Magazine Reportagem 04.2022

EVOLUÇÃO MULTIFACETADA DO SER HUMANO

Gonçalo Delgado

Devido às cisões territoriais que a queda da União Soviética ditou, Stanislav passou de um dia para o outro a cidadão ucraniano e a ter que faltar à escola para conseguir ser dos primeiros em filas de racionamento de alimentos onde se lutava para conseguir um bocado de pão....

PORTFÓLIO

A. Lopes

“...vaguiei pelas ruas de Tóquio...”

Quando faço fotografia de rua, tento ser o mais invisível possível e não ter qualquer influência no que estou a captar.

Miguel

04. EVOLUÇÃO MULTIFACETADA DO

SER HUMANO

Gonçalo Delgado

Estes grupos da rua, a quem Stanislav apelida de "clãs", roubavam sobretudo comida, roupa e álcool.

20.31. GALERiA DE AUTOR

Diana Tinoco

Nos anos 1960, o Concílio Vaticano II implementou uma série de reformas que transformaram a missa católica na forma como a conhecemos hoje.

João Porfírio

João Porfírio, natural de Portimão, é editor de fotografia e fotojornalista do Observador, tendo já passado pela Agência Lusa, pelo Semanário SOL e o Jornal i.

32. PORTFÓLIO

Miguel A. Lopes

Quando faço fotografia de rua, tento ser o mais invisível possível e não ter qualquer influência no que estou a captar.

EVOLUÇÃO MULTIFACETADA DO SER HUMANO

Alto e atlético, Stanislav Nosov é um dos vários casos de russos de nacionalidade portuguesa que cresceram no declínio e desmembramento da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e que actualmente residem no país de Fernando Pessoa. Filho de família com algumas posses oriunda da Sibéria, Stanislav viveu até aos seis anos na actual Rússia mas foi na vizinha Ucrânia que experienciou a sua adolescência. Uma adolesência assolada pela fome e miséria.

Gonçalo Delgado

Sprinter federado e medalhista escolar, aos 14 anos viu-se envolvido em problemáticos grupos de ghetto com os quais aprendeu a não ter medo da “fome, trabalho ou outras dificuldades”. Este sentimento de irmandade e coragem depressa lhe ensinara lições de sobrevivência materializadas na prática de pesca furtiva em águas do Estado. Por conseguinte este risco obrigava-o a passar inúmeros dias camuflado na esperança de que as patrulhas de segurança não o capturassem.

Estes grupos da rua, a quem Stanislav apelida de "clãs", roubavam sobretudo comida, roupa e álcool. Mergulhado nesta vida perigosa, num ápice foi sugado pela espiral descendente do mundo das drogas, trazendo-lhe inúmeros problemas a nível desportivo e social. Esta descida dantesca ao inferno trancou-lhe em definitivo os portões do atletismo profissional, fazendo com que fosse irradiado da modalidade que tanto amava.

Subsequentemente, seria a sua avó, por quem nutria imenso carinho, a incutir-lhe valores de integridade social, que o fizeram abandonar esta viagem tempestuosa em definitivo.

Tal como muitas famílias da Europa de leste que se vêm obrigadas a emigrar, os Nosov acabaram burlados em cerca de dois mil euros numa falsa oferta de trabalho em Inglaterra. No entanto, em 2000 as dificuldades crescentes levaram a nova tentativa de emigração, desta vez para Portugal, país onde Stanislav reside actualmente na companhia da sua mãe. Inicialmente, a mãe empregou-se nas limpezas domésticas, ao passo que o filho experimentou o trabalho árduo das pedreiras. A língua portuguesa foi aprendida com facilidade graças ao trabalho de barman que exercia aos fins-de-semana. Inspirado pela natureza e paz do Bom Jesus de Braga, Stanislav descobriu a metafísica do esoterismo. Através da redescoberta pessoal, e uma vez que o desporto forma o físico, caberia à filosofia o papel de fomentar o crescimento espiritual. Por conseguinte, enveredou no estudo de Filosofia na Universidade Católica de Braga.

A espiritualidade inerente da prática de kung fu/sanda não só incrementou o conhecimento desportivo que já trazia na bagagem, como também desenvolveu as capacidades de liderança. O passo seguinte seria o street workout.

A boa forma física granjeoulhe admiração por parte de atletas amadores que o viam executar dezenas de elevações em barras nos parques citadinos, de forma que casualmente nascia assim, por volta de 2012, um novo clã: a irmandade do street workout.

Sob o lema inicial “contra a droga, álcool e má vida!”, o embrião do street workout atingiu o sólido patamar associativo com apoios por parte de cidadãos –médicos, advogados, professores, etc – e da própria Câmara Municipal de Braga.

A disciplina, a pontualidade e o empenho são valores encarados com muita seriedade. Faltas injustificadas aos treinos, provas e o uso displicente e incorrecto de equipamentos incorrem na possibilidade de exclusão da equipa. O Street workout vai para além do mero desenvolvimento físico na medida em que não pode ser encarado de forma leviana, descurando os valores filosóficos. Posto isto, pode ser equiparado a uma linguagem de intervenção social. Aconteça o que acontecer, este desporto será sempre gratuito e inimigo do eventual comercialismo do mesmo, realça um Stanislav que com este estilo de vida pretende transmitir à sociedade uma “evolução multifacetada do ser humano”.

Gonçalo Delgado é um Fotojornalista e fotógrafo documental português que divide o seu tempo entre Noticias e projectos documentais a longo termo. Conta com trabalho publicado em alguns dos mais reputados órgãos de comunicação social internacionais, dos quais se destacam : National Geographic; Wall Street Journal;Telegraph; The Guardian; Seattle Times; Le Monde ; El Pais; Sunday Times; Internazionale; La Republica; NBC; Die Zeit ; Focus, entre outros. Colabora com as agências Global Images, Lusa, EPA - European Pressphoto Agency e Impresa e em 2016 fundou a Low Light Press, agência de fotografia e vídeo documental. É também embaixador Europeu da Sony em Portugal e embaixador da Koylab. Em 2021 foi designado para cobrir oficialmente a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, para cobrir os seus momentos mais importantes como parte da equipa de comunicação.

Em 2021 trabalhou com o Ministério da Cultura - GEPAC - Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais; Recorrentemente dá palestras e conferências sobre fotografia e fotojornalismo de onde podemos destacar o aclamado Ted x Talk. Ao longo dos anos tem vindo a leccionar inúmeros Workshops de Fotografia e Fotojornalismo, onde se destacam os workshops em nome individual e como professor de Fotojornalismo do Mestrado de Comunicação Social da Universidade Do Minho. Entre os inúmeros prémios de fotografia, podemos destacar em 2013 o Nikon International Photo Contest Award e desde então destacado 6 vezes com o Prémio Internacional de Fotojornalismo Estação Imagem , sendo a mais recente em 2021 com a reportagem da cobertura do panorama Covid19 em Portugal com o projecto “ReGenesis” que lhe atribuiu o principal galardão no mesmo; Conta com o seu trabalho exposto nacional e internacionalmente desde Braga a Tóquio.

GALERIA DE AUTOR

Diana Tinoco

DIANA

TINOCO NASCEU NO PORTO HÁ TRINTA ANOS, ONDE ESTUDOU JORNALISMO, E VIVE EM LISBOA HÁ OITO, ONDE ESTUDOU FOTOGRAFIA. COM O EQUILÍBRIO CERTO ENTRE OS DOIS, TORNOU-SE FOTOJORNALISTA E PASSOU POR PUBLICAÇÕES COMO O JORNAL I, O SEMANÁRIO SOL E A REVISTA VISÃO. ACTUALMENTE, TRABALHA COMO “FREELANCER”...

Nos anos 1960, o Concílio Vaticano II implementou uma série de reformas que transformaram a missa católica na forma como a conhecemos hoje. No entanto, os católicos tradicionalistas continuaram a celebrar a missa tridentina, criando um conflito silencioso no seio da Igreja.

Esta missa distingue-se, entre outros rituais, pelo uso do latim como língua litúrgica, pela a posição do sacerdote de costas para os fiéis ou pelo uso obrigatório de um véu pelas mulheres.

GALERIA DE AUTOR João Porfírio

João Porfírio, natural de Portimão, é editor de fotografia e fotojornalista do Observador, tendo já passado pela Agência Lusa, pelo Semanário SOL e o Jornal i. Já realizou reportagens em diversos países como Iraque, Estados Unidos da América, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Croácia, Sérvia, Turquia, Grécia, Hungria, Eslovénia e Marrocos.

Acompanhou a crise dos refugiados durante o ano de 2015 e 2016. Em Portugal cobre diariamente assuntos relacionados com política, sociedade e cultura. Foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República Portuguesa, a participar no livro de comemoração do segundo ano de mandato. Venceu o Prémio Estação Imagem 2019 e 2021 na categoria de Notícias com as reportagens dos incêndios de Monchique e com as reportagens sobre as eleições NorteAmericanas.

Em 2020 ganhou a menção honrosa na categoria de Notícias do Prémio Estação Imagem com uma reportagem nos incêndios de Mação e em 2021 conseguiu o segundo prémio do concurso de fotografia de Macau “Somos – Imagens da Lusofonia” com a fotografia “Primeiro Abraço” sobre a pandemia de Covid-19.

PORTFÓLIO

Miguel A. Lopes

Durante três semanas em agosto e setembro de 2021, fui fazer a cobertura dos jogos paralímpicos em Tóquio no Japão. Nessas semanas que lá estive, além de fotografar as competições desportivas, aproveitei para levar a minha pequena câmera e sempre que pude fiz fotografias de rua. Vaguei pelas ruas de Tóquio a absorver a cidade numa altura onde, devido a todas as restrições da pandemia Covid-19, a cidade estava fechada a turistas e isso sentiase nas ruas.

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em... PORTFÓLIO

Rui Pereira

"Feeling the street" é uma série fotográfica que reflete um estado intenso de presença em que me envolvo na rua. Procuro interpretar o banal o quotidiano de uma forma mais poética com uma forte componente gráfica, por vezes surge um jogo de luz sombra aliado à geometria e emoção, por vezes são apenas simples gestos corporais a captar-me a atenção e enaltecer o simples gesto do reflexo humano.

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