Trinta por uma linha - as nossas histórias

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Trinta por uma linha

nossas histórias Biblioteca Escolar e Educadoras - EBI de Pereira Crianças e Pais do Jardim de Infância 2020/ 2021
As

O livrinho que aqui apresentamos nasceu de um desafio lançado em janeiro pela BE e pelas Educadoras da EBI de Pereira aos pais dos meninos do Jardim de Infância, com a atividade colaborativa “Trinta por uma linha”: a partir de uma imagem, atribuída a cada sala, pedimos que cada família, com a sua criança, inventasse uma/ duas frases, de modo a, com todas as frases de todas as famílias de cada sala, construir-se uma história. Aos pais da Sala A propusemos a imagem de uma árvore; aos da Sala B, um barco à vela; aos da Sala C, uma caixa com um laçarote…

Em cada sala, a primeira família deu início à história e enviou, por email, esse início à educadora, que o enviou à família seguinte. Sucessivamente, cada família acrescentou o texto com nova(s) frase(s) às frases anteriores, desenvolvendo o fio condutor da história. À última família coube o desenlace.

Conhecida, posteriormente, pelas crianças de cada grupo a história criada pelas respetivas famílias, era o momento de a ilustrar. E os pequenos artistas mostraram que estavam à altura do novo repto

É, pois, com muito prazer que partilhamos este belo trabalho, três contos construídos durante a fase de Ensino à Distância e o 3º Período, agradecendo aos pais que connosco colaboraram. Da cooperação entre todos se teceram histórias, desenrolando o novelo da imaginação por entre surpresas e aventuras que, diante da imagem-desafio, ninguém teria previsto.

Que esta experiência nos faça continuar a sonhar “trinta por uma linha”.

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Uma grande aventura

Sala A

Numa manhã de primavera, estava uma menina chamada Filomena a brincar alegremente ao pé de uma árvore. De repente, ouviu-se um barulho vindo da árvore. A Filomena foi chamar uma amiga, a Matilde, para descobrirem que barulho era aquele que se ouvia. A Matilde decidiu subir à árvore e a Filomena, que ficou junto ao tronco, perguntou-lhe:

– Então, conseguiste descobrir?

– Foi tão rápido a fugir que só lhe vi a cauda! – respondeu a Matilde.

– A cauda? Mas tinha pernas? Era um pássaro? Ou tinha pelo? Era um esquilo? – perguntou a Filomena, muito impaciente.

– A sua cauda era branca, talvez fosse um coelho… – respondeu a Matilde.

Filomena aproximou-se de um arbusto e quando olhou para trás encontrou uma toca.

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– Vem, Matilde, aproxima-te, encontrei uma coisa! – chamava Filomena por Matilde, fazendo gestos com a mão.

Matilde estava tão curiosa que espreitou para dentro da toca.

– Filomena, estão aqui coelhinhos bebés… São tão fofinhos!!!

Os coelhinhos, assustados, começaram a dar saltitos… Poing, poing, poing!

Emocionadas com os três coelhinhos bebés, Filomena e Matilde aproximaram-se ainda mais.

– Não tenham medo de nós, coelhinhos – diziam as duas, fazendo-lhes festinhas. Até que, de repente, a mãe coelha saltou bruscamente dos arbustos. Filomena e Matilde gritaram de susto com o salto brusco da coelhinha.

Bárbara, irmã mais velha de Matilde, ao ouvir Filomena e Matilde gritarem, foi a correr, ver o que se tinha passado. Encontrou-as muito aflitas, a tentar explicar à mãe coelha, que apenas queriam brincar com os seus filhotes.

– São tão lindos! – diziam elas, carinhosamente. – Podem ser nossos amigos?

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Bárbara teve que explicar às meninas que os animais não falam a mesma linguagem que os humanos e que por isso a coelhinha não estava a perceber o que elas estavam a dizer. Foi então que lhes sugeriu outra forma de comunicação.

– Vamos dar-lhes comida, palhas e ervas secas para um ninho confortável. Assim, a coelhinha mãe vai perceber que vocês são amigas e que não lhes querem fazer mal.

Filomena e Matilde ficaram muito entusiasmadas. Que boa ideia! E puseram mãos à obra. Da casa da Matilde trouxeram as cenouras, e, pelo caminho, recolheram a palha e as folhas secas. Mas, quando se aproximaram da toca perceberam que a mamã coelhinha estava muito impaciente. O que lhe teria acontecido? Ao aproximarem-se mais, perceberam que um dos coelhinhos bebés se tinha magoado numa pata e que não a conseguia apoiar no chão. Coitadinho do pequenote! E agora, o que iriam fazer? Como poderiam ajudar? Foi então que a Matilde se lembrou que o seu vizinho António era veterinário e certamente saberia o que fazer.

A Matilde, muito preocupada, perguntou logo à irmã (Bárbara) se podia falar com o Sr. António, se tinha possibilidade de ver o que se passava com a pata do coelhinho bebé.

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O Sr. António aprontou-se logo para ajudar… e foi ver o que se passava com a pata do coelhinho. Rapidamente percebeu que o coelhinho tinha um espinho na sua patinha. Com todos os cuidados, retirou o espinho e tratou do ferimento. A Matilde e a Filomena ficaram muito agradecidas ao Sr. António.

Entretanto, a mãe coelha parecia estar contente por terem ajudado o seu filhote… e já não tinha medo das meninas.

O Sr. António sugeriu que dessem um nome a cada um dos coelhinhos.

– Que ideia fantástica! – exclamou Bárbara

– Hum…. É tão difícil decidir, Bárbara! – lamentou a Filomena

As meninas estavam muito indecisas. Queriam que os nomes fossem perfeitos, mas nenhuma das ideias parecia ser suficientemente boa.

– Tenho uma ideia! – gritou a Matilde. Este será o Floco de Neve porque é branquinho e este que tem umas manchinhas castanhas pode ser o Malhadinho.

– Gosto muito! – sorriu a Bárbara. E o que acham de chamarmos Pantufa ao coelhinho que se magoou? Com o curativo do Dr. António parece que tem uma pequena pantufa na pata, não concordam?!

As meninas e os coelhinhos brincaram toda a tarde no jardim. Entre corridas e gargalhadas, não deram pelo passar das horas e o sol já se estava a esconder no horizonte. Os coelhinhos foram descansar e a Matilde e a Filomena ficaram mais um pouco no jardim, a aproveitar os últimos raios de sol.

– Que dia fantástico! Estou tão feliz! – exclamou a Filomena, enquanto rodopiava pelo jardim.

– Foi mesmo! Ainda não acredito em tudo o que nos aconteceu! Ainda bem que o Sr. António sabia como tratar de um coelho! – afirmou Matilde. –Quando crescer vou ser veterinária também.

Entretanto, ouviu-se uma voz chamar pelas meninas…. Eram horas de jantar! As amigas despediram-se dos novos amigos e foram para casa.

Nenhuma delas conseguiu dormir. Estavam ansiosas por regressarem à escola na manhã seguinte. Queriam partilhar com os seus amigos esta grande aventura e aprenderem tudo sobre os seus novos amigos.

No dia seguinte a Filomena e a Matilde acordaram bem cedo, ansiosas para irem para a escola contar aos amigos a fantástica aventura que tinham vivido no dia anterior! Saltaram da cama, vestiram-se muito rápido, comeram

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tão rápido que os seus pais até ficaram admirados e lavaram os dentinhos! Mas antes de irem para a escolinha foram dizer bom dia à mamã coelha e aos três coelhinhos! Estes estavam tão sossegadinhos a dormir que não os acordaram e foram-se embora em pezinhos de lã!

Naquele dia parecia que nunca mais chegavam à escola! Estavam super felizes e entusiasmadas!

Já na sala, junto com os seus amigos começaram a contar a sua aventura!

– Amigos, amigos! – exclamaram as meninas

– Temos uma super história para contar.

– Ontem entre a manhã e a tarde conhecemos 3 coelhinhos bebés, um chama-se Floco de Neve, o outro chama-se Malhadinho e o último chama-se Pantufa. Eles são muito fofinhos, e agora até já não têm medo de nós, mas no início eles fugiam e a sua mãe protetora, ao ver-nos por perto dos seus bebés, mandou um salto enorme entre os arbustos que nós gritamos tão alto que a Bárbara, a irmã mais velha da Matilde é que nos ajudou a sair dali. Depois um pouco mais à tarde fomos brincar todos. Nós e os coelhinhos perdemos a noção das horas… Quando demos conta, já eram hora de jantar. Brincámos tanto, mas tanto… às escondidas, à caça à cenoura, aos 1001 saltos, que no final do dia, estávamos cansadas, mas incrivelmente felizes com as novas amizades que construímos.

Matilde e Filomena estavam tão ansiosas para que a escola acabasse, para poderem regressar rapidamente a casa, para brincarem novamente com os seus amiguinhos novos!

Mal chegaram, foram logo a correr para a sua toca e ficaram surpreendidas pela forma como foram recebidas pelos coelhinhos e pela mamã coelha, a correrem na sua direção para brincarem. Mais uma vez, brincaram até ao anoitecer, sem darem pelas horas a passar.

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Felizes por passarem mais tempo com os seus novos amigos, pediram aos seus pais para, nessa noite, levarem a tenda e acamparem junto da toca. Foi uma noite fantástica! Matilde e Filomena, enquanto aguardavam pelo momento da história para adormecer, começaram a recordar a fantástica aventura. A mãe de Filomena, emocionada de ver as crianças tão felizes, teve uma brilhante ideia e preparou uma surpresa: escreveu num caderno em forma de livro todos os momentos desta linda história, e deixou-o entre as suas almofadas, com um bilhete: “Ser feliz é partilhar”.

Matilde e Filomena, quando acordaram, ficaram muito surpresas ao ver a sua história num livro. Filomena deu a ideia de, em conjunto com os amigos, desenharem e pintarem as imagens da história

De coração cheio, ansioso por voltar para a escola, pediram ajuda à professora, e na turma, todos juntos, acabaram de elaborar o livro desta história, com imagens super coloridas.

No final, juntaram cenourinhas e fizeram uma visita aos amiguinhos da turma.

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FIM

A aventura da sala B na ilha deserta

Sala B

As crianças do Jardim de Infância de Pereira, da sala B, iniciaram a sua primeira viagem num barco colorido. Era uma tarde chuvosa, estavam todos entusiasmados, rindo e cantando, a navegar rumo à diversão.

– Meninos, prestem atenção! – disse a professora, com um papel de cor amarela na mão. – Sabem o que tenho aqui?

E a Bruna prontamente respondeu:

– Um mapa do tesouro!

Continuou a professora:

– É um pequeno tesouro que vamos procurar que vamos procurar nesta nossa viagem. Um tesouro é algo precioso: podem ser moedas, joias, mas também sorrisos, ou até abraços.

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Mal a professora acabou de falar, ouviu-se uma voz entusiasta lá do fundo:

– Eu quero encontrar o Super-Homem! – exclamava o Bernardo.

– E eu, um unicórnio! – rematava a Constança.

– Beijinhos! – dizia a Margarida.

A excitação era tanta que os meninos não se conseguiam conter. Entre dragões, princesas, super-heróis, criaturas maravilhosas e brincadeiras sem fim, os meninos da sala B estavam prontos para começar a aventura.

Eu quero ser o capitão e todos farão parte da minha tripulação... Marujos, levantar âncora, baixar velas!... – afirmava o Gustavo.

– Malta, temos um problema! Eu não encontrei o mapa! Alguém se lembra do que tinha o mapa desenhado?!? – disse o João Henrique, muito preocupado. Afinal, sem mapa para onde iriam?!?

– Não se preocupem! – retorquiu o Gonçalo – Eu adoro comer frutas e legumes, por isso tenho memória de elefante e sei o mapa de cor… O mapa dizia que, para acharmos o tesouro, temos de atravessar a ponte sobre o rio, passar junto ao vulcão Vesuviozino e o tesouro está sob as três palmeiras.

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Mas, atenção! Temos que ter cuidado com os terríveis macacos que adoram atirar cocos aos forasteiros…

– Ainda bem que te lembras, Gonçalo! – exclamou a Patrícia.

– Temos de levar bananas para distrair os macacos! – disse a Sofia.

De repente, uma grande baleia saltou por cima do barco, deixando tudo encharcado...

Os marujos pensavam que o pior já tinha passado, mas estava um pouco escuro e a Mariana disse:

– Estamos dentro da barriga da baleia!

Os meninos ficaram um pouco assustados, mas logo começaram a discutir ideias para sair dali para fora. Fizeram-lhe cócegas e saíram disparados pelo repuxo da baleia.

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E caíram na ilha do mapa do tesouro. – Estamos a salvo! – gritou a Matilde, aliviada.

Quando perceberam onde estavam, gerou-se uma grande algazarra. Fizeram tanto, mas tanto barulho, que despertaram os terríveis e grandes macacos, que começaram a atirar-lhes os seus cocos para os afugentar e impedir de chegarem ao tesouro.

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Então o Ricardo e o Miguel tiveram a ideia de tirar as bananas das suas mochilas para acalmarem os macacos. Os macacos, quando viram as bananas, correram em direção aos meninos, para as comerem. Foi aí que a amizade surgiu, entre os macacos e os meninos da sala B.

Entretanto, o mapa do tesouro apareceu e os meninos decidiram pedir ajuda aos macacos para encontrarem o tesouro, que estava escondido na ilha deserta. Os macacos concordaram em ajudar, mas primeiro os meninos teriam de conhecer a sua casa e fazer uma refeição com eles. Foi uma tarde bem divertida e animada.

Já estava a escurecer. De repente, o Ricardo lembrou-se da caça ao tesouro, e foi então que um macaquinho disse aos meninos que eles já tinham encontrado o tesouro: a amizade entre os meninos da Sala B.

De seguida, os meninos da Sala B deram todos as mãos e fizeram um juramento na ilha deserta, junto aos macacos: “Seremos os melhores amigos para sempre”.

Foi assim que se despediram da ilha deserta, dos seus amigos macacos e voltaram para casa no seu barco, muito felizes.

De regresso a casa, apanharam uma grande tempestade, com muita chuva e ondas muito grandes.

Mal começou a tempestade, o marujo Miguel disse a todos:

– Como somos grandes amigos, vamos trabalhar juntos e assim conseguiremos ir para casa em segurança.

E o Rodrigo disse:

– Baixem as velas, que eu vou chamar o meu amigo Polvo e ele vai ajudarnos a passar a tempestade.

E gritou:

– Polvo, estamos aqui! Ajudaaaaaaaa!...

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Lá no fundo do mar, entre as algas ondulantes e os caracóis coloridos, gritaram a Patrícia e o Daniel:

– Viva, Polvo! Conseguimos!

O João Henrique, que estava no mastro de vigia, gritou:

– Marujos, terra a vista! Vou pedir ao Dragão encantado para soprar nas nossas velas, e assim vamos chegar mais rápido!

– Estamos quase a chegar! – gritou o João Henrique. Ao chegar a terra, encontraram uma multidão à sua espera. Os pais dos aventureiros da sala B organizaram uma festa surpresa para eles. Nesta festa havia balões de todas as cores, luzes, muita música e os seus novos amigos, os macacos. Os marotos tinham-se escondido na cave do barco e, sem que ninguém se tivesse apercebido, viajaram de regresso com as crianças da sala B.

O Santiago, quando os viu, ficou muito animado e perguntou:

– Macacos, vocês brincam comigo e com os meus amigos?

E os macacos responderam a pular de alegria:

–Siiiiiim!...

– Oh, não!... Os nossos pais esqueceram-se de trazer bananas e amendoins para os nossos amigos macacos! E agora o que vão eles comer? –disse a Sofia, muito preocupada.

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– Temos de arranjar uma solução – disse a Margarida, chamando todos os amigos.

O Tiago aproximou-se dos amigos e disse:

– Amendoins... os macacos também gostam de amendoins... Olhem para aquela mesa, alguns pais trouxeram amendoins!

E com a solução encontrada, todos os meninos da sala B puderam continuar a brincar com os seus novos amigos macacos. Até que o Tomás exclamou:

– Vamos brincar aos transformers e saltar no trampolim!

– Bora!... – respondeu o João Miguel, entusiasmado com a vinda dos macacos ao JI.

Depois de muito saltar, correr, brincar e rir, todos os meninos, meninas e os macacos regressaram às suas casas.

Assim que chegaram a casa, todos foram fazer a sua higiene e prepararse para dormir nas suas caminhas bem confortáveis, pois estavam muito cansados, depois de tanta aventura e brincadeira.

E com pozinhos de perlimpimpim a história chegou ao fim!

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As aventuras da Aurora na casa da árvore Sala C

Era uma vez uma ilha, muito longe daqui, a ilha Carabela, onde vivia a Aurora, uma menina traquina que adorava subir à montanha e de lá ver o sol, as nuvens, o mar... E tão lindo que é o mar!

Ali, ela sentava-se, sempre no mesmo lugar e sonhava... Nos últimos dias, sonhou com o dia do seu aniversário, que estava a chegar.

A Aurora sonhava com um aniversário junto da sua família e dos amigos, pois era uma menina que gostava de estar sempre rodeada das pessoas de quem gostava.

Ela corria feliz, desde a montanha, e ia sentar-se à beira mar, e com um pauzinho desenhava na areia e planeava ao pormenor todos os detalhes da sua festa de conto de fadas. Mas o que não lhe saía da cabeça era aquele presente que ela tanto desejava e de que há vários meses vinha dando dicas aos que lhe eram mais chegados.

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Desde o dia em que nascera, Aurora tinha na natureza o seu porto de abrigo. Nunca foi uma menina de grandes exigências para com os seus familiares, nos aniversários. Mas este ano… era diferente.

Mas dia o tão especial aproximava-se e Aurora, como menina determinada que era, decidiu finalmente pedir aos pais o tão desejado presente.

Na manhã seguinte, logo ao acordar, desceu as escadas muito depressa e foi ter com os seus pais, que já estavam na cozinha, a preparar o pequenoalmoço. Decidida, disse-lhes que este ano, para o seu aniversário, queria pedir um presente… queria uma casa da árvore! Mas não era uma casa da árvore qualquer, era uma casa especial.

A Aurora sempre sonhou construir uma casa da árvore gigante, com uma porta, várias janelas para olhar a natureza, uma casinha das bonecas e muitos animais, onde ela pudesse brincar com os seus melhores amigos. Mas, para a sua casa ser ainda mais especial, teria de ser construída com a ajuda do seu avô. Porque a sua casa da árvore teria que ser a mais especial de todas, onde todos os sonhos se realizariam. E os avós sempre ocuparam um lugar muito importante na vida da Aurora! Eles eram exemplo de sabedoria, com tantas histórias para contar sobre os tempos passados e também de afeto, pois a enchiam de abraços, de beijos e de miminhos.

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Os pais, ao ouvirem Aurora e ao sentirem aquele pequenino coração cheio de tanto amor, decidiram ligar aos avós e a esperada resposta apareceu.

O avô iria comprar todo o material necessário e ia ajudar a sua bela e amada neta Aurora a construir a sua linda e maravilhosa casinha, onde iriam caber todos os seus infinitos desejos.

No dia seguinte, Aurora acordou com uma voz bem conhecida, mas que não era nem da mãe nem do pai... Era o seu avô, que estava com um sorriso enorme e por cima da orelha trazia um lápis e no cinto vinha pendurada uma fita métrica. A Aurora perguntou, entusiasmada, se era para construir a sua casa da árvore especial.

O avô respondeu que sim e, nesse instante, a Aurora ficou super entusiasmada.

De seguida, dirigiram-se ao local da construção, com todo o material e puseram mãos a obra. Claro que a Aurora já tinha escolhido a árvore onde queria construir a sua casa, uma árvore grande com vista para o mar. Tinha de conseguir ver bem o mar, ela adora o mar! Estava tão contente que todos os dias enchia o avô de beijinhos, abracinhos e agradecia a toda a família.

Finalmente, ia ter uma casa na árvore. A casa estava a ficar tão bonita!... E já faltava pouco para ficar pronta.

A casinha demorou três dias a ficar pronta. No primeiro dia, o avô fez as quatro paredes, a porta, as janelas e o telhado. No segundo dia, pintou as paredes de cor-de-rosa, a porta de amarelo e o telhado de azul. No terceiro dia, espalhou almofadas coloridas pelo chão e também alguns peluches da Aurora. A casinha estava a ficar muito catita e tal e qual como a Aurora a imaginou!

Mas o que a Aurora não sabia é que, enquanto ela ajudava o avô a preparar a casinha da árvore, e com o aproximar do dia do seu aniversário, os pais dela estavam a preparar-lhe outro presente muito especial, daqueles que cabem numa caixa…

Pensaram no quanto ela gostava de observar a natureza e o mar e que, quando olhasse através das janelas da sua casa da árvore, este presente serlhe-ia útil. Certamente, iria passar muitas horas com ele, no que viria a ser o seu local favorito.

Mas não vamos revelar já o que é! Teremos de esperar pelo dia de aniversário da Aurora, que é já amanhã! A menina mal pode esperar pelo

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próximo amanhecer! Os pais da menina passaram o dia a criar um bichinho dentro daquela cabecinha, que todos sabemos como é imaginativa…

– Vais poder ver o infinito tão perto, que quase lhe poderás tocar – diziam os pais de Aurora para lhe aguçar a curiosidade.

E ela, tão distante nos seus pensamentos sobre o que poderia ser a prenda, sonhava de olhos abertos, imaginava bonecas, naves espaciais e outras coisas mais. Passou o dia nisto e, já depois do banho, do jantar e dos dentinhos lavados, cheia de pulos e excitação lá pelo meio, foi-se deitar. E, com a história de dormir contada pela mãe, com mil e uma perguntas sobre o que poderia ser “aquela caixa” pelo meio da história, acabou por adormecer e quem sabe sonhar com o misterioso presente.

Acordou no dia seguinte já a rir, era o seu dia e a menina contava que fosse especial, não aquele especial de antigamente, com muita gente, mas aquele especial de saber que o seu querido avô que ela tanto adora lhe tinha concretizado o seu maior sonho.

Desceu até à cozinha, de onde normalmente não é costume vir tanto barulho e lá estavam os seus pais, os seus avós e mais um ou dois amiguinhos que eram os seus melhores amigos, desde que a Aurora tem recordação.

Aurora ficou muito feliz no seu aniversário e quando abriu a caixa com um presente ficou muito feliz! Não esperava que fosse presenteada com um gato muito robusto e lindo!

Aurora agradeceu muito a todos e este aniversário foi um acontecimento inesquecível!

Aurora adorou o seu novo amigo, um gato bebé, muito meigo e fofinho. Levou-o para a sua casinha da árvore e arranjou-lhe uma caminha.

Ficaram assim os dois, juntinhos, a ver o mar, as montanhas e o pôr-dosol, enquanto lá fora o barulho da festa ia diminuindo.

Aurora ficou a pensar no seu presente tão desejado. Afinal, o que ela mais queria era estar com os avós, os pais e os amigos. Pegou na caixa do gatinho e transformou-a numa caixa de lembranças. As lembranças devem ficar sempre arrumadas e os afetos também. E quando abrimos e fechamos a caixa há sentimentos, imagens e cheiros que estão sempre lá. Aurora pôde guardar para sempre o momento único e inesquecível de poder construir a sua casa na árvore com o seu avô. Foi o melhor presente!

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Biblioteca Escolar e Educadoras - EBI de Pereira

Crianças e Pais do Jardim de Infância

2020/ 2021

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FIM

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