Histórias do 25 de Abril - DAC 5º Ano Arazede

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Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho

Escola Básica de Arazede

Histórias do 25 de Abril

Português ׀ Oficina e Escrita ׀ Biblioteca Escolar

“Crescer a ler”: DAC – 5º Ano

Alunos do 5º Ano

2022 - 2023

O dia 25 de Abril de 1974 contado por alguns dos seus símbolos

Partindo da leitura do livro 7x25 histórias da Liberdade, de Margarida Fonseca Santos (Gailivro), e da estratégia adotada na obra, os alunos do 5º Ano escreveram pequenas histórias, reunidas neste livro digital, tendo como narrador um objeto simbólico associado à Revolução dos Cravos.

Os textos foram apresentados pela primeira vez, e lidos em voz alta, na BE de Arazede, na Semana da Leitura (a 30 de março), na atividade “Leituras Partilhadas”, no âmbito da articulação entre 4º e 5º Anos e concretizando uma nova etapa do DAC do 5º Ano – “Crescer a Ler”.

Através do presente livro pretende-se divulgar mais amplamente este percurso que começou pela descoberta e leitura de uma obra, alargou-se na pesquisa de informação histórica e prosseguiu com a escrita, posteriormente lida e agora “publicada”.

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A boina do capitão Salgueiro Maia

Um dia de revolução sem guerra

Eu sou uma boina e faço parte de uma farda militar. Vocês não imaginam em que cabeça é que eu estive! Foi na cabeça do capitão Salgueiro Maia!

Eu posso parecer uma simples boina, mas eu fui muito importante para a Revolução de 25 de Abril: conheci as ideias, os sonhos e os desejos do capitão.

Durante a viagem, o capitão Salgueiro Maia estava preocupado, pois não sabia o que poderia acontecer; ele estava com muito medo. No entanto, o capitão conseguiu vencer o medo. Quando os soldados chegaram a Lisboa, ele sentia-se mais aliviado e com mais esperança do que nunca. Nas ruas, o povo estava a apoiar a Revolução: eram milhares de pessoas a gritar de alegria, de esperança e desejo de liberdade.

Estas emoções vibravam na cabeça do capitão. Por isso este dia foi para todos e para mim um dia inesquecível, um dia de Revolução sem guerra.

O cravo

Eu, o cravo

Eu sou o cravo mais vermelho de todos! E orgulho-me de o ser!

As pessoas sempre gostaram de mim! Sou uma flor exótica e simbolizo respeito, amor e paixão. Atualmente existem cerca de 300 espécies de craveiros e posso alcançar até 1 metro de altura. Até já fui considerado o símbolo de algumas divindades na Grécia e em Roma.

Mas naquele fatídico dia, a Dona Celeste Caeiro, uma lisboeta, empregada de mesa no restaurante “Franjinhas”, levava-me para o seu local de trabalho, pois era a comemoração do 1º aniversário daquele espaço. Como encontrou a porta fechada, resolveu regressar a casa, mas no caminho cruzou-se com um grupo de soldados. E nessa altura, eu ouvi um soldado a pedir-lhe um cigarro, mas a Dona Celeste não tinha, porque não fumava, e disse que apenas podia dar uma flor. E o soldado aceitou e pôs-me no cano da sua espingarda. Os outros soldados fizeram o mesmo.

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André, Lourenço e David – 5º A

Entretanto, outras senhoras que vendiam flores começaram a dar os cravos vermelhos que tinham aos soldados e rapidamente as armas se transformaram em jarras, aliando-nos assim a uma revolução histórica, em que não houve derramamento de sangue.

Por isso, a Revolução do 25 de abril também ficou conhecida como a Revolução dos Cravos, um marco muito importante para Portugal.

Agora sou o símbolo da liberdade!

Lucas M. e Lucas A. – 5º B

Eu sou o cravo! Sou uma flor muito simbólica do 25 de Abril.

Eu gosto de ser o centro das atenções e gosto que me tratem bem. Sinto-me orgulhoso por ser muito importante na História de Portugal.

Desse dia, só me lembro de andar de mão em mão e de me meterem nos canos das espingardas. Realizei um sonho, que era ser livre!

Nesse dia, Portugal foi feliz, forte e unido.

Quem me dera que Portugal fosse sempre assim! Mas com a desigualdade deste país não dá para viver bem.

Vamos lutar por um Portugal melhor!

A espingarda

O dia da liberdade

Eu sou uma espingarda. E, num certo dia de sol, eu estava a conversar com as minhas amigas, quando ligaram o carro de combate. O capitão Salgueiro Maia pegou em mim e posicionou-se no tanque.

Quando ele me agarrou, senti que havia uma missão a cumprir. Quando estávamos no meio do caminho, pararam e o capitão perguntou:

- Houve outra avaria?!

- Não! O semáforo ficou vermelho – respondeu o soldado.

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O cravo Santiago e Tomás – 5º A

Depois eles arrancaram. À nossa volta, juntou-se uma multidão! Até subiam para cima dos tanques... E eu senti a firmeza das mãos que me seguravam. Senti que a liberdade estava prestes a acontecer…

Eu sou a espingarda e já participei numa guerra colonial.

No dia 25 de Abril de 1974, estive nas mãos do capitão, as minhas colegas estavam comigo e andámos muito tempo pelas ruas.

A meio do caminho cruzámo-nos com a Sra. Celeste Caeiro, que ofereceu aos soldados cravos vermelhos. Estes pegaram neles e enfeitaram-nos. No início achei muito estranho… Onde já se viu uma espingarda, arma de guerra, com uma flor em vez de balas?! E logo eu, que sempre estive na frente das guerras, disposta a defender o soldado que me empunhasse… Mas, olhando à minha volta e vendo todas as outras espingardas, fiquei fascinada... Estávamos tão bonitas! E lá continuámos o percurso para o Carmo.

Nesse dia, excecionalmente, eu não disparei balas, aliás nenhuma de nós disparou, não havendo derramamento de sangue. E assim se deu o golpe militar da Revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974.

A partir desse dia, o povo teve direito à liberdade e foi extinto o Estado Novo. Um Regime de Ditadura, em que as pessoas não tinham direitos, e se não obedecessem eram presas e torturadas pela PIDE.

Eu senti-me importante porque fiz parte desta revolução. Nunca pensei que um golpe militar pudesse acabar sem eu disparar!...

Viva o 25 de Abril de 1974!

Viva a Liberdade!

Yara e Mateus – 5º B

A bandeira de Portugal

Eu, a bandeira de Portugal

Eu sou a bandeira de Portugal. Sou verde, vermelha e amarela. Gosto de representar Portugal porque quando me veem toda a gente fica feliz.

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A espingarda

Naquele dia, algo aconteceu. Estava a dormir no sótão de uma casa e, de repente, um monte de gente veio para me agarrar, com grande algazarra. Agarraram-me, balancei muito e, passado uns minutos, comecei a sentir que as pessoas tinham liberdade e alegria!

Fui lá para fora nas mãos de uma criança, que estava ao colo do pai. A criança ficou muito feliz, porque o seu sonho era pegar na bandeira de Portugal, por isso, a partir desse dia, a criança nunca mais esqueceu esse momento.

Daí em diante, comecei a unir todos os portugueses.

O jornal

Eu adorava o meu trabalho. Em mim só se escrevia a favor do Estado Novo. Não deixavam que se escrevesse tudo. Primeiro, as informações tinham de passar pelo crivo do sensor, ou seja, pela comissão de Censura, e até existiam vários temas proibidos, mas eu achava bem. Já estava habituado.

No dia 25 de abril de 1974, ninguém ligou nada ao que eu gostava ou queria e escreveram que “as Forças Armadas tomaram o poder”, que o governo se rendeu às cinco da tarde e que as tropas do movimento entraram no Carmo. Havia um título que sobressaía, que era «Pelo povo e pelas suas liberdades», e mesmo no final da minha capa estava escrito: «Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura!»

Foi aí que eu senti uma liberdade que nunca tinha sentido antes. Aquilo que até ali me parecia fazer sentido, deixou de o fazer. Afinal, a liberdade significa a oportunidade de ser o que nós nunca pensámos que seríamos.

Colocaram fotos dos capitães de abril e das pessoas a celebrar: o Estado Novo e a PIDE tinham caído! O povo já podia exprimir a sua opinião sobre o governo e eu fiquei feliz porque as pessoas já não eram torturadas pela PIDE. Afinal, o povo precisava de saber a verdade. A liberdade de expressão e de imprensa foi uma das conquistas da Revolução.

Até hoje nunca mais nenhuma notícia passou pela censura. Continuem a ler sempre jornais, pois vocês, leitores, são a força e a vida de jornais como eu.

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Tatiana e Micael – 5º A Eu, o jornal República

Eu sou o rádio e sou considerado um meio de comunicação. Quem me criou foi um senhor chamado Nikola Tesla, em 1943. Sirvo para informar e divertir as pessoas. De certeza que já ouviste músicas e notícias a passar no rádio de casa ou do carro.

Na altura do Estado Novo havia a censura e não me deixavam transmitir tudo o que eu queria. Embora existissem rádios clandestinas, era proibido ouvi-las e se alguém fosse apanhado a ouvir o que não podia, era castigado pela PIDE.

Houve um dia muito importante para a vida das pessoas e que mudou muito a vida em Portugal. E eu fui um dos mais importantes meios de comunicação social durante o 25 de abril.

No dia 25 de abril, numa bela manhã de primavera, os portugueses ouviram:

“Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas Portuguesas apelam a todos os habitantes da cidade de Lisboa, no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma.”.

Na véspera desse dia, por volta das 23 horas, eu transmitira a canção “E depois do adeus” (de José Niza e António Calvário, cantada por Paulo de Carvalho), que era uma senha secreta para os militares saírem dos quartéis. Meia hora depois, passei a canção “Grândola, vila morena” (de José Afonso), uma canção proibida pela Censura, e que era a senha de que a Revolução se tinha iniciado. Fui eu que dei todo o conhecimento às pessoas e divulguei as reações da população. Fui ou não importante?...

Um dia magnífico

Eu sou um rádio! E gosto muito de cantar, sinto que sou muito importante para os humanos. Hoje, vou contar um episódio marcante da minha vida. Nesse dia cantei, mas também disse muita informação. Sem a minha ajuda, a revolução não seria a mesma coisa. Naquele dia, eu cantei uma música muito linda, e depois percebi que, com essa canção, tinha mandado uma mensagem muito importante aos soldados. E nisso percebi que fiz algo tão importante para Portugal, que até gritei de alegria junto com as pessoas!

Na verdade, foram duas canções: “E depois do adeus”, que avisou a tropa para sair do quartel, e “Grândola Vila Morena”, que indicou que a Revolução começava a avançar.

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Eu, o rádio
O rádio
André e Guilherme – 5º B

Eu quero continuar a dar boas notícias, como naquele dia 25 de abril de 1974: notícias de liberdade e de paz. Que todos os dias sejam como aquele dia, um dia magnífico!

Yara e Salomé – 5º A

O carro de combate

Eu, o tanque de guerra

Eu sou o tanque de guerra e tenho motores enormes. Reúno cinco ações essenciais ao combate: poder de fogo, ação de choque, proteção/mobilidade e comunicações. Movo-me com a ajuda da esteira, mais conhecida por “lagarta”.

Tenho duas cores: verde tropa e castanho escuro para me camuflar, dependendo do sítio onde esteja.

Já tinha participado em muitas guerras que aconteceram por diversos motivos, pois os seres humanos são muito estranhos e arranjam problemas por tudo e por nada. Naquela época, tinha acabado de regressar da guerra colonial, que aconteceu entre 1961 e 1974 e que se chamava “Guerra da Libertação”.

Entretanto, fui chamado para participar na revolução do 25 de abril, de 1974. Não me opus e apresentei-me ao serviço, imediatamente. Estava disposto a tudo, como sempre e sem me queixar!

Gostei desta “guerra”, porque havia várias pessoas para me acompanharem e as espingardas tinham flores, imaginem só! Mas acima de tudo porque acabou com um final feliz e sem derramamento de sangue. Afinal os seres humanos também conseguem atingir os seus objetivos sem guerras violentas e desnecessárias.

Foi um dia memorável e estivemos todos de parabéns!

Um sonho tornado realidade

Eu sou um carro de combate, sou usado para guerras. Eu sinto que o meu dever é ajudar na guerra, mas o meu sonho é que não haja guerra. No dia 25 de abril de 1974 o meu sonho foi realizado!

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Íris e Luciana – 5º B

Quando me foram buscar, eu pensei: «Vou para a guerra!» Até ia começar a chorar…

Mas, enquanto deslizava pela cidade de Lisboa, apercebi-me de que os habitantes estavam a sorrir para mim! «Será que vou para a guerra?», pensei eu. Quando parei no semáforo vermelho, os soldados até começaram a rir e a brincar… Depois de algum tempo, chegámos ao nosso destino: estávamos em frente ao Quartel do Carmo. O capitão pegou no megafone e ordenou para saírem do quartel. À nossa volta, milhares de pessoas felizes ofereciam cravos umas às outras e até os colocavam nos canos das espingardas.

Então, reparei que não ia para a guerra, mas sim para a liberdade!

O capacete

Eu,

Eu, o capacete, sirvo para proteger a cabeça de impactos externos, ou seja, de objetos ou destroços atirados, mas existem versões diferentes de mim com os mais variados usos.

Já salvei muitas vidas de soldados e capitães. Sempre fui muito corajoso! Nunca tive medo de participar numa guerra. Aliás, sempre gostei de estar na frente da batalha.

Mas a revolução de 25 de abril, também conhecida como Revolução dos Cravos, Revolução de Abril ou apenas por 25 de abril, foi diferente de todas aquelas em que já tinha participado.

Esta revolução foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e por soldados. No dia 25 de abril de 1974, eu desfilei elegantemente na cabeça de um desses soldados. Lá fomos nós nos tanques de guerra, pela avenida fora, até que fomos parados por um sinal de trânsito que, achando-se importante, passou a vermelho. Ora vejam lá tal ousadia! É claro que assim que passou a verde lá prosseguimos

Foi uma revolução pacífica, pelo que pude observar à minha volta, sem estar preocupado em proteger o meu valente soldado. Este até colocou uma flor na espingarda! Parece que era um tal de cravo! Eu, que estou habituado a guerras, não gostei muito daquilo, mas no final conseguiram o que queriam sem mortos nem feridos, o que me deixou feliz.

Foi um dia memorável!

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Helena e Camila – 5º A
o capacete
Bruna, Carolina e Gustavo – 5º B
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