CADERNOS DE VIAGEM, nº 135 - Cluj, Roménia

Abril de 2022 Número 135

Cluj, cidade romena com passado imperial

Praça da União, o centro de Cluj-Napoca, com os seus cafés

@ M. Margarida Pereira-Müller infobus Tel.: +351 966 177 152 Email: mpm_mum@hotmail.com

Cluj, a terceira maior cidade da Roménia, perto da fronteira com a Ucrânia, é daquelas cidades que vale a pena visitar, mas que a maioria das pessoas nem uma noite

lá passa, pois usam-na somente como trampolim para a visita à Transilvânia. E, no entanto, está praticamente equidistante de três capitais europeias – Bucareste, ca-

pital da Roménia a 498 km, Budapeste, capital da Hungria a 354 km e Belgrado, capital da Sérvia a 327 km – o que convidaria a simpáticas visitas. Eu aproveitei o

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Avenida Eroilor, semi-pedonal

Cluj-Napoca é um dos principais centros universitários e culturais da Roménia

#AviationEvent para conhecer a cidade.

O seu nome atual é ClujNapoca, sendo ainda conhecida nos países de língua alemã por Klausenburg (Clausemburgo).

Durante a ocupação romana era conhecida por Napoca, Castrum Clus ou Claudiopolis, sendo, porém, a primeira referência escrita do nome de 1213.

Não se sabe bem a origem do nome. Poderá ser uma derivação da palavra latina clausa – clusa

("lugar fechado", "estreito", "ravina").

Os romanos conquistaram a região entre 101 e 106, durante o reinado do imperador Tr ajano, tendo fundado Napoca, que o imperador Adriano elevou a município (municipium Aelium Hadrianum Napocenses). No século seguinte, passou a colónia (Colonia Aurelia Napoca), tendose tornado a capital da província. Por razões desconhecidas, os romanos abandonaram a colónia em 274.

A região passou a fazer parte do Reino da Hungria no início do século XI, tendo sido colonizada no século seguinte por numerosos grupos de saxões transilvanos. Em

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1316, durante o reinado de Carlos I da Hungria, Cluj recebeu o estatuto de cidade, como recompensa pela contribuição dos saxões à derrota do governador da Transilvânia, László Kán, que se rebelou contra o rei.

Na segunda metade do século XIII, muitas corporações de artesãos começaram a estabelecer-se na cidade.

A burguesia, baseada no comércio, retirou a liderança da cidade das mãos da elite mais antiga, proprietária de terras. A cidade começou a prosperar.

No século XVII Cluj sofreu muito: primeira com a peste, depois com diversos incêndios devastadore s e, no final do século, com a

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ocupação turca, deixando a cidade mais pobre.

Hoje em dia ClujNapoca é uma cidade muito jovem, pois é um dos principais centros universitários e culturais da Roménia – é aqui que está a maior universidade do país, a Universidade Babeș-Bolyai, com o seu famoso jardim botânico. Em 2008, de acordo com a revista americana InformationWeek, ClujNapoca estavase a tornar o polo tecnológico da Roménia.

O centro da cidade está na Piata Unirii, a Praça da União, onde inúmeros ca-

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ra e abside 20 x 10 metros.

A sua torre, com 76 metros de altura, ou 80 se contarmos com a cruz no Catedral católica de São Miguel topo, é a mais fés atraem os es- alta da Transiltudantes. vânia.

No meio da pra- Em frente à igreça, ergue-se ma- ja está a estátua equestre de Majestosa a catetias Corvino, um dral católica, dos reis da Hunconstruída em gria mais imporestilo gótico no século XIV e que tantes, tendo reinado de 1458 recebeu o nome a 1490. de São Miguel Era igualmente Arcanjo, padrorei da eiro da cidade.

Boémia, É a segunda tendo maior igreja da também Transilvânia, degovernapois da Igreja do a MoNegra de Brașov . rávia, a A nave tem 50 Silésia e metros de coma Lusáprimento e 24 cia. metros de largu-

Cluj-Napoca é considerada o polo tecnológico da Roménia

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A igreja católica grecoromena uniu-se a Roma em 1989

guindo pela Avenida Eroilor, temos a meio à direita a catedral Greco-Católica Romena Schimbarea la Faţă, conhecida como a Catedral da Transfiguração, construída pela Ordem dos Menores Franciscanos entre 1775 e 1779 e doada à Igreja Romena Unida em 1924 pelo Papa Pio XI. Após o pseudosínodo (não canónico) de 1948 em Cluj, organizado sob pressão

do regime comunista, foram proibidas todas as atividades da Igreja Católica Greco-Romena, todos os bispos foram presos e todos os padres, pessoas consagradas e fiéis católicos grecoromanos foram perseguidos. A igreja católica greco-romena, unida a Roma, foi legalizada e restabelecida formal e teoricamente em 1989.

Em construção está a grande catedral grecocatólica Martirilor și Mărturisi-

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torilor.

Chegamos finalmente à Praça Avram Iancu, onde se ergue a Catedral Metropolitana Ortodoxa, construída entre 1923 e 1933 em estilo romeno com elementos bizantinos e características arquitetónicas brancoveanu, um estilo artístico que evoluiu durante a administração do Príncipe Constantin Brâncoveanu no final do século XVII e início do século XVIII. Do outro lado da praça, temos o Teatro Nacional Lucian Blaga, construído entre 1904 e 1906, em estilo neobarroco, com inspirações no secessionismo vienense.

Num dos la-

A catedral greco-católica em construção

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A catedral metropolitana ortodoxa

dos da praça está o Palácio de Justiça, construído entre 1898 e 1902, em estilo eclético.

Este edifício faz parte de um conjunto erguido na Praça Avram Iancu, que também inclui igualmente o Palácio de Căile Ferate Române, o Palácio da Câmara Municipal e o Palácio das Finanças.

Aliás, o centro da cidade é marcado por importantes grupos de edifícios ecléticos, simétricos, ao longo de largas avenidas, seguindo a tendência urbanística do barão Haussmann.

Turda Somente a 32 km de ClujNapoca, vale a pena a visita a Turda e às suas

salinas – claro seguida de uma bela refeição no restaurante Biniste și Cai, que além de comida fantástica, ótimos vinhos de produção própria, oferece um maravilhoso espetáculo equino.

Aqui a gastronomia transilvana é apresentada duma forma moderna, mas respeitando a sazonalidade dos produtos, todos produzidos localmente. Foram apresentados aos vinhos da região pela simpática Imola, que tudo sabia sobre as castas locais.

As salinas, com 13,6 milhões de anos, foram exploradas desde a Antiguidade, tendo sido trabalhadas sem interrupção entre 1075 e 1932.

As slinas de Turda têm 13,6 milhões de anos

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No túnel Josif pode ouvir-se o som de 20 ecos!

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Têm uma área de cerca de 45 km², uma profundidade de 80 m e uma espessura de cerca de 250 m. É composto por sal monomineral, uma rocha composta de halita pura (NaCl). Esta reserva geológica está estimada em 38,75 mil milhões de toneladas.

No lago subterrâneo, a concentração de sal na água é de 250 g de sal em cada litro de água!

Assume-se que a exploração sistemática do sal de Turda terá começado durante a ocupação romana.

Num documento de uma chancelaria húngara de 1075, o Castelo de Turda é mencionado pela primeira vez como um posto de alfândega das minas de sal e de

mineração de sal

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Em 1932, a ex-

As paredes do túnel Josif

em Turda. Em 1690, sob o domínio dos Habsburgos, começaram os trabalhos sobre a atual mina. Até 1862, o sal era extraído dos três túneis Josif (onde se pode ouvir o som de 20 ecos!), Teresia e Anton. Mais tarde, a extração foi gradualmente interrompida porque o sal estava contaminado com argila e as minas de Ocna Dejului e Ocna Mureș tornaram-se mais importantes.

tração de sal cessou completamente.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os túneis foram utilizados como abrigos antiaéreos; após a guerra, e graças à sua temperatura constante entre 10 e 12 °C, serviram de armazenamento de queijo.

Em 1992 as salinas foram convertidas em museu. https://www.sal inaturda.eu .