Jornal de Abrantes - fevereiro 2020

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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas / FEVEREIRO 2020 / Edição n.º 5588 Mensal / ANO 119 / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Hélder Silvano

Tornado F1 atinge Bemposta Pág. 9

Vida por vida: um minuto pode fazer a diferença

ABRANTES

REPORTAGEM

E depois do bullying?

Págs. 16 e 17

Rotary Clube de Abrantes homenageia Silvino Maia Alcaravela Pág. 23

ANTENA LIVRE

A rádio como você gosta está no ar há 39 anos. Pág. 4

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// Exclusivo

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Três bombeiros da corporação de Abrantes arriscaram a vida para socorrer idosos de um lar em chamas, em Rossio ao Sul do Tejo. Mesmo sem equipamento de proteção individual, não pensaram duas vezes e deram corpo ao lema dos bombeiros portugueses. Pág. 5


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

O assunto foi levado a reunião de Câmara de Abrantes em julho do ano passado. O JA foi ao local e testemunhou a degradação da estrada que liga Barca do Pego aos Valhascos. Em novembro, a Autarquia deu conta da inclusão no orçamento para 2020 da requalificação de várias estradas em estado crítico. Uma década depois de remendos e soluções provisórias, arrancaram as obras nesta estrada, com a limpeza das bermas já feita. Neste caso, foi mesmo preciso “ver para crer”.

Patrícia Seixas DIRETORA

O ano não terminou da melhor maneira em Portugal. A tempestade Elsa deixou um rasto de destruição e só em 10 concelhos do Médio Tejo foram 6,7 milhões de euros em prejuízos. Os Municípios pedem agora ajuda à Administração Central pois já perceberam que, sozinhos, não têm capacidade financeira de recuperar os territórios. Mas que o tempo está a mudar já todos percebemos. O tema das alterações climáticas continua na ordem do dia e enquanto políticos discutem medidas, ou não, elas estão por aí. Por cá, no concelho de Abrantes, tivemos uma ocorrência que não foi mais grave por ter acontecido numa zona desabitada. Foi na freguesia de Bemposta que um tornado passou com violência e deixou uma “auto-estrada” de árvores arrancadas pela raiz, torcidas, enroladas... Segundo Hélder Silvano, mentor da estação meteorológica MeteoAbrantes, que esteve no local, tratou-se de um tornado F1, ou seja, com ventos a atingirem velocidades entre 117 e 180 km/h. E por falar em MeteoAbrantes, são já 20 anos. Também lhe contamos essa história no JA. Quase que apetece dizer que, “mil anos depois” a estrada que liga Barca do Pego, no concelho de Abrantes, a Valhascos, no concelho de Sardoal, está finalmente a sofrer obras de recuperação. Uma pretensão há muito ansiada por quem por ali circula e cuja manutenção dos automóveis não fica barata. Outro dos temas que lhe trazemos nesta edição prende-se com a violência infligida a crianças e até mesmo a adultos e que agora dá pelo nome de bullying. Todos nós sabemos do que se trata, todos conhecemos casos. Mas o que não nos é explicado são as consequências que as vítimas carregam para toda a vida. Há quem supere mas também há quem não consiga viver uma vida dita normal, como é suposto. Foi notícia a nível nacional. Um incêndio num lar em Rossio ao Sul do Tejo fez sete feridos. Mas a tragédia podia ter sido pior porque nestas situações todos os segundos contam. E foram esses segundos que fizeram a diferença quando três bombeiros foram os primeiros a entrar na casa em chamas e começaram a evacuar idosos. Pensará que é uma situação normal. Afinal, são bombeiros. Mas não neste caso. Estes três homens não estavam preparados para um incêndio habitacional. Iam numa outra missão mas, mesmo sem o equipamento, arriscaram e salvaram vidas. Mais uma vez, o lema dos Bombeiros foi posto à prova: Vida por Vida! Obrigada Rui, Paulo e Nuno. E a todos os outros que chegaram rapidamente. Em Tramagal, dançou-se a última valsa no icónico D’El Rey. Foram 36 anos de história, e de histórias, de um espaço que foi sempre muito mais do que um bar. Não posso terminar sem falar do assunto que está a agitar o mundo. Dá pelo nome de coronavírus e está a espalhar-se rapidamente, não obstante os esforços envidados pela China. Não vale a pena entrar em histerismos, isso nunca ajuda, mas já sabemos que cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. E na era da globalização, todo o cuidado é pouco.

ja / JORNAL DE ABRANTES

Por vezes a falta de civismo ultrapassa todas as marcas. Esta foto é de 31 de janeiro de 2020, da Rua General Humberto Delgado, quase à porta da redação do Jornal de Abrantes. Pode dizer-se que a falta dos paralelos está assim há dois meses. Verdade. Mas verdade que a Junta de Freguesia já fez uma mão cheia de intervenções para repor a calçada. Num dia está tudo bonitinho, no outro “os jovens alunos da Escola Dr. Manuel Fernandes” fazem o favor de arrancar os cubos que foram recolocados no seu lugar. Deve ser algum desafio novo, tipo “arranca a calçada e lança os cubos para o fundo da escada”.

PERFIL /

/ Carlos Manuel Serrano da Silva / Aposentado, 59 anos

Naturalidade / Residência Nasci em Mação e resido em Abrantes há 31 anos Um filme “Oficial e Cavalheiro”. É um filme que me ficou na memória por acontecer no momento em que fui cumprir o serviço militar. Uma história intemporal de romance, amizade e crescimento. Uma viagem que marcou A viagem a uma ilha encantadora no meio do Atlântico, repleta de paisagens verdejantes, lagoas e de uma beleza sem igual e tesouros escondidos que é a Ilha de São Miguel, a maior do Arquipélago dos Açores. Um momento importante O nascimento das minhas filhas. Comemorar o nascimento de um filho é algo mágico, é atingir a meta mais importante que tinha… Ser Pai!

Um recanto diferente na região Nas muitas caminhadas feitas, aquela que me marcou mais foi iniciada na Barragem de Ortiga, passando pela margem do rio Tejo, os passadiços da praia do Alamal, Belver – visita ao castelo, Torre Cimeira e Fundeira e retorno à Barragem com almoço na Lena. Uma música Com letras marcantes, som bastante característico é o álbum “ WISH YOU WERE HERE” dos PINK FLOYD, sendo a minha banda favorita. Um livro “Sinal de Vida” de José Rodrigues dos Santos porque é aquele que estou a ler neste momento. Um país para visitar O meu, porque este Verão estive na zona de S. Pedro do Sul – Distrito de Viseu e cheguei à conclusão que ainda não conheço Portugal. É um

pequeno país com muito mais para oferecer do que o seu tamanho possa aparentar. Se fosse presidente de Câmara o que faria? Estabeleceria como prioridade máxima a criação de postos de trabalho a nível do concelho, criava ciclovias de forma a que os ciclistas pudessem circular sem utilizarem as estradas e tinha um olhar especial sobre a requalificação dos prédios devolutos. O que mais e menos gosta na sua localidade? Aquilo que mais gosto é o ar puro, paisagem relaxante, um castelo com vistas deslumbrantes sobre o Tejo e o seu museu com obras interessantes. Como aspeto negativo, o esvaziamento da cidade ao fim de semana.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Ana Rita Cristóvão (CP7675 A), anaritacristovao@mediaon.com.pt. Colaboradores Carlos Serrano, José Martinho Gaspar, Paulo Delgado, Teresa Aparício, Paula Gil, Manuel Traquina. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020


ENTREVISTA /

“Temos que transformar a desgraça numa oportunidade” // Tem 51 anos, é natural de Ortiga, no concelho de Mação. Apesar de não gostar da exposição, é a voz, o rosto e o coordenador do projeto Rotas de Mação, que promete revolucionar o turismo de natureza no concelho. Apaixonado pelo Geocaching, foi assim que tudo começou. Gosta de repetir o lema que o acompanha: “Enquanto a tua estrada não terminar, percorre-a. Serás sempre mais feliz”. E nós fomos conhecer a história do Leonel Mourato e das “suas” Rotas. Joana Rita Santos

Quem é o Leonel Mourato?

Mas para lá das Rotas, há muitas outras coisas a mexer...

Sou uma pessoa que gosta muito da sua terra e faz o que faz sem qualquer outro objetivo que não seja mesmo o prazer e o amor que tem pela sua terra e a gratidão que tenho pelas pessoas. Estudei em Mação, depois fui estudar para Abrantes e depois fui trabalhar para Lisboa. Trabalho num banco há 28 anos e desde 1999 que vivo no Porto.

Em 2018, surge a ideia de fazer algo em Mação e que vem na sequência do Geocaching...

Ainda antes... Eu sempre tive a ideia de apresentar, no âmbito do Geocaching, algo parecido no meu concelho. Porque Mação é tão ou mais bonito do que outros sítios que por aí existem e tem muito potencial. Em 2018, o Rui Dias, que é o presidente da Junta de Ortiga e é meu primo, convidou-me, no sentido de dar algum ânimo às pessoas que tinham ficado muito em baixo com os incêndios, para fazer ali umas brincadeiras de Geocaching. E foi quando fiz a Rota das Três Províncias em que veio gente de todo o país que adorou a Ortiga e toda a zona envolvente do Tejo. Esteve também presente o Vasco Estrela, que é o presidente da Câmara e meu amigo de infância, e que adorou o conceito do desporto natureza e caminhadas. O Vasco Estrela gostou daquela brincadeira e lançou-me um desafio a mim e ao Jorge Lemos, que é um amigo dos Envendos e também faz Geocaching, para apresentarmos à Câmara Municipal uma ideia que envolvesse todo o concelho. E foi isso que nós fizemos. Entre julho de 2018 até maio de 2019, andámos a tentar perceber se era ou não possível, no concelho, fazer alguma coisa deste género. Achámos que sim, que valia a pena.

Mas impuseram condições...

Sim, havia duas condições fundamentais. A primeira é que todo o concelho tinha que estar envolvido, isto é, todas as freguesias tinham que se rever no projeto. Não era fazer umas coisas bonitas nuns lados e nada nos outros. A segunda condição era não haver politiquices no meio disto. Isto foi dito cara a cara, com toda a frontalidade, ao presidente e restante Executivo da

/ Leonel Mourato é a voz, o rosto e o coordenador do projeto Rotas de Mação Câmara e a todos os presidentes de Junta. Dissemos que estávamos disponíveis para avançar mas tinham que nos garantir estas duas condições. E todos eles concordaram.

Quantas entidades e associações integram as Rotas de Mação?

Neste momento são 39 partes: a Câmara Municipal, as 6 Juntas de Freguesia, o Agrupamento de Escolas de Mação, a GNR de Mação, os Bombeiros e aproximadamente 30 associações. Foi pedido aos presidentes de Junta para convidarem todas as associações da sua freguesia. Tornámos tudo isto oficial em outubro de 2019 com a assinatura de um Protocolo que pretende responsabilizar partes. Ou seja, vamos investir bastante dinheiro que faz muita falta ao concelho e não podemos correr o risco de, amanhã, alguém vir dizer que não tem nada a ver com isto.

Após os incêndios disse que “vamos fazer da nossa maior fraqueza a nossa maior oportunidade”...

Disse-o desde o início, quer em

“Temos a vontade, temos as pessoas, temos um território que tem tudo... podemos é não ter dinheiro”.

“Quando existe uma catástrofe, as pessoas dão as mãos. E foi isso que fizemos.”

2017 quer em 2019. Nós não podemos chorar nem queixarmo-nos. Temos que transformar a desgraça numa oportunidade. Quando as pessoas se acomodam, não se agrupam. Quando existe uma catástrofe, as pessoas dão as mãos. E foi isso que fizemos.

Mas as Rotas têm um objetivo maior: o Geoparque de Mação. Em 2025?

Nós temos esse objetivo. Se lá vamos chegar ou não, eu não sei. Este objetivo poderá ficar pelo caminho, ou não, por questões financeiras. É difícil e lá mais para a frente, em 2023 ou 24, é a Câmara que vai ter que decidir. Nós temos o conhecimento pois brevemente iremos juntar às Rotas o ITM – Instituto Terra e Memória de Mação, que tem trabalhos fabulosos a nível mundial e existe a parceria com o Instituto Politécnico de Tomar. O conhecimento nós temos. Temos a vontade, temos as pessoas, temos um território que tem tudo... podemos é não ter dinheiro.

Temos projetos das Rotas para lá das Rotas... As Rotas não são só caminhadas. Depois dos percursos pedestres, o nosso Portal vai ter a chamada “Zona Montra”, que é a parte onde os nossos produtores, empresários, restauração, hotelaria vão poder mostrar os seus serviços. Eles anunciam e os turistas vêm e escolhem. Depois temos outro programa que é o “Passaporte Rotas” que tem três tema na sua base: Caminhos de Santiago, a Estrada Nacional 2 e o Geocaching. Uma das coisas que as pessoas nos pedem é que os caminhos vão às terras delas mas isso é impossível. Os percursos não podem passar em todas as terras. Mas nós fizemos uma promessa e vamos cumprir. Vamos criar uma coordenada geográfica em cada aldeia do concelho de Mação onde o percurso pedestre não passe, vamos criar o Passaporte físico e o Passaporte virtual. O turista vai ter tipo uma caderneta de cromos. Vai por cada um dos locais, tira uma fotografia e pede que lhe carimbem o Passaporte. Outra situação que também vamos desenvolver é aquilo a que chamamos de “Rotas pelos olhos de todos”. Vamos pedir às pessoas que fotografem os locais por onde passarem e essas fotos vão ser colocadas numa cloud (nuvem) para que toda a gente no mundo possa ver as fotos, incluindo maçaenses que estão fora e que gostam de ver as suas terras. Queremos fotografar o concelho todo. Vamos ainda fazer o “Voluntariado Rotas” porque queremos envolver os cidadãos. Vão ser os nossos olhos também na manutenção dos caminhos. Por fim, temos o “Plano SER – Plano de Socorro, Emergência e Resgate” que é a nossa jóia da coroa. Nós desenvolvemos esse plano porque, para nós, a segurança é prioritária. Este plano vai ser piloto a nível nacional pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, que é a entidade que faz a homologação dos percursos, e vai ser replicado para a ANEPC – Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Patrícia Seixas

(ver entrevista na íntegra em www.jornaldeabrantes.pt)

Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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ANIVERSÁRIO /

Antena Livre assinalou 39 anos

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anos. São 39 anos desde que o microfone de Abrantes ecoou pelos transístores da região de Abrantes. Era assim que começava a RAL – Rádio Antena Livre, na altura como uma “coisa” ilegal por isso tinham a alcunha de rádios “piratas” ou “livres”. Começaram a nascer por todo o país fruto dos andamentos dos tempos, das necessidades das populações e da “fome” crescente de informação. Um andamento tecnológico como outros que se lhe seguiram. Mas sobre isso haverá historiadores a tratar desses fragmentos, daquilo que foi feito em Portugal a partir do início da década de 80. A década da música. De mudanças. Do início dos computadores em casa das pessoas. Dos walkman’s para ouvir música onde quer que andássemos. Por cá, por Abrantes, o Tejo foi o grande responsável pelo aparecimento da RAL, que anos a fio desafiou as autoridades, as fiscalizações e até as possibilidades de prisão. Sim. Fazer rádio era ilegal. Mas comecemos pelo princípio. As cheias de 79 foram muito violentas e as populações não tinham informação disponível. Foram os radioamadores Carlos Ramos e Manuel Sousa Casimiro que supriram a ausência da atenção da comunicação social de âmbito nacional. Passada a cheia, ficou a ideia. Juntou-se-lhe Augusto Martins e iniciou-se a “fase de ousadia”: em Janeiro de 1981, a RAL – Rádio Antena Livre, atreveu-se a iniciar emissões regulares mas ilegais, a partir de Arreciadas, no concelho de Abrantes. O slogan “A tentação de fazer, o prazer de escutar rádio local” dá disso cabal imagem. Perseguida pelos serviços radioeléctricos, deu um passo em frente e liderou o Movimento das Rádios Livres, de que António Colaço era uma das alavancas, contra o monopólio RDP / RR. “Em Abril, Rádios Mil” era o lema. Era assim o lema e foi assim que dezenas de “radialistas” desafiaram as autoridades e os governos da altura, assim como os serviços rádio elétricos (serviços de fiscalização), na altura. E desses tempos contam-se as histórias várias. Uma vez, sabendo das fiscalizações, deslocaram a emissão de S. Miguel do Rio Torto para Mouriscas. E “fugiram”. Há outra história que marca a “pirataria” da RAL. Numa noite a fiscalização localizou as emissões feitas a partir do Convento de S. Domingos e mandou a polícia para a porta. Como lá estavam os “locutores” fechados, um dos “radialistas” foi “pedir ajuda” ao presidente da Câmara de Abrantes da altura, José Bioucas. Este autarca sempre apoiou a causa e acedeu a “distrair” os agentes da autoridade para que os “piratas” fugissem pelas traseiras com o equipamento. E assim

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aconteceu. Quando os fiscais e a polícia entraram no Convento de S. Domingos, este estava vazio. Nestes oito anos, entre 1981 e 1989, foram muitos os homens e mulheres que fizeram rádio e que fizeram a rádio. Os nomes Manuel Sousa Casimiro, Carlos Ramos, Augusto Martins e Maria Helena Silva fazem parte da história do início da RAL. Mas há muitos ou-

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

tros, como o António Colaço que depois como assessor do PS na Assembleia da República começou a “lutar” noutras vias, em nome das rádios locais. “Em 1989, conquistada a nova Lei da Rádio, todas as “rádios livres” ou “piratas” fecharam por alguns meses, a fim de abrirem as que fossem licenciadas. Foi o caso da RAL”. No resumo da história da rádio,

no site da Antena Livre, podemos ainda ler que: “Nestes primeiros tempos, o 25 de Abril ainda estava fresco e a sociedade fervilhava de iniciativa, de criatividade e de um grande esforço de afirmação da identidade local, que inclui o poder local democrático. Mas a comunicação social, a nível nacional, vivia no rescaldo do 25 de Abril e 25 de Novembro. O Público surgiria em 1990, a SIC em 92 e a TVI

em 93, em 94 a televisão por cabo. A RAL surge, portanto, antes desta abertura toda”. Em 1991, já legalizada como uma cooperativa, muda os estúdios de de Arreciadas para Abrantes (centro da cidade, para a Rua Constâncio) e é aí que se moderniza com os primeiros sistemas informáticos. Em 97 muda novamente de instalações para a Rua General Humberto Delgado, local onde ainda hoje funciona. No final da década de 90 entra numa grave crise financeira, como muitas outras no país e em 2001 o Grupo Lena Comunicação adquiriu o alvará da estação emissora. Foi em 2001 que nasceu a Média On, Comunicação Social Lda que transformou a antiga RAL numa nova rádio à qual em jeito de homenagem chamou Antena Livre: uma rádio nova com uma profunda redefinição estratégica e musical. E acrescentou-lhe outra ambição. 2005 é marcado pela entrada da Antena Livre na internet com a com emissão on line e “vive-se então uma operação de reposicionamento da rádio e consolidação empresarial, com uma nova energia em sintonia com os tempos modernos”. A trabalhar para um público alvo adulto, a grande aposta da casa é a Informação Antena Livre que se assume como informação de proximidade, não só do concelho de Abrantes, mas também de todos os concelhos da área de cobertura. A música de qualidade e os diversos conteúdos fazem da Antena Livre...a rádio como você gosta! Em 2018, a Antena Livre “volta às origens” e é adquirida ao Grupo Lena Comunicação pelo abrantino Luís Nuno Ablú Dias que aumenta o porfólio de marcas da empresa, já que tem o Jornal de Abrantes (mensário gratuito) e o novo projeto online, a Rádio Tágide. A Antena Livre continua a assumir-se como “A rádio como você gosta” e aposta numa playlist musical variada, de qualidade, e de acordo com a estratégia que assumiu há alguns anos, trabalhar. Hoje, a Antena Livre é também uma fonte de produção de conteúdos. De referir e vincar que a sua informação é retransmitida na Rádio Tágide e noutras duas rádios online produzidas na área da grande Lisboa. Também algumas das rubricas semanais da estação estão a ser retransmitidas em rádios de outros pontos do país, o que revela que o que “se faz por cá também tem qualidade para passar noutros projetos” que nada têm a ver com Abrantes ou com a Media On. Cada vez mais o FM está a dar os passos de mão dada com o online. E essa é também uma das apostas, poder mostrar na internet aquilo que acontece na região. Ou seja, continuar a apostar, de forma séria, no jornalismo de proximidade. Jerónimo Belo Jorge


SOCIEDADE /

Arriscam a vida para salvar vidas “Sabíamos que tínhamos pessoas lá dentro e tínhamos de as tirar”.

/ Rui Claro, Paulo Dinis e Nuno Pereira foram os bombeiros que entraram na casa em chamas Eram 10:27 da manhã de segunda-feira, dia 27 de janeiro. Numa viatura dos Bombeiros Voluntários de Abrantes seguiam quatro homens. Rui Claro, Paulo Dinis, Nuno Pereira e o comandante António Manuel. Dirigiam-se para uma reunião na Central do Pego. A esta hora caiu o alerta da central: incêndio num lar de idosos em Rossio ao Sul do Tejo. Como a viatura seguia na Estrada Nacional N.º 118, de imediato fizeram inversão de marcha e em minutos chegaram ao local onde estava a acontecer o fogo. Uma moradia perto do Kartódromo de Abrantes. Fumo intenso. Chamas no interior do edifício. Pânico. Gritos. Alguns idosos já estavam na rua.

Foi este o cenário com que se depararam os quatro bombeiros. Num instante o Rui, o Paulo e o Nuno não pensaram duas vezes e entraram no edifício mesmo sem qualquer equipamento de proteção individual. Nem farda própria, nem máscara. Todos têm os conhecimentos próprios da formação que vão tendo. Sabem como devem entrar. Sabem que o monóxido de carbono é um veneno que inalado em quantidade pode ser fatal. Sabem que certas peças de vestuário são mais inflamáveis do que outras. Sabem que a ventilação (abrir portas ou janelas) não pode ser feita de qualquer forma. Sabem que há idosos dentro do edifício. Sabem que alguns deles estão acamados. Sabem o risco que

correm ao entrar naquele local. Mas sabem que têm uma missão mais alta que assenta no lema “Vida por Vida”. Parece simples, mas numa fração de minuto os três começaram a fazer o socorro daqueles idosos que estavam no meio do fumo. “Entrámos em apneia (a suster a respiração), de cabeça mais baixa (porque os gases sobem) e a ouvir os gemidos dos idosos. Não víamos nada por causa do fumo. Foi às apalpadelas e a ouvir os gemidos dos idosos que os localizámos”, conta ao Jornal de Abrantes Nuno Pereira, vincando que a formação que têm é fundamental para o que fizeram naquela manhã. Rui Claro diz que o que viram

foi o que vêm todos os dias: “Socorrer pessoas” e acrescenta que os auxiliares do lar diziam que estavam idosos acamados e cá fora “já estava uma senhora com muitas queimaduras”. Rui Claro afirma que não pensaram duas vezes. “Quando demos por ela já estava lá dentro”. Nuno Pereira refuta a classificação de herói e diz que fazem o que fazem porque têm equipamento próprio para as ações, não tendo sido o caso ali porque não iam preparados para qualquer cenário de busca e salvamento. Usaram o conhecimento que têm, mas sem o equipamento adequado, o que “torna as coisas muito mais difíceis”. O fumo era um dos problemas maiores, embora Rui Claro tenha revelado que o calor intenso era o maior risco, tanto mais que tiveram de despir alguma roupa que seria mais inflamável. Paulo Dinis foi direto: “foi o instinto natural. Sabíamos que tínhamos pessoas lá dentro e tínhamos de as tirar. E sabíamos que se não tivéssemos agido assim o cenário seria muito diferente do que foi”. Neste salvamento usaram os caminhos mais rápidos para colocar as pessoas a salvo. “Tirei dois

Fogo em lar ilegal causa sete feridos O incêndio terá tido origem numa manta eventualmente em cima de um aquecedor. O fogo dominou uma das alas da casa onde estavam 18 idosos, alguns dos quais acamados. Todos os idosos foram retirados para o bar do Kartódromo de Abrantes que cedeu o espaço para acolher os feridos e evacuados tendo, dessa forma, evitado a instalação de um hospital de campanha.

Sete idosos foram hospitalizados. Três deles foram transferidos para unidades de queimados de S. José e S. Francisco Xavier, em Lisboa, e para S. João, no Porto. Os outros quatro ficaram internados em observação no Hospital de Abrantes que tinha acionado o seu plano de contingência e estava preparado para receber os 18 idosos que estavam no lar.

/ O fogo terá começado numa manta em cima de um aquecedor

idosos pela janela, por onde entrei”, explica Rui Claro ao passo que Nuno Pereira realça a dificuldade de fazer o socorro com a respiração suspensa “para evitarmos ter queimaduras nas vias respiratórias como aconteceu com algumas das vítimas”. Quando chegaram as equipas de socorro, devidamente equipadas, poucos minutos depois destes três homens terem entrado no lar em chamas ainda tiraram alguns idosos. Paulo Dinis explica que “quando chegaram, estávamos quase no nosso limite. Nos olhos. Na respiração. Ficamos aliviados e com a sensação que tínhamos feito o nosso trabalho”. Nuno Pereira reforça que a atmosfera que tinham dentro daquele edifício “era completamente tóxico”. E revelam ainda que os camaradas quando chegaram, com o equipamento adequado, ainda tiraram alguns idosos, nomeadamente um que estava acamado num local mais inacessível. Recusam ser considerados heróis e distribuem esta ação como sendo três rostos de milhares de mulheres e homens que prestam o socorro por esse país fora. Mas concordam que, se não fosse a sua ação pronta, colocando em risco a sua vida, o cenário de sete feridos, três graves, poderia ser bem pior e mais trágico. Rui Claro, Paulo Dinis e Nuno Pereira revelaram depois os momentos em que as famílias souberam, pelas notícias, do que tinha acontecido. E mesmo sabendo o risco que podem correr todos os dias, estes momentos são sempre acompanhados da emoção e dos receios dos mais próximos. O comandante António Manuel também estava no local e esteve, desde logo, a coordenar o socorro do lado de fora, até chegarem todos os meios que foram acionados. Este é o trabalho dos bombeiros e que, neste caso, deram corpo àquilo que é a sua missão, salvar pessoas. Jerónimo Belo Jorge

No socorro estiveram 33 operacionais apoiados por 13 viaturas das corporações de Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Constância, Entroncamento e Sardoal. Acrescem ainda os técnicos do INEM (incluindo dois helicópteros), da Segurança Social e os agentes policiais da PSP de Abrantes e da Polícia Judiciária. Ao final da tarde de segunda-feira, 27 de janeiro, a Segurança Social viria a dizer que era ilegal. A entidade emitiu um comunicado onde dizia que o lar não estava licenciado e iria iniciar o processo para apuramento de responsabilidades. Jerónimo Belo Jorge

Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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ATUALIDADE / Abrantes Hélder Silvano

/ Os ventos arrancaram sobreiros e azinheiras entre as aldeias de Àgua Travessa e de Chaminé

Tornado em Bemposta destruiu 3 km’s de árvores Foi numa quarta-feira, 15 de janeiro, por volta da hora de almoço, que o céu ficou cinzento e uns instantes de muito vento e chuva forte. Não havia qualquer alerta meteorológico ou da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [os avisos para a depressão Glória viriam a entrar em vigor apenas no fim de semana de 17 a 19 de janeiro]. Era, portanto, uma normal quarta-feira de inverno. Soube-se dias depois que aquele céu cinzento foi uma super célula que originou ventos fortes e em rotação. Aquilo que se chama um tornado. Na sexta-feira, dia 17 de janeiro, quase por acaso, o presidente da Junta de Freguesia de Bemposta, Manuel João, passou por uma área rural, afastada das aldeias. Algures entre Chaminé e Água Travessa detetou uma quantidade de árvores arrancadas ou partidas a meio. Surpreendido, entrou pelos terrenos adentro e percebeu que tinha acontecido ali um fenómeno qualquer, pois havia uma quantidade enorme de árvores arrancadas pela raiz, umas, e partidas a meio, outras. O autarca da Bemposta contou ao Jornal de Abrantes a devastação

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que encontrou. “Mesmo estando ligado à floresta e ao campo nunca tinha visto uma destruição natural tão grande”. Manuel João disse ainda que todos os indícios apontavam para um tornado, pois podia verificar-se nalgumas árvores as ramagens “torcidas pela força dos ventos”. E adiantou que face ao que viu “deve ter sido um tornado já com alguma intensidade.” Habituado ao campo e até como caçador, Manuel João ficou surpreendido com o que viu. “São uns três quilómetros e meio de destruição, de árvores arrancadas”. Disse que contactou de imediato a Proteção Civil Municipal e o responsável pela estação meteorológica MeteoAbrantes, no sentido de tentar perceber o que se tinha passado na sua terra. Sobre o momento certo em que terá acontecido o fenómeno não há certezas. Como o que aconteceu foi fora das zonas habitadas não existe um registo certo, apenas relatos de que “por volta da hora de almoço [do dia 15 de janeiro] houve uma chuvada forte e com vento”. Já Hélder Silvano, responsável pela estação meteorológica e pelo

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

portal MeteoAbrantes, foi ao local ver os estragos e, como meteorologista amador, fez um levantamento dos danos para enviar ao instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Disse que a ocorrência ficou registada de imediato. Depois é necessária uma clarificação científica dos especialistas para classificar o fenómeno como tornado, mas afirma não ter dúvidas que foi isso que se passou. “Face ao grau de destruição visível não tenho dúvidas que foi um tornado que passou ali. E pode ter sido um F1 [ventos até 180 km/h] face às árvores arrancadas e à forma como algumas estão torcidas”, vinca Hélder Silvano que acrescenta que ter-se-á criado ali “uma supercélula que andou os cerca de três quilómetros e depois desapareceu”. Aliás, explicou que mesmo sem alertas ou avisos meteorológicos havia condições favoráveis à ocorrência destes fenómenos, porque um tornado forma-se e depois desaparece. Neste caso terá percorrido uma distância de três mil metros, mas longe de povoados por isso não foi visível. Hélder Silvano recolheu imagens, até de drone, para fazer um

relatório para o IPMA que regista os fenómenos e pode avançar com outro tipo de investigações. E relembrou que para a ocorrência destes fenómenos não é necessário a existência de qualquer aviso meteorológico, o que os torna ainda mais perigosos face à sua imprevisibilidade. Já sobre o grau de destruição ainda tem a ver com a velocidade dos ventos e com a sua rotação, até porque um tornado pequeno pode ser mais violento do que um dos grandes. “Não é a sucção que conta no grau de destruição ou até a velocidade dos ventos, mas sim a força da rotação”, garantiu o responsável pela MeteoAbrantes revelando que daquilo que viu umas árvores foram arrancadas pela raiz, como demonstram as fotos, outras partiram a meio “por estarem mais secas”. O Jornal de Abrantes sabe que, entretanto, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera confirmou que o fenómeno verificado em Bemposta foi mesmo um tornado. Ter-se-ão verificado na região quatro ou cinco super células e uma delas resultou no tornado. Já o presidente da Junta de Freguesia manifestou-se impres-

sionado com aquilo que viu nos três quilómetros e confessa que ainda bem que não foi em zonas habitadas. Recorde-se que são cada vez mais os registos de tornados ou fenómenos de ventos intensos que assolam o nosso país e a região. E alguns que passam por zonas habitadas deixam mesmo um rasto de destruição mais visível e com elevados prejuízos. Os tornados são fenómenos meteorológicos em que uma coluna de ar gira de forma violenta e perigosa colocando em contacto uma nuvem com a superfície da terra. É um dos fenómenos mais intensos e imprevisível que existe e pode ter ventos em rotação dos 65 aos 180 km/h. Pode ter várias dimensões de diâmetro e pode “deslocar-se” ao longo de quilómetros. A intensidade dos tornados mede-se através de uma escala, denominada como escala de Fugita. Do F0 ao F5 estão catalogadas as velocidades dos ventos e há mesmo a possibilidade de na escala poder haver um F6, depois do tornado de Oklahoma, em 1999, ter registado ventos de 533 km/h. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Abrantes

Feira de S. Matias fica em definitivo no Rossio A Câmara Municipal de Abrantes anunciou no 21 de janeiro, na reunião do Executivo, “que após auscultação dos feirantes e dos abrantinos, decidiu manter em definitivo em Rossio ao Sul do Tejo a Feira de S. Matias”. “Em primeiro lugar porque os feirantes desejam que assim seja”, começou por justificar o presidente da Câmara, adiantando que os feirantes consideram que “no Vale da Fontinha ficam as coisas muito em cima das outras, ficam com fragilidades no que diz respeito à dispersão”. “Depois há outra situação que nos deixa preocupados”, continuou Manuel Jorge Valamatos, e que se prende com o facto de “daqui a duas, três semanas vamos iniciar a atividade da Feira Semanal no Vale da Fontinha e com a Feira de S. Matias ali, corresponderia a dizer que iríamos ficar pelo menos dois meses sem Mercado Semanal. E os feirantes que vão estar na Feira de S. Matias entendem que as duas coisas entram em conflito e que, para eles, a Feira ficará melhor no Rossio”. O autarca acrescentou ainda que “vamos apostar forte no Rossio ao Sul do Tejo para tentar consolidar ali a Feira de S. Matias, apostar numa melhor disposição, na valorização das entradas e acessos, na regulamentação e criar um ambiente de feira mais agradável”. Questionado pelo vereador Armindo Silveira, do Bloco de Esquerda, se a decisão agora tomada é definitiva, Manuel Jorge Valamatos explicou que o Vale da Fontinha “foi um projeto feito para uma grande bolsa de estacionamento, sempre a pensarmos no Mercado Semanal e na eventual colocação ali da Feira de S. Matias”. Armindo Silveira lembrou as críticas feitas na altura quando a Feira foi deslocalizada para o Rossio, mesmo o facto de se realizar “só numa rua como até ao ano passado também foi alvo de alguma crítica, até por questões de segurança mas penso que essas situações serão salvaguardadas”. Já Rui Santos, vereador do PSD, viu “com agrado que a Feira possa ficar definitivamente num local porque até aqui, todos os anos andava no ar a questão de onde se iria realizar” e relembrou uma questão levantada pelo PSD quando Maria do Céu Albuquerque, na altura presidente da Câmara, anunciou que a Feira iria passar para o Vale da Fontinha e que se prendia com “a proximidade com o Hospital”. O vereador considerou que o facto de a Feira ficar no Rossio

/ Feira de S. Matias vai manter-se em Rossio ao Sul do Tejo

/ Na edição de 2018 da Feira de S. Matias, era este o cartaz afixado que anunciava a nova localização do certame

“Porque os feirantes desejam que assim seja” - Manuel Jorge Valamatos

serve “para valorizar mais uma freguesia urbana e não centralizarmos as coisas só na União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede”. No entanto, Rui Santos não deixou de criticar “o planeamento da anterior presidente de Câmara” que, ironicamente, classificou de “excelente”. “Fez-se um show off imenso em torno deste assunto, há vários artigos nos jornais e na rádio sobre isto (…) e ainda bem

que o senhor presidente tem outra postura e certamente o concelho fica a ganhar com isso”, disse Rui Santos. Mas “só há aqui uma coisa que eu não consigo entender”, comentou o vereador social-democrata. Rui Santos questionou que “o senhor presidente disse que há uma manifestação de interesses por parte dos feirantes para que a Feira continue ali? É que se a memória

não me falha, quer há dois anos, quer há um ano, foram os próprios feirantes que levantaram problemas pelo facto de a Feira se realizar no Rossio. Portanto, significa que mais uma vez este Executivo agora liderado por si tem outra postura e outra abertura e poderá dar outras condições que a anterior presidente não dava”, concluiu o vereador do PSD. A edição de 2020 da Feira de S. Matias vai então realizar-se no Aquapolis Sul, em Rossio ao Sul do Tejo e irá decorrer de 14 de fevereiro a 8 de março. Posteriormente à reunião do Executivo, em comunicado, a Câmara informa que para Manuel Jorge Valamatos, “neste quase um ano de mandato tenho juntamente com a minha equipa procurado ouvir sempre os abrantinos e as demais entidades ligadas ao passado, presente e futuro do Município. Tendo-se realizado visitas ao Vale da Fontinha com os feirantes, foi-nos manifestado que, por diferentes fatores, não era o local mais propício e que era preferencial manter a feira no Aquapolis Sul. Paralelamente foram também ouvidos os feirantes do mercado semanal que demonstraram a preocupação por durante a Feira não poderem exercer a sua atividade. Solicitaram assim, que a realização da feira de S. Matias se mantivesse no Rossio, permitindo que o mercado semanal se realize durante os doze meses do ano. Juntando a estas opiniões, os acessos facilitados e uma localização privilegiada que proporciona a todos os visitantes uma experiência única em Abrantes, decidimos ter este local como o definitivo”. O Vale da Fontinha, para onde estava prevista a transição do certame, manterá assim “o seu objetivo inicial de funcionar como bolsa de estacionamento com mais de 300 lugares e parque de feiras e eventos”. Passa a receber desde já a Feira Retalhista vulgo Mercado Semanal e a Feira Grossista todas as segundas-feiras do mês, “assim como a sua abertura passa a poder receber associações e empresas locais que queiram aí desenvolver atividades, bastando para tal dirigir-se à Câmara Municipal”. A Feira de S. Matias volta a estar preenchida de carrosséis e outros divertimentos, espaços com jogos eletrónicos, barracas de quinquilharia, exposição e venda de viaturas e de alfaias agrícolas, bares, roulottes de farturas, pipocas e algodão doce. Patrícia Seixas

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ATUALIDADE / Abrantes

Farmacêutico condenado a nove anos de prisão No dia 10 de janeiro, os principais arguidos no processo de receituário fraudulento, que lesou o Estado em 2,1 milhões de euros, conheceram a sentença do Tribunal de Santarém que condenou a penas de prisão efetiva entre os seis anos e meio e os nove anos de prisão. O coletivo condenou o farmacêutico Joaquim Simões Ribeiro, proprietário das farmácias Silva, em Abrantes, e, desde 2017, da EUA, em Lisboa, a uma pena única de nove anos de prisão, tendo considerado ter sido provado que foi o mentor do esquema que, entre fevereiro de 2012 e julho de 2017, causou um prejuízo de 2.116.392 euros ao Estado, valor “mínimo” estimado pelo recebimento indevido de comparticipações do Serviço Nacional de Saúde por medicamentos que efetivamente não vendeu. A presidente do coletivo, Cristina Almeida e Sousa, não escondeu a “indignação” do tribunal perante a conduta do farmacêutico e do médico Jorge Monteiro, acusado de ter passado cerca de 10.000 receitas, das milhares constantes do processo, e condenado a uma pena única de sete anos e seis meses de prisão. A juíza afirmou que “só uma

ganância desmedida” pode explicar a “falta de sentido ético e profissional” revelado por duas pessoas que tinham uma carreira e rendimentos certos e que, de forma “vergonhosa”, retiraram ao Serviço Nacional de Saúde uma verba calculada, em valores brutos, em 4 milhões de euros e que o tribunal fixou pelo “mínimo dos mínimos” em 2,1 milhões de euros, que terão agora que ser devolvidos ao Estado. O Tribunal considerou ainda perdido a favor do Estado o valor de 550.000 euros do trespasse da Farmácia EUA, adquirida por Joaquim Ribeiro em 2017 e vendida nesse ano, e multou as duas farmácias em 250.000 euros (Farmácia Silva) e 45.000 euros (Farmácia EUA). A funcionária do Montepio Abrantino, Maria José Rapazote, acusada de ter emitido receituário fraudulento usando abusivamente as senhas das duas médicas que prestavam serviço naquela entidade, foi igualmente condenada a uma pena de prisão efetiva de seis anos e seis meses de prisão. O Tribunal atendeu ainda ao pedido do Ministério Público, de aplicação de uma pena acessória ao farmacêutico e ao médico, de inibição de funções, que fixou em quatro anos a contar do fim da

/ Farmácia Silva, em Abrantes execução da pena de prisão. Dos restantes 24 arguidos (na maioria doentes e toxicodependentes acusados de terem angariado receitas, dando o seu nome e os de outras pessoas), a sete o tribunal aplicou uma pena de prisão de cinco anos e a um de três anos e dez meses, todas suspensas com obrigação de sujeição a planos individuais de reabilitação, tendo absolvido outros 15 por falta de provas. José Flor, o funcionário da Liga dos Combatentes, onde o médico Jorge Monteiro dava consultas, que estava acusado de ter passado algum do receituário fraudulento, foi igualmente absolvido por ter

sido considerado provado não ter tido envolvimento no esquema. Cristina Almeida e Sousa afirmou não ter dúvida de se estar perante uma “associação criminosa”, que teve Joaquim Ribeiro como mentor, a que aderiram pessoas como o médico Jorge Monteiro e a funcionária do Montepio, que emitiam as receitas, e depois um conjunto de pessoas que passaram a agir de forma concertada com o objetivo de conseguirem uma contrapartida financeira. Todos os arguidos vinham acusados da prática em coautoria de um crime de falsificação de documento e de um crime de burla agravada.

Pelouros “mudam de mãos” e PSD deixa desejos Ano novo, vida nova... também no Executivo da Câmara Municipal de Abrantes. Na reunião do Executivo do dia 7 de janeiro, o presidente deu conhecimento da alteração na distribuição das áreas de responsabilidade. A Divisão de Comunicação passa assim para a responsabilidade direta do presidente da Câmara enquanto que o Serviço de Bibliotecas, da Divisão do Conhecimento, passa a estar sob a responsabilidade do vereador Luís Filipe Dias. “É a vida a acontecer”, começa por dizer Manuel Jorge Valamatos que explica depois que esta nova equipa do Executivo tem 10 meses de mandato e é o momento para reorganizar”. O presidente acrescenta que

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“sob a vereadora Celeste Simão há agora uma pressão enorme com a questão das transferências de competências, quer na área da educação, quer na área da saúde. Por sua vez, o vereador Luís Filipe Dias, por questões de ordem académica, está mais ligado com a Biblioteca” e passa-se assim esta área de responsabilidade que estava sob a égide de Celeste Simão. Por outro lado, “o vereador Luís também não podia ficar sobrecarregado e fiquei eu com a Comunicação até porque o Gabinete da Presidência está muito interligado nas suas ações com a Comunicação e houve aqui um ajustar de funções com a nossa realidade . É apenas o reajustar e ajudar-nos uns aos outros a encontrar as melhores estratégias para

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

/ Reunião de Câmara de Abrantes de 7 de janeiro de 2020 funcionarmos melhor”, explicou Manuel Jorge Valamatos.

PSD deixa desejos para 2020

E por falar em mudanças, o vereador do PSD deixou os seus votos para 2020 na primeira reunião do ano do Executivo da Câmara de Abrantes. Rui Santos elencou a lista de de-

sejos que o PSD gostava de verem cumpridos este ano. “Como estamos no início do ano, queria deixar aqui alguns desejos que o PSD tem vindo a falar desde 2017 e que se prendem com uma nova vida para o Mercado, uma melhor sinalização no concelho, a continuidade dos melhoramentos nas acessibilidades da sede de concelho às nossas freguesias, mais ilu-

A maioria das receitas tinham inscritos medicamentos, sobretudo antipsicóticos, que chegavam a custar perto de 500 euros, com comparticipações do SNS de 75% ou mesmo 100%, tendo sido detetada uma faturação de receitas que representava o triplo do ‘stock’ da Farmácia Silva, adiantou. A juíza sublinhou a necessidade de dar um sinal claro de que “o crime não compensa” e quem prevarica é punido, questionando quanto equipamento não poderia ser comprado para o SNS com os “200 milhões de euros” com que já foi “depauperado” por esquemas similares a este. C/ Lusa

minação amiga do ambiente com lâmpadas led e não só nas freguesias, que onde se tem estado a fazer mais intervenções mas também na própria cidade, porque provavelmente é onde se consome mais, a questão das entradas e saídas de Abrantes, a Av. D. João I que o senhor presidente já afirmou que iria ser intervencionada mas também alertar para uma outra que está cada vez pior e que é a Av. do Paiol”, disse o vereador social-democrata. No final, Rui Santos expressou ainda o desejo de que “para 2021 a política fiscal seja mais amiga dos abrantinos e que possamos inverter esta tendência que temos tido ao longos destes anos, que primeiro foi de aumentos e que agora é de manter já há alguns anos. (…) Não se justifica neste momento que a política fiscal do concelho de Abrantes se mantenha exatamente igual de há quatro anos a esta parte. (…) Então, se as finanças da Câmara estão boas, vamos pôr essas finanças boas cada vez mais ao serviço da nossa comunidade.


EDUCAÇÃO /

FAPOESTEJO junta associações de pais de 120 mil alunos

/ Os dirigentes da Federação das Associações de Pais tomaram posse na Escola Dr. Manuel Fernandes

/ Rui Pedro Pires Alcino Hermínio, diretor da Escola Dr, Manuel Fernandes, para além de vincar a necessidade da presença dos pais nas escolas e no processo educativo, deixou no ar uma questão para reflexão e debate no futuro: será que os jovens não passam tempo a mais na escola?

Não colocando de lado o envolvimento de todos nas mudanças que estão a ser operadas no ensino e que são necessárias, o diretor da Escola Dr. Manuel Fernandes ressalvou ainda a necessidade de olhar para o envelhecimento dos quadros escolares, pessoal docente e não docente. Presente na sessão esteve a secretária de Estado da Educação, Susana Amador, que deixou o testemunho da importância da presença dos pais e encarregados de educação no projeto educativo. E esta federação vai ter uma dinâmica muito grande naquilo que é a presença parental na escola porque quanto mais força tiver a sua participação e a cidadania,

mais força terá a escola pública. Depois lançou as quatro agendas temáticas do governo naquilo que são os objetivos do governo: os desafios das alterações climáticas, os desafios demográficos, os desafios da transição digital e os desafios dos combates às desigualdades. “E estas linhas temáticas estão a chamar as escolas. Esta geração quer falar destas coisas nas escolas”. Depois de uma longa intervenção sobre o trabalho do governo na área da educação e do desenvolvimento nacional, Susana Amador deixou a promessa de continuar a apostar no reforço dos recursos humanos. Há quatro grandes objetivos por parte do

Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

A maior federação de associações de pais do país vai abranger 876 escolas de 36 municípios das regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo. Os dirigentes tomaram posse no dia 11 de janeiro numa cerimónia na Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes, que contou com a presença da secretária de Estado da Educação, Susana Amador, e do presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascensão. Os órgãos sociais da Federação das Associações de Pais do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo (FAPOESTEJO) tomaram posse, juntando associações de 21 dos 36 concelhos da sua área de influência. O arranque da federação, que abrange uma área superior a nove mil quilómetros quadrados e associações que representam mais de 120 mil alunos, marca a continuidade daquilo que já vinha a ser desenvolvido, informalmente, por uma série de associações. Rui Pedro Pires é o presidente da Associação da Escola de Alenquer e agora presidente eleito desta nova federação, e exemplificou este novo desafio fazendo uma analogia da federação com um grão. Um grão que germina uma planta ou uma árvore. E é precisamente uma árvore que é o logótipo desta federação. Já Susana Martins, presidente da Associação de Pais da Escola Dr. Manuel Fernandes, que integra o conselho fiscal da FAPOESTEJO, congratulou-se pela forma como decorreu a eleição para além de ter destacado a presença dos pais nas escolas. Disse ainda que é preciso uma reflexão grande sobre a mudança nas escolas e que, por isso, precisa de todos os contributos pelo que a FAPOESTEJO terá um papel importante nesse processo.

Ministério e a governante deixou dois deles: “Elevar os padrões de qualidade da escola pública e de coesão territorial, trabalhar e partilhar responsabilidades com o poder regional e local [a descentralização é uma reforma fundamental para que os níveis mais adequados de decisão sejam encontrados]”. E depois, Susana Amador deixou números de investimentos nesta região [Oeste, Médio Tejo e Lezíria do Tejo]: 29 equipamentos em obra (a decorrer ou concluída) que representa 20 milhões de euros e, no país, são 700 milhões de euros de obras no parque escolar para melhorar as condições do ensino público. E manifestou ainda a intenção da continuidade do trabalho na segurança escolar através dos contratos locais de segurança envolvendo as escolas, as autarquias e a escola segura. Já Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, referiu-se à ligação da escola com a comunidade e com as novas transferências de competências do poder central para as autarquias, a partir de setembro de 2020. Em jeito de brincadeira, deixou “um recado” à secretária de Estado: “há aqui [Escola Dr. Manuel Fernandes] um problema com o ar condicionado que espero que esteja resolvido antes da transferência das competências, em setembro”. Depois desejou felicidades à FAPOESTEJO para além de uma palavra na receção em Abrantes. Depois da cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais da federação, decorreu uma mesa redonda com o debate em torno das associações de pais e de estudantes e a forma como ambas poderão “dar as mãos à direção das escolas” e ajudar nos projetos educativos e nas mudanças que o ensino necessita, face àquilo que são as mudanças crescentes da sociedade global. A FAPOESTEJO está formalmente em funções e tem como lema “juntos seremos mais escola”.

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ATUALIDADE / Abrantes

Trabalhadores do Município de Abrantes com 25 dias de férias O autarca explicou que a medida corresponde à “salvaguarda dos direitos dos trabalhadores promovendo a reposição das 35 horas de trabalho semanais e dos três dias de férias perdidos durante o anterior Governo”. Esta medida, explicou, resultou de um “processo negocial com base no diálogo e convergência” entre a Câmara de Abrantes e o STAL. A medida foi aprovada por unanimidade com uma declaração do vereador do Bloco de Esquerda que apresentou mesmo uma proposta de alteração ao texto do acordo.

BE aplaude, mas não concorda com a atribuição através da avaliação

Armindo Silveira, vereador do Bloco de Esquerda, votou favoravelmente porque é a reposição de direitos dos trabalhadores que lhes foram retirados. Realçou que o caminho será a “reposição na lei geral dos 25 dias de férias”. No entanto, o vereador do BE explicou que não concorda com a forma como a reposição destes dias vai ser feita em Abrantes, de acordo com a avaliação de desempenho dos funcionários da autarquia. “Não somos favoráveis a distinções entre funcionários. O facto de haver três ou quatro dias de férias

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Os cerca de 550 funcionários do Município de Abrantes vão passar a ter 25 dias de férias depois de a Câmara de Abrantes ter aprovado a 21 de janeiro, por unanimidade, esta medida que já tinha sido apresentada pelo presidente, Manuel Jorge Valamatos, na tomada de possa dos dirigentes do STAL, em cerimónia que aconteceu na segunda semana de janeiro na cidade. Com esta decisão a Câmara de Abrantes repõe os 25 dias de férias a todos os funcionários, mantendo a dispensa no dia do aniversário e todas as restantes regalias resultantes da avaliação de desempenho. Mas para que a autarquia possa criar o mecanismo municipal de reposição dos dias de férias que existiam antes da entrada da troika em Portugal, o mesmo tem de ser aplicado ao abrigo da avaliação de desempenho, uma vez que não pode contrariar a lei geral do país que define como período legal de férias os 22 dias. O presidente Manuel Jorge Valamatos revelou que vai assinar em breve o acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local que garante a todos os funcionários [e não apenas aos sindicalizados] a medida aprovada por unanimidade.

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/ O executivo municipal acordou com o STAL a atribuição de mais três dias de férias aos funcionários [para além dos 22 da lei geral] está dependente da avaliação. Achamos que a avaliação de desempenho já consagra benefícios, mas como este direito foi retirado pelo governo PSD/CDS o mesmo deve ser reposto na lei geral”, explicou o vereador. Aquilo que está em causa nesta posição de Armindo Silveira é o seguinte: se um funcionário da autarquia de Abrantes tiver avaliação negativa tem 22 dias de férias. Se tiver avaliação positiva tem 25 dias. No entanto, se tiver uma avaliação relevante ou excelente acrescenta um outro dia e passa a ter 26 dias de férias, ou seja, mais quatro dias do que acontece atualmente. O vereador do BE não concorda com esta distinção e defende a atribuição de três dias por igual a todos os funcionários municipais. Aliás, entregou mesmo uma proposta de alteração do acordo que vai ser assinado entre o presidente do município e o STAL. Esta questão levantou um debate aceso entre o vereador e o presidente Manuel Jorge Valamatos que, para explicação cabal das dúvidas, chamou à reunião o chefe da Divisão de Recursos Humanos da autarquia, Hélder Rodrigues, para explicar de que forma será aplicada esta decisão. Uma outra questão levantada teve a ver com a aplicação da medida a funcionários novos, uma

Para além dos 25 dias de férias, os funcionários do município continuam a ter o dia de aniversário. vez que a avaliação de desempenho é feita de dois em dois anos. O responsável pelos recursos humanos indicou que não havia forma de repor os dias de férias a não ser através da avaliação de desempenho, porque é um dispositivo municipal e desta forma pode “contornar-se” a lei geral do país. Mesmo assim o entendimento do vereador bloquista é outro por isso manteve a proposta de alteração do acordo fazendo notar que em Lisboa a mesma medida vai ser aplicada de forma igual para todos os funcionários.

PSD concorda com a devolução das férias

Rui Santos, vereador do PSD, também votou favoravelmente e em concordância com a diferenciação na avaliação de desempenho. “Entendo que deve haver a reposição dos dias de férias, mas

com algumas regras que ficaram estipuladas no acordo que acabamos de votar”. Rui Santos vincou que o mérito deve fazer parte e que se um funcionário não tiver avaliação positiva “não é bom funcionário para a autarquia nem para nenhuma empresa. Isso é uma coisa, desculpem-me a expressão, é uma questão lógica”. De referir que em 2018, ano de avaliação de desempenho dos funcionários do Município de Abrantes não houve nenhuma nota negativa.

STAL espera que outros municípios sigam o mesmo caminho

Elsa Lopes, coordenadora regional de Santarém do STAL, assinalou à agência Lusa que, “desta forma, a Câmara Municipal de Abrantes passa a fazer parte do grupo alargado de municípios que repuseram um direito adquirido por todos os trabalhadores da administração local na década de 90 e que tinha sido subtraído durante o período da intervenção da ‘troika’”. A dirigente sindical disse ainda “esperar que a assinatura que os municípios que ainda resistem à reposição dos três dias de férias possam ser “contagiados” por esta decisão. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Constância

Margem do Zêzere vai ser requalificada

dos prazos do concurso público, há necessidade de uma intervenção de urgência na plataforma junto ao Zêzere que serve de parque de estacionamento e que ficou danificada com a subida das águas do rio aquando da passagem da tempestade Elsa em Dezembro do ano passado. Segundo Jorge Pereira essa intervenção terá de ser feita rapidamente para deixar a plataforma de estacionamento pronta pa-

ras as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, por alturas da Páscoa. Como será o Município a avançar com essa intervenção que estava prevista na empreitada, os serviços técnicos e a equipa projetista refizeram os cálculos e fizerem uma redução de cerca de 15 mil euros no valor inicial da obra. Esta alteração de preço foi questionada pela vereadora da CDU Júlia Amorim alegando que em dezembro tinham aprovado as empreitadas com um valor e agora, no lançamento do concurso o valor é diferente. Jorge Pereira chamou à reunião do executivo o chefe da Divisão Técnica para que este explicasse esta alteração e que, de forma simples assenta num único fato. Como há uma intervenção que estava prevista para a empreitada, mas que por necessidade vai ser feita pelos serviços do Município esse valor é subtraído na empreitada porque esse é um trabalho que já não precisa de ser feito. O mesmo assunto foi agendado para a reunião do executivo realizada a 30 de janeiro, desta vez para aprovar o lançamento do anúncio do concurso, o júri e o gestor da obra. O tema voltou a causar

grande debate político com Júlia Amorim, da CDU, a dizer que as questões que tinha levantado na reunião anterior faziam sentido e com o chefe da Divisão Técnica a justificar os passos que foram dados. Júlia Amorim valorizou na sua intervenção a responsabilidade política e não técnica em eventuais falhas naquilo que foi a formalização das propostas para serem aprovadas pela Câmara Municipal. Não houve qualquer alteração ao preço ou prazo da empreitada. Esta intervenção surge da necessidade da plataforma estar operacional para as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem. Em causa está um rombo que as águas do Zêzere provocaram na margem esquerda do rio com a subida do caudal em consequência da passagem da tempestade Elsa. Entre os dias 20 e 22 de dezembro as descargas das barragens fizeram subir as águas dos rios provocando a inundação das zonas mais baixas de Constância. Aliás, o Município de Constância fez um relatório de prejuízos da tempestade Elsa de 300 mil euros, num total de 6,7 milhões dos municípios do Médio Tejo. PUBLICIDADE

A Câmara Municipal de Constância aprovou o lançamento de duas empreitadas para trabalhos e recuperação, reconversão e embelezamento das margens do rio Zêzere. Na reunião do executivo municipal de dia 16 de janeiro foi aprovado o lançamento do procedimento para o concurso público no valor de 363 mil euros, dividido por duas zonas distintas. Jorge Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal de Constância, explicou que as empreitadas agora em concurso público vão incidir sobre os pavimentos, os espaços ajardinados e a conceção de alguns acessos em rampa, para pessoas de mobilidade reduzida. Por outro lado, haverá lugar à remodelação do mobiliário urbano, nomeadamente tudo o que é a iluminação pública, que já está danificada, e mobiliário urbano. Estas duas empreitadas vão incidir, segundo Jorge Pereira, no Zêzere já que uma intervenção na frente ribeirinha do Tejo estará agendada para uma terceira fase. Sendo esta uma intervenção mais profunda que deverá arrancar só em meados do ano, por via

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REPORTAGEM /

Estórias & Memórias: Uma viagem no tempo pelas vozes da sabedoria Numa manhã de janeiro, entre tímidas gotas de chuva e ousadas rajadas de vento, fizemo-nos ao caminho até ao Lar de Santa Margarida, na aldeia de Santa Margarida da Coutada, em Constância. A nossa motivação era simples: ir ouvir as partilhas de quem já passou por tudo, os saberes que já não se aprendem, as aventuras que hoje nos soam inenarráveis. À nossa espera estava um grupo de idosos sentados em redor de uma toalha de memórias: um crucifixo, uma colher de pau, uma pandeireta, um chocalho, uma cesta de piquenique e também um ramo composto de folhas de oliveira, rosmaninho, louro e outras plantas que aromatizavam o ar. Objetos despertadores de conversas que, mais do que para passar o tempo, soltam as lembranças que estão guardadas no coração. Momentos tão simples como aqueles em que a dona Ilda, de 90 anos, via a mãe a espalhar “defumadores com alecrim, alfazema e arruda pela casa”, para afastar as doenças porque “na altura não havia médico”. Logo ao lado, outra senhora lembra as orações a Santa Bárbara - rezas que se faziam para afastar “barulhos estranhos” e “curar as trovoadas”. Fala-se em colocar pedrinhas de sal nos quatro cantos da casa para mandar embora os maus espíritos e chama-se à conversa a “costureira”. Ilda vivia na zona do Crucifixo (Tramagal) e diz entre risos que ela andou lá por casa: “quando caía alguma coisa para o chão, quando havia um barulho, a gente dizia 'lá anda a costureira'. Porque ela prometeu uma promessa e nunca a cumpriu e agora anda por aqui a cumprir”. Sentamo-nos na cadeira do lado e encontramos a dona Irene, nos seus joviais 97 anos acompanhados por um brilho no olhar, enquanto relembra o escasso tempo em que foi à escola só aprender a fazer o nome porque “éramos muitos irmãos e o pai não podia pagar a escola a todos”. Irene conta que foi trabalhar com 11 anos, a ceifar ervilhaca: “ganhava 25 tostões”. Fazia também queijos de cabra e ovelha. “Às vezes era 1h da manhã e estava eu a fazer queijos”. As lágrimas caem-lhe quando se lembra das filhas. Destaca o momento em que se deu o 25 de Abril de 1974. “Tinha as duas filhas em Lisboa e uma delas morava em frente ao palácio. Depois das onze horas nunca mais soube nada delas”.

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/ A iniciativa promovida pelo Município aconteceu nos lares de São João e de Santa Margarida, ambos da Santa Casa da Misericórdia de Constância Foi tema vincado nesta partilha o 25 de Abril. A maioria diz que não houve grandes agitações no campo e que o dia seguinte foi de trabalho. Noutros casos, a situação foi diferente, como nos conta Hermínia, que trabalhava em Portalegre numa fábrica de tapetes. “Nós, mulheres, a primeira coisa que fizemos foi tirar aquelas toucas que se usa na cozinha, fizemos uma fogueira e queimámos todas”, diz-nos, desabafando que “só Deus sabe da minha alma e da minha vida... cheguei a trabalhar com a guarda à minha beira”. Depois de um silêncio, chama-nos a atenção o sorriso bem disposto do senhor António Veríssimo. Lembra-se de ir a Constância fazer o exame da quarta classe “de fatinho”. Era um momento importante para o jovem rapaz de Portela de Santa Margarida, que diz com orgulho que “correu bem. Passei.” Depois, foi para servente na Metalúrgica Duarte Ferreira, em Abrantes. “Lá ganhava-se melhor do que no campo, mas depois saí de lá porque os meus pais entenderam que não devia lá ficar”. Ingressou no campo militar e aí esteve “quase 40 anos”. Nestas conversas informais, entre temas mais sérios e outros mais ligeiros, ouvimos Maurícia Carmo, 73 anos, de Vila Nova da Barquinha mas criada na Amoreira (Abrantes). Fala-nos das rivalidades que

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Continuámos manhã dentro pelas histórias do campo: de quem passava o verão a cultivar o cânhamo ou de quem conseguiu “escapar”, como o senhor Francisco, de 86 anos. Trabalhou em serrações, no tempo em que “os animais era a gente” e foi um dos trabalhadores pioneiros da CAIMA, em Constância Sul. “Estive lá 50 anos, trabalhava com as turbinas”. Falou-nos também das histórias que havia na altura de existirem armas escondidas do Estado na zona de Santa Margarida: “diziam-nos para andarmos com cuidado que havia para aí armas escondidas. A gente andava por aí na mesma, não tínhamos medo nenhum”. Fomos depois até Mação e descobrimos a dona Maria Luísa, que, apesar de já não saber a idade, não esquece que é natural da aldeia do Pereiro, a terra das “festas em honra de Nossa Senhora da Saúde” em que as flores embelezam as ruas. Diz que é “uma festa como aquelas que se fazem nas aldeias grandes” e recorda os tempos em que participava, além do trabalho na resina: “das árvores para o caneco, do caneco para a lata, era assim”. Eram assim, outros tempos em que, por exemplo, se tinham os filhos em casa e em que vinha a parteira ajudar. “Antes era assim, hoje é um luxo”, diz uma das senhoras. Outros tempos em que ter a despensa cheia era uma utopia e em que “até se comiam ovelhas infestadas”, conta-nos o senhor Joaquim, que se recorda das pestes que atacavam os animais, o seu único sustento. A nostalgia, as recordações de momentos que já não voltam, as emoções que dali surgiram e a vontade de partilhar histórias, com mais ou menos sentido mas repletas de significado, foram o resultado da iniciativa “Estórias & Memórias”, que deu voz às vozes da sabedoria.

Estreitar os laços da intergeracionalidade e valorizar os saberes antigos

/ Objetos usados para avivar as memórias de outros tempos havia com Montalvo. “Eram os parolos de Montalvo”, diz-nos a rir. Mas a expressão muda quando o caso se torna sério: namoricos entre uma rapariga da Amoreira e um rapaz de Montalvo “não jogavam bem”. Daí que, depois de ter sido criada num colégio de freiras, tenha casado com um moço da Amoreira... mas segreda-nos que a sua vontade era voltar para junto da mãe, para o campo, porque era isso que faziam as “mulheres de trabalho... tive que aguentar”. Mas se pensávamos já ter ouvido tudo, a surpresa foi maior quando nos contou que teve um filho que

nasceu com sete quilos: “parecia já um cachopo grande”. Entre o espanto e a incredulidade, a conversa puxa para o amor. Se há algo que não surpreendia na altura era um amor durar a vida toda. Assim foi com Lisete, que aos 81 recorda o primeiro namorado, com quem casou, e admite: “andar com segundos e terceiros era uma coisa que não era bem vista”. Já com Maurícia a situação foi diferente: “bati a asa e tornei a bater a asa, que ele não prestava, e mandei-o para a mãe dele e voltei para a minha mãe... e depois arranjei outro”.

Dinamizada pelo Município de Constância, através do Museu dos Rios e das Artes Marítimas, a iniciativa pretende perpetuar o conhecimento junto das gerações mais novas, através da recolha imaterial junto da população idosa. Um trabalho que é feito pela técnica Anabela Cardoso, autora do recente livro lançado pelo Município “Tradição Oral do Concelho de Constância”. Em declarações ao JA, explica que nesta recolha é fundamental “falar com as pessoas, dar-lhes atenção” e que a ideia principal é “no museu, termos uma base de dados onde possamos ter estes testemunhos”, evitando que tradições, rezas, mezinhas e diversas oralidades caiam no esquecimento. Ana Rita Cristóvão


MÉDIO TEJO /

Os presidentes dos 13 municípios do Médio Tejo pediram à ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, que, tal como está a fazer com as autarquias, explique o que está em causa na descentralização aos organismos da administração central. A ministra está a fazer um périplo pelas comunidades intermunicipais de todo o país para explicar a descentralização de competências, mas, acima de tudo, para poder ouvir os autarcas que têm questões a levantar em torno desta medida que entra em vigor em 2021. É certo que algumas autarquias já aceitaram competências nalgumas áreas, mas a grande maioria está a apontar janeiro de 2021 para assumir as áreas da saúde e da educação. E não é apenas o envelope financeiro que deverá acompanhar estas competências que está a preocupar os autarcas. A ministra diz que levou do Médio Tejo a ideia clara de que necessidade de que é a administração central que precisa de olear muito mais a sua ligação às autar-

/ Alexandra Leitão quias. “Abrir canais de diálogo com algumas estruturas intermédias da administração central. Mais do que verbas, que é preciso acertar, mas é abrir canais de diálogo com algumas estruturas da administração central é o ponto principal” disse a ministra no final da reunião. E vincou que com a descentralização o Estado vai, naturalmente, fazer acompanhar as mudanças com os recursos financeiros.

Também Anabela Freitas, presidente da CIMT referiu que o problema, a existir, não está no dinheiro que acompanhará a descentralização, mas sim naquilo que é a abertura de canais de diálogo entre Estado central e estado local. E depois deixou outro pedido ou mensagem a Alexandra Leitão: “é importante que o Governo explique o que está em causa no processo de descentralização junto dos outros ministérios e dos organismos desconcentrados da administração que detinham competências que estão a ser passadas para as autarquias, para ser claro”. Esta reunião entre a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública aconteceu no dia 28 de janeiro, nas instalações da CIMT. Anabela Freitas deu como exemplo o processo administrativo de licenciamento da pintura de casas que se situem junto a estradas nacionais, que passou para a alçada dos municípios, mas que a Infraestruturas de Portugal “não aceita”, havendo casos em que passou coimas. E este é um dos exemplos claros da necessidade

de abertura de vias de diálogo das estruturas da administração central, fato também reconhecido pela ministra. Alexandra Leitão garantiu que a vontade do Governo é garantir os prazos que estão no diploma, sendo que a administração central ainda tem de trabalhar muito neste processo, no qual as autarquias já estão a trabalhar muito. Embora no final a questão mais vincada tenha sido a ligação entre estruturas, também os municípios do Médio Tejo têm no topo das suas preocupações o pacote financeiro e os recursos humanos nas áreas da educação e da saúde, estando em causa questões como a verba de 20.000 euros para a manutenção dos edifícios, considerada “manifestamente insuficiente”, acrescentou. Apesar de tudo, Anabela Freitas, também colocou de lado uma ideia já defendida por autarcas do norte de um eventual adiamento. Refira-se, a título de exemplo, que o Município de Abrantes tem cerca de 550 funcionários. Com a descentralização das estruturas da Saúde e da Educação assume a responsabilidade do pessoal (ou seja, nas escolas o pessoal não docente e na saúde os auxiliares e administrativos) o que implica quase duplicar o quadro do pessoal. Com uma área geográfica de 3.344 quilómetros quadrados,

a CIMT integra os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas, e Vila Nova da Barquinha (do distrito de Santarém) e ainda Sertã e Vila de Rei (distrito de Castelo Branco), com um total de 247.330 habitantes. Dos 13 municípios, apenas Mação não aceitou, até ao momento, nenhuma competência prevista no pacote da descentralização. Todos os outros municípios estão a apontar 2021, para poderem adequar e adaptar as estruturas municipais a este novo desafio. Recorde-se que a descentralização de competências tem de ser aprovada pelo executivo municipal e depois ratificado pela Assembleia Municipal. Dando o exemplo do presidente da Câmara de Abrantes em relação ao que muda na saúde “voltando um centro de saúde de pernas para o ar, tudo o que não cair passa para alçada do município”, ou seja, os edifícios. Os equipamentos serão da responsabilidade do Ministério da Saúde. Mas se a Educação e a Saúde são das áreas mais complexas pelo volume de recursos humanos e financeiros, há muitas outras questões como o exemplo dado por Anabela Feitas sobre licenciamento da pintura de casas que se situem junto a estradas nacionais. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Municípios querem mais diálogo antes da descentralização

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ATUALIDADE / Mação

Elsa deixa prejuízos de quase 2 milhões em Mação

madeiras das margens, a piscina das crianças... ficou tudo partido. É uma praia de Bandeira Azul por isso há urgência em avançar com as reparações em tempo útil”, explicou o autarca revelando que outro dos grandes prejuízos assentou a consolidação de encostas das linhas de água, após os incêndios de 2017. Agora a água limpou todo o trabalho que tem vindo a ser feito, lamentou ainda o presidente da Câmara de Mação. A maior fatia da despesa [804 mil euros] vai para a reparação da rede viária florestal afetada pelos incêndios de 2017. Seguem-se as

A Câmara Municipal de Mação já fez a lista dos estragos, em termos públicos, causados pela tempestade Elsa nos dias 19 e 20 de dezembro de 2019. E é uma lista bem extensa e onerosa. Segundo os serviços da autarquia a reparação dos estragos, segundo números a que o Jornal de Abrantes teve acesso, deverá rondar 1 milhão e 900 mil euros, em repavimentações, consolidação de taludes, reparação de mais de uma dezena de pontes sobre ribeiras ou a reparação da praia fluvial de Carvoeiro. Ainda segundo a autarquia, as freguesias mais afetadas pela tempestade extratropical foram Carvoeiro, Envendos e a União das Freguesias de Mação, Aboboreira e Penhascoso. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, revelou ao Jornal de Abrantes que uma das situações para uma resolução mais urgente é a reparação da praia fluvial de Carvoeiro. A força das águas, em enxurrada, destruíram 50% das infraestruturas. “As pontes de madeira, as

O concelho de Mação foi o que apresentou mais prejuízos no Médio Tejo. 11 pontes afetadas e rede viária em diversos pontos do concelho [335 mil euros], pavimentos e taludes em diversas estradas do concelho [165 mil euros], quase 300 mil euros para duas empreitadas de consolidação de encostas ao nível da engenharia natural e hidrosementeiras e 115 mil euros para a reparação da praia fluvial de Carvoeiro. JBJ

IP quis cortar sobreiros à beira das estradas O corte de árvores que a Infraestruturas de Portugal (IP) esteve a fazer no concelho de Mação indignou muitos cidadãos que deram conta do desagrado do que viram em grupos nas redes sociais do concelho. António Louro, vice-presidente da Câmara Municipal de Mação que detém as responsabilidades municipais ligadas à floresta e ambiente, confirmou ao Jornal de Abrantes o abate de uma série de árvores junto a estradas que têm a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal. O autarca explicou que estão sinalizados sobreiros e azinheiras, que precisam de autorização do Instituto Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), mas que já foram cortados dezenas de pinheiros e três eucaliptos históricos, pelo menos, com mais de duas centenas de anos. António Louro revelou ainda que os cortes foram feitos em zonas em que a própria Câmara Municipal já tinha feito a limpeza de acordo com as faixas de gestão de combustível e que estas árvores não incomodavam.

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Sobre as árvores marcadas, António Louro confirmou que a população não está a receber bem a sinalização das árvores para o corte por parte da IP. “Estamos convictos que o ICNF não vai autorizar o abate de grande parte destas azinheiras e sobreiros [sendo espécies protegidas o abate

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tem de ser autorizado pelo ICNF]. Penso que o bom senso vai imperar e não vai ser autorizado este abate. Também pedimos à IP para cortarem os pinheiros e os eucaliptos, mas como não são espécies protegidas não valeu de nada”, registou o vereador da Câmara de Mação, ao mesmo tempo que

explicou que a maior parte das árvores em causa não apresenta riscos para os automobilistas, um dos principais argumentos da IP para esta ação. A Infraestruturas de Portugal respondeu a algumas questões enviadas por email e “esclarece que as árvores em questão, sobreiros e azinheiras, foram marcadas para serem sujeitas a avaliação, quer do seu estado fitossanitário, quer do potencial risco para a segurança rodoviária, tendo em consideração a sua proximidade à estrada”. Segundo a empresa pública as árvores que estão marcadas com tinta branca não são para abate, mas sim para uma avaliação das suas condições. Depois podem ou não ser abatidas, ou então podem ser “podadas”, por forma a garantir as condições de segurança para os automobilistas. Ainda segundo a IP “após esta avaliação será elaborado um plano definindo a intervenção específica, adequada e necessária executar em cada uma das árvores inspecionada”. Na mesma resposta a empresa pública

explicou que promove trabalhos de “poda e de abate de árvores, independentemente da espécie, em toda a rede de estradas sob a sua responsabilidade”. A empresa garantiu, no entanto, que não faz abastes ou cortes de forma indiscriminada. Revela que as intervenções são definidas após avaliação prévia ao seu “estado fitossanitário e ao nível de risco que possa vir a representar para a circulação rodoviária e segurança de pessoas e bens”. Questionada ainda sobre uma marcação de sobreiros e azinheiras que foi feita no concelho de Mação a IP explicou que “tratando-se de espécies protegidas, uma eventual realização de trabalhos de poda ou abate carecerá da devida autorização prévia pelo Instituto Conservação da Natureza e Florestas”. A Infraestruturas de Portugal explicou também que como medida de compensação pelos trabalhos que estão a ser feitos em Mação “está a ser desenvolvido um plano de plantações de árvores, a articular com o Município de Mação”.


SOCIEDADE / Os verdes para uma semana

Diretamente da horta para o consumidor

No dia que o Jornal de Abrantes visitou o “Prove”, Simão Pita colocava as placas com os nomes dos consumidores que haveriam de chegar e levar o seu cabaz. E fomos ver o que é que no dia 24 de janeiro cada “proprietário” do cabaz levou para casa. Batata e batata-doce, depois cebolas, alho-francês, bróculo, couve portuguesa, couve-flor, clementinas, laranjas, kiwis, limões e maçãs. E ervas aromáticas também compõem o ramalhete, neste caso os cabazes tinham tomilho e raminhos de coentros ou de salsa. Há cabazes de 7 – 9 quilos que custam 10 euros e cabazes mais leves, com 4 a 5 quilos, que têm um preço de 6 euros. Mas há uma garantia: o consumidor leva os horto-frutícolas diretamente dos agricultores.

/ O agricultor coloca a identificação em cada cabaz, assim torna-se mais fácil a sua entrega. Alguns, diz Anabela “ficamos a olhar para eles e perguntamos: o que é vou fazer?” No entanto, sabe que é assim, que as regras são assim. Da lista total dos produtos só pode alterar cinco. O “Prove – Promover e Vender” é uma metodologia que pretende contribuir para o escoamento de produtos locais, fomentando as relações de proximidade entre quem produz e quem consome, estabelecendo circuitos curtos de comercialização entre pequenos produtores agrícolas e consumidores. Está implementado em 12 distritos de Portugal e, no de Santarém, é presença assídua em Abrantes e Ourém. Em Abrantes conta com dois produtores: Simão Pita e Horta da Aldeia e com 32 consumidores regulares. E não há mais consumidores porque não há mais produtores. Há mesmo o caso de um casal jovem que veio do Porto para Abrantes e que ficou satisfeito por encontrar o “Prove”. Ao que contaram ao Jornal de Abrantes, na cidade invicta já eram consumidores e, naturalmente, se estavam satisfeitos procuraram de imediato os cabazes em Abrantes. No dia 25 de janeiro, um casal residente em Alcaravela, concelho de Sardoal, acompanhou o processo e agendou uma visita à horta de Simão Pita. Estão a equacionar a entrada na lista dos produtores. Se entrarem poderá haver um ajuste na lista dos consumidores. A Tagus é a entidade que desenvolveu o programa no Ribatejo Interior, na sua área de influência. No

início até a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA) integrou os produtores, mas acabou por sair, abrindo espaço a outros agricultores. Simão Pita, que também é professor na EPDRA, diz que alguns dos “seus” produtos são da escola. Porque não os produzindo todos aproveita a escola para os adquirir e colocar nos cabazes. Aliás, um dos maiores problemas para os produtores do “Prove” é terem de conseguir colocar nos cabazes uma dúzia de produtos. Não se podem especializar em dois ou três. Há, no entanto, uma garantia que é dada no “Prove”: são produtos de época. Simão Pita diz que por vezes os consumidores questionam os tamanhos da fruta, por exemplo, uma vez que não é calibrada, como a que encontramos no supermercado. O fundamental em cada cabaz é que contenha produtos “para as pessoas fazerem a sopa, os acompanhamentos, as saladas e a fruta. O que interessa é que as pessoas fiquem com produtos frescos para uma semana ou 15 dias”. Simão Pita acrescenta ainda que não há produtores certificados em agricultura biológica, mas garante que seguem os mesmos princípios. “Nós aqui estabelecemos uma grande proximidade e confiança entre o agricultor e o consumidor”. Simão Pita deixa um conselho a eventuais interessados na produção: “Quando planificamos a nossa horta tem de ter em atenção que devemos ter o máximo de diversidade, porque

as pessoas não querem consumir todas as semanas os mesmos produtos”. O “Prove” de Abrantes tem como local de distribuição dos cabazes o edifício Milénio, todas as sextas-feiras, das 16 às 19 horas. Jerónimo Belo Jorge

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Simão Pita e a mulher têm, há vários anos, a mesma rotina todas as sextas-feiras. De manhã, ou depois do almoço, entram na horta e começam a colheita de produtos hortícolas à medida para as encomendas que ao final na tarde hão-de ser levantadas no átrio do edifício Milénio, em Abrantes. Juntam-se os tubérculos e depois a fruta. Há ainda lugar para as aromáticas. Ou seja, aquilo que uma família pode precisar para a sua alimentação de uma semana. Simão Pita é um dos agricultores resistentes do programa “Prove” de Abrantes que foi desenvolvido pela Tagus, já lá vão duas mãos cheias de anos. Para ser produtor do Prove basta ter uma horta, produzir horto-frutícolas e ser coletado nas finanças. Depois é gerir a lista de produtos que fazem parte do programa, até porque cada consumidor pode recusar até cinco produtos que deverão ser trocados por outros. Andreia Lucas começou a ir ao “Prove” por ter acesso a produtos com mais qualidade. “Não tem nada a ver com os produtos do supermercado. O sabor da fruta não tem nada a ver”. A Andreia diz que confeciona os produtos que lhe são disponibilizados todas as semanas, mas pode sempre fazer uma ou outra exclusão, pontualmente. É uma cliente do Prove já lá vão dois anos. Anabela Silva foi levantar o cabaz e diz que “devemos apoiar os nossos produtores. E são produtos da terra”. A única coisa que mudava, se pudesse, era levar só os produtos que quer.

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REPORTAGEM /

“Eu só queria que me deixassem em paz” // Maria começou a ser vítima de bullying aos 9 anos. Foi parar ao hospital, andou a antidepressivos e começou do zero. Mudou de escola mas também a violência mudou de forma. Hoje, a jovem adulta não quer justiça, apenas tomar as rédeas da sua vida.

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ouve um dia em que eu cheguei à escola de manhã e eles já lá estavam à minha espera. Eu cheguei sozinha e não estava lá mais ninguém e eles viram-me e começaram a correr atrás de mim, fecharam-me na sala dos contínuos e começaram-me a bater. Eu pedi para me deixarem sair que estava cheia de dores porque me estavam a bater com muita força”. Este é um dos incontáveis momentos que Maria (nome fictício) não esquece. Lembra-se de cada pontapé, de cada nódoa negra, de cada momento de aflição que ainda hoje a assombra de cada vez que tem pesadelos ou que passa na rua por quem lhe deixou cicatrizes que jamais se vão embora. “Depois deixaram-me trancada lá dentro e fugiram, até que chegou uma funcionária que pensou que eu me estava a esconder na brincadeira e me abriu a porta”, diz-nos Maria, que, dominada

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pelo medo, não contou a ninguém o que se passara. Maria tinha 9 anos, andava na escola primária, e isto foi “só o início”. Tinha algumas amigas que sabiam da situação e que a ajudaram a esconder-se quando podiam, mas não denunciaram aquilo que se passava por medo das consequências que daí pudessem advir. Foi essa a razão que levou Maria a nunca contar aos pais que era vítima de bullying. “Eu sentia que se contasse ia ser pior, porque depois os meus pais iam à escola - e o meu pai não é de se ficar - e ainda podia acontecer algo que eu não queria... eu só queria que me deixassem em paz”. E assim, sem nunca contar à família, Maria conseguia encobrir a situação: “os meus pais não se aperceberam muito porque eu na altura andava na dança, nos escuteiros, e também fartava-me de correr e fazer exercício e quando eles me viam com alguma nódoa negra eu dizia que tinha sido a brincar na escola ou na dança”.

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

E nem momentos como o “acordar a meio da noite aos gritos” e os ataques de pânico que surgiam após fases de paralisia do sono levaram os pais a desconfiar daquilo que se passava. A corda foi esticando até que chegou o dia em que as nódoas negras diárias disfarçadas com passos de dança e corridas na escola deram lugar ao esgotamento físico: como se do nada fosse, Maria desmaiou na casa da avó e só acordou três dias depois. “Foi o momento que me deixou mais marca. Depois de passar dois anos em que me batiam quase todos os dias e em que usavam jogos mentais, colapsei na cozinha da minha avó. São memórias suprimidas, sei disto porque me contaram. Fui para o hospital e só acordei ao fim de três dias, não me lembro de nada”. Quando acordou, Maria tinha mais uma batalha pela frente: falar. “Eu não respondia a ninguém, eu não falava, então o médico mandou-me para o psicólogo e daí passei para o psiquiatra. Disse que estava com uma depressão

profunda e que tinha de me pôr a antidepressivos. Andei quatro anos a antidepressivos”. À partida, as coisas melhorariam a partir daqui. Maria passou para o 5º ano e mudou de escola. Foi no Liceu, em Abrantes, que conheceu pessoas novas e que teria, à partida, uma nova oportunidade de começar do zero. Mas mudaram as pessoas e mudou também o bullying. Os atos deram lugar às palavras, as marcas físicas deram lugar às marcas psicológicas. “Fiz uma amiga que me começou a bater, mas nem tanto, era mais bullying psicológico que me fazia. Se eu tentasse fazer amigos novos, ela ficava com ciúmes e começava a espalhar mentiras sobre mim, para eu não ter amigos. Fazia o mesmo se eu tentasse fazer algo sem a permissão dela... isto ao ponto de eu não ter amigos nenhuns”. A história repetia-se mas com contornos diferentes. Maria não fez queixa. Diz que “só queria ficar no meu canto, não queria que houvesse atenções vira-


REPORTAGEM /

“Eu sentia que se contasse ia ser pior (…) só queria ficar no meu canto, não queria que houvesse atenções viradas para mim” das para mim”. Ao mesmo tempo, não entendia o porquê de isto lhe estar a acontecer. “Porquê? Eu não fazia mal a ninguém. Só me dava para chorar e tinha ataques de pânico - que ainda hoje tenho em situações onde que não me sinto à vontade”. Ainda hoje, Maria não encontra explicações para ter sido um autêntico “saco de boxe”. Ainda hoje, reina a desconfiança sempre que tenta fazer novos amigos. Ainda hoje, não consegue sentir raiva nem desprezo por quem lhe causou tal sofrimento. Porque seguiu e segue à risca os ensinamentos dos pais: “lá por uma pessoa ser cruel contigo não quer dizer que o mundo inteiro seja, não quer dizer que tu tenhas ser cruel de volta. Eu sempre fui assim, porque não sou de responder com crueldade, não vou ser da mesma maneira que eles, vou ser uma pessoa melhor, porque ser assim não me ia fazer bem. Eu limitei-me a ser como os meus pais me ensinaram”. Hoje, Maria tem 22 anos. Começou novamente do zero na mesma cidade que a viu passar por todos aqueles momentos que jamais apagará da memória. Hoje, passa pelos mesmos locais onde viveu um passado de aflição, mas desta vez com um sorriso no rosto e acompanhada por amigos novos que a faculdade lhe está a dar. Hoje, em vez de se esconder, faz questão de cumprimentar todos os conhecidos por quem passa na rua. Admite que se apercebe agora da gravidade daquilo pelo qual passou mas assume-se “tão moída e demorou tanto tempo para voltar a construir-me como eu queria que...” acaba por não ter a vontade de se revoltar ou sequer de exigir justiça. Porém, afirma que se tudo isto acontecesse nos dias de hoje “já não ficava calada, porque eu sei o quanto custa sofrer em silêncio. Agora tenho a noção de que se tivesse dito alguma coisa se calhar não tinha chegado ao ponto a

que cheguei”. “Agora, já não há nada que me possam dizer ou fazer que já não me tenham dito ou feito antes, já não tem um impacto tão grande, já não me incomoda. De certa maneira, aquilo tornou-me uma pessoa mais forte e é ao facto de eu ter superado isso que eu me agarro nos momentos mais vulneráveis”. Não há borracha mágica que apague aquilo pelo qual passou, mas Maria tem hoje na mão as rédeas da sua vida e o poder de “seguir em frente, de me adaptar, sem deixar que os traumas ditem aquilo que eu vou ser ou fazer na vida”.

// O BULLYING É CRIME?

Na última década, o bullying deixou o assento de assunto quase tabu para assumir um lugar de relevo na sociedade. Uma palavra que define uma forma de agressão entre pares (crianças e jovens) que assume um padrão continuado ao longo do tempo, em que as motivações do agressor são difíceis de compreender mas em que os objetivos são claros: causar danos à vítima. E se os tempos avançam, os modos de concretizar a violência também: desde a agressão física, os insultos, até às ameaças via Internet (cyberbullying), atingindo tanto raparigas como rapazes. Em 2017, Portugal constava em 15º lugar na lista de países com mais relatos de bullying, à frente de países como os Estados Unidos. Já em 2019, um inquérito da OCDE revelava que o bullying nas escolas portuguesas tinha sofrido uma expressiva descida para metade em cinco anos (de 15,3% em 2013 para 7,3% em 2018). Apesar de alguns comportamentos poderem ser punidos pela lei em vigor, o bullying não se encontra tipificado enquanto crime no Código Penal Português. Em 2010, foi apresentada uma proposta de lei de criminalização do

bullying escolar à Assembleia da República, iniciativa legislativa que acabou por prescrever.

// O MITO DO “IGNORA QUE ISSO PASSA”

Como perceber se um filho está a ser vítima de bullying? Porque é que a criança mantém o silêncio? Que sequelas perduram no tempo e que impacto têm estes episódios nos relacionamentos futuros? Fomos procurar respostas a estas questões junto da psicóloga clínica Sofia Loureiro, pós-graduada em psicoterapia com especialização na área de crianças e adolescentes. Conta-nos que hoje “as crianças já vão falando mais, mas não tanto quando deveriam. Quando nos chegam às mãos, a situação já vem com algum tempo e muitas vezes é porque aconteceu algo em que o sofrimento já era tão grande...”, diz, reiterando que “quanto mais inicialmente se conseguir intervir melhor”. / O SILÊNCIO: “As crianças não contam a ninguém muitas vezes porque estão a ser ameaçadas. O típico 'se contares a alguém vai ser pior'. Outras vezes tem a ver com a vergonha. Incorporam internamente que a responsabilidade é sua, que não são merecedores de outro tipo de tratamento. Depois têm medo: das represálias, que os pais não acreditem, que se lhes contarem ainda sejam mais humilhados... é uma série de fatores que faz com que a criança viva com esta violência em segredo, o que é uma tortura interior”, diz a psicóloga. / O PAPEL DO PSICÓLOGO: “O psicólogo é importante porque consegue estabelecer uma relação de confiança e dar garante à criança de que ela não vai ser prejudicada, antes pelo contrário, se conseguir confiar e revelar o seu segredo. Mas nas questões do bullying todas as pessoas que interagem e estão na comunidade a viver com a criança

têm um papel fundamental, não só na prevenção mas também na deteção e na intervenção, para impedirem que as coisas continuem”. Isto porque, relembra a psicóloga, “as crianças não vivem em sítios isolados, o bullying não acontece só na escola”. / OS SINAIS DE TODOS OS DIAS: “Deve-se manter uma comunicação aberta e atenta sobre todas as áreas das vidas dos nossos filhos e perceber que tipo de amigos têm, que brincadeiras fazem, o que é que gostam mais/menos de fazer na escola, como é que se chamam os amigos, e se mantivermos este tipo de acompanhamento mais facilmente nos vamos apercebendo se algo não está a correr bem”, diz a especialista que lembra que o bullying é também sinónimo de “discriminação, isolamento social, aspetos psicológicos”. Aí, importa ter em conta “o tipo de relacionamento, se a criança é isolada saber o porquê, o tipo de gozo que não é uma brincadeira e que pode fazer com que a outra pessoa se sinta humilhada e minimizada”. Já relativamente às marcas físicas, Sofia Loureiro diz que é preciso ter noção “se os nossos filhos em casa não são crianças muito traquinas e não costumam cair, se no tipo de brincadeiras que têm em casa ou com as crianças com quem nós assistimos não acontece saírem tantas vezes magoadas”. Já no que toca a marcas físicas, destaca a importância dos profissionais de enfermagem e medicina legal na identificação de zonas do corpo onde as “lesões não são resultantes de quedas”. / IGNORAR NÃO RESOLVE: “O falar tanto do bullying é muito importante porque as pessoas têm informação, mas não é suficiente para prevenir: a informação tem que andar de mãos dadas com a ação e com a mudança de postura e de cultura e de papéis que assumimos no dia a dia”, explica a especialista que considera um “mito” a típica expressão 'ignora que isso passa'. “Se ignorar fizesse com que passasse não havia bullying já, porque é o que muita gente faz é ignorar”. / É POSSÍVEL ESQUECER?: “Há pessoas que conseguem ultrapassar, gerir e resolver. Óbvio que não se esquecem mas isso não impede que consigam seguir a sua vida com qualidade e adaptada àquilo que são as exigências do nosso mundo”, explica a psicóloga que, da sua experiência, relata que “a maior parte das pessoas acaba por conseguir ter relações gratificantes”. Mas nem tudo são rosas e há, por outro lado, “pessoas que, pela frequência, gravidade [dos atos] e por fatores individuais e sociais, ficam realmente com questões para o resto da vida”. Há ainda vítimas que passam por momentos de “dificuldade em confiar e em acreditar que podem ser gostadas como são, sem serem criticadas”, sendo comum o sentimento de “raiva e uma vontade de serem vingados, o que é perfeitamente natural em determinada fase deste processo, que é quase um processo de luto”. Ana Rita Cristóvão

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ATUALIDADE / Sardoal

Prejuízos de 1,5 ME devido ao mau tempo O Município de Sardoal já efetuou os cálculos dos prejuízos causados pela passagem da depressão meteorológica “Elsa” no mês de dezembro. Sardoal foi um dos concelhos mais afetados e, contas feitas, um milhão e meio de euros de prejuízo foi o que o mau tempo deixou para trás. O presidente Miguel Borges fala de “um prejuízo muito elevado que vai desde pontes, caminhos, condutas, estradas que ficaram sem suporte por baixo porque temos o alcatrão mas a água levou a terra, muros de ribeira, muitas barreiras... há aqui muita coisa a fazer, muito trabalho”. Relativamente ao 1,5ME, trata-se “de um valor estimativo que necessita de outro rigor que agora não foi possível, atendendo ao prazo que tínhamos para fazer esta estimativa orçamental”. No entanto, explica o presidente, “isto quer dizer que o valor poderá vir a crescer mas, de uma maneira geral e tendo em consideração alguns trabalhos que fizemos recentemente e o valor desses trabalhos, tudo aponta para um milhão e 500 mil euros”. A freguesia mais afetada foi a de Alcaravela que nas contas agora feitas, “tem uma boa fatia deste valor”. No que diz respeito às prioridades, Miguel Borges afirma que “é difícil dizer” mas, para já, o mais urgente diz respeito “à segurança de pessoas e bens, principalmente para que as pessoas possam circular entre as diferentes localidades. É essa a prioridade, situações que possam pôr em risco ou que possam estar a causar constrangimentos naquilo que é o dia-a-dia normal das pessoas”. Quanto aos apoios que o Governo possa vir a disponibilizar, Miguel Borges avançou com algumas ideias que deixou na Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). “Sugeri que fosse pedido ao Governo haver uma possibilidade de financiar os municípios porque estamos a falar de valores muito altos que, em muitos municípios, ultrapassam o milhão de euros de prejuízos”, avançou o autarca. Miguel Borges confessou que esta “é uma despesa que ninguém está à espera e se não houver apoio para esta recuperação, estamos aqui com um problema complicado”, ressalvando que este é um problema de todo o país. Foi sugestão da Associação Nacional de Municípios “termos aqui na região um valor base e passarmos tudo para a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo para,

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/ “O mais urgente diz respeito à segurança de pessoas e bens” - Miguel Borges entre os diferentes municípios, ver se a ANMP consegue convencer o Governo, em sede de Orçamento de Estado, para criar apoios”. O presidente revelou que sugeriu “a possibilidade de ser utilizada aquela Linha de Crédito de 50 ME para os municípios se substituírem aos proprietários incumpridores na questão da Aldeia Segura e que foi muito pouco utilizada, só quatro municípios é que utilizaram”. No entanto, alerta, “sem contar para a capacidade de endividamento” pois, “muitos municípios, como o

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Sardoal, estamos a utilizar a nossa capacidade de endividamento para fazer obra que está programada e sobre a qual não há financiamento comunitário”. Já relativamente ao facto de o Município vir a ter que suportar as despesas dos prejuízos com o seu próprio Orçamento, o autarca diz não acreditar “que venha a acontecer” até porque “as câmaras municipais não vão poder fechar a porta para fazer só este tipo de trabalhos [de recuperação]. Vamos ter que continuar a trabalhar nas outras

áreas”. Miguel Borges afirma ainda que “isto não pode ser encarado de forma diferente do que tem sido entendido com os incêndios. Estamos a falar de catástrofes naturais, esta também é o caso, e tem que haver sensibilidade para apoiar a

reposição do material destruído”. Milhão e meio de euros é, para já, o valor dos prejuízos causados pela passagem da depressão “Elsa” no mês de dezembro pelo concelho de Sardoal. Patrícia Seixas

Município faz doação de livros a Cabo Verde Cerca de 250 livros foram doados pelo Município de Sardoal, através da Biblioteca Municipal, a uma escola secundária de Ribeira Grande, na Ilha de Santo Antão, em Cabo Verde.

Os livros doados são títulos que a Biblioteca Municipal possuía em duplicado, disponibilizando, deste modo, “o acesso e fruição de livros num país com limitados recursos”.


ATUALIDADE / Vila de Rei

Hotel de Vila de Rei para venda em hasta pública A deliberação foi tomada por unanimidade na reunião de Câmara de 17 de janeiro: o executivo camarário aprovou a abertura de hasta pública para vender o edifício do hotel, uma vez que a empresa concessionária, a firma Almarei, quer aumentar o número de quartos do equipamento, mas o Município - proprietário do edifício - não tem atualmente capacidade financeira para suportar a execução de obras. Em declarações ao JA, o presidente da autarquia vilarregense, Ricardo Aires, explica que esta colocação de venda em hasta pública se deve à intenção do concessionário de realizar obras no hotel: “o concessionário diz que o hotel tem viabilidade financeira mas que necessita de obras”. Ora, como o concessionário pode correr o risco de fazer uma candidatura a obras e, depois dos quatro anos e meio de concessão que ainda lhe restam, perder essa mesma concessão, o Município entendeu “fazer uma hasta pública, com um valor base de um perito oficial”. “O concessionário diz que o hotel subindo até de três para quatro estrelas tem, de certeza absoluta, uma melhor viabilidade financei-

/ Hotel Vila de Rei ***, a antiga Albergaria D. Dinis ra. Agora é preciso haver dinheiro. O edifício é do Município e o Município não tem capital neste momento para investir – sobretudo com o furacão Elsa”, refere o autarca Ricardo Aires, que não

descarta a possibilidade de meter o edifício nas mãos da iniciativa privada. “Se nós virmos que a iniciativa privada for uma boa solução, acho que sim, porque não podemos atra-

vancar uma situação só por termos um hotel, isso era antigamente, hoje, com a iniciativa privada a querer fazer obras, porque não?”, diz o autarca, acrescentando que “o hotel em 97/98 foi o Município

que fez, porque na altura não havia nenhuma iniciativa privada a querer fazer um hotel – se calhar agora já é mais apetecível, também apostámos muito no turismo e a própria região também apostou muito no turismo. (…) Acho que deve-se então colocar o hotel à venda e vermos se conseguimos que a iniciativa privada faça um melhor hotel, para que haja melhores condições para que os nossos visitantes tenham melhores condições quando visitam o nosso concelho”. Neste caso, a autarquia não pode também concorrer a fundos comunitários para “remodelar ou requalificar o hotel, senão de certeza que o faríamos”. Sendo assim, foi já feita uma avaliação do imóvel por parte de técnicos e o valor base pelo qual o edifício vai para venda em hasta pública é de 493 mil euros. Em reunião de Câmara foi dado conta de que a empresa concessionária do hotel apresentou já uma possível proposta, mas Ricardo Aires afirma que “se há pessoas interessadas em comprar o hotel, espero que apareçam”. A garantia da autarquia é a de que, pelo menos, “temos ainda quatro anos e meio de hotel”. Propriedade da autarquia vilarregense, a antiga Albergaria D. Dinis Hotel***, agora Hotel Vila de Rei ***, encontra-se em funcionamento desde 2001, sendo o maior espaço hoteleiro do concelho, com 33 camas, divididas por 16 quartos duplos e um quarto individual. Ana Rita Cristóvão

Autarca diz que instalação de empresa de cannabis Cann10 vai “no bom caminho” É um investimento muito esperado que foi anunciado em novembro de 2018 e que está há cerca de um ano a aguardar a aprovação do INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. Recorde-se que a empresa fitofarmacêutica Cann10-Portugal pretende instalar em Vila de Rei uma unidade de produção e transformação de cannabis sativa com vista ao fabrico de produtos fitofarmacêuticos. Da parte da autarquia está tudo a postos para receber este investimento de 10 milhões de euros, que viu no final de 2018 serem assinados os contratos alusivos ao arrendamento. Após a reunião do executivo de dia 17 de janeiro, o presidente da autarquia, Ricardo Aires, deu conta do ponto da situação, uma vez que a expectativa aumentou com a autorização do INFARMED, no

“A luz verde já está bem verde”, diz autarca.

início do ano, de cinco empresas no âmbito de cultivo de cannabis para fins medicinais. O autarca explica que no caso de Vila de Rei o procedimento é “mais complexo” visto que “o projeto da Cann10 em Vila de Rei é industrial e não agrícola exclusivamente”. “Com base nas informações que venho a recolher até agora, junto do jurista da Cann10 que está a liderar o processo, foi efetivada uma

visão processual, de procedimento entre parte de cultivo/ indoor e o fabrico: a primeira já está completa e esperemos que a segunda fase já esteja em breve trecho também”, revela o autarca que explica assim

a complexidade maior de obter esta licença. “Os investidores [israelitas] estão à espera, já estão um bocadinho ‘fartos’, mas também estão a compreender o porquê – é uma

licença mais complexa”, refere o autarca. Mas as perspetivas são positivas, com o presidente do Município a esperar que “no primeiro trimestre deste ano” as aprovações cheguem todas: “ a parte do cultivo, das informações que tenho, está feita [é interno], mas só quando a industrial aparecer é que sai tudo. Por isso, estamos no bom caminho”. “A luz verde já está bem verde, sei que a parte de licença industrial também já está num bom caminho”, conclui. As necessidades de mão-de-obra da Cann10 em Vila de Rei irão atingir, num prazo máximo de quatro anos, os 100 trabalhadores, sendo que, dadas as exigências técnicas, a maioria serão qualificados com título académico superior. Ana Rita Cristóvão

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CM Vila Nova da Barquinha

CM Vila Nova da Barquinha

ATUALIDADE / Vila Nova da Barquinha

Tempestade Elsa deixa prejuízos 1,5 ME Quase 1 milhão e meio de euros é o prejuízo da passagem da depressão extra-tropical Elsa pelo concelho de Vila Nova da Barquinha. Os danos são vários e em todas as freguesias, mas os mais avultados resultam do aumento dos caudais do Tejo, por

um lado, e das ribeiras afluentes, por outro. Fernando Freire, presidente da Câmara da Barquinha, explicou ao Jornal de Abrantes, à margem da reunião de Câmara de dia 8 de janeiro, que a ribeira e o cais de Tancos e o cais da ilha do Caste-

lo de Almourol são as situações mais urgentes a resolver. O autarca revela que já pediu uma visita de técnicos do Ministério do Ambiente para avaliar as questões de navegabilidade do rio, até porque nas condições atuais os barcos não podem atracar no Almourol cau-

O acesso fluvial ao Castelo de Almourol ficou afetado pelas cheias sando prejuízos às rotas turísticas do concelho. Na avaliação dos estragos a autarquia identifica a consolidação de vários taludes, numa intervenção de cerca de 65 mil euros, o desaparecimento de um cais e de uma embarcação privada e a maior intervenção no talude e acesso à foz do rio Zêzere que deverá ter um orçamento da ordem dos 900 mil euros. Nesta inventariação a Câmara da Barquinha identifica ainda a regu-

Escola Ciência Viva vence 2º prémio de concurso “Vamos poupar água com o Pafi” O Grupo Os Mosqueteiros entregou à Escola Ciência Viva, em Vila Nova da Barquinha, o prémio do 2º lugar do passatempo “Vamos poupar água com o Pafi”. O passatempo, de âmbito nacional, teve por base o livro infantil “Pafi ensina a poupar água” e enquadra-se na missão do Grupo de apoiar os bombeiros portugueses e sensibilizar os mais novos para a necessidade de poupar recursos. O desafio foi direcionado a alunos do 1.º ciclo do ensino básico de escolas de norte a sul do país e centrou-se na construção de um cartaz apelativo e criativo de sensibilização para a poupança de água. João Magalhães, administrador do grupo Os Mosqueteiros, explica que “no início de junho lançámos o livro ‘Pafi ensina a poupar água” com o intuito de angariar fundos para a compra de equipamento de

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larização de uma linha de água na freguesia de Atalaia e “o desassoreamento da foz do Tejo e regularização do leito da Ribeira de Tancos” que deverão ter um custo de 482 mil euros. Contas feitas o prejuízo que a tempestade Elsa deixou na Barquinha é de 1.491.500 euros. Fernando Freire revelou que há situações mais urgentes que outras, mas que é necessário apoio do Estado para estas intervenções. Confirmou que por enquanto só existe informação de linha de apoio aos agricultores, mas espera abertura do Governo para com as autarquias. Aliás, a própria Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, depois de apurar o valor dos prejuízos da tempestade nos 13 concelhos que a integram, deverá fazer um pedido conjunto de auxílio ao governo.

proteção florestal para os nossos bombeiros, mas também com o objetivo de sensibilizar o público infantil para a necessidade de usar os recursos naturais do planeta de forma responsável. Foi com a intenção de cumprir este segundo objetivo que desafiámos escolas de todo o país a participar no passatempo “Vamos poupar água com o Pafi”. A ideia era os alunos construírem, em equipa, um suporte original que alertasse para a importância de poupar água. O desafio foi muito bem recebido e o passatempo foi um verdadeiro sucesso com muitas e excelentes participações”. A Escola Básica do Paço, na Maia, a Escola Ciência Viva, em Vila Nova da Barquinha e a Escola Básica de Arcos, em Estremoz, acabam de ver o seu trabalho premiado com vales de compras de 750, 500 e 250 euros respetivamente, bem como a oferta de um tablet para cada turma vencedora, livros para todos os alunos da escola e a visita da mascote do Grupo. O 1º prémio vai ainda receber uma experiência surpresa para os alunos da turma vencedora.


REPORTAGEM /

20 anos a dar o tempo em Abrantes Foi a 1 de janeiro de 2000, na mudança do milénio, que Hélder Silvano colocou on-line a sua estação meteorológica. Ou em rigor, os dados recolhidos pela estação e debitados para a internet através de software próprio que permite conhecer, em tempo real, as condições meteorológicas de Abrantes. Localizada em pleno centro da cidade de Abrantes, a estação meteorológica tem os instrumentos de “medição” do tempo no telhado de um prédio no Largo do Chafariz. A ligação entre os instrumentos e o computador faz-se através de uma consola de comando. A estação “Davis Vantage Pro2 Plus” faz o registo do tempo a vários níveis -temperatura, vento, humidade, pressão atmosférica, pluviosidade - e aponta os caminhos para imagens de satélite, radares meteorológicos e sites com os alertas do tempo. Mas a Meteoabrantes aponta a outras áreas mais específicas como os sismos, vulcões, furacões ou até o risco de incêndio. A Meteoabrantes [estação online] assinalou no dia 1 de janeiro 20 anos. Mas a paixão de Hélder Silvano pelo estudo do tempo começou mais cedo. Em meados da década de 90 comprou a primeira estação meteorológica já a sério. Numa altura em que a meteorologia era quase uma “vaca sagrada”, não existindo mais nada a não ser o Instituto de Meteorologia e os seus cientistas. E em que não havia o tempo registado como há hoje, em todo o lado e em qualquer dispositivo. Antes de haver Meteoabrantes já havia estação e já o então vereador da Câmara de Abrantes com os pelouros da Cultura e Deporto, mas também com a Proteção Civil, andava nos meandros as depressões e anticiclones, superfícies frontais ou pressões atmosféricas. Depois, em 1999, com a internet a ser mais “vulgarizada”, mais barata e com largura de banda mais alargada que permitia a colocação de dados na rede, Hélder Silvano tomou a decisão de criar a página “do tempo em Abrantes”. Na viragem do milénio e sem medo dos “bug’s” anunciados, na altura, abriu a 1 de janeiro de 2000 a página meteoabrantes.info com a divulgação dos dados sobre a meteorologia em Abrantes. Hoje, a página é mais que um sítio onde se pode ver o tempo ou as previsões do tempo. É um portal de meteorologia e de todos os fenómenos que lhe estão associados. “Mostra” o tempo real em Abrantes. Mas se navegarmos com algum tempo vai encontrar o

O tempo está a mudar e temos de ter essa consciência. A tempestade Elsa é um exemplo.

“Choveu num dia mais do que o inverno todo do ano passado”.

/ David Vantage Pro2 Plus é a estação meteorológica que “mede” o tempo em Abrantes

O professor de português/francês que ganhou gosto pela meteorologia Tudo começou ainda antes da faculdade. Numa tarde de verão na Albufeira do Castelo de Bode onde Hélder Silvano e uns amigos tinham ido acampar para a ilha. Criou-se uma tempestade, das grandes, de verão, e o grupo, ao tentar sair da ilha, ficou “preso” nas águas com uma avaria no motor do pequeno barco. Hélder Silvano relembra essa tarde com um sorriso, mas franze a testa, quando recorda o susto de uma vida. “Os relâmpagos e os trovões tornaram a tarde tão assustadora (…) a cair na água iluminavam a albufeira que conseguíamos ver os peixes. E ali éramos nós os para-raios. Naquela imensidão de água éramos o alvo dos relâmpagos. Foi assustador. E não fosse um campista que viu a cena ter lá ido rebocar-nos, num barco maior, não sei qual seria o desfecho”. Mas lembra, entre um sorriso, que para além de os salvar ainda reparou o motor do barco. O susto daquela tarde não mudou o rumo acadé-

mico do jovem Hélder Silvano, que fez o curso de Português/Francês, mas levou-o a dividir o seu tempo livre entre a música e o estudo dos fenómenos do tempo. Ganhou aí um gosto interminável pela busca de informação sobre o tempo e os seus fenómenos. E recorda que na altura ainda pensou nessa área de formação, mas as saídas não existiam. “Era o Instituto de Meteorologia e pouco mais”. Hoje fala em “depressões cavadas” ou frentes de “altas oclusas” como quem fala de “bife com batatas fritas”. Mas mantém o olhar atento sobre as cartas meteorológicas com uma garantia: se o tempo “ameaçar” o país, ou a região terá sempre o seu alerta, ou o seu aviso. Hoje (2 de janeiro de 2020) está uma manhã fria e de nevoeiro. Estes dias, afirma Hélder Silvano, vão ter dias (de sol) quentes e noites muito frias. Poderemos ainda ter a geada chata das madrugadas. Mesmo assim “estão uns dias bons para praia [risos] para quem gosta”. Se quiser saber o tempo real em Abrantes, então basta procurar por meteoabrantes.info.

radar meteorológico que mostra a pluviosidade, o mapa de descargas elétricas (relâmpagos), o mapa de registo de sismos ou os alertas meteorológicos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Podemos encontrar ainda as várias plataformas de alertas sobre o estado do tempo e sobre tempestades. Há poucos dias vivemos em Portugal dias de tempestade que Hélder Silvano já tinha identificado muito antes dos alertas do IPMA e da Proteção Civil. “Eu normalmente faço os alertas mais cedo porque eles (IPMA) têm outro tipo de implicações”, salienta o meteorologista amador. Sempre com a tónica de que as previsões do tempo são feitas por cientistas, coisa que ele não é, garante, no entanto, que faz as projeções do estado do tempo com elevado grau de acerto. As projeções que os dados da sua estação lhe fornece, mas também com todos os dados que estão, hoje, disponíveis online. E deixa o alerta: “Vamos ter cada vez mais tempestades a virem do Atlântico para o nosso lado”. Não porque o tempo esteja maluco, mas porque vivemos mesmo uma época de aquecimento global, algo que acontece por ciclos. “Tivemos um período de arrefecimento há uns séculos, em que a neve na serra da Estrela era permanente o ano todo. Hoje é ao contrário e há anos que a serra quase não tem neve”. Conclui com o apelo para que a população ouça os alertas da meteorologia [e depois da Proteção Civil] muito a sério.

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REGIÃO /

Autarcas assumem posição sobre aeródromo de Tancos // Os autarcas do Médio Tejo deliberaram no dia 16 de janeiro, por unanimidade, no Conselho Intermunicipal da CIM do Médio Tejo, solicitar uma reunião, com carácter de urgência, ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação. DR

Reiterando uma posição assumida anteriormente, os autarcas querem obter uma definição política clara e objetiva sobre o aeródromo de Tancos, uma infraestrutura aeronáutica essencial para a região do Médio Tejo e para o interior. Os autarcas recordam que o atual Aeródromo Militar de Tancos, situado no Polígono militar de Tancos, no concelho de Vila Nova da Barquinha, é uma infraestrutura gerida pelo Exército Português. A ex-Base Aérea n.º 3, da Força Aérea, está dotada de 2 pistas de 2440 m e 1200m de comprimento, respetivamente. Ambas apresentam grande potencial, contudo, carecem de intervenções urgentes nas infraestruturas aeronáuticas adjacentes. Uma intervenção, com a conservação ou criação de novas infraestruturas tendo em vista o desenvolvimento da região e da coesão nacional contribuiriam para atenuar assimetrias de desenvolvimento desta região muita dela em zonas de baixa densidade. Anabela Freitas, presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), confirmou que já estão pedidas um conjunto de reuniões “quer com o ministro das Infraestruturas, quer com o ministro da Defesa” e confirmou que já foi adjudicado “um estudo preliminar para o aproveitamento do aeródromo de Tancos para a aviação civil e vamos promover um conjunto de debates públicos, estando o próximo já marcado para o início de fevereiro, no sentido de publicamente discutirmos, envolvermos empresários, envolvermos os cidadãos do território para defendermos aquilo que é a construção do aeroporto em Tancos”. A presidente da CIMT adiantou que “não estamos a competir com Vila Real, nem Coimbra, nem Beja... o que entendemos é que temos uma centralidade, não só nacional mas também ibérica, estamos bem servidos por redes rodoviárias e ferroviárias”, chamando a atenção para o facto de “a ferrovia ter de ser uma aposta no futuro até por causa das questões das alterações climáticas e da descarbonização”. Para Anabela Freitas, “temos todas as condições” e é intenção envolver também “os territórios à nossa volta, envolvendo um conjunto de CIM’s neste propósito”. Para a defesa desta causa, Anabela Freitas lembra que “Tancos

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DR

/ A ex-Base Aérea n.º 3, da Força Aérea, está dotada de 2 pistas de 2440 m e 1200m de comprimento

tem tudo a mais: tem uma pista que é exatamente do tamanho da pista do Montijo onde se vai construir um aeroporto novo; tem as ligações rodo e ferroviárias; tem uma centralidade maior que Monte Real e, sem querer entrar em competição, temos que dizer que Monte Real é uma base NATO. Portugal vai ficar sem uma base NATO?, questiono...” A presidente acrescentou ainda que “a atualização dos estudos que vamos fazer é precisamente

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para perceber o porquê de Tancos e quais as vantagens em relação às outras hipóteses que estão em cima da mesa. Parece-nos que a construção do aeroporto novo para um país que tem os recursos que tem, é manifestamente megalómano, mas pronto... cada um faz o seu caminho e nós vamos fazer o nosso”. Logo após a reunião do Conselho Intermunicipal da CIM do Médio Tejo, o secretário-executivo da CIMT, Miguel Pombeiro,

“Parece-nos que a construção do aeroporto novo para um país que tem os recursos que tem, é manifestamente megalómano”

disse que a posição de defesa de Tancos “pretende fazer vincar as mais valias únicas de uma estrutura aeronáutica que já existe, que tem condições únicas em termos estratégicos e geográficos e que está subaproveitada”. O responsável apontou ainda para uma “relação custo-benefício, em termos de análise de eventual investimento, de retorno único e imbatível”. Desde há largos anos se tem vindo a equacionar a pertinência de aproveitamento desta infraestrutura, conjugando funções militares e civis, para criação de um aeroporto regional (Estudo CEDREL 1999). A criação de um aeroporto regional “permitiria dar resposta adequada a atividades empresariais, militares, de turismo cultural, de lazer e religioso” que há muito se reclamam e permitiriam uma penetração no mercado internacional das empresas da área da indústria automóvel (em Abrantes), os curtumes (Alcanena), os têxteis, a exploração florestal, a madeira, o mobiliário (Sertã, Mação e Vila de Rei) e o papel (em Constância e Torres Novas), reivindicação há muito sufragada pelos empresários locais. Sabendo da presença de infraestruturas ferroviárias em Almourol, Tancos, e no Entroncamento (linha do Leste e do Norte); da plataforma logística na região (Riachos-Torres Novas-Entroncamento); de duas estradas confinantes, A23 e a A13, os membros do Conselho Intermunicipal do Médio Tejo salientam que “a abertura de um aeroporto civil-militar em Tancos permitiria alavancar a dinâmica económica de toda região e o potencial turístico dos milhões de passageiros que se dirigem a Fátima”. “Esta tomada de posição não é contra ninguém, antes visa chamar a atenção para uma infraestrutura existente e obter uma definição clara de quem de direito se vamos assistir à degradação deste potencial instalado ou se vamos valorizar a infraestrutura”, frisou Pombeiro. Com uma população na ordem dos 250 mil habitantes, a CIMT é composta pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha. C/ Lusa


SOCIEDADE /

Silvino Alcaravela homenageado pelo Rotary Clube de Abrantes Tem 74 anos e é cara conhecido de quase toda a gente. Silvino Maia Alcaravela é o Profissional do Ano para o Rotary Clube de Abrantes. A cerimónia de homenagem teve lugar no dia 28 de janeiro e contou com a presença de mais de cem pessoas que se quiseram juntar a este ato. José Guilherme Moura Neves, presidente do clube Rotário de Abrantes, começou por falar de um “ilustre abrantino que se destacou ao longo da sua vida pessoal e profissional”. “Falar de Silvino Alcaravela não é fácil porque ao longo de toda a sua vida foi um homem lutador, dedicado às causas que abraçou, dedicado ao seu concelho, ao seu Hospital (…) dedicação essa que levou a que todos nós, dentro da nossa comunidade e fora da mesma, fossemos contemplados com um serviço de qualidade, diferenciado, tantas vezes considerado de excelência. Levou o nome de Abrantes aos quatro cantos do país pelas melhores razões”, afirmou o presidente do Rotary. O sentimento de “uma vida a servir os outros” foi partilhado por todos os que quiseram deixar o seu testemunho. Entre professores, colegas de curso, colegas de profissão, alunos e amigos, Silvino Alcaravela foi sempre considerado como “o homem certo na hora e no lugar certos”. As demonstrações de

// Breve Currículo Silvino Maia Alcaravela nasceu em Barrada, na freguesia de São Facundo, no concelho de Abrantes, a 24 de março de 1945. É casado com Otília Maria Rodrigues Maia Alcaravela e tiveram dois filhos, João Nuno e Jorge. Frequentou a escola primária na Barrada e fez o 2º ciclo do Colégio de Santo António em Alvega e, com uma bolsa de estudo da Gulbenkian, realizou o Liceu em Portalegre e frequentou os cinco anos da licenciatura no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (atual ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa. Em 1978 frequentou o IX curso de Administração Hospitalar na Escola Nacional de Saúde Pública, tendo depois ingressado no quadro do Hospital de Abrantes. Foi membro da Comissão Instaladora, administrador e administrador-delegado do novo Hospital de Abrantes,

grande amizade e companheirismo vieram dos mais variados estratos da sociedade. Uma das intervenções mais emocionadas veio do amigo Joaquim Candeias da Silva, que considerou a vida de Silvino Alcaravela numa citação de Fernando Pessoa: 1

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Patrícia Seixas

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“Cumpri contra o destino o meu dever. Inutilmente? Não, porque o cumpri”. Pela voz de Luís Fernandes, ouviu-se falar de um homem “de caráter, com personalidade e dialogante” e que “o prestígio que o Hospital de Abrantes granjeou a nível local, regional e nacional, deve-se principalmente à gestão do Dr. Alcaravela”. João Nuno Alcaravela e Jorge Alcaravela, os filhos, também usaram da palavra e agradeceram o facto de esta homenagem ser feita “em tempo devido, em vida e em saúde física e intelectual”. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, referiu-se a “uma pessoa muito importante e que é uma referência para nós e para a nossa comunidade porque teve outras oportunidades e gostou sempre de estar na sua terra, foi sempre construindo a sua vida profissional aqui”. No final, foi a vez de ouvir Silvino Alcaravela que começou por perguntar ao filho mais novo, cardiologista, “Jorge, trouxeste o desfibrilador?”, colocando a sala a rir. “Sinto-me de alguma forma esmagado por tanta emoção, por tanta mensagem que aqui foi transmitida. Sinto aqui muitos amigos. (…) Tenho que dizer muito obrigado”, disse o homenageado. O antigo administrador fez ainda referência ao facto de “sentir que estava a sonhar ao ouvir as vossas palavras mas depois constatei uma coisa importante, é que afinal ainda não tinha morrido”.

Hospital Dr. Manuel Constâncio. Foi membro do primeiro Conselho de Administração e posteriormente presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Foi por diversas vezes nomeado para fazer parte de diferentes grupos de trabalho no Ministério da Saúde. Além de todo o percurso na Administração Hospitalar, foi também docente no ensino secundário em Abrantes e Tramagal, na Escola Nacional de Saúde Pública, assistente no ISCSP, na Universidade Internacional e no Instituto Politécnico de Tomar. É sócio do Lions Clube de Abrantes. Foi presidente da Associação de Pais da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes e vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Abrantes. É presidente da Assembleia Geral da Liga de Amigos do Hospital de Abrantes e presidente da Assembleia Geral da Associação Ecocinegética Barrada – Esteveira. Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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DR

SOCIEDADE / Hoje em dia, as pessoas perdem-se nas redes sociais onde se julgam ligadas ao mundo.

“É muito difícil escolher um, pois foram 36 anos. Grandes noites de festa. Em tantos anos não é fácil escolher um momento. O D’el Rey... acaba por ser um momento...que durou 36 anos.”

E o momento mais difícil? Foi o fim? A decisão?

“Não. Não foi. Tudo tem o seu tempo e ter um bar não é tarefa fácil. É precisa muita dedicação, empenho e muito trabalho. Além disso, ter outro emprego e o bar… já não estava a ser possível.”

No D’el Rey Bar, em 36 anos, fizeram-se amizades, aconteceram paixões sempre com o “apadrinhamento” do Jorge e da Fátima para quem os clientes eram amigos e por isso também ali fizeram amizades para a vida. Querem deixar uma palavra a esses amigos?

D’el Rey Bar – Tramagal O adeus emocionado 36 anos depois Foi a 1 de janeiro de 1984 que em Tramagal nascia aquele que viria a ser não mais um bar, mas sim “O Bar”. O D’el Rey Bar marcou gerações durante os seus 36 anos de vida. Foi ponto de encontro para se beber um copo, conversar, ouvir música de qualidade e ainda ver música ao vivo. Foi palco de passagem de grandes projetos de música nacional e local. Ali, ao longo das últimas décadas, pessoas conheceram-se, ficaram amigas para a vida, partilharam histórias de vida... algumas casaram. O Jorge e a Fátima, proprietários do espaço desde sempre, foram sempre os Amigos, bons ouvintes e conselheiros. Ano após ano, a história foi-se construindo e o D’el Rey Bar era o local onde depois de sair se ficava com saudades e vontade de voltar. E foi lá que, de todos os pontos do país, vieram tramagalenses e não só para a noite de encerramento, a 11 de janeiro de 2020. Uma noite que se traduziu num misto forte de emoções, onde o álbum de fotografias do Jorge e da Fátima,

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entre mais um copo, um sorriso e às vezes uma lágrima, nos levaram numa grande viagem pelo tempo. O Jornal de Abrantes também lá esteve, para o último copo...

Jorge, após 36 anos de D’el Rey Bar, chega o dia da despedida. Esta não deve ter sido uma decisão fácil de tomar. Porquê o fim?

“Foram vários os motivos que nos levaram a esta decisão e ao fim do bar. As coisas foram acontecendo ao longo do tempo: a desertificação cada vez mais crescente, “o balão” e os cuidados que têm que se ter quando se está ao volante, pois o pessoal que não é da terra tem que pensar duas vezes, e no D’el Rey ao longo dos anos sempre fomos tendo muitas pessoas que vêm de fora e não são do Tramagal. Depois, também as mudanças de hábitos e a falta de dinheiro…”

Além desses que acabaste de referir, quais são os fatores que têm de se conjugar para que um bar como o Del Rey com características muito especiais possa existir? “O D’el Rey surgiu numa altu-

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

ra em que o Tramagal estava muito à frente das terras ao redor. Culturalmente à frente talvez...devido às pessoas de todo o país que a Metalúrgica Duarte Ferreira trouxe para cá. O D’el Rey era convidativo a que as pessoas ali fossem beber um copo e ouvir boa música. Hoje, as pessoas ouvem música de consumo imediato. Depois, tínhamos o campo militar e a terra, e o bar, atraíam pessoas de todo o lado por isso, acho que o principal fator é mesmo a desertificação. A falta de população é o problema.”

Portanto, estas condições que referiste deixaram de estar reunidas. As pessoas mudaram, a sociedade e os costumes estão diferentes... “Sim. É mesmo isso. Hoje em dia, as pessoas perdem-se nas redes sociais onde se julgam ligadas ao mundo mas, na verdade, perdem muita das coisas importantes que as rodeiam. O mundo passa por elas sem se darem conta disso.”

O Del Rey Bar foi durante estes anos todos a vida do Jorge e da Fátima. Foram certamente muitos os momentos bons que vos ficam marcados. Conseguem eleger um?

“Claro que sim. O Bar só foi o que foi devido a todos vós. Principalmente àqueles que aqui vieram desde sempre e àqueles que faziam do bar a segunda casa. Um grande obrigado. A todos os músicos que aqui tocaram muitas vezes a troco de nada e àqueles que tantas vezes me ajudaram dentro e fora do balcão. Obrigado a todos.”

Foram 36 anos... dum “ti Jorge” que tem uma cultura musical invejável, um pragmatismo a toda a prova. Perguntas, respostas e contra respostas em conversas das quais ninguém se esquece. A “ti Fátima” com uma formação exemplar e uma cultura geral invulgar. Em muitas ocasiões nos sentimos “esmagados” pelo seu conhecimento, cimentado por fundamentos de sensibilidade e tolerância a toda a prova. Amizades que saíram do D’el Rey para “a rua” para jantares, almoços, convívios e caminhadas ao ar livre pela região. Assim, e com muitas mais histórias que não caberiam nestas linhas, o “ti Jorge e a ti Fátima” criaram laços fortes e inabaláveis com muita gente, porque sempre deram importância... ao que realmente a tem.... a vida e a Amizade. Para os frequentadores do D’el Rey , o bar foi uma segunda casa, uma fonte de alento, bons momentos e memórias. O Del Rey durou 36 anos, mas amizades como a do ti Jorge e da ti Fátima duram muito mais. Até já. Paulo Delgado | Luís Garcia


DESPORTO /

Clube Náutico de Abrantes | Basquetebol Uma modalidade a que faz muita falta um bom pavilhão // Os escalões de formação do Clube Náutico de Abrantes são, a nível distrital, uma referência no basquetebol. Conversámos com Paula Cristóvão, coordenadora da Secção no Clube Náutico, para ficarmos a perceber o passado, o presente e as expectativas da modalidade.

disputou a Final Four do Campeonato Distrital, tendo alcançado o 3º lugar e o apuramento para a Taça Nacional de Sub16.

Aquando da sua fundação, em 1987, o Clube Náutico de Abrantes (CNA) estava especialmente direcionado para o basquetebol?

Torna-se difícil dar continuidade às equipas quando se entra nos escalões júnior e sénior. Porquê?

Não, o clube arrancou com atividades aquáticas, seguindo-se o voleibol e a ginástica. Recordo especialmente a natação, na qual participei, tinha então 11 anos de idade. Praticávamos natação no verão e ginástica no inverno, pois ainda não havia piscina coberta. O basquetebol surgiu mais tarde, com equipas de formação, assim como outras atividades desportivas e recreativas.

Têm várias equipas a participar em quadros competitivos. Quantas equipas e atletas integra o basquetebol do CNA?

/ Cativar mais crianças e jovens para prática da modalidade é o objetivo

Atualmente temos apenas dois jogadores do escalão Mini8 (uma menina e um menino), seis Mini10, sendo apenas uma rapariga, seis jogadores Sub12 masculinos e apenas 3 femininas (que integram as equipas de Sub14). As equipas de Sub14 masculino e feminino contam com 14 e 12 jogadores, respetivamente, e em Sub16 temos atualmente 9 jogadoras na equipa feminina e 10 na masculina. Acompanhamos atualmente um total de 53 atletas, trinta rapazes e vinte e três raparigas.

É fácil recrutar jovens jogadores de basquetebol?

Não, não tem sido fácil. Em Abrantes há uma grande diversidade de atividades desportivas. É cada vez mais difícil termos pais disponíveis para acompanhar os filhos, chegamos muitas vezes a ir jogar com apenas um pai a acompanhar a equipa. Os pais de hoje proclamam o acompanhamento que dão aos filhos, mas na prática não é o que se vê. Da minha experiência profissional e pessoal, assisto a uma crescente desresponsabilização dos jovens de tudo o que dá trabalho, desresponsabilização promovida pelos próprios pais, que também “têm muito que fazer”. É a educação dos inúteis, promove-se o ócio sob a desculpa de que as crianças e os jovens não se podem cansar muito, têm que ter tempo livre, ou têm muito que estudar para serem doutores. Promove-se e valoriza-se o Ter em vez do Ser, descurando tudo aquilo que a atividade desportiva lhes pode proporcionar e acrescentar à sua formação. O facto

do basquetebol não ser muito divulgado, na televisão por exemplo, também não ajuda. Por outro lado, também não temos treinadores que nos permitam alargar a atividade às escolas básicas, como já fazemos na Escola Básica da Chainça, onde temos os nossos Minis a treinar à terça feira após as atividades, das 17:00 às 18:30h.

Onde é que as vossas equipas jogam e treinam? As condições são as adequadas para que se faça um trabalho de formação adequado? Treinamos no Pavilhão da Esco-

“É cada vez mais difícil termos pais disponíveis para acompanhar os filhos”

la Solano de Abreu, cujas condições não são as melhores. O piso não é adequado e chove lá dentro. Sendo apenas este o pavilhão disponível com condições mínimas, o mesmo não permite que as equipas possam treinar mais do que duas/três vezes por semana. Todos os dias há basquetebol no pavilhão, às segundas, quartas e quintas há treino de Sub12 das 18:00h às 19:00h. A equipa masculina de Sub14 treina às segundas e quintas das 19:00h às 20:30h e às terças das 18:00 às 19:30h. A feminina às quartas das 19:00 às 20:30h e às sextas das 18:00 às 19:30h. A de Sub16 masculina, às terças das 19:30h às 21:00h e às quintas das 20:30h às 22:00h. A feminina às quartas das 20:30h às 22:00h e às sextas das 19:30h às 21:00h. Os Minis treinam às terças feiras das 17:00h às 18:30h na Escola da Chainça e aos sábados das 09:30h às 11:00h no Pavilhão da Escola Solano de Abreu.

Têm alcançado bons resultados?

Sim, acho que podemos dizer que sim. Nos últimos anos, não só as equipas têm conseguido apuramento para competições nacionais, como também alguns dos nossos atletas têm integrado as seleções distritais de Sub12, Sub14 e Sub16 masculinos e femininos. Ainda este fim de semana, a nossa equipa de sub16 feminina

Na minha opinião, são poucos aqueles que abraçam a modalidade de corpo e alma, o que faz com que se desinteressem, até porque a maioria acaba também por sair daqui para estudar fora. Depois, há também os fatores do desenvolvimento pessoal dos jovens, as alterações físicas, psíquicas e sociais que muitas vezes mudam drasticamente na adolescência. O que podia parecer uma atividade aliciante na infância pode deixar de o ser na adolescência, por diversos fatores. Por outro lado, como noutras modalidades, nem sempre os atletas veem reconhecido o seu valor ou esforço e acabam por desistir da modalidade ou da prática desportiva. Acabamos por ficar com um ou dois jogadores de um escalão e não podemos dar continuidade à equipa. No momento atual vemo-nos também confrontados com a falta de treinadores para assumirem esses escalões, mesmo que venhamos a ter jogadores para os mesmos.

Quais são, a curto prazo, os principais objetivos do basquetebol do CNA?

Cativar mais crianças e jovens para prática da modalidade, o que não é uma tarefa fácil, assim como recrutar treinadores para garantirem a continuidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido e alargar aos outros escalões.

Será possível sonharmos, a médio prazo, com equipas abrantinas nas principais competições seniores nacionais? O que seria necessário para que tal pudesse acontecer?

Sonhar, podemos sempre sonhar… O que é necessário? Um pavilhão adequado, treinadores, atletas e pessoas com vontade e disponibilidade para levar isto para a frente.

Faz muita falta um bom pavilhão em Abrantes?

Sim, faz. Acredito que com um pavilhão adequado teríamos até mais atletas, pois podíamos desenvolver mais atividades e trazer outros eventos desta e de outras modalidades para o concelho. José Martinho Gaspar

Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE / Constância: Tribunal indefere providência cautelar contra CHMT. Associação Humanitária vai recorrer da sentença

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria indeferiu uma providência cautelar que tinha sido instaurada pela Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância (AHBVC) contra o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT). No âmbito da referida providência cautelar, a AHBVC pretendia impedir a eficácia da ordem de acionamento da garantia bancária a favor do centro hospitalar. Em comunicado, o CHMT diz que "com esta decisão [de indeferimento por parte do Tribunal], o acionamento da garantia bancária pode ser imediato". Recorda o CHMT que a garantia foi acionada devido ao incumprimento do contrato estabelecido entre a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância e o Centro Hospitalar do Médio Tejo para o transporte de doentes. Do lado do CHMT, a entidade defende que "o referido contrato foi unilateralmente quebrado pela mesma Associação Humanitária com um aviso de apenas de cerca de 48 horas, o que trouxe graves constrangimentos operacionais ao CHMT, com direto impacto na capacidade de prestação de cuidados aos seus utentes". A entidade hospitalar sublinha ainda que "cumpriu, sempre, com as suas obrigações junto da Associação Humanitária dos Bombeiros de Constância, como aliás cumpre com todas as Associações Humanitárias de Bombeiros com as quais trabalha" e que "por diversas vezes

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tentou chegar a acordo com a AHBVC, em diversas reuniões, nas quais foram apresentadas propostas de entendimento que não tiveram resposta por parte dos representantes da referida Associação Humanitária". O CHMT garante ainda que “não existe qualquer dívida deste Centro Hospitalar àquela Associação de Bombeiros". Já a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância considera que o despacho que foi dado "não teve em atenção algumas das coisas que nós tínhamos apresentado". O presidente da AHBVC, Adelino Gomes, em declarações ao Jornal de Abrantes, admite o pedido de recurso: "nós vamos recorrer, como é evidente, porque achamos que temos razão, os advogados estão já a tratar da situação (...) vamos recorrer até onde pudermos". Questionado sobre a discrepância existente entre os valores apresentados pela AHBVC e o CHMT, Adelino Gomes reitera não haver "discrepância nenhuma. A discrepância é que as faturas estão no CHMT para serem pagas. Foram aceites, foram recebidas, foram aceites por eles. Não as pagaram. Apresentaram depois mais tarde a dizer que queriam notas de crédito num valor superior à faturação quase. Entenderam que dos 700 e tantos mil euros só nos deviam 26 mil e que o resto eram notas de crédito". Notas de crédito essas que o presidente da AHBVC diz não serem

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

válidas uma vez que "não faziam parte sequer do contrato, portanto eles alteraram o contrato que tínhamos assinado, alteraram-no a meio do percurso unilateralmente, acharam que não deviam pagar os retornos das ambulâncias - mas isso não está escrito em lado nenhum, não sei onde é que foram buscar essa base". Adelino Gomes diz que os bombeiros nunca aceitaram tal situação, enquanto o CHMT foi "somando essas notas de crédito, defendendo-se que não tinham dinheiro para pagar. Depois, apareceram-nos com um documento de 2 milhões e 100 mil euros de incumprimento, o que dispensa comentários", anuncia, defendendo que se "sinalizássemos os incumprimentos eram mais deles do que nossos". "Como fomos para tribunal, entenderam que deveriam ir à caução do contrato. Como acham que não cumprimos, foram à caução e foi essa providência cautelar que nós fizemos contra a Caixa Geral de Depósitos - para não pagar a caução - e a juíza entendeu que os homens estavam dentro da razão e podiam ir buscar a caução", explica. Adelino Gomes dá também conta de que a dívida do CHMT para com os Bombeiros ascende já a 800 mil euros. A manter-se a decisão agora tomada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, Adelino Gomes diz que a consequência a acontecer no que diz respeito à Associação Humanitária é "provavelmente, parar. Parar a Associação Humanitária, parar o socorro. Se acharem que a Associação não faz falta, se uma loucura de um departamento do Estado que deveria ser o primeiro responsável por aquilo, é porque a Associação não faz falta no sistema de proteção e socorro... vamos ter de analisar friamente essa situação. Quando entendermos que for necessário, entregamos a Associação ao Estado e que a venha gerir, que venha pagar as dívidas e que venha fazer aquilo que a Associação faz, que é muito". "Agora deixamos isso na mão da justiça. Não queremos ser radicais. A justiça é a justiça e nós confiamos na justiça", conclui. Ana Rita Cristóvão

OPINIÃO /

Construir 2 José Alves Jana FILÓSOFO

O

meu pai contou-me certa vez o caso de um homem que andava a refazer a varanda segundo um modelo que tinha visto algures. Estava esta bastante adiantada quando ele voltou de uma outra viagem com uma nova ideia para a varanda, e os seus operários deitaram abaixo o que estava feito e fizeram-na de novo. Ainda a obra não tinha terminado e já ele voltava com uma nova varanda. Mas eles, apesar de serem pagos, recusaram-se a destruir o que tinham feito e a fazer o que agora o patrão queria. A ideia que restava é que recusavam ver destruído o produto do seu trabalho, uma questão de dignidade. Quando olho para os 45 anos de trabalho voluntário em Abrantes, vem-me à ideia esta história. Grande parte, a maior parte?, daquilo em que trabalhámos foi descontinuado ou desfeito, ou abandonado. É evidente que nada deve ser continuado só porque nós o fizemos, muito menos porque eu (também) o fiz. O problema é outro: Abrantes precisava daquilo que nós fizemos, nalguns casos até bateu palmas. Mas, depois, nada. E nós fizemos coisas importantes. Não importantes porque nós as fizemos; ao contrário, fizemo-las porque era importante que fossem feitas. Abrantes às vezes faz-me lembrar um homem que quisesse fazer um prédio alto, de sete andares, mas deitasse abaixo o rés-do-chão de cada vez que o fizesse. Ficaria sempre ao nível da rua. Estou a falar dos campos em que tenho feito intervenção. Mas não correrei muitos riscos se disser que o mesmo se passa noutras áreas. Quanto tempo demora a fazer uma equipa de futebol? Quantos anos a construir um clube vencedor? Quantos anos Eduardo Duarte Ferreira levou a construir a sua empresa até ser um caso sério com mais de dois mil trabalhadores? Não podemos estar sempre a começar o caminho se queremos chegar a algum lado. No último número do JA, José Bioucas Dias, um investigador influente no mundo, dizia que a sua obra “é

resultado das condições que eu tenho (…), dos colaboradores que tenho (…) das instituições que me apoiaram” e também, é claro, do seu trabalho. Mas só com este, o seu trabalho, não teria chegado tão longe. E, no mesmo número, Helder Silvano desabafava que “Abrantes continua a ser boa madrasta, mas não boa mãe”. Algo tem de mudar, se Abrantes quer chegar a algum lado. “Quem faz o que sempre fez apenas terá o que sempre teve.” Ou nem isso, porque os tempos mudam e os outros não dormem, estão a fazer o seu caminho. Não estou a queixar-me, embora pareça, porque não estou a falar (apenas) de mim, mas do que vejo ser o percurso de muitos outros e da cidade. Além disso, reconheço por inteiro que fui parte, logo sou co-responsável pela história recente de Abrantes. Não é de queixas que se trata, é de uma ideia – um balanço, um olhar, uma perspectiva tirada a partir de um percurso feito. Que podia ter sido bem diferente. Mas foi o que fomos capazes de fazer. O que importa não é o que se fez ou não fez, mas quem está e vai estar a fazer o que precisa ser feito. Porque o mais importante é o que falta fazer. Se aquele que faz não for apoiado, se não tiver condições, se não for dada continuidade à sua construção, se não houver organizações capazes e maduras, mais vale ir à procura de outro lugar onde o seu trabalho possa render em frutos maduros. Se uma organização não for qualificada, potenciada, fica a nadar no charco da mediocridade e não merece que nela alguém invista a sua alma e a sua vida. P.S. – Evito falar de casos concretos; o que importa é a ideia, são os métodos.


CULTURA / OPINIÃO /

Nuno Alves MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS nmalves@sapo.pt

O / Festas da Nossa Sr.ª da Boa Viagem contam com dezenas de barcos engalanados Fernando Daniel, P*ta da Loucura e a banda do filme “Variações” são os cabeças de cartaz da edição 2020 das Festas do concelho de Constância, as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, que se irão realizar nos dias 11, 12 e 13 de abril. A apresentação do programa das festas deste ano decorreu no dia 29 de janeiro no Salão Nobre da Câmara Municipal onde se ficou a saber que Fernando Daniel atuará no dia 11 de abril, os P*ta da Loucura são os convidados de dia 12 e no dia 13, feriado municipal, será a banda do filme “Variações” a encerrar os festejos. O programa musical escolhido resulta de uma conciliação entre vários estilos, diz o presidente da Câmara Municipal, Sérgio Oliveira, “de forma a abranger um maior número de pessoas”. Durante as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, as ruas da vila são ornamentadas por diversas associações e entidades que dão vida e cor à vila poema, despertando a curiosidade de miúdos e graúdos. A estrutura este ano vai ser semelhante àquilo que já tem sido praticado nos últimos anos. São três dias em que se prova que “o concelho está vivo e se recomenda” e que representam “um investimento que o Município faz na promoção do concelho”. A Autarquia deu conta de que estão envolvidos na concretização deste evento “entre 120 mil a 140 mil euros”.

As festas vão ser marcadas também pela “tradicional tarde de folclore, pelas ruas floridas, pelo grande prémio da Páscoa em atletismo” e ainda pela “mostra de artesanato e mostra de sabores”. Todo um conjunto de iniciativas que, diz o presidente do Município, “já marcam as nossas festas” e que só são possíveis com “o envolvimento de todos. A Câmara Municipal é cabeça de cartaz mas depois estão as populações, as associações, os empresários, os comerciantes que em conjunto colaboram para que as festas sejam um sucesso”. Festividades que pretendem ser “uma harmonia entre aquilo que é a tradição da Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, as raízes desta festa ligada ao passado marítimo da vila e à devoção com uma festa mais comercial, que traga pessoas à vila e que, com isso, se dinamize o comércio local, a economia local”, conforme disse o presidente da Autarquia, Sérgio Oliveira. Nesse sentido, vai haver também tasquinhas, dinamizadas por “cinco ou seis” associações do concelho. Apesar das festas do concelho serem um fator de atração de visitantes, Sérgio Oliveira reitera que “o concelho é muito mais do que as festas e tem muito mais razões para ser visitado, quer nas festas quer fora das festas”.

Cerimónias religiosas, o ponto alto da tradição

Nesta que é uma “festa marcada por uma história”, um dos pontos altos é precisamente a parte religiosa, com a procissão dos barcos pelos rios Tejo e Zêzere, com pescadores e marítimos que pedem proteção à sua padroeira. “Sem dúvida que o dia alto é a segunda-feira porque é o feriado municipal e é a procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem e a bênção dos barcos e das viaturas [esta última a acontecer na Praça Alexandre Herculano]”, diz Sérgio Oliveira acerca deste momento solene que considera merecer a deslocação até à Vila Poema: “é uma cerimónia única no país”. Momentos religiosos repletos de significado que fazem “pensar naquilo que foi o passado do nosso concelho e na dificuldade que aqueles homens e mulheres passaram quando viviam dos rios”. E água não vai faltar para os barcos desfilarem pelos rios, garante o presidente que deu conta de que o protocolo com a EDP se mantém, pelo que a barragem de Castelo de Bode vai abrir as comportas. São vários os municípios ribeirinhos que marcam anualmente presença neste momento, com barcos ornamentados e pares trajados, sem esquecer o andor com a Nossa Senhora da Boa Viagem. Ana Rita Cristóvão

debate em torno da insistência norte-americana em controlar o Médio Oriente não é novo. No centro deste debate está uma crescente incapacidade em compreender a contínua e, por vezes, reforçada presença militar americana naquela que é, talvez, a região do mundo mais problemática do ponto de vista geopolítico. O próprio Trump referiu, não há muitos meses atrás, que as grandes nações não se deveriam envolver em guerras sem fim. Contudo, a realidade mostra o contrário. Washington continua de punho cerrado sobre o Médio Oriente. Para além das tensões com o Irão, os EUA continuam a marcar presença no Iraque, na Síria, no Afeganistão e continuam a apoiar a coligação saudita contra os rebeldes Houtis no Iémen. Revendo os interesses estratégicos americanos na região mais óbvios, poderá parecer ridículo dizê-lo, mas a realidade já não é o que era. Os EUA são auto-suficientes em energia; não precisam do petróleo vindo do Médio Oriente. Se olharmos para a aliança israelo-americana, que curiosamente não deriva de qualquer tratado de defesa existente, mais se acentua este vazio já que nos últimos anos Israel se consolidou como a potência militar líder na região. O apoio militar direto americano parece agora já não fazer sentido neste contexto. Contudo, o punho americano permanece firme em terras árabes e do Levante, não porque os EUA dependam da região, mas para que outros não consigam

Obsessão ou estratégia? obter o seu controlo e, em particular, o controlo sobre os recursos da região. O candidato mais óbvio é naturalmente a China, mas o Irão e a Rússia também estão à espreita. O controlo dos recursos energéticos do Médio Oriente por uma potência rival poderá muito bem ser o fator-chave para conseguir contestar o domínio americano de forma mais incisiva. Na prática, o grande interesse geoestratégico americano, definido logo após a II Guerra Mundial, continua a ser uma prioridade: impedir que qualquer potência hostil controle qualquer região com importância geopolítica ou geoeconómica. Apesar da auto-suficiência energética americana, os seus aliados continuam fortemente dependentes do petróleo proveniente do Médio Oriente. Se uma potência rival controloar a produção de petróleo no Médio Oriente, poderá não só limitar o acesso exterior aos recursos energéticos da região, bem como provocar alterações repentinas e agravantes no preço do petróleo, gerando o caos na economia mundial e, muito facilmente, afetando profundamente a economia americana. Além disso, face à crescente influência chinesa e mesmo russa em certas regiões do mundo, garantir o controlo do petróleo no Médio Oriente, disponibilizá-lo nos mercados internacionais a preços estáveis e acessíveis, funciona como um trunfo para impedir que certos aliados americanos possam sentir-se menos atraídos por um piscar de olhos chinês ou russo. PUBLICIDADE

Constância: Fernando Daniel é o cabeça de cartaz das Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem

Fisabrantes

Centro de Fisioterapia Unipessoal, Lda. Terapia da Fala Dr.ª Sara Pereira

Médico Fisiatra Dr. Jorge Manuel B. Monteiro

Psicóloga Clínica Aconselhamento

Fisioterapeuta Teresinha M. M. Gueifão

Audiologia / aparelhos auditivos

Ana Lúcia Silvério Dr.ª Helena Inocêncio

Acordos: C.G.D., SAMS, PSP, SEGUROS, PT - Consultas pela ADSE -------------------------------------------------Telef./Fax 241 372 082 Praceta Arq. Raul Lino, Sala 6, Piso 1 - 2200 ABRANTES Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Moradores confrontam Executivo com legalidade do parque de estacionamento

da Câmara lê-se que “nas áreas urbanas coincidentes com o perímetro de rega de Alvega, a edificabilidade fica sujeita aos condicionamentos” de um outro artigo que o munícipe explicou depois que “na área urbana de Alvega coincidente com o perímetro de rega, a edificabilidade só poderá ser permitida desde que cumulativamente. A área já tenha sido excluída da RAN e tenha sido promovida a exclusão do espaço do perímetro de rega”. Luís Ferreira conclui, portanto, que “a legislação da RAN não permite que aquele espaço possa ser excluído. Não há nenhuma exceção na legislação sobre a RAN que diga que aquele terreno possa ser utilizados para outro fim que não o da agricultura”.

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes informou o munícipe que, no que diz respeito às questões da legislação apresentadas, a Câmara irá responder “por escrito, de forma técnica, porque não temos em nosso poder um conjunto de informação técnica”.

Casa à venda

Desta vez, o vizinho confinante com o muro do parque de estacionamento, Manuel Catarino, também apresentou as suas queixas e confessou mesmo que, devido a esta situação, já colocou a casa à venda. Manuel Catarino informou a Câmara que, “na altura, antes de se fazer a obra, o senhor do supermercado veio ter comigo e eu disse que não havia problema ne-

Perante a situação e o impasse, Manuel Catarino diz “não ter condições” e decidiu colocar a casa à venda. nhum em desmanchar a casa que estava ao lado da minha. Facilitei, sim senhor. Abri o meu quintal para fazerem a obra e aquilo foi avançando sem problemas até ao ponto que se chegou ao dito muro que ficou muito baixinho. Julguei eu que iam subir aquilo mas não, ficou assim”.

O morador de Alvega diz que agora “a minha porta de trás está mais alta do que o muro. Assim que saio à porta do quintal, fico exposto, não posso sair à vontade”. Manuel Jorge Valamatos questionou se o munícipe já tinha voltado a falar com o empresário e Manuel Catarino disse que sim mas que “ele diz que fez as obras e que está tudo legal”. Ainda questionou se custaria muito “pôr umas chapas de resguardo” ao que lhe foi respondido que tudo tinha sido feito “dentro da lei”. Perante a situação e o impasse, Manuel Catarino diz “não ter condições” e decidiu colocar a casa à venda. Também o munícipe alveguense José Cardoso Branco trouxe um problema relacionado com a Travessa das Nogueiras, a rua que tem estado sob foco por se ter tornado local de passagem do trânsito por via da abertura do parque de estacionamento. “Tenho uma quinta que confronta com aquela travessa toda e a estrada tem uma inclinação brutal para o meu lado. Com o aumento do trânsito que se verifica agora na rua e com o facto de as pessoas agora lá estacionarem muito, o muro está todo a ceder para o lado de dentro”, disse. José Cardoso Branco sugeriu ao Executivo “que ali fosse feita uma valeta para que as águas recolhessem à parte de baixo e fossem diretamente para a ribeira que está ali próxima. É que o muro está mesmo a cair, já tem uma inclinação de 15 cm e as pessoas continuam a estacionar perto do muro”. A questão do parque de estacionamento em Alvega volta assim a reunião de Câmara. Desta vez, os moradores confrontaram o Executivo com a legalidade da construção.

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JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

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O parque de estacionamento recentemente construído junto a uma superfície comercial em Alvega continua a ser levado a reunião de Câmara em Abrantes pelos moradores próximos do local. Desta vez, para além da altura do muro que retirou toda a privacidade aos moradores, Luís Ferreira, um dos queixosos, trouxe um dado novo à sua intervenção. É que, segundo o munícipe, o terreno onde foi construído o parque de estacionamento pertence à Reserva Agrícola Nacional (RAN) e, como tal, não há lei que apoie esta construção. O munícipe começou por informar que “no site da Câmara Municipal de Abrantes, está o mapa do PDM (Plano Diretor Municipal) de Abrantes onde consta que os nossos quintais fazem parte da RAN e do regadio. O site da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural fala das utilizações não agrícolas permitidas excecionalmente na RAN”. Luís Ferreira deu conta da legislação onde se lê que “são interditas todas as ações que diminuam ou destruam as potencialidades para o exercício da atividade agrícola das terras e solos da RAN, tais como operações de loteamento e obras de urbanização, construção ou ampliação, com exceção das previstas no artigo seguinte”. O morador disse que no artigo em causa, “não há justificação para a construção de um parque de estacionamento de apoio ao mini-mercado em Alvega”. Luís Ferreira chamou a atenção para “a casa e o quintal que foram demolidos para a construção do parque de estacionamento já são propriedade daquela empresa há cerca de 10 anos”. Mas Luís Ferreira não ficou por aqui nas explicações. “Depois temos o PDM”, afirmou. E na informação disponível no site


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NOMES COM HISTÓRIA /

Largo da Ferraria Teresa Aparício

Situa-se na zona norte da cidade, não muito longe da igreja de S. Vicente e teria antigamente continuidade na chamada hoje Rua dos Combatentes da Grande Guerra. O seu significado é evidente, indicava o local onde trabalhavam ferreiros e é um topónimo antigo pois já aparecia num documento de 1380. Na Idade Média, as profissões agrupavam-se em ruas específicas de cada vila ou cidade e sabe-se que em Abrantes havia também a rua dos Oleiros (hoje rua de Maria de Lurdes Pintassilgo), a Rua dos Coelheiros (hoje Rua de S. Pedro), Largo dos Pasteleiros ( hoje Largo João de Deus)… Não é um largo muito antigo, data talvez de meados do século XIX, pois não consta em velhas plantas de Abrantes, nas quais ainda estão assinaladas, no local, um conjunto de moradias, possivelmente já em ruínas, a que era dado o nome de Casas Queimadas e que foram destruídas quando da abertura deste largo. A partir de 1858 e até à construção do mercado coberto em 1933, esta era a zona onde se vendia o peixe fresco do rio e do mar e também outros produtos como cal, lenha, carvão, etc. Era então um lugar animado, com os pregões das peixeiras e o regatear das freguesas que se batiam por um preço acessível às suas magras bolsas. O peixe mais vendido na altura, por ser barato, era a sardinha, pelo que a sua venda se estendia pela Rua Maria de Lurdes Pintassilgo que ainda hoje é conhecida, entre as pessoas mais velhas, por Rua da Sardinha. As hortaliças e as frutas vendiam-se sobretudo no Largo da Câmara. Neste largo encontra-se, desde os anos noventa do século XX, um padrão comemorativo dos centenários da Independência e Restauração, tendo sido para ali removido da Praça do Município, quando esta foi objecto de obras de remodelação. Fora lá colocado em 1940, na altura das comemorações dos Centenários e era conhecido indevidamente por pelourinho. Na verdade este fora destruído e desapareceu sem deixar rasto, em meados do século XIX. Mas este local já teve outra designação oficial. Em 1893 a Câmara atribuiu-lhe o nome de Visconde de Abrançalha, personalidade ligada a Abrantes, que residiu e morreu ali perto, numa sua moradia da Rua Grande. João José Henrique Trigueiros de Castro

Ataíde, 1º visconde de Abrançalha, título que lhe foi atribuído pelo rei D. Luís, nasceu em 1836 em Castelo Branco e faleceu em 1905, em Abrantes. Senhor de um património considerável, casou nesta então vila, com uma prima, Maria Eugénia de Castro Ataíde, que na altura era uma adolescente de apenas catorze anos. Casamento de conveniência, feito certamente por pressões familiares para aumentar o património dos nubentes, acabou em breve em separação e dele não resultou descendência. A mulher rumou a Lisboa e só ela teve filhos, fruto de uma outra ligação. O visconde ficou em Abrantes e aqui fez a sua carreira, integrado no partido regenerador, situado à direita do espectro político de então. Foi durante cerca de vinte anos Presidente da Câmara – 1876 /1893 e 1896 /1899. Durante este longo período Abrantes teve melhoramentos importantes em vários sectores, entre os quais destacamos: - No sector da educação é criada em 1880 a Escola Primária de S. João, instalada provisoriamente na Rua de Santa Isabel e em 1889 é inaugurado o edifício definitivo na Rua Luís de Camões. Mais vocacionada para adultos, foi criada uma Escola Móvel que funcionava usando o método de João de Deus. Por deliberação da Câmara são criadas bibliotecas populares na vila e nas freguesias mais necessitadas e são disponibilizadas verbas para a aquisição de livros. - Em 1886, a Câmara incumbe o vereador José Pimenta Patarroxa de organizar uma companhia de bombeiros, pondo à sua disposição vários empregados municipais.

- Em 1891, é inaugurado o abastecimento público de água a Abrantes, melhoramento importante e que foi muito festejado pelos abrantinos. -Em 1889, é inaugurada com muita pompa e circunstância a ponte ferroviária sobre o Tejo e pouco depois o caminho-de-ferro da Beira Baixa. São também construídas por todo o concelho muitas estradas e pontes. Verdade seja dita que, nem sempre foi ele o actor principal no que se refere à maior parte dos melhoramentos feitos durante a sua presidência, mas aproveitou bem a conjuntura política da altura. O deputado Avelar Machado, do mesmo partido e então deputado, mexeu muitos cordelinhos em Lisboa, nomeadamente no que diz respeito ao abastecimento de água e quanto aos caminhos-de-ferro e a várias estradas e pontes integraram-se na política de fomento de Fontes Pereira de Melo, também regenerador e então no governo. Embora um pouco apagado, o Visconde de Abrançalha era estimado pelos abrantinos e a sua morte causou grande consternação mesmo entre os adversários políticos. Mas o seu nome ligado a este largo nunca pegou entre a população, que continuou e continua a chamar-lhe Ferraria, nome que hoje em dia voltou a estar registado nas placas toponímicas.

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Consultas: - Campos, Eduardo, Cronologia de Abrantes no século XIX, C.M.A., 2000 Toponímia Abrantina, C.M.A., 1989 - familiatrigueiros.blogspot.com

Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SAÚDE / CHMT bate recordes de atividade assistencial Mexa-se Mais e Descanse Menos! Paula Gil, enfermeira Unidade Saúde Publica do ACES Médio Tejo Seja fisicamente ativo na sua vida quotidiana – MEXA-SE MAIS E DESCANSE MENOS…. Acumular no mínimo 150 minutos de atividade física semanal é o objetivo para o ano de 2020, nos adultos! “O exercício tem uma função reguladora dos vários sistemas fisiológicos do nosso corpo, serve para gerir, prevenir ou tratar 25 doenças diferentes”, (Pedro Teixeira, DGS). Níveis insuficientes de atividade física têm sido associados a vários problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, problemas ósseos, depressão e vários tipos de cancro. Há fortes evidencias de que ser fisicamente ativo DIMINUI o risco de cancro do cólon (intestino), da mama e do útero (endométrio). A Atividade Física ajuda também a prevenir a obesidade, auxiliando na manutenção de um peso saudável, um efeito adicional na redução do risco de cancro do rim, pâncreas, próstata, esófago e da vesícula.

O ano de 2019 foi um ano muito positivo para o Centro Hospitalar do Médio Tejo. Nos resultados obtidos na atividade assistencial realizada no CHMT, e ainda provisórios, verificou-se o aumento do número de consultas, o aumento do número de cirurgias e o aumento do número de sessões de Hospital de Dia. Assim, 2019 constitui-se no ano em que o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, bateu todos os recordes na atividade assistencial, transformando-se no melhor ano assistencial de sempre do CHMT, EPE. No total, e neste ano de 2019, o CHMT realizou mais de 185.740 consultas, batendo o recorde estabelecido em 2017, ano em que se realizaram 183.489 consultas. O Centro Hospitalar do Médio Tejo aumentou, ainda, a sua taxa de acessibilidade no número de primeiras consultas referenciadas via Cuidados de Saúde Primários, registando-se um aumento de 2,6% na taxa de primeiras consultas via Consulta a Tempo e Horas (CTH), sendo que em 2019 a taxa de 34,3%; 2018: 31,6%). Também no número de cirurgias o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, registou um crescimento, tendo sido realizadas um total de mais de 10.830 cirurgias. Mais de 600 que no ano 2018. Também aqui o CHMT, EPE, bateu o seu recorde de 2016, ano em que efetuou 10.507 cirurgias. 2019 confirma-se como o ano em que o CHMT bate todos os recordes de atividade assistencial, também por causa do aumento da atividade dos Hospitais de Dia cujo total de sessões ultrapassa as 33.890, representando um aumento de mais de 400 sessões face ao ano de 2018. Relativamente às Listas de Espera e Tempos Médios de Resposta (TME), no final do ano 2019 e comparativamente com o ano de 2018, a lista de espera para cirurgia diminuiu em menos 359 doentes em espera e em menos 13 dias de Tempo Médio de Espera, sendo que 84% dos doentes foram operados dentro do Tempo Máximo de Resposta Garantida.

No Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala anualmente a 4 de fevereiro, lembre-se deste mote “MEXA-SE PELA SUA SAÚDE”. O cancro é uma das principais causas de morte no mundo e em Portugal corresponde à segunda causa de morte. Estima-se que pelo menos um terço dos cancros são evitáveis. PREVENIR é a palavra chave e está ao nosso alcance! Segundo o relatório da OCDE 2019, em Portugal, um quarto das situações de doença devem-se a fatores de risco comportamentais como o tabagismo, o consumo de álcool, os hábitos alimentares e inatividade física. O que é Atividade Física?

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Embora muitas vezes se relacione o termo com uma ida ao ginásio, qualquer movimento que utiliza os músculos esqueléticos e requer mais energia do que descansar é Atividade Física. As recomendações da Organização Mundial de Saúde para o adulto são de acumular pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada por semana ou pelo menos 75 minutos de atividade física vigorosa. Segundo o barómetro nacional da atividade física de 2018, a maioria das pessoas (95,5%) desconhece esta recomendação. Vinte a vinte cinco minutos por dia a caminhar parece-lhe uma meta difícil de conseguir? Há

JORNAL DE ABRANTES / Fevereiro 2020

inúmeras de maneiras de praticar atividade física e atingir a meta da OMS! Exercício moderado é aquele que faz respirar um pouco mais rápido, aquecer o corpo e elevar a frequência cardíaca acima do normal (repouso), sem tirar o fôlego, a pessoa consegue ainda manter uma conversa, mas já não conseguiria cantar: caminhar rapidamente (como quando vai atrasado para apanhar um transporte), andar de bicicleta (ritmo moderado), jogar ténis (lazer), hidroginástica; trabalhos de jardinagem; subir escadas. DÊ O PRIMEIRO PASSO! Este é sempre o mais difícil de dar, mas você é capaz! Lembre-se que “POUCO É MELHOR QUE NADA”.

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Fevereiro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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EXPOSIÇÃO DE 01.02 A 02.05 QUARTEL DA ARTE CONTEMPORÂNEA DE ABRANTES — COLEÇÃO FIGUEIREDO RIBEIRO

Defeito Desfeito Diogo Bolota

TEATRO DIA 06 // 10:30 AUDITÓRIO DA ESC. SEC. DR. SOLANO DE ABREU

STAND UP COMEDY DIA 07 // 21:30 AUDITÓRIO DA ESC. SEC. DR. MANUEL FERNANDES

A poesia não é tão rara como parece

Beatriz Gosta

Companhia de Teatro Educa

Quem acredita vai

ACONTECE...

EXPOSIÇÃO

A BIBLIOTECA AO SÁBADO

ENCONTRO INFANTOJUVENIL

DESPORTO

ACADEMIA DO MERCADO

ATÉ 29 FEV BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO

DIA 08 // 10:30 E 11:30 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO

DIA 13 // 10:30 E 14:00 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO

DIA 16 // 09:30 CIDADE DESPORTIVA DE ABRANTES

DIA 22 // 10:30 MERCADO MUN. DE ABRANTES

Quando as árvores cantam... De Paulo Alves

ACADEMIA DO MERCADO

DIA 08 // 10:30 MERCADO MUN. DE ABRANTES

Magda Roma

Alimentação anti-cancro

A BEBETECA AO SÁBADO

DIA 22 // 10:30 E 11:30 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO

Baseado no livro A crocodila mandona De Adélia Carvalho com ilustrações de Marta Madureira

Rosário Alçada Araújo

Apresentação do livro O país das laranjas EVENTO

DE 14.02 A 08.03 AQUAPOLIS MARGEM SUL

Feira de S. Matias

Encontro Escolas BTT XCO Abrantes DESPORTO

DIA 21 // 21:30 AUDITÓRIO DO ESTÁDIO MUNICIPAL DA CIDADE DESPORTIVA DE ABRANTES

Preparar o atleta do futuro Workshop

Sabores com a Confraria do Bucho e Tripas Com produtor local

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS COM...

DIA 27 // 21:30 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO

João Pinto Coelho

Apresentação do livro Perguntem a Sarah Gross


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