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FIgUra do MÊs
É fundAMentAl A Mulher AssuMir A liderAnçA”
AlexAndrA MAchAdo General manager da Girl Move Foundation
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a fundação ‘girl move’ é
uma ONG que trabalha com jovens mulheres moçambicanas licenciadas, proporcionando-lhes um ano de transição entre os estudos académicos, e a vida profissional. Ao longo desses meses, algo se passa na vida destas meninas, jovens mulheres. E que é tão simples que até parece complicado, se olharmos à prática comum que faz a realidade díária de milhões de mulheres, em Moçambique, e por toda a África: “Fazê-las acreditar que é possível serem líderes, seja qual for o papel que escolham para o seu futuro, e dar-lhes as ferramentas de conhecimento para que isso seja possível”. Alexandra Machado, gestora com uma longa carreira associada a marcas de referência, escolheu esta como a etapa decisiva para deixar marca, através da “criação de uma academia onde mulheres de todo o país podem cultivar a liderança inata que possuem.” A funcionar em Nampula, acolhe este ano cerca de 30 mulheres de todo o país, que no final do ano seguirão todas para Portugal, para um estágio de várias semanas em algumas das maiores empresas portuguesas. Depois, regressam, e “seguirão o seu caminho. Mas, vamos acompanhá-las, até à conquista dos seus objectivos”.
Qual é o objectivo deste ‘Girl Move Academy’?
O objectivo é promover uma nova geração de mulheres líderes. Acreditamos que Moçambique tem imensos recursos naturais mas também humanos. Só que, para potenciar o crescimento, é fundamental uma participação mais activa das mulheres a vários níveis. Há indicadores gerais que nos preocupam, e o tema da participação das raparigas na educação, em que há taxas baixíssimas de transição do ensino primário para o secundário, ou a maternidade infantil levam a um ciclo de pobreza. Estudos feitos, mostram que o impacto do crescimento económico de um ano a mais na educação de uma rapariga, pode representar um incremento de 25% do seu salário futuro. Sabendo que, estatisticamente, cerca de 90% desse salário é investido nas suas famílias, podemos ter uma ideia do impacto de tudo isto. Acreditamos que há uma nova geração de mulheres que, cada vez mais, está a ir para as universidades mas sabemos que há ainda um défice entre o mercado e as universidades e é aqui que entra a Girl Move.
Como é que a Academia preenche esse défice?
Trabalhamos com as várias universidades. Estamos focados em recrutar miúdas com elevado potencial de liderança (o processo de recrutamento leva cerca de três meses). No ano passado, tivemos cerca de 700 candidaturas, num universo de seis mil universitárias. No processo de recrutamento, procuramos que haja uma diversidade a nível dos conhecimentos e de etnia. Durante o ano, há três etapas de passagem, há uma formação de 900 horas, em várias disciplinas com o objectivo de estimular a consciência de liderança em que há todo um foco de auto-desenvolvimento para poder conhecer o seu potencial, e de trabalhar no seu próprio plano de carreira. Passamos por uma segunda etapa de 600 horas, em que elas têm de desenvolver os seus skills de mentoria de jovens meninas da região (Projecto Mwaruzi), criando com isso a ideia de serem exemplos para outras mais novas. Depois, no final da formação, são convidadas a ir a Portugal, para estagiar em algumas grandes empresas durante um mês, sendo que uma segunda vertente do programa será passada na Universidade Católica, com um programa da Executivos. Todo este projecto é financiado pelo sector privado português, mas faz sentido ter cada vez mais parceiros do sector privado moçambicano a investir porque estamos a criar talento para as empresas
E depois do estágio, o que acontece?
O fundamental é interromper este ciclo de modelo de referência do papel social da mulher, introduzindo um outro modelo. Acreditamos que esta nova geração, dentro de dez anos, pode efectivamente estar no mercado de trabalho, em posições de liderança, Notamos que o nível de empregabilidade das ‘Girl Movers’ é muito alto, e começam a ter 80% de empregabilidade nos seus projectos de futuro.
texto PEdro CativElos fotografia Jay Garrido
cv
curriculim vitae
formada em gestão pela Universidade Católica, alexandra Machado foi gestora de produto no sector automóvel (grupo entreposto), directora de marketing e comercial do feira Nova e mais tarde do Pingo Doce; esteve ainda na Nike Portugal, durante 10 anos, como directora-geral. em 2012, o apelo do empreendedorismo social levou-a a contruir um projecto para aplicar os conhecimentos que adquiriu na área da gestão