DERMATOAULA - CAPÍTULO SOBRE EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE

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EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA DA PELE

IMPORTÂNCIA PARA AS PROVAS

Este capítulo é uma introdução para todo o curso e é cobrado em QUALQUER prova de concurso de dermatologia.

1. EMBRIOLOGIA

Durante o processo de gastrulação, por volta da 4ª semana de gestação, as células do embrião involuem e se rearranjam, criando as 3 primeiras camadas de células germinativas: endoderme, mesoderme e ectoderme. Em seguida, as células ectodérmicas são designadas a um destino epidérmico ou neuroectodérmico

Inicialmente, o embrião é recoberto por uma única camada de células ectodérmicas. Por volta do 36º dia de gestação, a epiderme do embrião consiste em 2 camadas: PERIDERME (ou epitríquio) e camada basal. A periderme é uma camada superficial especializada, sobreposta à basal, que cobre a epiderme até que ocorra a queratinização e, depois, se degenera. A células da periderme NÃO dão origem a componentes epidérmicos definitivos. Provavelmente seu papel está na difusão ou troca de substâncias através da pele fetal.

Com a proliferação das células da camada basal, forma-se uma terceira camada, a região intermediária.

Ao final do 4º mês, a epiderme adquire sua disposição definitiva, e podem ser distinguidas 4 camadas: basal, espinhosa, granulosa e córnea.

ORIGEM EMBRIOLÓGICA DOS TECIDOS CUTÂNEOS

- Pele deriva de 2 folhetos embrionários: ectoderma e mesoderma;

- ECTODERMA: epiderme, folículo pilossebáceo, glândulas apócrinas, glândulas écrinas e unhas;

- NEUROECTODERMA (crista neural): nervos e melanócitos;

- MESODERMA: derme e hipoderme (fibras elásticas, fibras colágenas, vasos, músculos, tecido adiposo e papila folicular).

QRCODE - Embriologia e histologia de pele

TED - Observe as alterações assinaladas nas fotos:

A sequência das alterações histopatológicas a seguir é, respectivamente:

a) 1. Paraceratose/2. espongiose/3. balonização/4. degeneração vacuolar.

b) 1. Paraceratose/2. acantólise/3. espongiose/4. degeneração vacuolar.

c) 1. Paraceratose/2. balonização/3. acantólise/4. degeneração vacuolar.

d) 1. Paraceratose/2. espongiose/3. acantólise/4. degeneração vacuolar.

Dermatologia 2 01 1. Embriologia .......................................................... 5 2. Histologia ............................................................. 9 Gabriela Juncá

Confira a resolução no QR Code:

A Junção DermoEpidérmica (JDE) embrionária pode ser inicialmente identificada por volta da 8ª semana de gestação, mas só estará completa na 12ª semana.

As futuras células dérmicas estão situadas abaixo da epiderme com 6 a 8 semanas de idade gestacional, no entanto não há demarcação distinta entre as células que darão origem à derme daquelas que darão origem aos componentes musculoesqueléticos.

A vasculatura dérmica é identificável no final do 1º trimestre.

As redes nervosas são formadas na metade ou final do 1º trimestre e tendem a acompanhar o padrão vascular.

A ESTRATIFICAÇÃO DA EPIDERME se inicia em torno da 8ª semana de gestação e se completa em torno do 2º trimestre

Já o PROCESSO DE QUERATINIZAÇÃO se inicia durante o 2º trimestre e termina por volta da metade do 3º trimestre. A queratinização ocorre primeiro nas estruturas anexiais e, então, na epiderme estratificada recém-formada. À medida que a queratinização progride, o conteúdo dos queratinócitos superficiais é modificado, e o número de camadas cornificadas aumenta. Em torno da 2ª metade do 3º trimestre, as camadas epidérmicas diferenciadas são morfologicamente similares às da pele do adulto. No entanto, a função de barreira cutânea do recém-nascido NÃO está completamente madura até algumas semanas após o nascimento.

Células epidérmicas não queratinocíticas

Duas populações de células especializadas (melanócitos e células de Langerhans) migram para a epiderme durante as fases iniciais do desenvolvimento embrionário.

Melanócitos

- São derivados da crista neural que se forma ao longo do tubo neural dorsal;

- Os precursores dos melanócitos (melanoblastos) migram para epiderme seguindo uma trajetória característica: movem-se lateralmente e depois ventralmente ao redor do tronco para a linha média ventral, anteriormente pelo couro cabeludo e face e distalmente ao longo das extremidades;

- Presentes na epiderme na metade do 1º trimestre;

- Só serão completamente funcionais no 2º trimestre;

- Produção de melanina: início no 4º mês;

- Transferência de melanossomos para os queratinócitos: início no 5º mês;

- Fator de Transcrição da Microftalmia (MITF, microphthalmia transcription factor): proteína nuclear envolvida no desenvolvimento embrionário dos melanócitos e na regulação da transcrição de genes envolvidos na síntese de melanina, tais como o da tirosinase.

Células de Langerhans (CL)

- Também surgem na epiderme durante 1º trimestre, assim como os melanócitos;

- Expressam antígenos CD1a;

- Possuem grânulos de Birbeck.

Células de Merkel

- Células neuroendócrinas altamente inervadas;

- Detectadas no 1º trimestre (8ª a 12ª semanas) na epiderme palmoplantar e, posteriormente, na pele interfolicular;

- Origem controversa; estudos recentes demonstraram que as células de Merkel de mamíferos são derivadas de uma linhagem epidérmica e não da crista neural;

- Ainda não está comprovado nenhum significado funcional para a presença de células de Merkel em seres humanos; alguns autores acreditam que funcionem com mecanorreceptores em locais de alta sensibilidade tátil.

Anexos cutâneos

A formação do FOLÍCULO PILOSO tem início por volta da 10ª semana em resposta à sinais oriundos da derme, que direcionam as células epidérmicas basais para que se agreguem focalmente para formar PLACOIDE. A formação dessa estrutura é facilitada por sinais específicos locais e impedida nas células epiteliais vizinhas por sinais inibitórios. Em seguida, este placoide de queratinócitos prolifera e cresce para baixo, em direção a derme. Sinalizações realizadas pela família das integrinas tipo wingless (WNT, composta por pelo menos 19 membros) e pela B-CATENINA parecem ser as principais envolvidas na regulação deste crescimento. Esse condensado dérmico é conhecido como GERME ou BROTO FOLICULAR. Acredita-se que a proteína Sonic Hedgehog (SHH) seja uma participante importante nessa etapa. A seguir, o condensado dérmico é envolvido por células epiteliais foliculares para formar a PAPILA DÉRMICA. Logo, as células no centro dos brotos pilosos se tornam fusiformes e queratinizadas, formando a haste do pelo, enquanto as células periféricas se tornam cuboides, originando a bainha radicular interna. Acredita-se que o NOTCH1 seja um fator chave nessa diferenciação.

A porção superficial do folículo piloso em desenvolvimento apresenta duas proeminências distintas. A proeminência mais superficial consiste em uma glândula sebácea em desenvolvimento, enquanto a proeminência mais profunda representa o ponto de inserção de um futuro músculo eretor do pelo e o local das células-tronco foliculares. Diferente das demais estruturas, a bainha radicular externa e o músculo eretor do pelo tem ORIGEM MESODÉRMICA.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 3

O sinal inicial que direciona a formação do folículo piloso surge no mesênquima (pontos cinza) e instrui o epitélio sobrejacente a se proliferar formando um placoide. A formação de placoide é facilitada por determinados sinais (setas verdes) e impedida nas células epiteliais vizinhas por sinais inibitórios (setas vermelhas). Essa sinalização leva a formação de um condensado dérmico, o broto folicular (pontos roxos). O condensado dérmico é envolvido por células epiteliais para formar a papila dérmica. A diferenciação da bainha radicular interna (azul) pode ser regulada em parte pela sinalização lateral entre células epiteliais (setas verdes).

Adaptado de: MILLAR SE. Molecular mechanisms regulating hair follicle development. Journal of Investigative Dermatology, v. 118, n. 2, p. 216-225, 2002.

As unhas têm seu desenvolvimento iniciado nas semanas 8 a 10. O processo estará completo no 5º mês de gestação.

Entre a 14ª e 16ª semana, o esboço de glândulas écrinas individuais brota ao longo dos cones ectodérmicos com intervalos de espaço regulares. Os brotos se alongam como um cordão de células que penetram o coxim mesenquimal. A canalização do componente dérmico do duto écrino estará completa na 16ª semana e, do componente epidérmico, estará completa na 22ª semana.

Como as glândulas sebáceas, as glândulas apócrinas surgem a partir da porção superior do folículo piloso. As glândulas écrinas interfoliculares, por sua vez, originam-se independentemente.

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PLACOIDE
EPITÉLIO INDIFERENCIADO
BROTO FOLICULAR PAPILAS DÉRMICAS FOLÍCULO PILOSO

SEMANA4SEMANA5 SEMANA12 SEMANA14 SEMANA16 SEMANA20 23SEMANA a28

Desenvolvimento do folículo piloso na gestação.

Adaptado de: FURDON SA, et al. Scalp hair characteristics in the newborn infant. Advances in Neonatal Care, v. 3, n. 6, p. 286-296, 2003.

QUESTÃO EXEMPLO

1. TED - Em relação à embriologia cutânea, assinale a alternativa correta:

a) O epitélio estratificado com quatro camadas se forma no final da gestação

b) Os melanócitos originam-se de células do mesênquima no segundo trimestre de gestação

c) As glândulas sebáceas originam-se de invaginações das bainhas do folículo piloso

d) Os folículos pilosos iniciam seu desenvolvimento no terceiro trimestre da gestação

Resposta correta: “C”.

A estratificação da epiderme se inicia em torno da 8ª semana de gestação e se completa em torno do 2º trimestre. Os melanócitos são derivados da crista neural no neuroectoderma e estão presentes na epiderme na metade do 1º trimestre, porém, só serão completamente funcionais no 2º trimestre. Já a produção de melanina tem início no 4º mês. A formação do folículo piloso tem início por volta da 10ª semana. O item “C” está um pouco confuso (cuidado para não se confundir com o termo “invaginações”) mas os outros estão incorretos.

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FOLICULAR PAPILA DÉRMICA GLÂNDULA SEBÁCEA EMBRIONÁRIA HASTE CAPILAR PAPILA PILOSA BULBO
ERETOR
PELO GLÂNDULA SEBÁCEA
EPIDERME
MELANÓCITO
BROTO
MÚSCULO
DO
CAMADAS DA
ESTRATO CÓRNEO ESTRATO LÚCIDO ESTRATO GRANULOSO ESTRATO ESPINULOSO ESTRATO GERMINATIVO

2. HISTOLOGIA

A pele é composta por 3 camadas principais: epiderme, derme e hipoderme, cada uma com funções específicas.

Epiderme

A epiderme consiste em um tecido epitelial ESTRATIFICADO E QUERATINIZADO

Nela, residem populações celulares, sendo as principais os queratinócitos, melanócitos, células de Merkel, células dendríticas indeterminadas e CL.

Queratinócitos

Os queratinócitos originam-se em células-tronco epidérmicas que residem na camada basal e sofrem processo de maturação à medida que se movem em direção ao extrato córneo.

Segundo o BELDA, para que um queratinócito transite da camada basal até o extrato córneo são necessários de 26 a 42 dias e, para que esse transite pela córnea e descame, mais 15 dias são necessários.

Já a BOLOGNIA diz que o processo como um todo dura de 40 a 56 dias.

O processo de diferenciação dos queratinócitos inclui a formação do seu citoesqueleto composto por filamentos intermediários, filamentos de actina e microtúbulos.

As citoqueratinas (CK) são uma família de filamentos intermediários característicos das células epiteliais e sempre se expressam em pares.

DISTRIBUIÇÃO TECIDUAL DAS

QUESTÃO EXEMPLO

2. TED - Em relação às citoqueratinas (CK), assinale a alternativa INCORRETA:

a) São filamentos intermediários de cerca de 10 nm

b) Atuam como arcabouço resistente e flexível das células epiteliais

c) Na camada basal da epiderme interanexial, há expressão do par CK 1 e 10

d) As CK 6 e 16 são expressas na epiderme palmoplantar e na bainha externa dos folículos pilosos

Resposta correta: “C”.

Na camada basal da epiderme interanexial, há expressão do par K5 e 14.

A epiderme é constituída por 4 camadas discutidas a seguir.

Camada basal

- Composta por fileira única de queratinócitos justapostos e mitoticamente ativos;

- São queratinócitos germinativos e responsáveis pela produção de novas células;

- Células unidas entre si pelos DESMOSSOMOS e ligadas à lâmina basal pelos HEMIDESMOSSOMOS;

- Par de citoqueratinas expressos: CK5 e 14;

- Células ovoides, de citoplasma mais basofílico, núcleos arredondados ou ovais intensamente corados, frequentemente contêm melanina transferida por melanócitos adjacentes;

- A zona da membrana basal será profundamente discutida na apostila 4.

Camada espinhosa

- Células espinhosas suprabasais têm formato poliédrico e núcleo arredondado e, à medida que se movem para cima através da epiderme, se tornam progressivamente mais achatadas;

e 12

CÓRNEA 6a, 6b e 16

radicular externa, mucosa oral, anexos, palmoplantar e leito ungueal

1 e 9 Epiderme SUPRABASAL PALMO PLANTAR

6b e 17

Leito ungueal e anexos

2 Queratinócitos terminalmente diferenciados

19

Camada mais externa da bainha radicular externa (folículo piloso)

- Par de citoqueratinas expresso: CK1 e 10;

- “Espinhos”: correspondem a numerosos desmossomos;

- Desmossomos da pele são compostos pelas caderinas desmogleína e desmocolina;

- Os filamentos intermediários de queratina se reúnem em feixes chamados TONOFILAMENTOS;

- Tonofilamentos fixam-se na placa desmossômica e no citoesquleto da célula.

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PRINCIPAIS
CITOQUERATINA LOCALIZAÇÃO
1
Epiderme
3
CITOQUERATINAS
5 e 14 Camada BASAL da epiderme
e 10
SUPRABASAL (camada espinhosa) 2 e 11 Camada GRANULOSA da epiderme
Camada
Bainha

ADESÃO CELULAR

Existem duas classes principais de moléculas de adesão celular:

- Moléculas Ca2+ dependentes: caderinas e as selectinas;

- Moléculas Ca2+ independentes: superfamília de imunoglobulinas e as integrinas.

CADERINAS

- Superfamília de glicoproteínas desmossômicas transmembrânicas responsáveis pela integridade tissular;

- Porção extracelular: adesão intercelular;

- Porção intracelular: interage com os filamentos intermediários (FI) de queratina no interior das células; a ligação com os FI se dá por moléculas de placoglobina e desmoplaquina;

- Caderinas epiteliais dos desmossomos são divididas em 2 subfamílias: desmogleínas e desmocolinas;

- Existem 4 isoformas de desmogleína: Dsg 1, Dsg 2, Dsg 3 e Dsg 4;

- DSG 1: basicamente restrita ao epitélio escamoso estratificado; distribuída preferencialmente entre os queratinócitos diretamente abaixo do estrato córneo (níveis superiores da epiderme);

- DSG 3: basicamente restrita ao epitélio escamoso estratificado; normalmente concentrada entre os queratinócitos imediatamente suprabasais;

- DSG 2: expressa em todos os tecidos que possuem desmossomos, incluindo epitélio simples e miocárdio;

- DSG 4: expressa-se na epiderme suprabasal e nos folículos pilosos (papel adesivo primário nos folículos dos cabelos).

QUESTÃO EXEMPLO

3. TED - Sobre as desmogleínas, assinale a alternativa CORRETA:

a) A expressão do tipo 2 ocorre em todos os tecidos que possuem desmossomos

b) Para cada desmogleína, há duas desmocolinas correspondentes no desmossomo

c) Mutações no gene da desmogleína 3 levam a alterações no desenvolvimento do cabelo

d) As do tipo 1 predominam entre os ceratinócitos basais

Resposta correta: “B”.

Para cada desmogleína, há UMA desmocolina correspondente no desmossomo. Mutações no gene da desmogleína 4 levam a alterações no desenvolvimento do cabelo. As do tipo 1 predominam entre os ceratinócitos abaixo do estrato córneo.

HISTOLOGIA DA CAMADA ESPINHOSA

Camada granulosa

- Células com abundantes grânulos de querato-hialina basofílicos;

- Esses grânulos são compostos principalmente por profilagrina, filamentos de ceratina e loricrina;

- LOCRINA: proteína rica em cisteína que forma a maioria dos componentes proteicos do envelope cornificado, contando mais de 70% de sua massa;

- PROFILAGRINA: fragmenta-se em monômeros de filagrina;

- FILAGRINA: participa da hidratação do extrato córneo e contribui na filtração da radiação UV;

- Estágio final: mecanismo apoptótico resulta na destruição do núcleo e de quase todo conteúdo celular, com exceção dos filamentos de ceratina e da matriz de filagrina (nesse processo, a célula se torna um corneócito terminalmente diferenciado);

- Par de citoqueratinas expresso: CK2 e 11;

- Grânulos lamelares ou corpos de Odland: se formam nessa camada; são organelas secretórias que fornecem precursores dos lipídios do estrato córneo no espaço intercelular; contêm glicoproteínas, glicolipídeos, fosfolipídeos, esterois livres e inúmeras hidrolases ácidas; as hidrolases converterão os lipídeos do espaço intercelular em ceramidas, ácidos graxos, colesterol, esfingosina e triglicerídeos.

Camada córnea

- Composta por camadas de células cornificadas, anucleadas e achatadas empilhadas e firmemente empacotadas;

- Responsável pela proteção mecânica e de barreira da pele;

- A barreira do estrato córneo é formada por um sistema de duplo compartimento de corneócitos sem lipídios, mas enriquecidos por proteínas, cercado por uma contínua matriz de lipídeos extracelulares;

- A regulação da permeabilidade, descamação, atividade de peptídeos antimicrobianos, exclusão de toxinas e absorção química seletiva são funções da matriz de lipídeos extracelular;

- O reforço mecânico, hidratação, inflamação iniciada por mediação de citocinas e proteção contra danos UV são funções dos corneócitos;

- Par de citoqueratinas característico: CK3 e 12;

- Nas regiões palmoplantares, antes da transformação da camada granulosa em córnea, existe uma camada extra, a camada lúcida.

HISTOLOGIA CUTÂNEA

Corte longitudinal de pele da região palpebral: Ed = epiderme (algumas fileiras de células; camadas não podem ser distinguidas claramente nesta baixa ampliação); Sc = estrato córneo (extremamente fino em comparação com a pele volar); De = derme; Sg = camada granulosa (ponta de seta laranja; 1 ou 2 fileiras de células; não pode ser distinguido claramente nesta pequena ampliação); Ss = camada espinhosa (3 a 4 fileiras de células); Sb = camada basal; SG = glândula sebácea.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 7
SAXON, JAMES G. Wheater’s Functional Histology. (Review) (Brief Article). Journal of the Tennessee Academy of Science, 2001. v. 76, n. 1, p. 47.
Ss Sb Sc De SG SG Ed Sg

Corte longitudinal de pele volar: as 5 camadas da epiderme podem ser observadas claramente; ponta de flecha vermelha = crista epidérmica; pontas de seta laranja = papila dérmica; Ed = epiderme; De = derme; Sb = camada basal; Ss = camada espinhosa (maior número de fileiras de células em comparação com a pele fina); Sg = camada granulosa (3 a 4 camadas); Sl = camada lúcida (presente apenas na pele volar); Sc = camada córnea (muito espessa em comparação com a pele fina); Sd = ducto da glândula sudorípara.

ARDA O. et al. Basic histological structure and functions of facial skin. Clinics in dermatology, v. 32, n. 1, p. 3-13, 2014.

EPITÉLIO DE ÁREAS DA MUCOSA ORAL (#DICA)

- A pele apresenta uma considerável variação entre os diferentes locais do corpo;

- NÃO apresenta um estrato granuloso nem um estrato córneo;

- EXCEÇÃO: dorso da língua e palato duro;

- Quando esses estratos estão ausentes, as células epiteliais podem aparecer vacuolizadas, grandemente como resultado de seu conteúdo de glicogênio;

- Células dessa região apresentam numerosos microvilos e apenas poucos desmossomos bem desenvolvidos em suas bordas;

- São mantidas unidas por uma substância intercelular cimentante amorfa, moderadamente elétron-densa, cuja dissolução causa o destacamento das células das camadas mais superiores.

Melanócitos

- Células dendríticas, porém seus prolongamentos NÃO são visualizáveis pela Microscopia Óptica (MO);

- MO: células claras, núcleo ovoide hipercrômico;

- Encontrados no estrato basal da epiderme, bulbo piloso e bainha folicular externa dos folículos pilosos;

- Responsáveis pela elaboração da melanina;

- NÃO possuem tonofilamentos ou desmossomos;

- Proporção de melanócitos e queratinócitos na camada basal é de 1:10;

- UNIDADE EPIDERMOMELÂNICA: cada melanócito pode se relacionar com cerca de 36 ceratinócitos através de seus dendritos; após sua síntese, melanossomos contendo melanina são transferidos por excreção e fagocitose para queratinócitos vizinhos;

- Concentração de melanócitos é mais alta na face e na genitália masculina e mais baixa no tronco (LEVER);

- A quantidade de melanócitos NÃO VARIA em relação às raças;

- Cor da pele de um indivíduo é decorrente de diferenças na estrutura e função dos melanócitos, atividade melanogênica, tamanho e quantidade de melanossomos, doação de melanossomos maduros aos queratinócitos, tipo de melanina e ligação entre melanócitos e queratinócitos;

- Exposição repetida à luz UV leva ao aumento no tamanho e atividade funcional dos melanócitos;

- Coloração pela prata: dendritos podem ser observados.

Células de Langerhans

- São células dendríticas, dopa negativas, que se originam na medula óssea;

- São processadoras e apresentadoras de antígenos às células T da epiderme;

- Podem trafegar para fora da pele até linfonodos regionais;

- MO: detecção é difícil em cortes convencionais; maioria localizada na região suprabasal (podem ser encontradas nas camadas espinhosa e granulosa); células de citoplasma claro e núcleo escuro; prolongamentos dendríticos não podem ser observados;

- Microscopia Eletrônica (ME): apresentam grânulos de Bierbeck (estruturas arredondadas ou em forma de raquete).

Melanócitos (M) vistos na MO.

Células de Langerhans (L) na MO.

SAXON, JAMES G. Wheater’s Functional Histology. (Review) (Brief Article). Journal of the Tennessee Academy of Science, 2001. v. 76, n. 1, p. 47.

Células de Merkel

- São células epiteliais especializadas que contêm peptídeos neuroendócrinos e reagem com CK dos FI e com proteínas dos desmossomos;

- Expressam marcadores neuroendócrinos: cromogranina A e sinaptofisina;

- Localizam-se na camada basal, mas são visualizadas somente por ME;

- Podem ser encontradas nos lábios, dedos, boca e membrana externa dos folículos pilosos;

- IHQ: CK 20 (principal), K8, K18, K19 e enolase positivos; também expressam marcadores neuroendócrinos como cromogranina A e sinaptofisina;

- Armazenam uma variedade de neuropeptídios: polipeptídio intestinal vasoativo, peptídio relacionado com o gene da calcitonina, serotonina e substância P.

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Sc Sg Ss Sd Sd Sb De
Sl

Derme

A derme é um dinâmico tecido conjuntivo de suporte, composto por uma matriz extracelular que inclui variados tipos de colágeno, fibras do sistema elástico e substância fundamental, intimamente associados a componentes celulares.

As células da derme são representadas por células mesenquimais primitivas (células dendríticas dérmicas), fibroblastos, macrófagos, histiócitos e mastócitos.

Em condições patológicas, é possível encontrar na derme células da serie mieloblástica (mielócitos, neutrófilos, eosinófilos) e da linforreticular (linfócitos T e B).

As fibras colágenas são o mais abundante constituinte do tecido conjuntivo da derme.

Os componentes da matriz extracelular são todos produzidos pelos fibroblastos.

A derme pode ser dividida em derme papilar, perianexial e reticular.

A derme papilar representa uma delgada zona abaixo da epiderme e entre as cristas epidérmicas. Apresenta uma trama delicadamente entrelaçada, composta principalmente por colágeno do tipo III.

A derme perianexal consiste na derme ao redor das unidades pilossebáceas e glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas, e apresenta delgada trama de fibras colágenas, similar à derme papilar. Alguns autores consideram a derme papilar e a derme perianexal como uma unidade anatômica, denominada derme adventicial.

A derme reticular é mais espessa e se encontra entre a derme papilar e o tecido adiposo subcutâneo. Representa a maior porção da derme e é composta por fibras colágenas compostas principalmente por colágeno do tipo I, agregadas em espessos feixes que se estendem em várias direções.

Células da derme

• CÉLULAS MESENQUIMAIS: as células mesenquimais primitivas são as únicas existentes ao início da vida fetal, diferenciando-se em outras células posteriormente; em certas condições patológicas, essas células, de morfologia dendrítica, são ativadas, dando origem às células das linhagens: histiocítica, linfocítica e granulocítica;

• FIBROBLASTOS: são células fusiformes e estreladas, com núcleo volumoso, ovoide e alongado, e citoplasma claro, com retículo endoplasmático nítido e granular; têm grande ação enzimática, sendo os principais responsáveis pela síntese e degradação das proteínas do tecido conjuntivo; respondem a vários mediadores imunológicos, incluindo IL-1α e β, que estimulam a síntese de KGF, IL-1 α e β e IL-8; pela IHQ, expressam vimentina; na ME, apresentam proeminente retículo endoplasmático granuloso composto por muitas cisternas revestidas por membrana e com grande número de ribossomos aderidos;

• CÉLULAS DO SISTEMA RETICULOENDOTELIAL: os histiócitos/ macrófagos e dendrócitos dérmicos são os representantes dérmicos do sistema reticuloendotelial, derivados de células precursoras da medula óssea; histiócitos/macrófagos têm capacidade de fagocitar, apresentar antígeno microbicida e tumoricida, secretar moléculas imunomoduladoras, citocinas e fatores de crescimento, além de dispor de propriedades hematopoiéticas; são morfologicamente semelhantes ao fibroblasto, mas se diferenciam por apresentarem, na sua superfície, os antígenos CD11c, CD6 e KiM8; em algumas condições patológicas, originam as células epitelioides e gigantes dos granulomas; os dendrócitos dérmicos são macrófagos apresentadores de antígeno, localizados em maior número nas porções superiores da derme, principalmente ao redor dos vasos.

MASTÓCITOS

- Originam-se das células-tronco CD34+ da medula óssea, e diferenciam-se em mastócitos quando, no tecido, sofrem ação de fatores produzidos por outras células, como a IL-3;

- Encontrados em maior quantidade na derme papilar, em torno dos anexos e nos vasos e nervos do plexo subpapilar;

- Podem ser identificados por seu núcleo arredondado e pelos abundantes grânulos escuros do seu citoplasma, que, corados pelo Giemsa e outros métodos, apresentam metacromasia (cor diferente do padrão original da coloração), capacidade atrelada à presença de mucopolissacarídeos ácidos;

- Existem pelo menos 2 populações de mastócitos, que podem ser diferenciadas pelas enzimas que contêm e por sua localização no tecido: mastócitos da mucosa (contêm apenas tripsina) e mastócitos do tecido conjuntivo (contêm tanto tripsina quanto quimotripsina); ao contrário dos mastócitos pulmonares, uterinos e tonsilares, os mastócitos cutâneos expressam o receptor para C5a (CD88), assim, a ativação dos mastócitos pela anafilatoxina C5a resulta em reações cutâneas, mas não sistêmicas;

- IHQ: exibem expressão de triptase e c-kit (CD117);

- Mastócitos expressam receptores de alta afinidade para IgE (FcεRI) e são ativados pelo reconhecimento de antígenos pelas IgEs; entretanto, estímulos como produtos da ativação do complemento, substâncias básicas, alguns venenos de animais, certos neuropeptídios e agentes físicos (trauma mecânico, calor e frio) podem ativar mastócitos, independente da ligação de IgE;

- A ligação de componentes bacterianos aos TLRs 1, 2, 4 e 6 e a outros receptores específicos, como o CD48, também ativa os mastócitos, levando à liberação de mediadores;

- Após o estímulo, ocorre degranulação e liberação de mediadores pré-formados, seguida da liberação de mediadores neoformados;

- MEDIADORES PRÉ-FORMADOS: histamina (PRINCIPAL), heparina, proteases (triptase), IL-3, -4, -5, -6, -8 e -13, TNF-α e GM-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos);

- MEDIADORES FORMADOS APÓS ATIVAÇÃO: fator ativador de plaquetas (PAF), prostaglandina D2, leucotrienos C4, D4 e E4 e uma série de citocinas;

- Prostaglandinas e leucotrienos são sintetizados a partir do ácido araquidônico derivado dos fosfolipídios da membrana celular;

- A liberação desses mediadores induz a migração de células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos), aumento da permeabilidade vascular, secreção de muco, aumento da motilidade gastrintestinal e broncoconstrição, que constituem os sinais e sintomas de alergia e anafilaxia.

Microscopia eletrônica de transmissão: mastócito maduro repleto de grânulos secretores; N = núcleo; SG = grânulo secretor.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 9
DA SILVA, EZM. et al. Mast cell function: a new vision of an old cell. Journal of Histochemistry & Cytochemistry, v. 62, n. 10, p. 698-738, 2014.

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QUESTÃO EXEMPLO

4. TED - Assinale a citocina encontrada nos mastócitos, em repouso (mediador pré-formado), independentemente de um estímulo para sua degranulação:

a) Interferon alfa

b) Interleucina 17

c) Fator de necrose tumoral alfa

d) Interleucina 1 beta

Resposta correta: “C”.

Os mediadores pré-formados nos mastócitos são: histamina (PRINCIPAL), heparina, proteases (triptase), IL-3, -4, -5, -6, -8 e -13, TNF-α e GM-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos).

CÉLULAS DENDRÍTICAS PLASMOCITOIDES

- As Células Dendríticas plasmocitoides (pDCs) fazem parte da família das células dendríticas e se desenvolvem das células tronco hematopoiéticas da medula;

- São uma conexão importante entre as imunidades inata e adaptativa;

- AÇÕES: atuam na resposta antiviral, estímulo de macrófagos e células dendríticas, ativação e migração de células natural killer, apresentação de antígenos, resposta linfocitária T, imunorregulação e diferenciação de plasmócitos e secreção de anticorpos;

- As pDCs NÃO estão presentes habitualmente na pele normal, elas infiltram a pele nos processos de cicatrização e em processos patológicos (infecções virais, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e neoplásicas).

CARACTERÍSTICAS DAS pDCs:

- POSITIVAS PARA: CD123 (IL-3 receptora de cadeia alfa) e BDCA-2 (Blood Derived Dendritic Cell Antigen-2 ou CD303);

- São as mais potentes produtoras de interferon (IFN) tipo 1 (IFN-a, IFN-b, IFN-l, IFN-w e IFN-t), secretando mil vezes mais IFN-α e IFN-β que outros tipos celulares;

- Ativadas por meio dos TLR (Toll Like Receptors) 7 e 9;

- Detectam infecções virais por reconhecimento dos ácidos nu cleicos virais e constituem importantes mediadoras da IMUNIDADE ANTIVIRAL.

pDCs: conexão de relevância entre as imunidades inata e adaptativa. (APRIL, ligante indutor de proliferação; AFF, fator de ativação da célula B da família TNF-α; CD, grupo de diferenciação; ICOSL, ligante coestimulador induzível; IDO, indoleamina-2,3-dioxigenase; IFN-α, interferon alfa; IL, interleucina; MHC, complexo de histocompatibilidade; NK, natural killer; pDC, célula dendrítica plasmocitoide; TGF-β, fator de transformação do crescimento beta; TH, linfócito T-helper; TRAIL, ligante indutor de apoptose relacionado ao fator de necrose tumoral alfa; Treg, linfócito T-regulatório.)

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2023
DIAS DE OLIVEIRA NF. et al. Células dendríticas plasmocitoides na dermatologia. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 96, n. 1, p. 76-81, 2021.

TIPOS DE COLÁGENO NA DERME

- O colágeno é sintetizado pelos fibroblastos.

- Atualmente, foram identificados 29 tipos distintos de colágeno em mamíferos, subdividos em tipos fibrilares e não fibrilares.

COLÁGENOS FORMADORES DE FIBRILAS:

- TIPO I: 80 a 90% do colágeno na derme no adulto; derme reticular, ossos, tendões, ligamentos, fácias, dentina;

- TIPO II: cartilagem e humor vítreo;

- TIPO III: 10 a 15% do colágeno na derme no adulto; derme adventicial e vasos arteriais; tipo prevalente na vida fetal inicial;

- TIPO V: membranas fetais e tecidos vasculares;

COLÁGENO DA MEMBRANA BASAL:

- TIPO IV: lâmina basal (parte da membrana basal); pode ser sintetizado por queratinócitos e fibroblastos.

COLÁGENO MICROFIBRILAR:

- TIPO VI: derme, cartilagem, placenta, pulmões, da parede do vaso, disco intervertebral.

FIBRILAS DE ANCORAGEM:

- TIPO VII: principal componente das fibrilas de ancoragem (estabilização da JDE).

OUTROS:

- TIPO XVII (antígeno do penfigoide bolhoso 2): componente dos filamentos de ancoragem da epiderme e produzido por queratinócitos;

- TIPOS VIII e XVIII: produzidos por células endoteliais.

A redução de colágeno não fibrilar (tipo I e III) é uma característica da pele cronologicamente envelhecida e é agravada pelo fotoenvelhecimento.

Fibras elásticas

As fibras do sistema elástico podem ser esticadas 100% ou mais e ainda retornar à sua forma original. Seus principais componentes são a elastina (85% da fibra) e as microfibrilas (agregadas na periferia das fibras elásticas).

Em cortes de MO, onde são utilizadas colorações de rotina, as fibras do sistema elástico não se coram bem e, portanto, são pouco evidentes. Com colorações especiais, tais como a orceína e resorcina-fucsina, elas são encontradas entrelaçadas por entre os feixes colágenos. Entretanto, as fibras elásticas têm aparência fragmentada mesmo quando normais e são delgadas e onduladas em comparação aos feixes colágenos.

As fibras do sistema elástico são mais espessas na derme reticular (fibras elásticas maduras), onde encontram-se organizadas paralelamente à superfície da pele. Na derme papilar, são mais delgadas e orientam-se perpendicularmente à epiderme. As fibras oxitalânicas são mais superficiais, perpendiculares à JDE e se estendem até o limite entre derme papilar e reticular. Já as fibras eulaunínicas, ocupam uma posição intermediária na derme, e conectam as fibras oxitalânicas com as fibras elásticas da derme reticular maduras.

Receptores sensoriais da pele

A pele é o receptor sensorial mais extenso do organismo. Possui milhões de TERMINAÇÕES NERVOSAS SENSORIAIS LIVRES (identificam diferentes estímulos do ambiente; são mielínicos e terminam em delicadas arborizações na papila dérmica ou em torno dos anexos) e FIBRAS SIMPÁTICAS AUTONÔMICAS (responsáveis pela inervação das glândulas sudoríparas, músculos lisos dos vasos sanguíneos e músculo eretor do pelo; são amielínicos e colinérgicos ao inervarem as glândulas sudoríparas écrinas, mas adrenérgicos e colinérgicos quando inervam o músculo eretor do pelo).

As sensações táteis, dolorosas e térmicas ocorrem principalmente ao nível das terminações livres.

A distribuição dos nervos segue a dos vasos sanguíneos, com um plexo profundo e outro superficial.

Na inervação cutânea, existem ainda CORPÚSCULOS NERVOSOS, que são estruturas sensoriais organizadas que formam órgãos terminais específicos. Esses corpúsculos podem ser encapsulados (Vater-Pacini, Krause e Meissner) e não encapsulados (Ruffini):

- CORPÚSCULO DE VATER-PACINI: são órgãos táteis (PRESSÃO) localizados na hipoderme das regiões palmoplantares e constituídos por lamínulas dispostas concentricamente em torno de um nervo mielínico ramificado;

- CORPÚSCULO DE KRAUSE: espirais de fibras nervosas destinadas à percepção da SENSIBILIDADE AO FRIO, localizados nas áreas transicionais da pele com mucosas (lábios, clitóris, glande); ATENÇÃO: o Belda diz ser um mecanorreceptor;

- CORPÚSCULO DE RUFFINI: particularmente numerosos na superfície plantar, consistem em uma grande fibra que se ramifica difusamente, entremeando-se com colágeno; estão relacionados com a SENSIBILIDADE TÉRMICA (CALOR); ATENÇÃO: o Belda diz ser um receptor de pressão;

- CORPÚSCULO DE MEISSNER: são espiralados e cônicos, dispostos ao longo das papilas dérmicas, sobretudo nas pontas dos dedos; detectam as SENSAÇÕES TÁTEIS.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 11

CORPÚSCULOS NERVOSOS CUTÂNEOS

Hipoderme

A hipoderme é a camada mais profunda da pele, constituída de lóbulos de lipócitos delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Os adipócitos, ou células adiposas, que se originam da célula mesenquimal, são arredondados e grandes, contendo em seu citoplasma uma grande quantidade de lipídios; nas colorações usuais que levam xilol, as células apresentam-se com grandes vacúolos (o xilol dissolve a gordura), com núcleo pequeno e rechaçado para a periferia, sob a forma de uma sela. Os lipídios são fundamentalmente triglicerídios; também fazem parte dessa gordura um pigmento – o lipocrômio –, colesterol, vitaminas e água.

O panículo adiposo, além de ser um depósito de calorias, protege o organismo de traumas e de variações de temperatura (é um isolante térmico), modela o corpo e permite a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes.

O hormônio leptina, secretado pelos adipócitos, controla a distribuição da gordura corporal. Ele fornece um sinal de retorno ( feedback) a longo prazo, regulando a massa de gordura.

Corpúsculos de Meissner (ponta de flecha azul).

Nos recém-nascidos, a gordura predominante é a gordura marrom. Ao contrário da gordura do adulto, a gordura subcutânea dos lactentes tem propensão para formação de cristais, devido ao maior conteúdo de ácidos graxos saturados e menor de insaturados. A gordura marrom é altamente vascularizada e inervada por neurônios simpáticos. Quando sofrem estresse por frio, os níveis de epinefrina aumentam e atuam na gordura marrom para estimular a lipólise. Assim, um recém-nascido prematuro pode ter problemas especiais na manutenção da temperatura.

Unidade folículo sebácea apócrina

O folículo piloso, diferentemente da epiderme, tem como produto final córneo a haste pilosa ou pelo. Por isso, dizemos que tem ceratinização do tipo triquilemal. Seus ceratinócitos apresentam diferentes citoqueratinas e não há grânulos de cerato-hialina.

Folículos pilosos

Corpúsculos de Krause (ponta de flecha vermelha) e glândulas sudoríparas écrinas (pontas de seta azuis).

A pele humana contém aproximadamente 5 milhões de folículos pilosos, com cerca de 100.000 folículos presentes no couro cabeludo. Este número pode variar conforme a cor dos cabelos. Embora os três tipos principais de folículos pilosos (lanugo, vellus e terminal) tenham diferenças na sua estrutura e pigmentação, eles seguem os mesmos princípios de formação.

- Pelo fetal ou lanugo: começam a surgir na 12ª semana de gestação e se desprendem após nascimento; substituído por pelo vellus (fino e claro);

- Pelo terminal: mais espesso e pigmentado (couro cabeludo, face, pálpebras, tronco, axilas, púbis e extremidades);

- Os pelos não crescem continuamente → alternância de fases de crescimento e repouso → CICLO CAPILAR;

- SER HUMANO: cada haste encontra-se em uma fase independente das demais → crescimento em mosaico;

- Crianças recém-nascidas nas primeiras semanas de vida têm seu ciclo biológico dos cabelos inativado;

- Após primeiro ano de vida os cabelos começam a ter as suas características biológicas definidas;

- Ciclo capilar é um fenômeno autônomo, continua mesmo quando as unidades foliculares são isoladas da pele em cultura;

Corpúsculo de Pacini (ponta de flecha vermelha).

ARDA O. et al. Basic histological structure and functions of facial skin. Clinics in dermatology, v. 32, n. 1, p. 3-13, 2014.

- Porção inferior do folículo sofre crescimento e regressão;

- Região superior do folículo permanente.

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ESTRUTURA DO FOLÍCULO PILOSO

INFUNDÍBULO: estende-se do óstio folicular até a abertura da glândula sebácea; ISTMO: delimitado superiormente pela inserção do ducto sebáceo e inferiormente pela inserção do músculo eretor do pelo; BULBO: região abaixo da inserção do músculo eretor do pelo; FRANJA DE ADAMSON: região de transição entre as células em ceratinização do pelo (ainda vivas) com as células totalmente corneificadas (mortas) que constituem a haste do cabelo. O infundíbulo e o istmo correspondem ao SEGMENTO SUPERIOR do folículo piloso, que é a parte PERMANENTE do mesmo. Já o bulbo corresponde ao SEGMENTO INFERIOR ou parte TRANSITÓRIA do folículo piloso.

Adaptado de: Pandhi D, et al. Premature graying of hair. Indian J Dermatol Venereol Leprol 2013;79:641-53.

MICROANATOMIA FOLICULAR

INFUNDÍBULO: epitélio idêntico à epiderme interfolicular com uma camada granular retida; ISTMO: epitélio com células mais pálidas que a do infundíbulo, paliçada nuclear periférica e queratinização pilar sem camada granulosa intermediária; BULBO: até a franja de Adamson, apresenta células claras da bainha radicular externa (seta), paliçada nuclear periférica e camada vítrea proeminente; da franja de Adamson até a base do folículo contém células basaloides típicas.

Adaptado de: HO J. et al. Folliculosebaceous neoplasms: A review of clinical and histological features. The Journal of dermatology, v. 44, n. 3, p. 259-278, 2017.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 13

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Bulbo

- É uma expansão da porção inferior do folículo;

- Base invaginada por um tufo de tecido conjuntivo frouxo vascularizado -> PAPILA DÉRMICA -> quanto maior a papila dérmica mais espessa a fibra capilar;

- As demais células que formam o bulbo, incluindo as que circundam a papila dérmica, são coletivamente designadas como matriz do pelo;

- LINHA OU NÍVEL CRÍTICO DE AUBER : linha imaginária que passa perpendicularmente ao bulbo (exatamente no topo da papila dérmica); região em que as células originárias da matriz iniciam a ceratinização.

Matriz do pelo

- CÉLULAS DA MATRIZ: alto grau de proliferação mitótica; diferenciação em vários tipos celulares; originam a Bainha Radicular Interna (BRI) e haste capilar ; possui melanócitos dispersos (contribuem com melanossomos para as células pilosas em desenvolvimento)

Bainha Radicular Externa (BRE)

- É uma invaginação da epiderme que envolve todo o folículo piloso.

Haste capilar

- Produto do folículo piloso;

- Estrutura essencialmente lipoproteica e sem vida;

- Composição: 40% queratina e 60% KAPs ( keratin associated proteins ); banhadas por uma matriz amorfa

- ESTRUTURA DA HASTE: determinada por múltiplos fatores genéticos; 17 genes de queratina (11 genes para a queratina do tipo 1 e 6 genes para a queratina do tipo 2) e mais de 85 genes de KAP;

- 4 principais estruturas: cutícula, córtex, complexo da membrana celular e medula;

- STANIĆ et al (2015): propuseram uma nova zona intermediária entre a cutícula e o córtex;

- Contém 3 camadas: medula, córtex e cutícula.

Bainha Radicular Interna

- Contém 3 camadas: cutícula da bainha radicular interna, camada de Huxley e camada de Henle;

- Molda a haste do pelo em formação, para isso, endurece (queratiniza) primeiro;

- Funciona como um rolete para o deslizamento distal do pelo;

- Suas células são lançadas no infundíbulo à medida que a haste capilar cresce;

- Contém CITRULINA (como a medula);

- NÃO contém melanina.

Cutícula

- Camada mais externa do pelo;

- Várias camadas de células pavimentosas queratinizadas semitransparentes sobrepostas (“escamas de peixe” ou “telhas”);

- Protege o pelo de lesão física e química;

- Determina porosidade do pelo;

- pH natural da queratina do cabelo é em torno de 4,0 (cutículas perfeitamente planas e alinhadas);

- Tratamentos químicos com produtos muito ácidos ou alcalinos (alisamentos, permanentes e colora çã o)  abertura das cutículas à exposi çã o do c ó rtex;”.

- FISSURAS CAPILARES podem aparecer após uso de dispositivos que expõem o cabelo à temperaturas em torno de 120°C durante apenas 10 segundos;

- Possui 3 camadas: camada A - externa; rica em proteínas de alto teor de enxofre (mais resistente); suporte para lípidos de membrana; exocutícula: proteínas de alto teor de enxofre; endocutícula: proteínas com baixo teor de enxofre.

Medula

- Parte central da haste;

- Contém uma coluna de células grandes queratinizadas frouxamente conectadas contendo queratina mole;

- Presente somente nos pelos terminais.

Cortéx

- Maior constituinte da fibra capilar à 80% da massa total;

- Determina a textura, a elasticidade e a cor do pelo;

- Composto de células corticais preenchidas com FILAMENTOS de queratina dura;

- Cada filamento é circundado por um espaço amorfo contendo KAP (ricas em enxofre  extensa rede de liga çõ es cruzadas de dissulfeto entre os filamentos intermedi á rios de queratina  RIGIDEZ DA HASTE);

- Presença de grânulos de melanina: tipo, tamanho e quantidade determinam a cor dos fios;

- Local onde ocorrem as transformações químicas provocadas por alisamentos e tinturas;

- QUERATINAS CORTICAIS: classificadas como queratinas “duras” em oposição a epidérmicas; possuem maior teor de CISTEÍNA  mais ligações dissulfeto e maior durabilidade.

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- Cada 4 ⍺-hélices de queratina correspondem a 1 protofilamento;

- Cada ⍺-hélice de queratina é composta por 18 aminoácidos, entre eles a cisteína;

- Sua estrutura e forma são mantidas por ligações entre os átomos de diferentes cadeias;

- Grande conteúdo de enxofre (S) presente nos resíduos de cisteína;

- CISTEÍNA: possui uma cadeia lateral com o grupamento CH2-SH (R), apontada para fora da α-hélice  pode ligar 2 cadeias de queratina (pontes S-S ou dissulfeto).

Adaptado de: Yang et al. (2014). The structure of people’s hair. PeerJ, 2, e619.

- BRI queratiniza de maneira semelhante à epiderme através da formação de grânulos de tricohialina (classificados como queratinas moles);

- Sequência de queratinização: camada de Henle, cutícula da BRI/haste capilar, camada de Huxley;

- Pelo que emerge do folículo já está totalmente queratinizado por uma forma de queratina dura;

- BRI  não emerge do folículo com o pelo  rompida ao nível do istmo (secreções sebáceas entram no folículo e ajudam a quebrar a BRI).

Aspectos da haste capilar

- Cabelos caucasianos, asiáticos e afroétnicos têm a mesma composição química, porém com algumas diferenças estruturais;

- O formato da haste capilar é programado pelo bulbo, particularmente pelo grau de simetria/assimetria axial da matriz;

Existem 3 tipos de ligações químicas na estrutura do fio capilar: ligações ou pontes de hidrogênio, ligações salinas iônicas e pontes dissulfeto. Cada uma exige, consecutivamente, mais energia para ser quebrada. Essas ligações químicas quando rompidas, em caráter permanente ou temporário, que possibilitam a mudança na forma física da haste.

Adaptado de: Bhushan, B. (2010). Biophysics of human hair: structural, nanomechanical, and nanotribological studies. Springer Science & Business Media.

Queratinização da haste capilar

- Queratinização da haste e BRI  ocorre logo após zona queratogênica;

- Eliminação de organelas e acúmulo de filamentos intermediários de queratina densamente compactados por ligação cruzada no citoplasma;

- BRE e a HASTE CAPILAR sofrem QUERATINIZAÇÃO TRICOLÊMICA (sem camada granular);

- 3 camadas de células corticais: ortocortical, paracortical e mesocortical;

- Existem diferenças na distribuição dessas camadas entre os tipos de cabelo;

- Novos estudos mostraram que o FORMATO DA HASTE CAPILAR É PROGRAMADO PELO BULBO (grau de simetria/assimetria axial da matriz);

- Fenômeno independente do ambiente dérmico (retrocurvatura é mantida em in vitro);

- CABELO CACHEADO/CRESPO: um dos lados da cutícula do cabelo se desenvolve primeiro (confere ao bulbo aspecto de “taco de golfe”);

- CABELO LISO: desenvolvimento é igual e reto.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 15
CAPILAR
HASTE

CABELOS LISOS: camadas de distribuição concêntrica; ortocortical (O) distribuída por todo o perímetro da fibra e ao redor da camada mesocortical (M), que por sua vez circunda a camada paracortical (P).

CABELOS CRESPOS: camada paracortical (P) está localizada no lado côncavo da haste; camada ortocortical (O) no lado convexo; ausência de mesocortical.

Quaresma MV, et al. (2015). Hair breakage in patients of African descent: Role of dermoscopy. Skin appendage disorders, 1(2), 99-104.

Ciclo capilar

O ciclo capilar é tradicionalmente reconhecido por 3 fases: crescimento (ANÁGENA I a VI), regressão (CATÁGENA I a VIII) e repouso (TELÓGENA). Segue-se uma sequência rítmica repetitiva de mudanças características na morfologia do folículo que obedecem a uma organização sequencial geneticamente codificada.

- O comprimento do cabelo depende do comprimento do ANÁGENA;

- No couro cabeludo a fase anágena é mais longa, durando de 3 a 8 anos; já nas sobrancelhas, a fase anágena é mais curta;

- COURO CABELUDO: 80% DOS CABELOS EM FASE ANÁGENA; 20% EM FASE TELÓGENA; POUCOS CABELOS EM FASE CATÁGENA.

Existem 2 outras fases recém-descritas na literatura: EXÓGENA e KENÓGENA. Na primeira, foi demonstrado que a exclusão da haste capilar é ativa, altamente controlada, o que difere da fase telogênica a qual é normalmente quiescente. Já a fase kenógena é um fenômeno novo no ciclo capilar, que representa o folículo vazio entre o fim da fase telógena e a nova fase anágena. Pode ser achado em pessoas normais, mas parece ser mais comum em indivíduos com alopecia androgenética.

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CICLO CAPILAR

FASE ANÁGENA:

- Fase de crescimento;

- Raiz do cabelo profundamente inserida na derme/subcutâneo;

- Matriz se mantém em atividade mitótica produzindo continuamente haste e BRI;

- Matriz em forma de taça envolve a papila dérmica;

- Subdividida em seis estágios (anágeno I a VI);

- Fase mais suscetível aos agentes antiproliferativos (QT); essas drogas levam a parada de produção do pelo ou produção de pelos defeituosos;

- Não está claro quais eventos estimulem o início do ciclo capilar, aceita-se que fatores da papila dérmica regulem o início do processo (células da papila dérmica emitam sinais capazes de aumentar a atividade mitótica das células-tronco do bulge);

- FGF-5: pode ser um sinal para o fim da fase anágena.

ESTÁGIOS:

I. Células-tronco do bulge (BRE) se dividem para produzir o broto capilar que se torna a matriz;

II. Células germinativas proliferam para baixo, envolvendo a papila dérmica;

III. Células da matriz se diferenciam formando o córtex e a BRI;

IV. Melanócitos enviam dendritos para o bulbo capilar e começam a secretar melanina nos queratinócitos;

V. Ponta do cabelo emerge da BRI;

VI. Cabelo emerge da pele e continua crescendo até catágeno.

FASE CATÁGENA:

- Duração de 2 a 3 semanas;

- Apenas 1% dos folículos;

- Após o tempo máximo de crescimento as mitoses cessam na matriz que se desprende da papila dérmica e se desloca no sentido da superfície da pele;

- Membrana vítrea se torna espessa e ondulada;

- Área suprabulbar entra em colapso formando um cordão e involui;

- BRE passa a envolver todo o bulbo formando o SACO EPITELIAL;

- BRI começa a afinar;

- Início da apoptose de queratinócitos triquilemais;

- Melanócitos param de produzir pigmento e retiram seus dendritos para que a raiz do cabelo NÃO fique pigmentada.

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FASE TELÓGENA:

- Fase de “repouso”: cabelo pode ser considerado morto, entretanto, o METABOLISMO BIOQUÍMICO BULBAR SE MANTÉM ATIVO (produz substâncias que INIBEM A FORMAÇÃO DE UM NOVO ANÁGENO );

- Duração de 3 meses;

- Bulbo completamente queratinizado assumindo a forma de CLAVA com grânulos de melanina no interior;

- BRI desaparece completamente;

- BRE: resta somente o saco epitelial;

- Move-se em direção a epiderme (“empurrado” pelo novo cabelo em formação);

- O pelo superficializado e frouxamente ancorado ao folículo pode cair espontaneamente ou ser extraído sem grandes esforços;

- DERMOGLEÍNA 3: ancora a haste telógena ao folículo piloso;

- Após o Final da fase telógena células tronco do bulge começam a proliferar, são liberadas e se deslocam guiadas pela membrana vítrea em direção a papila dérmica.

AL-NUAIMI, Yusur et al. The cycling hair follicle as an ideal systems biology research model. Experimental dermatology, v. 19, n. 8, p. 707-713, 2010.

A queda normal diária de cabelos tem relação direta com NÚMERO TOTAL DE CABELOS E DURAÇÃO DA FASE ANÁGENA. Por exemplo, em um indivíduo com 100.000 fios com fase anágena de 3 anos, a cada 3 anos haverá troca de todos os fios de cabelos (perda média de 100 fios/ dia). Já um indivíduo com 100.000 fios e com fase anágena com 8 anos de duração, a cada 8 anos haverá a troca de todos os fios de cabelos (perda média de 34 fios/dia).

Um fio do couro cabeludo cresce a 1 cm/mês ou 0,34 mm/dia e, o comprimento máximo alcançável do fio é resultado da DURAÇÃO DA FASE ANÁGENA que é GENETICAMENTE DETERMINADA (ex: anágeno de 2 anos - fio de 24 cm; anágeno de 5 anos - fio de 60 cm).

Controle do ciclo capilar

- Tração do cabelo telógeno pode acelerar o aparecimento do anágeno;

- Tração do cabelo anágeno: matriz continuará produzindo a haste e a BRI, assim, não há alteração no tempo final desse anágeno;

- Remoção da haste com a matriz e papila: cabelo não será mais produzido e o folículo desaparecerá;

- Barbear não afeta o crescimento ou o diâmetro do cabelo.

Hormônios andrógenos

- Reguladores hormonais mais importantes;

- Agem através de receptores na papila dérmica;

- Aumenta o comprimento da fase anágena, diâmetro e taxa de crescimento em folículos suscetíveis;

- Paradoxalmente, causa menor tempo de anágeno, miniaturização e crescimento mais lentos em áreas como o couro cabeludo;

- Pelos axilares e púbicos respondem à testosterona;

- Restante dos pelos do corpo: respondem apenas a diidrotestosterona (DHT);

- PUBERDADE: pelos pubianos respondem primeiro; crescimento de pelos axilares e barba ocorre 2 anos depois; o padrão adulto não está completo até a 4ª década.

- A testosterona é convertida em DHT pela enzima 5α-redutase que possui 3 isoenzimas (tipos I, II e III);

- Essas isoenzimas são codificadas por genes diferentes e diferem em sua expressão e atividade nos tecidos;

- 5-α-REDUTASE TIPO I: presente predominantemente nas glândulas sebáceas e no fígado;

- 5-α-REDUTASE TIPO II: predomina no couro cabeludo (maior quantidade nos folículos pilosos do vértex e região frontal do couro cabeludo), barba e folículos pilosos do tórax, bem como no fígado e na próstata;

- 5-α-REDUTASE TIPO III: encontrada em toda a epiderme e derme, mas seu papel funcional ainda não foi elucidado;

- DEFICIÊNCIA GENÉTICA DE 5-α-REDUTASE TIPO II: herança autossômica recessiva, na qual a conversão da testosterona em DHT é nula ou defeituosa; a DHT induz a viriliza çã o da genitália externa para formar o pênis, uretra, próstata e bolsa escrotal durante a vida fetal e atua no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários durante a puberdade; os afetados apresentam frequentemente ambiguidade genital ao nascimento e são incapazes de desenvolver Alopecia AndroGenética (AAG) na vida adulta.

Estrogênios

- Prolongam a fase anágena, mas diminuem a taxa de crescimento;

- Responsável pelo eflúvio telógeno pós-parto.

Tiroxina

- Acelera o aparecimento de anágeno e aumenta a taxa de crescimento;

- Excessos: risco de eflúvio telógeno:

- Deficiência: pode fazer o mesmo, além de diminuir a taxa de crescimento.

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Glândulas sebáceas

As Glândulas Sebáceas (GS) são exclusivas dos mamíferos e estão presentes em todo corpo, exceto nas regiões palmo-plantar e dorso do pé. Fazem parte da unidade folicular e possuem um ducto curto, de epitélio estratificado pavimentoso, que desemboca na porção terminal do folículo piloso. Em algumas áreas do corpo, sem pelos, as glândulas sebáceas abrem-se diretamente na superfície epidérmica.

O tamanho da glândula é inversamente proporcional às dimensões do pelo: maiores no nariz e fronte.

São glândulas holócrinas, ou seja, se rompem liberando todo o seu conteúdo (sebo).

O sebo é uma secreção oleosa, com ácidos graxos, ésteres de cera e esqualeno, junto com os restos das células produtoras. Ele lubrifica a superfície da pele e do pelo, aumentando as características hidrofóbicas da queratina e protegendo o pelo.

Existem ainda as glândulas sebáceas ectópicas: cavidade oral (grânulos de Fordyce), no pênis (glândulas de Tyson) e no mamilo (tubérculos de Montgomery). Já foram descritas também no trato genital feminino inferior e no esôfago.

GLÂNDULAS SEBÁCEAS ECTÓPICAS

As GS são estimuladas pelos hormônios sexuais e não respondem a estímulos neuronais (nem adrenalina, nem acetilcolina). Ao nascimento, apresentam alguma atividade, devido à presença dos hormônios passados pela mãe. Na infância, sofrem regressão e tornam-se funcionais na puberdade, quando apresentam atividade plena.

Glândulas sudoríparas écrinas

Esse tipo de glândula sudorípara está distribuído pela superfície corporal, excetuando-se os lábios, o clitóris, os pequenos lábios, a glande e a superfície interna do prepúcio. São abundantes nas regiões palmar e plantar. A porção secretora situa-se profundamente na derme ou na parte superior da hipoderme.

São glândulas exócrinas tubulares simples enoveladas merócrinas (ou écrinas).

A porção secretora é constituída por dois tipos de células:

- Células escuras: produtoras de glicoproteínas;

- Células claras: características de células transportadoras de íons; responsáveis pela secreção aquosa do suor.

Ao redor da porção secretora, há células mioepiteliais. O ducto abre-se na crista epidérmica, de onde a glândula se originou, e tem trajeto tortuoso. Diferentemente das apócrinas, as glândulas écrinas não têm relação qualquer com os folículos pilosos. Seu diâmetro é menor que a porção secretora. O epitélio é estratificado cúbico, com células menores e mais escuras que as células da porção secretora. Elas reabsorvem a maior parte dos íons e excretam substâncias, como ureia e ácido lático.

O suor é uma solução aquosa, hipotônica, com pH neutro ou levemente ácido, contendo íons de sódio, potássio e cloro, ureia, ácido úrico e amônia. A reabsorção écrina de sódio está primariamente sob controle da aldosterona.

Além da função excretora, as glândulas sudoríparas regulam a temperatura corporal pelo resfriamento em consequência da evaporação do suor.

Sua inervação é simpática pré-ganglionar, e o neurotransmissor que a estimula é a acetilcolina.

Glândulas sudoríparas apócrinas

Grânulos de Fordyce: múltiplas pápulas amareladas em lábio superior.

TEIXEIRA, MAG. et al. Laser CO2 em grânulos de Fordyce. Surg Cosmet Dermatol, 2013. v. 5, n. 1, p. 857.

As glândulas sudoríparas apócrinas ou odoríferas são encontradas nas axilas, nas aréolas mamárias e na região anogenital. Surgem por volta da 13ª semana de vida fetal no brotamento epidérmico do folículo pilossebáceo (não têm qualquer relação com a origem das glândulas écrinas) e desembocam sempre no folículo pilossebáceo.

Estão localizadas profundamente na derme ou na região superior da hipoderme.

São glândulas exócrinas tubulares simples ou ramificadas enoveladas.

Atualmente, há controvérsia na literatura, se são apócrinas, merócrinas ou apresentam ambos os modos de secreção.

A porção secretora tem luz ampla, é constituída por células cúbicas, com a porção apical em cúpula e é circundada por células mioepiteliais. O ducto é relativamente reto, de epitélio estratificado cúbico e se abre no folículo piloso, acima do ducto da glândula sebácea.

Assim como as glândulas sebáceas, as glândulas sudoríparas odoríferas são estimuladas pelos hormônios sexuais e tornam-se funcionais na puberdade.

Cortes histológicos mostrando glândula sebácea “livre”, comunicando-se com a mucosa escamosa.

OGATA, DC. et al. Achado incidental de glândula sebácea em colo uterino: provavelmente um processo metaplásico. J Bras Patol Med Lab, 2012. v. 48, n. 3, p. 221-222.

A secreção contém proteínas, carboidratos, lipídios, amônia e ferormônios, envolvidos na atração sexual. Inicialmente inodora, adquire um odor acre ou almiscarado em resposta à decomposição por bactérias.

Embriologia e histologia da pele Dermatologia 19

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