NINHO – Diário de bordo de processos do coletivo de pesquisa [em arte, interatividade e agroecolog

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Diรกrio de bordo de processos do coletivo de pesquisa [em arte, interatividade e agroecologia]



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Diário de bordo de processos do coletivo de pesquisa [em arte, interatividade e agroecologia]

Brasília, 2018


FICHA TÉCNICA

coord. de produção e vídeo maurício chades e renato perotto executiva márcia gomes fotografia janine moraes rosas

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produção

design maurício chades e rafael botelho

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imprensa roberta ar

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educativo fernanda

desenvolvedores angélica leite, murilo ferro, ulno, timão

serralheria e marcenaria celso nascimento

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iluminação hugo cortez

tutoria e curadoria

Malu Fragoso

artistas e pesquisadores

André Freitas // Karen Schmidt // Maurício Chades // Márcio Mota // Renato Perotto // Sofia Carvalho // Yasmin Adorno

ESTE PROJETO É REALIZADO COM RECURSOS DO FUNDO DE APOIO À CULTURA DO DISTRITO FEDERAL.

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AGRADECIMENTOS

O NINHO foi crescendo e crescendo com a ajuda de amigos e instituições que nos cederam a mão em um ou outro trabalho voluntário ou enxadas, insumos e mudas para a continuidade do projeto. Agradecemos ao nossos ajudadores: Moradoras da casa, Jéssica e Gabi e aos moradores, Renato Moll e Edson Garrido // Timão // Gustavo Amora // Wagner, coordenador do Ensino Integral do CED 3 de Sobradinho // Marcus, diretor do CED 3 de Sobradinho // Andreia, vice-diretora do CED 3 de Sobradinho // Eliane, coordenadora pedagógica do CED 3 de Sobradinho // Natália, monitora do Ensino Integral do CED 3 de Sobradinho // Thiago, professor de biologia CED 3 de Sobradinho // Eldite Pereira // Romulo Araujo // Sitio Raíz // Emater-DF // Uli do UlnoIoT // Erika de Paula // Guto Nóbrega // Cármem // Lúcia Perotto // Viveiro Comunitário do Lago Norte.



APRESENTAÇÃO Esta publicação contém textos que refletem a convivência e os debates do NINHO – Coletivo de Pesquisa em Arte, Interatividade e Agroecologia, cujas principais atividades se concentraram no período de dezembro de 2017 a agosto de 2018, quando os pesquisadores se encontraram com regularidade em uma casa-ateliê no condomínio RK (Sobradinho DF) compartilhando leituras, plantando sistemas agroflorestais e criando obras de arte. A primeira parte do catálogo traz artigos escritos nesse contexto de compartilhamento. Em alguns dos textos, artista assina com engenheira e agricultora assina com artista, o que reflete bastante sobre o que propomos como interdisciplinaridade, quando se tecem saberes desde as diferenças e o esforço em conversar. As outras partes do catálogo propõem a documentação dos processos na casa e na escola, o Centro Educacional 3 de Sobradinho. Um infográfico apresenta as estratégias de plantio ao longo dos meses e coloca na mesma linha do tempo o desenvolvimento de sistemas computacionais e obras de arte; toda uma sessão se abre para detalhar as atividades realizadas nas oficinas de arte, interatividade e agroecologia para uma turma de 22 crianças do 6º e 7º ano; e as obras desenvolvidas em ateliê são apresentadas por textos e muitas fotografias. Nossos esforços em documentar com detalhes os gestos ao longo dos meses são uma oferta ao público que deseja praticar algo parecido com o que realizamos: um espaço de convivência e criação coletiva em que coexistam as pessoas e seus pensamentos, os mais diferentes possíveis. Receba este documento como um diário a ser continuado, um caderno de rascunhos para artistas, desenvolvedores(as) e agricultores(as) e tantos(as) outros(as) profissionais que desejam encontrar-se em diversidade.

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_TEXTOS

_CATALOGAÇÃO

SUMÁRIO

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_PÁGINAS FINAIS

_OFICINAS

_LINHA DO TEMPO

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_TEXTOS


A FORMAÇÃO DO ORGANISMO NINHO por

NINHO

Em um contexto em que as ações humanas parecem avançar irreversivelmente sobre rios e florestas, urge lembrar que a natureza é uma composição da qual fazemos parte, de forças que atuam no tempo e espaço, não um cenário do qual somos a parte estranha. O mundo que conhecemos é híbrido, não totalmente humano nem não-humano e, cada vez mais, tecnomorfizado, reorganizado desde os elementos orgânicos e as máquinas inteligentes. Entender a Natureza como composição e programação é perceber que também somos natureza e passíveis dessa transformação. Nesse sentido, projetar uma horta ciborgue é também projetar o nosso lado humano. O NINHO é um abrigo e um organismo formado por humanos (atuantes nas artes, na agricultura e na tecnologia), plantas, micro-organismos, componentes eletrônicos e computadores. A vida do organismo se dá baseada em circunstâncias temporais e espaciais: de dezembro de 2017 a agosto de 2018, os pesquisadores e as pesquisadoras se reuniram em uma casa no Condomínio RK (Sobradinho – DF), todas as semanas, desenvolvendo sistemas agroflorestais, computacionais e obras de arte. A estrutura de trabalho transformou a casa em um ateliê que aproxima as técnicas de diferentes disciplinas. Este texto surge de um olhar para trás, porém, o escrevemos ainda inseridos no processo. Os primeiros meses serviram para uma série de tentativas de formular as bases do trabalho e para rejeitar, naturalmente, o que não servia ao grupo. Nessa perspectiva, aqui estão colocadas as 4 condições principais de sobrevivência do NINHO como um organismo:

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A) COLETIVIDADE É importante que se ressalte que somos um coletivo de “arte”, “interatividade” e “agroecologia” e que praticamos isso quando juntamos diferentes profissionais no mesmo contexto de trabalho. Queremos, com isso, que artistas possam acessar ferramentas da computação, que a engenheira plante árvores e hortaliças, que o programador pense na lógica do artista e que a visão (e todas as portas sensoriais) sejam devolvidas ao protagonismo do corpo da agricultora, longe da relação automatizada do maquinário comum no agronegócio. Quando conseguimos fazer isso na casa, imaginamos estar exercitando um protótipo para a rua, desde o menor ao maior grupo político e social. No começo, éramos seis pesquisadores, mas à medida que foram inseridos, sucessivamente, novos componentes e interatores ao corpo do organismo, foi necessário expandir o conceito de coletivo. Entendemos, portanto, que NINHO é formado por artistas, agricultores, engenheiros, programadores, mas também: os moradores da casa, que vivem as mudanças no tempo e no espaço desde o nascimento do organismo; os vizinhos, de quem colhemos as podas como insumo para nossos canteiros e que visitarão a exposição ao final do processo; a comunidade escolar (alunos, professores, monitores, diretores e coordenadores), que acolheu nossas oficinas de arte, tecnologia e agroecologia; a equipe técnica (produtores, fotógrafa e jornalista), que atua como micélios, seja buscando novos alimentos para o organismo ou expandindo nossa capacidade de nos comunicar com outros organismos; e seres não-humanos (plantas, minhocas e micro-organismos), nossos trabalhadores mais concentrados. B) A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO Percebemos a casa (e aqui não separamos o quintal da casa) como uma malha de construção ou uma protoboard: uma base de furos interligados usados para construir protótipos. Dessa forma, tentamos interligar as partes do organismo criando circuitos, entre plantas e componentes eletrônicos, entre eletrodomésticos e bancos de dados, sugerindo polos e permitindo o fluxo das correntes. Agora, a casa é um todo vivo e todas as partes são uma: o lado de dentro, o lado de fora, a cozinha, a sala, as plantas, as pessoas, os animais, os micro-organismo, os componentes eletrônicos e os códigos. Nesta lógica, ao longo dos meses, buscamos

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criar obras de arte que conservam (percebem, detectam e conectam) a energia, os fluxos invisíveis, entre os espaços, as coisas e os seres. À medida que modificamos os cômodos, borrando as fronteiras entre o dentro e o fora, o organismo se expande até as ruas, interagindo com a comunidade na qual se inscreve. Tentamos diálogos com os vizinhos e entramos em uma escola, o Centro Educacional 3, percebendo a educação como um campo potencial para continuar experimentando formas de pesquisar um mesmo fenômeno sob diferentes olhares. C) A SUCESSÃO DE PLANTAS E PROTÓTIPOS A sucessão é um importante conceito da agroecologia para se entender as dinâmicas de vida em um sistema. A vida se adaptou e se adapta constantemente para ocupar diferentes espaços, resistindo até a condições pouco favoráveis de luminosidade, temperatura, umidade, disponibilidade de nutrientes e tantas outras relações ecológicas. Portanto, a sucessão é uma relação espaço-temporal: cada espécie, quando chega ao fim do seu ciclo, dá lugar a outras, ao longo do tempo, e cada consórcio dá condições para novos consórcios. “Morrer”, em um sistema florestal, às vezes significa aumentar biomassa e biodiversidade. As práticas de ateliê e a ideia de prototipagem são tranquilamente justapostas à ideia de sucessão: os testes e modelos descartados e malsucedidos também alimentam o banco de dados de experiências daquele grupo que, ao se lançar em outro projeto, se beneficia do protótipo parado. Se o organismo se adapta no tempo e no espaço, buscando as melhores condições para a biodiversidade, ele saberá tirar proveito da biomassa. D) A PERCEPÇÃO DAS SENSAÇÕES NO CORPO E O SURGIMENTO DOS DESEJOS Instalamos duas estações meteorológicas principais, uma na casa e outra no Centro Educacional 3 de Sobradinho, para onde o organismo se expande. As estações têm como portas, para captura de dados, sensores de umidade do ar, umidade do solo, luminosidade e temperatura. Os dados são gravados e armazenados em uma tabela no nosso servidor e servem tanto para monitoramento (mais irrigação? Mais insumos?) quanto para material para as obras de arte interativas, como o “Relógio dos Sensores”.

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Os sensores eleitos nos servem, sobretudo, para que nos lembremos do sensor mais importante: o nosso corpo. É na superfície do corpo que experimentamos sensações como frio, quente, claro, escuro e outras tantas mais sutis. A partir delas, criamos sentidos, gostamos ou não, desejamos ou não e assim interagimos com a terra ativamente em sua composição. Lembrar disso nos empodera sobre nossas ações desde a escala individual até a participação social, nos pequenos e grandes grupos. Vivemos agora como resultado das relações de gostar e não gostar que começaram há três milhões de anos. Se formos curiosos, poderemos ver que diferentes procedimentos tecnológicos foram usados por nossos ancestrais ao longo de milhares de anos. As mudanças tecnológicas promovidas estavam relacionadas a mudanças em seus desejos, em seu gosto ou em suas preferências estéticas. Isso nos leva a crer que, antes de remodelar a tecnologia para contornar nossos problemas ambientais e catástrofes anunciadas, precisamos entender que os problemas humanos pertencem ao domínio emocional e estético. Tal dimensão é tão obscura para vários de nós, que mal sabemos o que desejamos e que, portanto, praticamos ações contraditórias a nossos próprios anseios. A questão que devemos enfrentar nesse momento de nossa história é sobre o que queremos que aconteça, sobre nossos desejos e sobre se queremos ou não ser responsáveis por eles. Entre prazeres e medos, gostar ou não gostar, nosso curso vai se definindo por aquilo que escolhemos e produzimos por meio da ciência e da tecnologia. A pergunta central é “o que queremos?” e a convivência com o sensível, que deve ser devolvida a todas as práticas humanas, pode devolver a consciência das emoções como modeladora do nosso trabalho na terra.

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COMPLEXIDADE E VITALIDADE: LABORATÓRIO NINHO DE ARTE E TECNOLOGIA por

MALU FRAGOSO

A atual sedução por máquinas, especialmente aquelas que tem a capacidade de interagir/comunicar, ou seja, máquinas “inteligentes”, desperta uma produção simbólica na arte que lida com processos de tomada de consciência sobre conexões entre seres vivos e entre seres e máquinas. Essas máquinas são artefatos que têm a capacidade de surpreender as pessoas, pois, além de interagir e comunicar, “inventam” e “inovam”. Não acredito que essa seja uma nova perspectiva na arte, mas que as investigações que conjugam arte, ciência e tecnologia, hoje, muitas vezes conseguem estabelecer conexões vitais a partir da criação de objetos/ dispositivos/acontecimentos que provocam confrontos éticos, estéticos e emocionais perturbadores. Confrontos esses que geram uma consciência para além do cotidiano, para além do olhar comum, simplesmente porque a tecnologia está aos poucos fornecendo recursos para revelar de forma mais objetiva o que a ciência investiga e o que artista intui e constrói simbolicamente. A meu ver, o trabalho desenvolvido pelo Coletivo NINHO vem provocar esses confrontos. Como apontado por Roy Ascott, artista britânico pioneiro em arte telemática, as redes de base tecnológica refletem modelos de fluxos inerentemente orgânicos cujos comportamentos são fontes de inspiração para criação, desenvolvimento e implementação de novas possibilidades conectivas. Ascott busca essas conexões em diversos ambientes e sistemas, incluindo conhecimentos tradicionais oriundos de grupos indígenas ou nativos de diferentes continentes. Compreendo essa busca como uma tentativa de revelar possibilidades inerentes aos seres vivos que as máquinas hoje tentam imitar, ou melhor, que tenta-se imitar por intermédio de máquinas/dispositivos tecnológicos. Nesse sentido, esforços oriundos de ambientes científicos e artísticos se aproximam, se contaminam e se

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enriquecem com trocas e parcerias. Este não é um cenário corriqueiro, muito pelo contrário. As aproximações ocorrem normalmente a partir de provocações dos artistas, muitas vezes estimulados por programas ou projetos científicos viabilizados com os parcos recursos atualmente destinados a inovação científica e produção cultural no Brasil. Convidada como orientadora/curadora para essa vivência junto ao Coletivo NINHO, me propus a compartilhar com o grupo as experiências proporcionadas pela parceria que cultivo, há quase dez anos, com o artista e pesquisador Guto Nóbrega na coordenação do NANO - Núcleo de Arte e Novos Organismos, na Escola de Belas Artes da UFRJ. Essas experiências/ pesquisas/práticas artísticas partem das seguintes premissas: acreditar no potencial da tecnologia e dos processos em rede distribuídos e interconectados; acreditar na arte como tecnologia para promover esses processos; acreditar na conjunção entre arte e ciência como campo contemporâneo de pesquisa; acreditar no ambiente acadêmico como espaço agregador de pessoas, ideias, oportunidades e germinador de propostas interdisciplinares que precisa estar em sintonia com a sociedade nesse momento acelerado de absorção e produção tecnológica; e, acreditar no papel do artista educador. Com essas metas montamos o NANO Lab, um espaço laboratorial para o qual convidamos artistas, estudantes, pesquisadores, enfim, a quem interessar, a compartilhar experiências e processos artísticos a partir dessas perspectivas epistemológicas. Durante os últimos oito meses, estimulei essas discussões junto ao Coletivo NINHO, em que foram explorados conceitos e desenvolvidas estratégias que atuam como pontos de convergência, lugares de encontro, expansões e digressões que impulsionaram e norteiam o trabalho do coletivo. Construir um ninho para mim significa criar um lugar onde seja possível gerar vida, preservar vida, compartilhar amor, constituir conexões afetivas e vínculos de sobrevivência. É um ponto de partida, ao mesmo tempo que uma referência de estruturas para um sempre. Nomear um coletivo de criadores de NINHO me induz a pensar nesse “berço”, nas condições propostas, nos anseios coletivos, e nos seres que dali emergem para o compartilhar e o servir no contexto social (seja ele qual for). Este é um ninho formado por organismos vivos (animais, vegetais e microrganismos) e organismos artificiais (mecânicos e computacionais) reunidos a partir de sistemas naturais e sistemas implementados, como o abrigo/

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casa, escola ou agrofloresta. A proposta parte do desejo de se formar uma coletividade baseada na constituição de um lugar (Michel Certeau, 1998), e em ações, como: observação, percepção, organização, ocupação, implementação, sistematização, integração, extensão, doação, interação, redação, exposição e sintetização, dentre outras. São tantas que torna-se difícil vislumbrar o processo como um todo, como o organismo híbrido que se propõem a ser. O lugar, abrigo ou casa, torna-se o núcleo das ações, espaço/tempo de convergência, e a partir dele surge uma rede invisível que se estabelece e sustenta o coletivo com dados e informações, relações e conexões, entrelaçadas pela trama invisível dos afetos. Vida, ou estar vivo, no contexto tecnológico contemporâneo, parece ser um ponto fundamental para o Coletivo NINHO, já que se identificam como um coletivo de “arte”, “interatividade” e “agroecologia” com base em sustentabilidade coletiva. Nós humanos convivemos com o mistério da vida, observando um sopro, uma luz, uma energia, algo que faça com que identifiquemos a existência de anima nas coisas. É possível perceber que em geral as pessoas dedicam mais atenção a aqueles seres não-humanos com os quais conseguem interagir ou perceber interação, sejam orgânicos ou maquínicos. Da mesma forma, se supõe que tenham mais dificuldade em se sensibilizar pelas coisas inanimadas com as quais não conseguem interagir ou comunicar, como, por exemplo, vegetais e minerais. Como também de transitar no universo do invisível e não tangível, que existe entre os seres, animados ou aparentemente inanimados. No entanto, tornar visível ou perceptível o invisível tornou-se um dos desafios mais presentes nas pesquisas em arte e tecnologia. Essa prática artística contemporânea, quando se debruça sobre o paradigma renascentista e busca relações atualizadas com a ciência e a tecnologia, parece somar ao aprendizado da arte moderna (Dadá, conceitual, minimalista, e concreta, etc.) o universo da física quântica, possibilitando aventuras nos campos do invisível e intangível junto com diversas áreas de conhecimento, inclusive as culturas milenares. Torna-se um campo interdisciplinar que está compartilhado mundialmente, sendo registrado em congressos, encontros, seminários e exposições, bem como nos programas e linhas de pesquisa acadêmicos. Trata-se de assumir um campo experimental da arte que se manifesta de infinitas formas como, por exemplo, a experiência do Coletivo NINHO.

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Partindo-se do pressuposto de que a obra contemporânea acontece (não busca representar, é o próprio fazer, o acontecer) e de que o artista contemporâneo é um mediador que revela processos e cria condições para que a obra aconteça, é de se supor que a obra se constitui como potência, e se revela a partir da percepção dessa potência, que, por sua vez, pode se materializar e tornar-se visível e /ou tangível. Mas o que interessa ressaltar sobre esse aspecto é justamente o sistema híbrido complexo e invisível que foi criado por todos aqueles que compartilham e interagem nesse coletivo. Tornar perceptível para o público esse sistema, ou esse organismo complexo, fruto de meses de trabalho e convivência, é desafio constante que resulta num conjunto de obras, além de rico material descritivo, documental e reflexivo. Trata-se de uma rede que vai desde o servidor que reúne dados e informações, como os das estações meteorológicas que se comunicam entre a Casa e a Escola, e servem tanto para monitoramento ambiental como para criar a obra Relógio das Sensações, até o exercício da convivência presencial de moradia, de trabalho, de criação, passando pelo aprendizado e implementação de sistemas agroflorestais, eletrônicos, em programação computacional, dentre outros. A experiência compartilhada na escola, com os estudantes e seus professores expande ainda mais a abrangência dessa rede que torna o fazer artístico uma vivência de troca direta com o público no contexto do aprendizado e da produção criativa, convidando esse público a participar do projeto e da exposição de encerramento. Ou seja, a prática artística está diretamente relacionada com a necessidade de tomada de consciência dessa rede que, de maneira simbólica, expressa um olhar coletivo sobre o complexo e infinito sistema da vida. Vejo, nesse contexto, a prática de laboratório de arte, ou seja: espaços laboratoriais coletivos que substituem ateliês e articulam campos de conhecimentos diversos; espaços em que o olhar dos outros guia nossos olhares e somos seduzidos pelo desejo de apreender; situações em que, por mais instáveis que se tornem as conexões, dentro e/ou fora da rede internet, é possível ter a sensação de gerar vida, de potência que se torna ‘coisa’, e que se valida pela cumplicidade entre criadores. É justamente nos momentos de conjunção, de sinapse, que a vitalidade se faz presente no processo da criação, bem como na vida de qualquer um. Acreditamos que ao reunir arte e ciência e fazer uso dos recursos tecno-

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lógicos disponíveis, por meio de um pensamento lúdico e sensível, novos horizontes se abrem e possíveis universos se antecipam. Na interseção arte, ciência e tecnologia, vemos um campo potencial para pensar um mundo que se tornou complexo de forma demasiada, cujo avanço tecnológico abre portas à vontade humana, ao mesmo tempo em que esta também se dobra, por vezes, à lógica programada das máquinas e dos sistemas por ela operados. (Fragoso,Nóbrega, 2017)

REFERÊNCIAS ASCOTT, Roy. Is there love in the telematic embrace? Art Journal. Computer and Art: Issues of Content, v.49, n.3, p.241-247. 1990. CERTEAU, Michel, A Invenção do Cotidiano.Petrópolis: Editora Vozes, 1998. FRAGOSO, M. L. P. G.. “Arte e vida: tecnologia como ferramenta de integração cultural” In. ________________. Tecnologia e arte: a estranha conjunção entre “estar vivo” e subitamente “estar morto”. Revista Palíndromo (Online), v. 4, p. 59-67, 2011. FRAGOSO, Maria L. P.G., NÓBREGA, Carlos A. M..HIPERORGÂNICOS: Uma Trajetória na Arte Telemática. Artigo apresentado para 26 Encontro Nacional da ANPAP(2017).

iCarlos Augusto (Guto) Nóbrega é artista e pesquisador, professor doutor credenciado no programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ. http://cargocollective.com/gutonobrega

iiCAC6- Computer Art Congress , ISEA, Balance-Unbalace, Encontro de Arte e Tecnologia, SIIMI, Re-New, Greening, etc.

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A DIGESTÃO DA CASA: DO TRONCO AO PIXEL por

MAURÍCIO CHADES

A composteira doméstica é o estômago da casa que digere os restos de alimentos descartados por seus habitantes. O estômago está no corpo do animal e o estômago da casa também deve estar na casa, de maneira que a energia local seja processada e reorganizada pelo mesmo ser/espaço que a consumiu. Foram instalados três tipos de composteira na residência em que acontece o projeto NINHO como proposições iniciais para desdobramentos de outras intervenções poéticas: no escritório foi instalada a obra “Minhocário Suspenso”; na área próxima à cozinha, “Vulcão, Sol”, que recebe todo resto de alimentos que não são aproveitados pelas minhocas (que não gostam dos cítricos, dos temperados e dos cozidos); e uma geladeira colocada sob uma sacada decompõe e multiplica fungos de todas as cores em galhos e troncos, podas de um angico. Dessa forma, este texto pretende acompanhar as ações e reflexões em torno da organização do lixo orgânico da casa, entre dezembro de 2017 e agosto de 2018, a partir de composteiras-obras-de-arte que propõem, para o morador da casa e para o fruidor da exposição, maneiras de se conviver com a putrefação, o fluxo de nascimento e morte e para que se perceba a decomposição (do tempo, da cor e da forma) dos pedaços de comida (e árvores) que diminuem em partes menores e menores, pequenas o suficiente para entrar nas raízes das plantas e virar pixel. Na convivência criada para o surgimento do Coletivo NINHO, lemos e debatemos para tentar entender os sensores eletrônicos (de luminosidade, temperatura e umidade, principalmente) e sua importância para o projeto. Em dezembro de 2017, começamos a ocupação da casa no Condomínio RK plantando nos moldes de um sistema agroflorestal e desenvolvendo a primeira estação meteorológica em arduino para que servisse como uma superfície de contato com o mundo (o sol, os ventos, o calor, as chuvas, as sombras) e então surgisse a vida do organismo, manifestada nas obras do grupo que tem imagens e sons gerados pelos dados das estações, mas também nas obras menos eletrônicas, que surgem em um contexto (coletivo) cujas noções de corporeidade e sentido já foram modificadas pelos compartilhamentos no grupo. O NINHO se funda então no gesto de por o corpo a suar, a sentir calor, a esgotar-se no trabalho de plantio e na percepção de um mundo (re)codificado, lido em sensores-máquina, 22


tendo sempre como referência o sensor principal, todo o corpo. Nessa proposta, a “casa” e o “corpo” talvez sejam os dois temas principais de pesquisa para o grupo e, justapostos, ampliam-se e suprimem-se: mora-se no corpo, sente-se com a casa, come-se com a pele, digere-se na geladeira, excreta-se chorume, come-se chorume. O corpo e a casa passam a constantemente reorganizar-se desde esse estado de impermanência, das mudanças mais grosseiras, como os móveis que precisam ser arrastados para dar espaço ou (re)compor com as obras de arte instaladas, até o monitoramento dos dados das estações via servidor, que passam a ser lidos em coalescência com o gesto de viver a casa e o quintal, ambientes que também se justapõem quando as folhas e lagartas passam a caminhar mais dentro e fora, resultado do adensamento dos processos agroflorestais no quintal, que permitem mais e mais inoculação de vida. Os sensores ampliam a casa e o corpo. O poema “Algoritmo do lixo” surge para organizar os restos de comida entre duas das três composteiras criadas, além de uma luminária-lixeira. Escrito em “portugol”, um tipo de linguagem que simula a escrita em código, linhas de ordem listadas de cima para baixo, lidas da esquerda para a direita, cuja função é encadeada, ou seja, não se pode misturar os ingredientes do bolo antes de se colocar o fermento. O “Algoritmo do lixo” primeiro separa os restos de comida em duas lixeiras e, quando cheias, o código te instrui a despejar as lixeiras, uma para o minhocário, outra para o “Vulcão, Sol” (a composteira de jogar “tudo”) e a cobrir com matéria orgânica. As instruções são versos e o usuário que opera as lixeiras e as composteiras põe-se a olhar para o lixo em diferentes etapas de decomposição, convivendo com os objetos-de-lixo no quintal, na cozinha e na sala, diferente da experiência de muitas casas em que o lixo “some”. Para marcar o sentido (visão) de perceber o lixo em transformação, foram criadas algumas intervenções. A lixeira eleita para receber a comida das minhocas, “Casacor: Abajur orgânico”, foi feita com uma bomboneira transparente, que nos permite ver as mudanças de cor e o caldo denso e escuro que vai se formando no fundo quanto mais dias a lixeira permanecer sem que seja esvaziada. No topo da bomboneira instalamos uma luz, finalizando o objeto como uma luminária para se colocar na mesa da cozinha, para se jantar à luz de lixo. Na parte de cima da obra “Vulcão, Sol”, um celular suportado por um pau de selfie faz fotos todos os dias, no mesmo horário. As imagens são armazenadas em uma pasta no Google Drive e depois são processadas por um código escrito em Processing que revela as imagens pixel a pixel, uma sobre a outra. O resultado permite ver uma espiga de milho surgir e transformar-se em outra forma e, outras vezes, a imagem 23


é abstrata, um conjunto de pontos coloridos e disformes organizados no interior de um círculo amarelo que pouco varia durante o processamento de imagem, pois trata-se de um balde de plástico amarelo que serve como continente para a composteira e bem sabemos que a decomposição do plástico não se nota em oito meses de observação. A decomposição parece servir mesmo para isso: para dividir, dividir e dividir em partes menores, menores e menores. Que sejam pedaços tão pequenos para que minhocas comam, menores ainda para fungos comerem e, depois, voltarem às plantas, entrando pelas raízes. Menores ainda para ser 0 e 1, para ser a menor parte divisível da imagem digital, o pixel. Decompor também pode ser entendido em seu sentido de organização, o que pode ajudar a conduzir o olhar pelas relações de contraste, das partes mais densas às mais sutis. No “Minhocário suspenso”, a parte mais grosseira, todo um minhocário de 300 litros, é elevada a 1,70 metro, enquanto a mais sutil está no chão: o chorume (resultado da divisão da matéria orgânica em partes menores, menores e menores) é recolhido em um pote de barro. O minhocário é colocado no alto e na sala também para que seja visto como órgão importante que é, mas que normalmente é colocado quase invisível na área de serviço. Na mesma sala, a obra “Arco-íris: troncos em decomposição” propõe a composição contrária, colocando os troncos pesados de um angico no chão, podas de capim cidreira no centro, junto a samambaias, e um umidificador de ar no topo, que expele um arco-íris refletido por CD’s – dos troncos maciços à decomposição da luz branca. O mundo inteiro está flamejando e constantemente temos a sensação de que está tudo muito sólido. A “Geladeira de decompor” é o túmulo de todo um angico, cortado em pedaços todos iguais para caber preenchendo o retângulo da geladeira colocada no quintal. Não se trata do processo mais eficientes de decomposição de madeira, mas serviu ao processo do NINHO sobretudo para observarmos a proliferação de fungos e outros micro-organismos, cuja diversidade se nota quanto mais cores se manifestam. Durante a exposição, o público é convidado a operar uma controladora MIDI instalada na varanda da casa modificando a velocidade e quantidade de fungos projetados, que “comem” a madeira. A controladora tem botões, potenciômetros, um arduino e fios instalados sobre um dos galhos que esteva na geladeira e eleito como suporte por estar

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Sequência de imagens feita pelo celular no intervado de 24h em que se nota a decomposição dos restos de comida.

em processo avançado de decomposição. A parte retirada do todo, do túmulo, serve como chave para reanimar a matéria ali depositada que já não é um angico, mas biomassa transitando no organismo NINHO. A produção de imagens a partir do fluxo de matéria, podas e comida, no nosso organismo propõe afetar o corpo do morador da casa e do visitante da exposição. Quando estes sentem qualquer sensação nova experimentando as obras-de-arte-composteiras isso certamente é uma indicação de mudança em seus corpos, das milhares que acontecem por segundo, mas que não costumamos notar devido à constante sensação de solidez que convencionou-se como estado ordinário do sentir. Os formigamentos e calafrios provavelmente não indicam insetos caminhando sobre a pele, mas sinais de reações bioquímicas e eletromagnéticas e acontecem sempre, por qualquer estímulo de som, pressão, luz, e não se restringem aos efeitos de uma obra de arte sobre o público. A cada momento, com rapidez ainda maior, os processos mentais se transformam e se manifestam em mudanças físicas. Isso é uma realidade sobre nossa matéria e nossas mentes: estão em constante transformação em relação direta com o sentir, mediado pelas 5 portas sensoriais. As sensações tão logo surgem, se vão, indicando também a continuidade das mudanças bioquímicas em nossos corpos e a experiência direta das sensações transitórias vem provar a nossa natureza efêmera. O universo está cheio de incontáveis objetos e parece bastante tentador tentar dividir, dividir e dividir em partes menores, menores e menores.

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BENEFÍCIOS EVOLUTIVOS DA PODA E A FUNÇÃO HUMANA NO ORGANISMO NINHO por

RENATO PEROTTO

e

SOFIA CARVALHO

Dada a proposta de uma leitura metafórica do organismo terra e do corpo humano, as plantas são percebidas como o cabelo da terra e o cabelo, plantas enraizadas nos corpos. Do ponto de vista do(a) sujeito que corta o cabelo, esse ato por vezes serve a alguma estética social ou a necessidades subjetivas. Do ponto de vista do(a) agricultor(a)/jardineiro(a), a poda das plantas pode servir a uma estética cultural das aparências convencionadas para um jardim, por exemplo, mas serve, principalmente, para buscar resultados mais prósperos de vigor e frutificação nas roças e/ou quintais. “Cabelo-poda” é uma obra que opera no âmbito do simbólico e funcional integrando ser humano, planta, cabelo, poda, casa e jardim, entrelaçando espaços, espécies, informações, relações, conexões em um elo invisível dos afetos dentro do organismo que chamamos de NINHO. O CABELO - Conjunto de pelos da cabeça humana. O fio de cabelo é composto pelos elementos carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e enxofre que, em conjunto, formam proteínas, sendo a queratina a predominante. Proteínas são polímeros de condensação ou macromoléculas formadas por uma sequência de 15 a 20 tipos de aminoácidos. O resto do cabelo é composto por água e lipídios. Os cabelos têm a característica de não pararem de crescer durante toda a nossa vida e a velocidade em que crescem pode ser associada ao tempo das plantas: crescem silenciosamente em lentidão. Há muito tempo os seres humano cortam seus cabelos, por inúmeras razões. O cabelo pertence à classe dos fenômenos cortáveis. Existem várias crenças que indicam que quando aparamos ou cortamos os cabelos, eles fortificam-se crescendo com mais vigor e saúde. Para a espécie humana, os cabelos assumiram uma posição articulatória

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entre seu estado biológico e sua identidade cultural. Em muitas culturas a necessidade de se cortar os cabelos vai além de sua funcionalidade ou estética e assume um papel ritualístico simbólico. O ato de cortar os cabelos e a forma como é cortado e adornado compõe inúmeros rituais de iniciação, passagem e símbolos de devoção e desapego nas mais diversas culturas. No Brasil, temos alguns exemplos como as indígenas Tícuna, que praticam um ritual em que seus cabelos são arrancados para marcar a passagem à vida adulta. Os índios Krahô cortam os cabelos das índias jovens para marcar o fim de um luto na aldeia. Já os Nahukuá marcam a mudança de status de um indivíduo a partir do corte de cabelos. Na Índia, há o ritual denominado Kesh Lochan, em que devotos doam seus cabelos às divindades como sinal de desapego às coisas materiais. Também nesse país, os monges Jainistas arrancam seus cabelos com as próprias mãos como um ato de devoção. Assim, em muitas culturas humanas o cabelo funciona como uma ponte entre natureza e cultura, o biológico e o simbólico, o estético e o funcional. A PODA - Em um agroecossistema, trata-se do manejo implicado em eliminar parte de uma planta: galhos, troncos, folhas. Há propósitos distintos que movem a necessidade de realizar podas. Seja para induzir o processo de frutificação de uma planta, seja para abrir entradas para a luz e a circulação do ar, seja para induzir plantas a um rejuvenescimento de seus tecidos ou para fornecer seu material orgânico no solo, o ato de podar pode levar ao corte de volumes maiores ou menores de material do organismo, a depender do contexto. Podar uma planta muitas vezes convém para o seu próprio desenvolvimento e para o ecossistema onde está inserida. Essa sabedoria está presente no manejo conduzido por várias espécies de animais e de microrganismos sobre as espécies vegetais. Compreendê-la demanda, no entanto, partir da premissa de que os organismos vivos trabalham em cooperação mútua e não pautados pela noção de competição. Quanto a isto, o pesquisador e agricultor Ernst Götsch relatou para seus estudantes sua interpretação e exame contínuo da aparição do fungo Moniliophtora perniciosa em seus cacaueiros, cuja manifestação pode implicar na “vassoura de bruxa”, um fenômeno em que brotações e frutos anormais e apodrecimento dos tecidos da planta começam a aparecer. Temida nas lavouras e julgada como responsável pela crise do cacau nos idos de 1990, a infame “vassoura de bruxa” inspira em Ernst ensinamentos sobre a dinâmica dos ecossistemas. Ele observou que a predominância do fungo em sua plantação se dava em galhos que, quando podados, traziam benefícios notórios para a planta e as demais ao seu redor. Observava Ernst que, às vezes, alguns galhos do cacaueiro tomados pelo fungo eram também galhos que estavam projetados sobre outra planta em processo de crescimento e que carecia de maior exposição ao sol e condi-

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ções de espaço para emergir. Assim, o agricultor foi consolidando em sua práxis o aprendizado de que a atuação de organismos tido como “pragas” por sobre as lavouras têm a ver com certos manejos que o ecossistema demanda para seguir em evolução. Quando falhamos em podar as plantas devidamente, o Moniliophtora perniciosa e outros organismos podem o fazer por meio de seus processos metabólicos, alinhados e cooperados com a inteligência maior da natureza. Do ponto de vista fisiológico, uma das reações de uma planta ao ser devidamente podada é a produção de hormônios de crescimento para nutrir a brotação de novos tecidos em sua parte aérea e no subsolo. Interessante que a circulação dessas substâncias de regeneração e crescimento não se limita à planta que teve suas partes cortadas, uma vez que seu sistema radicular está silenciosa mas efervescentemente conectado com o sistema radicular das outras em seu ecossistema. Portanto, o benefício sistêmico da poda localizada está tanto na ordem da produção e socialização de hormônios que instigam vigor e sincronicidade na evolução de um “macrorganismo”, quanto na ordem da riqueza que é o subproduto das podas: a matéria orgânica. As madeiras e folhas cortadas, quando depositadas e organizadas sobre o solo, são alimentos para a biota ali residente cujo trabalho de decomposição enriquece a disponibilidade e diversidade funcional de nutrientes, criando, enfim, terra preta. Trata-se de uma das astúcias dos mecanismos vivos da evolução. Desse modo, podar uma planta há de ser um diálogo entre as necessidades fisiológicas e ecossistêmicas aplicadas em seu ambiente ou o “macrorganismo” onde está inserida. A CIDREIRA-BRASILEIRA - Erva amplamente encontrada nos territórios brasileiros, a Lippia alba Mill. tem seu centro de origem na América do Sul e, portanto, carrega em sua memória genética os traços dos solos tupiniquins e dos seres que neles atuam e atuaram. Partilhamos com nossos(as) ancestrais o convívio com essa planta rústica que há muito tempo desperta sentidos e curas, a partir de seu aroma, arquitetura, cores e medicina para o cuidado de ansiedades, conflitos estomacais e respiratórios.

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O RITUAL CABELO-PODA No âmbito do organismo NINHO, cada artista escolheu uma planta do jardim para acompanhar durante o período de ateliê. Renato Perotto selecionou a cidreira-brasileira por ser uma das plantas mais antigas do jardim e por se encontrar adoentada e sem vigor, além da presença de lagartas e fungos por todo o organismo. O reconhecimento dos benefícios evolutivos da poda aplicada aos agroecossistemas deve instigar o conhecimento da função ecológica diante do macrorganismo que envolve a espécie humana, como animal de grande porte que é. Afinar o diálogo com os ecossistemas e saber quando e como realizar as podas é parte da nossa missão, tendo em vista que nossas atividades primárias dependem intrinsecamente da saúde dos solos, das plantas e de todas as outras formas de vidas que articulam a existência. Com essa premissa em mente, Renato parte para uma ação sobre a cidreira-brasileira com o intuito de melhorar suas condições para que ela volte a vigorar na área Amora. Cabelo-poda é um ritual em que o artista, poda os galhos da erva. Em seguida, ele corta seu cabelo com uma máquina e oferece parte dele às raízes da planta. O odor do cabelo cumprirá a função de repelir as lagartas e, pouco a pouco, vai se decompor. Suas partículas serão absorvidas pela cidreira-brasileira que irá transformá-las em novos galhos, folhas e raízes estabelecendo um elo material, uma fusão invisível entre artista e planta estreitando os laços entre estes seres de diferentes reinos. Cabelo-poda é um ritual de renovação e fusão, um ato que marca o inicio de uma relação simbiótica entre artista e planta. Assim sendo, entre máquinas de cortar cabelo e tesouras de poda, é evidente a existência de atributos culturais e fisiológicos que dão múltiplos sentidos à ação. O ritual é registrado em vídeo. O ALTAR CABELO-PODA O altar Cabelo-poda é o objeto resultante do ritual citado acima. Nele se encontram tanto os cabelos cortados quanto os galhos podados na ação anterior. Nessa estrutura de bambu eles encontram um lugar de veneração e se unem para compor um objeto localizado no segundo andar da casa. À primeira vista, os cabelos presentes em uma jardineira de barro se mostram inanimados, mas eventualmente ele toma vida em movimentos ondulares. Seus gestos não são aleatórios e sim sincronizados com balanço da cidreira-brasileira ao vento graças a um sensor giroscópio e um sistema de comunicação via Wi-Fi. Os galhos da erva animam os cabelos do artista, o jardim envia sinais para dentro da casa. Os seres se fundem, os espaços se comprimem. O inanimado se anima. O altar é um ponto vital do organismo NINHO que emerge para tornar visível o invisível.

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O QUE PODE SER UMA PRÓTESE? por

KAREN SCHMIDT

e

YASMIN ADORNO

Compreendemos a ideia de prótese como ente que ensaia suprir, catalisar ou ampliar sentidos já existentes em um organismo. Nesse contexto entendemos como organismo os espaços onde desenvolvemos o projeto NINHO, esse organismo expandido de forma amorfa, em que o dentro e o fora se fundem, possui acoplamentos, podemos pensá-los como próteses algumas biológicas, outras artificiais, orgânicas e inorgânicas. Ao contrário do uso cotidiano das próteses, que visa a imitar funções já existentes, pensamos a prótese como uma possibilidade de ampliar os sentidos, criando novos significados sobre ela a partir da relação com o organismo proposto. A palavra prótese, apesar de muito desgastada, principalmente na área da tecnologia, aqui será pensada de uma outra maneira. A origem da palavra prótese vem do grego antigo prósthesis, adição, aplicação e acessório. Muitas vezes, quando escutamos essa palavra, prótese, logo imaginamos um componente artificial que tem por finalidade suprir necessidades e funções de indivíduos que foram sequelados por amputações, traumas ou deficiências físicas, porém, podemos pensar a prótese para além da questão da falta. Pode ser algo que, acoplado a um organismo, possibilita uma outra performance para além daquelas habituais do organismo original. Com uma outra maneira de performar, esse organismo, agora com seu acoplamento, interage de forma distinta com o ecossistema onde está inserido. A prótese funciona como uma peça protética, um objeto artificial ou não que é ajustado a um organismo, para criar outras formas de ser, assim criando um ente-prótese que, mesmo sem ser original ao organismo, implica na originalidade daquele organismo em que se acopla. Assim, vemos as próteses que foram acopladas ao nosso organismo, NINHO.

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Para delimitar, mas sem reduzir a reflexão, analisaremos as próteses instaladas na casa onde acontece a pesquisa do Coletivo NINHO. Consideramos como prótese tudo o que foi instalado ao longo de 7 meses, durante o desenvolvimento da pesquisa. Antes de ser um ateliê coletivo de pesquisa, a casa localizada na rua Manacás do condomínio Rancho Karina era apenas um lar, onde viviam e vivem um grupo de amigos. Quando a casa torna-se ateliê e deixa de ser apenas um lar, e também o próprio objeto de pesquisa do NINHO, são pensadas algumas modificações para a sua forma estrutural de ser. A mudança começa no final de 2017, quando o coletivo Ninho instala uma horta agroflorestal no quintal da casa. São plantadas diversas espécies de árvores, hortaliças, ervas aromáticas, tubérculos e etc, a orientação do plantio é diferente do que normalmente acontece em um espaço como o da casa que ocupamos, normalmente no quintal reina a grama e, nesse caso, o mato tomou conta. Já nessa primeira adição do coletivo ao espaço, o plantio do jardim-florestal, como nomeamos essa ação, é uma prótese. Aqui, o motivo do acoplamento do jardim-florestal não foi movido pela falta, mas sim pelo desejo, podemos deslocar a imagem da palavra aqui discutida . A casa já existia com as suas funções de casa, porém, o jardim-florestal é acoplado com o desejo de tornar aquele espaço uma outra coisa, não por necessidade, mas sim por imaginação. Criamos consórcios, mudamos o ecossistema, mesmo que em pequena escala, para observar o que aqui também mudaria em nós. Depois de instalado o jardim-florestal, o coletivo elaborou uma estação metereológica para ser acoplada às plantas. O principal objetivo com a estação metereológica era o de visualizar, por meio de dados, os pequenos e grandes acontecimentos naquele ecossistema. Esses dados gerados a partir da instalação da estação metereológica, outra prótese, nos serviram para imaginar interpretações possíveis para as atividades e fenômenos que aconteciam naquele ecossistema que compomos junto às plantas e também aos moradores originais da casa. Com os dados gerados pela estação, nos reunimos durante os 7 meses a fim de interpretá-los, quantificando ou qualificando os pequenos e grandes acontecimentos, para então propor uma outra forma de comunicar com aquele ambiente, por meio de uma outra linguagem, nos utilizando de princípios da programação, agroecologia e artes visuais. Criamos um ambiente híbrido onde todos daquele coletivo heterogêneo pudessem acessar e se sentir pertencentes. Com essas interpretações feitas ao nosso modo, criamos uma outra forma de enxergar uma performatividade na antiga casa. A estação metereológica é composta por sensores acoplados a um microcomputador (arduino), tornando visível em dados a variação dos ventos, temperatura, movimento e altitude. Essas variações captadas pela estação são visíveis e sensíveis por si só no nosso corpo, mas observar tais mudanças de maneira mais detalhada possibilitou a visão de alguns ruídos que nos foram

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fonte de inspiração para pensar que rumos tomar na pesquisa. A partir dos dados gerados pela estação, o Coletivo NINHO decidiu interpretá-los e assim dar novos sentidos e criar outras relações possíveis com a casa e seus arredores, por meio de obras de arte, bancos de dados e consórcios de plantas. Além desse processo na casa do RK (Rancho Karina), o coletivo se estendeu de forma parecida ao Centro Educacional 3 de Sobradinho, uma escola pública. Na escola, o processo ocorreu de forma um pouco diferente, em vez de instalar de início a estação metereológica, fomos primeiro sentindo aquele espaço com os nossos corpos, juntamente ao grupo de alunos. As experimentações corporais dos alunos aconteceram por meio de práticas conduzidas e propostas pelo Coletivo NINHO, que proveram das especificidades daquele ecossistema, a escola CED 03. As práticas foram variadas, desde caminhadas nos arredores da escola, experimentações do espaço com olhos vendados, conversas ou mesmo o próprio plantio da horta, em que o corpo se coloca em outras posições diante ao solo. Com essa inversão nos processos, primeiro o corpo e depois a técnica, ficou mais claro no processo do coletivo as associações entre corpo e sensor. Nas práticas iniciais propostas pelo Coletivo, por mais que sejam usadas apenas as nossas partes biológicas e originárias do corpo, acontece que, na execução de práticas estranhas àquelas do cotidiano dos alunos, uma maneira de se acoplar ao ambiente de outra forma, exercendo funções diferentes para despertar sentidos adormecidos daquele espaço. Então, nesse caso, a nossa própria presença na escola, por nós foi vista como algo protético, uma prótese, passível de ir e vir, uma adição artificial a um ecossistema. Essa prótese não surge por um sentimento de falta e sim por um desejo de mudança, pensar com aquele grupo de adolescentes quais perspectivas futuras podemos imaginar para nossas noções de natureza, tecnologia e arte. A partir de algumas reflexões sobre as possibilidades de acoplamentos do Coletivo NINHO, gostaríamos de pensar que a prótese também é algo performativo, no momento em que nos colocamos de outra forma em espaços habituais e assim modificando aquele ambiente nas suas funções e habilidades, o acoplamento da prótese se dá de forma mais experimental do que funcional. Os acoplamentos são feitos na escola e na casa no RK, a nossa presença organizada como coletivo e também as modifica-

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ções estruturais que aconteceram ao longo desses meses nos espaços mencionados. A prótese não é a essência das coisas por si só, mas sim o trânsito. É o efeito múltiplo e não uma origem única. Não existe mais do que em um contexto concreto de um enxerto. Os instrumentos e as ferramentas, separados das práticas não existem como ação e a prótese é feita para agir. A prótese é algo que tenta produzir uma quantidade de sensações a partir do que está fora do corpo originário, que, no nosso caso, podemos pensar, antes da chegada do Coletivo nos locais mencionados, agora em um espaço que é diferido e ao mesmo tempo natural e artificial. Mesmo nossas hortas são coisas artificiais, se pensar que o artificial significa algo que envolve um artifício, produzido pela mão do homem, não pela natureza, algo postiço. A agroecologia, ao nosso ver, é um sistema que pensa o humano como um catalisador de atividades já existentes em sistemas “naturais”. Com a observação, o agricultor e a agricultora que pensam nesse viés e tentam reproduzir ações que ocorrem espontaneamente na floresta, um sistema agroflorestal é uma interface em que o natural e artificial se tocam. As próteses aqui pensadas são ações e técnicas que prolongam e aumentam a capacidade já confirmada de interação entre o homem e seu meio ambiente, seja ele qual for. A prótese não vem compensar fantasmagoricamente uma falta, não é alucinatória e nem delirante, mas, como os sensores instalados nas hortas ou na nossa estada no CED 03, constituímos um lado de intensidade interativa. A metafísica da falta que certas teologias da psicanálise compartilham, gostaria de nos convencer que sempre falta algo no mundo. Dizem-nos que nos animais falta alma e que nas máquinas cibernéticas falta a carne e a vontade que as conexões elétricas vêm compensar o excesso de informação… mas, a nosso ver, não nos falta nada para que desejar ter próteses. Os organismos analisados nesse texto já são um território pelo qual órgãos múltiplos e identidades diversas se cruzam, produzem seus dados e dão significados, mas o que nos sobra é a vontade de interagir de outra forma com o meio ambiente onde se inscreve o projeto. Talvez, para colocar em termos protéticos, as nossas ações estão mais para unhas postiças do que para um braço mecânico, algo que ultrapassa a utilidade tentando propor novas formas.

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EDUCAÇÃO, ESPAÇO E TEMPO. por

MÁRCIO H MOTA

Uma das principais características do projeto NINHO é o elemento interdisciplinar trabalhado dentro de uma construção coletiva entre o núcleo coordenador do projeto e os demais colaboradores. A proposta de ação educativa mirou o cruzamento crítico, prático e teórico entre os eixos da agroecologia, arte e tecnologia, sendo estes concomitantemente praticados pelos artistas nas exposições na casa e na escola. Nesse contexto, fiquei com a missão de elaborar uma oficina de arte que, além da essência de seu próprio processo, tinha como objetivo desenvolver um trabalho de arte prático com as crianças participantes, que seria exposto para comunidade escolar. Antes, porém, de executar a oficina, fui a encontros na casa-ateliê em que se discutia metodologia pedagógica, ideias sobre os trabalhos dos artistas da casa, história da agroecologia, teoria de arte e de tecnologia, aulas práticas de eletrônica e programação (que funcionaram como testes de abordagem pedagógica), entre outros assuntos correlatos que apontavam para a dimensão humanizada do projeto. Todo o processo de encontros e trocas foi planejado pelos coordenadores como parte de um diálogo que buscou sincronizar as vontades e desejos criadores, dentro de um processo que abraçou diversos agentes multidisciplinares, respeitando as características e histórico de vida de cada um. Também antes da oficina, fui a algumas atividades práticas desenvolvidas pelo grupo com as crianças. Entre elas, encontros teórico-práticos de agroecologia e encontros ligados às linguagens visuais. Ali, pude me alimentar do espírito pedagógico em que a perspectiva de mediação e participação eram evidentes. No que se refere a agroecologia, me tocou a conexão e criação de pertencimento na prática da construção de uma arquitetura socioambiental na escola, uma vez que as crianças e alguns professores (da escola) se 34


empenharam no cultivo e manutenção de uma grande horta. Isso me fez pensar nas pedagogias de mutirão, em que os envolvidos se desdobram para desenvolver um bem comum, algo que pode se fruído e usufruído numa instância concreta, teórica e prática. O alimento do conhecimento cultivado e posto à mesa, literalmente. O desenvolvimento de uma Horta e suas resultantes poderia ser uma disciplina, pois ali pode-se tratar de biologia, cultura alimentar, química, geografia, matemática, história, arte, tecnologia (...). Em relação a como uma horta pode falar do mundo, uma vez li um artigo que explanava sobre como todas as disciplinas escolares faziam parte das ciências humanas, dado que todo conhecimento produzido surge dentro de um contexto histórico e crítico cultural. Ou seja, a história pode ser abordada interdisciplinarmente por meio da matemática, física, biologia, pois estas fazem parte da construção cultural e imaginária de um recorte de mundo. Nicolau Copérnico, Bhaskara Akaria, Albert Einstein, Alan Turing, não produziram fórmulas frias, equações sem contexto ou correlações de números, foram agentes humanos que debateram e trocaram com uma porção de mundo, até chegar a seus preceitos. No NINHO, tive a oportunidade de participar de uma brilhante aula sobre história da agroecologia ministrada por Sofia Carvalho, que colocou em perspectiva crítica a agricultura e os modus de produção dos alimentos ao longo dos tempos, relacionando as máquinas de guerras com as máquinas agrícolas, entre outras coisas, que amplificaram o olhar sobre o tema. Assim, penso que uma pedagogia de “mutirão” mediada por um viés crítico e histórico pode ser um elemento potente de interdisciplinaridade dentro da escola e comunidade. O que um mutirão relacionado a matemática (exemplo) pode beneficiar uma comunidade e a troca de saberes? Qual matemática (?). Sobre o termo pedagogia do mutirão, forcei um pouco o uso por que gostaria de ressaltar que uma prática pedagógica que envolve vários agentes da comunidade escolar em torno de um bem comum, pode ser muito potente se utilizada como força motriz de ações interdisciplinares. Dos encontros de arte, pude observar a relação de espaço e tempo das crianças em relação as atividades propostas. Se Einstein revolucionou a teoria física-matemática de tempo e espaço correlacionando os dois e criando uma espécie de quarta dimensão do espaço (o tempo) em sua

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teoria da relatividade, dos teóricos da pedagogia como Jean Piaget, Lev Vygotsky, Paulo Freire podemos assimilar que o espaço e tempo das pessoas se relacionam com idade e cognição, cultura e dinâmica social, o que me leva a crer que podemos pensar em seis ou mais dimensões de espaço e tempo na educação. Como alcançar uma sintropia de espaço e tempo em uma atividade coletiva? Seriam as dispersões universos singulares e tempo e espaço? Divago. Dessas experiências, pude formalizar um ponto de partida para minha oficina, baseada no princípio de espaço e tempo lúdico, e princípio cultural de troca na base da ruptura e contaminação. Sobre espaço e tempo lúdico me refiro a uma instância de envolvimento em que a criança se esforça e alegra dentro de uma determinada atividade proposta e mediada. A ruptura e contaminação estão relacionada com participação e dispersão. Contaminação diz respeito às trocas que acontecem mesmo em um momento de dispersão, como se a luz de uma faísca pudesse ser sentida de olhos fechados e reverbera-se quase despercebida. Ruptura está relacionada com quebra de paradigma, mas também com a instância de aproximação de algo novo. Assim, pensei em fugir da prolixidade e redundância, focando em uma dinâmica de etapas diversas dentro de um processo de criação coletiva. Ou seja, não coloquei minhas fichas no processo de aprendizagem de fixação de conteúdos, mas sim na contaminação, ruptura e aproximação, algo como uma pulga atrás da orelha.

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_CATALOGAÇÃO


O mapa que abre esta sessão identifica as mais de 70 de espécies de plantas cultivadas em nossos jardins e as 17 obras de arte e, mais que isso, nos ajuda a perceber os circuitos e fios invisíveis que ligam uma plantaa outra (s) planta(s), uma obra a alguma (s) planta(s) ou uma obra a outra(s) obra(s).

abacate abacaxi abobrinha acerola alecrim alface crespa alfazema alho poró amora araruta aroeira arruda assa-peixe babosa banana bela dona boldo brinco de princesa café cajuzinho do cerrado camomila capim cidreira capim-santo cavalinha cebolinha chuchu

citronela couve cúrcuma erva doce espada de iansã espada de são jorge feijão-de-porco gengibre gerânio goiaba graviola gueroba guiné hibisco hortelã inhame ipê amarelo jabuticaba jasmim lavanda lichia limão siciliano mamão mandioca maracujá maxixe

melissa menta trident mil em ramos milho moringa nirá ora pro nobis parreira pimenta dedo de moça pimenta malagueta pimenta rosa pinha pitaia pitanga quiabo rabanete repolho roxo romã roseira rúcula salsa salvia taióba urucum verbena


[ térreo ] JARDIM FLORESTAL Por Sofia Carvalho e Renato Perotto

ESTAÇÕES Por NINHO

GELADEIRA DE DECOMPOR Por Maurício Chades

SONÂNCIA DO TEMPO Por Renato Perotto e André Freitas

REDE DE VAGALUMES Por Yasmin Adorno e Karen Schmidt

BIOTA IMAGINÁRIA Por Márcio Motta com alunos das oficinas

LED-RAÍZ Por Renato Perotto

VULCÃO, SOL Por Maurício Chades

CASACOR: ABAJUR ORGÂNICO Por Maurício Chades

RELÓGIO DAS SENSAÇÕES Por André Freitas e Renato Perotto

ALGORITMO DO LIXO Por Maurício Chades

DOE PODAS Por Yasmin Adorno

BANHEIRO-JARDIM Por NINHO

ARCO-ÍRIS: TRONCOS EM DECOMPOSIÇÃO Por Maurício Chades

MINHOCÁRIO SUSPENSO Por Maurício Chades

[ 1º piso ] CABELO-PODA Por Renato Perotto

O SONO DAS PLANTAS Por Yasmin Adorno


JARDIM FLORESTAL Por Sofia Carvalho e Renato Perotto Desenvolvido por NINHO Calcário dolomítico, yoorin, material de poda coletado, Micro-organismos Eficientes (EMs), sementes de milho, abobrinha, feijão-de-porco, feijão espada, feijão guandu, maxixe e hortaliças diversas. Mudas de banana, aroeira pimenta rosa, urucum, jaboticaba, pitanga, pitaya, mogno, café arábica, juçara, moringa, inhame, gengibre, cúrcuma. vídeo: https://youtu.be/UyI2Bzbpp1Y

O jardim da casa-ateliê subverte a etiqueta do paisagismo urbano. A estética de seus plantios foi colocada a critério da evolução de um sistema florestal. Seu aspecto ornamental se manifesta na complexa composição de árvores, arbustos e trepadeiras, combinadas com a técnica de se cobrir o solo com folhas e madeiras podadas para alimentar a microbiota que trabalha e transforma a terra. O público é convidado a ver beleza nesse jardim multiestratificado, entendendo que existe ali ação humana otimizando a fotossíntese e a sucessão de espécies que enriquecem o solo e produzem frutos para os(as) habitantes da casa. Neste quintal, abacateiros, pés de urucum, aroeira, bananeiras, bactérias, fungos e outras dezenas de seres transformam a paisagem outrora estática das paredes. O que antes era grama foi convertido em pés de abóbora e feijão-de-porco que trilham seus destinos, correndo sobre os montes de matéria orgânica em decomposição.





ESTAÇÕES Por NINHO Desenvolvido por André Freitas, Renato Perotto, Karen Schmidt, Murilo Ferro, Angélica Leite, Ulno e Timão Esp8266 Node-MCUs, Arduino, protobord, Raspberry Pi, UDOO, LDR, ds18Bb20, DHT 11, sensor de umidade do solo, BMP085, jumpers, framework UlnoIoT, NodeRED, Processing, Python

Baseado no conceito da internet das coisas (IOT), o jardim e a cozinha da casa-ateliê, assim como a horta da escola foram equipados com estações eletrônicas munidas com sensores analógicos e digitais. Essas estações captam dados referentes a luminosidade, umidade e temperatura do solo, umidade e temperatura do ar, pressão atmosférica e altitude e enviam esses dados para um servidor local que alimenta um banco de dados no nosso site. Os dados captados são usados em obras de arte generativas sonoras e visuais em outros espaços da casa. As estações funcionam como “membranas” das portas sensoriais do Organismo NINHO, sentindo as mudanças do ambiente e trocando informações entre os diferentes espaços: jardim-casa-escola-site-obras de arte. Os dados das estações podem ser acessados diretamente pelo nosso site http:// ninho.org/service/visao.php? .



GELADEIRA DE DECOMPOR Por Maurício Chades Desenvolvido com Murilo Ferro e Timão Serralheria Celso Nascimento Assistência Hugo Cortez Geladeira, Micro-organismos Eficientes (EMs), arduino, servidor, softwares modul8 e madmapper vídeo: https://youtu.be/m5g2wP2LIto

Uma geladeira é disposta deitada entre as plantas sob uma das varandas da casa. Galhos podados de um único angico são armazenados para decomposição e recebem Micro-organismos Eficientes para que o processo seja acelerado. O público é convidado a assistir a videoprojeção desde a varanda. As imagens geradas são processadas em tempo real por intervenção direta do fruidor, que aperta os botões de uma controladora MIDI construída em arduino, usando como suporte um dos galhos do mesmo angico.





SONÂNCIA DO TEMPO Por Renato Perotto Desenvolvido com André Freitas Serralheria Celso Nascimento Computador, Pure Data, cabine sonora, autofalantes vídeo: https://youtu.be/RHsSWTjxI7o

Uma cabine sonora é instalada na área BANANA entre as plantas. Uma música generativa composta por meio dos dados captados pelas estações toca no interior da cabine. O fruidor poderá escolher o dia e os sensores que quer ouvir e entrará na cabine para escutar a música composta referente àquele dia.



REDE DE VAGALUMES Por Yasmin Adorno e Karen Schmidt Giroscópio/acelerômetro, leds amarelos, arduíno, capacitor de 200uf para cada led vídeo: https://youtu.be/okTvh-1f_VA

Leds instalados nas trepadeiras da churrasqueira acendem quando um interator balança a rede. Um giroscópio detecta o movimento da rede e ativa os leds. O ritmo de aparição dos vagalumes varia de acordo com o ritmo do espectador.



BIOTA IMAGINÁRIA Por Márcio H Mota Com participação dos alunos das oficinas Adeildo Junior dos Santos Gomes, Bruna de Matos Oliveira, Daniel Rocha Oliveira, Emmily Tiussi de Freitas Coelho, Gabriel Carneiro Lima, Geovania Maciel Duarte, Gleidson Eduardo Pereira Cunha, Guilherme de Sousa Dias, Ingrid Infantino de Sousa, João Vitor Oliveira Freitas, Joice Alves da Silva, Lenddely Thiessa, Marcelly de Oliveira Santos, Paulo Henrique Marreiro Sales , Paulo Tharcio Ribeiro Maciel, Pedro André Batista Pereira, Pedro Henrique Marques, Rafaele Silva Oliveira, Thais Assunção de Souza, Theldo Oliveira Maciel, Yasmin da Silva Almeida Videoprojeção, software madmapper, papel mágico, papel vegetal

Trata-se de um mural que compõe desenhos de seres imaginários, feitos em papel mágico e papel vegetal, e projeção mapeada de luzes que interligam os desenhos, formando uma trama. O trabalho é resultado da oficina Biota Imaginária, mediado por Márcio H Mota, e é assinado pelas crianças participantes das oficinas do projeto NINHO.





LED-RAIZ Por Renato Perotto Desenvolvimento Karen Schmidt, Guto Nóbrega e Ulno 5 fitas de LED de 5m endereçaveis. 1 Esp8266 Node-MCU. 1 Galvanômetro caseiro, Sistema Plantrônic desenvolvido pro Guto Nobrega, NodeRED, Realizado com o framework UlnoIoT vídeo: https://youtu.be/ZNjDlbv-xnA

Um galvanômetro caseiro mede a variação de corrente elétrica da amoreira localizada no centro da Área AMORA do quintal e envia essa informação para um arduino. Este controla o fluxo luminoso, cor e intensidade de cinco fitas de led que saem da base da amoreira em direção às outras plantas da área, variando os LEDs de acordo com a curva de dados do galvanômetro. As fitas de led são colocadas sob a matéria orgânica, de forma que ficam parcialmente cobertas e se pareçam a raízes luminosas.





VULCÃO, SOL Por Maurício Chades Código Angélica Leite Celular, balde de plástico, lixo orgânico, pau de selfie, traquitana de alumínio, vídeo generativo vídeo: https://youtu.be/O1ZAkwsbA04

Um balde amarelo de 100 litros é instalado no jardim para receber todo lixo orgânico não selecionado para o minhocário. Um celular, suportado por um pau de selfie, fotografa de tempos em tempos e as fotos são armazenadas em uma nuvem. As imagens são processadas em tempo real segundo um código: a projeção se revela pixel a pixel, a partir da inscrição de dados das diversas fotos guardadas no servidor. Os pixels se entrelaçam, proliferando um sobre o outro, em uma espécie de timelapse não linear.



CASACOR: ABAJUR ORGÂNICO Por Maurício Chades Assistência Hugo Cortez Lixeira de acrílico, lâmpada amarela, fios vídeo: https://youtu.be/tH_IEeQQpQ4

Uma lixeira de acrílico recolhe o lixo orgânico para as minhocas, aquele que não é ácido, nem cítrico, nem cozido, nem temperado. A lixeira é transparente para que o lixo seja visto sempre. Na tampa é instalada uma lâmpada e a lixeira-luminária é colocada sobre a mesa de jantar.



RELÓGIO DAS SENSAÇÕES Por André Freitas e Renato Perotto Estações, servidor, vídeo generativo vídeo: https://youtu.be/KP_6WGlkc6s

Dados das Estações são interpretados em linhas e cores. Cada ponteiro indica um dos sensores (umidade, luminosidade, temperatura). O gráfico é projetado na cozinha, como um relógio de parede.



ALGORITMO DO LIXO Por Maurício Chades Impressão digital

As minhocas não comem de tudo. O Algoritmo do lixo organiza o lixo orgânico entre as obras-composteiras: Minhocário Suspenso e Vulcão, Sol.


As minhocas não comem de tudo. O Algorítimo do Lixo serve para organizar os restos de comida entre o que vai para o minhocário (1) e o que vai para outra composteira (2), que pode ser um buraco com tampa, por exemplo). Use duas lixeiras de cores diferentes e personalize o seu código nos campos para preenchimento.

Se:

Então: jogar lixo orgânico na lixeira (1)___________ Fim do Se Se:

ALGORITMO DO LIXO

Cítrico Cebola Alho Gengibre Carne Cozido Temperado Caroço de abacate Pão arroz Feijão Coroa de abacaxi

Restos e cascas de frutas ou Saladas não temperadas Legumes Borra de café Filtro de café usado Erva mate Casca de ovo

Então: jogar na lixeira (2)___________ Fim do Se Se:

lixeira (2)___________ estiver cheia

Então: esvaziar lixeira no minhocário Fim do Se Se:

houver espaço no compartimento superior do minhocário Jogar (lixo no compartimento superior) Cobrir (lixo com serragem)

Se não: Trocar (os compartimentos de lugar) Fim do Se Enquanto: compartimento cheio (que era superior) descansa por 2 meses Jogar (lixo no novo compartimento) Cobrir (com serragem) Fim do Enquanto Se: lixeira (1)___________ estiver cheia Jogar (lixo na outra composteira) Cobrir (lixo com serragem) Fim do Se

ninho.org | fb.com/coletivodepesquisaninho | @coletivo.ninho


DOE PODAS Por Yasmin Adorno Cartas impressas

Cartas sĂŁo entregues nas caixas de correio dos vizinhos anunciando a possibilidade de doarem suas podas (grama, folhas e galhos) para os jardins do NINHO.



BANHEIRO-JARDIM Por NINHO Chuveiro de led, torneira de led, vasos com plantas, toalhas, sabonetes, velas, incensos

O fruidor é convidado a entrar e usar o banheiro, a urinar, a se banhar, a lavar as mãos. Trata-se de um ambiente criado para ampliar as sensações: as plantas crescem e trepam como podem no ambiente sem luz e as águas (do chuveiro e da pia) mudam de cor a partir das mudanças de temperatura.



ARCO-ÍRIS: TRONCOS EM DECOMPOSIÇÃO Por Maurício Chades Galhos, suporte de ferro, samambaias, capim, umidificador de ar, luminária, lupa, CDs vídeo: https://youtu.be/ncy5snqURDU

De baixo para cima: galhos apodrecem, capim seca, samambaias crescem e a fumaça de um umidificador de ar recebe um arco-íris refletido. CDs estão dispostos como uma coroa em torno do umidificador e uma luminária posicionada em ângulo específico, apontando para os CDS, provoca a decomposição da luz.



MINHOCÁRIO SUSPENSO Por Maurício Chades Marcenaria Celso Nascimento Minhocário, minhocas californianas, lixo orgânico, mesa de madeira, tigela de barro vídeo: https://youtu.be/58OJTbBmZgQ

O minhocário está suspenso sobre um móvel de madeira e, abaixo, uma tigela de barro colhe o chorume que goteja.



CABELO-PODA Por Renato Perotto Desenvolvido com Karen Schmidt, Murilo Ferro e Ulno giroscópio MPU6050, Esp8266 Node-MCU, jumpers, protoboard, motor DC, plantas, jardineira de barro, cabelo, cabideiro de bambu. Desenvolvido com o framework UlnoIoT vídeo: https://youtu.be/X1lXCWIBrJQ

O artista corta os cabelos e poda uma cidreira-brasileira. A planta estava bastante doente e a poda é uma ação para sua renovação. O corte de cabelo é um ato simbólico de renovação pessoal e de afetividade com a planta que é uma das primeiras plantas da casa. Os cabelos são recolhidos e depositados em uma tijela de barro colocado em um altar no segundo piso da casa junto a galhos podados da planta. Um sistema eletrônico instalado na planta detecta o movimento causado pelos ventos e aciona um motor que movimenta os cabelos do altar, estabelecendo uma conexão entre a planta, cabelos e artista.







O SONO DAS PLANTAS Por Yasmin Adorno Câmera infravermelho, videoprojeção, telas de voal vídeo: https://youtu.be/fahKs2myfK0

A horta da casa é filmada com uma câmera infravermelho durante a noite e as imagens são enviadas para um servidor. As imagens são projetadas em um dos quartos da casa em telas translúcidas e esvoaçantes. O espectador é convidado a deitar na cama e observar as plantas durante o seu sono, o momento em que não estão produzindo a atividade de fotossíntese.






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_OFICINAS


Agroecologia, tecnologia, interatividade e arte foram os eixos temáticos do programa de oficinas realizadas pelo coletivo NINHO, entre fevereiro e julho de 2018, no Centro Educacional 3 de Sobradinho com o objetivo de traçar conexões teóricas e práticas entre os saberes das disciplinas sistêmicas em estudo. As primeiras intervenções na escola antecederam as oficinas propriamente ditas, dada a necessidade de aproveitar o fim do período chuvoso, entre fevereiro e março, para o plantio da horta educativa. Assim, ainda que posteriormente um grupo de apenas 20 estudantes viria a ser selecionado por professores(as) para participar continuamente das oficinas NINHO, uma parte significativa de toda a escola já havia plantado, manejado e/ou colhido alguns frutos da horta antes mesmo do crono-

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grama estar em pleno andamento. Este fato gerou um impacto inicial interessante e desafiador para o projeto, do ponto de vista da abordagem dos eixos temáticos entre adolescentes que não estavam inseridos(as) em um trabalho de médio a longo prazo, mas cujas presenças muito contribuíram e enriqueceram a experiência coletiva. Todavia, o público-alvo das oficinas resumiu-se a estudantes do 6º e 7º ano da Educação Integral, de idades que variavam entre 10 e 14 anos. Os encontros aconteceram com uma periodicidade de 2 ou 3 manhãs por semana, entre 9h15 e 12h nas segundas, quartas, e sextas-feiras. No total, foram 60 horas de oficinas conduzidas ao longo de 19 encontros. As atividades realizadas na escola foram parte de um processo de extensão das práticas experimentadas em ateliê. Para tanto, as oficinas eram planejadas de acordo com o interesse do coletivo em metodologias didáticas que oportunizassem a participação ativa das pessoas envolvidas para a construção de conhecimentos.

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30/4 – AULA MAGNA: INTRODUÇÃO ÀS OFICINAS O coletivo NINHO se apresentou no auditório da escola para os(as) estudantes do Ensino Integral, professores(as) e demais profissionais da instituição para explicar, entre falas, imagens, objetos, plantas e caminhadas, as noções artísticas, agroecológicas e tecnológicas que permeiam a base do trabalho desenvolvido pelo grupo. A Aula Magna foi uma introdução dos conceitos a serem estudados ao longo das oficinas, uma explicação de seu funcionamento e um convite à participação dos(as) estudantes que se deu nos seguintes momentos. A HORTA Com a orientação dos(as) profissionais do NINHO os(as) estudantes que participaram da aula magna puderam experienciar o contato com a terra plantando, manejando e colhendo diversos vegetais, que já haviam sido plantados anteriormente pelo Coletivo, em fevereiro de 2018. Uma avaliação da horta, dos sistemas escolhidos para o plantio dos vegetais, de seus impactos na escola foram alguns dos assuntos debatidos durante essa primeira apresentação.

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A TRILHA DAS SENSAÇÕES Durante a dinâmica “Trilha das Sensações”, as crianças foram vendadas e andaram em fila por todo o território da escola. O exercício foi proposto para que os alunos tivessem uma outra relação com o espaço em que convivem diariamente por meio dos outros sentidos para além da visão. “Dispusemos todas as crianças que participam do Ensino Integral em fila, colocamos vendas em todas e eu, que não estava vendada, guiei a fila pela escola, enquanto outros colegas borrifavam óleos essências, cuidavam para que ninguém caísse e emitiam alguns sons. A atividade foi pensada para que as crianças conseguissem aguçar suas sensações, que muitas vezes não são percebidas no cotidiano e posteriormente fazerem uma analogia de seus corpos com os sensores de uma estação meteorológica. Essa experiência despertou a curiosidade e trouxe ludicidade para a aula, tornando-a mais atrativa”, Fernanda Rosas, arte-educadora.

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A INTERAÇÃO TECNOLÓGICA A presença de protótipos tecnológicos também foi parte importante da apresentação. Sensores eletrônicos coletando dados de uma planta foram demonstrados para os alunos como uma prévia da estação meteorológica que mais tarde foi instalada na horta da escola. Arte tecnológica e outros conceitos foram discutidos. A COMPOSTEIRA Para encerrar os trabalhos, foi realizada uma atividade prática com uma composteira do tipo minhocário, em que todo o processo foi demonstrado: da confecção da composteira com caixas de plástico à coleta do chorume, insumo rico a ser devolvido para as plantas.

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02/5 - UMA PASSEIO NOS ARREDORES DA ESCOLA O grupo de 20 estudantes selecionados pelos(as) professores(as) começou a manhã do primeiro dia de oficinas fazendo manutenção da horta. Manejaram a matéria orgânica dos canteiros, eliminaram ervas espontâneas e colheram rabanetes, rúculas, alfaces e couves para que as(os) merendeiras(os) da cantina da escola beneficiassem os alimentos e os fornecessem no almoço dos(as) estudantes. Em seguida, o grupo foi conduzido coordenadamente a um passeio nos arredores da escola para exercitar a identificação das espécies vegetais no percurso cotidiano e coletar amostras diversas de plantas e outros materiais orgânicos e inorgânicos encontrados pelo caminho. No final do passeio, o grupo foi presenteado com a aparição de macacos-prego que habitam a região. Com os materiais, foi realizada uma aula de “Fundamentos da Linguagem Visual”, em que os(as) estudantes organizaram o que haviam coletado de acordo com um gradiente de cores e compuseram um círculo cromático usando as bases teóricas apresentadas.

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04/05 - COMPONDO COM PLANTAS A segunda aula ministrada continuou os estudos sobre Fundamentos da Linguagem Visual com o uso de ponto, linha e ritmo. Os(as) estudantes se dividiram e produziram diversas obras figurativas com o material orgânico (folhas, galhos, flores) coletados por eles na oficina anterior. A atividade foi realizada no pátio da escola, onde as crianças criaram livremente sob a supervisão dos facilitadores do NINHO. Ao final, todos os trabalhos foram expostos neste espaço coletivo e a felicidade de cada grupo com seu engajamento criativo se notava.

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07/05 - FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM VISUAL E O USO DAS CORES NOS ALIMENTOS A terceira oficina começou com novo manejo e colheita na horta da escola. Uma grande variedade de vegetais já estava em condições de consumo e foram colhidos e levados até a cantina. Foi ministrada mais uma aula sobre Fundamentos da Linguagem Visual, desta vez com ênfase no uso das cores. Vegetais como beterraba, cenoura e açafrão foram transformados em suco que formaram uma paleta de cores catalogadas e classificadas pelas crianças, que, após a dinâmica, saborearam suas bebidas, fazendo caretas de espanto ou de apreço. Em seguida, uma tintura a partir de repolho roxo e outra de urucum foi feita com as crianças, que se impressionavam em como alterações no pH implicavam na mudança do roxo para o azul do repolho roxo. Para terminar, a turma fabricou desinfetantes naturais feitos à base de limão, água e álcool, como prática de criar soluções ecológicas para as dinâmicas domésticas..

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08/05 - UMA AULA SOBRE COBERTURA DO SOLO E INTRODUÇÃO À ELETRÔNICA Na quarta oficina, os(as) estudantes fizeram um exercício sobre cobertura de solo. Foram preparados três recipientes, preenchidos com a mesma quantidade de terra: no primeiro, apenas terra. No segundo, terra com matéria orgânica (folhas e galhos) fazendo cobertura por cima e, no terceiro, terra plantada com grama. Ao se despejar a mesma quantidade de água em cada amostra, os alunos verificaram diferenças quanto à quantidade de água e seu aspecto físico na medida em que ela era depositada em um pote de vidro abaixo do recipiente. A água mais límpida e que era despejada em menor quantidade era a das amostras com grama plantada e com matéria orgânica como cobertura de solo. Nesse exercício, foi trabalhado o entendimento da importância da interação entre solos e plantas e da matéria orgânica fazendo cobertura e ciclando nutrientes no solo para a estruturação do mesmo, evitando erosões e o consequente assoreamento dos rios. Em um segundo momento, foi feita uma breve explicação sobre circuito elétrico, com o exercício chamado “bola elétron”, em que os(as) estudantes foram dispostos em roda e começaram a passar, em sentido horário, bolinhas. O mediador acrescenta bolas, que vão passando pelas crianças de mão em mão até darem uma volta completa. Em determinado momento, um jogador sai do círculo e a fila de bolas para de circular, para mostrar como funciona a quebra de um circuito elétrico. Para encerrar as atividades do dia, os(as) estudantes também tiveram uma aula de introdução à eletrônica, com uma breve explicação sobre condutividade da água e testes de condutividade em objetos cotidianos, vegetais,materiais condutivos de uso específico e até o próprio corpo.

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14/5 E 16/05 - ANIMAIS IMAGINÁRIOS E USO INTEGRADO DE DESENHO E VÍDEO FORAM TEMA DA AULA DE MÁRCIO MOTA O artista Márcio Mota, convidado do coletivo NINHO, realizou sua oficina dividida em duas aulas. Num primeiro momento, foi feita uma apresentação sobre referências artísticas, com a definição do que é repertório de imagem e conceitos artísticos com exemplos práticos ligados a videoinstalação e conceito de desenho expandido. Diversas folhas de papel mágico (com a superfície preta que esconde um fundo colorido que aparece ao se desenhar em cima) foram distribuídas para os alunos, que criaram imagens de uma fauna e flora imaginária. Um ecossistema (biota) fictício foi criado pelas crianças com imagens e recortes e montado um cenário em 3D onde foram projetadas animações e imagens sobre os trabalhos feitos no papel mágico.

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18/05 - UMA BATATA QUE SE TRANSFORMA EM BATERIA E AULA DE CORES RGB Na sétima oficina que o coletivo NINHO realizou na CED 3 de Sobradinho – DF, um novo exercício sobre eletrônica foi proposto. Os(as) estudantes construíram uma bateria tendo um vegetal como base. Batatas foram conectadas em um circuito de “bataterias” e conseguiram acender uma lâmpada LED. Uma oficina sobre cores aditivas com LED RGB foi realizada em seguida e os(as) estudantes compuseram cores primárias, secundárias e branco misturando cores dos LEDs em um circuito eletrônico que eles próprios construíram.

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30/05 - EXERCÍCIOS DE LÓGICA DE PROGRAMAÇÃO E INTRODUÇÃO AO PROCESSING A oitava oficina do projeto que o coletivo NINHO realizou na CED 3 de Sobradinho – DF continuou os exercícios sobre Fundamentos da Linguagem Visual, desta vez explorando as formas e suas aplicações na arte contemporânea. Uma nova aula sobre código levou as crianças ao laboratório de informática em que elas fizeram jogos e exercícios de introdução a programação e também tiveram uma aula introdutória sobre a linguagem Processing (linguagem de programação para artistas de código aberto). Os alunos também trabalharam diretamente com o código. O mediador indicou os pontos, formas, linhas e cores no processing e fizeram desenhos programando.

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04/06 - EXERCÍCIO DE FICÇÃO LIVRE Na nona oficina do projeto, foi realizado um exercício de ficção livre. Os alunos foram dispostos em roda para uma conversa sobre questões existenciais, para pensar sobre o futuro e começaram a traçar um mundo imaginário. Na segunda parte do exercício, cada criança apresentou seu mundo imaginário aos colegas e respondeu perguntas sobre a sua criação.

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05/06 - CRIANÇAS VISITAM O SÍTIO RAIZ A décima oficina do coletivo NINHO foi uma visita ao Sítio Raiz, que produz alimentos orgânicos em sistemas agroflorestais sucessionais. As crianças puderam ver como funciona um sistema de produção agrícola que objetiva a regeneração das florestas, de modo que a produção de vegetais, bem como a criação animal, funcionam como veículos de geração de renda para famílias agricultoras que também recuperam a fertilidade dos solos e o ecossistema florestal onde habitam, a partir de um trabalho intensivo que fornece colheitas abundantes e saudáveis.

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O milho colhido na escola e na casa foi o lanche servido nos passeios. 118


12/06 E 13/06 - ARDUINO Em mais dois dias de oficina do projeto, foi realizado um jogo de algoritmo no computador. Foi feita uma introdução ao Arduino, que é um hardware livre usado em projetos de robótica e arte eletrônica. Com o Arduino e um circuito elétrico com os sensores LDR (Resistor Dependente de Luz ou Fotoresistência) e um DHT ( sensor de temperatura e umidade do solo) mediram a quantidade de luz, temperatura e umidade na sala de informática. Na parte final da aula, eles integraram o circuito do Arduino com o desenho do Processing e animaram espessura da linha,ponto e a cor do desenho no computador dando baforadas no sensor de umidade e temperatura e bloqueando a luz no sensor de luz.

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15/06 - ATELIÊ ABERTO Os(as) estudantes da CED 3 de Sobradinho – DF, integrantes das oficinas do Coletivo NINHO participaram de uma visita à casa-ateliê no Condomínio RK, onde a pesquisa do grupo aconteceu e, mais tarde, foi realizada exposição aberta ao público em geral. As colheitas de milho, couve, alho-poró da horta da escola serviram para o preparo do lanche do passeio.

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20/06 - TERRÁRIOS E TECLADO DE PLANTAS Com eletrodomésticos quebrados e panelas descartadas, os alunos foram divididos em grupos para plantar espécies comestíveis e ornamentais. Usando um Arduino mini, uma caixa de som e as plantas dos terrários, foi montado um sistema que mede a capacitância das plantas, o que faz com soe uma nota musical quando as tocarmos. Cada planta toca uma nota criando um teclado em que as teclas são as plantas.

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22/06 - AULA DE CIRCUITO ELETRÔNICO SIMPLES E BICHOS AMORFOS Utilizando um motor de brinquedo, foram explorados conceitos como: condutividade, circuito elétrico e outros. Com 2 motores DC, botões e pilhas as crianças criaram um brinquedo eletrônico que desvia dos objetos ao encostá-los com suas antenas. A ideia de confeccionar um bicho sem forma, ou seja, amorfo foi uma maneira de disparar a potência imaginativa dos alunos para criarem bichos com outras funções, para além dos bichos que conhecemos no nosso ecossistema. Os bichos foram decorados posteriormente pelas crianças utilizando miçangas, plantas colhidas na horta e fitas coloridas.

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8 A 10/8 – EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS Como encerramento das atividades do NINHO no Centro Educacional, trabalhos elaborados durante as oficinas foram montados em exposição para a comunidade escolar. Os alunos das oficinas mediaram a apresentação das obras para outros alunos, professores e servidores da escola. O laboratório de informática e o cineclube receberam obras de arte e a horta também fez parte do trajeto da exposição. O programa educativo, um álbum com 7 figurinhas de colar com noções de arte, interatividade e agroecologia, foi distribuído para os visitantes da exposição.

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_LINHA DO TEMPO


Organizamos aqui um texto em formato de verbetes que tenta reunir uma cronologia, pontuando as ações realizadas durante o desenvolvimento dos plantios e obras do organismo NINHO. Os verbetes são coloridos em diferentes categorias, propondo um entendimento sobre a sucessão de acontecimentos, desde a germinação das plantas e das obras até a colheita dos frutos nos agroecossistemas, bem como nos sistemas eletrônicos e artísticos. Dessa forma: Amarelo diz respeito ao manejo, aos tratos ou cuidados realizados nas áreas dos plantios para fomentar o bom desenvolvimento do agroecossistema (por exemplo: podas, preparo do solo, capina seletiva de ervas espontâneas, etc). Rosa: insumos, revela a aplicação de recursos (biofertilizantes, fontes disponibilizadoras de nutrientes minerais) que foram incorporados buscando enriquecer as condições de fertilidade do agroecossistema. A categoria roxa informa sobre dois tipos de ações: 1) os plantios, ou seja, os momentos em que, depois de preparada a terra, foram introduzidas as espécies via sementes ou mudas; 2) e sobre outro tipo de plantio, a prototipagem, quando são inseridos objetos e componentes eletrônicos que marcam o desenvolvimento das obras de arte. Verde remete a: 1) colheita, produção e amadurecimento de frutos interessantes às pessoas; e 2) ativação de sistemas computacionais e obras de arte que passam a funcionar na casa para além da fase de testes. Nesse fluxo, a categoria de comidas e receitas demonstra de que maneira foram utilizados esses frutos na cozinha ou em preparos diversos. Verde claro remete às intervenções de tutoria feitas por Malu Fragoso. As leituras feitas coletivamente estão marcadas de azul-escuro. Quando o texto não é colorido, ou seja, permanece preto, é porque não coube em nenhuma categoria específica, ou porque serve à sustentação do entendimento do texto como um todo, por exemplo, às descrições das áreas e relatos da história do grupo.

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PRÓLOGO 2015 – André e Renato mudam-se para uma casa no condomínio RK (Sobradinho DF) e começam a substituir a grama do jardim por plantio de diversas espécies alimentícias, inspirados por noções agroecológicas. 2016 – André, Renato, Maurício e Yasmin se reúnem com o desejo de trabalharem juntos em um projeto que orbitasse ideias de agroecologia, arte e interatividade. O grupo conclui que é necessário convidar uma agricultora e uma engenheira, Sofia e Karen, respectivamente. 2016 – O projeto “Escola-casa-horta-viva”, mais tarde batizado como “NINHO”, é aprovado no edital “Regional” do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. Na proposta, Malu Fragoso integra o grupo como tutora e curadora.

DEZEMBRO/2017 20/12 - Formação: cada um dos 6 pes-

Malu apresenta para o grupo o portfólio

quisadores apresentou um mapa de ima-

do NANO - Núcleo de Arte e Novos Or-

gens com referências pessoais, de arte

ganismos, grupo de pesquisa que coor-

ou não. A partir das apresentações in-

dena na UFRJ. Projetos que incorporam

dividuais e de perceber a diversidade de

sistemas híbridos entre plantas e com-

ideias e experiências no grupo, foram

ponentes eletrônicos foram mostrados

escolhidos textos com a curadora Malu

como referência a partir de suas pos-

Fragoso para serem lidos e debatidos por

sibilidades e semelhanças com as ideias

todos ao longo do processo.

iniciais do NINHO.

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É realizada visita técnica na casa para reconhecimento e mapeamento de áreas de plantio. Áreas do quintal da casa são diagnosticadas a partir de níveis de luminosidade, histórico de plantas que ocupam/ocuparam o quintal e condições de compactação do solo. Foi feito um esboço geral de intervenções nesses espaços.

ÁREA BANANA (primeira metade) Metade da área ainda não havia sofrido intervenções dos(as) moradores(as). Ocupada predominantemente por gramíneas e ervas espontâneas. Solo compactado e com menor abundância de vida que nas partes onde já se plantava. A escolha das espécies se pautou na sucessão natural, produção de biomassa e otimização da fotossíntese e nas condições de sombreamento provocado pelos muros, paredes e árvores grandes adjacentes, aliadas aos desejos dos(as) moradores(as): café, bananeiras, moringa, jabuticabeiras, pitangueiras, aroeira

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(pimenta rosa), urucum, juçara, feijão-

sensações no corpo, uma proposta de-

-de-porco, gengibre, inhame e cúrcuma.

batida desde o primeiro encontro.

Preparos para plantio na Área BANA-

JANEIRO/2018

NA: São feitas podas nas árvores do quintal (2 Ipês, 1 açoita-cavalo, 1 palmeira ornamental); o solo é afofado com auxílio de enxadas e picaretas, A adubação é feita com fontes de C, Mg, P, N e inoculadoras de micro-organismos (calcário, Yoorin, esterco bovino). É realizado plantio de consórcios com árvores diversas e bananeiras, tubérculos e feijões (feijão-de-porco e feijão de espada). Todos os integrantes do grupo participaram do plantio, observando as

13/01 - É iniciada a ocupação da casa eleita para ser o espaço de ateliê do NINHO. A casa já acolhia como residentes dois membros do grupo, além das moradoras Jéssica e Gabi, que passam a conviver com as atividades do coletivo. O lixo eletrônico, volumoso, foi catalogado e organizado, latente a servir nas obras futuras. A área da edícula, garagem e churrasqueira foram preferencialmente ocupadas como espaços de ateliê. 133


25/1 – É elaborado inventário dos senso-

pautaram no enriquecimento do ambien-

res eletrônicos disponíveis no ateliê. Eles

te com espécies para incrementar a di-

são organizados a partir de suas classifi-

versidade de colheita dessa área.

cações técnicas e possíveis implicações poéticas: qual porta sensorial do corpo humano eles tentam imitar?

Inhame é colhido. Ervas espontâneas são retiradas. O grupo estabeleceu que quartas-feiras e sábados seriam os dias fixos para en-

ÁREA AMORA Descrição: A proximidade com a cozinha fez dessa área um espaço de natural vocação para ervas para temperar as comi-

contros. Sendo as quartas para debates e leituras (“dia limpo”), e sábados reservados ao trabalho nos plantios e nas obras (“dia sujo de ateliê”).

das e medicinais para se fazer infusões,

31/01 - “NINHO - Coletivo de pesquisa

bem como produção de frutas (amora,

em arte, interatividade e agroecologia”

limão, mamão e abacates, já plantados

é eleito nome de batismo para o grupo;

ali). Os plantios e manejos realizados se 134


Os textos “Natural:mente” do Vilém Flusser, “Metadesign” do Humberto Maturana e “Emergência” do Steven Johnson foram debatidos com a curadora.

FEVEREIRO

ÁREA BANANA (segunda metade): Condições de solo e vegetação semelhantes à parte onde já foi trabalhada. Diferencial: maior exposição à luz solar. A escolha de espécies (quiabo, maxixe, abobrinha) foi pautada na otimização do espaço vertical para potencializar a fo-

ÁREA BANANA Plantio de pitaias, milhos e babosas são feitos na Área BANANA e na Área ACEROLA Sacos com podas são coletados pelo condomínio

tossíntese e as colheitas, com culturas de ciclo curto para que a área possa ser retrabalhada com plantas que demandam maior exposição ao sol. O

solo

é

afofado

e

adubado;

São plantados consórcios de abobrinha menina e balsamina, que dá lindas flores rosa

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ÁREA ACEROLA

ÁREA AMORA

Hortaliças são plantadas: alho-poró, al-

É feita colheita de milho e inha-

faces lisa, roxa e crespa, salsa, repolho

me,

roxo, couve e cebolinha.

ção de ar e entrada de luz na área.

abrindo

espaço

para

circula-

Foram plantadas: 2 mudas de hibisco, cujos frutos propiciam um chá delicioso e as folhas enriquecem saladas, refogados e arroz; 2 mudas de nirá, delicioso tempero; e 1 muda de capim-cidreira e 1 de boldo para fazer chá. Mais matéria orgânica colhida com os vizinhos é incorporada, cobrindo o solo.

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16/02 - É feita visita técnica ao Centro

24/02 - O Coletivo continua a prepara-

Educacional 3 de Sobradinho para aná-

ção e adubação do solo na escola; incor-

lise do solo da área em que ocorrerá o

porando fontes disponibilizadoras de C,

plantio e para compreensão da disponi-

Mg, P, N, e inoculadoras de micro-orga-

bilidade do laboratório de informática,

nismos (Calcário, Yoorin, Bokashi);

pontos de luz e internet;

27/02 - Foi realizado o plantio da horta

23/02 - Com ajuda da EMATER, o solo

na escola com participação de turmas de

começa a ser preparado, gradeando a

6º e 7º ano.

área da horta na escola com uma tobata;

03/02 - “A vida secreta das plantas” de Peter Tompkins e Christopher Bird é lido por alguns integrantes do grupo. Uma série de experiências empíricas relatadas no livro com detectores de mentira e plantas domésticas geraram debate no grupo e especulações de obras. Ainda tentando entender o espaço em que nos inserimos, caminhamos pelo condomínio RK, reconhecendo a vizinhança. Entramos em reserva ambiental dentro do condomínio que sedia uma cachoeira. Durante a caminhada, Sofia fez

perimentando o corpo como sensor. 17/02 – Um balde de 100 litros é instalado de ponta cabeça na Área AMORA para servir de composteira para os alimentos cítricos, temperados, cozidos e tudo mais que não serve ao minhocário. Mais tarde, a composteira se torna a obra “Vulcão, Sol”. 21/02 - Com Malu, debatemos o texto “Emergência”. Levantamos as questões: O que é o feromônio do grupo? O que podemos aprender com as formigas?

observações sobre os diferentes estratos

24/02 - Uma geladeira é instalada na

de plantas em diferentes ecossistemas.

Área BANANA, onde será ativada uma

Yasmin propôs uma prática corporal ex-

composteira para galhos e troncos, que é o início da obra “Geladeira de decompor”. 137



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Iscas de bambu com arroz e sangue de

deia: arduino > processing > php > csv >

menstruação são colocadas no Córrego

php reader a cada 36 segundos.

do Urubu e na Cachoeira do RK, com finalidade de capturar EMs (micro-organismos eficientes) para serem usados como defensivos agrícolas naturais; 03/02 - Com uma placa Arduino Uno, sensores LDR 10mm para luz, DHT-22 para umidade e temperatura ambiente e módulo de umidade do solo, é criado primeiro protótipo para estação meteorológica.

16/02 - O organismo cresce: Murilo e Angélica passam a integrar a equipe de TI. 07/02 - Um arduino Uno é conectado a um RaspberryPi pela porta serial para envio de dados para o servidor. O tratamento e envio dos dados online é mediado via um sketch do Processing. Já o recebimento, processamento e armazenamento dos dados é feito em webServi-

14/02 - É implementado o primeiro mo-

ce PHP. O servidor grava os dados tanto

delo do banco de dados para armazenar

em CSV quanto em um banco de dados

os dados captados pela estação meteo-

mySQL.

rológica. O fluxo dos dados segue a ca-

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07/02 - A Estação Quintal é instalada

ÁREA ACEROLA

na área AMORA. 08/03 Repolho roxo e alface são plan-

MARÇO 03/03 - O protótipo da Estação Casa, colocada na cozinha, é implementado usando um nodeMCU equipado com DHT11 (sensor de umidade e tempera-

tados 08/03 - Alguns brotos de rabanete são transplantados para outros berços no canteiro para diminuir o adensamento e melhorar as condições de crescimento das mudas.

tura) e BMP180 (sensor de altitude e pressão atmosférica). A estação é pro-

14/3 - Iscas de EM no Urubu e no RK

gramada para postar no banco de dados

foram coletadas e a solução foi prepara-

a cada 2 minutos.

da para ser utilizada também como biofertilizante;

143


03/03 - É instalado um sistema de irrigação por gotejamento na horta; 03/03 - São plantadas sementes de milho crioulo; 10/03 - É feita capina seletiva de ervas espontâneas (tiririca);

24/03 - São feitas podas nos hibiscos,

ÁREA AMORA

nos pés de feijão-de-porco, nas mamonas e nas moringas.

17/03 - Poda é feita no limoeiro e na

Colheitas: de manjericão, folhas de hi-

amoreira.

bisco, folhas de moringa e citronela. A partir das colheitas, é feito pesto de

ÁREA BANANA

manjericão, salada com folhas de hibisco e ratatouille com folhas de moringa.

17/03 São feitas podas no feijão-de-porco,

A citronela é conservada em álcool para

nos ramos inferiores da moringa (para esti-

produção de repelente.

mular seu crescimento vertical e levar suas folhas para a cozinha) e nas mamonas, para possibilitar mais entrada de luz. Mais matéria orgânica oriunda de podas no condomínio é utilizada para cobrir o solo.

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03/03 - O grupo assistiu e debateu o

18/03 - O banco de dados passa a ser

filme “Eletrodoméstica”, de Kléber Men-

interpretado em um gráfico hospedado

donça Filho.

no site NINHO.org.

A Estação Casa, na cozinha, passa a

20/03 - É feito o primeiro teste com

funcionar, enviando dados para o servi-

música generativa para a obra “Sonância

dor e as condições ambientais do espaço

do tempo” a partir dos dados da tem-

interno passam a ser observadas.

peratura ambiente x pressão atmosférica

17/03 - A curadora Malu Fragoso visita a

da estação.

casa pela primeira vez e conhece o gru-

24/03 - As podas dos vizinhos, colo-

po. Na reunião, foram apresentadas ma-

cadas em sacos de lixo nas calçadas,

quetes, desenhos e protótipos das obras

passam a ser sistematicamente colhidas

em desenvolvimento. Questões geradas:

para serem usadas nos plantios da casa.

Todas as obras são interligadas? A casa é uma obra só? O que une e o que separa?

24/03 - É iniciado o repositório git no GitLab do NINHO no endereço https:// gitlab.com/angelicalleite/ninho.

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02/04 - Foi realizada a primeira colheita com os alunos do 7º ano da escola. São elaboradas saladas e refogados com couve na cantina.

25/03 - Um sensor de temperatura do solo (ds18Bb20) é adicionado à Estação Quintal. A partir de uma relação entre sensores, são gerados os dados que medem “sensação térmica”. 31/03 - Uma cabine sonora de fonoaudiólogo é restaurada e montada no quintal. A cabine servirá à obra “Sonância do tempo”. 31/03 - Um giroscópio, sensor de movimento, é testado para medir o movimento de uma rede de dormir para a obra

ABRIL 07/04 - A obra “Relógio das sensações” é desenvolvida em Procesing a partir de interpretação gráfica dos dados coletados pelas estações. 8/4 - A logo é eleita. Maurício inicia residência de 2 meses na casa para conviver cotidianamente com os processos das obras, sendo o terceiro integrante do grupo a tornar-se morador.

“Rede de vagalumes”.

146


ÁREA ROMÃ 16/04 - Ervas espontâneas são re-

É feita colheita de cúrcuma para oficina de corantes naturais na escola.

tiradas e o solo é preparado para o

Beiju de inhame ralado e corante natural

plantio de hortaliças (Mostarda, Re-

de cúrcuma são preparados.

polho roxo e cebolinha) e Citronela. A adubação é feita com os mesmos insumos utilizados para as outras áreas, com o acréscimo de sangue menstrual como

Com a Malu, são definidos alguns temas para elaboração de artigos para o catálogo.

fonte inoculadora de micro-organismos

Em uma planilha, são organizadas as

e nutrientes.

propostas de obras e protótipos em andamento: a lista ultrapassa 20 projetos.

ÁREA AMORA 21/04 - Mamão, banana, amoras e citronela são colhidas.

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148


Com 2 meses de plantio, a horta da escola jรก rendia colheitas que foram incorporandas ao almoรงo dos alunos do ensino integral.

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MAIO

ÁREA AMORA 04/05 - A obra “Cabelo-poda” começa

A partir de então, chorume coletado da

a ser criada a partir de uma poda reali-

obra “Minhocário suspenso” é borrifado

zada na erva-cidreira e a deposição de

quinzenalmente em plantas que se re-

cabelos cortados do artista (Renato Pe-

lacionam diretamente com algumas das

rotto) no solo acima de suas raízes

obras de arte e também com algumas trepadeiras. Em especial, pés de maracujá, videiras e uma erva-cidreira. 03/05 - O código da obra “Rede de vagalumes” recebe atualização, modificando a sequência de ativação dos LEDs.

05/05 - A partir de um angico podado, galhos e troncos são cortados em partes menores para serem colocados na composteira-geladeira; 05/05 - Grupo trabalha no desenvolvimento de uma estação meteorológica móvel para oficina no HIPERORGÂNICOS8.

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Fita de LED FW2811 é testada para a

Salada com folha de hibisco é prepara-

obraLED-Raiz. A primeira tentativa de

da para acompanhar refeição de inhame

hackear a fita não tem sucesso.

cozido

Motor para a obra “Cabelo-poda” é tes-

ÁREA BANANA

tado; Um celular Motorola é testado como câmera para a obra “Vulcão, Sol”;

Ervas espontâneas são retiradas, pés de assa-peixe, de laranja e de boldo são podados. Folhas de árvores, gramas e ma-

Um chuveiro com LEDs é instalado no

deiras dos sacos de podas coletados no

banheiro do térreo: as cores mudam com

condomínio são organizados como co-

a temperatura da água. Trata-se da pri-

bertura para o solo.

meira modificação no banheiro, que se tornará a instalação “Banheiro-jardim”;

Feijão-de-porco é podado. 17/05 - A Estação do Hiperorgânicos

13/05 - Hibisco, cúrcumas e inhames são colhidos

8 recebe um leitor de cartão SD para armazenar os dados.

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23/05 - No Rio de Janeiro, durante o HIPERORGÂNICOS8, o grupo se reúne

JUNHO

com a Malu para debater os textos em andamento para o catálogo;

AREA BANANA

24/05 - O grupo realiza a oficina “Re-

04/06 - Espigas de milhos são colhidas

lógio das Sensações” no Museu do Amanhã (RJ) dentro da programação do HIPERORGÂNICOS8. 26/05 - A estação para Hiperorgânicos 8 é finalizada. A alimentação se dá por bateria 9v e os dados são armazenados em cartão SD.

Bolo de milho é feito para o lanche dos alunos das oficinas. Pés de milho são cortados e sua palhada vira cobertura do solo.

ÁREA ROMÃ Plantio de ervas medicinais e aromáticas: gerânio, cavalinha, babosa, araruta

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ÁREA AMORA Plantio de mudas de ervas medicinais e

07/06 - A equipe de TI começa a montar a Estação Escola.

aromáticas: alecrim, erva-doce, camo-

Aquecedor do chuveiro LED e torneiras

mila, cavalinha, mirra, mil-em-rama,

com LEDs são instalados no banheiro.

babosa, menta, sálvia, mMelissa. É feita poda drástica no ora-pro-nóbis.

Durante testes para obra “LED-Raiz” é definida composição entre fitas LED, arduino e plantas. EM’s são borrifados na “Geladeira de decompor” a fim de se observar o possível aceleramento de decomposição e proliferação de fungos. “Casacor: Abajur orgânico” é instalada na mesa de jantar. Carta “Doe podas” é elaborada e distribuída nas casas vizinhas. 153


CDs, troncos, luminária, lupa e samam-

16/6 - Malu faz nova visita e, desta vez,

baias servem para criação da obra “Ar-

percorre a casa com o grupo obra a obra,

co-íris: troncos em decomposição”.

debatendo.

Equipamento de som é instalado na ca-

19/06 - Karen e Renato trabalham no

bine de fonoaudiologia, configurando a

circuito eletrônico que liga o motor na

obra “Sonância do tempo”

obra “Cabelo-poda”.

São feitos testes com a câmera infraver-

23/06 - Após novos testes, o código

melho no jardim da casa para a obra “O

para a “Rede de vagalumes” está pronto

sono das plantas”.

e é gravado no arduino.

15/6 - Obras, ainda em fase de proto-

Estação Quintal apresenta bastante ins-

tipagem, são apresentadas para o grupo

tabilidade, travando espontaneamente,

de alunos das oficinas. Lista de obras em

que resulta em grande perda de dados.

desenvolvimento passa a ser de 17.

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JULHO

Ulrich e Timão passam a integrar a equi-

04/07 - A Estação Escola é programada

14/07 - É feito o primeiro protótipo de

via Node-Red para alimentar o banco de

conexão dos Nodes-MCU mandando si-

dados no servidor online e está pronta

nal do giroscópio para o motor via Wi-Fi

para voltar a escola.

para a obra “Cabelo-poda”.

10/07 - Guto Nóbrega e Ulrich Nor-

19/07 - Scripts são criados para que

bisrath visitam o ateliê. Guto explica a

a Estação Quintal reinicie de 6 em 6

aplicação do seu sistema Plantronic para

horas, o que soluciona a questão dos

ser usado como medidor de galvanância

travamentos. A estação passa a enviar

para a obra “LED-Raiz”

mensagem via Telegram sempre que exe-

“Vulcão, Sol”: Celular motorola passa a

pe de TI.

cuta a reinicialização.

fotografar diariamente por meio do app

20/07 - “O sono das plantas”: telas de

gratuito Lapse to Cloud, que envia os ar-

voal e projetor são instalados no quarto

quivos para uma pasta no Google Drive.

de hóspedes da casa;

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26/07 - Um Rasberry Pi 3b é designado

31/07 - A Estação Escola é reformulada

para atender a demanda de um servidor

para o formato do framework ulnoIOT. O

local na casa-ateliê. O framework utili-

Raspberry foi substituído por 2 Wesmos

zado para tal serviço é o ulnoIOT.

d1 mini que conecta ao servidor local

Os nodesMCU da obra “Cabelo-poda” são conectados ao novo servidor local usando o protocolo MQTT por meio do framework ulnoIOT. “Vulcão, Sol”: é desenvolvido programa em Processing que gera imagem a partir das fotos armazenadas no Google Drive.

via MQTT.

AGOSTO 11/08 - A controladora MIDI da obra “Geladeira de decompor” foi finalizada. 15/08 - O giroscópio é instalado na er-

Os pixels das imagens mais antigas vão

va-cidreira para obra “Cabelo-poda”.

sendo substituídos pelos das imagens

17/08 - As fitas de LED da obra “LED-

mais atuais.

-raiz” são instaladas na amoreira da área AMORA.

156


8/08 - Exposição dos alunos das oficinas é aberta para a comunidade escolar.

10 sacos de poda recolhidos da vizinhança foram utilizados para cobertura do solo das áreas BANANA e AMORA. As obras “Relógio das sensações”, “Rede de vagalumes”, “Geladeira de decompor”, e “Cabelo-poda”, “Sonância do tempo”, Vulcão Sol”, são ativadas e têm montagem concluída.

157



18/08 - NINHO abre exposição no Condomínio RK para os vizinhos e público em geral.

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_ PÁGINAS FINAIS

Assita ao debate: https://goo.gl/VdtA4p

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ARTISTAS E PESQUISADORES

MALU FRAGOSO tutora e curadora

Malu Fragoso possui Licenciatura em Educação Artística pela UnB, mestrado em Artes pela George Washington University, doutorado em Multimeios pela UNICAMP, e Pós-Doutorado pela ECA, USP. Trabalha com aspectos transdisciplinares nos domínios da arte, ciência, tecnologia, natureza e culturas tradicionais, a partir do diálogo entre culturas, seus conhecimentos e expressões inseridos no contexto da multimídia e da arte computacional. O trabalho de pesquisa produz estudos teórico-práticos no campo da experimentação artística envolvendo objetos e ambientes telemáticos, performances e instalações computacionais. Atualmente, leciona no Departamento de Comunicação Visual da UFRJ e nos programas de Pós-Graduação em Arte da UnB e o PPGAV da EBA/UFRJ. Coordenadora do grupo de pesquisa REDE - Arte e Tecnologia Redes Transculturais em Multimídia e Telemática e do NANO - Núcleo de Arte e Novos Organismos EBA/UFRJ. Suas obras já foram expostas no Brasil e no exterior, com destaque a org. HIPERORGÂNICOS. Ressonâncias. Arte, Hibridação e Biotelemática (2016).

MAURÍCIO CHADES artista visual e coordenador de produção

Maurício Chades é artista visual e cineasta piauiense residente em Brasília. Mestre em Arte e Bacharel em Audiovisual pela UnB. Seu curta de estreia, “Um Copo d’Água”, foi selecionado para a Mostra Brasília do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e para a 39º Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Entre 2015 e 2017, manteve o ateliê “Espaço AVI” com Yasmin Adorno, que recebeu diversas atividades, como residências artísticas e o cineclube Kinofogo. Em 2017, lançou o curta-metragem “O vídeo de 6 faces” no 50º Festival de Brasília, vencedor do prêmio de Melhor Trilha Sonora na Mostra Brasília. O curtatambém selecionado para a Mostra do Filme

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Livre e para o FILE Festival. Participou da residência artística Nuvem - Estação Rural de Arte e Tecnologia (2016) e da exposição “Onde Anda a Onda” (2016). Desde 2017, colabora com espetáculos de teatro, criando vídeos e interações audiovisuais. As especificidades do vídeo, da fotografia e do cinema, o livre-cinema, a performance audiovisual, os rituais de morte e os contrastes entre as paisagens urbanas e rurais são temas que orbitam seu trabalho.

RENATO PEROTTO artista visual e coordenador de produção

Artista visual e cineasta, Renato Perotto é graduado em Artes Visuais (Bacharel VIS-IDA) pela UnB. Atua no campo das artes midiáticas, videoarte, arte computacional, fotografia e audiovisual. Participou, em 2010, no Colóquio TERRAZ, semana temática internacional da École Superieur d’Art d’Aix-en-Provance em Aix-en-Provance, França, com a obra individual “Cidade Corpo” e o projeto colaborativo CIURBI (Ciberintervenção Urbana Interativa), Laboratório de pesquisa em arte e realidade virtual da Universidade de Brasília, Mídialab. Também participou da Mostra de Fotografia Contemporânea na Galeria Alfinete em 2014. No campo do audiovisual, dirigiu o documentário curta-metragem “Huerta de Saavedra - O Caos Creador”, Buenos Aires, Argentina, 2014. O filme participou do Festival de Cortos Latinoamericanos no Le troquet de Henry em Buenos Aires, 2015. 1º Concurso de CortoMetrajes CiudadBA, Buenos Aires, 2014 e Selección Ardèche Images, França, 2016. Editou a série “Escola dos Mistérios”, exibida na TV Brasil e na TVE Bahia em 2017 e dirigiu o curta-metragem ficção “Nomas”, Brasília, 2017.

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YASMIN ADORNO artista visual

Artista visual residente no Rio de Janeiro, Bacharel em Artes Visuais pela UnB e atualmente mestranda da UFRJ. Trabalhou no CAPS – Centro de Assistência Psicossocial de Brasília com oficinas de cinema e vídeo, a partir de questões emergentes a reforma psiquiátrica. Em 2009, mudou-se para Buenos Aires onde estudou fotografia no Centro Cultural ROJAS associado a UBA. Em 2013, participou do projeto Festival Cultura Inclusiva, apoiado pelo FAC – Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, com oficinas de vídeo e pintura para cegos, resultando em uma exposição no CCBB. No ano de 2015 participou do programa de imersão do Parque Lage, o EAVERÃO e realizou a residência Linea de Costa no ECCO na cidade de Cádiz, Espanha. Participou, em 2016, da residência Nuvem Estação de Arte e Tecnologia, em Visconde de Mauá, e também da exposição Matéria Errante na galeria DeCurators. Em 2017, participou da exposição Ondeandaonda no Museu Nacional, do projeto FUGA realizado pela Alfinete Galeria e realizou o cineclube Kinofogo, com apoio do FAC. Participou das duas edições seminário Novos Povoamentos na PUC de São Paulo. Em 2018, participou do salão/residência Eixo do Fora vol.5.

ANDRÉ FREITAS artista computacional

Bacharel em Ciência da Computação pelo IESB. É Articulador de Tecnologia da Informação do Coletivo Palavra desde 2009. Trabalhou na Intacto Engenharia de Software, como estagiário em análise de sistemas em 2012, 2011 e 2010. Trabalha com gerência de T.I. e desenvolvimento de sistemas nas linguagens PHP, JAVA-EE, JAVA-SCRIPT e SQL. Como articulador da Associação Civil Coletivo Palavra, participou da produção de seis Festivais Multimídia PALACOLETIVA, além de outras produções do grupo, realizando suporte nas atividades de arte de interface e transmissão audiovisual dos eventos. Trabalhou como técnico em transmissão audiovisual no evento SOMA Cultural #1, em 2012. Pesquisador na área de Arte e Tecnologia, atuando em projetos do MIDIALAB-UnB, sob coordenação da Profa. Dra. Suzete Venturelli.

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KAREN ALMEIDA Engenheira

eletricista

Engenheira Eletricista pela Universidade de Brasília - UnB, cursa MBA Internacional em Gerenciamento de Projetos na Fundação Getúlio Vargas - FGV. Realizou pesquisa em Eletrônica Orgânica, entre 2012 e 2013 (Edital 2012 ProIC/CNPq/FAPDF/UnB). Entre 2013 e 2014, realizou intercâmbio Ciências Sem Fronteiras na Alemanha, onde realizou pesquisa em sistemas Smart SCADA para baixa tensão na TU Kaiserslautern. Entre 2014 e 2016 estagiou no Planejamento Elétrico da CEB-D. Foi parte das comissões organizadoras da International School on Solar Energy 2015 - ISSE 2015 e do Congresso Internacional de Energias Renováveis e Sustentabilidade 2017 - CIERS. Em 2015 participou do XII Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social - XII ENEDS. Atualmente atua como Consultora Técnica em Eficiência Energética e Energias Renováveis no Instituto SENAI de Tecnologia da Construção Civil em Taguatinga (IST Construção Civil - Taguatinga).

SOFIA CARVALHO agroecóloga

Sofia Carvalho é agroecóloga, produtora rural e percussionista. Graduada em Tecnologia em Agroecologia (IFB 2017), trabalha com sistemas agroflorestais sucessionais pautados na Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch. Entre 2010 e 2012, estudou na instituição United World Colleges Mahindra College (UWCMC), na Índia, onde integrou projetos socioambientais. Em 2012, trabalhou no curso “Together for Development”, com a temática do Desenvolvimento, na instituição UWC Waterford Kamhlaba, na Suazilândia. Entre 2016 e 2017, atuou na Emater DF e participou da comissão organizadora do X Congresso Brasileiro e Latino-Americano de Agroecologia (CBA 2017). Atualmente produz alimentos orgânicos em seu empreendimento familiar “Sítio Raiz” e preside a Associação de Produtores e Produtoras Agroflorestais. É percussionista no grupo Filhas de Oyá.

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MÁRCIO H MOTA artista convidado

Márcio H Mota (1983) é artista multimídia e mestre em arte e tecnologia pela Universidade de Brasília. Desenvolve pesquisa na área de projeção mapeada e imagem-luz. Com projetos individuais e coletivos (Corpos Informáticos e Tuttaméia), participou de importantes mostras, exposições no cenário nacional, como Entre-copas (DF, 2013), Triangulações (DF, PE, BA, 2013), Vídeo Guerrilha (SP, 2012), 61º Salão de Abril (CE, 2010), Vivoartmov (MG, 2009 e 2010). Foi premiado no 1º Salão Universitário Espaço Piloto (DF, 2009), 9º Salão de Jataí (Tuttaméia - GO, 2010), 4º Festival Nacional de Filmes Curtíssimos (DF, 2011) , 19º Salão de Anapolino de Arte Contemporânea (GO, 2013), Salão Arte Pará 2013 (Corpos Informáticos – PA, 2013). Em 2013, foi indicado ao prêmio PIPA com o Tuttaméia. Em 2014, realizou na Alfinete Galeria (DF) sua primeira exposição individual, intitulada “Imagem em Processo / Paletas de Vídeo” e, em 2016, sua primeira individual em São Paulo, pela Zipper Galeria. Participa como VJ em eventos de projeção em espaços públicos, sendo o último significativo, as projeções feitas no Museu Nacional durante a cerimônia de chegada da tocha Olímpica em Brasília (2016). Em 2017, realizou o projeto “Contra Cinema”, exposição individual, na Alfinete Galeria.

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BIBLIOTECA BIRD, Christopher e TOMPKINS, Peter - A vida secreta das plantas. 1976, Ed. Círculo do Livro S.A - São Paulo. BORGES, Fabiane - Ancestrofuturismo - Cosmogonia livre, faço você mesmo (DIY), https://tecnoxamanismo.wordpress.com. 2016 FLUSSER, Vilém - Natural : Mente. 2011, Ed. ANNABLUME - São Paulo. HARAWAY, Donna - O manifesto Ciborgue ( Antropologia do Ciborgue - vertigens do pós-humano). 2009, Ed. Autêntica LTDA - Belo Horizonte. JOHNSON, Steve - Emergência, a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares. 2003, Ed. Zahar LÉVY, Pierre - O que é o virtual. 1996. Ed. 34 - São Paulo MATURANA, Humberto - Cognição, ciência e vida cotidiana. 2001, Ed. UFMG - Belo Horizonte. MENOTTI, Gabriel - Gambiarra e a perspectiva da prototipagem. 2017, Revista Vazantes Vol. 01 N.01 - UFC - Fortaleza. MOZILAR, Eliane Bonoropebá, SOUZA, Hellen Cristina e STIELER, Marinez Cargin - A terra como princípio educativo. 2016, Gráfica e Editora Sanches LTDA - Mato Grosso. SHIFFMAN, Daniel - Learning Processing, A Begginer`s Guide to Programming Images, Animation and Interaction. 2008, Morgan Kauffman - EUA SIBILIA, Paula - O homem pós orgânico: A alquimia dos corpos e das almas à luz das tecnologias digitais. 2014,Ed. Contraponto. STEENBOCK, Walter e VEZANNI, Fabiane Machado - Agrofloresta : Aprendendo com a natureza. 2013 STEENBOCK, Walter, MERSSERSCHMIDT, Namastê Maranhão, MONNERAT, Priscila Facina e NETO, Nelson Eduardo Corrêa - Agroflorestando o mundo do trator a facão. 2016, Barra do Turvo.

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ninho.org | fb.com/coletivodepesquisaninho | @coletivo.ninho

ESTE PROJETO É REALIZADO COM RECURSOS DO FUNDO DE APOIO À CULTURA DO DISTRITO FEDERAL.


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