REVISTA 3S 19ª EDIÇÃO

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O FUTURO DA ENERGIA

Solar Sustainable Solutions ISSN 2675-6684

EDIÇÃO

3S – Solar Sustainable Solutions

EDITOR CHEFE

Prof. Dr. Fernando Santos

EDITOR ADJUNTO

Guilherme de Souza

CONSELHO CIENTÍFICO

Aline Pan, Elton Rossini, Felipe Detzel Kipper, Lucilene Mouzinho, Rui Castro, Zelmute Marten

DIAGRAMADOR

Pablo Martins E-mail: pablogmartins@hotmail.com

REVISORA DE PORTUGUÊS

Fernanda Silva de Souza E-mail: fsrevisora@gmail.com

COLABORADORES

Fernando Santos, Felipe Detzel Kipper, Adriana Silva,JaquelineLidoriodeMattiaeCiceroCarvalho Casagrande.

PUBLICAÇÃO

Trimestral

CIRCULAÇÃO

19ª Edição - Julho/2025

VERSÃO

Eletrônica – www.energia3s.com.br/revista

PARA SE CORRESPONDER E ANUNCIAR: 3S - Solar Sustainable Solutions Parque Tecnológico da Unisinos Av: Unisinos, 950 – Unitec 1 – Sala: 109 93.020-190 – São Leopoldo/RS (Brasil) Phone/Whats: +55 51 9. 9916.0711 E-mail: revista3s@energia3s.com.br

É PROIBIDAA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DE TEXTOS, FOTOS, ILUSTRAÇÕES E INFOGRÁFICOS SEM PRÉVIAAUTORIZAÇÃO.

ENTREVISTA

Fernando Santos

Felipe Detzel Kipper, Adriana Silva, Jaqueline de Mattia e Fernando Santos

O ESTÍMULO ESTRUTURAL À ENERGIAL SOLAR COMO FONTE

COMPLEMENTAR E SEGURA NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Cicero Carvalho Casagrande A INOVAÇÃO COMO PILAR ESTRATÉGICO PARA A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

AS MUDANÇAS NO MERCADO DE ENERGIA SOLAR APÓS A LEI 14.300: AVANÇOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Felipe Detzel Kipper, Adriana Silva, Jaqueline de Mattia e Fernando Santos

AGROVOLTAICO: INTEGRANDO ENERGIA SOLAR E PRODUÇÃO AGRÍCOLA PARA A SUSTENTABILIDADE DO USO DO SOLO

Felipe Detzel Kipper, Adriana Silva, Jaqueline de Mattia e Fernando Santos

INOVAÇÕES EM ENERGIA SOLAR: ESTRATÉGIAS PARA INTEGRADORAS BRASILEIRAS CRESCEREM NO MERCADO

Felipe Detzel Kipper e Fernando Santos

INOVAÇÃO EMPRESARIAL APLICADA: O CASO DA TESLA E A DISRUPÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

Felipe Detzel Kippere Fernando Santos

INOVAÇÃO NO SETOR DE ENERGIA NO BRASIL: DESAFIOS, OPORTUNIDADES E TENDÊNCIAS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL

Felipe Detzel Kippere Fernando Santos

CARTA AO LEITOR

Prof. Dr. Fernando Santos

CEO 3S e Editor Chefe da Revista 3S

Prezadasleitoraseprezadosleitores,

É com um misto de gratidão, entusiasmo e responsabilidadequenosdirigimosavocêsneste momento de transição na trajetória das nossas publicações.Apartir da próxima edição, a Revista 3S passará por uma transformação significativa em sua linha editorial. Nossa atenção estará voltadaaotemadainovaçãonasempresas—um campo dinâmico, desafiador e profundamente conectado aos debates que moldam o futuro das organizações e da sociedade e que inclui as energiasrenováveisemseuescopo

Essa decisão não foi tomada de maneira impulsiva Trata-sedeumareflexãoamadurecida, ancorada em meses de observação das transformações que vêm ocorrendo nos setores produtivo, acadêmico e tecnológico Compreendemos que, para continuar sendo um veículo de propagação de conhecimento e inspiração, é preciso

reconhecerosnovoscaminhosqueseabremeos novos diálogos que emergem. A inovação — em suas múltiplas expressões — tem se consolidado como um dos principais vetores de desenvolvimento sustentável, competitividade e transformação social Por isso, sentimos que é o momento apropriadoparareposicionarmosnossaatuação

Ao longo da trajetória da Revista 3S, tivemos o privilégio de abordar, com profundidade e compromisso técnico-científico, temas cruciais como energia solar, eólica, biomassa, políticas públicas energéticas, tecnologias limpas e transição energética Foram inúmeras edições marcadas por entrevistas enriquecedoras, artigos de especialistas, análises de mercado e coberturas de eventos que nos posicionaram como uma referência no setor. Esse legado permanece. Ele épartedabasesobreaqualconstruiremosanova fasedarevista.

Emnomedetodaaequipeeditorial,agradecemos a cada um dos leitores que nos acompanharam até aqui.Aos especialistas que compartilharam seus conhecimentos, às instituições parceiras e seus colaboradores que, com talento e seriedade, ajudaram a compor cada edição, o nosso mais sincero reconhecimento Sem esse ecossistema de confiança e colaboração, não teríamos alcançado os patamares de qualidade e relevânciaquenosorgulham

A nova fase da revista buscará refletir a complexidade e a vitalidade do ecossistema de inovação empresarial Exploraremos casos reais, metodologias de gestão da inovação, transformação digital, cultura organizacional, sustentabilidade estratégica, entre outros temas de ponta Pretendemos manter o rigor editorial que sempre nos guiou, agora com uma nova roupagem editorial e gráfica, sem perder de vista os valores de clareza, profundidade e independência que sempreprezamos.

Estamos abrindo espaço para o novo E é com esse espírito que convidamos vocês a seguirem conosco nessa nova jornada. Que a curiosidade,osensocríticoeodesejodeconstruir umfuturomaisinovadorcontinuemnosunindo

Desejamosumaótimaleituraeumexcelentesegundosemestre

ENTREVISTA

Fernando Santos é professor e pesquisador da UniversidadeEstadualdoRioGrandedoSulecolaboradorda UniversidadeNovadeLisboa Atuanaorientaçãodeestudantes de graduação e pós-graduação em diversas instituições Especialista em inovação e energias renováveis, liderou projetos que captaram milhões em recursos públicos É idealizador do Nous Group, hub de startups nas áreas de energia, agricultura e inovação Possui formação multidisciplinar, com dois pós-doutorados (Bioenergia e Celulose e Papel), doutorado em Bioquímica Agrícola, mestrado em Fitotecnia e graduação em EngenhariaAgronômica Autor de diversos livros e artigos nacionais e internacionais, foi reconhecido com várias premiações, incluindo homenagem daBrigadaMilitardoRS Integraorankingdospesquisadores maisinfluentesdomundosegundooADScientificIndex2021

Fernando Santos is a professor and researcher at the State University of Rio Grande do Sul and a collaborator at NOVA University Lisbon. He supervises undergraduate and graduate students at various institutions. A specialist in innovation and renewable energy, he has led projects that secured millions in public funding. He is the founder of Nous Group, a startup hub focused on energy, agriculture,and innovation.With a multidisciplinary background, he holds two postdoctoral degrees (in Bioenergy and in Pulp and Paper), a PhD in Agricultural Biochemistry, a Master's in Crop Science, and a Bachelor's in Agronomy Author of several books and scientific papers published nationally and internationally, he has received numerous awards, including a recent honor from the Military Brigade of Rio Grande do Sul. He is listed among the world’s most influentialresearchersaccordingto theAD ScientificIndex 2021.

1. O que motivou a decisão de mudar o foco editorial da revista, saindo do campo das energias renováveis para abordar a inovação nas empresas?

What motivated the decision to shift the editorial focus of the magazine from renewable energy to corporate innovation?

Prof. Dr. Fernando Santos: A decisão de ampliar o foco editorial da Revista 3S não decorre de uma mudança de diretriz, mas sim de uma evolução estratégica fundamentada na própria essência da inovação. Desde sua concepção, a revista foi pensadacomoumaplataformadedifusãodeconhecimento qualificado, inicialmente centrada no setor de energias renováveis — um campo vital e dinâmico, que permanece como uma das áreas de interesse prioritário. No entanto, à medida que a agenda da inovação avança transversalmente por diferentes setores da economia, tornou-se evidente a necessidade de refletir essa complexidade e amplitude tambémnoescopoeditorialdapublicação.

A ampliação do foco tem como motivação central o reconhecimento de que os desafios e oportunidades da inovação não estão restritos a um único setor, mas permeiam a indústria, a saúde, a alimentação, a tecnologia e tantas outras áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável e competitivo do país.Ao adotar uma abordagem mais abrangente, a publicação busca ampliar sua capacidade de articulação entre empresas, pesquisadores, formuladores de políticas públicas e investidores, fortalecendo sua missão de fomentar o ecossistema deinovaçãobrasileiro.

Esse reposicionamento editorial não representa um abandono do campo energético, mas sim um movimento de integração, no qual o tema da inovação torna-se o eixo condutor da narrativa, conectando diferentes setores por meio de casos, análises e tendências que impulsionam a transformação da base produtiva nacional. Trata-se, portanto, de uma resposta estratégica à crescente demanda por conteúdo técnico e qualificado que reflita a diversidade e a transversalidade da inovação nas empresas contemporâneas.

The decision to broaden the editorial focus of Revista 3S does not stem from a change in direction but from a strategic evolution rooted in the very essence of innovation. From its inception, the magazine was designed as a platform for disseminating qualified knowledge, initially centered on the renewable energy sector a vital and dynamic field that remains a key area of interest. However, as the innovation agenda has increasingly permeated different economic sectors, it became clear that the editorial scope also needed to reflect this complexity and breadth.

The central motivation for expanding the focus is the recognition that the challenges and opportunities of innovation are not confined to a single sector, but extend across industry, healthcare, food, technology, and other strategic areas for sustainable and competitive development By adopting a

Editor-in-Chief and CEO of Nous Group

broader approach, the publication aims to enhance its capacity to connect companies, researchers, policymakers, and investors, thereby strengthening its mission to foster Brazil's innovation ecosystem.

This editorial repositioning does not imply abandoning the energy field, but rather represents an integration effort, where innovation becomes the guiding axis of the narrative, linking different sectors through case studies, analyses, and trends that drive the transformation of the national production base. It is a strategic response to the growing demand for qualified technical content that reflects the diversity and crosscutting nature of innovation in contemporary companies.

2. Como foi o processo interno para definir essa transição? Houve participação de colaboradores ouconselhoseditoriais,porexemplo?

How was the internal process to define this transition? Were collaborators or editorial boards involved, for instance?

Prof. Dr. Fernando Santos: Oprocessodetransição editorial da Revista foi conduzido com estratégia e participação ativa de diversos agentes envolvidos na governançadapublicação.Desdeosprimeirossinais de que o contexto editorial precisava acompanhar a crescente complexidade da inovação no ambiente empresarial, iniciamos uma série de reuniões internaseconsultasexternasparaavaliar,deformacrítica e fundamentada, as oportunidades e os riscos dessa ampliaçãodeescopo.

Essa decisão não foi tomada de forma isolada ou unilateral.Ao contrário, contou com ampla deliberação do nosso corpo editorial, envolvendo editores, articulistas e profissionais responsáveis pela curadoria de conteúdo, além da escuta ativa de colaboradores externos, especialistas setoriais e, principalmente, do nosso conselho consultivo que historicamente contribuem para o posicionamento estratégicodarevista.

The editorial transition process of the magazine was conducted strategically and with the active participation of several stakeholders involved in its governance. From the early signs that the editorial context needed to adapt to the growing complexity of innovation in the business environment, we initiated a series of internal meetings and external consultations to critically and thoroughly assess the opportunities and risks of this scope expansion.

This decision was not made in isolation or unilaterally On the contrary, it involved broad deliberation by our editorial team, including editors, columnists, and content curators, as well as active listening to external contributors, sector specialists, and especially our advisory board, which has historically played a key role in the strategic positioning of the magazine.

3. Por que o tema "inovação nas empresas" foi escolhido como o novo eixo central da publicação?

Why was "corporate innovation" chosen as the new central theme of the publication?

Prof. Fernando Santos: Aescolhada"inovaçãonas empresas" como eixo central resulta de uma análise aprofundada, ancorada na compreensão de que a inovação, hoje, transcende o campo técnico ou

tecnológico. Ela se consolida como um vetor fundamental para a sustentabilidade, a competitividade e a relevânciadasorganizaçõesemumcenáriomarcado por rápidas transformações econômicas, sociais e ambientais.

Adotar a inovação como foco editorial é reconhecer sua natureza transversal e sistêmica. Esse tema nos permite explorar, com profundidade e atualidade, uma ampla gama de assuntos interligados, como transformação digital, gestão estratégica, cultura organizacional, impacto ambiental, diversidade e inclusão, transição energética, novos modelos denegócioerelaçõescomoecossistemadestartups e diferentes formas de fomentos. Cada uma dessas dimensões expressa como as empresas estão (ou devem estar) se reinventando diante das exigências contemporâneasdasociedadeedosmercados.

The choice of "corporate innovation" as the central theme results from a thorough analysis based on the understanding that innovation today goes beyond the technical or technological domain. It has become a fundamental driver of sustainability, competitiveness, and organizational relevance in a context marked by rapid economic, social, and environmental change. Adopting innovation as an editorial focus is to acknowledge its cross-cutting and systemic nature. This theme enables us to explore, with depth and timeliness, a wide range of interconnected topics such as digital transformation, strategic management, organizational culture, environmental impact, diversity and inclusion, energy transition, new business models, and interactions with the startup ecosystem and funding mechanisms. Each of these dimensions reflects how companies are—or should be—reinventing themselves to meet contemporary societal and market demands.

4. De que forma o legado da revista no campo das energias renováveis será preservado ou incorporadonessanovafase?

How will the magazine's legacy in the field of renewable energy be preserved or incorporated into this new phase?

Prof. Dr Fernando Santos: O legado da Revista 3S no campo das energias renováveis é um ativo editorialeinstitucionaldegranderelevância,construídoaolongodeanoscomconsistência,profundidade técnica e compromisso com a transição energética. Esse histórico, longe de ser descartado, será incorporado de maneira estratégica à nova fase da publicação, reafirmando nosso compromisso com a sustentabilidade e com a promoção de soluções inovadorasparaosdesafiosenergéticosdoséculo. Com a ampliação do foco editorial, as energias renováveis passam a ocupar um espaço ainda mais integrado, sendo analisadas sob o prisma da inovação nas empresas. Essa abordagem nos permite explorar com maior amplitude e profundidade temas como a adoção de tecnologias verdes, os impactos da transição energética nos modelos de negócio, o papel da eficiência energética na competitividade corporativa e as estratégias empresariais voltadas à descarbonizaçãoeàeconomiacircular Nosso objetivo é articular esse conhecimento acumulado ao novo eixo temático, evidenciando

como diferentes setores da economia vêm incorporando princípios de inovação sustentável em suas operações. Dessa forma, a expertise consolidada da revista no campo das energias renováveis será preservada e ampliada, agora com maior potencial de conexão com outras agendas estratégicas que moldam o futuro das organizações. A inovação sustentável continuará sendo uma linha editorial estruturante — não apenas como um tema, mas como uma lente interpretativa para os conteúdos que produzimos.

The legacy of Revista 3S in the field of renewable energy is a highly relevant editorial and institutional asset, built over years with technical consistency and a firm commitment to the energy transition. This legacy will not be discarded but strategically incorporated into the magazine's new phase, reaffirming our commitment to sustainability and to promoting innovative solutions for 21st-century energy challenges.

With the broadened editorial focus, renewable energy now occupies a more integrated space, analyzed through the lens of corporate innovation. This approach allows us to explore topics such as the adoption of green technologies, the impact of energy transition on business models, the role of energy efficiency in corporate competitiveness, and decarbonization and circular economy strategies.

Our aim is to connect this accumulated knowledge with the new thematic axis, highlighting how different economic sectors are embedding principles of sustainable innovation into their operations. Thus, the magazine's established expertise in renewable energy will not only be preserved but expanded, now with greater potential for alignment with other strategic agendas shaping the future of organizations. Sustainable innovation will remain a core editorial pillar—not just as a theme, but as a guiding lens for our content.

5. Que tipo de público a revista busca alcançar com essa mudança? Haverá um redirecionamento na estratégia de distribuição ou nos canais digitais?

What type of audience does the magazine aim to reach with this change? Will there be a redirection in the distribution strategy or in digital channels?

Prof. Dr. Fernando Santos: Com a ampliação do escopo editorial, a publicação passa a dialogar com um público mais diversos e abrangente, refletindo a natureza transversal e estratégica da inovação nas organizações Embora continuemos a produzir conteúdotécnicodequalidadevoltadoaprofissionais especializados e gestores operacionais, nosso objetivo é expandir esse diálogo para alcançar também decisores estratégicos, empreendedores, consultores, pesquisadores, acadêmicos e estudantes interessados em inovação, modelos de negócio, cultura organizacional e mecanismos de fomento à transformação empresarial — como Finep, Embrapii, FAPs e outras instituições de apoio à ciência e tecnologia.

Essa expansão de público demanda, naturalmente, um redirecionamento em nossa estratégia de distribuição e presença digital Nesse sentido, estamos investindo no fortalecimento de nossos canais digitais, com maior presença em redes

sociais, aprimoramento da navegação em nossa plataforma online, facilitação do acesso às edições digitais e integração com novos formatos multimídia, comovídeos,podcastseinfográficosinterativos.Tais ações visam não apenas ampliar o alcance da revista, mas também estabelecer um vínculo mais dinâmico e contínuo com nossos leitores, promovendoengajamentoeacessoqualificadoàinformação.

With the expanded editorial scope, the publication now engages with a broader and more diverse audience, reflecting the cross-cutting and strategic nature of innovation within organizations. Although we will continue to produce high-quality technical content aimed at specialized professionals and operational managers, our goal is to extend this dialogue to also reach strategic decision makers, entrepreneurs, consultants, researchers, academics, and students interested in innovation, business models, organizational culture, and mechanisms that foster business transformation—such as Finep, Embrapii, FAPs, and other institutions supporting science and technology

This audience expansion naturally requires a redirection in our distribution strategy and digital presence. In this regard, we are investing in strengthening our digital channels, increasing our social media presence, improving navigation on our online platform, facilitating access to digital editions, and integrating new multimedia formats such as videos, podcasts, and interactive infographics. These actions aim not only to extend the magazine's reach but also to establish a more dynamic and continuous bond with our readers, promoting engagement and qualified access to information.

6.Quaisserãoosprimeirosdestaquesounovidades editoriais que os leitores poderão encontrar naspróximasedições?

What will be the first editorial highlights or novelties that readers can expect in upcoming issues?

Prof. Dr. Fernando Santos: Anova fase da Revista marca o início de uma proposta editorial ainda mais robusta, conectada à realidade e às demandas do mundo corporativo contemporâneo.

A partir da primeira edição deste novo ciclo, os leitores encontrarão uma curadoria de conteúdo aindamaisqualificada,comaparticipaçãodeautores convidados — especialistas reconhecidos em suas respectivas áreas — que contribuirão com artigos inéditos, oferecendo reflexões e experiências práticas sobre inovação empresarial, transformação organizacionaletendênciassetoriais.

Cadaediçãocontará,ainda,comumaentrevista exclusiva com uma personalidade de destaque no ecossistema da inovação, abordando temas estratégicos a partir da vivência e da trajetória do entrevistado. Essa seção buscará aprofundar a compreensão sobre temas emergentes, traduzindo conceitos complexosemexperiênciasreaiseinspiradoras. Outro destaque editorial será a apresentação de análises aprofundadas de cases de inovação,

nacionais e internacionais, com foco em práticas bem-sucedidas de adoção de tecnologias emergentes e modelos de negócio disruptivos. Serão abordadas soluções que estão efetivamente transformando o modo como empresas operam, competem e geram valor — com especial atenção à sustentabilidade, digitalização, cultura organizacional e integração compolíticasdefomentoàinovação.

Essas novidades refletem nosso compromisso em entregar conteúdo técnico, atual e aplicável, que auxilieosleitoresnacompreensãoeantecipaçãodas transformações que moldam o futuro dos negócios.A revista se posiciona, assim, como uma plataforma estratégica de conhecimento e conexão entre os diversosatoresdanovaeconomiadainovação.

This new phase of the magazine marks the beginning of an even more robust editorial proposal, connected to the realities and demands of the contemporary corporate world. Starting from the first issue of this new cycle, readers will encounter an even more refined content curation, featuring contributions from invited authors—experts recognized in their respective fields—who will provide original articles offering reflections and practical experiences on corporate innovation, organizational transformation, and industry trends.

Each issue will also feature an exclusive interview with a prominent personality in the innovation ecosystem, addressing strategic topics based on the interviewee's experiences and journey This section will aim to deepen the understanding of emerging topics by translating complex concepts into real and inspiring experiences.

Another editorial highlight will be the presentation of indepth analyses of innovation cases, both national and international, focusing on successful practices in adopting emerging technologies and disruptive business models. Solutions that are effectively transforming the way companies operate, compete, and create value will be discussed—with special attention to sustainability, digitization, organizational culture, and integration with innovation funding policies.

These novelties reflect our commitment to delivering technical, up-to-date, and applicable content that helps readers understand and anticipate the transformations shaping the future of business. In doing so, the magazine positions itself as a strategic platform for knowledge and connection among the various actors of the new innovation economy

7. Que desafios você enxerga nessa transição temática, tanto do ponto de vista editorial quanto demercado?

What challenges do you foresee in this thematic transition from both an editorial and market perspective?

Prof. Dr. Fernando Santos: Toda transição editorial carrega consigo desafios significativos, essa complexidade é ainda maior por envolver uma reconfiguração temática que amplia substancialmente nosso escopo de atuação. Do ponto de vista editorial, o principal desafio reside em manter a fidelidade e o engajamento do nosso público tradicional, que nos acompanhou ao longo dos anos nacoberturaespecializadasobreenergiasrenováveis, ao mesmo tempo em que buscamos atrair novos leitores interessados na temática mais ampla da inovaçãoempresarial.

É necessário encontrar um equilíbrio cuidado-

so entre continuidade e renovação. Essa nova fase exige uma curadoria de conteúdo ainda mais rigorosa,capazdegarantirprofundidadeanalítica,relevância setorial e pluralidade de vozes, evitando uma abordagemmeramentesuperficialouexcessivamente tecnicista sobre inovação e tecnologia. Nosso diferencial continuará sendo o compromisso com a seriedadeeditorialecomaproduçãodeconhecimento aplicável, que dialogue com os desafios reais enfrentadospelasorganizações.

Sob a ótica de mercado, reconhecemos que o ecossistema da inovação é dinâmico e altamente competitivo, com inúmeras publicações, canais digitais e influenciadores disputando atenção e autoridade. Nesse cenário, o posicionamento da revista precisa ser claro: oferecer conteúdo de alta qualidade,comcredibilidade,consistênciaeumolhar críticoqueváalémdastendênciaspassageiras.Essa diferenciação será fundamental para consolidar nossa presença em novos segmentos, fortalecer vínculos com nossos parceiros institucionais e ampliar nossa relevância como veículo estratégico nodebatesobretransformaçãoempresarial.

Every editorial transition carries significant challenges, and this complexity is even greater when it involves a thematic reconfiguration that substantially broadens our scope of action. From an editorial standpoint, the main challenge lies in maintaining the loyalty and engagement of our traditional audience, who have followed our specialized coverage on renewable energies over the years, while also attracting new readers interested in the broader theme of corporate innovation.

It is necessary to strike a careful balance between continuity and renewal. This new phase demands an even more rigorous content curation capable of ensuring analytical depth, sector relevance, and a plurality of voices—avoiding a merely superficial or overly technical approach to innovation and technology Our differential will continue to be our commitment to editorial seriousness and the production of applicable knowledge that addresses the real challenges faced by organizations.

From a market perspective, we recognize that the innovation ecosystem is dynamic and highly competitive, with numerous publications, digital channels, and influencers vying for attention and authority In this scenario, the magazine's positioning must be clear: to provide high-quality content with credibility, consistency, and a critical perspective that goes beyond fleeting trends. This differentiation will be fundamental to consolidating our presence in new segments, strengthening ties with our institutional partners, and enhancing our relevance as a strategic platform in the debate on business transformation.

8. Como essa nova linha temática da revista está alinhada aos desafios apresentados durante a operaçãodeumaempresa?

How is this new thematic direction of the magazine aligned with the challenges faced in operating a business?

Prof. Dr. Fernando Santos: Anova linha editorial foi estruturada a partir de um diagnóstico claro e realista sobre os desafios enfrentados cotidianamente pelas empresas em um ambiente de negócios cada vez mais complexo, interconectado e competitivo. Inovação, hoje, deixou de ser um diferencial pontual para se tornar uma exigência permanente — um eixo

estruturante da estratégia, da operação e da cultura organizacional Nesse contexto, nossa proposta editorial busca exatamente dialogar com os dilemas práticos e reais que impactam a sustentabilidade e a competitividadeempresarial.

Temas como transformação digital, adaptação tecnológica, retenção de talentos, mudanças regulatórias, práticas ESG, reorganização produtiva e reposicionamentoestratégicofazempartedocotidiano das empresas — e estão no centro das decisões executivas que definem sua continuidade e crescimento.Anova abordagem da revista incorpora essas dimensões com profundidade, por meio de conteúdos voltados à aplicação concreta da inovação: soluções desenvolvidas internamente, ferramentas de gestão, boas práticas replicáveis e estudos de caso que mostram como inovar de forma efetiva em diferentes áreas — do chão de fábrica à gestão administrativa, das operações logísticas às interfacescomocliente.

Nosso objetivo é transformar a publicação em um recurso útil, acessível e estratégico para líderes empresariais, gestores, técnicos e empreendedores que lidam com a urgência de inovar não apenas em laboratórios ou centros de P&D, mas no próprio coração da operação. Dessa forma, reafirmamos nosso compromisso em ser um veículo de valor agregado, que contribui com a disseminação de conhecimento aplicável, com a qualificação das decisões empresariais e com a construção de uma cultura de inovação robusta, responsável e orientada aresultados.

This new editorial line was structured based on a clear and realistic diagnosis of the daily challenges faced by companies in an increasingly complex, interconnected, and competitive business environment. Today, innovation has evolved from being a one-off differentiator to becoming a permanent requirement—a core pillar of strategy, operations, and organizational culture In this context, our editorial proposal aims precisely to address the practical and real dilemmas that impact business sustainability and competitiveness.

Topics such as digital transformation, technological adaptation, talent retention, regulatory changes, ESG practices, productive reorganization, and strategic repositioning are part of companies' everyday operations and lie at the heart of executive decisions that determine their continuity and growth. The magazine's new approach deeply incorporates these dimensions through content focused on the concrete application of innovation: internally developed solutions, management tools, replicable best practices, and case studies that demonstrate how to effectively innovate across different areas—from the factory floor to administrative management, from logistical operations to customer interfaces.

Our goal is to transform the publication into a useful, accessible, and strategic resource for business leaders, managers, technical professionals, and entrepreneurs who face the urgency of innovating not only in laboratories or R&D centers but at the very heart of operations. In doing so, we reaffirm our commitment to being a value-added platform that contributes to the dissemination of applicable knowledge, the enhancement of business decisions, and the construction of a robust, responsible innovation culture oriented toward results.

9.Porfim,quemensagemvocêgostariadedeixar para os leitores que acompanharam a revista ao

longo dos últimos anos e que agora verão essa novafasenascer?

Finally, what message would you like to leave for the readers who have followed the magazine over the years and will now witness this new phase emerge?

Prof. Dr. Fernando Santos: Gostaria de expressar minha mais profunda gratidão a cada leitor que caminhou conosco ao longo dessa trajetória A Revista 3S não teria alcançado a relevância que possui hoje sem o engajamento e a confiança de sua comunidade de leitores — que, ao longo de 22 edições,emquase200artigospublicados,acessoua publicação a partir de mais de mil cidades e mais de 70 países. Esse apoio foi decisivo para que pudéssemos amadurecer editorialmente, consolidar nossa identidade e, agora, iniciar com convicção uma nova fase.

Entramos neste novo capítulo com o mesmo compromisso ético, o mesmo rigor editorial e a mesma paixão pela disseminação de conhecimento que sempre nos acompanharam. A diferença é que, agora, ampliamos o horizonte para dialogar com os múltiplos desafios e oportunidades da inovação no mundo empresarial contemporâneo Queremos continuar sendo uma revista que inspira, informa e conecta — um espaço vivo, plural e provocador, que estimule reflexões e traga contribuições reais para quem está na linha de frente da transformação organizacional.

Convidamosnossosleitores—antigosenovos — a seguir conosco, a contribuir com ideias, compartilharexperiênciasesedeixarinspirarpelashistórias, ferramentas e práticas que traremos. Nosso compromisso permanece inabalável: oferecer conteúdo de qualidade, com profundidade e propósito, que ajude a cultivar a inovação como valor essencial para o futurodosnegóciosedasociedade.

I would like to express my deepest gratitude to every reader who has walked with us throughout this journey Revista 3S would not have achieved the relevance it holds today without the engagement and trust of its readership—a community that, over 22 issues and nearly 200 published articles, has accessed the magazine from more than a thousand cities and over 70 countries. This support has been decisive in maturing our editorial approach, consolidating our identity, and now, embarking with conviction on a new phase.

We enter this new chapter with the same ethical commitment, the same editorial rigor, and the same passion for disseminating knowledge that has always accompanied us. The difference is that we are now broadening our horizon to engage with the multiple challenges and opportunities of innovation in today's business world. We want to continue being a magazine that inspires, informs, and connects—a vibrant, plural, and thought-provoking space that encourages reflection and brings real contributions to those at the forefront of organizational transformation.

We invite our readers—both old and new—to continue with us, to contribute ideas, share experiences, and be inspired by the stories, tools, and practices we will present. Our commitment remains unwavering: to offer quality content with depth and purpose that helps nurture innovation as an essential value for the future of business and society

A INOVAÇÃO COMO PILAR ESTRATÉGICO PARA A COMPETITIVIDADE

DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

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Felipe Detzel Kipper , Adriana Silva , Jaqueline de Mattia e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS (2021). Graduação em Engenharia em Energia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2018).Tem experiênciana área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energiaedesenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

²Formação técnica em contabilidade na escola técnica FACCENTRO.ÉgraduandadocursodeDireitonaUniversidadedoVale doRiodosSinos(UNISINOS).AtualmenteexerceocargodeGestorade Produçãona3S-SolarSustainableSolutions.

³Doutoranda no Programa de Bioenergia da Faculdade de CiênciaseTecnologianaUniversidadeNovadeLisboa.Possuimestrado em Educação pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia (IF-Sul Pelotas) atualmente é professora assistente da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), atuando nos cursos de Pedagogia e CiênciaeTecnologiadeAlimentos.

⁴Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

Resumo

A inovação tornou-se um elemento central na estratégia empresarial contemporânea, especialmenteemcontextosdealtacomplexidadeetransformação, como o mercado brasileiro. Este artigo discute a importância da inovação como fator determinante para a competitividade das empresas brasileiras,abordandoseusconceitosfundamentais,

os tipos de inovação reconhecidos pela literatura (produto, processo, marketing e organizacional), e a distinção entre inovação incremental e disruptiva A análise do panorama nacional, com base em dados do IBGE, OCDE e WIPO, revela avanços pontuais, mas também desafios estruturais, como o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento e a

limitadaarticulaçãoentreosagentesdoecossistema deinovação Osbenefíciosestratégicosdainovação incluem aumento da produtividade, diferenciação competitivaepromoçãodasustentabilidade Porfim, o artigo propõe caminhos para fomentar a inovação nas empresas, destacando o papel da liderança, da cultura organizacional, das parcerias estratégicas e do acesso a mecanismos de fomento. Conclui-se que a inovação deve ser incorporada como uma prática contínua e transversal, essencial para garantir a adaptação e o crescimento das empresas nocenárioatual.

Palavras-chave: Inovação; Competitividade; Estratégia empresarial; Ecossistema de inovação; Brasil

Introdução

A crescente complexidade dos mercados, a aceleração do progresso tecnológico e as transformaçõessociaiseambientaistêmexigidodasempresas um novo posicionamento estratégico: inovar deixou de ser uma escolha e passou a ser uma condição para a sobrevivência e a competitividade. No contexto brasileiro, marcado por desafios estruturais e alta volatilidade econômica, a inovação assume um papel ainda mais crítico como motor de diferenciação,produtividadeeresiliênciaorganizacional.

Ainovação empresarial não se limita à criação de novos produtos ou serviços Ela se manifesta também na forma como as empresas otimizam processos, remodelam seus modelos de negócios e criamvalordemaneirasustentável Deacordocoma OrganizaçãoparaaCooperaçãoeDesenvolvimento Econômico (OECD, 2005), inovação é “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, um processo, um novo método de marketing ou um novo método organizacionalnaspráticasdenegócios”

Apesar do consenso sobre sua importância, o Brasil ainda enfrenta obstáculos significativos para consolidar uma cultura inovadora no ambiente empresarial. O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) permanece abaixo da média dos países da OCDE, e muitas empresas carecem de políticas estruturadas para a gestão da inovação (CNI, 2023). Por outro lado, casos de sucesso demonstram que, mesmo em contextos adversos, é possívelgerarinovaçãodealtoimpactocomestratégias bem definidas, liderança visionária e parcerias comecossistemasdeciênciaetecnologia

Este artigo discute a relevância da inovação nasempresasbrasileiras,analisandoseusconceitos

fundamentais,opanoramaatualdopaís,osbenefícios estratégicos e os caminhos possíveis para fomentar a cultura inovadora O foco é oferecer uma visão crítica, mas propositiva, direcionada a empresários e empreendedores que desejam posicionar suas organizações de forma sustentável e competitivanocenáriocontemporâneo

Conceito de Inovação Empresarial

Oconceitodeinovaçãonoambienteempresarial tem evoluído ao longo do tempo, abrangendo diferentes dimensões e abordagens. Tradicionalmente associada à introdução de novos produtos, a inovação hoje compreende melhorias contínuas em processos, mudanças organizacionais, novas estratégias de marketing e até transformações no modelo de negócios (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008)

Schumpeter (1934), um dos primeiros teóricos da inovação, destacou seu papel como força motriz do desenvolvimento econômico, introduzindo o conceito de "destruição criativa", no qual as inovações substituem produtos e métodos obsoletos por soluções mais eficientes Desde então, o entendimento da inovação se expandiu para além da tecnologia, passando a incluir práticas sociais e culturaisdentrodasorganizações.

A OCDE (2005), por meio do Manual de Oslo, categorizaainovaçãoemquatrotiposprincipais:

• Inovação de produto: introdução de bens ou serviçossignificativamentenovosoumelhorados

• Inovação de processo: mudanças em métodosdeproduçãoouentrega

• Inovação organizacional: novas práticas de negócios, organização do trabalho ou relações externas

• Inovação de marketing: novas estratégias de posicionamento, embalagem, promoção ou canaisdevenda

Alémdisso,distingue-seainovaçãoincremental, que aprimora soluções existentes, da inovação disruptiva, que transforma mercados e cria novos paradigmas(CHRISTENSEN,1997)

Panorama da Inovação no Brasil

O cenário brasileiro de inovação é marcado por contrastes. Embora o país possua um sistema nacional de ciência e tecnologia relativamente

estruturado, com universidades e institutos de pesquisa de alto nível, a articulação entre esses agentes e o setor produtivo ainda é limitada (MCTI, 2022)

Segundo a Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizada pelo IBGE (2020), apenas 33,6% das empresas industriais com mais de 10 funcionários realizaram algum tipo de inovação entre 2015 e 2017 Os principais obstáculos apontados foram o alto custo, a escassez e falta de acesso às linhas de financiamentoeaausênciadepessoalqualificado

No Índice Global de Inovação 2023 (WIPO, 2023), o Brasil ocupou a 49ª posição entre 132 economias,comdestaqueparasuainfraestruturade pesquisa, mas desempenho fraco em termos de ambientedenegóciosesofisticaçãodomercado.

Apesar disso, há avanços. Programas como o Inova Empresa, iniciativas do Sebrae e o crescimento de hubs de inovação nas regiões Sudeste e Sul estão contribuindo para dinamizar o ecossistema inovador Casos como o da Embraer, Natura e empresas de base tecnológica nascentes (startups) ilustram como a inovação pode ser bem-sucedida mesmoemumambientedesafiador

Vantagens Estratégicas da Inovação

A inovação está diretamente associada ao desempenho competitivo das organizações. Empresas inovadoras tendem a apresentar maior produtividade,crescimento maissustentável e maior capacidade de adaptação a crises e mudanças de mercado(PORTER,1999)

Entreasvantagensobservadasestão:

• Diferenciação competitiva: produtos e serviços inovadores criam vantagem frente à concorrência

• Eficiência operacional: melhorias de processo reduzem custos e aumentam a produtividade

• Engajamento com o cliente: inovação permite maior personalização e melhor experiênciadeconsumo

• Sustentabilidade: soluções inovadoras promovem uso racional de recursos e menor impactoambiental.

• Transformação digital: adoção de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain e internet das coisas (IoT) ampliam acapacidadedeinovação.

Esses ganhos reforçam a necessidade de integrar a inovação como parte da estratégia

organizacional, e não apenas como uma funçãoisoladaoueventual

Caminhos para Fomentar a Inovação nas Empresas

A construção de uma cultura organizacional voltadaàinovaçãoexigeaçõesemmúltiplasfrentes A começar pela liderança, que deve adotar uma postura aberta ao risco, ao erro como aprendizado e à experimentação contínua (HARGADON; SUTTON,2000)

Outraspráticasimportantesincluem:

• Fomento à criatividade interna por meio de programas de ideação e intraempreendedorismo.

• Parcerias com universidades, institutos de pesquisa e startups, criando redes colaborativas de inovação aberta (CHESBROUGH, 2003)

• Investimento em capacitação técnica e gerencial, além da valorização da diversidade deperfiseexperiências

• Uso de ferramentas de gestão da inovação, como TRL (Technology Readiness Level), design thinking, matriz de inovação, entre outras

• Acesso a mecanismos de financiamento público e privado, como editais de fomento, fundos de investimento e linhas de crédito específicas

Empresas que sistematizam a inovação como processo, com indicadores e metas claras, tendem a colher resultados mais consistentes eduradouros.

Considerações Finais

A inovação empresarial, compreendida em suas múltiplas dimensões — de produto, processo, marketing e organizacional , configura-se como um elemento central na construção de vantagens competitivas sustentáveis no contexto atual. No ambiente volátil, incerto, complexo e ambíguo (VUCA) que caracteriza a economia global e, particularmente, a brasileira, inovar é condição indispensável para que empresas não apenas sobrevivam, masprosperem

A inovação deve ser entendida como um processo contínuo, estratégico e sistêmico, e não como uma ação pontual ou restrita a departamentos de P&D.Apartir do conceito clássico de Schumpeter (1934)atéasabordagenscontemporâneaspromovidas pela OCDE (2005), observa-se que a inovação

está profundamente ligada à capacidade de adaptação das organizações, à criação de novos mercados e à renovação das práticas empresariais frente às demandassociais,tecnológicaseambientais

O panorama da inovação no Brasil revela avançosimportantes,sobretudonaarticulaçãoentre diferentes atores do ecossistema de inovação, como universidades, startups, agências de fomento e empresas Noentanto,osdadosaindaapontampara desafios estruturais, como o baixo investimento e acessoaosrecursosde P&D,aescassezdemãode obra qualificada e uma cultura empresarial pouco abertaaoriscoeàexperimentação

As vantagens da inovação são amplas e mensuráveis: maior produtividade, diferenciação competitiva, melhor relacionamento com clientes, sustentabilidade e capacidade de antecipar tendências. Esses fatores tornam a inovação não apenas desejável, mas essencial para que as empresas brasileiras se posicionem estrategicamente em mercados cada vez mais exigentes e interconectados

Para fomentar a inovação de forma efetiva, é necessário fortalecer a cultura organizacional orientada à criatividade, à colaboração e à aprendizagemcontínua Aliderançatempapelcentralnesse processo, estimulando ambientes propícios à experimentação, tolerância ao erro e construção coletiva de soluções. Além disso, políticas públicas bem estruturadas, instrumentos financeiros adequados e parcerias estratégicas com o ecossistema de inovação são elementos-chave para viabilizar essa transformação.

Ainovação deve ser tratada como uma política interna permanente e transversal, com métricas claras, investimentos consistentes e alinhamento com os objetivos estratégicos da organização Empresários e empreendedores brasileiros que compreendem essa lógica estarão mais bem preparados para enfrentar os desafios do presente e construir futuros mais resilientes, sustentáveis e competitivos

Referências

CHESBROUGH,H.W OpenInnovation:TheNewImperative forCreatingandProfitingfromTechnology Boston:HarvardBusiness SchoolPress,2003.

CHRISTENSEN,C. M.The Innovator’s Dilemma:When New Technologies Cause Great Firms to Fail. Boston: Harvard Business SchoolPress,1997.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI PanoramadaInovaçãonoBrasil.Brasília:CNI,2023.

HARGADON, A.; SUTTON, R. I. Building an Innovation Factory HarvardBusinessReview,v 78,n.3,p.157–166,2000. IBGE.PesquisadeInovação–PINTEC2017.RiodeJaneiro: IBGE,2020.

MCTI – MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.PolíticaNacionaldeInovação.Brasília:MCTI,2022. OECD – ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT Oslo Manual: Guidelines for Collecting and Interpreting Innovation Data. 3. ed. Paris: OECD, 2005.

PORTER, M. E. Competição: Estratégias Competitivas Essenciais.RiodeJaneiro:Campus,1999.

SCHUMPETER,J.A.TheTheoryofEconomicDevelopment. Cambridge:HarvardUniversityPress,1934.

TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da Inovação. 3. ed.PortoAlegre:Bookman,2008.

WIPO – WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. Global Innovation Index 2023. Genebra: WIPO, 2023.

O ESTÍMULO ESTRUTURAL À ENERGIAL SOLAR COMO FONTE

COMPLEMENTAR E SEGURA NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Cicero Carvalho Casagrande ccc@rcasagrande.com.br PERKUS Telhas

Administrador com especialização em Controladoria, Cicero Carvalho Casagrande construiu uma carreira sólida no setor de construção civil, com forte atuação em uma indústria de médio porte (R$ 50MM/ano) localizada em Santa Catarina, com escritórios e centros de distribuição no Brasil e nos Estados Unidos Atualmente, ocupa a posição de Diretor

Comercial,ondeéresponsávelpelagestãodecanaisdevenda,desenvolvimento de políticas comerciais, definição de metas e acompanhamento de resultados. Sua experiência abrange estratégias go-to-market para o lançamentodenovaslinhasdeprodutos,tantonomercadonacionalquanto internacional,alémdeamplaatuaçãoemgestãoadministrativaefinanceira

Resumo

A crescente demanda energética, aliada às mudanças climáticas e à busca por fontes limpas e renováveis, tem colocado a energia solar como um pilar estratégico na matriz energética global Este artigo analisa o papel do estímulo estrutural –envolvendo políticas públicas, infraestrutura, incentivoseconômicoseinovaçãotecnológica–naconsolidação da energia solar como fonte complementar e segura São discutidas práticas internacionais, desafios regulatórios e caminhos para o fortalecimentodaenergiasolarnoBrasilenomundo

Palavras-chave:Energiasolar;segurançaenergética; estímulo estrutural; fontes renováveis; políticas públicas.

Introdução

O Brasil, apesar de sua abundância em recursos renováveis, ainda depende fortemente da geração hidrelétrica, tornando-se vulnerável a crises hídricas Neste contexto, a energia solar desponta como uma alternativa estratégica, especialmente diante da necessidade de diversificação da matriz energéticaedapressãopordescarbonização. O crescimento populacional e industrial eleva exponencialmente o consumo de energia, exigindo soluções sustentáveis que conciliem segurança energética e preservação ambiental.Aenergia solar destaca-se por sua abundância, sustentabilidade e viabilidade técnica No entanto, sua consolidação depende de estímulos estruturais que promovam o desenvolvimento tecnológico, a integração à rede elétricaeaacessibilidadeeconômica

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Desenvolvimento

A energia solar tem ganhado relevância como alternativa sustentável diante da necessidade de transição energética Apesar do vasto potencial solar do Brasil, sua participação na matriz elétrica ainda é modesta Diversos fatores estruturais, como regulação, financiamento e infraestrutura, limitam a expansãodessafonte

Estudos recentes apontam que políticas públicas estáveis e incentivos econômicos são determinantesparaaadoçãodeenergiasrenováveis (IRENA, 2021).ALei nº 14.300/2022 trouxe avanços regulatórios, mas ainda ainda demanda complementações.

Experiências internacionais, como na Alemanha e China, mostram que subsídios diretos, metas claras e investimento em infraestrutura são essenciais para o sucesso da energia solar (IEA, 2023) No Brasil, a dependência hídrica representa risco à segurança energética, reforçando a necessidadedefontescomplementarescomoasolar

A falta de infraestrutura para conexão com a rede, os altos custos iniciais e a ausência de mecanismosdearmazenamentoemlargaescalalimitama confiabilidade da fonte. A crise hídrica de 2021 evidenciou a importância de fontes complementares como a solar, que apresentou desempenho consistente em termos de geração nos horários de pico de irradiação.

Comparativamente, Alemanha e China alcançaram níveis mais elevados de penetração solar graças a políticas estruturais integradas. No Brasil, há carência de planos de longo prazo e de políticas que combinem incentivo fiscal, subsídios cruzados, investimento em P&D e metas de penetração regionalizada

Perspectivas para o Brasil

Um dos principais desafios enfrentados pelo setor solar brasileiro é a volatilidade dos preços dos componentes e equipamentos fotovoltaicos, especialmente módulos fotovoltaicos, inversores e estruturas de suporte Esta volatilidade é influenciada por uma série de fatores globais, incluindo flutuações nas tarifas de importação, variações cambiais e a dinâmica internacional da oferta e demanda por estes componentes e equipamentos nos mercados (ABSOLAR,2024)

Nossopaísreúnecondiçõesideaisparaliderar a energia solar: radiação intensa, território vasto e mercado consumidor crescente. Contudo, é necessário fortalecer políticas de longo prazo, ampliar o acesso ao crédito e promover maior integração da solaràmatrizcentralizada.

A revisão do marco legal da GD (Lei nº 14.300/2022) apresenta tanto oportunidades quanto riscos, como a possível diminuição do ritmo de expansão por causa do fim de subsídios cruzados. Assim,políticasdetransiçãosãofundamentais.

Estímulo estrutural

O conceito de estímulo estrutural refere-se ao conjunto de medidas adotadas por governos e instituições com o objetivo de criar um ambiente propícioaodesenvolvimentosustentáveldedeterminados setores econômicos. No âmbito do setor energético, tais estímulos envolvem desde o planejamento estratégico de longo prazo até mecanismos de apoio financeiro e regulatório que incentivam a inovação, a modernização da infraestrutura e a capacitaçãotécnica.

Essas ações estruturantes têm papel fundamental na consolidação de mercados emergentes, na transição energética e na superação de barreiras tecnológicaseeconômicasquelimitamocrescimentosustentável Osprincipaisinstrumentosdeestímuloestruturalaplicadosaosetorenergéticosão:

• Políticas públicas: que desempenham papel central no direcionamento dos investimentos e na promoção da segurança jurídica e regulatória. Entre os principais instrumentos estão as leis de incentivo, tarifas feed-in e metas obrigatórias;

• Incentivos econômicos: visam reduzir o custo de entrada e operação em mercados estratégicos, promovendo maior participação de novos agentes com linhas de crédito, redução de impostos e benefícios fiscais e financiamentos de startups;

• Infraestrutura: fortalecimento da infraestrutura é essencial para garantir a integração de novas tecnologias e a expansão dos sistemas energéticos como: Modernização das redes elétricas, Investimentos em sistemas de armazenamento de energia e digitalização do setor energético;

• Capacitaçãotécnica:aqualificaçãodaforça detrabalhoeatransferênciadeconhecimentosão componentes-chave para garantir a sustentabilidade dos estímulos estruturais em programas de formação profissional, parcerias entre instituições de ensino, empresas e centros de pesquisa, e açõesdetransferênciadetecnologiaedisseminaçãodeboaspráticasoperacionais

Linhas Perkus Energy: Soluções integradas para geração fotovoltaica

em coberturas

Diantedessecenárioebuscandoporsoluções tecnológicassustentáveis,destaca-seacontribuição da indústria nacional na integração de sistemas fotovoltaicos ao setor da construção civil Inserida nesse contexto, a PERKUS desenvolveu a linha PERKUS Energy, composta por três modelos de telhas solares que aliam eficiência energética, adaptabilidade arquitetônica e viabilidade técnica paradiferentesaplicaçõesresidenciaisecomerciais Os principais modelos que compõem essa linhasão:

• Telha Solar 30W: concebida para integrarse de forma discreta a coberturas convencionais, essa telha une a função tradicional de proteção contra intempéries à capacidade de geração de energiaelétrica Representaumasoluçãoeficiente para edificações residenciais que visam conciliar desempenho energético com preservaçãoestéticadafachadaarquitetônica;

• Telha Plan Solar 10W: apresenta um design minimalistaecontemporâneo,permitindointegração estética com telhas cerâmicas convencionais É indicada para projetos arquitetônicos que valorizamaestéticamodernasemcomprometero aproveitamento da radiação solar para fins energéticos;

• TelhaSupernovaSolar50W:equipadacom células fotovoltaicas de alta eficiência, esse modelo destina-se a edificações com maior demanda energética, destacando-se pela elevada capacidade de geração e excelente relação custo-benefício É particularmente adequada para projetos que buscam maximizar a autossuficiência energética e reduzir a dependência da redeelétricaconvencional.

As telhas solares da linha PERKUS Energy apresentam parâmetros técnicos que asseguram desempenho elevado mesmo sob diferentes condições climáticas, garantindo confiabilidade e durabilidade do sistema ao longo do tempo As especificações detalhadas de cada modelo são apresentadas a seguir, com ênfase em suas características estruturais,elétricasefuncionais:

TelhaSolar30W

• Potêncianominal:30Wportelha

• Eficiênciadeconversãodeenergia:17%

• Tamanho:50x72,1cm

• Material:vidro

• Peso:6,50kgportelha

• Conectores:Mc4

• Certificação:INMETRO

TelhaPlanSolar10W

• Potêncianominal:10Wportelha

• Eficiênciadeconversãodeenergia:23%

• Tamanho:27x42cm

• Material:cerâmica

• Peso:1,42kgportelha

• Conectores:Mc4

• Certificação:INMETRO

TelhaSupernovaSolar50W

• Potêncianominal:50Wportelha

• Eficiênciadeconversãodeenergia:22,7%

• Tamanho:48x117,4cm

• Material:plásticoinjetadodealtaresistência

• Peso:7,30kgportelha

• Conectores:Mc4

• Certificação:INMETRO

As especificações técnicas das telhas solares da linha PERKUS evidenciam sua versatilidade de aplicação, permitindo sua utilização em uma ampla gama de projetos arquitetônicos, desde unidades habitacionais unifamiliares até empreendimentos de grande porte. A elevada eficiência na conversão da energia solar em eletricidade, aliada à robustez e à durabilidade dos materiais empregados na fabricação, posiciona esses produtos como alternativas tecnológicas competitivas no segmento de geração distribuídaeenergiarenovável

Conclusão

A energia solar possui papel estratégico como fonte complementar e segura para o sistema elétrico brasileiro. No entanto, sua consolidação como fonte complementar e segura requer estímulo estrutural coordenado, abrangendo políticas públicas, incentivos econômicos e inovação tecnológica Países que adotam essa abordagem têm avançado significativamente na transição energética. Para o Brasil, trata-se não apenas de uma oportunidade, mas de uma necessidade para garantir soberania energética, desenvolvimentosustentávelecompetitividadeglobal

Referências

ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica). Relatório Técnico, 2023. Disponível em: https://abradee.org.br/wp-content/uploads/2023/12/Relatorio-Sustentabilidade.pdf Acesso em 07.jul.2025

ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). Artigo A evolução tecnológica fotovoltaica e seus benefícios ao Brasil, 2024. Disponível em: https://www.absolar.org.br/artigos/a-evolucaotecnologica-fotovoltaica-e-seus-beneficios-ao-brasil/Acessoem:11.jul.2025

IRENA (2021). Renewable Energy and Electricity Storage: Technology Brief. Disponível em: https://www.irena.org//media/Files/IRENA/Agency/Publication/2021/Aug/IRENA_Renewable_Energy_Statistics_2 021.pdf Acessoem02.jul.2025

IEA – International Energy Agency (2023) World Energy Outlook 2023 Disponível em: https://www.iea.org/reports/world-energy-outlook-2023Acessoem03.jul.2025

AS MUDANÇAS NO MERCADO DE ENERGIA SOLAR APÓS A LEI

14.300: AVANÇOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

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Adriana Silva , Felipe Detzel Kipper , Jaqueline de Mattia e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Formação técnica em contabilidade na escola técnica FACCENTRO.ÉgraduandadocursodeDireitonaUniversidadedoVale doRiodosSinos(UNISINOS).AtualmenteexerceocargodeGestorade Produçãona³S-SolarSustainableSolutions.

²Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE³M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE³M, da UFRGS (²⁰²¹). Graduaçãoem Engenhariaem Energia pelaUniversidadeEstadualdo RioGrandedo Sul(²⁰¹⁸).Tem experiência na área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energia e desenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

³Doutoranda no Programa de Bioenergia da Faculdade de CiênciaseTecnologianaUniversidadeNovadeLisboa.Possuimestrado em Educação pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia (IF-Sul Pelotas) atualmente é professora assistente da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), atuando nos cursos de Pedagogia e CiênciaeTecnologiadeAlimentos.

⁴Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

Resumo

A Lei 14 300/2022, que estabeleceu o marco legaldageraçãodistribuídanoBrasil,trouxemudanças significativas para o setor de energia solar, especialmente no que diz respeito aos sistemas de compensação de energia, prazos de transição e regulação tarifária. Este artigo analisa os principais avanços promovidos pela legislação, como a segurançajurídicaparainvestimentosemmicroeminigeração distribuída, e os desafios decorrentes, incluindo a redução de incentivos e a adaptação do

mercado a um novo modelo de remuneração Utilizando dados da ABSOLAR, ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e EPE (Empresa de Pesquisa Energética), avalia-se o impacto da lei no crescimento do setor fotovoltaico, na competitividade e nos modelos de negócio.Além disso, discutemse as perspectivas futuras, considerando a transição energética, inovações tecnológicas e a necessidade de políticas complementares para consolidar a energia solar como pilar da matriz elétrica brasileira

Conclui-se que, embora a Lei 14 300 represente um avanço na regulação, sua implementação ainda enfrentaobstáculosquepodeminfluenciaroritmode expansãodageraçãodistribuída

Palavras-chave: geração distribuída; marco legal; transição energética; fotovoltaico; regulação; mercadoenergético

Introdução

A energia solar fotovoltaica tem ganhado destaque no Brasil e no mundo como uma das principaisalternativasparaadiversificaçãodamatriz energética e a redução de emissões de carbono No Brasil, a GD (geração distribuída) cresceu exponencialmente na última década, impulsionada por incentivos regulatórios, redução de custos tecnológicos e aumento da demanda por fontes renováveis Noentanto,aausênciadeummarcolegalespecífico gerava insegurança jurídica para investidores e consumidores.

A Lei 14.300, sancionada em janeiro de 2022, buscou estabelecer regras claras para a GD, especialmentenoqueserefereàcompensaçãodecréditos de energia, prazos de transição e tarifação. Este artigo tem como objetivo analisar os impactos dessa legislação no mercado de energia solar, destacando avanços, desafios e perspectivas para os próximos anos

Revisão de Literatura e Fundamentação Teórica

A GD no Brasil foi inicialmente regulamentada pela Resolução Normativa 482/2012 daANEEL, que definiu os parâmetros para microgeração (até 75 kW) e minigeração (de 75 kW a 5 MW para fontes hídricaseaté3MWparaoutrasfontes),permitindoa conexão à rede elétrica e instituindo o sistema de compensação de créditos Posteriormente, a Resolução 687/2015 ampliou as possibilidades de GD, reclassificando os limites de potência para minigeração (até 5 MW para todas as fontes, exceto hídrica, que manteve o limite anterior) e incluindo modalidadescomogeraçãocompartilhada,autoconsumoremotoecondomíniossolares.

ALei14.300/2022consolidouessasregrasem um marco legal, introduzindo mudanças como a criação de uma transição gradual para novos modelostarifárioseadefiniçãodeprazosparaamanutenção de benefícios aos sistemas já instalados Estudos como os daABSOLAR (2023) e EPE (2022) destacam que a lei trouxe maior previsibilidade, mas também reduziu a atratividade para novos consumidoresdevidoàintroduçãodecustosadicionais

Análise Técnica da Lei 14.300

A promulgação da Lei nº 14 300/2022 representou uma mudança estrutural no modelo de compensação de energia elétrica para sistemas de geração distribuída (GD) no Brasil Essa legislação substituiu o sistema de compensação integral — conhecidocomonetmetering—porummodelomais complexo, que introduz encargos tarifários progressivos sobre os créditos energéticos gerados por unidadesconsumidorascomgeraçãoprópria.

Sob o regime anterior, os consumidores que injetavam energia excedente na rede recebiam créditos correspondentes ao valor integral da tarifa de energia Com a nova legislação, esse modelo foi reformulado Para os sistemas conectados até o dia 6 de janeiro de 2023, ficou garantida a isenção total das tarifas de uso do sistema de distribuição (TUSD) e do sistema de transmissão (TUST) por um período de25anos,conformeprevistonoartigo4º,parágrafo 1º da referida lei Isso assegurou aos primeiros aderentes a manutenção do benefício máximo, evitando desestímulos imediatos aos investimentos em energia solar distribuída já planejados ou em implantação

Por outro lado, as conexões realizadas a partir de 7 de janeiro de 2023 passaram a seguir regras mais rigorosas.Alegislação instituiu um cronograma de transição tarifária, escalonado em fases. Na primeira fase, compreendendo os anos de 2023 e 2024, os créditos passaram a sofrer um desconto de 15% da TUSD Na segunda fase, que vigorará entre 2025e2026,essepercentualaumentarápara30%e passará a incluir também a incidência da TUST Já a partir de 2027, com a entrada em vigor da terceira fase,serácobradoototaldosencargos—excetuando-se casos específicos como o de minigeradores comcontratodedemanda,conformeartigo17dalei Essa reconfiguração teve impactos econômicos significativos sobre a viabilidade dos projetos fotovoltaicos, sobretudo de menor porte Um estudo realizado pela PUC-Rio em 2023 identificou que a taxa interna de retorno (TIR) média de projetos residenciais caiu de 18% para 12% após a vigência da nova norma. Consequentemente, o tempo de retorno do investimento (payback) aumentou de quatroparaseisanos,oquereduziusensivelmentea atratividadedosetorparapequenosconsumidores. A Lei também delimitou prazos claros para o enquadramento dos projetos em relação aos benefíciosdecompensação Projetoscadastradosaté6de janeiro de 2023 garantiram o direito à isenção integral de encargos por 25 anos Para instalações que, embora adquiridas antes dessa data, só puderam ser conectadas posteriormente, a Medida

Provisória 1 213/2023 abriu uma janela excepcional até janeiro de 2024, permitindo que tais consumidores ainda usufruíssem de parte dos benefícios anteriores Jáosprojetosnovos,iniciadosapósesse prazo, passaram a seguir integralmente as novas regras de tarifação, enfrentando um cenário mais oneroso

O impacto dessa transição foi particularmente evidenteemsetorescomoodaminigeraçãoindustrial Dados da ANEEL revelam que em 2023 houve umaquedade22%nassolicitaçõesdeconexãopara usinas de 500 kW a 1 MW, sinalizando uma retração no interesse por novos empreendimentos nessa faixa de potência, que exige maior capital inicial e horizontederetornomaisextenso.

Definições de Porte e Aplicações

No que se refere às definições de porte e às aplicações permitidas, a Lei 14 300 trouxe maior clareza normativa A microgeração, definida como sistemas com potência instalada de até 75 kW, passou a contar com isenção parcial de encargos A minigeraçãofoisubdivididaemdoisgrupos OGrupo A, com potência entre 75 kW e 1 MW, passou a se submeter a regras progressivas para cobrança de TUST, conforme o artigo 5º, inciso III. Já o Grupo B, com potência entre 1 MW e 5 MW, passou a ser tratado de forma diferenciada, com previsão de participação em leilões específicos para geração distribuída,conformeestabelecidonoartigo9º

Essa classificação por faixas de potência tem implicações diretas sobre o modelo de negócios adotado, o regime tarifário aplicável e as oportunidades de acesso a políticas públicas de incentivo, como contratos de demanda, linhas de financiamento e participação em programas de geração compartilhada

Assim,aLei14 300consolidouumnovomarco regulatório para a GD no Brasil, equilibrando o estímulo à energia renovável com a busca por sustentabilidade econômica do setor elétrico No entanto, as alterações introduzidas também impuseram novos desafios, sobretudo para pequenos produtores, que passaram a enfrentar um cenário de menor previsibilidade econômica e maior carga tarifária, exigindo uma adaptação estratégica por partedosdiversosagentesdomercado.

Alterações Tarifárias e Custos

Setoriais na Geração Distribuída

A Lei nº 14 300/2022, que estabeleceu o marco legal da GD no Brasil, introduziu mudanças significativas na estrutura tarifária do setor, com impactos diretos na economia dos sistemas de

energia solar Uma das principais inovações foi a criação daTR (Tarifa de Referência)Art 14 da Lei nº 14 300/2022:queservecomobaseparaocálculoda compensação de créditos energéticos, alterando substancialmente a equação econômica dos projetossolares

Para consumidores residenciais, as novas regras estabeleceram que apenas 80% da tarifa cheia pode ser abatida nas contas de luz, significando que parte dos encargos (como custos de rede e impostos) deixou de ser integralmente compensada Essa mudança reduziu significativamente a atratividade dos investimentos em pequena escala Já para consumidores comerciais e industriais, foi adotado o conceito de "valor de energia evitada", onde a compensação considera o custo que a distribuidora teriaparaadquiriressaenergianomercado-normalmente inferior ao valor total pago pelo consumidor final

Dados revelam o impacto concreto dessas alterações: o valor médio dos créditos energéticos caiu de R$ 0,75 para R$ 0,58 por kWh, uma redução de 23% Essa mudança teve efeitos imediatos no mercado, com o segmento residencial registrando queda de 41% nas instalações em 2023 A ABSOLAR aponta que estados com alta carga de ICMS, como Rio de Janeiro e São Paulo, foram os mais afetados, com quedas que chegaram a 60% nasnovasconexões(CCEE,2024)

Crescimento do Mercado Corporativo e PPAs (Power Purchase Agreements)

Enquanto o segmento residencial enfrentava desafios, o mercado corporativo apresentou crescimento robusto, com aumento de 17% na contratação via PPAs em 2024, segundo dados da CBIE (Clearing Brasileiro de Energia). Grandes consumidores,comoredesvarejistasedatacenters, impulsionaramessaexpansão. Doiscasosemblemáticosilustramessatendência:oMagazineLuiza,queexpandiuseuprojetosolar de 4,9 MWp em 2020 para 10 MWp em 2022 através de parceria com a GreenYellow; e o Walmart Brasil, que firmou em 2024 um dos maiores PPAs corporativos do país - 140 MW com a Elera Renováveis, suficiente para abastecer cerca de 200 mil pessoas (EPBR,2024),GreenYellow(COMUNICADO,2022)

Reconfiguração da Cadeia de Valor e Impactos Setoriais

O novo cenário regulatório provocou significativa reestruturação no mercado A consultoria Greener (2024) registrou que 15% das integradoras

saíramdomercado,restandoapenasempresascom maior capacidade operacional. Paralelamente, observou-se um movimento de consolidação, com a multinacional Engie adquirindo três distribuidoras de kitssolares

O perfil dos investidores também mudou: fundos de infraestrutura como o Vinci Partners passaram a dominar 40% dos projetos acima de 1 MW, segundo dados da ANEEL (Agência Nacional deEnergiaElétrica) Paraasdistribuidoras,asnovas regras trouxeram alívio financeiro - a PSR (Energy Consulting &Analytics) estima economias de R$ 2,1 bilhões com a redução de créditos integrais, mas também geraram conflitos, com 12 ações judiciais movidas por concessionárias contra as regras de conexão da GD (STJ – Superior Tribunal de Justiça, 2024).

Desafios e Perspectivas Futuras

O setor enfrenta obstáculos significativos para sua expansão sustentável As barreiras regulatórias incluem desde a variação estadual do ICMS (de 0% no Mato Grosso a 25% no Rio de Janeiro) até restrições técnicas impostas por distribuidoras, que afetam 38% das conexões segundo o ONS (OperadorNacionaldoSistemaElétrico).

Economicamente, o aumento das taxas de juros em 3 pontos percentuais desde 2022 dificultou o financiamento, enquanto consumidores rurais enfrentam sobrecustos de 20% em sistemas off-grid devido à taxação de equipamentos importados Do ponto de vista técnico, apenas 2% dos projetos incorporam armazenamento em baterias, e cerca de 1,2 GW de capacidade instalada opera abaixo do potencial devido às limitações na infraestrutura (CCEE,2024).

As projeções para 2030 variam conforme o cenário regulatório: mantidas as condições atuais, a IEA (Agência Internacional de Energia) projeta 28 GW de GD instalada; com reformas proativas (como harmonização tributária e financiamento subsidiado), a EPE estima potencial para 45 GW. Oportunidades emergentes incluem o mercado de carbono - com potencial para 12 milhões de CBIOs (Créditos de Descarbonização) anuais - e projetos comunitários, como o Solar Favela no Rio, que demonstrou reduções de 90% nas contas de luz em áreas vulneráveis (MME – MINISTÉRIO DE MINAS EENERGIA,2024)

Principais Avanços da Regulamentação da Geração

Distribuída no Brasil

Oestabelecimentodeummarcolegalespecífico para a Geração Distribuída (GD) representou um

significativo avanço para o setor elétrico brasileiro, trazendo consigo três conquistas fundamentais Em primeiro lugar, proporcionou estabilidade regulatória, encerrando uma década de insegurança jurídica que especialmente afetava investidores institucionais O período de transição estabelecido entre 2023 e 2045 permitiu uma adaptação gradativa do mercado, evitando mudanças bruscas que poderiam causar instabilidadenosetor

Outro importante avanço foi a promoção da sustentabilidade financeira do sistema elétrico A introdução de encargos sobre a TUSD e TUST corrigiu distorções tarifárias que anteriormente oneravam desproporcionalmente os consumidores sem sistemas de GD, equilibrando de forma mais justaoscustosdosistemacomoumtodo.

A nova legislação também fortaleceu modelos inovadores de negócios no setor. Além do autoconsumo tradicional, a lei impulsionou o desenvolvimento de contratos de PPA e modelos de geração compartilhada,diversificandoasopçõesdisponíveispara produtoreseconsumidoresdeenergiarenovável

Limitações e Desafios da Nova Regulamentação

Apesar dos avanços, a atual regulamentação apresenta algumas limitações significativas Uma das principais consequências foi a redução da atratividade para pequenos consumidores. O alongamento do período de payback em 30% a 50% para sistemas residenciais freou a expansão da GD justamente nos segmentos mais importantes para a democratizaçãodoacessoàenergiasolar.

Observam-se também assimetrias regionais preocupantes Estados com carga tributária mais elevada, como Rio de Janeiro e São Paulo, registraram quedas acentuadas (até 35% em 2023) no número de novas instalações, o que vem aprofundando as desigualdades regionais no acesso às tecnologiasdegeraçãodistribuída

Outro ponto de preocupação é a incerteza regulatória pós-2027 A falta de clareza sobre como será conduzida a revisão tarifária após esse período tem desestimulado investimentos de longo prazo, particularmenteemprojetosdeminigeraçãoindustrial, que exigem horizontes temporais mais extensos parasetornaremviáveis

Recomendações para o Fortalecimento do Setor

ParaconsolidaropapelestratégicodaGDsolar na transição energética brasileira, são necessárias várias medidas complementares. Primeiramente, recomenda-se a realização de revisões regulatórias

incrementais, incluindo a criação de mecanismos de compensação para consumidores de baixa renda (como subsídios cruzados via CDE (Conta de DesenvolvimentoEnergético)eoestabelecimentode critérios transparentes para a revisão tarifária de 2027, com ampla participação dos stakeholders do setor

A integração com novas tecnologias é outro eixo fundamental É importante incorporar soluções como armazenamento em baterias e hidrogênio verde nos cálculos de compensação, alinhando a legislação brasileira às inovações globais em energia limpa

A harmonização tributária emerge como outra prioridade. A uniformização da cobrança de ICMS sobre a GD em todos os estados, seguindo o Convênio ICMS 16/2023, eliminaria distorções competitivas e facilitaria a expansão equilibrada do setoremtodoterritórionacional.

Por fim, o fortalecimento de políticas complementares é essencial A expansão de linhas de crédito específicas, como o BNDES Finame Solar, poderia ajudar a compensar o aumento dos custos iniciais e manter o ritmo de adoção da geração distribuídaentrediferentesperfisdeconsumidores

Esta abordagem multifacetada permitiria ao Brasil aproveitar plenamente o potencial da geração distribuída, conciliando objetivos de sustentabilidade ambiental, justiça social e desenvolvimento econômiconosetorenergético

Conclusão

A Lei 14.300/2022 representou um marco fundamental para a consolidação da GD de energia solar no Brasil, equilibrando segurança jurídica e sustentabilidade financeira do setor elétrico Ao estabelecer regras claras para compensação tarifária, prazos de transição e novos modelos de negócios, a legislação trouxe previsibilidade para investidores, especialmente no mercado corporativo,ondeosPPAsganharamdestaque Noentanto,a redução de incentivos para pequenos consumidores e as assimetrias regionais em tributação evidenciaram desafios significativos, como a queda nas instalações residenciais e a concentração de investimentosemgrandesprojetos.

Apesar dos avanços, a implementação da lei ainda enfrenta obstáculos, como a incerteza regulatória pós-2027, a necessidade de harmonização tributária e a integração de tecnologias emergentes, comoarmazenamentoembaterias Osetordemonstrou resiliência, com consolidação de empresas e maior participação de fundos de infraestrutura, mas a expansão equitativa da GD exigirá políticas complementares, como linhas de crédito acessíveis e incentivosparaconsumidoresdebaixarenda O futuro da energia solar distribuída no Brasil dependerá da capacidade de equilibrar eficiência econômica, justiça social e inovação tecnológica A Lei 14.300 foi um passo essencial, mas seu legado será definido pela evolução do diálogo entre governo, setor privado e sociedade, garantindo que a transição energética seja inclusiva, sustentável e alinhada com as demandas do sistema elétrico nacional

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012. Estabelece as condições gerais para o acessode microgeraçãoe minigeraçãodistribuídaaos sistemasde distribuiçãode energiaelétrica.DiárioOficialdaUnião,Brasília,DF,18abr 2012.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015. Altera a Resolução Normativa nº 482/2012para aprimoraras condiçõespara a geraçãodistribuída.DiárioOficialda União,Brasília,DF,25nov 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA (ABSOLAR). Anuário ABSOLAR 2023: Mercado de Energia Solar no Brasil. São Paulo:ABSOLAR,2023.

BLOOMBERGNEF "Grid Parity em Armazenamento Híbrido: PerspectivasparaoBrasil".RelatórioTécnico,2024 BRASIL. Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022. Institui o marco legal da microgeraçãoeminigeraçãodistribuídadeenergiaelétrica.DiárioOficialdaUnião, Brasília,DF,7jan.2022.

CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (CCEE). Dados de Compensação de Créditos de Energia (2024) Disponível em: www.ccee.org.br Acessoem:10jun.2024.

CENTRODEPESQUISASEMENERGIAELÉTRICA(CEPEL).Impactos da Lei 14.300/2022 na Viabilidade Econômica de Projetos Fotovoltaicos. Rio de Janeiro:CEPEL,2023.

COMITÊ DE MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO (CMSE). RelatórioAnual2024:BalançoEnergéticoNacional.Brasília:MME,2024.

COSTA, A B ; SANTOS, R T "Análise Econômica de Sistemas Fotovoltaicos Residenciais Pós-Lei 14.300/2022". Energia & Sustentabilidade, v 12,n.1,p.112-130,2024.

EMPRESADEPESQUISAENERGÉTICA(EPE).GeraçãoDistribuídano Brasil:CenáriosePerspectivas(2022-2030).RiodeJaneiro:EPE,2022. GREENER. Pesquisa de Mercado: Fusões e Aquisições no Setor Solar (2024).Disponívelem:www.greener.com.br Acessoem:10jun.2024. PUC-RIO. "Efeitos daTarifação Progressiva naTaxa Interna de Retorno (TIR)deProjetosSolares".EstudosEconômicosAplicados,RiodeJaneiro,2023. SILVA, J. P.; OLIVEIRA,M. F "ANova Regulaçãoda GeraçãoDistribuída no Brasil:Impactose Desafios".RevistaBrasileirade Energia,v 28, n. 2, p. 45-68, 2023.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). Ações das Distribuidoras contraRegrasdeConexão(Processos2023/2024).Brasília:STJ,2024.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) Ações Diretas de Inconstitucionalidade(ADIs)sobreTributaçãodeGDSolar Brasília:STF,2024.

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AGROVOLTAICO: INTEGRANDO ENERGIA SOLAR E PRODUÇÃO AGRÍCOLA

PARA A SUSTENTABILIDADE DO USO DO SOLO

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Felipe Detzel Kipper , Adriana Silva , Jaqueline de Mattia e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS (2021). Graduação em Engenharia em Energia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2018).Tem experiênciana área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energiaedesenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

²Formação técnica em contabilidade na escola técnica FACCENTRO.ÉgraduandadocursodeDireitonaUniversidadedoVale doRiodosSinos(UNISINOS).AtualmenteexerceocargodeGestorade Produçãona3S-SolarSustainableSolutions.

³Doutoranda no Programa de Bioenergia da Faculdade de CiênciaseTecnologianaUniversidadeNovadeLisboa.Possuimestrado em Educação pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia (IF-Sul Pelotas) atualmente é professora assistente da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), atuando nos cursos de Pedagogia e CiênciaeTecnologiadeAlimentos.

⁴Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

Resumo

O sistema agrovoltaico representa uma alternativaparaaotimizaçãodousodaterra,promovendosimultaneamenteàgeraçãodeenergiasolare à produção de alimentos. Esta pesquisa tem como objetivo analisar o estado da arte de sistemas agrovoltaicos, com ênfase no contexto brasileiro, explorando seus benefícios, desafios e potencial de integração em diferentes biomas, apresentando também os ganhos em produtividade agrícola e

Palavras-chave: agrovoltaico; energia solar; sustentabilidade;usodosolo Acesse energia3s.com.br e

eficiência energética, além de contribuir para a resiliência climática e a segurança alimentar. Além disso, é apresentado o projeto que vem sendo desenvolvido pela Polymigma Tech. A adoção de sistemas agrovoltaicos no Brasil depende da articulação entre políticas públicas, regulação setorial e incentivosàinovação

Introdução

Usinas fotovoltaicas tradicionais requerem grandes áreas para instalação e operação, competindo diretamente com terras agrícolas e limitando o espaçoparaaproduçãodealimentos

O aumento da demanda por energia limpa e a necessidade de produção agrícola eficiente têm motivado o desenvolvimento de soluções que otimizem o uso dos recursos naturais, em especial o solo. Nesse contexto, o sistema agrovoltaico surge como uma proposta que alia a geração de energia solar fotovoltaica com a agricultura, possibilitando a utilização compartilhada de uma mesma área para duasfinalidadesessenciais

Essa integração, que está em fase inicial no Brasil, apresenta um potencial significativo para transformar as dinâmicas de produção agrícola e de oferta de energia, promovendo maior sustentabilidade, eficiência e resiliência aos impactos das mudançasclimáticas

A relevância do tema se intensifica diante do desafioglobaldereduçãodasemissõesdegasesde efeito estufa e da crescente pressão por alimentos em um cenário de expansão populacional O Brasil, com sua ampla disponibilidade de radiação solar e extensas áreas agrícolas, apresenta condições favoráveis à adoção de modelos agrovoltaicos, podendo se tornar referência global na implementaçãodessatecnologia.

Referencial teórico

O conceito de agrovoltaico foi introduzido por Goetzberger e Zastrow (1982), ao proporem o uso combinado de áreas agrícolas com módulos fotovoltaicos instalados em estruturas elevadas, permitindo o cultivo de plantas sob os módulos Aideia parte do princípiodequeépossívelconciliarasnecessidades de luz das culturas com a captação solar para geração de energia, criando sinergias que podem beneficiarambosossistemas

Estudos demonstram que, em determinadas condições, o sombreamento parcial causado pelos módulos pode até melhorar o microclima das plantações, reduzindo a evapotranspiração e o estresse hídrico das culturas (AMADUCCI et al., 2018). Além disso,osombreamentocontroladopodeservantajoso para culturas como alface, espinafre, tomate e outras hortaliças, que respondem positivamente a menoresíndicesderadiaçãodireta

O modelo agrovoltaico vem sendo testado e implementado em países como França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos, com resultados promissores tanto em produtividade agrícola quanto em eficiência energética (MALU et al , 2017) No

Brasil, embora ainda em fase experimental, há registros crescentes de iniciativas conduzidas por instituições públicas, como a Embrapa Semiárido, e por empresas privadas voltadas à inovação no agronegócio

Sistemas agrovoltaicos

Os sistemas agrovoltaicos proporcionam uma série de diferenciais, especialmente em regiões semiáridas, onde o sombreamento proporcionado pelos módulos contribui para a conservação da umidade do solo e maior estabilidade das culturas. Duarte et al. (2020) relatam aumento de até 15% na produtividade de culturas hortícolas sob arranjos agrovoltaicos em relação a cultivos convencionais, alémdesignificativareduçãonoconsumohídrico

Dopontodevistaenergético,aintegraçãocom a geração distribuída fotovoltaica permite maior autonomia das propriedades rurais, contribuindo para a redução de custos operacionais e para a descarbonização da matriz energética local. Em zonas remotas, onde o acesso à energia é limitado ou oneroso, projetos agrovoltaicos podem ser considerados como uma possibilidade descentralizadaedealtoimpactosocial

Em termos regulatórios, o panorama internacionalrevelaabordagensdistintasparaviabilizaçãodo modelo agrovoltaico. Na França, por exemplo, a legislação foi atualizada para incluir os chamados "projetos de dupla utilização do solo" (dual-use projects), permitindo o acesso a incentivos públicos para sistemas agrovoltaicos desde que comprovada a manutenção da produtividade agrícola. Já na Alemanha, políticas como o EEG (ErneuerbareEnergien-Gesetz) passaram a contemplar tarifas específicas para instalações agrovoltaicas, favorecendo sua viabilidade econômica No Japão, iniciativas governamentais têm financiado centros de pesquisa voltados à adaptação de culturas ao sombreamento parcial, com apoio técnico aos agricultores

No Brasil, a ausência de um marco normativo específico cria insegurança jurídica para os investidores Iniciativas pontuais, como os projetos da Embrapa Semiárido e da Universidade Federal do Ceará, demonstram viabilidade técnica e agronômica, mas esbarram em barreiras regulatórias, como a classificação fundiária e os critérios de acesso à compensação energética. Estudos conduzidos pela ABSOLAR (2023) sugerem que a definição de normas para o uso compartilhado do solo poderia destravar um mercado com potencial estimado em maisde15GWaté2035

Estudos de caso em operação no estado do Ceará mostram que pequenas propriedades familiares conseguiram aumentar sua renda em até 40% por meio da venda de excedente energético e da reduçãodecustoscomirrigação

Projeto de inovação

Neste contexto, a startup Polymigma Tech, do conglomerado Nous Group, vem desenvolvendo uma nova tecnologia voltada para atender o mercado agrovoltaico As vantagens competitivas dessa tecnologia residem em sua capacidade de atender simultaneamente a duas necessidades críticas — geração sustentável de energia e aumento da produtividade agrícola integrando sistemas agrovoltaicos que otimizam o uso da terra por meio de um filme polimérico inovador de base biológica Esse filme, quando incorporado em módulos fotovoltaicos, não apenas gera energia limpa, mas também melhora o crescimento das culturas vegetais, convertendo a luz infravermelha em luz visível, melhorando a fotossíntese. Essa solução de dupla finalidade maximiza a eficiência do uso da terra, tornando-a ideal para áreas onde a terra é escassa ou cara Além disso, a abordagem apoia a transição para uma economia de baixo carbono e se alinha às metas globais de sustentabilidade, oferecendo uma proposta de mercado única para aqueles que buscam inovar nos setores de bioeconomia, energia renováveleagricultura Aintegraçãodessastecnologias fornece um modelo escalável e eficiente em termos de recursos que pode ser aplicado globalmente, tornando-se uma solução atraente para uma amplagamadeindústrias

As avaliações atuais indicam que a tecnologia possui potencial para duas aplicações principais: (i) aplicada diretamente em estufas e coberturas agrícolas como filtro seletivo de radiação para proteção de culturas, e (ii) integrada a sistemas fotovoltaicos em geral, podendo otimizar sua eficiência e promovendo a transição energética. O custo de implementaçãovariarádependendodefatorescomo escala do projeto, infraestrutura existente e o modo deaplicaçãoescolhido(integradoouautônomo) Em ambos os cenários, espera-se que a tecnologia contribua para o aumento da produtividade agrícola e para a mitigação de efeitos climáticos adversos, proporcionandoumvaloragregadosignificativopara iniciativasdeagriculturaeenergiasustentáveis

O projeto é ideal para regiões com disponibilidade limitada de terras ou onde a agricultura e a produção de energia podem coexistir, como áreas rurais na Europa, África, América Latina, Brasil e Ásia, bem como zonas de cultivo em estufas no

Mediterrâneo e na América do Norte Também é adequado para regiões ricas em energia solar, como a maior parte da África, o sudoeste dos EUA, a Austrália e o Oriente Médio, onde a energia solar pode ser maximizada para apoiar iniciativas de agriculturasustentáveleenergialimpa Alémdisso,o uso do filme diretamente em estufas e coberturas agrícolas permite sua aplicação em diversas regiões agrícolas, onde a filtragem seletiva da radiação solar é necessária para proteger as culturas de comprimentos de onda nocivos Se o filme for aplicado em módulos fotovoltaicos em geral, a tecnologia terá alcanceglobal.

Considerações Finais

A tecnologia agrovoltaica configura-se como uma solução inovadora e estratégica para a sustentabilidade da produção agroenergética no Brasil. Ao promover o uso eficiente do solo e potencializar a sinergia entre energia e agricultura, os sistemas agrovoltaicos contribuem para enfrentar desafios estruturais do setor rural, além de fortalecer o papel do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono Os estudos de caso internacionais demonstram que marcos regulatórios adequados e políticas públicas de incentivo são decisivos para a expansãodomodelo

No contexto brasileiro, é importante que o setorpúblicoatuenaelaboraçãodenormasespecíficas, que reconheçam e estimulem a dupla utilização produtiva da terra Ao mesmo tempo, o setor privado easinstituiçõesdepesquisadevemcolaborarparao desenvolvimento de soluções técnicas adaptadas à realidadedocampobrasileiro.

A articulação entre inovação tecnológica, regulação e financiamento é fundamental para transformar o sistema agrovoltaico em um vetor de sustentabilidade e competitividade no agronegócio nacional.

Referências

AMADUCCI,S. et al.Agrivoltaicsystemsto optimizeland use: a review Agronomy for Sustainable Development, v 38, n. 3, p. 1–13, 2018.https://doi.org/10.1007/s13593-018-0516-4.

DUARTE, D. M. et al. Sistemas agrovoltaicos no Brasil: uma revisão das oportunidades e desafios. Revista Brasileira de Energia Renovável,v 9,n.1,p.32–45,2020.

EMBRAPA. Energia solar no semiárido: uso agrovoltaico como alternativasustentável.Petrolina:EmbrapaSemiárido,2022.Disponível em:https://www.embrapa.br Acessoem:10jul.2025.

GOETZBERGER, A.; ZASTROW, A. Potentials of combining solar energy and agricultural production. International Journal of Solar Energy,v 1,n.1,p.55–69,1982.

MALU, P R. et al. Agrivoltaic potential on grape farms in India. Sustainable Energy Technologies and Assessments, v 23, p. 104–110, 2017.

ABSOLAR Estudo técnico: Oportunidades e desafios da energia solar fotovoltaica em sistemas agrovoltaicos São Paulo: ABSOLAR,2023.

INOVAÇÕES EM ENERGIA SOLAR: ESTRATÉGIAS PARA

INTEGRADORAS BRASILEIRAS CRESCEREM NO MERCADO

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Felipe Detzel Kipper e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS (2021). Graduação em Engenharia em Energia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2018).Tem experiênciana área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energiaedesenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

²Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com

recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

Resumo

O mercado de energia solar no Brasil passa por um processo de consolidação, exigindo das empresas integradoras uma atuação mais estratégica e inovadora. Este artigo analisa as principais inovações tecnológicas, destacando como essas soluções podem ser incorporadas para ampliar a competitividade das integradoras. Estratégias comerciais e operacionais são discutidas, com ênfase na diferenciação por valor, expansão do portfólio de serviços e uso de ferramentas digitais paraescalabilidade Umdospontoscentraisaborda-

dos é a criação de modelos de receita recorrente por meio do pós-venda, incluindo manutenção preventiva, limpeza técnica, monitoramento remoto e planos de atualização tecnológica. Para prosperar em um mercado cada vez mais competitivo, as integradoras devem transformar sua atuação pontual em soluçõesenergéticascompletaserecorrentes,tornandoseparceirasdelongoprazodeseusclientes

Palavras-chave: energia solar; empresas integradoras;receitarecorrente

Acesse

Introdução

A transição energética global tem colocado as fontes renováveis no centro das estratégias de desenvolvimento sustentável No Brasil, a energia solarfotovoltaicasedestacacomoumadasalternativas mais promissoras, não apenas pela abundância de irradiação solar ao longo do território, mas também pelos avanços regulatórios e pelo crescente interesse do mercado consumidor. Esse cenário, que já foi muito atrativo, impulsionou a atuação das empresas integradoras — responsáveis pela comercialização, engenharia, instalação e pela manutenção de sistemas solares — que hoje desempenham papelcrucialnadifusãodaenergiasolarfotovoltaica, pormeiodageraçãodistribuída(GD)

Entretanto, à medida que o setor amadurece, as oportunidades se tornam mais sofisticadas e os desafios mais complexos A competitividade crescente, as margens mais apertadas e as mudanças no comportamento do consumidor exigem que as integradoras se reinventem para se manterem relevantes e sustentáveis Neste contexto, a inovação passa a ser um diferencial estratégico indispensável, seja por meio da adoção de novas tecnologias, da reestruturação do modelo de negócio ou da ampliaçãodosserviçosoferecidos

Este artigo aprofunda a discussão sobre as principais inovações tecnológicas e operacionais no setor de energia solar, oferecendo uma visão crítica sobre como as integradoras brasileiras podem utilizá-las para expandir seus negócios e consolidar sua presença em um mercado cada vez mais competitivo

Panorama atual do setor solar no Brasil

Nos últimos anos, o Brasil tem figurado entre oslíderesmundiaisemcrescimentodaenergiasolar Segundo dados daAssociação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR, 2025), o país ultrapassou os 50 GW de potência operacional instalada, sendoaproximadamente70%dessetotaloriundoda geração distribuída (GD) A GD tem se mostrado uma alternativa viável tanto para residências quanto para o agronegócio, estabelecimentos comerciais e pequenasindustrias,permitindoautonomiaenergéticaeconsequentereduçãonacontadeluz.

O marco legal da geração distribuída, sancionadopelaLeinº14.300/2022,introduziuregrasmais claras e previsíveis para o setor Apesar de consolidarasegurançajurídica,eletambémtrouxedesafios de adaptação, como a tarifação gradual da TUSDFio B para novos projetos conectados após janeiro de 2023 (CANAL SOLAR, 2023) Essa mudança

exige das integradoras uma abordagem mais consultiva e estratégica, destacando o valor agregado das soluções, e não apenas o custo inicial da instalação

Outro ponto sensível é o aumento da concorrência Com a redução nos preços dos equipamentos e a facilidade de acesso a fornecedores, muitas novas empresas entraram no mercado, levando à commoditização das soluções solares. Isso pressiona as margens de lucro e torna cada vez mais difícil conquistar e fidelizar clientes apenas com o preço. Neste cenário, a inovação emerge como ferramenta essencialparadiferenciaçãoeescalabilidade

Inovações tecnológicas no setor fotovoltaico

Avanços em módulos fotovoltaicos

A eficiência dos módulos fotovoltaicos evoluiu significativamente nos últimos cinco anos As tecnologias TOPCon (Tunnel Oxide Passivated Contact) e HJT (Heterojunction) já apresentam eficiências superiores a 22%, com maior estabilidade térmica e menor degradação ao longo do tempo (PV MAGAZINE BRASIL, 2023) Os módulos bifaciais,porsuavez,têmacapacidadedecaptarluz refletida no solo (albedo), aumentando a produção ematé15%dependendodascondiçõesdoambiente edainstalação(PORTALSOLAR,2023)

Esses avanços permitem que integradoras ofereçam projetos de alto desempenho, otimizando o uso do espaço e reduzindo o tempo de retorno do investimento (payback), o que pode ser determinante para fechar negócios mais exigentes, especialmentenosetorruraleindustrial.

Inversores híbridos e inteligência embarcada

Atecnologia embarcada dos sistemas fotovoltaicos também avançou. Inversores híbridos, que permitem operar com a rede elétrica e com baterias simultaneamente, são cada vez mais acessíveis

Eles abrem a possibilidade de integrar sistemas de armazenamento de energia, o que agrega valor em regiões com falhas no fornecimento ou tarifas elevadasnohoráriodeponta

Além disso, tecnologias como otimizadoras de potência e sistemas de monitoramento remoto com inteligência artificial vêm sendo incorporadas Essas ferramentas não apenas melhoram o desempenho e a confiabilidade dos sistemas, mas também permitem ao integrador oferecer pacotes de operação e manutenção (O&M), criando fontes de receita e

fortalecendo o relacionamento com o cliente (GREENER,2024)

O uso de baterias de lítio tornou-se mais viável graças à queda dos preços internacionais e ao aumento da demanda Embora o custo ainda represente um desafio para muitos consumidores brasileiros, seu uso está crescendo principalmente em projetos rurais e comerciais, que buscam independência energética, previsibilidade de custos e continuidade operacional em caso de falhas na rede (CANALSOLAR,2024)

Estratégias que as integradoras podem adotar

Posicionamento com foco em diferenciação

As empresas integradoras precisam deixar de competirapenasporpreçoecomeçaracompetirpor valor Isso significa oferecer soluções completas, com análise personalizada e qualidade técnica superior. A utilização de módulos mais eficientes, inversores inteligentes e integração com armazenamento são maneiras práticas de se diferenciar no mercado.Além disso, o foco deve ser no projeto sob medida, adaptado à realidade de consumo, infraestrutura e objetivos do cliente. Isso demanda capacitação técnica e uma abordagem consultiva mais madura

No Brasil, aproximadamente metade dos sistemas foram comercializados com algum tipo de financiamento, sendo assim, a oferta de financiamento rápido, digital e sem burocracia pode ser decisiva no fechamento de um projeto Fintechs e cooperativas de crédito têm ampliado sua presença no setor solar, oferecendo produtos específicos para geração distribuída, com prazos longos e carência estendida (GREENER, 2024). Ao se associar a essas instituições, as integradoras conseguem viabilizarprojetosdemaiorporteeexpandirsuabase declientes.

Criação de receita recorrente com pós-venda

No atual cenário de amadurecimento do setor solar brasileiro, a adoção de um modelo de negócio baseado exclusivamente na venda pontual de sistemas fotovoltaicos representa uma limitação importanteparaasustentabilidadedasintegradoras. Uma estratégia cada vez mais relevante — e ainda pouco explorada de forma estruturada — é a criação de modelos de receita recorrente ancorados no pósvenda Essa abordagem permite não apenas

aumentar a lucratividade ao longo do tempo, mas também construir um relacionamento mais duradouro com o cliente e diferenciar a empresa da concorrência

Um dos serviços mais promissores nesse contexto é a manutenção preventiva, que inclui inspeções periódicas, verificação da integridade dos cabos, conectores, estrutura de fixação e desempenho dos módulos e inversores Ao antecipar falhas e otimizar a performance do sistema, esse serviço agrega valor ao cliente e reduz o risco de perda de geraçãoenergética

Além disso, planos que incluem manutenção corretiva emergencial com prazos de atendimento garantidos são altamente valorizados por clientes comerciais e rurais, cujas operações dependem diretamentedageraçãosolar.

Outro fator importante está relacionado à limpeza periódica dos módulos fotovoltaicos, que é um serviço que pode ser estruturado como fonte de receita recorrente Embora em áreas urbanas de baixa poeira esse serviço não seja tão crítico, em regiões agrícolas, industriais ou secas, a eficiência dosistemapodecairaté20%poracúmulodesujeira (GREENER,2024)

Além disso, a gestão remota de usinas solares por meio de plataformas digitais permite acompanhar, em tempo real, o desempenho dos sistemas instalados Integradoras podem oferecer pacotes de monitoramento 24/7, envio de alertas, relatórios mensais de performance e intervenções em caso de falha—tudoissocomopartedeumcontratomensal

Outra frente de receita recorrente pode ser a extensão da garantia dos sistemas, especialmente de inversores, que têm vida útil mais curta que os módulos.Ao vender uma cobertura adicional associada a um plano de manutenção, a integradora se posicionacomoparceiradelongoprazodocliente. Também há espaço para planos de atualização tecnológica, como substituição de inversores antigos por modelos híbridos, troca de módulos por versõesmaiseficientesouinstalaçãodesistemasde armazenamentoemclientesquejátêmsistemasongrid Issonãoapenasgeranovareceita,masaumentaociclodevidadocliente

Em resumo, ao transformar o pós-venda em produto recorrente e estruturado, as integradoras deixam de ser apenas fornecedoras de sistemas e passamaatuarcomoparceirasenergéticasdelongo prazo Essa mudança fortalece a reputação, reduz o custo de aquisição de novos clientes (CAC, via indicações)ecriaumdiferencialcompetitivodifícilde replicar.

Considerações Finais

O mercado de energia solar no Brasil, embora em expansão contínua, encontra-se em uma fase de amadurecimentoqueexigedasempresasintegradoras uma reconfiguração estratégica Esse novo contexto é marcado por maior concorrência, margens de lucro mais restritas, mudanças regulatórias significativas e a necessidade crescente de diferenciação em um mercado que começa a se caracterizar pela padronização de soluções e pela pressão porpreçosbaixos

No panorama atual do setor, observou-se como a geração distribuída, amparada por políticas como a Lei nº 14 300/2022, continua sendo o principal vetor de crescimento, especialmente em mercados descentralizados e rurais Porém, esse crescimentoquantitativonãogarante,porsisó,sustentabilidade para os negócios.As integradoras precisam ir além da instalação de sistemas fotovoltaicos e buscar modelos mais sofisticados de entrega de valor.

Há um avanço significativo nas tecnologias fotovoltaicas, como os módulos bifaciais, as células TOPConeosinversoreshíbridos,capazesdeelevar a eficiência energética e agregar novos níveis de inteligência e automação aos sistemas solares O armazenamento de energia, antes restrito a projetos específicos, começa a se viabilizar economicamente, ampliando o escopo de soluções possíveis para clientescomperfismaisexigentes

Foram discutidas estratégias operacionais e comerciais viáveis para integradoras que desejam

escalar seus negócios com base em inovação. A diferenciação tecnológica, a expansão de portfólio para incluir soluções agrivoltaicas e infraestrutura para mobilidade elétrica, bem como a digitalização dos processos de vendas e o fortalecimento do pósvenda como modelo de receita recorrente, foram apresentadas como práticas com alto potencial de impactopositivo

O diferencial competitivo está, muitas vezes, menos na tecnologia em si e mais na maneira como ela é implementada, combinada a um modelo de negócio adaptável, escalável e centrado no cliente Assim, o futuro das empresas integradoras solares no Brasil dependerá da capacidade de transformar tecnologiaemsoluções,complexidadeemclareza,e inovação em valor percebido. As empresas que assumirem essa postura estratégica terão mais chances não apenas de sobreviver ao processo de consolidação do mercado, mas também de liderar a próximafasedecrescimentodosetorsolarnopaís.

Resumo

ABSOLAR Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica Panorama do setor solar em 2024. Disponível em: https://www.absolar.org.br/. Acessoem:02jun.2025. CANAL SOLAR. Mudanças regulatórias e tendências do mercado fotovoltaico. Disponível em: https://www.canalsolar.com.br/. Acesso em: 02 jun. 2025.

GREENER. Relatório de mercado: energia solar distribuída e centralizada.2024.Disponívelem:https://www.greener.com.br/.Acessoem:02jun.2025. PORTAL SOLAR Inovações tecnológicas e oportunidades para integradoras.2023.Disponívelem:https://www.portalsolar.com.br/.Acessoem:02 jun.2025. PV MAGAZINE BRASIL. Tecnologias emergentes e desempenho de módulosfotovoltaicos.2023.Disponívelem:https://www.pv-magazine-brasil.com/. Acessoem:02jun.2025.

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INOVAÇÃO EMPRESARIAL APLICADA: O CASO DA TESLA E A DISRUPÇÃO

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Felipe Detzel Kipper e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS (2021). Graduação em Engenharia em Energia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2018).Tem experiênciana área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energiaedesenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

²Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com

DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

Resumo

Este artigo analisa o caso da Tesla como um exemplo consolidado de inovação empresarial aplicada, com foco em sua atuação disruptiva na indústria automotiva Fundada em 2003, a empresa redefiniu o conceito de mobilidade ao integrar veículos elétricos de alto desempenho, soluções energéticas sustentáveis e um modelo de negócios inovador Destaca-sesuapropostadevalorbaseada em tecnologia, sustentabilidade e performance, além de sua estratégia de verticalização da produçãoevendasdiretasaoconsumidor.ATeslatambém transformou a experiência do usuário por meio de atualizações remotas de software e pelo desenvolvimento próprio de baterias e chips de inteligência artificial A empresa adota uma cultura organizacio-

nal voltada para risco calculado, experimentação contínua e metas audaciosas Como resultado, tornou-se a montadora mais valiosa do mundo e influenciou profundamente o comportamento de mercado, forçando concorrentes tradicionais a acelerar seus planos de eletrificação. A Tesla é um exemplo concreto de como a inovação estruturada pode gerar vantagem competitiva duradoura, servindo como modelo inspirador para empresários eempreendedoresquebuscamcrescimentosustentávelemmercadosemtransformação.

Palavras-chave: Tesla; inovação; tecnologia; modelodenegócio.

Introdução

A inovação empresarial é uma alavanca essencial para organizações que desejam permanecer relevantes em mercados em constante transformação. Em um ambiente de negócios moldado por tecnologias exponenciais, mudanças no comportamento do consumidor e pressões ambientais, empresas inovadoras não apenas respondem às mudanças,masasprovocam.

Entre os casos mais emblemáticos de inovação disruptiva no século XXI, destaca-se a Tesla, empresa que desafiou paradigmas da indústria automotiva ao unir mobilidade elétrica, software, energia limpa e modelo de negócios revolucionário Fundada em 2003, a Tesla não possuía herança industrial, legado automotivo nem rede de distribuidores — elementos historicamente considerados essenciais para operar no setor Ainda assim, transformou-se na montadora mais valiosa do mundoesímbolodeinovaçãoradical

Este artigo examina como a Tesla construiu sua trajetória por meio da inovação aplicada, abordandosuapropostadevalor,estratégiascomerciais, culturainternaeosimpactosprofundosquegerouna indústriaautomotivaglobal.

A Proposta de Valor Inovadora da Tesla

ATesla não se posiciona como uma fabricante de automóveis, mas como uma empresa de tecnologia e energia limpa Seu portfólio inclui veículos elétricos, baterias domésticas e industriais (Powerwall e Megapack), soluções solares integradas e software de direção autônoma. Essa visão integrada oferece aos consumidores não apenas um produto, masumaexperiênciadeusosustentáveletecnologicamenteavançada.

Diferenciação por performance e tecnologia

Ao contrário de outras montadoras elétricas emergentes, a Tesla nunca apostou em um apelo “econômico” ou “alternativo” O modelo Tesla Model S Plaid, por exemplo, acelera de 0 a 100 km/h em menos de 2 segundos, rivalizando com supercarros de combustão interna. Ao unir desempenho esportivo com eficiência energética, a Tesla rompeu a ideia de que veículos elétricos seriam inferiores tecnicamente

Inovação contínua em baterias e IA

Aempresa também lidera no desenvolvimento debateriasdeíon-lítiocommaiordensidadeenergé-

tica Em 2023, o custo médio por kWh caiu para US$ 138, com previsão de atingir menos de US$ 100 em 2025 (BLOOMBERGNEF, 2023), tornando os carros elétricoscadavezmaisacessíveis.

No campo da inteligência artificial, o software FullSelf-Driving(FSD)daTeslaéatualizadocontinuamenteviainternetejáprocessabilhõesdequilômetros de dados, com algoritmos treinados para reconhecimento de faixas, pedestres, semáforos e rotas complexas A empresa desenvolveu seus próprios chips para processamento em tempo real, algo inéditoentremontadoras(TESLA,2024)

Quebras de Paradigma no Modelo de Negócios

A Tesla eliminou intermediários tradicionais e introduziu um modelo baseado em venda direta ao consumidor, tanto via internet quanto em lojasconceito Essa estratégia permite maior controle sobre a experiência de compra, preços mais competitivos e coleta de dados em tempo real sobre preferênciasecomportamentodeseusclientes.

Atualizações via software

Orecursodeatualizaçõesover-the-air(OTA)é umadasinovaçõesmaisvalorizadaspelosconsumidores A Tesla é capaz de alterar a dirigibilidade, autonomia e até mesmo liberar novas funcionalidades remotamente Em 2021, um simples update aumentou a aceleração do Model 3 em 0,5 segundos, sem qualquer intervenção física no veículo (FORBES,2021)

Verticalização e economia de escala

Diferente de outras montadoras que dependem de fornecedores terceirizados, a Tesla possui uma das cadeias de suprimento mais verticalizadas da indústria Suas Gigafactories produzem baterias, motores, chips e até softwares de IA em grande escala Essa abordagem reduz custos, aumenta a agilidade e fortalece o controle sobre a qualidade final

A empresa também investe em mineração de lítio e no reaproveitamento de metais raros, aproximando-se da economia circular e ganhando vantagemestratégicaemsustentabilidade

Cultura de Inovação

A cultura organizacional da Tesla é orientada por uma filosofia de primeiros princípios — abordagem lógica baseada em questionamentos funda-

mentais Elon Musk desafia engenheiros e executivos a repensarem tudo “do zero”, quebrando convenções mesmo que sejam práticas já consolidadas nomercado

Foco em agilidade e engenharia

A estrutura da Tesla privilegia a tomada de decisão descentralizada e iterações rápidas. Engenheiros têm liberdade para testar hipóteses diretamente na produção, o que resulta em uma cultura extremamente experimental Em suas fábricas, é comum haver alterações no layout físico com base em ideias testadas em tempo real por operadoresegerentesdelinha

Metas audaciosas e risco calculado

Embora criticado por estabelecer prazos excessivamente otimistas, Musk argumenta que as metas ousadas são parte do processo de inovação. “Mesmo que falhemos, estaremos muito mais à frente do que se tivéssemos sido conservadores”, disse em uma entrevista à TED (TED, 2022) Essa mentalidade ajuda a atrair talentos criativos e comprometidoscompropósitosmaiores

Resultados e Impactos no Mercado

ATesla se tornou a montadora mais valiosa do mundo em valor de mercado, ultrapassando Toyota, GM, Ford e outras juntas em certos momentos de 2023. Em seu relatório anual, a empresa reportou US$ 96 bilhões em receita em 2023, com lucro líquido de US$ 15 bilhões e margem operacional superior a 15% — números que superam muitas montadorastradicionais(TESLA,2024)

Mudança de comportamento de mercado

DesdeaascensãodaTesla,montadorascomo Ford, Volkswagen e Mercedes-Benz anunciaram investimentos superiores a US$ 400 bilhões até 2030 em mobilidade elétrica (MCKINSEY & COMPANY, 2022) Governos também passaram a incentivar a transição, com subsídios, isenções fiscaiserestriçõesamotoresacombustão

Efeito

dominó

no setor de tecnologia e energia

Além da indústria automotiva, a Tesla impacta setores como energia renovável, semicondutores, software e logística Sua visão de integração entre transporte, geração e armazenamento de energia é pioneira, com sinergias que nenhum concorrente

reproduziu com o mesmo grau de sofisticação até hoje

Considerações Finais

A Tesla representa um caso de inovação empresarial consolidada, com impactos profundos e duradouros em diferentes dimensões do mercado global. Sua proposta de valor inovadora — centrada emtecnologiadeponta,sustentabilidadeeexperiência do cliente — permitiu que a empresa se posicionasse além do produto, tornando-se referência em ecossistema

Destacou-se ainda como a quebra de paradigmas no modelo de negócios (venda direta, atualizações por software, verticalização) conferiu agilidade, controle e diferenciação à marca Acultura organizacional, impulsionada por Elon Musk, mostrou-se essencial para sustentar uma abordagem de alto riscoeinovaçãocontínua

Por fim, os resultados concretos — tanto em faturamento quanto em influência estratégica — comprovam que a inovação não é um recurso opcional, mas um elemento vital para empresas que desejam prosperar em um ambiente competitivo e incerto.

Empresários e empreendedores devem aprender com a Tesla que inovar não é apenas lançar novos produtos, mas reinventar o modo como onegócioéestruturado,geridoepercebido.Ofuturo pertence às organizações que colocam a inovação nocentrodesuaidentidade

Referências

BLOOMBERGNEF Battery Price Survey 2023

Bloomberg New Energy Finance, 2023 Disponível em: https://about bnef com.Acessoem:08jul.2025.

CHRISTENSEN, C. M.; RAYNOR, M E.; MCDONALD, R. What Is Disruptive Innovation? Harvard Business Review, 2015.Disponívelem:https://hbr org.Acessoem:08jul.2025. FORBES.TeslaIncreasesModel3AccelerationviaOverthe-Air Update. 2021. Disponível em: https://www forbes.com. Acessoem:08jul.2025.

ISAACSON,W.ElonMusk.NewYork:Simon&Schuster, 2023.

MCKINSEY & COMPANY The Future of EVs and the Supply Chain. 2022. Disponível em: https://www mckinseycom. Acessoem:08jul.2025.

TED.InterviewwithElonMusk:TheFutureWe'reBuilding and Boring TED Talks, 2022 Disponível em: https://www ted.com.Acessoem:08jul.2025.

TESLA. Impact Report 2024 and 10-K Annual Filing. Tesla Investor Relations, 2024 Disponível em: https://ir tesla.com.Acessoem:08jul.2025.

VANCE,A.ElonMusk:Tesla,SpaceX,andtheQuestfora FantasticFuture.NewYork:HarperCollins,2015.

INOVAÇÃO NO SETOR DE ENERGIA NO BRASIL: DESAFIOS, OPORTUNIDADES E TENDÊNCIAS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL

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Felipe Detzel Kipper e Fernando Santos revista3s@energia3s.com.br 3S - Solar Sustainable Solutions

¹Doutorando em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Materiais pelo PPGE3M, da UFRGS (2021). Graduação em Engenharia em Energia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2018).Tem experiênciana área de Engenharia de Energia, com ênfase em energia solar, atuando principalmente em energia solar fotovoltaica. Também possui experiência na área de regulação do setor de distribuição de energiaedesenvolvimentodeprojetosdeengenhariaelétrica.

²Professor/Pesquisador na Universidade Estadual do Rio GrandedoSul|ColaboradordaUniversidadeNovadeLisboa|Orientae coorienta estudantes de graduação e pós-graduação em diversas Universidades.FernandoSantos desenvolveusua carreiravoltadapara Projetos de Inovação e Energias Renováveis. Teve oportunidade de aprovar milhões de reais em Projetos de Inovação Tecnológica, com

recursos de subvenção econômica, tanto projetos próprios quanto para parceiros.ÉidealizadordoNousGroup,umhubdestartupsnasáreasde energias renováveis, agricultura e inovação, possui muita curiosidade intelectual o que o leva a ser um eterno aprendiz. Tem formação multidisciplinar Pós-doutorado em Bioenergia pela Universidade Nova de Lisboa; Pós-doutorado em Celulose e Papel, Doutorado em BioquímicaAgrícolaeMestradoemFitotecniapelaUniversidadeFederal de Viçosa. É Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual de Montes Claros. Nos últimos anos, publicou diversos livros e artigos no Brasil e no exterior Recebeu diversas premiações e homenagens, sendo a mais recente pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Fernando Santos, faz parte da lista dos pesquisadores mais influentes do mundo, segundo a AD Scientific Index 2021, ranking que representa oscientistasmaisinfluentesnomundo.

O setor de energia no Brasil passa por uma transformação impulsionada por inovações tecnológicas, mudanças regulatórias e demandas por sustentabilidade Este artigo analisa o papel estratégico da inovação na modernização do sistema elétrico brasileiro, destacando tendências como geração distribuída solar, armazenamento de energia, redes inteligentes e digitalização A matriz elétrica nacional, composta por mais de 80% de

fontes renováveis, oferece uma base favorável, mas enfrenta desafios estruturais, como dependência hídrica, desigualdade regional e limitações na infraestrutura de transmissão Ageração distribuída, com mais de 2,6 milhões de unidades instaladas, promove descentralização e autonomia do consumidor, enquanto o armazenamento e as redes inteligentes surgem como soluções essenciais para integrar fontes intermitentes Iniciativas como o

Resumo

sandbox regulatório da ANEEL incentivam a experimentaçãodenovosmodelosdenegócioefomentam o crescimento de startups energéticas Ainovação é essencial para garantir um setor energético mais resiliente, eficiente e inclusivo Contudo, seu avanço requer articulação entre regulação, investimento, pesquisa e capacitação técnica O Brasil, com seu potencial renovável e ecossistema em expansão, tem condições de liderar a transição energética na AméricaLatina

Palavras-chave: inovação; geração distribuída; transmissão;setordeenergia

Introdução

O setor energético brasileiro tem sido protagonista na transição para fontes mais limpas e sustentáveis, com destaque global por sua matriz predominantementerenovável Noentanto,diantedosnovos desafios ambientais, econômicos e tecnológicos, torna-se fundamental investir em inovação como alicerce para a modernização do setor A inovação, neste contexto, não se limita à adoção de novas tecnologias, mas envolve também mudanças nos modelos de negócio, regulação, infraestrutura e comportamentodosconsumidores.

Conforme aponta a Agência Internacional de Energia (IEA, 2023), países com economias emergentescomooBrasildesempenhampapelcentralna transição energética global, especialmente pela capacidade de expansão de renováveis em larga escala O presente artigo tem como objetivo analisar o papel da inovação no setor de energia brasileiro, destacandosuasprincipaistecnologiasemergentes, instrumentos de incentivo regulatório e os desafios estruturaisparaqueessatransformaçãoseconcretizedeformaeficienteejusta

Contexto atual do mercado de energia no Brasil

Amatrizelétricabrasileiraécompostaporuma ampla participação de fontes renováveis Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN 2024), cerca de 82,9% da geração elétrica provém de fontes renováveis,sendoahídricaresponsávelpor56,7%,aeólica por13,1%easolarpor10,4%.Essecenáriocolocao Brasil como uma das matrizes mais limpas entre os paísesdegrandeporte.

Contudo, apesar desse destaque, o setor ainda apresenta vulnerabilidades.Adependência da fonte hídrica, por exemplo, expõe o sistema a riscos de escassez em períodos de seca. Além disso, a infraestrutura de transmissão e distribuição, especi-

almente nas regiões Norte e Nordeste, carece de modernização e expansão (ANEEL, 2024). Tais limitações dificultam a integração eficiente das novas fontes intermitentes, como solar e eólica, exigindo novas soluções de gestão de demanda e armazenamento

A regulação também tem buscado acompanhar essas mudanças A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tem promovido ajustes regulatórios para viabilizar a geração distribuída, incentivar a digitalização do setor e permitir modelos inovadores de comercialização de energia (ANEEL, 2023) Outro ponto em destaque é o avanço do mercado livre de energia, que deverá ser ampliado para consumidores de baixa tensão a partir de 2026, segundo diretrizes do Ministério de Minas e Energia (MME,2024).

Inovações tecnológicas em destaque

Geração distribuída e energia solar

Ageração distribuída (GD) tem se consolidado como uma das principais inovações do setor nos últimos anos Desde a regulamentação inicial em 2012 (Resolução Normativa 482/2012, atualizada pela 687/2015), o número de sistemas fotovoltaicos conectados à rede cresceu exponencialmente. Em 2025,oBrasilultrapassouamarcade2,6milhõesde unidades consumidoras com GD solar, somando mais de 27 GW de potência instalada (ABSOLAR, 2025)

Essaexpansãotemsidopuxadaporincentivos como isenção de ICMS, linhas de financiamento específicas e a viabilidade técnica dos sistemas em zonas urbanas e rurais A geração distribuída representa uma mudança de paradigma, permitindo que consumidores se tornem prosumidores, isto é, simultaneamente produtores e consumidores de energia

Armazenamento de energia

Comoavançodasfontesintermitentes,cresce também a importância de soluções de armazenamento de energia. As baterias de íons de lítio, amplamente utilizadas em sistemas off-grid e híbridos, estão cada vez mais acessíveis e com maior capacidade de armazenamento (Irena, 2023) Além disso, pesquisas no Brasil, como as desenvolvidas pelo Instituto de Energia e Ambiente da USP, buscam alternativas mais sustentáveis e com menor impacto ambiental, como baterias de fluxo e supercapacitores

Projetos-pilotoemestadoscomoMinasGerais eSãoPaulojátestamousodebateriasconectadasà rede como forma de garantir a estabilidade do fornecimento em horários de pico, evitando sobrecargaseapagões

Redes inteligentes (Smart Grids)

As redes inteligentes representam um dos pilares da modernização do setor elétrico A utilização de sensores, sistemas SCADA, comunicação emtemporealealgoritmosdeIApermiteomonitoramento contínuo da rede elétrica, identificação de falhas, gestão de carga e integração de múltiplas fontes de geração (CPqD, 2023) Em cidades como Campinas-SP, projetos de smart grid têm mostrado resultados positivos, com redução de perdas técnicasemelhorianaqualidadedofornecimento.

A expectativa é que, com o avanço da digitalização,oconsumidortenhacadavezmaisautonomia para gerenciar seu consumo e escolher seu fornecedor, o que poderá revolucionar a relação entre concessionáriaseusuários.

Digitalização e uso de dados

A incorporação de tecnologias digitais como inteligência artificial, big data e IoT tem sido fundamental para transformar a gestão energética Através dessas ferramentas, empresas de energia conseguem prever falhas em equipamentos, otimizar operações de geração e distribuição, além de desenvolver produtos personalizados aos consumidores(CEPEL,2024).

Startups brasileiras como a Delfos, especializada em análise preditiva para parques eólicos, são exemplos de como a inovação digital pode gerar ganhosconcretosdeeficiênciaecompetitividade

Ambientes de inovação e incentivos

A promoção da inovação no setor energético brasileiro conta com diversos instrumentos O sandbox regulatório da ANEEL, lançado em 2020, permite que empresas testem modelos inovadores de negócios com regras mais flexíveis, dentro de um ambiente controlado. Iniciativas como essa têm impulsionado a criação de energitechs, startups voltadas ao setor de energia, que hoje já somam mais de 100 em atividade no país (Liga Ventures, 2024)

Além disso, instituições como o SENAI CIMATEC (Bahia), o Inova USP (São Paulo) e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) têm atuado como núcleos de pesquisa aplicada, colaborando com empresas e governos no desen-

volvimentodetecnologiaslimpasesoluçõesenergéticasinteligentes

Programaspúblicos,comooseditaisdoFINEP e os recursos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da ANEEL, também cumprem papel fundamental no financiamento de projetosdeinovação

Oportunidades e desafios para o futuro

Oportunidades:

Abertura do mercado livre de energia para pequenos consumidores, prevista para 2026, permitirá maior competição e surgimento de novos modelosdenegócio(MME,2024)

Crescimento da mobilidade elétrica, com integração às redes inteligentes e uso de veículos elétricoscomounidadesdearmazenamento

Desenvolvimento de comunidades energéticas, onde grupos de consumidores compartilham sistemasdegeraçãoearmazenamento

Desafios:

Desigualdade regional no acesso à infraestrutura energética e à inovação, o que limita a universalizaçãodosbenefíciosdatransiçãoenergética

Segurança jurídica e previsibilidade regulatória ainda incertas, especialmente quanto à compensaçãodaGDapósaLei14.300/2022.

Necessidade de formação de mão de obra qualificada para atuar em novos segmentos do setor energético.

Conclusão

Ainovação tem se mostrado um vetor estratégico e indispensável para o futuro do setor energético brasileiro e a transição energética no Brasil está intrinsecamente ligada à capacidade do país de absorver e desenvolver tecnologias emergentes, modernizar sua infraestrutura e alinhar políticas públicasaosobjetivosdesustentabilidade,eficiência edemocratizaçãodoacessoàenergia

Apartir da análise da matriz elétrica brasileira, observa-se que o país parte de uma posição privilegiada,commaisde80%dageraçãoelétricaprovenientedefontesrenováveis,emespecialahidrelétrica, eólica e solar No entanto, esse cenário, embora positivo, não elimina os desafios estruturais que o setor enfrenta, como a dependência de recursos hídricos vulneráveis às mudanças climáticas, a concentração da infraestrutura nas regiões Sul e Sudeste e a necessidade de diversificação energéticacommaiorresiliência

Entre as inovações tecnológicas destacadas, a geração distribuída fotovoltaica vem desempenhando um papel crucial na descentralização do sistema, empoderando consumidores e promovendo a interiorização da energia limpa Com mais de 2,6 milhões de sistemas instalados, a GD tem impacto direto na redução das perdas elétricas e na democratização do acesso à energia. Contudo, sua expansão impõe desafios à regulação, sobretudo no contexto da Lei 14.300/2022, que trata do marco legaldamicrogeraçãoeminigeraçãodistribuída.

Outro eixo crítico é o armazenamento de energia, ainda incipiente no Brasil, mas promissor diante da necessidade de integrar fontes intermitentes, como solar e eólica Projetos-piloto e pesquisas em universidades e centros de pesquisa indicam caminhos para tornar o armazenamento uma solução viável técnica e economicamente nos próximosanos

As redes inteligentes e a digitalização do setor representam, por sua vez, o caminho para um sistema mais responsivo, eficiente e interconectado

Aadoção de tecnologias de IoT, big data e inteligênciaartificialpodeotimizaroplanejamentoenergético, prevenirfalhas,reduzircustosoperacionaisefacilitar a integração de novos agentes ao sistema, como os prosumidoreseosveículoselétricos.

Adicionalmente, o fortalecimento de ambientesdeinovaçãoeinstrumentosregulatóriosflexíveis, como o sandbox regulatório da ANEEL, tem sido fundamental para viabilizar novos modelos de negócio, acelerar a inserção de startups no mercado e criar um ecossistema favorável à inovação aberta

Essesespaços,aopermitiremaexperimentaçãosob supervisão e podem ser decisivos para superar a rigidezdomarcoregulatóriotradicional

Diante disso, o setor energético brasileiro se encontra em um ponto de inflexão De um lado, há imensas oportunidades para consolidar um modelo

energético mais sustentável, descentralizado e digitalizado De outro, persistem desafios relacionadosàgovernança,àcapacitaçãotécnica,àprevisibilidade regulatória e à equidade regional na implementaçãodetecnologiasinovadoras

Em síntese, a inovação não é apenas um componenteadicionalnamatrizenergética—elaéa condição fundamental para garantir a segurança, a sustentabilidade e a competitividade do sistema elétrico nacional nas próximas décadas. Para tanto, é preciso articular esforços entre governo, setor privado, universidades e sociedade civil em torno de uma agenda de longo prazo, que integre transição energética, justiça social e desenvolvimento econômico

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Dados e estatísticas do setor elétrico Brasília: ANEEL, 2024 Disponível em: https://www.aneel.gov.br/dados-e-estatisticas.Acessoem:07jul.2025.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA (ABSOLAR). Dados sobre geração distribuída solar no Brasil. São Paulo: ABSOLAR, 2025. Disponível em: https://www.absolar.org.br/. Acesso em: 07 jul. 2025.

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIAELÉTRICA(CEPEL). Projetos e pesquisas em energia elétrica. Rio de Janeiro: CEPEL, 2024. Disponível em: https://www.cepel.br/.Acessoem:07jul.2025.

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