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ESPECIAL ENERGIAS RENOVÁVEIS
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14 O CAMINHO PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
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Estudos recentes de pesquisadores moçambicanos concluíram que há grandes desperdícios de energia em instituições públicas. Buscam, assim, maneiras de promover a eficiência, que terá nas renováveis importantes elementos da matriz do futuro
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Nas cidades, há desperdícios de energia. No campo, há défice. Mas tirar daqui para pôr ali não é tarefa simples. Porém, um estudo pioneiro, desenvolvido por Ézar Esaú, docente da Universidade Pedagógica, é candidato a solucionar o problema
TEXTO Celso Chambisso• FOTOGRAFIA Mariano Silva. & D.R.
Um grupo de 21 pesquisadores da Universidade Pedagógica de Maputo, para a área de energias e meio ambiente, está empenhado em buscar soluções de apoio à expansão de energia sustentável. Entre eles está Ézar Esaú que, a fazer o grau de Doutoramento nessa área, está a desenvolver uma pesquisa intitulada
“Desenvolvimento de tecnologias persuasivas para a eficiência energética em edifícios públicos”. Ainda em curso, o estudo parte da constatação de que há desperdício excessivo de energia nas instituições públicas, o que acarreta custos “muito altos” de aquisição.
Mas, por outro lado, está cientificamente comprovado que é possível reduzir para metade o custo da energia se todas as regras de racionalização forem rigorosamente aplicadas, sendo, por isso, uma iniciativa incentivada mundialmente e que consta, inclusive, entre as prioridades dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável.
Nesta discussão, entra também em cena a matriz das energias renováveis, que estão agora na vanguarda do processo de transição energética, e que prevê eliminar a emissão do carbono até 2050.
Existem, em Moçambique e no mundo, estudos que sustentem com números a tese da sua pesquisa sobre o desperdício energético em instituições públicas? O que dizem?
Existem, sim. São várias pesquisas que a sustentam. Não é um posicionamento novo, mas é um pressuposto global. A nível mundial, há um consumo de 40% a mais de energia em instituições públicas. Isso sugere que a eficiência é a solução que vai baixar os custos porque se trata de uma energia que já existe. É preciso considerar que produzir mais energia acarreta custos: tem de se construir mais barragens, adquirir mais painéis, identificar novas áreas para implementar centrais de produção, etc. O estudo que estou a desenvolver pretende buscar soluções praticáveis para este problemas, que têm interesse apenas comercial.
Isso é a nível global. E se olharmos para as instituições públicas moçambicanas?
A proporção é muito desviada. Esse cenário de maior consumo verifica-se mais
em países desenvolvidos. Para o caso de Moçambique, não temos dados muito concretos. Mas nós (investigadores da UP) desenvolvemos um estudo em duas escolas públicas. Foi um estudo de base para aferir o consumo de energia. Fizemos uma estimativa de consumo que se podia realizar de acordo com os equipamentos que eles possuem.
Calculámos o que seria o consumo ideal das duas instituições e constatámos que o consumo real ia muito além do ideal. Cerca de 25% para uma das instituições e 40% para a outra, de consumo a mais de energia. Há aí um problema grave. O estudo ainda decorre e queremos, com ele, estabelecer indicadores concretos da situação de Moçambique através do levantamento de dados em diferentes instituições — cuja amostra é feita dentro da Cidade de Maputo, que concentra grande parte dos edifícios públicos do País — para depois fixar padrões qualitativos de eficiência e estabelecer escalas, que vão do “excelente” ao “muito mau”, passando pelo “bom”, “médio” e “mau”.
E como se aplicariam os princípios da eficiência energética para gerar a mudança que se pretende?
A eficiência energética compreende dois grandes factores: o comportamental e a transformação tecnológica. Na transformação tecnológica, estamos a falar da adopção da ecotecnologia, que é uma tecnologia que garante eficiência energética. Há aqui, por exemplo, a substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e, melhor ainda, pelas LED.
O consumo de uma lâmpada incandescente pode equivaler a dez lâmpadas LED. Se substituo uma de 100 watts incandescente por uma LED de 10 watts, estarei a usar apenas um décimo de energia para a mesma finalidade e, aí, estamos nas ecotecnologias para melhorar a eficiência energética. Mas isso, por si só, não é suficiente.
Se tivermos, por exemplo, uma lâmpada de baixo consumo, mas usamo-la de qualquer maneira, não teremos resultados. Aqui é onde entra a parte comportamental, que também faz parte do estudo. Neste contexto, há muita coisa que pode ser feita, desde a educação cívica, literacia sobre assuntos de eficiência energética, etc.
A mim interessa-me aplicar o uso de tecnologias para influenciar a mudança de comportamento. Isso pode também ser feito administrativamente através de
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um regulamento estratégico e táctico, mas não no nível operacional. Sobre regulamentos, darei exemplo do que acontece nos outros países, existem indicadores de eficiência energética para edifícios públicos onde se identifica a energia que deve ser usada. O indicador soma os gastos do mês e divide pelo número de trabalhadores (gasto per capita). Mas existe um outro indicador por área coberta que diz a energia que deve ser gasta em cada metro quadrado. Essas são medidas matemáticas que são colocadas.
No nível estratégico e regulativo, pode-se fazer tomando como exemplo Portugal que estabelece indicadores ideais para as instituições, indicando o consumo ideal e procura depois garantir que todas as instituições do mesmo tipo estejam dentro ou abaixo desse indicador. Para que se cumpram, tomam-se várias medidas, desde a transformação tecnológica até à mudança de comportamento.
Sabemos que a vossa actuação também inclui as energias renováveis. Que papel é que estas desempenham no contexto da eficiência energética?
Aqui toda a ginástica deve ser feita ao nível das comunidades rurais e com muito esforço na literacia. No aspecto de produção, ao nível técnico, existem alguns algoritmos informáticos que optimizam a produção de energia eléctrica a partir de painéis ou módulos solares.
Mas temos um problema típico das comunidades. A comunidade sabe que é mais fácil ter energia a partir de uma fonte fotovoltaica como solução, e isso é aplicável. Mas essa comunidade compra e monta o seu sistema com muita deficiência e falta de componentes importantíssimos. Um exemplo clássico é o do regulador de carga.
Para as comunidades, basta ter o módulo solar — produtor da energia eléctrica a partir da energia solar luminosa, uma unidade de armazenamento que é a bateria e colocar um inversor. Muitas vezes, falta o regulador de carga, elemento-chave porque aumenta o tempo de vida de todos os outros componentes do sistema (bateria, módulos, etc.) para uma gestão eficiente de todo o sistema.
Sem este equipamento, quando o painel recebe energia, os seus componentes internos vão sendo danificados e o tempo de vida vai reduzir drasticamente. Por isso é preciso que os membros da comunidade tenham orientação técnica.
As renováveis desempenham papel crucial na promoção da eficiência energética, um tema que já domina as discussões globais no quadro da transição que o mundo hoje testemunha

Como é que vocês resolvem este problema? Ou será tarefa dos novos provedores de serviços nesta área?
Temos um projecto que visa produzir uma planilha com dados concretos para instruir as comunidades, porque isso é o que falta. Se as pessoas souberem da quantidade de energia que precisam para os seus locais de trabalho e electrodomésticos, tal condicionará todos os seus sistemas fotovoltaicos.
A planilha que produzimos tem um pequeno consultor com informações
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técnicas para orientar. Esse consultor ainda não está a ser distribuído pelas comunidades, pois tal carece de financiamento. Mas a sua utilidade está comprovada. Por exemplo, produzimos o consultor para uma pequena comunidade do distrito da Massinga, por termos verificado que usam muito os sistemas solares, mas já surgem por lá comentários de abandono dos mesmos por terem um tempo de vida muito reduzido.
O projecto foi submetido ao Fundo Nacional de Investigação, foi aprovado, mas não teve financiamento. Precisaríamos de menos de 500 mil meticais para a validação desse estudo piloto. Se calhar, não fosse pela pandemia, já teríamos conseguido o investimento.

Supondo que seja possível reunir todas as condições para o alcance da eficiência eficiência energética, quanto dinheiro é possível poupar, quer ao nível individual, quer das instituições?
Cada caso tem a sua particularidade, mas estudos já confirmaram a possibilidade de reduzir custos de consumo até 50%. O impacto disso, como pode imaginar, é gigantesco ao nível da economia e podemos fazer menção a três pilares que são beneficiados: o ambiental (esta medida favorece o meio ambiente porque garante a redução na emissão de gases de estufa, redução da destruição de ecossistemas, em vez de precisar de ampliar as fontes de geração); o económico (haverá uma redução da necessidade de compra de energia, fazendo as mesmas actividades, reduz-se também o nível de investimentos para a construção de novas centrais); e o social (considerando que o uso excessivo de energia provoca a redução da qualidade da mesma, evita-se a situação de interromper algumas actividades pela baixa qualidade de energia e mesmo a danificação de alguns aparelhos).
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O Top 10 de Quem Mais Investe na Transição Energética
Mais de 130 países estabeleceram, ou estão a considerar, um objectivo de emissões net zero até 2050, mas a obtenção desse objectivo à escala global requer 125 biliões de dólares em investimento climático até àquele ano, de acordo com as estimativas da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC). Embora esse nível brutal de investimento ainda não tenha, de longe, sido atingido, está a crescer exponencialmente. Em 2021, o mundo gastou 755 mil milhões de dólares no desenvolvimento de tecnologias energéticas com baixo teor de carbono, mais 27% do que no ano anterior. Este gráfico destaca os dez principais países por investimento em energia com baixo teor de carbono em 2021, utilizando dados da BloombergNEF.
Como ler o gráfico
A VW planeia construir seis fábricas na Europa até
2030 com uma capacidade agregada anual de 240 GW.
8. Suécia 4 GWh
Ranking e país 2021 Capacidade GW/Hora 2. U.S. 44 GWh
Tamanho GWh
2. U.S. 44 GWh
7. Alemnaha 11 GWh 9. Reino Unido 2 GWh 4. Polónia 22 GWh 3. Hungria 28 GWh 1. China 558 GWh 6. Japão 17 GWh
5. Coreia do Sul 18 GWh
No estado norte-americano do Nevada está a maior fábrica mundial, a Panasonic-Tesla Giga Factory 1, com 37 GW de capacidade anual instalada.

10. Austrália 1 GWh
Quatro das dez maiores empresas produtoras de baterias estão actualmente na China.
O Pipeline das “Mega-Fábricas”
Existem 200 megafábricas de baterias no gasoduto até 2030, localizadas em várias regiões.
China 148
Se todas as 200 fábricas estivessem a operar na sua capacidade plena, seriam necessários 3 milhões de toneladas de lítio.
Produção do lítio
Procura do lítio 2030E
82,000 toneladas Número de megafábricas de pilhas (2030P) por região Europa 21
América do Norte 11
Outros 20
2030P
3,000,000 toneladas
3500% de aumento relativo face à produção de 2020
FONTE BloombergNEF

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SWISSSOLAR Quando se Combinam Todas as Renováveis Num só Empreendimento

A empresa tem a particularidade de combinar energia solar, hídrica e eólica, incluindo geradores a diesel e turbinas a gás, dependendo das fontes de energia disponíveis. Também consegue ser uma solução para o que o mercado mais precisa: o financiamento
TEXTO CELSO CHAMBISSO • FOTOGRAFIA Mariano Silva
ASwissSolar Lda. é um centro de competência em energia fotovoltaica e renovável, que nasceu na Suíca. O seu principal negócio é implementar soluções de energia limpa e confiável para os seus clientes e já executou mais de 35 projectos com sucesso em Moçambique.
De acordo com o seu PCA, Andreas Ziegler Mendonça, o empreendimento compreende três dimensões, nomeadamente a Engenharia, a Aquisição e a Construção para energia fora da rede, híbrida e de reserva, podendo combinar, de acordo com a disponibilidade, diferentes fontes de renováveis, desde a energia solar, hídrica, eólica, até geradores a diesel e turbinas a gás. O público-alvo da empresa é composto exclusivamente por clientes do sector privado, com grande foco nos do ramo do Turismo e Conservação e projectos de desenvolvimento rural, embora tenha alguma intervenção ao nível urbano.
Mas qual é o grande diferencial que esta empresa marca num mercado em que a concorrência cresce a olhos vistos? A Swiss Solar considera-se um player de nicho, segundo o seu PCA, Andreas Ziegler Mendonça, atendendo clientes com requisitos de alta qualidade, que são geralmente privados. Alguns exemplos de clientes são as instalações da Girl Move, em Nampula, uma unidade do Reserva do Gilé, em Nampula, uma unidade dentro da Reserva do Niassa, entre outros pequenos projectos de instituições privadas que incluem bancos rurais. “A empresa tem uma rede muito boa de técnicos locais e uma excelente rede internacional de parceiros de engenharia e produção, incluindo fornecedores de tecnologia de qualidade e sustentável”, argumentou o PCA.
Mais do que isso, se o financiamento é o maior ponto fraco dos projectos estruturantes do mercado moçambicano, a Swiss Solar é, já por si, uma solução. “Ao mesmo tempo, temos a nossa própria rede de financiamento e podemos oferecer financiamento para projectos interessantes”, explicou. Em Moçambique, esta componente financeira

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EMPRESA Swissolar
CRIAÇÃO
2014
FUNDADOR
Andreas Ziegler Mendonça
CLIENTES
20 (actualmente)
COLABORADORES
Quatro Fixos e 20 Sazonais

já está a dar alguns frutos visíveis, visto que, “com os nossos parceiros financeiros, sobretudo os mais interessados no desenvolvimento rural e urbano, estamos a preparar soluções integradas para um desenvolvimento rural sustentável e mobilidade urbana”.
Através desta iniciativa, a SwissSolar facilita o acesso ao financiamento com fundos externos a projectos que têm alguma pujança financeira. A maior parte deles são turísticos, nomeadamente lodges, com valores que variam entre 100 mil e 500 mil dólares.
Ainda assim, o mercado apresenta desafios estruturais que contrariam o esforço da expansão do acesso à energia, nomeadamente: os baixos padrões técnicos e eléctricos para implementar tecnologia solar de alta tecnologia; a situação macroeconómica que não está a gerar caixa suficiente para justificar ou financiar investimentos; altas taxas de juro, tornando quase impossível o financiamento local; empréstimos de doação importantes não estão realmente disponíveis para as PME locais ou são altamente burocráticos e, portanto, não são interessantes; e a administração de empresas locais, as taxas bancárias e regulamentos de importação, que dificultam muito a implementação de projectos competitivos.
Por estas questões, segundo conclusão do PCA da SwissSolar, projectos de energias renováveis têm grandes dificuldades em fornecer produtos e serviços de melhor qualidade. “Os investidores fazem projectos baratos, mas que ficam muito caros a longo prazo. Levam um ou dois anos e depois morrem”, observou.
Dificuldades à parte, e mesmo porque há uma premissa anti-pessimista que aconselha a “fazer dos obstáculos oportunidades”, a Swiss Solar, tomando as energias renováveis como a matriz do futuro, tem o objectivo de “permanecer um player de sucesso na vanguarda da tecnologia de amanhã para clientes que desejam ser independentes – especializando-se em sistemas híbridos e combinando diferentes fontes de energia. O futuro mostrará se será em Moçambique ou num contexto mais regional”, concluiu.
PANORAMA
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Renováveis
Italiana Eni e Governo fecham acordo para o desenvolvimento de projecto de biocombustíveis
Neste acordo, rubricado recentemente, fica estabelecida uma plataforma de trabalho conjunto, orientada para a cooperação e desenvolvimento de projectos agrícolas, com maior foco para áreas consideradas não competitivas para a produção de alimentos, tendo em consideração a preservação das florestas e dos ecossistemas naturais.
Os biocombustíveis são fontes de energia consideradas alternativas, por serem de carácter renovável e apresentarem baixos índices de emissão de poluentes para a atmosfera. Em geral, costumam ser produzidos a partir de produtos agrícolas ou vegetais, como a cana-de-açúcar, o milho, o rícino, entre outras matérias-primas.
As partes não avançaram qualquer detalhe sobre os custos do projecto e o seu calendário de execução.
Os principais tipos de biocombustíveis actualmente utilizados são o etanol e o biodiesel. Costumam ser usados tanto para mover veículos, quanto para a geração de energia.
A Eni faz parte do consórcio da Área 4 da Bacia do Rovuma, ao largo de Cabo Delgado, numa operação cujas previsões iniciais apontavam para que a exploração das reservas começaria no primeiro semestre de 2022. Os poços que vão alimentar o projecto estão perfurados e a plataforma flutuante Coral Sul já está em Moçambique. Esta será a primeira unidade de exploração das reservas do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo.
Ambiente
As emissões de dióxido de carbono (CO2) no sector da energia atingiram níveis históricos em 2021 devido à recuperação económica mundial e ao aumento do uso do carvão, indica a Agência Internacional de Energia (AIE).
A AIE salienta que a energia, primeiro sector produtor de gases com efeito de estufa, aumentou as emissões de CO2 em 6% em 2021, para 36,3 gigatoneladas. O volume das emissões registado em 2021 superou o recorde anterior de 2019 e deveu-se, sobretudo, à recuperação económica mundial e à subida dos preços do gás, que levou muitos países a recorrerem ao carvão apesar do crescimento sem precedentes do uso das energias renováveis.
O carvão está na origem de 40% do crescimento das emissões em 2021, com um nível histórico de 15,3 mil milhões de toneladas de CO2. O gás ultrapassou os níveis de emissões registados em 2019, em 7,5 mil milhões de toneladas.
Energia
Guerra na Rússia e Ucrânia impulsiona procura por fontes renováveis na Europa

A guerra que está a assombrar a Ucrânia, o leste europeu e o mundo tem dado a entender que a dependência dos países face a outros pode ser perigosa.
Neste sentido, nos últimos dias, na Europa, por exemplo, as energias renováveis conheceram um impulso motivado pela procura por alternativas ao petróleo e ao gás provenientes da Rússia. Pela primeira vez desde a pandemia, o European Renewable Energy Index,
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançou, recentemente, um documento que está a ser considerado o mais sombrio e drástico elaborado pelo grupo de cientistas desde o início das actividades, em 1988. Trata-se da segunda parte do seu sexto relatório de avaliação.
Alguns destaques do documento, que tem cerca de 4 mil páginas, relatam que a crise do clima está a acelerar-se rapidamente, há impactos bem mais graves que os previstos, não é possível evitar todas as perdas, as comunidades mais pobres, mulheres, crianças e povos indígenas estão cada vez mais vulneráveis e sofrerão mais, a urbanização crescente aumenta a pressão sobre os serviços de água, saúde e saneamento, que, por sua vez, destroem ecossistemas e os serviços ambientais que eles fornecem.
E os principais pulmões verdes — como a Amazónia — estão a perder a capacidade de absorver dióxido de carbono e a transformar-se, pelo contrário, em emissores de carbono.
Outras partes do documento serão publicadas em fases até à 4ª e última, em Novembro próximo, e devem reiterar a aceleração da adopção das fontes renováveis como urgente.
um índice que acompanha o desenvolvimento e desempenho das empresas europeias que trabalham no sector das energias renováveis, aumentou quase 9,3%, uma clara manifestação da vontade que os investidores têm em dar uma oportunidade a estas fontes.
O facto de a Europa depender amplamente do gás e do petróleo provenientes da Rússia levanta a questão dos perigos inerentes à dependência externa. Por esta razão, registou-se uma mudança na política energética da Europa, beneficiando empresas do sector.
Esta situação é resultado da tentativa dos governos europeus se afastarem do fornecimento de petróleo e gás da Rússia, que é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, e é a resposta para 40% das necessidades de gás da Europa.