7 minute read

Papirus é certificada e passa a integrar comunidade global

Empresa B foi concedida por atender a altos padrões de impacto social e ambiental

Uma das maiores fabricantes de papelcartão do país, a Papirus acaba de se tornar uma Empresa B, certificação internacional que reconhece as empresas social e ambientalmente responsáveis e avalia aspectos relacionados tanto ao meio ambiente quanto às comunidades, à governança, aos colaboradores e clientes.

Advertisement

Com isso, a Papirus passa a integrar o movimento global por uma economia inclusiva, equitativa e regenerativa. Na Papirus, o extenso processo de verificação realizado pelo Sistema B até a concessão do selo, e que envolveu o atendimento a mais de 200 questões e sua respectiva comprovação, foi realizado em apenas dois anos, prazo curto para uma indústria do seu porte.

Isso se justifica pelo fato de que a fabricante já apresentava processos bastante avançados e consolidados em termos de sustentabilidade. Entre eles, foi a primeira empresa, ainda na década de 50, a utilizar aparas recicladas para a fabricação de papéis do país; avançou no processo de economia circular, estabelecendo todo um ecossistema de captação de aparas pré e pós-consumo; foi pioneira no setor de papel a gerar créditos de reciclagem, em um modelo semelhante ao dos créditos de carbono, além de desenvolver diversas iniciativas sustentáveis na gestão da operação da fábrica, de apoio aos catadores e cooperativas, e de apoio à comunidade na região onde está instalada.

Adicionem-se ainda aí a inovação em seu sistema de governança, liderada por um grupo de três CEOs, orientando a companhia para os mesmos objetivos e valores, e as ações para promover o bem-estar e as oportunidades para os seus colaboradores. “Sermos reconhecidos como Empresa B, e fazermos parte de uma comunidade global de empresas que atendem a altos padrões de impacto social e ambiental, é uma grande conquista, pois atesta nossos esforços e compromissos nas diferentes frentes auditadas pelo Sistema B, em iniciativas presentes em nosso dia a dia desde a fundação da companhia, e que seguirão marcando o futuro que queremos construir para a Papirus”, afirma Amando Varella, Co-CEO e diretor Comercial e de Marketing.

Solu Es

Atuar como uma impulsionadora da economia circular e da sustentabilidade, trazendo soluções para os desafios que a sociedade enfrenta na gestão de resíduos e na área social e ambiental, tem sido parte da missão da Papirus, sustentada na inovação, no desenvolvimento de produtos mais sustentáveis – e que permitem girar uma cadeia de negócios mais sustentável, atendendo também as novas demandas das marcas e da sociedade.

“O processo até a conquista do certificado de empresa B envolveu a avaliação da cadeia de abastecimento, dos fornecedores da Papirus, da operação de fábrica e de logística, e do impacto das atividades na emissão de CO2, entre outras áreas”, conta Antônio Pupim, Co-CEO e diretor Industrial e de Supply Chain. “O processo de certificação ratificou o fato de que a Papirus já cumpria todas as questões legais, indo inclusive além disso, como companhia que pratica a sustentabilidade”, acrescenta.

Rubens Martins, Co-CEO e diretor Financeiro e de RH, destaca que desde a década de 50, quando iniciou sua jornada de sustentabilidade, a Papirus vem buscando aprimorar sua atuação, cuidando também das pessoas, que são a parte mais importante desse movimento, juntamente com as comunidades, os clientes, os fornecedores e o meio ambiente. “Com esta certificação, fortalecemos a nossa jornada rumo à melhoria contínua, agora integrando uma comunidade global”, ressalta Martins.

Segundo Varella, a necessidade crescente por mais transparência nas práticas sustentáveis das empresas, tem provocado o aumento na procura por papelcartão reciclado, como o Vitacycle, com 40% de material reciclado, sendo 30% pós-consumo. A partir daí, a Papirus avançou no projeto de créditos de reciclagem, um conceito inovador que promove a economia circular, integrando os vários elos da cadeia produtiva do papel de forma sustentável.

“São todas iniciativas que traduzem os valores da Papirus, e que estarão presentes no plano de ação traçado para a companhia nos próximos anos”, conclui Varella.

Primeira do Brasil em reciclar

Fundada pela família de imigrantes italianos Ramenzoni, a Papirus nasceu como uma empresa de chapéus, que passou a produzir embalagens de papelcartão em 1952, para acondicionar seus produtos. A fabricação de papel passou a representar a totalidade dos negócios em 1972 e tornou-se a primeira recicladora de papelcartão do país.

Hoje é uma das maiores fabricantes de papelcartão do mercado brasileiro, produzindo 110 mil toneladas/ano para atender o mercado de embalagens, destacadamente de alimentos, medicamentos e cosmé- ticos. Atende mais 200 clientes no mercado interno, entre gráficas e convertedores, além de 38 países e conta com 400 colaboradores.

A Papirus é hoje a única empresa do setor preparada para atestar a sustentabilidade do produto, e, inclusive, o índice de material reciclado utilizado na fabricação da linha Vita, contando, para isso, com equipamentos, processos de controle, auditoria da reciclagem e certificações que atestam porcentagem de aparas utilizadas em cada produto e a sustentabilidade do processo no manejo florestal.

Odesmonte das medidas legais de proteção dos povos e territórios indígenas, ocorrido no governo de Jair Bolsonaro, além de ter deixado marcas profundas e dificilmente recuperáveis na floresta, fizeram explodir lutas sangrentas pela posse da terra que ainda se mantêm vivas por todo o país. “Na Amazônia, os grandes grileiros quase sempre com apoio do poder público utilizam pequenos proprietários para invadir os territórios indígenas, abrindo o caminho para grandes grilagens”, explicou a e indigenista Neidinha Surui, durante uma roda de conversa realizada no auditório da ADunicamp (Associação de Docentes da Unicamp) após a exibição do filme “O Território”. A roda de conversa com as lideranças indígenas foi mediada pela professora Artionka Capiberibe, do Departamento de Antropologia do IFCH/Unicamp. O documentário “O Território” (Brasil, Dinamarca, EUA/2022), várias vezes premiado em festivais de cinema nacionais e internacionais chegou a ser indicado para o Oscar no ano passado. Ele retrata o conflito entre pequenos agricultores e os 10 povos, cinco deles ainda isolados, que habitam as terras Uru-eu-wau-wau, em Rondônia. Neidinha, líder da Associação em Defesa Etnoambiental Kanindé integra a etnia Curui e mantém há décadas uma luta sem tréguas em defesa do território. Ela é uma das produtoras e a personagem que conduz a narrativa do documentário.

Luiz Medina Guarani, estudante de Administração Pública na Unicamp, também participou do encontro e fez um relato sobre a violência que ocorre contra os indígenas no Mato Grosso do Sul e que, segundo ele, é apoiada pelo governo estadual que põe as polícias em defesa de grileiros. “Neste momento, temos 10 lideranças indígenas presas no estado porque tentaram barrar a construção em terras indígenas de um muro que vem sendo erguido por uma grande incorporadora que tem grilado terras indígenas.”

NARRATIVAS

Neidinha afirmou que o documentário, assim como encontros e debates com a população não indígena, são essenciais neste momento de acirramento do debate sobre o território e as questões indígenas. “A gente está numa disputa de narrativas e temos que deixar claro para a nossa gente e para quem defende a nossa gente que nem todo o não indígena não é bom. Às vezes a gente, diante de tanta pressão que sofremos no momento, acaba generalizando.” Para ela, o momento exige uma troca profunda de diálogo e informações para que a população brasileira conheça não só a importância do território indígena na proteção da floresta, mas a amplitude e o conhecimento da cultura indígena.

Os próprios pequenos agricultores invasores de terras indígenas, segundo ela, poderiam ser integrados ao diálogo, em busca de soluções alternativas às invasões, caso houvesse um interesse real dos poderes públicos em buscar essas alternativas. “Mas eles são armados e financiados pelos grandes grileiros e totalmente tomados pelo discurso contra os indígenas e seus territórios.”

O discurso de ódio contra os indígenas é histórico no Brasil, vem desde os tempos do Brasil Colônia, mas exacerbou-se durante o governo Bolsonaro, que desmontou avanços conquistados nas últimas décadas pelas resistências indígenas. Durante a pandemia da Covid-19, relatou Neidinha, foi preciso convocar a Polícia Militar para levar vacinas às aldeias isoladas na floresta, pois invasores armados haviam cercado os caminhos para impedir a passagem das entidades assistenciais.

O documentário mostra claramente essa realidade. Ele foi filmado durante três anos com duas equipes. Por exigências de Neidinha e de lideranças das aldeias, foram os próprios indígenas que filmaram todo o relato da vida deles e da luta em defesa do território. “Exigimos que fornecessem equipamentos de alta qualidade e ensinassem gente nossa a manusear. Então tudo o que está no documentário sobre nós foi feito por nós, com o olhar do indígena, e relata a nossa vida e a nossa luta real.”

Também por exigência das lideranças, uma segunda equipe integrada por não indígenas fez o mesmo e documentou durante os três anos o cotidiano e a vida dos pequenos agricultores na área das invasões. “Nos cansamos desta coisa de heróis ou vilões quando gente de fora trata de questões indígenas. O que buscamos com esse documentário é mostrar a situação real que acontece aqui e em nossos territórios.”

A atividade fez parte dos eventos que lembraram o Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril.

AMERICANA-SP

Utilizado em alimentos processados e em produtos cosméticos, o óleo de palma, conhecido no brasil como óleo de dendê, é vendido como sustentável e ecologicamente correto, mas será que isso é realmente verdade?

O óleo de palma é um óleo de origem vegetal, extraído do fruto de uma palmeira chamada Elaeis guineensis É um dos principais óleos vegetais produzidos e comercializados em todo o mundo – é consumido pelos seres humanos há pelo menos 5 mil anos. Isso se deve em parte à sua imensa versatilidade: 80% de sua produção é canalizada para a indústria de alimentos, na qual é um ingrediente-chave para gigantes empresas do setor.

Embora a maioria da população nunca tenha visto o óleo em estado bruto, vamos consumi-lo em algum momento da vida. Vários derivados do óleo de palma são encontrados em chocolates, sorvetes, biscoitos, margarinas e inúmeros outros produtos. É encontrado também em itens de higiene, beleza e limpeza e até mesmo na bomba de gasolina, na forma de biodiesel.

Hoje os maiores produtores do óleo de palma no mundo são a Indonésia e a Malásia. Estas duas nações, sozinhas, são responsáveis pela produção de 85% de todo o volume de óleo de palma do mundo. O Brasil corresponde a 1% da produção mundial.

Como impacta o meio ambiente? Por ser tão popular, as palmeiras que nascem de maneira natural na natureza passaram a não ser mais suficientes, o que levou os produtores a precisarem de mais terreno. Ou seja, eles queimam as florestas tropicais para plantar mais palmeiras – o que ocasiona em milhões de hectares com o mesmo tipo de plantação. Quando há substituição das florestas nativas por uma monocultura de exploração, os animais e plantas que ali viviam ficam sem alternativas e alimentos para sobreviver.

CONTAMINAÇÃO

A contaminação do solo e dos corpos hídricos pelo uso de agrotóxicos é constantemente denunciada por comunidades que vivem cercadas por plantações de dendê, como a Terra Indígena Turé-Mariquita (PA). “Isso prejudica a subsistência das comunidades” diz Susane Cristini Gomes Ferreira, doutora em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental pela UFPA (Universidade Federal do Pará).

Para ela, os impactos na Amazônia são sempre complexos e devem ser analisados continuamente: “É fundamental acompanhar como as plantações de palma se inserem nesse território”.

Comunidades tradicionais e povos indígenas que vivem na Amazônia, afirmam que as plantações de óleo de palma próximas a seus territórios

This article is from: