Software livre

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Software

Propriedade Intelectual Cultura e Comunicação

Djalma Valois é gestor do Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento. Em 1998, fundou o Comitê de Incentivo à Produção do Software GNU e Alternativo (CIPSGA), primeira entidade não-governamental a atuar junto ao poder público disseminando o software livre como instrumento de mudanças sociais.

Djalma Valois Antes de falar em propriedade intelectual, eu gosto sempre de falar a respeito do software livre. Primeiro, do ponto de vista histórico. Porque muita gente confunde as coisas, achando que o software livre só passou a existir a partir de um determinado momento. Mas o software sempre foi livre, assim como toda a produção humana até o século XV. Tudo o que vem sendo produzido na nossa sociedade tem sido livre durante toda a nossa história. No caso do software, existe uma peculiaridade: até os anos 70, existia um comportamento diferente na sociedade. Quando você adquiria um software, as licenças que eram utilizadas até então eram muito menos restritivas. A partir dos anos 80 é que surgem, de fato, algumas restrições relativas à quantidade de processadores, número de usuários, número de terminais utilizados e por aí vai. Em 84, apareceu o Richard Stallman - lembro que nem todo mundo de software livre é gordo e cabeludo, nós temos pessoas de todas os matizes -, que trabalhava no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e era um desses técnicos que criava software livre. A história do software livre é muito peculiar, eu diria até que é engraçada, porque ela começa graças a uma impressora a laser. Um dia, o pessoal do MIT ganhou de presente uma impressorinha a laser, que veio a substituir uma impressora matricial que eles tinham na época. E o pessoal do MIT, por conhecer a impressora, e por ela ser dos anos 70 - quando os drives ainda eram abertos -, conseguiu implementar soluções para as necessidades do próprio pessoal do MIT. Eles alteraram o drive dessa impressorinha, que passou a avisar quando começava a impressão, quando tinha um atolamento de papel, quando acabava a fita, enfim, sempre que houvesse qualquer problema, eles recebiam esse tipo de aviso. Só que a impressora a laser entregue para eles na época tinha um drive proprietário. E quando o Stallman procurou o representante dessa impressora para pedir permissão para implementar as mudanças que eles já tinham feito na impressora matricial, esse camarada rejeitou o pedido. Stallman tentou negociar de várias maneiras a liberação do drive, no entanto, a proposta sugerida pelo representante foi de Stallman assinar um acordo se comprometendo a não revelar a funcionalidade. Isso na


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