Singapura e Timor

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Agosto de 2013 Número 91

Cadernos de Viagem

Singapura e Timor Na nossa viagem a Timor, a primeira paragem foi em Singapura. Dois países em nada comparáveis. Cada

@ M. Margarida Pereira-Müller infobus, Comunicação e Serviços, Lda Tel.: 00351-214351054 Email: guidapereiramuller@yahoo.com

um deles está na extremo da escala respetiva. E no entanto, são vizinhos. É para Sin-

gapura que vai a elite timorense quando precisa de tratamento médico, de nova roupa, de novos ares. Três horas de avião que nos deixam em planetas diferentes. Futilidade e superficialidade versus sobrevivência diária. O último grito em arquitetura versus casas tradicionais com “paredes” de esteira e tetos de colmo. Etiquetas de todos os grandes designers da

moda versus uma kipá que só deixa de se usar quando se está a desfazer de velho e usado. Milhares de restaurantes versus um prato de arroz por dia — quando o há. Tratamento médico de ponta versus mascar uma mistura viciante para enganar a fome e fazer esquecer a realidade. Casinos com centenas de máquinas e jogos e altos investimentos versus bingo jogado a 10 cêntimos. Ordenados de vários milhares de dólares versus 1 dólar por dia. Foi assim uma viagem de contrastes, uma viagem de um extremo ao outro .


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Singapura Singapura é um verdadeiro “melting pot”, sinónimo de riqueza, ostentação, luxo e organização que pode ser sentido através de sua arquitetura composta de prédios modernos, altos, verdadeiros arranhacéus, e bairros coloniais e étnicos, já centenários. A história de Singapura Não há leões em Singapura e, no entanto, o símbolo da cidade é o leão, o Merlion

Segundo uma lenda malaia, um príncipe da Sumatra encontrou um leão em Temasek, um sinal de bom presságio, e decidiu fundar Cidade do Leão (=Singapura). É óbvio que esta história não passa duma lenda, porque... nunca existiram leões em Singapura ..... O símbolo da cidade é o Merlion, uma escultura

em forma de leão que se encontra na marina de Singapura, mesmo em frente ao icónico hotel Marina Bay Sands. O grande obreiro desta cidade-estado, situado numa ilha com apenas 640 km² e quase em cima da linha do Equador, foi Sir Stamford Raffles, que a transformou

num entreposto importante em 1819, protegido de eventuais ataques holandeses por uma grande força militar e naval britânica. Os britânicos já haviam marcado a sua presença no Estreito de Malaca durante o século XVIII, protegendo as suas rotas comerciais entre a China e as colónias na Índia. A invasão da ilha pelas tropas japonesas durante a II Guerra Mundial

baixou a moral dos seus habitantes. Nos anos 50, surgiu uma grande onda de nacionalismo que levou à sua autodeterminação. Lee Kuan Yew ganhou as eleições de 1959, e, como primeiro-ministro, um cargo que ocupou durante 31 anos, levou Singapura à independência. Como esta já era a nossa segunda visita à cidade-estado, a nossa estadia foi bastante relaxada, sem sentirmos a obrigatoriedade de visitar os pontos mais marcantes da cidade. E se há 10 anos, o hotel mais marcante de Singapura era o Hotel Raffles, funda-


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do em 1887, e eternizado por diversos escritores (foi considerado Monumento Nacional em 1987), atualmente este foi estatuto pertence ao Marina Bay Sands, com uma arquitetura bem diferente, saída da pena do arquiteto de Boston Moshe Safdie. Aliás, toda esta zona é nova. Na década de 70 do século passado, foi implementado o plano de recuperação de terra na Baía de Marina, formando o que é hoje as Marina Centro e Marina Sul. No processo de recuperação, a bacia Telok Ayer e estradas internas foram removidas do mapa pelas terras a recuperar; a foz do Rio Singapura flui agora para a baía em vez de diretamente para o mar. Em 2008, foi construída a Barragem da Marina, um novo reservatório de água fresca doce no

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centro da cidade — é daqui que é distribuída a água potável de Singapura —, criando novos estilos de vida, controlo das enchentes (deixou de haver inundações do bairro chinês, na parte baixa da cidade, e abastecimento de

água. Marina Bay Sands Quando decidimos ir para Timor via Singapura, só havia uma opção de hotel: o Marina Bay Sands onde tinha combinado ir beber um gin tónico com uma amiga. Tinha de ir nadar na “infinity pool”. Inauguradas em 27 de abril de 2010, estas três torres ligadas por uma

“coroa” no 57º andar é mais do que um hotel. Ficámos num belo e espaçoso quarto no 50º andar com duas camas king size e com uma fantástica vista sobre a marina, o museu de Arte e Ciência e a loja Louis Vuitton sobre a água. A partir do 38º andar, as paredes de vidro do hotel são ligeiramente inclinadas — a inclinação na Torre 1 é de 26º, tornando-o um dos hotéis mais complexos para construir. Durante a construção, o Marina Bay Sands construiu um andar de quatro em quatro dias, a maior velocidade de construção em Singapura para um projeto desta natureza!

Singapura é sinónimo de riqueza, ostentação, luxo e organização


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jardins exuberantes. A piscina sem fim parece que vai cair no infinito….

Três torres ligadas por uma “coroa” no 57º andar

O complexo do Marina Bay Sands é um mundo por si, com um hotel de luxo, um centro de convenções, teatros, casino com candelabros Swarovsky (com um total de 132 000 cristais!), lojas de todos os designers famosos de todo o mundo e restauração. Tudo num único complexo. O hotel tem 2 381 quartos e 180 suites de luxo espalhados pelas três torres, coroadas pelo Sands SkyPark a 200 m do solo e que oferece vistas de 360º de Singapura. Aqui sentimo-nos numa praia tropical com palmeiras verdadeiras, altas e esguias, e diversos

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Marina Sands alberga mais de 45 000 pessoas. Pode ser transformado numa sala de baile para 6000 pessoas, a maior de todo o Sudoeste Asiático. Um dos topos da marina, a Marina Promenade transfor-

Lá do cimo, vê-se o Museu de Arte e Ciência, que também pertence ao complexo. Aqui visitámos uma interessante exposição sobre a vida e obra de dois grandes designers de objetos do quotidiano, Charles e Ray Eames. Assim que a noite cai — e em Singapura, a noite cai de repente — a zona da marina, onde está situado o hotel, transforma-se num mar de luzes. As três torres e a flor de lótus, o funil que apanha a água da chuva, transbordam as cores do arco-íris. E isto mesmo antes do início do espetáculo de cor, luz e música que o Marina Bay Sands oferece duas vezes por noite (três ao sábado) a toda a população. Um espetáculo verdadeiramente a não perder. O Centro de Exposições e Convenções do

ma-se à noite numa miríade de cozinhas de rua, onde se podem comer inúmeras gastronomias étnicas. À tarde, fomos de autocarro até Orchard Road, a grande artéria comercial, e depois regressámos calma-


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mente a pé. Passámos pelo Museu de Arte em Singapura (SAM) que defende e apresenta a arte contemporânea de Singapura e da região do sudeste asiático. Inaugurado em janeiro de 1996, o SAM

acumulou uma das maiores coleções públicas do mundo de obras do sudeste asiático, modernas e contemporâneas. Está alojado numa escola de missão do século XIX, restaurada. Voltámos a ver os edifícios estatais Parlamento, tribunais, câmara munici-

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pal – que formam um complexo à volta do Pandang (palavra malaia que significa campo), uma zona de lazer, com uma relva impecável, onde se joga cricket e rugby (heranças coloniais) e onde têm lugar os desfiles oficiais. Nesta zona, é fácil imaginarmos como teria sido a vida colonial no século XIX e início do século XX. E claro, vimos, desta vez só por fora, a Catedral de Santo André, construída em 1862 em estilo neogótico por condenados indianos a trabalhos forçados. Foi revestida por argamassa de Madras, que muitos peritos consideram indestrutível, por ser feita de conchas, clara de ovo e fibras de coco. Jantámos num local com uma série de cozinhas populares ao ar livre , em que tudo era feito na hora. O sistema era engraçado: pediase o prato que se queria e de imediato o vendedor dizia: Está pronto daqui

a X minutos. E passado esse tempo voltávamos lá para levantar o prato. Engraçada também a resposta à minha pergunta por guardanapos: A barraquinha do fim vende guardanapos! Antes de nos irmos deitar, demos ainda uma volta pela marina, vimos o One Fullerton Hotel e…. alguns sem-abrigos a acomodaram-se para a noite no parque. Muito tem para ver Singapura, sendo um ponto de paragem obrigatória em viagens para o Sudeste Asiático.


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Timor, a ilha do sândalo Muita expetativa na ida para Timor. Como seria o país? Como estaria o país? O meu Pai sempre sonhou ser colocado em Timor — e nunca o conseguiu.

. Timor sempre foi visto como uma colónia longínqua, calma—mas ao mesmo tempo um lugar de degredo para os presos políticos.

Timor era visto como uma colónia longínqua, calma—mas ao mesmo tempo um lugar de degredo para os presos políticos. A ilha sempre atraiu chineses, malaios e mais tarde europeus por causa da abundância de madeira de sândalo — Timor tinha densas florestas de sândalo branco, o mais valioso -, mel, cera e especiarias. A nós, Timor também nos atraía—por outras razões. Há vários anos que lá queríamos ir, mas primeiro era província indonésia e nós não recebíamos visto. Depois do refe-

rendo, passou por uma destruição total e nós achámos que seria amoral ir lá passar férias, estar no “bem bom” enquanto todo um povo precisava era de ajuda física e de quem arregaçasse as mangas e fizesse algo. E finalmente, despoletado pelo facto da Mafalda ter ido trabalhar para lá, dissemos: É agora! A Mafalda veio de férias para Portugal e nós invadimos-lhe a casa. Graças às boas dicas do José Amaral, o Conselheiro Cultural da Embaixada de Timor Leste, escolhemos o assento no lado direito do avião para ficarmos e lugar privilegiado para ir admirando a paisagem marítima e insular por onde íamos passando. E lá de cima, das nuvens iam desfilando perante os nossos olhos lindas ilhas perdidas no meio das águas turquesas do Pacífico Sul. Após a tomada de

Malaca, o vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque, envia uma expedição de três juncos às ilhas das Molucas (que vimos a olho nu da fortaleza de Tutuala) para garantir o controlo do sândalo e das especiarias. Essa armada, comandada por António Abreu, terá navegado ao longo de Timor, sem ter aportado. Os mapas desenhados em 1512 por Francisco Rodrigues já representam

a costa de Timor. Nessa altura, a ilha estava dividida e, muitos pequenos reinos feudais subdivididos por vários sucos e povoações . Estes reinos encontravam-se coligados sob a influência de dois grandes lurais (régulos): os reinos de Servião, a parte ocidental da ilha, aceitavam a supre-


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macia do liurai de Sombai, enquanto os reinos da região de Belos, a parte oriental da ilha, reconheciam o poderio do liurai de Behale. Em 1515, frades dominicanos portugueses desembarcam pela primeira vez na ilha, em Lifau, agora no enclave de Oecússi. Posteriormente, alargam a sua influência à ilha das Flores fundando outro forte em Larantuca. Nestes fortes formam-se grandes comunidades de Portugueses mestiços. Para além da "força do sangue" português, havia uma política régia de fomento ao casamento interracial. Entretanto, em 1636, chegam à zona os Holandeses, que tomam a ilha de Solor. Em 1653, é tomada a fortaleza de Cupão na parte oriental de Timor, ficando a ilha das Flores a ser o principal centro do comércio português. Grandes são as disputas com os Holandeses pelo domínio da região. Solor muda de mão várias vezes. Quando, em 1642, Malaca é tomada pelos Holandeses, os topasses (portugueses

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mestiços) que aí residiam estabelecem-se em Larantuca, na ilha das Flores e em Macáçar, nas ilhas Celebes (agora Sulawesi). Em 1629 são referenciadas em Larantuca duas importantes famílias topasses: A de Jan d'Hornay, desertor holandês, e a família Costa. É graças à fidelidade destas duas famílias que Oecússi se mantem debaixo da soberania portugue-

sa. Tendo havido casamentos dentro das famílias reais do reino de Mena e Ambeno, os chefes dessas famílias tornam-se também liurais, tendo preferido manter-se ligados aos Portugueses, numa época em que a maioria dos reinos de Servião já se tinha desligado da coroa portuguesa.

No entanto, só no século XVIII é que os Portugueses ocuparam efetivamente Timor. Díli só se tornou capital da província de Timor em 1769 após o cerco de três anos à então capital, Lifau. No século XVIII, o sândalo estava quase extinto e Timor ficou num marasmo económico. Após o declínio das exportações desta madeira exótica, é introduzida então a cultura do café. Em 1858, Portugal propõe-se ficar com toda a ilha de Timor

. Até meados do século XIX, o comércio do sândalo permanece a principal motivação por Timor.


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. Um povo que muito tem sofrido ao longo dos séculos

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e dar em troca os direitos sobre todas as outras ilhas mais um território em África. Proposta que os Holandeses não aceitaram. Em 1860, pelo Tratado de Lisboa, é feita nova partilha: Portugal fica com o enclave do Oecússi e a Holanda com os de Maucatar e Atapupo. Portugal cede os enclaves na ilha das Flores e abandona as pretensões sobre várias ilhas. Em troca recebe 200.000 florins. Todas estas trocas foram feitas à revelia da população local. No final do séc. XIX aparece o petróleo que é pelo menos suficiente para a iluminação pública de Díli. Ao longo do séc. XX são concedidas licenças de exploração a várias companhias mas a guerra interrompe tudo. Na II Grande Guerra, Austrália e Países

Baixos apercebem-se da posição estratégia de Timor e invadem a ilha, apesar dos pro-

testos de Portugal. Os Japoneses aproveitam-se do facto de a ilha ter sido tomada pela Austrália e invade-a em fevereiro de 1942, tendo aí ficado até setembro de 1945 — uma presença muito violenta. Quando os Japoneses abandonam Timor, deixam grande rasto de destruição. No total, 5000 Timorenses tinham perdido a vida Após a guerra, os japoneses saem da ilha, mas Timor não recebe nenhuma reparação por parte do Japão por alegadamente Portugal ter tido um papel neutro durante a guerra.

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Inicia-se então uma lenta recuperação económica do território. Escasso foi porém o investimento no território. Portugal passa a governar a ilha com uma combinação de administração direta e indireta e usando as estruturas tradicionais de poder. Tal permitiu deixar a sociedade timorense praticamente intacta. Com o 25 de Abril e o processo de descolonização que se lhe seguiu, volta o desassossego. Em agosto de 1975, estala uma guerra civil entre os partidários da FRETILIN e da UDT. A 28 de novembro, é

declarada unilateralmente a independência de Portugal. Alguns dias mais tarde, a 6 de dezembro, a Indonésia, com o aval dos EUA e da Austrália, invade a parte oriental da ilha,


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num processo de anexação de tal maneira violento que só em março de 1979 os indonésios declaram Timor Leste pacificado — quase quatro anos após a invasão dum território com uns escassos 1500 km²! A ocupação indonésia foi marcada por muita violência e brutalidade. Segundo dados da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação de Timor Leste,

200000 pessoas foram mortas e várias centenas de milhar vítimas da fome, de doença e das deslocações for-

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çadas. O massacre no Cemitério de Santa Cruz a 12 de novembro de 1991 durante o funeral do estudante Sebastião Gomes filmado por um jornalista australiano marcou o ponto de viragem na luta dos timorenses. No ano seguinte, Xanana Gusmão, o líder da resistência, foi preso. Em 1996, o bispo D. Ximenes Belo e o ativista José Ramos Horta recebem o Prémio Nobel da Paz. Com a resignação de Suharto, chegou-se a um acordo sob os auspícios das Nações Unidas para a realização dum referendo para saber a vontade dos Timorenses: província autónoma da Indonésia ou independência. A 30 de agosto, o povo timorense declarou sem margens para dúvida (78%) que queria a independência, uma resposta que provocou uma reação extraordinariamente brutal e violenta por parte

das milícias próindonésias que mataram, destruíram e saquearam indiscriminadamente, deixando o país praticamente sem infraestruturas. Uma força multinacional das UNO foi enviada para Timor para restabelecer a paz e a segurança. A 20 de maio de 2002, nasce uma nova nação: Timor Leste. Começa então o longo caminho de formação dum país.

Em Timor abunda a economia da sobrevivência


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Díli. Uma capital adormecida. Chegamos de Singapura e aterramos na capital timorense num aeroporto de trazer no bolso. Pequenino mas sem a confusão dos aeroportos de pequenas cidades africanas. Ao mostrar o passaporte português, o funcionário acena-me e diz-me para seguir, pois não preciso de visto. Os portadores de outros passaportes, mesmo da União Europeia, têm de ir ao guichet e pagar os 30 dólares do visto. Rapidamente chegam as nossas malas e saímos ao terminal. Estamos em Timor! O aluguer do carro correu sobre rodas e a meio da tarde já estávamos bem instalados na “casinha timorense” da Mafalda. Foi tomar um duche e ir dar um pequeno passeio pela Marginal (Av. De Portugal). Apercebemos logo que aquele troço da Marginal se transfor-

ma à noite num restaurante ao ar livre. De todas as ruelas perpendiculares, saíam rapazes com cadeiras de plástico à cabeça que montam na areia. Entretanto, já havia muitos fogueiras acesas sobre as quais se

grelhavam peixes, sassate (espetadas de carne), milho. As vendedeiras agitavam sacos de plásticos presos a um pau para afastar as moscas. Nós escolhemos o restaurante Nautilus, do outro lado da rua, para o nosso primeiro jantar em Timor.

No dia seguinte fomos então à descoberta de Díli. De mapa na mão, íamos seguindo as ruas. Mas logo no início vimos um grande palácio que não vinha indicado no mapa. Parámos e perguntámos ao segurança que edifício era aquele: Isto é o palácio presidencial! Ops, desconhecimento total. O Palácio Presidencial Nicolau Lobato foi inaugurado em 2009. Ao longe, no alpendre do palácio vislumbramos três homens vestidos com fatos típicos. Pedimos para


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ir lá para tirar fotografia. E qual não é o nosso espanto, o segurança não pôs nenhum entrave. Lá entrámos nós por ali adentro e tirámos as fotos. Isto é Timor! Simpatia e descontração! Em que outro país se pode entrar assim sem mais nem menos no palácio presidencial? Gostei! Seguimos para o Palácio do Governo, no antigo palácio do governador da época colonial. A opção por uma ampla colunata resulta da influência das construções da Praça do Comércio de Lisboa. Ali perto, virados para o mar, estão três grandes canhões antigos portugueses. À frente do palácio, o Monumento ao Infante D. Henrique com mais de 2 metros de altu-

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ra. Foi construído em 1960 e integrado nas comemorações do 5º centenário da morte do Infante D. Henrique. Lembra um padrão, encimado com o escudo das cinco quinas e a cruz de Cristo e com um alto-relevo relativo às descobertas com a rosa dos ventos e o sextante e a inscrição: «Por Mares Nunca Dantes Navegados». Graças ao nosso

guia privilegiado, pudemos ver a sala do Plenário do Parlamento de Timor Leste e ficámos a saber que o governo tem 58 membros e o Parlamento 66 deputados. Cada um tem direito a um automóvel 4W de alta cilindrada (matrículas encarnadas, verdes e azuis) com motorista, várias viagens anuais ao estrangeiro, um check-up

médico em Singapura e muitas outras regalias. Parece que o orçamento do estado já ultrapassa este ano os juros do fundo do petróleo , ou seja, o governo timorense já está a mexer no fundo em si, ou seja, no dinheiro do futuro…. Os deputados não têm gabinetes individuais, por isso têm as secretárias da sala do plenário cheias de papéis. Ali bem perto, logo no quarteirão seguinte, está o fantástico Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT), criado em 2005, para a preservação da memória e do património histórico nacional e para a divulgação dos valores da Luta de Resistência do Povo de Timor-Leste. A exposição permanente está muito


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bem feita, explicando claramente a saga do povo timorense. Também ali perto, está a Sala de leitura Xanana Gusmão, uma biblioteca púbica inaugurada em junho de 2000 por Kirsty Sword Gusmão. Estamos agora na Marginal, o centro nevrálgico dos habitantes de Dili. Ali se passeia, se brinca, se descansa debaixo das grandes figueiras de bengala ou debaixo do telhado ondulado onde até há internet, se compram frutas no mercado de rua ou somente se bebe uma água de coco. Ali perto, o Monumento a Nossa Senhora, construído durante o ano mariano de 1954, com o brasão simplificado

chegamos à Praia da Areia Branca onde, um pouco mais adiante, no topo do Cabo de Fatucama, se ergue a grande estátua do Cristo Rei sobre um globo gigante. Os seus 27 metros de altura são uma alusão clara à anexação de TimorLeste em 1976 como a 27ª província da Indonésia. A estátua, inaugurada em 1996, foi construída com apoios financeiros do governo central indonésio, do governo da província de Timor Timur e de várias empresas. A construção da estátua do Cristo-Rei gerou muita polémica entre a população, sendo vista por muitos timorenses como um símbolo político imposto por Jacarta, e não como uma imagem meramente religiosa

de Timor Português e, no cimo, a imagem de Nossa senhora rodeada de anjos.

Para lá chegarmos temos de subir mais de 500 degraus. A escadaria é ladeada por pequenos santuários com os 14 passos da Via Sacra.

Continuando o nosso passeio junto ao mar,

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Durante os anos da ocupação indonésia, vários foram os monumentos simbólicos que foram construídos. Entre eles, o Monumento à Integração, no Taman Integrasi (Parque da Integração) no centro de Díli, para comemorar a integração de Timor Leste. Trata -se duma estátua de um liurai nas vestes tradicionais e a libertar-se das grilhetas que o prendiam de pés e mãos. Diversos «monumentos à integração» similares foram construídos um pouco por todo o território. No centro de Díli, ainda dois marcos importantes: o farol, que nos indica o início do porto. Mesmo ao lado, num jardim e enfrentando o mar temos o monumento ao Engenheiro Artur de Canto Rezende. É


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o único que em Díli apresenta um busto em bronze da figura

homenageada sobre um pedestal encimado por um escudo com as armas de Portugal e a legenda: «Engenheiro Artur do Canto Rezende, morto na prisão em Calabai em 1945 , vítima do seu patriotismo e heroica abnegação». Antes de irmos para Tassitolu para vermos os três mares (Tassi= mar, tolu=três) e a gigante estátua de João Paulo II, paramos primeiro no mercado de tais para apreciar a arte das tecedeiras de tais (e onde pudemos

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também observar a grande paixão pelo jogo do Bingo) e depois na Catedral de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Em Tassitolu, teve lugar a missa ao ar livre celebrada pelo Papa e anos mais tarde a cerimónia da independência.

No caminho para as portas de Dili, ouvimos um muezzin a chamar para a oração e fomos até a mesquita, a única em Dili. No tempo indonésio, muitas eram as mesquitas

em Díli, mas com a saída dos indonésios, a população muçulmana ficou reduzida a uma comunidade muito pequena. A timorenses usaram também a religião católica como um instrumento de resistência contra a ocupação. Nos censos realizados pelos indonésios era obrigatório dizer a que religião se pertencia—não escolher nenhuma poderia significar ser-se comunista. Os timorenses punham então a cruzinha na religião católica. Apesar de muito crentes, os Timorenses não puseram de parte as suas crenças animistas, bem visíveis na parte leste da ilha, onde por exemplo, as campas têm cabeças de animais por cima das cruzes.


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Dili-Baucau-Lautem-Tutuala-Jaco

. As estradas fora de Dili são uma animação : além de muitos buracos as estradas parecem um zoo doméstico

Sair de Dili é sair para a aventura. As estradas são …. animadas… Buracos, buraquinhos, buracões, homens, mulheres, crianças, vacas e vitelinhos (um deles até a mamar calmamente no meio da estrada!), porcos e leitõezinhos, cabras e cabritos, galos, galinhas e pintainhos, cães , motos e camiões a barrotar de pessoas e carga, há de tudo na estrada. Na parte final da nossa viagem, até desapareceu uma parte da estrada... Até Lautem, a estrada é quase toda ao longo da costa, tendo ao nosso lado esquerdo praticamente sempre arrozais ou salinas. A primeira cidade para Leste é Manatu-

to. O distrito com o mesmo nome é o menos populado do país. No entanto, é muito conhecido por aí ter nascido Xanana Gusmão na vila de Laleia, onde parámos para ver a igreja, que sobressai na paisagem pela sua imponência. Falámos longamente com um frade capuchinho indonésio. Mandada construir pelo Pe. Diogo Caetano de Almeida, por volta do ano de 1920, e inaugurada em

novembro de 1933, tem como Padroeira Nossa Senhora do Rosário. Desde a sua construção, até aos dias de hoje, a Igreja praticamente não sofreu nenhuma alteração a não ser, logo de início, aquando da ocu-

pação Japonesa, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao passar por Laleia, o Comandante Supremo deste exército, ordenou a demolição da igreja, mas o


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povo, ajudado por dois militares japoneses, o Tenente Ono, então Comandante Militar do Distrito de Manatuto, e o Sargento Tanabe,

agente dos Serviços Secretos japoneses, conseguiram demover o Comandante das suas pretensões,

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ordenando somente a demolição das torres. Durante o tempo de ocupação, a igreja serviu de cozinha para as tropas e de estábulo para os cavalos. À hora de almoço chegámos a Baucau, a segunda cidade de Timor Leste, que no tempo colonial se chamava Vila Salazar. O centro da cidade, construída em torno de uma nascente, tem um certo encanto com as suas ruelas estreitas cheias de vendedores, as suas casas em estilo colonial, a catedral e a pousada, um belo edifício colonial dos anos 60 do século XX. A piscina municipal é um oásis refrescante; a água vem das montanhas e corre sempre fresca para a piscina. O imponente Mercado Municipal foi projetado pelo arquiteto português Pinto Correia e está de

momento em obras de recuperação. A entrada em Lautem, que se chegou a chamar Vila Nova de Malaca no tempo colonial, faz-se pelas portas da cidade, bastante grandes. Não consegui saber se eram restos da muralha da cidade ou qual a sua origem. No caminho podem ver-se umas casa de espíritos, em cima de estacas, com telhados de colmo. Seguiu-se Tutuala, Nova Sagres no tempo colonial português, uma pequena vila rodeada de floresta. A pousada, já acabada mas totalmente vazia, ali está no topo do morro, olhando o mar e algumas ilhas do arquipélago das Molucas. A noite aproximava-

. A estrada de Dili para a ponta leste da ilha corre quase sempre paralela ao mar


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Timor já é povoada há milhares de anos com o provam vestígios que se encontraram nas grutas

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se. Havia que chegar a Jaco ainda com luz do dia. O nosso salvador foi Vasco, um português a viver há muitos anos em Timor, que conduzia a uma velocidade louca. O HansJürgen atrás. No caminho, buracos, buraquinhos, buracões, homens, mulheres, crianças, porcos e leitõezinhos, cabras e cabritos, galos, galinhas e pintainhos, cães. Na descida de Tutuala para a praia em frente do ilhéu de Jaco, a estrada foise. Estudámos a situação juntos. Cada um escolheu a

sua solução e passámos o buraco. Mas

ainda tínhamos uns 5 km a descer, a pique, com pedregulhos e buracos— pedras rolantes. O stress era porque tínhamos de chegar antes de anoitecer. Uma corrida contra o tempo - mas com muitos buracões. A meio caminho, visitámos as grutas

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Ile Kere Kere, cujo nome significa Montanha com escritos. Sem a ajuda dum guia local, o Sr. Gonçalo, nunca teríamos descoberto as grutas pois não há nenhuma indicação. Estas grutas têm indícios de ocupação humana há mais de 40 mil anos. Nos muros podemos ver pinturas rupestres de há 5000 anos: animais,

figuras humanas a dançar, figuras celes-


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habitam, gozando o escuro das grutas.

tes ou símbolos da vida. Foi também aqui que alguns dos membros da resistência timorense

viveram durante a ocupação indonésia, tendo partilhado o espaço com centenas de morcegos que ali

Ao chegar à praia, já a noite cerrada, perguntámos se ainda haveria um quarto no ecoressort. Nada! Que fazer? Voltar para trás à noite seria impensável. O Sr. Luís rapidamente resolveu o problema, alugando-nos uma tenda que montou na praia. Felizmente tínhamos pareos e toalhas de praia para servirem de lençol e manta..... E de manhã fomos

presenteados com um lindo nascer do sol com o Ilhéu de Jaco como cenário. Jaco é considerada sagrada pelos povos autóctones (pelo que não se pode lá dormir), sendo igualmente um importante habitat de aves. Durante o dia os pescadores levam lá os visitantes, que trazem de volta o mais tardar ao pôr do sol. O ilhéu é verdadeiramente mágico, com águas turquesas cristalinas e inúmeras conchas grandes e pequenas, incluindo o grande náutilos e belíssimos corais.

. Águas cristalinas e turquesas e areia alva


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Dili-Dare-Maubisse-Hato Builico

. A pousada de Maubisse ficou adormecida no tempo

De regresso a Díli, voltámos a partir em direção a Sul. Primeira paragem: Dare para ver o Museu do Memorial Australiano da Guerra, construído pela Companhia Independente 2/2, a unidade de guerrilha australiana, também conhecida por Sparrow Force que lutou contra os japoneses em 1942-43. Do monumento, a vista sobre Díli e a ilha de Ataúro é fenomenal. Seguimos caminho para Aileu. A estrada era igualmente péssima, mas as paisagens lindas: nos vales arrozais, nas montanhas café, e por todo o lado, muitas flores. E cada vez mais, aldeias com casas típicas sobre estacas com tetos de colmo, com esteiras a servir de paredes. Na

cidade, está o Monumento aos Mártires de 1942, um massacre de Portugueses perpetrado por Japoneses. Os 25 km até Maubisse fizeram-se muito bem, pois a estrada está razoável e é muito bonita, ladeada de mimosas amarelas e de estrelas de Natal encarnadas. Em Maubisse visitámos a pousada, totalmente adormecida, instalada na antiga residência do governador portu

guês. Esta região ainda mantém as suas tradições, quer nos trajes quer na arquitetura. À saída de Maubisse encontrámos um katua (ancião) a quem demos boleia. Até Hato Builico, no sopé do Ramelau, saindo da estrada principal, são 18 km de picada, passando por diversas aldeias com as típicas casas redondas de teto de colmo. As pessoas andam

embrulhadas em mantas, indicador do frio que faz nas alturas. Ficámos na Pousada Alecrim, por assim dizer a única existente na aldeia. Simples mas limpa. Mana Adelaide falava lindamente Português. Em frente da pousada um grande altar mariano.


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Ramelau Saímos da pousada às 3h da manhã. Fizemos os primeiros quilómetros de carro. Às 3h25 assinámos o livro de entradas no parque do Ramelau. Um funcionário, esticou-nos um livro e disse: Escrever aqui. Lá pusemos os nossos nomes e a hora de chegada; graças a este registo, o governo garante que ninguém fica perdido no Ramelau. Ao regressarmos, deveríamos também ter assinado e escrito a hora de saída, mas o funcionário estava para a horta e não assinámos nada… Começámos a subida às 3h30. Estava escuro como breu.

Sobre as nossas cabeças uma abóboda verdadeiramente negra, repleta de estrelas, grandes e pequenas, algumas muito brilhantes a piscarem, outras mais recatadas, quietas e sossegadas no seu lugar, outras andando a escorregar no céu, como se

o firmamento fosse um enorme escorrega do parque infantil. À nossa volta o silêncio total. Só se ouviam os nossos passos, a nossa respiração e o vento passar na folhagem das árvores. Às 5h30 estávamos na igreja ao ar livre do Ramelau. Pequena paragem para descansar. Às 6h, quando começavam a surgir os primeiros anúncios da luz do dia, alcançámos o topo daquela montanha

que eu aprendi na escola primária ser a mais alta de Portugal. Agora é a mais alta de Timor Lorosae. Maria ali estava, indiferente ao vento gelado que passava, de braços abertos para acolher no seu regaço quem se atreve a subir até ao céu. Foi lindo o nascer do sol, visto a 2960 metros. Fazia um frio de rachar: 5ºC! No vale, a nossos pés, o nevoeiro começou a subir, tendo chegado rapidamente ao topo e envolvendo-nos totalmente. Pensávamos que já não iríamos ver o nascer do sol, quando de repente, surgiu ao longe no horizonte uma enorme bola de fogo a sair do mar.

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Suai

. Ao estrangeiro parece que o governo central esqueceu os distritos e as suas gentes

Mesmo cansados da subida ao Ramelau, pusemo-nos a caminho. A primeira cidade por onde passámos foi Ainaro, localizada num vale. Do alto ainda da montanha, já se avista “ai naru” ou seja, a árvore alta, um gondoeiro. Foi esta árvore que os katuas locais indicaram, em 1904, ao oficial expediente português, quando aqui chegou para estabelecer um posto do comando local. Chegámos à noite ao Suai, cansados, mas fomos calorosamente recebidos por três professores portugueses, o Tiago, a Xana e Jovita. Rapidamente nos esquecemos do cansaço e integrámonos nas suas atividades. Depois de jantar levaram-nos até à Catedral, onde tinha chegado a Cruz Jovem, uma cruz

coberta de tais e que anda por todas as paróquias de Timor. Por onde passa, há grandes demonstrações de fé. Durante o noite, os jovens revessam-se para a vigília. Aqui no Suai, a presença do Cruz Jovem suscitou a realização dum Encontro Nacional de Jovens. A missa de abertura do Encontro foi solene , tendo sido celebrada pelo bispo de Maliana. Alguns acólitos estavam vestidos com fatos tradicionais. Foi aqui que, a 6 de setembro de 1999, foram assassinados pelas milícias próindonésias centenas de civis, entre elas, três padres timorenses e um padre jesuíta da Ilha de Java, cujos bustos se encontram no adro. Esta igreja demorou mais de 20 anos a ser construída, tendo sido oficialmente inaugurada a 15 de agosto de 2012. Depois da missa solene, fomos ver a

escola de referência , também conhecida, como escola portuguesa. Na biblioteca, reuniram-se duas turmas do 2º ano a quem eu contei histórias. Da escola fomos para o mercado, onde almoçámos muito bem na banca do Franc.


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À tarde fomos com os três professores para Suai Loro, uma aldeia ainda muito

intacta nas suas tradições e onde o Tiago está a desenvolver um projeto de criação duma biblioteca escolar para promover a aprendizagem e o desenvolvimento da língua portuguesa. O suco (aldeia) é liderado pelo chefe do suco que toma todas as decisões. As mulheres dedicam-se à tecelagem (esteiras e tais) e à seca do peixe, os homens à pesca. Ambos cultivam as suas hortas. A grande paixão é jogar Bingo, enquanto mascam bua malos, uma mistura explosiva de noz de areca, folhas de bétele , tabaco e um pó branco feito a partir dos corais. O processo de preparação deste pó branco é algo demorado: primeiro o coral é torrado e depois colocado num cesto onde sal-

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picado com água, sal, piripiri e ervas. O cesto é fechado e o coral é deixado a descansar durante algumas semanas até se transformar num pó muito fino que se mistura com a areca e o tabaco e se masca. Atualmente, muita gente, substitui este pó de coral, pura e simplesmente por cal, que corrói as gengivas (e possivelmente o esófago e o estômago), mas que abranda a sensação de fome, sendo igualmente estimulante e relaxante. É

muito cedo. Além disso, esta mistura é altamente cancerígena. Mesmo perto da praia temos uma das primeiras “torneiras” de petróleo, ainda do tempo dos Portugueses e um antigo forte português já tomado pelas raízes das sequoias. Na foz do rio, conseguimos ver ao longe um crocodilo que depois fugiu para o mar. À noite os professores ainda nos levaram a uma festa

altamente aditivo. Provoca um fluxo abundante de saliva vermelha, que mancha os lábios e os dentes. A noz de areca provoca danos muitas vezes irreversíveis, deixando as pessoas sem dentes

popular por ocasião do Encontro Nacional de Jovens, onde crianças dançaram algumas danças tradicionais.

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Suai-Maliana-Batugadé-Maubara-Dili parede da casa para serem poupados. A casa foi comprada pela Austrália e é atualmente um centro comunitário.

. A distância entre as localidades não se mede por quilómetros mas por duração da viagem

Em Suai não há bombas de gasolina, pelo que tivemos de atestar a partir de bidões de 5 l!

Seguimos para Batugadé, diretamente na fronteira. Fomos até lá. É um posto fronteiriço moderno, mas adormecido. parámos em Balibó para ver o forte português do século

Para fazermos estes 250 km entre Suai e Díli, demorámos 11h30 por causa do estado das estradas! No caminho fomos parando para ver a paisagem e para comprar fruta para irmos comendo pelo caminho. Poucos quilómetros depois de Maliana, bem perto da fronteira com a Indonésia,

Chegáramos finalmente de novo à costa norte. A estrada estava a ser arranjada. Na “bomba “ de gasolina, a funcionária era multifunções: tanto atestava os carros como se sentada a fazer cestos. Seguimos para Maubara, onde o forte holandês do século XVII foi restaurado pela

XVIII que está a ser recuperado e onde irá ser instalado um restaurante. Mesmo em frente, está o Monumento da libertação e a famosa casa onde os cinco jornalistas australianos forma mortos em outubro de 1975 durante a invasão indonésia, apesar de terem pintado a bandeira australiana e a palavra Austrália na


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Dólar e a praia dos Portugueses. Ambas têm uma história engraçada.

Cooperação Portuguesa. No mercado

A praia do dólar recebeu o nome por ter tido durante alguns anos, uma cancela de acesso à praia para qual se tinha de pagar 1 dólar para se poder estacionar. Agora a praia está aberta e qualquer pessoa pode lá ir. A praia dos Portugueses foi assim batizada pelo facto de os GNR irem sempre para aí. Os nossos soldados da GNR eram muito populares em Díli por serem muito atenciosos para com as raparigas. Todas queriam ter um namorado da GNR. Com tantas ocupa-

em frente da fortaleza podem comprar-se muitos artigos regionais, como cestos e tais. Terminámos o nosso passeio por Díli com a ida a duas praias famosas: a praia do

ções bélicas são poucos os monumentos históricos de Timor. A grande riqueza de Timor são as pessoas.

. Com tantas ocupações bélicas são poucos os monumentos históricos de Timor. A grande riqueza são as pessoas.


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Crianças


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