A Estrutura do Projeto O projeto e sua metodologia foram desenvolvidos dentro da Rede Favela Sustentável (RFS), formada por 120 iniciativas da região metropolitana do Rio de Janeiro com mais de 400 integrantes. A RFS foi idealizada e tem sido administrada pela ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat). Desde a fundação da Rede, em 2017, existe um Grupo de Trabalho “Energia Solar”, na qual a temática vem sendo debatida e que já realizou vários projetos. Este grupo virou a base do Eixo Temático “Justiça Energética” (recomendo a leitura do relatório “Justiça Hídrica e Energética nas Favelas”, resultado revelador de uma pesquisa realizada por lideranças comunitárias em 2022). Os atores do atual projeto se encontraram no Grupo de Trabalho: • A ComCat, captadora de recursos e administradora do projeto; • A AMAC, beneficiada que trouxe sua demanda há bastante tempo; • A empresa Solarize Treinamentos Profissionais, que desenvolveu o projeto técnico, capacitou os profissionais da comunidade e captou o patrocínio dos parceiros industriais; • Lideranças de outras comunidades interessadas em energia solar; • A ONG Revolusolar, que capacitou essas lideranças, como será detalhado abaixo.
• O montador é o técnico que sobe ao telhado para fixar os módulos; • O eletricista faz a conexão entre os componentes do sistema e o quadro de distribuição; • A pessoa que trabalha tanto na parte elétrica quanto em cima do telhado costuma ser chamada de instalador; • Um engenheiro eletricista ou um eletricista predial com registro no conselho regional assina o projeto e o homologa junto à concessionária.
Contamos com profissionais externos para complementar a equipe, quando necessário. Na Solarize, adotamos a prática de integrar alunos de projetos sociais em turmas comerciais, para reforçar a seriedade da capacitação e abrir chances de emprego no decorrer do curso. Essa característica é diferente de programas de capacitação em massa com objetivo de formar mão de obra para o mercado, como aquele que realizamos em 2022 na Rocinha em que montamos uma sala de aula específica, no local, para atender 100 moradores daquela comunidade. Além da capacitação na tecnologia fotovoltaica, é imprescindível atender as normas para trabalho em altura (NR-35), para segurança em instalações elétricas (NR-10) etc. com suas obrigações de treinamento. Figura 2 - Curso de instalador no laboratório da Solarize.
Vale ressaltar que estamos relatando um processo em construção coletiva que está em constante evolução.
Capacitação multidimensional Realizamos, neste projeto, capacitação em três níveis, sempre buscando disseminação e autonomia: • Capacitação profissional de pessoas relacionadas ao projeto; • Capacitação territorial, com objetivo de promover autonomia na manutenção além de disseminar a tecnologia na região; • Capacitação de lideranças de outras comunidades, com objetivo de aumentar o alcance a outros territórios com qualificação para elaborar projetos próprios.
Capacitação profissional Para a capacitação profissional, procuramos pessoas do próprio território e indicadas pela instituição receptora que se enquadram num dos perfis requisitados:
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Foto: Mauro Lerer - Solarize.
Capacitação territorial Muitos projetos sociais de energia solar são executados por pessoas de fora do território: voluntários ou empresas externas. Ambas as opções agilizam a instalação, mas estabelecem uma dependência do território que pode prejudicar a manutenção a longo prazo. Ao contrário disso, procuramos fomentar a autonomia não somente da entidade receptora do sistema fotovoltaico, mas também do seu entorno. É por isso que convidamos pessoas indicadas para a capacitação profissional, que devem não somente ter perfil técnico adequado, como também uma ligação com a entidade. energia3s.com.br