Geoboletim do curso de Licenciatura em Geografia_Maio 2016

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Curso de Licenciatura em Geografia 2016 Boletim de Maio

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PARTICIPAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA NO VIII FÓRUM NEPEG DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA O curso de Licenciatura em Geografia do IFBA do Campus Salvador estava representado na 8ª edição do Fórum Nepeg de Formação de Professores de Geografia, pelo Grupo de Pesquisa Geopraxis – A Prática do Ensino e da Pesquisa em Geografia. A iniciativa partiu da necessidade de divulgar os resultados do projeto de pesquisa de iniciação científica intitulado “A biogeografia como conteúdo de ensino na geografia escolar: um olhar sobre o livro didático no ensino fundamental” realizada entre agosto de 2014 e julho de 2015, sob o financiamento da Fapesb ( Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia).

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O artigo “Conteúdos biogeográficos no ensino de geografia: uma reflexão a partir de livros didáticos de Ensino Fundamental II” integra o rol de trabalhos do Grupo de Trabalho 3 “Temas e conteúdos no ensino de Geografia”, um dos 5 eixos que integram o fórum. O trabalho é de autoria da estudante Odicleide Nascimento, bem como da coautoria do estudante Davi Araújo e do Prof. Me. Ivan Matos, reservado a este, a condição de orientador de iniciação científica e líder do grupo de pesquisa Geopraxis. O evento ocorreu entre os dias 01 e 03 de maio na cidade de Caldas Novas e tem como tema central: “A Geografia no cenário das políticas públicas educacionais contemporâneas”. Trata-se de um evento destinado aos docentes e estudantes de cursos de Licenciatura em Geografia, professores de Geografia da Educação Básica, pesquisadores da área de ensino de Geografia e demais interessados no tema.

Resumo do trabalho: O livro didático continua sendo o material pedagógico mais utilizado em sala de aula, apesar dos inúmeros avanços em recursos didáticos nas diferentes disciplinas escolares. Diante desse fato, impõe-se à educação geográfica, a tarefa de analisar e problematizar os conteúdos que se propõe a apresentar e discutir, justificando seu emprego na Educação Básica. Desse modo, a chamada geografia física, acusada de enfadonha e descritiva, é convocada a revisitar suas abordagens na geografia escolar, sendo a biogeografia uma das subáreas da Geografia a propor tal avaliação. Por essa razão, o presente artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão acerca dos estudos da natureza na geografia escolar, a partir dos conteúdos de biogeografia em livros didáticos do Ensino Fundamental II. Trata-se de um estudo teórico, baseado em levantamento de referências em biogeografia e educação geográfica. Dentre alguns resultados, a análise dos conceitos e temas de biogeografia, na coleção didática estudada, permitiu reconhecer a predominância da biogeografia em recortes físico-naturais, estando, eventualmente, ligada às questões ambientais, o que corrobora a permanência da analise dicotômica nos livros didáticos; quadro que vem comprometendo a inserção de questões no campo da biogeografia socioambiental. Desse modo, espera-se que a incorporação do estudo da distribuição dos seres vivos nos livros didáticos de Geografia, possa conduzir a uma abordagem socioambiental, como forma de superação da tradição cartesiana, a partir de uma profunda revisão dos conteúdos 2


veiculados, especialmente quanto à integração das categorias Natureza e Sociedade nas abordagens geográficas, conduzindo a novos sentidos e práticas de ensino.

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PARTICIPAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBANO XIV COLÓQUIO INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA Aconteceu entre os dias 02 e 07 de maio, a 14ª edição do Colóquio Internacional de Geocrítica, na Facultad de Geografía e Historia da Universidade de Barcelona, Espanha. Na ocasião, o evento contou com a participação do Prof. Dr. em Geografia, Ricardo Bahia do grupo de pesquisa Geotec – Geotecnologias aplicadas à Geografia e do Prof. Dr. em Geografia Física, Plínio Falcão, do grupo de pesquisa Terra & Mar – Estudos da Interface Litorânea-Agrária, ambos do curso de Licenciatura em Geografia do IFBA, Campus Salvador. Integrando o eixo temático “Pensamiento utópico como herramienta política II”, o professor Ricardo socializou, na modalidade comunicação oral, trabalho de coautoria com o Prof. Dr. Sylvio Bandeira de Mello e Silva (Universidade Federal da Bahia), intitulado “A utopia dos consórcios públicos intermunicipais e descentralização no contexto do federalismo brasileiro”.

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No eixo temático “Las utopías y la ciudad I”, o Prof. Plínio Falcão em coautoria com as Profas. Dras Sandra Medeiros Santo (Universidade de Feira de Santana), Rosali Braga Fernandes (Universidade do Estado da Bahia) e da engenheira civil Noelise Gomes Uzeda Sousa apresentaram o trabalho intitulado “Estado, política habitacional e expansão urbana no Brasil: realidades e utopias democráticas”. Com o tema central “Las utopías y la construcción de la sociedad del futuro”, o evento reúne profissionais de várias áreas, sobretudo, profissionais da geografia internacional.

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PARTICIPAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBA NO II SIDES - SIMPÓSIO INTERNACIONAL IGUALDADE, DEMOCRACIA E SUSTENTABILIDADE Aconteceu nos dias 12 e 13 de maio, a 2ª edição do Seminário Internacional Igualdade, Democracia e sustentabilidade (SIDES), na cidade de Salvador-BA. Na ocasião, a estudante Antônia Crispina Gonçalves, do curso de Licenciatura em Geografia do IFBA, campus Salvador, participou das mesasredondas e dos debates ao longo do evento.

"Fruto de uma parceria entre o Ministério Público da Bahia, a Universidade Católica do Salvador (Ucsal) e a Universidade Estadual da Bahia (Uneb), o evento foi organizado pelo Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos (Caodh), que é coordenado pelo promotor de Justiça Clodoaldo Anunciação. “O Brasil foi o último país a abolir a escravidão no ocidente e continua com acentuada desigualdade social estritamente alinhada ao racismo subreptício e perverso”, destacou Clodoaldo, 8


chamando atenção para a exitência de um “racismo à Brasileira, tratado de forma dissimulada e superficial pela própria sociedade”. Presidindo a mesa de abertura, a procuradora-geral de Justiça Ediene Lousado destacou a importância de lutar contra o racismo e a discriminação como forma de empoderamento. “Sonhar é preciso e lutar para que os nossos sonhos se realizem deve ser uma meta incansável. Nossa missão aqui, em seminários dessa natureza, é ajudar a refletir sobre novos caminhos para enfrentarmos a desigualdade provocada pela discriminação”, salientou a PGJ. Dentre outras autoridades, prestigiaram o evento o assessor jurídico do Consulado Geral de Angola, Antônio Garcia Paulo; o líder muçulmano na Bahia, Sheik Hamad; o presidente da sociedade Israelita da Bahia, Luciano Fingergut; bem como representantes das entidades parceiras e da sociedade civil. O painel de abertura, sobre 'enfrentamento à intolerância religiosa' contou com a participação do desembargador Lidivaldo Britto. Egresso dos quadros do Ministério Público, onde foi procurador-geral de Justiça e promoveu a criação da primeira Promotoria de Combate ao Racismo do Brasil, ele falou sobre 'a intolerância religiosa e a proteção dos terreiros de candomblé'. O desembargador traçou um histórico da evolução dos diplomas legais que tratam do assunto. “O divisor de águas para a nossa sociedade foi a Constituição Cidadã de 1988 que, coincidentemente, 100 anos depois da abolição da escravatura, definiu pela primeira vez o racismo como crime imprescritível e inafiançável. Foi a primeira vez que uma lei previu o racismo como crime”, salientou. Com relação ao candomblé, especificamente, o desembargador relatou casos de discriminação. “Durante muito tempo, o candomblé chegou a ser considerado crime, existindo casos na Bahia em que membros do povo de terreiro chegaram a ser degredados do país. Hoje, a realidade é outra. Diversos terreiros já são tombados e protegidos. O preconceito, entretanto, ainda existe e deve ser combatido”, concluiu. O professor Gildeci Leite, que também integrou o painel, falou sobre 'Edisou Carneiro e sua contribuição para a cultura afro-brasileira'. “O professor foi um intelectual, um grande etnógrafo, que sempre sofreu discriminação por ser mulato”, afirmou, destacando o papel do professor, que foi ainda advogado e folclorista. “Suas obras ainda hoje são consideradas indispensáveis para aqueles que pretendem conhecer as origens da cultura afro-brasileira, até porque, sua própria vida, de alta capacidade e poucas oportunidades, contam, por si, boa parte dessa história”, resumiu. Todos os integrantes do painel destacaram a grande presença de jovens no evento. Para Clodoaldo Anunciação, os jovens são um segmento em que o MP precisa atuar. “São esses jovens que enfrentam no dia a dia o racismo, ainda sem ter sua personalidade formada, as maiores vítimas dessa discriminação. Durante esses dois dias, vamos mostrar a eles sua potencialidade e sua importância”, salientou. O seminário abordará ainda 'Educação, igualdade e juventude', 'Os Direitos humanos das populações quilombolas e questões étnico-raciais contemporâneas', 'Relações Étnico-raciais da Sociedade', 'Enfrentamento ao racismo institucional', 'sustentabilidade e solidariedade', 'Etnias e Gênero' e 'Corpos, direitos e expressões'." (Informações da página do Ministério Público do Estado da Bahia)

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PARTICIPAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBA NO 9ª ENFOPE – ENCONTRO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E 10º FOPIE – FÓRUM PERMANENTE INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO EDUCACIONAL O curso de Licenciatura em Geografia do IFBA do Campus Salvador participou da 9ª edição do Encontro Internacional de Formação de Professores e o 10º Fórum Permanente Internacional de Inovação Educacional, na Universidade Tiradentes, em Sergipe, pelo Grupo de Pesquisa Geopraxis – A Prática do Ensino e da Pesquisa em Geografia. 11


Os integrantes do Geopraxis, o Prof. Ivan Matos e a Profa. Anízia Oliveira tiveram trabalhos aprovados no referido evento. O artigo “A biogeografia na geografia escolar: uma reflexão a partir de livros didáticos de Ensino Médio” integrou o rol de trabalhos da sessão 5, uma das 14 sessões que do evento. O trabalho é de autoria do estudante Davi Araújo, bem como da coautoria da estudante Odicleide Nascimento e do Prof. Me. Ivan Matos, reservado a este, a condição de orientador de iniciação científica. A iniciativa partiu da necessidade de divulgar os resultados da pesquisa de iniciação científica intitulada “A natureza da biogeografia no ensino de geografia: uma análise a partir dos livros didáticos do Ensino Médio” realizada entre agosto de 2013 e julho de 2014, sob o financiamento do IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. O trabalho “As tecnologias da informação e comunicação no ensino da Geografia: relato de experiência a partir da implementação de sequência didática em escola da rede pública de Salvador-BA” integrou o rol de trabalhos da Sessão de Comunicação 11. O trabalho é de autoria Luciano dos Anjos Santos, egresso do curso de Licenciatura em Geografia do IFBA, tendo como coautoria da Profa. Anízia Conceição Cabral de Assunção Oliveira. O evento ocorreu entre os dias 16 e 20 de maio e teve como tema central: “Ciência, Trabalho, Educação e Interculturalidade”. Trata-se de um evento com abrangência internacional, destinado aos profissionais da educação básica e superior, envolvendo professores-pesquisadores, pósgraduandos, licenciandos e demais professores da Educação Básica e demais modalidades de ensino.

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ESTUDANTE DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBA PARTICIPA DE MINICURSO NA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

Aconteceu no dia 20 de maio, o minicurso " Análise do discurso: como ler e compreender" no Espaço Cultural da Universidade Católica do Salvador, das 15 às 19h. Na ocasião, a estudante do curso de Licenciatura em Geografia do IFBA Campus Salvador, Luciana Silva dos Santos, participou da referida atividade, na condição de ouvinte. A atividade foi conduzida pela Profa. Maria Amélia Chagas Gaiarsa, Doutora em Letras, Mestre em Língua Portuguesa, Especialista em Análise do Discurso e atualmente professora da Universidade Católica do Salvador.

quotas, recorreu-se também ao levantamento bibliográfico acerca do tema e a contribuição de coletânea de jornais em circulação na cidade durante o período. Palavras-chave: Infraestrutura urbana. Desigualdade socioespacial. Estado. Planejamento urbano. Salvador. Parabéns ao professor Joilson pelo trabalho de tese realizado!!! Em breve, disponibilizaremos fotos da defesa do professor, logo após a apresentação do trabalho de tese em nosso site: www.licgeo.ifba.edu.br 16


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O CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBA CAMPUS SALVADOR PARABENIZA TODO(A)S O(A)S PROFISSIONAIS DA GEOGRAFIA O curso de Licenciatura em Geografia do IFBA parabeniza todo(a)s o(a)s profissionais da Geografia que atuam na docência e na pesquisa na Educação Básica e no Ensino Superior no país. O curso aproveita a oportunidade para parabenizar o Prof. Dr. Carlos Rerisson Rocha da Costa pelo texto publicado hoje no Jornal O Dia, que trata da Geografia e da inserção desse campo de trabalho no Brasil. Segue na íntegra o texto do professor.

A GEOGRAFIA, ESSE SABERZINHO

Pode parecer desmedido, a essa altura da história, perguntar: o que é a Geografia? De início a maioria de nós responde de prontidão: A Geografia é uma disciplina escolar que nos ensina coisas da terra, uma disciplina que nos permite descrever, compreender e mesmo decifrar a terra, nosso planeta; uma ciência dedicada ao estudo do espaço terrestre. Há ainda aqueles que chegarão à conclusão de que se trata de uma “disciplina decoreba” ou, no máximo, mais uma disciplina que nos obrigam estudar na escola. Estas respostas, entretanto, não dão conta da profundidade que tal pergunta requer. É preciso dizer: Há muito mais a descobrir sobre a geografia e os geógrafos. A “Descrição da Terra”, como a etimologia da palavra Geografia nos propõe, por exemplo, aparece no campo do saber ocidental como elemento de projetos e interesses bem mais amplos que a mera reunião de curiosidades localizadas, estando intimamente vinculada à busca por conhecimentos estratégicos sobre os territórios para a expansão de domínios políticos, econômicos 18


e culturais. A resposta para a questão inicial, portanto, precisa fazer referência ao fato de serem a Geografia (ciência) e o Geógrafo (profissão) construtos sociais, fazeres políticos, historicamente situados e socialmente reproduzidos. Seu aparecimento na seara do conhecimento ocidental e mesmo sua presença na escola não se dão de modo fortuito. No Brasil, ainda no século XIX temos a fundação do Colégio Pedro II (1837), no Rio de Janeiro, onde se torna a Geografia “matéria obrigatória”, passando então a ser cobrada na “rede de ensino” do país. Ao longo do século XIX temos a fundação de instituições como o IHGB – Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, em 1838, quase cem anos antes da fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE que viria a ser fundado em 29 de maio de 1936 (data em que se comemoram o Dia do Geógrafo e o Dia do Estatístico). Na primeira metade do século XX, além da fundação do IBGE, temos a criação dos cursos de Geografia da Universidade de São Paulo e da Universidade do Distrito Federal – hoje UFRJ, representando então a institucionalização da Geografia no Brasil. O surgimento dessas (e outras) instituições e cursos, e mesmo o aparecimento da Geografia como disciplina escolar nesse período, também não se dá de modo fortuito. Trata-se do atendimento às necessidades de sistematização de conhecimentos sobre o território, imprescindíveis à consolidação do Estado territorial brasileiro e à constituição das bases da modernização do território nacional que viria a ser posta em prática com maior fervor na segunda metade do século XX. Esse conjunto de instituições e suas ações nos fazem perceber que a Geografia é mais ampla que sua presença na escola, sua existência ultrapassa o seu caráter de disciplina escolar “simplória e enfadonha” apresentado pelo geógrafo francês Yves Lacoste, embora no âmbito da Geografia Escolar ainda persistam traços de um saber desconexo e quase “sem serventia”, um “saberzinho”. Enquanto disciplina escolar, a Geografia, entre outras coisas, cumpriu o papel de apresentar a diversidade natural e cultural do país, demonstrando as riquezas e aquilo que precisava ser defendido como propriedade nacional. Além disso, cumpriu o papel de fortalecer identidades territoriais e a construção de um sentimento nacionalista, servindo, nesse caso, sobretudo a projetos políticos que requeriam algum tipo de adestramento social e político para o mundo do trabalho e a subserviência às elites. Mais recentemente, nas propostas curriculares elaboradas nas últimas décadas do século XX, a Geografia é proposta como campo disciplinar capaz de instrumentalizar a compreensão e a intervenção na realidade social, partindo do entendimento das múltiplas relações entre as sociedades e a natureza, refletindo de alguma maneira sobre a produção social do espaço. As estratégias para alcançar tais objetivos e fazer da Geografia um instrumento do exercício da cidadania parecem ainda incompletas, cabendo certamente muitas reflexões e avanços quanto à sua prática de ensino. Evidentemente muitos avanços foram alcançados ao longo desse tempo. Há, entretanto, derivados das propostas e diretrizes curriculares em vigor, localismos estanques, isolamentos a-históricos, reduções à dimensão do aparente, tudo isso parte do rol de elementos que restringem a amplitude interpretativa da ciência geográfica na formação escolar e limitam as 19


possibilidades de ação dela derivadas, enquanto instrumento de transformação da realidade por sujeitos ativos na construção de sua própria história. Comumente, quando pensamos profissionalmente na Geografia, logo nos imaginamos no papel do professor, quase que automaticamente vinculamos a formação em Geografia à docência na educação básica. Isso se deve em parte pelo fato de termos acesso a essa ciência através das aulas de Geografia na escola, dos diálogos com nossos professores ao longo dos ensinos fundamental e médio. No caso específico de Teresina, temos ainda outro elemento: até a atualidade só temos cursos de Geografia com a habilitação em Licenciatura Plena, que é o grau necessário para atuar como professor da educação básica no Brasil. E existe algo além disso? Sim. De maneira geral, a formação em Geografia no Brasil compreende duas habilitações: licenciaturas e bacharelados. O Licenciado em Geografia possui uma formação didático-pedagógica destinada ao ensino de Geografia no processo de formação escolar. Sua atuação profissional está circunscrita à docência na educação básica e superior (neste caso, em geral, mediante a conclusão de cursos de pós-graduação). Não se trata, evidentemente, de um profissional meramente repetidor dos conteúdos dos livros didáticos, apostilas e almanaques. Longe disso, sua formação deve o habilitar à pesquisa acadêmica e à construção de conhecimento geográfico, que o torne capaz de refletir sobre problemas da realidade estudada/ensinada. Além das licenciaturas, existem os cursos de Bacharelado em Geografia, cuja formação técnica e analítica habilita o profissional para atividades de pesquisa e planejamento, além da docência de ensino superior. Em sua atuação o Bacharel em Geografia desenvolve atividades de planejamento ligadas às questões ambientais e às dinâmicas territoriais de um modo geral, participando da elaboração de laudos técnicos e perícias ambientais, bem como de Planos Diretores Urbanos ou planos de desenvolvimento rurais e regionais, por exemplo. Seu campo de atividades tem se expandido com atividades relacionadas aos Sistemas de Informações Geográficas – SIG e ao Geoprocessamento, avançando e diversificando suas atividades de mapeamento. Em institutos de pesquisa e universidades sua atuação se dá atrelada a uma infinidade de pesquisas possíveis, tanto relacionadas aos estudos da natureza quanto dedicadas às dinâmicas socioespaciais em suas dimensões política, econômica e cultural. Legalmente, no Brasil denomina-se geógrafo, aqueles bacharéis em Geografia, com graduação em cursos de quatro anos ou mais, formalmente vinculados ao sistema CONFEA/CREA, que registra os profissionais e fiscaliza sua atuação. As atribuições profissionais do Geógrafo estão definidas e “defendidas” na Lei 6.664/79, alterada pela Lei 7.339/85. Os licenciados em Geografia, cuja formação pedagógica diferencia-os do bacharel, tem a possibilidade de obtenção de registro junto ao CREA mediante a conclusão de cursos de mestrado e doutorado em Geografia. As dinâmicas produtivas em curso no Brasil nas últimas décadas, e especialmente no estado do Piauí, têm promovido profundas transformações territoriais, fazendo com que a área de atuação do geógrafo se amplie, alcançando além das instituições públicas, a iniciativa privada (empresas de consultoria, mapeamento e geoprocessamento, por exemplo), associações, cooperativas e ONGs. 20


No Piauí, até o presente momento, não temos nenhum curso de Bacharelado em Geografia, sendo o único estado do Brasil a não possuir uma graduação em Geografia com esta habilitação. A Inexistência de cursos de bacharelado em Geografia no Piauí exige uma resposta acadêmica e política de nossas Instituições de Ensino Superior. Nesse Dia do Geógrafo, temos então a possibilidade de pensar a Geografia para além de uma “palmatória intelectual das crianças”, como bem apresentou o geógrafo e amigo Manoel Fernandes de Souza Neto em seu provocativo texto “Das coisas sem serventia uma delas é geografia”, nos alertando que nas aulas de Geografia há sempre o “risco de se engasgar com uma montanha e ser motivo de deboche a semana inteira”. Cumpre a nós, não só hoje, o papel de pensar e construir uma Geografia que não seja esse saberzinho, conteúdo desconexo e tornado quase estéril, que embora muitas vezes se proponha a descortinar o horizonte pareça, de modo recorrente, esperar encontrar no máximo uma pequena saleta de poucos móveis, talvez uma escrivaninha como aquela do geógrafo de O Pequeno Príncipe, com seu grande livro para escrever coisas eternas, duradouras, nada de efemeridades. Nesse mundo de velozes transformações, essa Geografia de coisas aparentemente eternas, mais cega do que desvenda, mais aprisiona do que liberta... nada cativa e pouco seduz.

Texto publicado hoje no Jornal O Dia. Autoria do Prof. Dr. Rerisson Costa

Carlos Rerisson Rocha da Costa é Geógrafo, Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo - USP, Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará - UECE, Graduado pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA e Especialista em Geografia do Nordeste Desenvolvimento e Gestão do Território pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. É professor do Curso de Geografia do Campus Clóvis Moura da Universidade Estadual do Piauí UESPI em Teresina-PI e líder do Grupo de Pesquisas em Geografia Humana e Valorização do Espaço. Tem desenvolvido pesquisas sobre turismo e produção do espaço, preocupando-se principalmente com as dinâmicas instauradas a partir da expansão do turismo para espaços periféricos, com destaque para os espaços litorâneos. Tem experiência na área de Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: Turismo e produção do espaço; Espaço Litorâneo; Políticas territoriais e acumulação de capital; Metodologia da pesquisa em Geografia. (Texto informado pelo autor)

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PARTICIPAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DO IFBA NO SEMINÁRIO NACIONAL DIÁLOGOS COM A OBRA DE MILTON SANTOS – 15 ANOS DE AUSÊNCIA Aconteceu no dia 31 de maio, o Seminário Nacional “Diálogos com a obra de Milton Santos: 15 anos de ausência”, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, Campus Universitário de Ondina. Na ocasião, o evento contou com a participação de professores e estudantes do curso de Licenciatura em Geografia do IFBA Campus Salvador. O evento discutiu multidisciplinarmente a obra de Milton Santos e com isso prestou-lhe uma homenagem póstuma, pelos 15 anos do seu falecimento, assim como pelos 20 anos da publicação do livro A Natureza do Espaço, Técnica e Tempo. Razão e Emoção. Por se tratar de DIÁLOGOS COM A OBRA DE MILTON SANTOS, o encontro valeu-se do formato de Mesa Redonda, tendo a Profa. Dra. Maria Auxiliadora da Silva, como organizadora do evento. O evento teve como propósito prosseguir, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, o processo de discussão e difusão da obra de nosso mestre, iniciado logo após o seu 22


falecimento; Possibilitar a apresentação de múltiplas leituras e reflexões sobre a vasta obra de Milton Santos; Permitir um diálogo multidisciplinar sobre essa obra e aprofundar esse diálogo com colegas de outras disciplinas, com temas diversos de interesse e pesquisa; Continuar a divulgar a obra desse autor e difundir suas propostas para a compreensão do mundo de hoje.

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