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INOVAÇÕES DAQUI 52 Gestão de pessoas
especial inovações daqui
52 GESTÃO DE PESSOAS
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Como a tecnologia pode ajudar as empresas a aprimorarem os melhores modelos de trabalho e a inspirarem os seus trabalhadores a buscarem eficiência no processo produtivo
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XIPALAPALA
Uma plataforma online para dar sustentabilidade às rádios comunitárias
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PANORAMA
As notícias da inovação em Moçambique, África e no Mundo
Tecnologia na Gestão de Pessoas é o Futuro
Mais do que apenas processar salários, um software é capaz de trazer significativas transformações positivas no funcionamento das empresas em todos os domínios, com destaque para a gestão do seu maior activo: as pessoas. Como? A resposta está na recente pesquisa da PHC Software
TEXTO Celso Chambisso • FOTOGRAFIA D.R
“C hegaram as organizações do futuro, e com elas novos modelos de trabalho, uma velocidade acelerada e a certeza de que no mundo do trabalho já nada voltará a ser o que era.
Se as organizações já vinham a percorrer um caminho de adaptação face à transformação digital, hoje testemunhamos a necessidade de acelerar este processo”.
Este é o trecho introdutório de uma pesquisa intitulada “Os dez mandamentos da gestão de pessoas: boas práticas apoiadas em tecnologia”, amplamente debatida num seminário realizado recentemente em Lisboa.
Organizado pela PHC Software – uma multinacional de origem portuguesa dedicada ao desenvolvimento de software de gestão, fundada em 1989,
Digitalizar o mundo das pessoas
Em poucos anos, o papel dos recursos humanos alterou-se substancial-
mente. Ao invés de se focar quase exclusivamente na gestão administrativa, assumiu lugar de destaque na liderança e no aumento da produtividade, bem-estar dos colaboradores e do desempenho global da empresa.
São alterações que já se verificam há alguns anos, mas que ganharam contornos ainda mais relevantes nos últimos tempos. Por isso, a digitalização das empresas é fundamental e o departamento de recursos humanos deve ser das primeiras opções a ter em conta.
“É preciso digitalizar o mundo da gestão das pessoas”, aconselha a PHC Software, destacando, a seguir e ao detalhe,
Em poucos anos o papel dos recursos humanos alterou-se. Ao invés de se focar na gestão administrativa, assumiu lugar de destaque na liderança e no aumento da produtividade
com mais de 35 mil clientes espalhados por 25 países, incluindo Moçambique, e mais de 150 mil utilizadores de software – o seminário viria a resultar num book orientador das empresas sobre os instrumentos tecnológicos que podem estar à disposição das empresas para melhorarem a sua performance nos mercados.
Antes, porém, o documento traz os argumentos que consubstanciam a importância da sua pesquisa e do próprio tema, ao referir que, nos dias que correm, “exige-se que as empresas sejam flexíveis, dotadas de uma agilidade que lhes permita chegar onde nunca chegaram. Só com um pensamento focado nas pessoas é possível chegar tão longe”. Acrescenta, entretanto, que “uma revolução na gestão de pessoas é o cenário a que hoje assistimos”.
E, recorrendo à revisão da literatura, remata: “o caminho da sobrevivência e prosperidade das empresas passa, segundo a Deloitte, por cinco tendências que destacou no estudo ‘Global Human Capital Trends 2020’, nomeadamente: o bem-estar como parte integrante das estratégias de trabalho; a aposta no potencial dos colaboradores; a criação de ‘super equipas’; utilização dos dados em tempo real; e redefinição do papel dos recursos humanos”.

os motivos que explicam este sentido de urgência.
Resolver a escassez de talentos
Os tempos dos anúncios de emprego no jornal já vão longe. Hoje existem mais vagas do que candidatos em muito sectores de actividade. Por isso, é preciso que o software utilizado no recrutamento permita acompanhar a sua candidatura, mantendo uma comunicação rápida e fluida com o candidato durante todo o processo de selecção e garantindo a melhor experiência desde o primeiro contacto.
Por outro lado, os novos modelos de trabalho vieram para ficar e ter uma gestão integrada de recursos humanos digitalizada transitou de um mero privilégio para um dever. É importante que prevaleça a noção de que a experiência dos colaboradores só pode ser positiva se forem contemplados todos os momentos da sua vida na empresa, e que tal seja feito a partir de qualquer lugar e de qualquer dispositivo. “Só assim é possível contribuir para o seu nível de engajamento e retenção”, argumenta o estudo.
Tarefas, tempo, controlo de processos e avaliação
Se as tarefas mais burocráticas e administrativas desaparecem ou diminuem, existe disponibilidade da área de recursos humanos para investir em sectores com maior retorno para a empresa, nomeadamente o acompanhamento de líderes, feedback de colaboradores, desenvolvimento de projectos que potenciem a colaboração, engajamento e produtividade. São os casos de projectos na área de bem-estar e felicidade organizacional, por exemplo.
Por outro lado, se há tarefa que o software faz bem é o controlo de processos. E um dos mais delicados é o processamento de salários. A digitalização da área de processamento salarial permite emitir e pagar os salários, integrando férias ou faltas sem estar a fazer cálculos paralelos. Se cada um fizer o seu através de um portal do colaborador, cada líder aprova e o sistema processa tudo de forma automatizada e fiável.
Além disso, “quando pensamos num sistema de avaliação sofisticado ocorre-nos imediatamente uma ferramenta que permita a chamada avaliação 360º - hierárquica, aos pares ou clientes internos, líderes e auto-avaliação. Só assim é possível ter uma visão justa e que integre a avaliação de todos os interlocutores daquele colaborador, uma visualização completa do estado da empresa e sa-
IMPACTO DO INVESTIMENTO NA ANÁLISE DE DADOS
• Capacidade de decisão e precisão
Decisões mais assertivas na gestão dos colaboradores, baseadas em dados e números, e não apenas na intuição, com vantagens de custo, produtividade ou engajamento. • Revelar o que está escondido
É frequente que os dados agregados revelem informação que, até aí, estava escondida e que ajudem no posicionamento estratégico da empresa. • Papel estratégico dos RH
Ao assentarem as suas decisões e aconselhamentos em mais dados, as equipas posicionam-se de forma sustentada e dão um carácter mais científico à sua função. • Antecipação
A capacidade de fazer análise preditiva com base em dados permite antecipar, por exemplo, quais os colaboradores em risco de saída, ou os líderes menos eficazes na sua liderança. • Medir impacto
Conseguir medir os impactos e a eficiência das acções implementadas abre novas perspectivas, não só na gestão de pessoas como na estratégia da empresa.

ber quais os pontos a melhorar em cada colaborador”, refere a PHC Software.
“Ao ter a área de gestão de pessoas digitalizada”, prossegue, “as empresas ganham uma grande vantagem ao conseguirem reunir um enorme conjunto de dados que podem ser utilizados para facilitar uma gestão mais inteligente”.
Análise de dados
O mundo dos dados chegou à gestão de pessoas, aqueles que designamos de people analytics. É importante ter em conta que conseguir bons dados dá trabalho e que essa é uma das razões que explicam o atraso em adoptar este tipo de análises.
Apesar, claro, das muitas vantagens que podem trazer para as empresas, que incluem a capacidade de decisão e precisão; revelar o que está escondido; o papel estratégico do departamento dos Recursos Humanos; a antecipação; e a medição do impacto das acções.
Descentralizar as actividades da área dos recursos humanos
O conceito utilizado na publicação é Human Capital Management (gestão do capital humano) e é assumido como sendo todo um conjunto de ferramentas, que permitem a descentralização das operações que eram, anteriormente, da responsabilidade das equipas de recursos humanos para os colaboradores e líderes. Como?
“Através de um sistema nervoso digital onde cada um submete, consulta e aprova a informação da sua responsabilidade, com a garantia de que o software integra, automatiza e sistematiza toda a informação”, revela a pesquisa.
O desafio das equipas de recursos humanos é, hoje, muito grande, dado que precisam de desenvolver o acompanhamento e a comunicação permanente com as equipas de trabalho, promover uma liderança inspiradora, próxima e mobilizadora, para além de sistemas de avaliação reveladores e potenciadores do mérito e uma aposta consistente no desenvolvimento, engajamento, bem-estar e formação dos colaboradores.
“Tudo isto só é possível se as empresas estiverem munidas de ferramentas de Human Capital Management, que permitam agilizar esta gestão e fazer do trabalho uma experiência feliz através de um software que nos permita humanizar a empresa, levantar a cabeça do teclado e interagir com as pessoas, mantendo-nos mais atentos à realidade e presentes no seu dia-a-dia”, concluiu.
XIPALAPALA Sustentabilizar para Informar… e Vice-versa
Se até os órgãos de informação mais modernos, digitalizados e sofisticados das grandes urbes são propensos a problemas de sustentabilidade financeira, imagine-se a condição das rádios comunitárias! O problema está lá há muito tempo, mas começa a deixar de o ser. Como?
TEXTO Nário Sixpence • FOTOGRAFIA Mariano Silva
Regra geral, pessoas das grandes cidades conhecem pouco do dia-a-dia do meio rural, que só se torna notícia quando a comunicação social é para lá movida pela necessidade de fazer alguma cobertura pontual. E quando se está no meio rural, dependendo da localização, o acesso à informação é também limitado e, muitas vezes, assegurado pelas rádios comunitárias, cuja sobrevivência é assegurada pela boa vontade de instituições públicas e organizações não-governamentais. É que, estando situadas em locais recônditos e sem acesso ao mercado da publicidade, acabam por voltar os seus conteúdos para objectivos meramente cívicos que, entretanto, não vendem.
Foi esta realidade que despertou a H2N, uma organização não-governamental moçambicana vocacionada para o apoio à comunicação comunitária, a criar o Xipalapala, uma plataforma online que tem como foco congregar todas as rádios comunitárias a fim de as ajudar a colmatar este problema através da publicidade.
Como funciona? “Existe um primeiro passo que é o cadastro do anunciante na plataforma, isto é, a empresa que tem interesse em usar a plataforma entra em contacto connosco e pede o cadastro. A seguir, a equipa da H2N que faz o cadastro disponibiliza ao cliente as senhas de acesso à plataforma. Uma vez dentro desta, o usuário carrega num spot, cuja duração é calculada pela plataforma, e depois escolhe onde quer inserir, quantas vezes e por quanto tempo. As rádios seleccionadas recebem um e-mail para garantir que esta informação realmente chegou”, explica Farida Ustá, directora de Programas da H2N. Na sequência, e depois de finalizado o pedido, o cliente recebe a factura. O pagamento é feito para uma conta da H2N e esta, por sua vez, paga às rádios. “Assim, um determinado cliente que queira inserir publicidade nas 95 rádios não tem de interagir com todas, pois tem um ponto de contacto, que é a H2N, da qual recebe a factura, e faz o pagamento”, esclareceu.
O investimento inicial na Xipalapala foi de 18 mil dólares, e foi através de um desenvolvedor estrangeiro, mas com o posterior envolvimento da equipa interna de desenvolvedores o valor subiu para 22 mil dólares. Desde a sua criação (em 2017) até Agosto de 2022, a plataforma já angariou cerca de 320 mil dólares, sendo que 90% do valor teve as rádios como destino. A ideia surgiu em 2016, mas a criação da própria plataforma só foi possível em 2017 e acabaria por ser finalizada em 2018. A Xipalapala, que começou com 47 rádios, já conta com 95.
Além de apoiar a sustentabilidade das rádios comunitárias, a plataforma pretende garantir que as comunidades tenham acesso a informações de grande utilidade pública partilhadas nas zonas urbanas. “É uma forma de garantir que as comunidades tenham acesso à informação e, ao mesmo tempo, ajudar na sustentabilidade das rádios comunitárias, pois estas não têm muitas fontes de receita e muitas vezes não têm como chegar aos anunciantes que estão em Maputo”, sublinhou a Farida Ustá. Neste momento, o Xipalapala está disponível apenas em formato web, mas pensa-se já na criação de um aplicativo, “até porque a plataforma teve uma evolução significativa nos últimos anos”, garante a responsável. “Internamente, criámos o Xipalapala Info, um podcast diário sobre a informação que é partilhada pelo mesmo universo de rádios e também por subscritores individuais. Lá temos também alguns programas sobre conteúdos de saúde, nutrição e até de televisão”, concluiu.
B
RESPONSÁVEL
Farida Ustá
PLATAFORMA XIPALAPALA
GESTOR
H2N
ALVO
Rádios comunitárias
CRIAÇÃO
2017

Migração
Plataforma de emissão de vistos electrónicos poderá entrar em vigor em finais de Outubro
O vice-ministro da Economia e Finanças, Amílcar Tivane, anunciou, durante uma reunião realizada no Ministério do Negócios Estrangeiros e Cooperação, que a plataforma para a facilitação de vistos dos estrangeiros poderá estar disponível até finais de Outubro deste ano.
A plataforma denominada e-Visa foi introduzida pelo Governo para melhorar a competitividade e impulsionar a economia e a indústria turística.
Consiste numa interface gráfica de fácil utilização onde o requerente introduz todas as informações necessárias para um visto, preenchendo um formulário em linha que explica o objectivo da visita.
Uma vez completa a informação e a documentação necessárias, são submetidas ao Serviço Nacional de Migração (SENAMI) onde são processadas. No prazo de cinco dias, o requerente é informado sobre a aprovação ou não do estatuto, através da mesma plataforma digital.
No caso de aprovação, o requerente recebe um documento de viagem digital de pré-autorização que deve ser apresentado ao oficial do SENAMI no ponto de entrada em Moçambique.
Logística
Cornelder investe em tecnologias de ponta para controlo de acesso ao Porto da Beira
A Cornelder Moçambique investiu na instalação de um sistema moderno e informatizado para controlo de acesso ao Porto da Beira. A nova tecnologia detecta automaticamente as matrículas e os números dos contentores recorrendo a câmaras de vigilância.
O sistema funciona como um portal moderno e inteligente utilizado na gestão do fluxo de camiões em várias cidades americanas e europeias, e foi recentemente implementado no Terminal de Contentores do Porto da Beira.
Com a instalação deste sistema, a Cornelder de Moçambique espera conferir maior eficiência no controlo dos principais acessos ao Porto da Beira, bem como automatizar o registo de contentores, matrículas dos camiões e imagens para fins de segurança, reduzindo, desta forma, erros humanos e aumentar a competitividade daquela infra-estrutura.
Ciência
Empresa sul-africana lança mecanismo de combate às emissões de carbono através de compras online

O programa de recrutamento de africanos da gigante mundial de tecnologia Microsoft, fundada pelo norte-americano Bill Gates, está agora em Moçambique em busca de profissionais como engenheiros de software, numa iniciativa de um programa continental da Microsoft que pretende alcançar e recrutar talentos africanos para fazerem parte da sua força de trabalho para as equipas de Redmond, nos Estados Unidos, e Vancouver, no Canadá.
Segundo Cláudio Silva, moçambicano e responsável pela implementação do programa, em declarações ao portal Kabum Digital, “para esta vaga, a Microsoft procura recém-graduados ou estudantes finalistas de um curso de bacharelato ou mestrado em engenharias, ciência da computação ou áreas afins, com capacidade de demonstrar conhecimento dos fundamentos da ciência da computação, incluindo estrutura de dados e algoritmos”.
O processo de candidaturas arrancou em Agosto e abrange todo o território nacional, sem limites de idade e género. Os candidatos que forem seleccionados serão convidados para a primeira fase das entrevistas. As vagas fecham assim que forem preenchidas após as entrevistas finais.
Telecomunicações
Rússia lançou segundo satélite angolano Angosat-2
A agência espacial russa Roscosmos anunciou, em comunicado, o lançamento do segundo satélite angolano, o Angosat-2, do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
O instrumento pesa duas toneladas e possui uma alta capacidade de transferência de informação.
O Governo angolano promete, através desta tecnologia, colocar o país num lugar de destaque nas comunicações em África.
Já em órbita, o satélite custou 320 milhões de dólares e deverá possibilitar uma largura de banda de 13 gigabytes em regiões onde chega o seu sinal, abrangendo a maior parte do continente africano e boa parte de Europa.
É a segunda vez que o país coloca em órbita um satélite, depois do Angosat-1, em Dezembro de 2017, cujo lançamento fracassou, como acontece algumas vezes, dada a complexidade de um satélite de telecomunicações.