O australiano Julian Assange passou sete anos confinado na Embaixada do Equador em Londres e durante as visitas íntimas que recebia de sua esposa foram concebidas duas crianças. Apesar de ter filhos nascidos na Inglaterra, ele agora corre o sério risco de ser extraditado para os Estados Unidos. Motivo: Assange fundou o site WikiLeaks em 2006 e quatro anos depois ficou famoso por divulgar crimes e truques de espionagem dos Estados Unidos no mundo todo. No Brasil, graças ao trabalho de Assange, o governo descobriu que os americanos espionavam a Petrobras, classificavam brasileiros que pediam vistos como “bons”, “maus” ou “feios”, e escutavam até o que era dito no avião presidencial. O ex-presidente Barack Obama decidiu não perseguir Assange em respeito à liberdade de informação, mas o governo Trump pede a extradição do jornalista e seu julgamento foi iniciado em Londres no dia 7 de setembro. Se o Reino Unido resolver extraditá-lo, a decisão será um ataque fatal ao jornalismo investigativo, por isso várias organizações se manifestaram pela liberdade de Assange, que corre o risco de passar o resto da vida na prisão caso seja condenado pela Justiça americana. Faz uma década que o australiano Julian Assange ficou famoso no mundo todo por ter divulgado crimes cometidos pelos Estados Unidos e revelado que os americanos espionavam os mais diversos países, incluindo até seus próprios aliados. Assange ganhou projeção internacional em 2010 e no mesmo ano começou a ter problemas com autoridades. A Suécia emitiu um mandado de prisão internacional contra Assange para que ele fosse investigado após ter sido acusado de agressão e estupro por duas suecas. Residente na Inglaterra, Assange negou as acusações e afirmou que se fosse preso na Suécia ele poderia ser extraditado para os Estados Unidos por ter publicado os documentos sigilosos do governo americano. Ele se entregou à polícia britânica e foi libertado dez dias depois após pagamento de fiança. Mas como a contestação do processo de extradição para a Suécia não foi bemsucedida, Assange decidiu pedir 30
Leros
SETEMBRO 2020
asilo político na embaixada do Equador em Londres, em agosto de 2012, e ficou confinado na sede da embaixada até 2019, já que, embora a acusação tenha sido posteriormente arquivada pela Justiça sueca, ele havia violado os termos da fiança e seria preso assim que colocasse os pés na rua. Assange está com 49 anos mas hoje aparenta ser bem mais velho e os sete anos que passou confinado na Embaixada do Equador certamente afetaram sua saúde. Durante as visitas de sua esposa, a advogada Stella Morris, foram concebidos os dois filhos mais jovens de Assange e o mais novo é um bebê de 19 meses. Em entrevista ao jornal The Sunday Times, Stella conta que embora houvesse câmeras na embaixada para monitorar Assange, eles tinham privacidade no quarto onde ele dormia. Ainda assim, eles sabiam que mesmo no quarto ou escritório ocupado por Assange poderia haver microfones escondidos, por isso quando ela queria dizer algo
confidencial ou íntimo, escrevia em uma folha de papel para que ele lesse silenciosamente. Foi assim que ela informou Assange que estava grávida de Gabriel, seu filho mais velho, que foi concebido na Embaixada em 2016. Quando se apaixonou por Assange, Stella sabia que sua vida não seria fácil. Na verdade, ela foi batizada como Sara Gonzalez Devant mas precisou mudar o nome para Stella Morris por questão de segurança. Sua vida ficou mas turbulenta em abril de 2019, quando o novo governo equatoriano, aliado aos Estados Unidos, decidiu não mais abrigar Assange na embaixada em Londres e ela passou a temer que o marido fosse extraditado para os Estados Unidos. Embora as autoridades suecas tivessem encerrado a investigação no caso de estupro e revogado seu pedido de prisão europeu ainda em 2017, a polícia de Londres afirmou que caso Assange deixasse a embaixada, ele seria preso imediatamente e foi