Manaus pra Mim 5ª edição

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manauspramim.com.br | edição 05 abr.2014

Manaus pra Mim em Revista

MANAUS É hora de pedalar EXPLORANDO Praia da Lua VIAGENS Comunidade indígena em Anamã


sumário

Manaus pra Mim

10 VIAGENS

em Revista

Comunidade Indígena em Anamã Você pode ter uma nova lição a cada comunidade indígena que conhece. Em Anamã aprendemos um pouco mais.

06

EXPLORANDO Praia da Lua, por Mayanne Bader. O lugar para se encantar.

25 COLUNA DO MÊS

Quem assina é Fábio Gonçalves, rei da arte culinária amazônica.

22

HISTÓRIA DE VIDA Senhor Moacir e a Pousada Tarântula em Novo Airão.

EXPEDIENTE TEXTOS E EDIÇÃO Paula Quintão FOTOGRAFIAS Leonardo Blasch FALE CONOSCO revista@manauspramim.com.br ANÚNCIOS revista@manauspramim.com.br

MANAUS 12 Pedalar por Manaus é uma das formas de aproveitar a cidade.


do leitor

Comentários em

ManausPraMim.com.br

‘ ‘

Que assim seja! :) Um belo ponto de vista! Também estou achando o aeroporto bacana. Sobre a Arena, acredito que vai trazer muitas alegrias!Forte Abraço e parabéns pelo site. De Renato Borges, para o post ‘‘Manaus na Copa’.

Nossa Paula, como ficou diferente olhando pelas fotos! E o lago com as tartarugas na parte de fora (eu achava isso tão Manaus..rs)? Tomara que Manaus colha bons frutos com a copa, porque é uma cidade que precisa de cuidado e carinho. Abs! De Maira, para o post ‘Manaus na Copa’.

Os posts destaques do mês em facebook.com/ManausPraMim

Manaus pra Mim em Revista é uma publicação gratuita e de livre circulação produzida pelo blog ‘Manaus pra Mim’ com o objetivo de entregar, para os quatro cantos do Brasil e do mundo, um pouco mais da essência de Manaus, do Amazonas e da Amazônia. Sejam todos bem-vindos. Os criadores e os anunciantes dessa publicação acreditam na difusão da cultura e do conhecimento.

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editorial

Uma nova forma

de viver Manaus

S

im, Manaus reserva mais atrativos do que você pode imaginar. E acho que os atrativos de Manaus não são assim tão evidentes como em outros lugares. É como uma caça ao tesouro. Desde que vim para a cidade é assim que me sinto: caçando tesouros. Primeiro antes mesmo de vir, quando tive que argumentar com deus e o mundo de que eu estava sim me mudando para um lugar que reservava boas possibilidades para o meu futuro. Mal sabiam todos - e até eu mesma - que Manaus me faria tão bem. Eu pude me transformar totalmente desde que cheguei na cidade e minha proposta sempre foi de explorar tudo o que há de mais diferente e atrativo que Manaus pode oferecer. E sei que assim como eu há outras pessoas que querem encontrar mais e mais achados imperdíveis na cidade. Algumas dessas pessoas são turistas, outras são pessoas que moram em Manaus mas que estão cansadas dos mesmos programas de sempre. Assim como eu há outras pessoas que amam Manaus e querem viver a cidade de outro jeito. Nessa edição você vai conhecer a Mayanne Bader e o Fábio Gonçalves, que se descobrirem de novas formas e se reinventaram em Manaus, e ler o texto inspirador do nosso fotógrafo Leonardo Blasch sobre o Pedala Manaus. Vamos então viver Manaus de um outro jeito. É o que quero para mim. É o que podemos compartilhar. Paula Quintão. Fundadora e Editora Manaus pra Mim paula@manauspramim.com.br

Eu de paraquedas, eu nas trilhas, eu no Rio Negro. Manaus pra Mim.



explorando

Praia da Lua, uma imersĂŁo na natureza bem ao nosso lado Texto e fotos por Mayanne Bader Jornalista e autora do blog Vida Bem SaudĂĄvel (www.vidabemsaudavel.wordpress.com)

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explorando

E

nfiar o pé na areia branca com vontade. Dar um passo atrás do outro. E, de repente, ir em disparada - vento nos cabelos e sorriso no rosto -, com os chinelos na mão, até o extremo da praia. Para, então, voltar caminhando, sentindo a água morna, escura e calma bater na lateral dos pés, passo a passo. Para quem mora em Manaus, pode parecer um cenário natural na tela da TV. Mas ele está bem mais próximo de nós, da nossa gente, e do que imaginamos. Encantadora, a Praia da Lua é apenas um aperitivo do que existe na Amazônia. A diferença é que ela está ao nosso lado, bem mais próxima do que possamos pensar, e é capaz de incrivelmente contrastar com todo o – atual – caos urbano da capital amazonense. Sentir a natureza de forma simples, sem recursos tecnológicos, sem aromas artificiais, sem estratégias de segurança avançados, sem medo, sem lenço e sem documento... Simples. Não é preciso muito para sair da urbanidade de Manaus e encarar um passeio “até ali”. Basta disposição, R$ 10 no bolso, 10 minutos do seu tempo para a viagem de ida e outros 10 minutos para a volta, roupa de banho e pronto. E parece que, a partir de então, todos os problemas não são nada diante da imponência da Amazônia. Sim, a Praia da Lua é um dos locais mais acessíveis, depois da Ponta Negra, para quem quer se divertir em um balneário. Cinco reais na ida e cinco reais na volta. Você paga diretamente ao barqueiro da cooperativa da Marina do Davi, ali ao lado do Tropical Hotel, na Ponta Negra. Voadeiras saem a todo o

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explorando

A jornalista Mayanne Bader e sua experiência única na praia da Lua.

momento, num trajeto de vaivém que dura o dia todo. Eles atracam em dois pontos da praia, aonde banhistas chegam e saem. É simples. Simplicidade que, mesmo em um dia de lazer com direito a um brega no sistema de som de uma barraca de madeira, aproxima qualquer mero mortal da exuberante natureza amazônica. E, ainda assim, nos mostra, lá no canto do horizonte, que Manaus está bem próxima, com os aparentes edifícios que tomam a orla da Ponta Negra. O astral e energia são outros. É possível ver de perto a floresta, sentir o calor típico da região, caminhar pela areia branca e se molhar no imponente Rio Negro. E, ainda, desfrutar de serviços de bares – com direito aos convidativos peixes regionais e às convenientes máquinas de cartões – e, para os mais antenados, da rede 3G de celular. Mas, confesso, diante de uma vista deslumbrante, o celular fica para depois, ou apenas para as fotos. Recomendo apreciar bem a natureza, que nos convida

para um brinde à vida, e deixar a tela do smartphone de lado. Um espetáculo à parte é o pôr do sol. Se você tiver tempo para esperar vê-lo se pôr por trás das copas das árvores ou beijando o Rio Negro, garanto que concordará comigo em achar que se trata de uma das mais lindas cenas dessa vida. Talvez, não seja possível mensurar em palavras tudo o que uma simples ida à praia pode significar ou mostrar. É uma experiência que, mesmo parecendo tão simples, é enriquecedora em todos os sentidos. Ainda mais estando tão próximo e tão intimamente ligado aos nossos costumes. O contato com a floresta, a areia, a água, o sol – e a chuva também – dá outro tipo de energia, revigora a alma, reaviva a essência, planos, projetos e (por que não?) impulsiona a vida, no melhor sentido que essa expressão possa ter para você. Recomendo uma ida à Praia da Lua. Vale a pena uma visita sem "pré-conceitos", preconceitos e aspirações. Uma simples ida para um dia de lazer. É rápido, de fácil acesso e barato.


Você na Copa do Império das Matas

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viagens

Quero uma comunidade indígena

para morar (Anamã e a Ilha do Camaleão) Texto Paula Quintão Fotos Leonardo Blasch

T

alvez você pense que visitar uma comunidade indígena seja suficiente para dizer ao mundo como os indígenas vivem e pensam. Pois eu te digo que nunca será suficiente, porque você sempre vai se surpreender e encontrar muitos e muitos mistérios a cada visita que fizer. Ainda mais se for a comunidades indígenas de etnias diferentes, ou de regiões diferentes. Tive a alegria de conhecer uma comunidade indígena em Anamã numa visita junto com a Amazon Tree Climbing, empresa de turismo com foco em escaladas de Samaúmas, e a verdade é que eu me surpreendi imensamente. Aliás, o modo de vida dos indígenas sempre me surpreende. Gosto de olhar como vivem e me imaginar ali morando entre eles. Eu sou encantada com situações pouco moldadas pelo lado material, me atraem o olhar e a admiração. Naquela comunidade de Anamã pude me encantar com a presença do senhor mais idoso da comunidade, que

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viagens fazia graça e lançava algumas frases em seu dialeto que não éramos capazes de entender e por isso ele ria. Pude também me impressionar quando percebi que as crianças, quase umas 10, faziam uma roda para tirar as penas de 3 garças que havia caçado no rio. Eu me aproximei o máximo que pude e perguntei: "como vocês pegam a garça?" e uma das meninas nem me disse nada, só fez uma mímica com as mãos simulando um lançamento de anzol, queria dizer "nós pescamos". Se você pudesse olhar aquela brincadeira poderia visualizar um ritual: as crianças pinçavam com seus pequenos dedos as penas da garça e o chão ia ficando todo branco. As penas eram de vários tamanhos e as mais finas formavam uma pelugem no chão. Quando terminaram, mais de horas depois, pegaram um facão e cortaram as penas do rabo. A garça, mesmo tão magrinha daquele jeito, seria jantar na comunidade. E mais uma vez eu fiz o exercício de me imaginar vivendo aquela vida. Talvez um dos exercícios de imaginação mais ricos que podem haver.

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manaus

As rodas que rodam

em Manaus Por Leonardo Blasch Fotógrafo e Advogado, desses que defendem que o mundo é a nossa casa e precisa ser visto com nossos olhos. (leonardoblasch@hotmail.com)

P

ra conhecer bem uma cidade temos que andar a pé por suas ruas e lugares, pois há detalhes que só essa experiência pode proporcionar. Mas você imagina que é possível fazer isso e, ainda, praticar um bom exercício físico experimentando um meio de transporte de benefícios incríveis e ainda pouco usado em Manaus? É ainda melhor. Vamos pedalar!

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manaus Manaus não tem ainda grande tradição no uso da bicicleta, e o manauara não se engajou ainda na sua utilização como meio de transporte ou de lazer, mas isso está mudando. Fomos conhecer um grupo de pessoas que se uniram com o ideal de expor, divulgar e incentivar o uso seguro da bicicleta na cidade de Manaus e, de quebra, promover belos passeios pela cidade para ciclistas iniciantes e experientes. Hoje em dia, nas noites de quartafeira e aos domingos é possível encontrar muitos ciclistas no complexo da Ponta Negra, onde há o bloqueio de uma faixa de trânsito com quase 5 quilômetros para permitir o lazer seguro. Na Zona leste da cidade há um número crescente de pessoas que utilizam a bicicleta para ir ao trabalho e cuidar de seus afazeres, mas essa atividade ainda é vista com certa desconfiança, seja porque considerada insegura, seja porque o município investe muito timidamente em campanhas para ampliar o número de usuários. Foi para mudar essa realidade que surgiu em 2010 o Pedala Manaus. O grupo de amigos apaixonados por pedaladas pela cidade pretendia estimular o uso da bicicleta como meio de esporte, transporte e lazer, e desde então a adesão e as conquistas para os ciclistas não param de crescer, o que os tornou referência nacional. Trabalhando de forma voluntária e sem nenhuma espécie de patrocínio, foram seus integrantes que elaboraram em 2013 o estudo de origem e destino e quantitativos que viabilizaram projetos de mobilidade cicloviária atualmente em desenvolvimento pela Prefeitura, que está construindo a primeira ciclovia de Manaus, ligando o Centro (Avenida Boulevard Álvaro Maia) à Ponta Negra através da Avenida Brasil.

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manaus Além desse papel relevante o grupo começou a promover pedaladas noturnas por Manaus, às terças e quintas-feiras, com saída no Parque dos Bilhares e diversos roteiros diferentes que são passeios interessantíssimos não apenas pela atividade, mas pelas paisagens urbanas e lugares visitados. Para os iniciantes, os organizadores e monitores explicam direitos e deveres no trânsito e, depois, cuidam da condução e sinalização dos enormes grupos – chegam a ter mais de 100 ciclistas – para tornar seguro o passeio. Locais como o centro da cidade, chegando até o Largo de São Sebastião onde está o Teatro Amazonas, a ponte Rio Negro, a Ponta Negra e grandes avenidas fazem parte do trajeto desses passeios, o que proporciona uma experiência enriquecedora até pra quem mora em Manaus, quando podem ter a chance de observar detalhes que passam despercebidos no dia a dia do trânsito

comum. O sucesso é tanto que já surgiram outros grupos de pedalada, alguns até especializados em rotas pesadas e trilhas na selva, por exemplo, disseminando de maneira definitiva o esporte na cidade. E essa novidade nas ruas de Manaus está provocando, ainda, a mudança de hábito do motorista manauara. Segundo os organizadores, os passeios são seguros porque os próprios ciclistas estão hoje bem cientes de seus deveres e os condutores de veículos dividem espaço de forma consciente e atenta, fruto não só da presença constante das bicicletas nas ruas como também de campanhas de educação no trânsito veiculadas atualmente. Então fica aqui a dica. É um excelente exercício físico que não impõe limite de idade, uma forma de passear pela cidade de forma muito agradável e de fazer bons amigos. Boa pedalada!

Acima à esquerda, equipe Pedala Manaus Claúdia, Paulo, Simone, Nádia e Welby. Abaixo os ciclistas na cabeceira da Ponte Rio Negro e logo acima pedalada na Avenida Brasil.

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de comer

açaí! Por Paula Quintão


VIAGENS DE AVENTURA

SÃO VIAGENS DE TRANSFORMAÇÃO


รกlbum por Leonardo Blasch

o รกlbum

Detalhes e texturas de Manaus pelo fotรณgrafo

Leonardo Blasch Praรงa da Saudade


álbum por Leonardo Blasch

Largo de São Sebastião


รกlbum por Leonardo Blasch

Muro em casa na Morada do Sol (acima) - Calรงada e muro do Teatro Amazonas (abaixo)


รกlbum por Leonardo Blasch

Detalhe do calรงamento Parque Jefferson Peres (acima) - Viaduto Gilberto Mestrinho (abaixo)

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história de vida

Senhor Moacir, as tarântulas e as expedições amazônicas Texto de Paula Quintão Fotos de Leonardo Blasch

N

ão podemos mesmo dizer que uma coisa é boa ou ruim só de olhar para ela. Ao contrário, as coisas por natureza não são boas nem ruins. O que determina essa referência é nossa interpretação e nossa visão diante do que nos acontece. Na manhã da segunda de carnaval, às 4h30 despertamos e descemos com todas as nossas bagagens para o carro. Seguiríamos até a Guiana para passar uma semana inteira fazendo explorações que nos dariam excelentes materiais para a Manaus pra Mim. Acontece que em pleno km 57 lá estava, diante de nós, uma cratera imensa na pista. A cratera era tão grande que a BR precisou ser interditada, ninguém podia ir, ninguém podia vir. Perdemos o rumo, literalmente, e ficamos um pouco pensativos sobre um novo destino dos próximos dias. Como você bem sabe, em épocas de carnaval as pousadas e os hotéis ficam lotados, todos vendem pacotes que começaram no sábado e vão até a quarta-feira de cinzas. Pensando nos destinos possíveis, escolhemos Novo Airão como um dos preferidos. Depois de fazer várias ligações para as pousadas e os hotéis, todas frustradas,

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história de vida encontramos a indicação da Pousada Tarântula. Um desses nomes não muito comerciais, eu diria. E lá encontramos um quarto disponível. Não pensamos duas vezes e avisamos que estávamos à caminho. Duas horas depois chegamos à Novo Airão e à surpreendente Pousada Tarântula. Encontramos o Moacir, um senhor de 70 anos mais simpático que você pode imaginar. Tenho a sensação de que todos que conhecem o senhor Moacir têm vontade de ficar ao seu redor ouvindo seus casos por horas e horas. São muitos casos, casos de pessoas do mundo inteiro, Alemanha, Estados Unidos, Norte da Europa. E ele é bem engraçado. Talvez só pelo nome da pousada eu pudesse deduzir muito sobre o senhor Moacir, mas a verdade é que precisei conviver com ele por 4 dias para descobrir que por trás daquele senhor de sorriso fácil havia mesmo um caboclo bem humorado capaz de fazer uma limonada quando lhe oferecem um limão. Descobrimos que o nome da pousada era esse não por acaso: havia mesmo tarântulas em quase todas as árvores que cercam o lugar. E o dono da pousada, o próprio Moacir, é apaixonado por elas. E deu pra ver que tem mais ciúmes das tarântulas que dos próprios hóspedes. Num lance que qualquer filme de comédia (ou terror) adoraria reproduzir, era noite e as crianças estavam na expectativa para visitarem as tarântulas. O guia-mor, ou seja, senhor Moacir, faria a expedição guiada pelas árvores que ficam dentro da pousada. A empolgação era geral e achar a tarântula é realmente muito fácil. Quando a noite cai ela fica fora dos sulcos da árvores e se exibe para as fotos e os curiosos. Pois o grande plano do senhor Moacir era pegar a tarântula em suas mãos - apesar de imensa ela não é venenosa e você no máximo sentirá uma alergia àqueles pelinhos do seu corpo - e entregar a "bichinha" na mão de alguma criança.


história de vida O que ele não contava como certo é que as crianças estavam bem assustadas e não queriam pegar em aranha alguma. Não contente, pegou a aranha e foi em direção a um dos garotos do grupo, que não estava muito certo se pegaria ou não... se pegaria ou não... se pagaria ou não... e na dúvida o senhor Moacir colocou a aranha na mão dele. Aquela cena foi realmente terrível para o garoto. A aranha ficou louca quando percebeu que o menino não estava muito seguro e começou a correr no corpo dele. Isso causou um estresse tão grande na criança que o menino saiu correndo e balançando os braços, gritando "aaaaaahhh!" em direção a algum adulto que pudesse salvá-lo. E adivinhem?! Senhor Moacir suspira e diz "oh, pobre da aranha, acho que ela morreu". No dia seguinte o menino resolveu não se aproximar mais das árvores e ganhou um novo apelido da irmã mais nova: "Homem Aranha". Senhor Moacir Fortes nasceu em Coari, morou por lá até completar seus 16 anos, depois saiu para o mundo. Hoje mora em Manaus mas tem a pousada em Novo Airão e uns 6 barcos que utiliza para fazer roteiros turísticos e expedições. Seu filho é quem o ajuda a administrar boa parte dos negócios. O turismo está em sua vida desde a década de 1970 quando trabalhava em um hotel na área de contabilidade, que é sua área de formação, e naquela época o hotel precisava de alguém que fizesse alguns passeios com seus hóspedes. Quando senhor Moacir começou a se dedicar a esse tipo de atividade nunca mais parou. Sua demanda foi crescendo tanto que ele saiu do hotel e montou seu próprio negócio. Começou numa canoa e na época cobrava cem dólares de seus turistas estrangeiros - um valor e tanto. Rindo ele

conta de uma viagem que estava com 6 turistas americanos e um deles perguntou: "Moacir, você me cobra cem dólares mas sou eu quem remo com você, somos nós que fazemos comida juntos, então não sei por que você me cobra tanto?" E ele responde: "Veja, imagine que agora minha família está em casa e eu estou aqui, imagine que estou passando uma semana inteira com vocês e o tempo todo estou sorrindo e respondendo a tudo o que me perguntam. Se você me paga menos que isso eu começo a pensar mais na minha família e que não vale a pena estar aqui. Então os cem dólares de cada um é o que me faz rir e responder a todas as perguntas". Desde que começou suas excursões turísticas não parou mais. Hoje é um contador de histórias graças a tanta convivência com pessoas do mundo inteiro, de tantos jeitos, tantos gostos, tantas culturas diferentes. Sim, você adoraria passar horas conversando com o senhor Moacir.


coluna do mês

Em busca da grande

receita...

Olá queridos leitores! A primeira coluna que assino é para mim motivo de uma alegria sem igual. E tenho muito à agradecer, de coração, pela confiança depositada pela editora do Manaus pra Mim. Minha impressão sobre essa oportunidade é única e se assemelha ao fato de que o trabalho só poderá ser feito como se fosse uma criação gastronômica. Não quero recomendar aos leitores comerem a sopa de letrinhas que trago, mas compartilho o significado de minhas palavras nas linhas que seguem. A revista, fruto da poesia, coragem e determinação de Paula Quintão para colocar um novo veículo à disposição do público tem o mesmo peso de um prato novo criado por um Chef. Sem a poesia de sua leitura da vida não haveria encantamento. Sem sua coragem ela não buscaria formas inovadoras de aproveitar os ingredientes e de apresentalos aos comensais leitores em potencial e, sem determinação não poderia perseguir em si mesma os valores que quer dividir com seus convidados nos sabores propostos. Assim, na grande panela que é Manaus no fogão do turismo onde tantos pratos são preparados, esta coluna tenta apresentar, discutir e compor receitas que mostrem a região como ela é: cheia de tradições e raízes, repleta de mistérios e particularidades e plena de inovações e oportunidades. Convoco então os leitores a participar do banquete proposto pela revista. Sentemse à mesa de páginas coloridas, deliciem-se com as matérias que poderão alimentar-lhes

Por Fábio Silva Amigos da Floresta Turismo e Gastronomia (amigosdafloresta@yahoo.com.br)

a alma e o espírito, deem suas opiniões e orientações para que os textos aqui trabalhados possam alimentar também o corpo, com a sinergia total dos componentes das receitas. Na região de onde vem um prato como o Tacacá, um dos mais importantes representantes da culinária regional de raiz do mundo e que o país AINDA não conhece, já temos todos os outros veios de compreensão da importância desta coluna. Em Manaus você pode comer Risoto de Tacacá, Pizza de Tacacá e na próxima edição poderão conhecer o Sorvete de Tacacá. Como vocês podem ver, se ainda não conhecem o Amazonas a sua viagem está só começando. Aqui foi só o aperitivo! Sejam bem-vindos.

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coluna do mês Perfil de Rei-Explorador

da Culinária Amazônia Meu perfil formalmente ficaria assim: Paulistano, 47, noivo, trilingue, administrador, tecnólogo em turismo, gastrônomo, com mais de 25 anos de experiência em bancos, indústria, serviços de educação e turismo... muito turismo. Em todas as suas formas. Mas eu prefiro assim: A gastronomia foi minha última iniciação mas, de qualquer forma uniu-se à primeira. Desde criança aprendi muito à beira do fogão: dos cafés da manhã com ovos caipiras e leite de fazenda em São Paulo ao preparo de pamonhas em Uberaba com minha avó Tonica. Das práticas mais rápidas com minha mãe Fátima que cozinhava para oito mais as marmitas e o plano B sem empregada aos requintes de inovações e acabamentos esmerados de meu irmão mais velho Henrique. De lá pra cá, entre brincar de aprender um prato novo em minhas viagens pelo Brasil (fundamentalmente pela Amazônia) e trabalhar para pagar contas nos empregos em bancos e indústrias de grande porte na Zona Franca de Manaus, foram quase 25 anos. Sempre de bom humor, explorando o lado engraçado da vida ou das despesas do mês, acredito que tudo o que fazemos e vivemos tem um propósito. E que à medida que nos identificamos com o propósito e confiamos em nos entregar de coração, as obras e os resultados vão aparecendo.

Hoje vejo que minha vó estava certa: tudo o que sentimos passa para a comida, de uma forma ou de outra. Cozinhar é uma ciência, um gesto social e de amor, um ato agrícola, a base de uma economia sustentável. De uma vida saudável. Se pude estudar um pouco de cada uma dessas facetas da cozinha, procuro hoje elaborar produtos artesanais que tragam o sabor do campo para uma pequena embalagem, a história do ingrediente para o prato. A cultura daqueles produtores para a refeição. A natureza para o comensal. Com esse pensamento foram colocados no mercado meus principais produtos e cardápios para muitos dos ingredientes da ainda desconhecida cozinha do Amazonas. Então, muito prazer e bom apetite!

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Viver Manaus de Outra Forma

Manaus pra Mim. Manaus pra N贸s.


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