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2.ainda se morre por amor
que faremos quando tudo arde há de o mundo arder e nós a fazer amor e há de haver guerra e armas a desfilar trincheiras de corpos suspensos no tempo e um grito de morte ouvir-se-á na terra queimada viva e eu ao teu lado nos lençóis danados da paixão onde te irei prometer a eternidade sabendo do fim do expectável fim que nos aguarda porque sei que a história das tragédias se repete: e então a técnica, a ciência e a arte juntar-se-ão em mais um espetáculo do mundo uma chuva ácida cairá sobre a terra e havemos de fazer amor e o mundo a arder bombons da arcádia criaturas excecionais habitam lugares comuns na fila para o pão de domingo nos restaurantes de menu económico nos jardins a pisar a relva aparada na rua passando depressa na discoteca enlatada e na arcádia do shopping onde ela coisa rara e deliciosa serve cafés e bombons de camisa branca e segura com uns olhos perdigueiros e um sorriso lunar ela fora dos tops masculinos em escalas de 0 a 10 ou da suscetibilidade do piropo ela atrás do balcão só e chega é preciso gostar do que ninguém gosta de estar acordado quando outros dormem
- não aprendemos a morrer pelo outro não esquecemos como matar o outro.
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