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WILKER DIAS UMA NOVA GERAÇÃO DE ANALISTAS
Quem é Wilker Dias?
Bom, quem é o Wilker Dias? É uma questão que eu às vezes pouco prefiro. Não gosto muito de responder porque prefiro que as pessoas caracterizem-me geralmente, mas em poucas palavras sou um jovem de 27 anos, nascido na cidade da Beira. Não sei onde resido porque estou em toda a parte do país, há tempo inteiro. E é uma coisa que eu gosto porque descubro novas vivências, novos hábitos e aprendo muito para aquilo que é importante para o meu crescimento pessoal. Mas pronto, sou docente universitário na Universidade Alberto Chipande, sou também coordenador de comunicação da Universidade Alberto Chipande, estou como diretor-adjunto da Rádio e Televisão Académica de Moçambique, sou activista social, sou mestre em gestão de paz e conflitos, fiz a licenciatura em ciências políticas e relações internacionais, sou estudante do MBA e também sou empresário e actuo na área de logística e consultoria também.
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Também sou analistas político nacional e internacional. Então, sou muita coisa e por isso que geralmente quando as pessoas me perguntam o que eu sou, eu não consigo caracterizar porque eu faço muita coisa. E essa muita coisa que eu faço é só para aprender, aprender e por gosto também.
Qual é a sua área de formação?
A minha área de formação, Ciências Políticas e Relações Internacionais foi a minha licenciatura, mestrado em gestão de Paz e Conflitos, que é componente também do curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade de Alberto de Chipande, ambos, e mestrando em Gestão e Administração de Negócios, o MBA, pela mesma universidade.

Porque o interesse na área política?
Bom, o interesse na área política foi uma coisa que surgiu de forma assim, espontânea. Eu nunca esperei que eu tivesse um grande interesse, uma grande paixão pela área política, porque sempre fui mais de... virado um pouco mais à informática, tecnologia, e até os meus pais queriam que eu fizesse o curso de informática, mas, poxa, eles também sempre foram aqueles que disseram-me que eu tinha que seguir aquilo que eu quero fazer, mas sempre fui ligado à informática, sempre fui ligado a um pouco de visão de negócio, etc. Mas, com o andar do tempo, eu fui percebendo que as pessoas elogiavam da forma que eu falava, da forma que eu expressava, aquele espírito de ajuda aos outros e por aí vai. Então, foi por aí que eu decidi que eu poderia entrar para este mundo para tornar o mundo melhor, não ser alguém propriamente, mas, se calhar, trazer algum impacto significativo no seio das comunidades e, através da política, a ajuda política, eu poderia perceber como é que as coisas funcionam e foi por aí que eu me apaixonei e fiz as ciências políticas, as relações internacionais, porque eu também gosto da diplomacia, as negociações, etc. O fato de falar muitas línguas, aprender muita coisa, aprender culturas diferentes, então tudo isso é que me fez ganhar este gosto pela área política e também diplomática.

Como classificas a visão dos jovens actualmente em relação a política?
Eu acho que os jovens não participam na política directamente. Quando eu digo que os jovens não participam, é de forma activa, porque nós temos a forma activa e a forma passiva. A forma passiva é essa que nós reclamamos pelos cantos e até optávamos muito mais pelo egoísmo para tentar resolver os nossos problemas pessoais do que os problemas de toda a sociedade no geral. Nós fomos a ver, temos a ausência de políticas habitacionais, temos a ausência de políticas de emprego, temos a ausência de políticas de acesso à educação, mas em nenhum momento nós vimos jovens a reclamarem por um lugar ou por criação de políticas em torno deste assunto. Então, por isso é que eu digo que os jovens são um pouco participativos naquela que é a política activa no país. Isto vem manchando todo qualquer processo de crescimento da própria população, porque isto também está directo. Se nós optarmos por reclamações, por tentar impor algumas coisas que têm a ver com a política de educação, por exemplo, nós estaremos a contribuir significativamente para a criação de melhores condições do país no futuro, para o desenvolvimento, para a tecnologia, etc. Então, é mais ou menos disso que a gente sente ausência, sente falta nos tempos actuais. Portanto, eu digo que os jovens são muito tímidos e são pouco actuantes e são pouco visionários na política actual. E isto também dá um medo para aquela que é a geração futura que há de vir.

Achas que os jovens actualmente tem desencadeado um interesse pela política?
Bom, eu acredito que hoje em dia há uma pretensão, uma vontade que vem surgindo, principalmente neste último ano de 2023, vem surgindo uma onda de tentativa de participação por parte dos jovens, naqueles que são as políticas internas do nosso país. Mas, isso também está um pouco relacionado com a sociedade em que nós estamos inseridos actualmente, que são diversas problemáticas e por aí vão. Então, tudo isto tem feito com que haja uma maior insatisfação, mas os jovens, por si só, não conseguem encontrar o melhor caminho para poder, de certa forma, pressionar esses problemas. Aquilo que, em ciências políticas, nós chamamos de inputs, nós não conseguimos, de certa forma.

Quais os principais desafios dos jovens em relação a política?
Os principais desafios na minha óptica estão relacionados com os jovens encontrarem um espaço para poder, de certa forma, colocar ou expor aquelas que estão em suas inquietações. Nós tínhamos algumas instituições juvenis funcionais, nós tínhamos o parlamento juvenil, nós tínhamos o parlamento até infantil que era de base, nós tínhamos a CNJ, mas estamos a ver, nós tivemos um grande decréscimo ao nível dessas organizações em termos de participação da juventude e os jovens estão reféns hoje em dia e há uma maior dificuldade de os jovens encontrarem uma organização na qual podem expor os seus problemas abertamente e resolvê-los, ou até servir como um canal de transmissão dos seus problemas, das suas inquietações ou até mesmo das suas satisfações. Então, este é o grande desafio, é criar uma sociedade civil com plataformas ligadas à juventude, que sejam, de certa forma, imparciais.

Qual é a tua classificação em relação ao estado político e social do nosso país?
Eu acho que se formos analisar o estado político social do nosso país, nós já não estamos muito aquém daquela que é a expectativa. Nós somos um país rico em recursos, em todo tipo de recursos, não olhando propriamente para o gás e o petróleo que se fala tanto nos últimos tempos, mas nós temos a agricultura, temos os recursos pesqueiros, temos dentre outras coisas que nós poderíamos encontrar aqui no nosso país, mas o que falha é na hora da distribuição das rendas provenientes dessa exploração desses recursos, temos o caso concreto, ao nível de exemplo, a questão da exploração do carvão é uma tese em que poderíamos até chegar a dizer, mas já há uma pouca falta de transmissão de informação, alocação mesmo dos ganhos que nós vamos ter nos diversos projectos de exploração existentes no país, isso é o que vem a desejar, portanto, há uma ausência muito grande de políticas que podem trazer benefícios para o nosso país, então acho que nós estamos doentes relativamente à distribuição, relativamente à transparência da exploração dos recursos e não só, dos concursos públicos, etc., isto é que torna as coisas muito mais, e não só, esse é pelo lado político, agora se formos olhar para o lado social, nós podemos dizer que nós estamos perante a uma sociedade que nos últimos tempos pouco tem que se preocupar também com o próximo, este é um dos nossos propósitos que nós temos que ter em mente, que é preocuparnos com os próximos, e nós pouco fazemos isso, e isto também torna um pouco a sociedade doente, as coisas só chegam a ser preocupantes quando ataca alguém da minha família, falamos de assassinatos em série, falamos da questão do terrorismo por vezes que não é assim muito preocupante para alguns, não há campanhas que são realizadas por alguns, nós às vezes só queremos fazer acções de solidariedade para de certa forma provar ao outro ou mostrar ao mundo e aquilo servir como uma espécie de chamariz para nós ganharmos destaque ao nível mundial, então há uma série de factores que precisam ser trabalhados ainda ao nível da nossa sociedade.
Recentemente participaste de um debate televisivo, conte nos a experiência!
É, eu participo de debates nacionais e internacionais, e para mim é uma forma de exercitar a minha mente.

Exercitar a minha mente, fazer com que eu pesquise cada vez mais, transmitir também conhecimento, que é uma coisa que eu gosto, e é um exercício que eu faço com muito amor.
Acredita que não tinha obtido ganhos com isto financeiro, É um investimento pessoal, e eu faço por amor, por paixão, e os que me conhecem sabem que eu faço aquilo por gosto, não porque quero ganhar alguma visibilidade, quero ganhar alguma coisa, não. Eu faço simplesmente por gosto, e o grande desafio que tive, e eu aceitei, mesmo não falando inglês, 100%, foi isso, fazer entrevistas em língua inglesa.
Primeiro que foi o grande desafio, mas por o fato de eu ter aceitei, ter procurado aperfeiçoar a cada dia que passava, a locução, etc., que ainda estou nesse processo, acabei chegando a grandes voos, às melhores televisões ao nível mundial, eu já passei por elas, e colocar o nome de Moçambique como uma referência que ainda tem bons analistas, etc., isto já faz de mim, já leva para mim um ato de satisfação muito grande, um reconhecimento que não há dinheiro que pague.
Quais os projetos vindouros em prol da juventude?
Bom, os projectos vindouros, em prol da juventude, para mim, o mais importante é continuar a consciencializar as pessoas e os jovens, acima de tudo, através das minhas aparições e algumas acções que eu vou fazer em solidariedade, que é importante ajudarmos os outros.
Eu que digo sempre aos meus jovens, aos jovens com os quais eu lidero no grupo da igreja, é que nós, por vezes, pedimos muito uma coisa, a Deus, e quando Deus dános, por exemplo, como emprego, nós, depois, temos acesso a emprego e não conseguimos ajudar as pessoas.
Isto acontece muito nas nossas juventudes, quando nós não temos, nós conseguimos ajudar os outros, mas quando nós temos, já não conseguimos ajudar os outros, já não temos tempo para fazer aquelas coisas que fazíamos de base.
Isso não pode ocorrer, porque nós estaremos a construir uma sociedade doente se não ajudamos os outros.
Então, é extremamente importante que tenhamos consciência disso, continuar a ajudar os outros para tornar o mundo um local melhor, o mundo, o país, no local melhor.

E, em prol da juventude, eu acho que um dos desafios é consciencializar que nós podemos dar tudo e fazer muito para que a juventude desperte e, de certa forma, comece a lutar por aqueles que são os seus direitos, mas uma luta de forma pacífica, não é?
Encontre o Wilker Dias, na rede: @wiu_wiuky
