sul com António Marques Branco, de Nascente com Manuel Marques Rosa e Outros e de Poente com António Marques Penedo e Outros, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 130 da secção D. ---DOIS) Prédio rústico sito em Covão da Velha, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de cultura arvense de regadio, mato, pinhal e eucaliptal, com a área de três mil e seiscentos metros quadrados, a confrontar de Norte com António Dias Pimenta, de Sul com Pedro de Jesus, de Nascente com Fernanda Silva e de Poente com Lucinda Maria de Jesus, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 151 da secção D. ­---TRÊS) Prédio rústico sito em Cova da Cabeça, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de quinhentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com António Maria Lopes, de Sul com António Maria Lopes e outros, de Nascente com Lucinda Maria de jesus e Outros e de Poente com Lucinda de Jesus e Outro, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 525 da secção C. ­---QUATRO) Prédio rústico sito em Cova da Cabeça, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de mato, oliveiras e pinhal, com a área de dois mil e duzentos metros quadrados, a confrontar de Norte e de Sul com António Marques Penedo, de Nascente com António Dias Pedro e de Poente com Manuel Marques Rosa, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 539 da secção C. ­---Que, eles justificantes são possuidores dos prédios acima identificados desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e nove, por lhes terem sido doados verbalmente, por sua mãe e sogra MARIA AMÁLIA, viúva, residente na Rua dos Lírios, número 208 C, em Vale de Rás, Abrantes, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ­---Que, desde a referida data, logo há mais de vinte anos, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, fazendo a sua conservação, amanhando-os, cortando a madeira e limpando o mato, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião, titulo este que, por natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. ---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ­---Abrantes, 20 de Dezembro de 2019. A Notária: Sónia Maria Alcaravela Onofre

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JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE ---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte de Dezembro de dois mil e dezanove, exarada de folhas cento e dezoito a folhas cento e vinte, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA E QUATRO -A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual os Senhores DOUVINA MARIA DIAS DE JESUS APARÍCIO, contribuinte fiscal número 120 837 498 e marido JOÃO PEDRO APARÍCIO, contribuinte fiscal número 147 385 806, casados no regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia e concelho de Vila de Rei, residentes na Rua João XXIII, número 72, em Tapadão, Alferrarede, Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios: ­---UM) Prédio rústico sito em Cabeço da Esteveira, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de mato e pinhal, com a área de trezentos e sessenta metros quadrados, a confrontar de Norte e de Nascente com Luís de Jesus, de Sul e de Poente com Maria Felismina, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 39 da secção E. ­---DOIS) Prédio rústico sito em Medronhal, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de duzentos e oitenta metros quadrados, a confrontar de Norte com Luís de Jesus, de Sul com Francisco Serra, de Nascente e de Poente com Agostinho Dias Novo, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 296 da secção C. ­---TRÊS) Prédio rústico sito em Medronhal, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de cento e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Luís Marques Coentro, de Sul com Agostinho Serras, de Nascente com Francisco Oliveira e de Poente com Manuel Martins Reis, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 389 da secção e ---QUATRO) Prédio rústico sito em Cova da Cabeça, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de pinhal, com a área de dois mil seiscentos e quarenta metros quadrados, a confrontar de Norte com Agostinho Dias Novo, de Sul com António Marques Penedo, de Nascente com Beatriz Navalho e Outros e de Poente com Luís Marques Branco, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na matriz sob o artigo 544 da secção C. ­---Que, eles justificantes são possuidores dos prédios acima identificados desde, pelo menos, mil novecentos e oitenta e nove, por lhes terem sido doados verbalmente, por sua mãe e sogra MARIA AMÁLIA, viúva, residente na Rua dos Lírios, número 208 C, em Vale de Rás, Abrantes, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ­---Que, desde a referida data, logo há mais de vinte anos, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, amanhando-os, cortando a madeira e limpando o mato, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição dos citados imóveis por usucapião, titulo este que, por natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. ­---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ­---Abrantes, 20 de Dezembro de 2019. A Notária: Sónia Maria Alcaravela Onofre

OPINIÃO /

Construir José Alves Jana FILÓSOFO

U

ma colega que trabalhava num concelho vizinho tinha de organizar um encontro internacional sujeito a tema e pediu-me para fazer a respectiva formação. Disse-lhe que não, pois não sabia nada do assunto, que fosse procurar outra pessoa. E foi. Mas voltou mais tarde: “Tens de ser tu, não encontrei mais ninguém”. Fui estudar e cumpri a missão. Correu bem, a ponto de o participante da Suécia me perguntar se eu dominava o Inglês, para me levar a fazer formação lá. Não dominava. E ali terminou a minha carreira internacional. Eu e um colega de Torres Novas fazíamos formação sobre gestão associativa: uma semana intensiva, manhã, tarde e noite, em regime de internato. Uma vez deram-nos um grupo de 40 pessoas, muito diversificado tanto em formação escolar como em experiência associativa. E descontentes, não sei já com quê. Ainda por cima, já entrosado por uma semana com outros formadores. Quiseram fazer-nos a vida impossível, mas nós conseguimos concretizar o programa. Foi, para nós, tão duro que depois fiquei três dias de cama e uma semana em banho-maria. Mas conseguimos. Umas semanas mais tarde fomos interpelados pela organização: os formadores das outras três semanas queixaram-se de que não tinham conseguido fazer o trabalho e só nós, não. Explicámos o problema e como o resolvemos e fomos deixados em paz. Estes são dois dos troféus que ganhei ao longo da minha vida. Daqueles que interessa alcançar, digo eu, pois mostram – no terreno – se/que valemos alguma coisa. E é porque valia alguma coisa que fui chamado a dizer da minha justiça por câmaras e suas organizações da região: Mação, Constância, Entroncamento, Tomar, Golegã, etc. Curiosamente, em 45 anos de intervenção pública no concelho de Abrantes, que me lembre apenas por três vezes a Câmara de Abrantes me chamou a dizer alguma coisa: uma vez para dizer em 10 minutos, para dirigentes associativos, alguma coisa do que fazia na tal semana intensiva; outra vez para fazer em Abrantes o que andava a fazer pelas aldeias; e uma vez para uma

formação a funcionários dos SMA. Problema da Câmara? A generalidade das nossas organizações locais nunca achou que eu tivesse alguma coisa a dizer. E até a formação profissional que tenho feito na região foi quase toda através de uma empresa de… Coimbra. (A ESTA chamou-me várias vezes… mas é feita por pessoas de fora.) Só (?) aqui, na AL e no JA não me dispensaram. Estou a queixar-me? Não. Abrantes não me deve nada. Nada. Não tenho de que me queixar. Mas Abrantes deve àqueles que tiveram menos sorte sociológica que eu. E para esses creio que eu poderia ter alguma utilidade. Aquilo que eu quero dizer, porque é importante, é que domina por aí um pensamento de desatenção ou mesmo desrespeito pelo que é nosso, pelos nossos, em paralelo com um encantamento com o que vem de fora. Às vezes, vê-se depois, os de fora nada vêm acrescentar. Não é um problema das pessoas que estão nos cargos, é da cultura das nossas organizações. Eu e outros, em 45 anos, fizemos alguns pequenos impossíveis: no Pego nos anos 70, na criação da Palha de Abrantes, no Festival do Imaginário, na manutenção da revista Zahara há 14 anos, entre outros. E foi sempre pegando nos nossos e criando condições para irmos mais longe e mais acima. Ao contrário, o culto dos deuses de fora não cria valor sustentado nas comunidades locais. São dois modelos de desenvolvimento: económico, social, cultural, etc e tal. Mas, atrevo-me a dizer, um deles não produz resultados. Isso, sim, importa discutir. P.S. – Eu sei que não devia escrever este texto, mas eu nem sempre cumpro os meus deveres


CULTURA /

CEHLA organizou XVII jornadas de história local

OPINIÃO /

A nova vaga Nuno Alves MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS nmalves@sapo.pt

/ N.º34 da Revista Zahara foi lançado durante as Jornadas Realizou-se, em Abrantes, no Edifício Pirâmide, a 6 de dezembro, a 17.ª edição das Jornadas de História Local, uma organização do CEHLA - Centro de Estudos de História Local de Abrantes. O CEHLA, que se integra na Palha de Abrantes - Associação de Desenvolvimento Cultural, realiza ininterruptamente as Jornadas de História Local desde 2003 e tem como espaço de abrangência, para além do concelho de Abrantes, os concelhos de Constância, Sardoal, Gavião, Mação, Vila Nova da Barquinha e Vila de Rei. A sessão de abertura iniciou-se com a intervenção de José Martinho Gaspar, Coordenador do CEHLA, que para além de apresentar aquelas que têm sido as atividades deste grupo informal e os desafios que se lhe colocam, levantou algumas questões respeitantes à política do Município de Abrantes no que concerne ao Património e à História Local, em particular no que concerne ao acesso digital à documentação depositada no Arquivo Municipal Eduardo Campos. Manuel Jorge Valamatos, Presidente da Câmara Municipal, para além de ter dado alguns esclarecimentos no que diz respeito à ação do Município em termos de património histórico, elogiou aqueles que no CEHLA, em regime de voluntariado, levam a cabo este projeto. Da parte da manhã, as Jornadas de História Local contaram com as comunicações do Coronel Luís Sodré de Albuquerque, intitulada “A Centralidade Militar de Abrantes”, e de José d’Oliveira Vieira, com

/ As Jornadas de História Local contaram com a comunicação do Coronel Luís Sodré de Albuquerque o título “Coisas d’Abrantes”, designação idêntica ao blogue deste investigador local. Ainda antes do intervalo para almoço, foi lançado o n.º 34 da revista Zahara, publicada semestralmente sem interrupção desde 2003, que contou que com a intervenção da sua direção e de vários colaboradores. O período da tarde iniciou-se com a apresentação de vários projetos da área de abrangência do CEHLA: “Memórias Resgatadas, Identidades Reconstruídas (MRIR): Experiências de escolarização, património e dinâmicas educativas locais”, por António Manuel Martins Silva; “MTAS – Tarefas em movimento através das formas: a dispersão agropastoril para e a partir do Alto Ribatejo”, por Sara Garcês; “CITA – Centro de Inter-

pretação Templário de Almourol”, por Vanda Costa; “Esparteiro: Artes de Entrelaçar”, por Anabela Diogo e José Martinho Gaspar. O programa das jornadas encerrou com a apresentação de vários livros por parte dos respetivos autores, na área da História e do Património, publicados no último ano na região: Lembranças da Minha Rua nos Anos 50 – Rua de São Bento, de João Manuel Janino Pereira, Castelo, Aldeia Até Quando?, de Ismael Prates Margarido, O Meu Seminário, de José Alves Jana, Os Carvoeiros do Pego, de Joaquim Gomes dos Santos, O Povo que ia à Fonte, de Susana Nabais, e Tradição Oral do Concelho de Constância – Património Cultural Imaterial, de Anabela Cardoso. JMG

tem crescido nas últimas décadas e que revela as mutações que, no meio do caos, se vive no mundo. A instabilidade que se vive não é mais do que o reflexo do caos provocado pelo esgotamento do modelo político-económico liberal criado nas últimas décadas e para o qual ainda não há uma alternativa à altura. Até lá, as elites económico-políticas existentes continuarão a tentar prolongar a vida do sistema vigente de forma a maximizarem os seus ganhos, exacerbando as desigualdades sociais e comprometendo o bem-estar das gerações futuras de uma forma cada vez mais conflituosa. Contudo, estarão estes movimentos a serem bem sucedidos? Nem por isso....Quanto mais estes movimentos crescem, menos resultados eles conseguem. Ainda há 20 anos atrás, 70% das manifestações realizadas conseguiam a concretização das suas reivindicações. Porém, com a chegada do novo milénio, essa tendência alterou-se radicalmente. Esta taxa de sucesso é agora vítima de uma queda sem precedentes considerando que actualmente apenas 30% das manifestações globalmente realizadas conseguem a concretização dos seus objectivos. Na prática, fruto da não resposta política às reivindicações, os movimentos crescem e instalam-se na paísagem social, passando, por vezes, a correrem o risco de ser normalizados ou até marginalizados pela opinião pública, que passa a desprezar as reivindicações em resultado da agressividade e violência que vai crescendo nestes movimentos. PUBLICIDADE

C

om o término de 2019, há sem dúvida alguma um fenómeno de grande relevância global que marca não só o ano que passou, como toda a década. Falo das grandes manifestações que têm enchido praças e cidades por todo o mundo, desde Espanha, França, Chile, Rússia, Bolívia, Sudão, Argélia, Hong Kong, Iraque, Cazaquistão, Índia ou República Checa. Se aparentemente estas manifestações nada têm em comum, já que as reivindicações são muito diversas, o reforço destes movimentos de protesto começa a mostrar uma abordagem mais agressiva e violenta contra a postura das elites polticas onde a democracia é cada vez mais uma desilusão para as camadas mais jovens. A corrupção que se enraizou no sistema é vista como um monstro à solta, cada vez mais difícil de domar e que beneficia uma classe político-económica em detrimento dos mais jovens, que vivem num estado de incognita, subsistindo diariamente com a incerteza do dia de amanhã. Chegou-se a um ponto de saturação. Mas este não é um fenómeno novo. A última crise apenas colocou as fragilidades da democracia à vista: um sistema político cada vez mais corrompido pelos interesses individuais de quem deveria governar para todos e onde o sonho da prosperidade e a existência de oportunidades é cada vez mais ilusório. A Primavera Árabe, em 2011, foi talvez um dos momentos mais visíveis desta contestação global, Contudo, esta é uma tendência que

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GASTRONOMIA /

Comeres – de – inverno

A

/ Inverno é sinónimo culinário de pitanças fortes, de untar a barbela e preparar os estômagos

isso hoje já são raras as sopas dos três sons, entenda-se recheadas de carne de vaca (mugidos), de carne de porco (roncos), de carne de aves (grasnadas), enriquecidas por feijões, couves, macarrão, rodelas de chouriço e pão esfarelado. Lançada essa sopa para a malga ou tigela, o dono da casa espetava garfo no meio e assim ficava erecto. Bom e substancioso caldo da estação fria. Nessa estação, para lá dos caldos atolados daquilo que a horta dá em conúbio com os tesouros guardados na salgadeira, as açordas também marcavam forte pre-

sença, porque não se podia perder o pão duro aproveitava-se para tal efeito sendo famosa a açorda de feijão-frade que podia ser enriquecida conforme as disponibilidades da dona da casa. Também muito requestada a sopa de feijão-frade à abrantina, as migas confeccionadas um pouco ao sabor da existência nos armários e arcas, sem esquecer a inspiração da cozinheira, no entanto, na altura da abundância de sável ninguém protestava contra um açorda do peixe dos pobres nos séculos da idade Moderna a par da fataça e das enguia. As enguias

proporcionavam (proporcionam opulentos ensopados) fritadas puxavantes e greladas a contento. No Inverno as duas grandes efemérides de tirar a barriga de misérias eram a matança do porco e o Entrudo ou Carnaval. A matança (vale a pena ler as descrições de Azinhal Abelho, Brito Camacho, Aquilino Ribeiro e Agustina Bessa Luís no seio de muitas mais) juntava a colhia a parentela, os bocados de porco velho e as recentemente preparadas vísceras do morto ou mortos originando frituras deliciosas são gulosos prelúdios de jantar

a obrigar a recorrer ao bagaço de estalejar os lábios (agora o uísque é rei) e à sueca no desejo de esmoer, pois lá para a meia-noite vinha (vem) o chocolate quente, as rabanadas e torresmos do rissol. O Carnaval possibilita o retorno em triplo ao melhor amigo dos cristãos – o porco –, sobe a forma de enchidos, carne da salgadeira, trago à colação o entrecosto com feijão, a orelheira de porco assada, o presunto fresco destinado a bifes e os pés. Porque o espaço é como uma manta curta, de grosso modo, no que tange a comeres representativos da estação em curso, lembro as sopas bem grossas e gostosas, ovos com cogumelos, empadões de carne, fritadas de peixe apesar da languidez do Tejo, bacalhau com presunto e cebolada bem temperada, ensopados de enguias e de borrego, o entrecosto e as feijocas, as lampreias a partir de Fevereiro, as mioladas com pão, o cabrito a cheirar a Primavera, nos lambiscos os de Natal, ainda as compotas e as maçãs assadas. Armando Fernandes

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JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

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jovial jornalista Patrícia Seixas, directora deste jornal, pediu-me um texto sobre receitas de comida subordinadas ao Inverno. Anui de imediato sem indagar quantos caracteres podia gastar, desatenção grave, porquê? Porque para lá das dificuldades da abrangência do tema (cozinha popular rural e urbana, cozinha burguesa, cozinha contemporânea, cozinha de autor e por aí adiante…) esqueci o espinhoso escrutínio que se radica no conceito de comeres de Inverno quando nos dias de hoje o conforto das residências é muito maior do que há escassos sessenta anos, os produtos multiplicaram-se via globalização provocando novos receituários, surgiram mais e melhores equipamentos nas cozinhas, as senhoras possuem melhores condições na preparação das comidas, daí o aumento de dificuldades na enunciação dos denominados pratos de invernais. Vou tentar e ouso fazer um desafio: que o Jornal de Abrantes produza um número temático alusivo à cozinha abrantina no qual estejam representadas às várias formulações operativas incluindo as derivadas da fast-food. O Inverno é sinónimo culinário de pitanças fortes, de untar a barbela e preparar os estômagos de modo a não esmorecerem no «árduo» trabalho de gastarem o tempo de pousio relativamente aos trabalhos inerentes às restantes estações do ano. Escrevi «o Inverno é», os leitores façam o favor de ler era, os trabalhos agrícolas também sofreram alteridades, consequência do progresso técnico e dos solavancos climatéricos, por


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louça de Barcelos, com bonecos e outros brinquedos muito do agrado das crianças. Em frente estavam as barracas da louça de Sacavém e, como algumas peças tinha pequenos defeitos, eram muito procuradas pelo seu módico preço. Muitos outros objectos e quinquilharias espalhavam-se pelo restante espaço. Havia também comes e bebes para vários gostos e paladares e o espaço mais prestigiado para esse fim era uma grande barraca da responsabilidade das senhoras da Acção Católica, cujo lucro revertia a favor de crianças desfavorecidas. Ao fundo estavam os carrinhos de choque, o carrossel, o circo que nunca faltava e outros divertimentos. A feira compreendia três domingos, sendo o do meio o mais concorrido. A cidade enchia-se de gente e, apesar de muitos já terem andado vários quilómetros a pé, nem por isso deixavam de encher as nossas ruas de vida e animação. Virem à feira era uma festa! No início dos anos noventa, o largo foi pavimentado e preparado para ser o parque de estacionamento que hoje é. Em 1976, no rescaldo do 25 de Abril, a Câmara atribuiu a este espaço a designação oficial de Esplanada 1º de Maio, mas a feira, para os mais velhos e o tribunal, entretanto ali construído, continuam a ser as grandes referências para este local.

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Encontramos este largo ou alameda na parte baixa da cidade, perto da estrada que segue na direcção do Rossio ao Sul do Tejo, numa zona que era noutros tempos conhecida por Ramal. Não é muito antigo, pois as obras de terraplanagem para o seu alargamento datam de Agosto de 1932 e certamente relacionadas com a construção, na proximidade, do novo edifício do mercado municipal, que ultimamente tanta polémica tem levantado por causa da sua possível demolição. Os vendedores, vindos de aldeias com bom solo para produtos hortícolas, como Chainça, Valhascos, Alcaravela e outras ainda mais distantes, deslocavam-se na altura em burros e carroças e precisavam de um espaço para acomodarem os seus animais durante o tempo da venda. Em 1941, a Câmara atribuiu-lhe o nome de António Augusto da Silva Martins, um médico militar que se distinguiu sobretudo como desportista, nascido em S. Miguel do Rio Torto, em 1892. Em 1918 participou na Grande Guerra e, integrado num batalhão de Infantaria nº 14, foi para França e aí esteve nas trincheiras da Flandres, onde se distinguiu como médico e como combatente, recebendo por isso várias condecorações, entre as quais a medalha de 1ª classe da Cruz de Guerra. Mas foi sobretudo como desportista que mais se notabilizou não só a nível nacional como internacional. Campeão em várias modalidades ( tiro, lançamento do peso e do dardo, salto em altura … ) esteve presente em muitos campeonatos, sempre com boas classificações, chegando mesmo a ir por duas vezes aos Jogos Olímpicos: em1920 em Antuérpia, onde participou como atirador e, em 1924 em Paris, nas modalidades de tiro e atletismo, saindo se não como vencedor, pelo menos nos dez primeiros lugares. Por ironia do destino, foi em Pedrouços, num treino da modalidade que ele mais amava, que um tiro acidental o atingiu, morrendo prematuramente com apenas 38 anos de idade. Muito justamente o Comité Olímpico Português dedicou-lhe estas palavras …o desaparecimento deste desportista representa uma perda irreparável para o desporto nacional.

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza.

Consultas: Campos, Eduardo, Cronologia de Abrantes no século XX, C.M.A, 2000 Martins, Inês Gentil, António Augusto da Silva Martins, Chiado editora, 2016

Janeiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SAÚDE /

Em crianças, apesar do respeito, do medo dum olhar “de esguelha” ou possível repreensão, quando à noite nos apontavam o caminho da casa de banho para lavar os dentes, uma vez fechada a porta, abríamos a torneira e voilá! A escova era um avião, a torneira um repuxo e a pasta de dentes era a nossa sobremesa! (com sabores de fruta, pastilha elástica ou gelatina, eram demasiado saborosas para serem cuspidas). É comum na consulta das crianças e jovens, nas sessões de educação ou na triagem dentária, quando falo de higiene oral, ouvir que os pais não lavam, o irmão também não, o avô tem dentes de tirar… Em geral, na corrida do quotidiano, os pais, cansados, mandam lavar os dentes, vestem-lhes o pijama e enfiam-nos na cama e só depois, vão cuidar de si. Noutros casos, é um facto que há pessoas que durante 6-9h descansam, sem fazer a escovagem mais importante do dia. (Imagine uma boca repleta de bactérias com restos de tudo o que comemos e bebemos ao longo do dia a produzir gases e ácidos que lançam para os dentes e gengivas). A questão é: “Porque não FAZER o básico, se sabemos a enorme impor-

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tância da escovagem para a Saúde Oral?” Com o intuito de ajudar, deixo algumas sugestões: - Lavem os dentes ao mesmo tempo, de igual para igual, pratiquem o jogo da imitação (é importante que a criança/jovem chegue ao espelho! Coloque um degrau se precisar). - Tenham um quadro de registo. Não poderão haver exceções e no fim de cada semana há direito a um prémio. (Um passeio, um prato preferido ou esporadicamente a guloseima mais desejada, sugiro que seja dada como sobremesa do almoço/jantar de família). E claro, diariamente, deve haver reforço positivo: “Boa!”; “Parabéns!”; “Lavaste muito bem!”. - Dar a cada dente um nome próprio e respetiva função, reforçando a importância de que para a desempenharem bem precisam de estar saudáveis e para isso bem lavados. - Pontualmente, podem fingir-se cansados e deixar que sejam os filhos a lavar-vos os dentes, pois não devem dormir sem o fazer. Eles entenderão que o sono não pode ser usado como desculpa, mesmo que nessas ocasiões deixem que sejam os pais a lavar-lhes os dentes. Importante reforçar, que mesmo com as crianças adormecidas devem limpar-lhes a

JORNAL DE ABRANTES / Janeiro 2020

boca com uma compressa ou pano molhado, principalmente quando são pequenas ou estão doentes/medicadas. - Usar um alarme ou ampulheta para controlar o tempo de escovagem. Também aconselho que não os tentem incentivar com a frase: “se não lavares tens de ir ao Dentista.” Isto vai deixá-los a pensar que ir ao Dentista é algo penalizador e na altura de visitar o profissional de Saúde Oral (Higienista Oral ou Dentista) a criança irá com medo, mesmo que não o verbalize. Apenas 5 a 10minutos diários que evitarão dores, horas desperdiçadas e dinheiro gasto em tratamentos dentários. Além disso, os hábitos criam-se com imitação e repetição de comportamentos formando crianças e jovens com 10/11anos autónomas no que respeita à sua higiene oral. Não subvalorize a dentição de leite, ela é tão ou mais importante que a dentição definitiva, pois é ainda com dentes de leite que se definem funções como a fala, a mastigação, a deglutição e a função músculo esquelética. Faz o que eu digo e vê como eu faço!

O Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, iniciou a 6 de dezembro uma nova valência do Serviço de Nefrologia - a Unidade de Intervenção Vascular sobre acessos de Hemodiálise (fístulas e próteses). Estes procedimentos são realizados em cirurgia de ambulatório, por nefrologistas com formação em radiologia de intervenção. Recorde-se que em julho de 2019 que o Serviço de Nefrologia tinha já iniciado a construção de acessos vasculares complexos em cirurgia convencional com apoio anestésico, garantindo, desde essa altura, aos utentes um maior conforto na cirurgia de acessos vasculares. Ana Vila Lobos, diretora do Serviço de Nefrologia considera que “com estas duas novas valências podemos afirmar que o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE tem agora um verdadeiro Centro de Acessos Vasculares (CAV) pois, juntamente com a construção de acessos vasculares na cirurgia de ambulatório e as duas consultas de acessos vasculares, uma de planeamento e vigilância a cargo da Nefrologia e a outra de Cirurgia, temos o necessário para respondermos aos enormes desafios que o acesso vascular impõe à Nefrologia / Hemodiálise”. Diz o CHMT, EPE em comunicado que este é “um passo importante na prestação de cuidados de saúde cada vez mais diferenciados que o CHMT, EPE disponibiliza aos seus utentes”. Carlos Andrade Costa, presidente do CHMT, frisa “o empenho e a dedicação dos profissionais dos Serviços envolvidos nesta Unidade de Intervenção Vascular”, sublinhando que “a realização destes novos procedimentos consolidam um Serviço que é já uma referência nacional no tratamento a doentes com insuficiência renal, capacitando-o ainda mais, elevando o Distrito de Santarém a um outro patamar na oferta integrada de cuidados nefrológicos à população.”.

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Unidade de Intervenção Vascular é a nova valência do CHMT


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