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1. no meu país

não comeces não mergulhes nestas águas profundas sem a experiência do oceano não te seguram boias - serás engolido não experimentes sequer estender o pé sentir a temperatura deste mar bravo acharás demasiado quente, demasiado frio e o mar afunda e o mar queima não dês a mão a experientes para saltar no abismo tens que ser só não há guia no meio do caminho permanece aí e finge que não vieste provar estas alturas esquece o que leste e não compreendeste de modo contrário estarás a condenar toda a literatura pela tua velocidade se não demoras na poesia então tardaste a chegar e já foi cedo demais vai e não voltes a entrar com essa tua impaciência geração adiada estás do outro lado da margem à parte grito por ti ampliado pelas mãos afónicas não me ouves, não me ligas puto estás entretido nas mensagens sempre assim foste distraído a quem te chama se bem que, ao menos, não é com o futebol

- telenovela masculinamas continuas igual um quarto de século, estudante estacionado, desempregado por condição, frequentador assíduo e pontual da casa dos pais estás como figura desta geração adiada. quando é que cortas a barba e vestes um fato engomado? fazeres-te à vida, T1 com a namorada

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- que ainda não te decidiste a escolher uma - nas periferias da cidade

- porque não tens sustento para quatro paredes capitais - emprego na função pública ou caixa no supermercado qualquer coisa para ti serve tens a flexibilidade e a precariedade nos genes já és assim de nascença ou foi-te imposto que fosses ginasta acrobata borracha de segunda a quinta motorista

(sem possibilidade de greve) de sexta a domingo repositor de stocks

(sem subsídio de férias)

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