SOBRE GONÇALVES DIAS

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Gonçalves Dias foi o maior poeta brasileiro do seu tempo, e muitos foram os que lhe prestaram homenagens. Nós honramos o nosso poeta com nomes de escolas, ruas, cadeiras de instituições académicas e até navios, etc. e a exemplo do que fizeram os baianos com o seu bardo Castro Alves, presenteamos por exemplo, Graça Aranha, Humberto de Campos e Gonçalves Dias com nomes de cidades. Esse tipo de honra é o reconhecimento do contributo cultural destes homens, mas por si só não são suficientes se deixarmos de manter vivo a experiência que deles extraímos. O primeiro a reconhecer-lhe a capacidade foi Alexandre Herculano no tão comentado artigo publicado na Revista Universal Lisbonense. No entanto, pretendo antes chamar a atenção para o colega conimbricense, o médico que foi deputado da Assembleia Provincial do Maranhão, Antônio Henriques Leal, chamado (dignamente) na sua cidade natal de “Plutarco de Cantanhede”. Este colega, dono de uma extensa produção, cuidou publicar seis volumes de todas as obras inéditas do poeta, e mais tarde lançou quatro volumes contendo biografias de maranhenses ilustres, dos quais um tomo possui mais de 700 páginas sobre a vida e obra de Gonçalves Dias. É assim importante reconhecer o contributo desta figura e, até porque o seu Pantheon Maranhense demonstra o reconhecimento que ele teve pelos homens de letras deste Estado. Além disso, como o Sr. Lima Barata reconheceu: à Henriques Leal devemos o monumento à Gonçalves Dias que hoje temos e podemos admirar na praça Gonçalves Dias em São Luís. No que respeita ao levantamento do espólio de Gonçalves Dias, uma outra figura merece ser mencionada, Manuel Nogueira da Silva: pouca coisa desse maranhense foi publicada, mas quem quer que entre nas dependências da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro espantar-se-á com o número exaustivo de esboços e recolha de estudos sobre o poeta por ele reunida, dentre os quais menciono: O Pensamento brasileiro no Centenário do Nascimento do Poeta dos Timbiras, álbum contendo vários artigos, conferências, palestras, tópicos, etc sobre a vida e a obra literária de Gonçalves Dias. Vivemos num país cujo povo infelizmente não é dado à poesia, foi por este motivo que Gonçalves Dias desistiu de concluir Os Timbiras, como chegou a declarar em carta ao seu sogro. Se forem à Argentina e ao Uruguai, nossos vizinhos, e verão que no Ensino Básico os seus filhos conhecem Martín Fierro e Tabaré Mas procurem no Brasil uma edição de qualquer poeta clássico brasileiro e verão quão difícil e inacessível é. Frequentemente nos bancos académicos dos cursos de letras encontramos alunos que ainda não sabem interpretar poesia. Contudo, não ficamos por aqui: a nossa cultura teatral é ainda mais tímida comparada à poesia. pois alguns dos dramas de Gonçalves Dias foram inclusive traduzidos para o alemão e representados em Dresde. No Brasil, porém, foram bem pouco valorados, não se encontrando uma edição desagregada sequer dos seus teatros.


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