TÉRMICA E VENTILAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES
BENTO GONÇALVES É um município pertencente a uma zona bioclimática fria (zona 1). O clima da cidade é considerado subtropical úmido, apresentando tanto situações de baixas temperaturas, quanto de abafamento, visto que a umidade relativa do ar é elevada, com médias acima dos 70%. Outono e primavera são consideradas estações amenas, enquanto que no inverno há ocorrência de neve. IMPLANTAÇÃO O volume proposto está localizado em um lote retangular circundado por edifícios de pequeno porte e algumas exceções. O terreno retangular tem seu eixo longitudinal no sentido leste-oeste, com a interface com a rua acontecendo na fachada oeste. A maior dimensão do lote está então para norte. Em busca de aproveitar incidência solar desta fachada, o volume prismático recuado das divisas foi mais afastado dessa interface. Para potencializar a difusão da iluminação indireta, há o uso de iluminação zenital, que será refletida no forro. Além disso, faz-se uso de telhados inclinados e um termosifão, para melhorar os valores de renovação do ar por hora.
RESULTADOS DOS MÉTODOS: ZBBR O método de ZBBR indica um percentual de área de aberturas entre 15 e 25%, pois janelas de tamanho médio possibilitam ventilação cruzada, além de permitir que o sol permeie a edificação no período frio. No gráfico é possível notar que a cidade está, em parcela significativa do tempo, em condições que necessitam de aquecimento, tanto artificial quanto solar, ativo e passivo. GIVONI Indica a necessidade de aquecimento solar passivo com estratégias que propiciem alta inércia térmica em todos os meses do ano, variando o valor numérico correspondente de acordo com a estação. Os índices de conforto nos meses de inverno são bem baixos em relação ao verão, variando entre 10 (Maio) a quase 80 (Janeiro). Com isso, interpreta-se que não há uma média de conforto durante todo o ano, ocorrendo extremos nas estações. Estratégias da NBR 15 220: ABCF| Em Bento Gonçalves, o uso de aquecimento artificial é necessário para amenizar os desconfortos térmicos decorrentes do clima frio. A legislação indica que devemos otimizar o aquecimento por radiação solar no período frio, orientando corretamente as fachadas e fazendo uso de uma forma que mantenha o calor interno. Além disso, com a adoção de paredes internas pesadas a inércia térmica dos ambientes é maior, sendo proveitoso para minimizar a variação de temperatura. Por ser uma cidade em que a umidade relativa do ar é consideravelmente alta, as sensações térmicas são melhoradas quando há a desumidificação dos ambientes, isto é, a ventilação cruzada é desejada para renovar o ar interno.
FACHADA NORTE: As aberturas principais possuem proteção solar em função do beiral do telhado e das paredes que dividem as unidades. A combinação da barreira horizontal com as verticais proporciona sombreamento nos horários aproximados ao meio dia nos meses de verão, possibilitando incidência no inverno, uma vez que o sol está posicionado em uma altura menor. Sombreadas graças ao avanço do telhado, as janelas superiores foram posicionadas em fita e com a possibilidade de movimentação para que pudesse ocorrer o efeito do termosifão. A grande incidência de radiação solar não chega a ser preocupante, uma vez que o feixe será refletido no forro interno e tornará a homogeneidade de iluminação maior.
Para atender as recomendações de projeto para a cidade de Bento Gonçalves, pertencente à zona bioclimática 1 –clima frio– foi escolhida uma parede composta, cujos elementos possibilitassem a melhora das propriedades térmicas sugeridas, numericamente, pelo método ZBBR. Sendo assim, optou-se pelo uso de alvenaria convencional (tijolo maciço de 10x6x22 cm mais camada de reboco, interna e externa, de 2,5 cm) acrescidos de duas camadas isolantes de 5cm de espessura cada – ar e lã de vidro – e para o acabamento interno, uma chapa de gesso acartonado de 1cm, totalizando uma parede cuja espessura é de 22cm. Com isso, foi possível baixar sensivelmente a transmitância térmica (U) da parede, o que representa, nos meses de inverno, a permanência do calor absorvido ao longo do dia pela incidência de radiação solar.
Já para a cobertura, foi escolhido um sistema construtivo cujos elementos são comuns à construção civil local – tavela e vigota – acrescidos de materiais isolantes, no caso a lã de rocha, o que possibilitou o aumento da inercia térmica da edificação. Sendo assim, foi utilizado uma laje pré-moldada de concreto e lajota cerâmica de 10cm acrescidos de uma camada de 5cm de lã de rocha e uma chapa de 1cm de gesso acartonado, totalizando uma cobertura cuja espessura é de 16cm. Sendo assim, os sistemas adotados, tanto de vedação, quanto de cobertura, atenderam os requisitos sugeridos no ZBBR, nos quesitos transmitância térmica, atraso térmico e fator solar, além da edificação atender às estratégias projetuais sugeridas pela NBR 15220, que descrevem paredes externas leves e coberturas leves isoladas.
FACHADA SUL: Uma vez que fachada sul já recebe menos incidência solar, tendendo ao zero, as aberturas superiores e inferiores nela posicionadas estão suficientemente protegidas pelos prédios do entorno. Mesmo assim, as paredes que dividem as unidades combinadas com o beiral da cobertura promovem seu maior sombreamento.
ARQ 01085 - HABITABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES I | Docentes: Profs. Rômulo Giralt e Roni Anzolch FACULDADE DE ARQUITETURA | UFRGS | Semestre 2017.1 TRABALHO DE ENVOLTÓRIA - ZONA BIOCLIMÁTICA 1 | Discentes: Carolina Corrêa, Letícia Bettio e Willian Flores