Leros Julho 2020

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Dentro de alguns dias vamos achar a cloroquina vendendo em camelôs do Brasil inteiro: "Aqui, o remédio que curou Bolsonaro!" E vai vender como água. dando certo. Então, eu confio na hidroxicloroquina. E você? Valeu, tamo junto!”. É a primeira vez que um presidente da República faz propaganda de um medicamento sem comprovação científica no Brasil. Diversos cientistas e a OMS (Organização Mundial da Saúde) frisam que não há comprovação científica da eficácia do remédio. O uso sem acompanhamento médico da cloroquina pode aumentar o risco de arritmia cardíaca e de complicações cardiovasculares. No Twitter, o ator José Abreu comentou: “Dentro de alguns dias vamos achar a cloroquina vendendo em camelôs do Brasil inteiro: ‘Aqui, o remédio que curou Bolsonaro!’. E vai vender como água”. O humorista José Simão afirmou que “o Bozo só deu positivo pra fazer propaganda da

O portal UOL reuniu em um vídeo diversas cenas que retratam o desprezo de Jair Bolsonaro pela saúde pública, incluindo sua proximidade com eleitores em plena crise do coronavírus e o discurso em que o presidente classifica a Covid-19 como uma “gripezinha”. Foto: Reprodução / YouTube

cloroquina!”. Na BandNewsFM, Simão disse suspeitar que o presidente havia contraído Covid-19 só para se livrar do estoque de cloroquina que o Brasil recebeu dos Estados Unidos: “Ele deve ter pensado assim, já que eu tenho um passado atlético e os sintomas vão ser leves, eu vou me contaminar e depois me curo com cloroquina, hahahá!”. A piada é baseada na doação de cloroquina que os Estados Unidos fizeram ao Brasil no mês passado, depois que a Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta o uso de medicamentos nos Estados Unidos, revogou a autorização emergencial que previa o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de coronavírus. “Sem saber o que fazer com tantas doses de cloroquina, Donald Trump decidiu mandar tudo para o Brasil, daqui

a pouco os Estados Unidos mandam também um estoque de videocassetes pra gente”, ironizou um internauta no Facebook. NA MÍDIA INTERNACIONAL, ao divulgarem a notícia de que Bolsonaro estava com Covid-19, diversos veículos de comunicação deram destaque às diversas ocasiões em que Bolsonaro continuou minimizando os impactos da pandemia mesmo depois que o Brasil, com mais de 65 mil mortes, passou a ocupar o lugar de segundo país mais afetado pela Covid-19, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Em sua coluna na Folha de S. Paulo, a jornalista Mônica Bergamo conta que depois da explosão da epidemia no Brasil, pessoas que visitavam o presidente sentiam um certo constrangimento por tentar manter distância f ísica para Leros

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