MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021

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OS 202 ANOS DA MORTE DE SILVÉRIO DOS REIS EM SÃO LUÍS

EUGES LIMA No ultimo dia 17 de fevereiro, completaram-se 202 anos da morte de Silvério dos Reis em São Luís, o famoso “delator” da Inconfidência Mineira. Muita gente não sabe que ele viveu os últimos onze anos da sua existência na capital do Maranhão com sua esposa, que ainda teve dois filhos ludovinceses e que morreu e foi sepultado com honra aos 63 anos numa Igreja de São Luís. Existia certa contradição de datas em alguns textos biográficos que vemos por aí, sobretudo na internet, principalmente no que se refere ao dia da morte. Porém, há sim, uma data correta, com dia, mês e ano. Isso pode ser verificado no Assento de Óbito de Joaquim Silvério dos Reis, lavrado então pela Catedral da Sé de São Luís, hoje, esse documento encontra-se no Arquivo Público do Estado do Maranhão. No referido Assento, está registrado que o Coronel de Milícias Joaquim Silvério dos Reis Montenegro, natural da freguesia da Sé da Cidade de Leiria, Patriarcado de Lisboa, faleceu no dia 17 de fevereiro de 1819, em São Luís e que foi sepultado na Igreja de São João Batista. Silvério dos Reis é uma figura histórica controvertida e polêmica, até pela forma como ele passou para história como um “delator”, um anti-herói, virou “persona non grata” da história do Brasil e sinônimo de traição, mas também é um personagem histórico pouco estudado, carente de biografias e esclarecimentos sobre passagens de sua vida e atuação na “Inconfidência Mineira”. Sobre teorias que os remanescentes mortais teriam sido trasladados para Minas Gerais, acredito que sejam pouco prováveis e não há comprovação disso, o próprio Museu da Inconfidência não reconhece essa suposta remoção. Sobre o falecimento em Recife, totalmente descartado, não prospera. Como vimos anteriormente, o Assento de Óbito, comprova a morte e sepultamento em São Luís. O túmulo de Silvério dos Reis que durante muito tempo foi identificado por uma lápide na Igreja de São João, localizada no Centro de São Luís, devido a reformas ocorridas no Templo em décadas passadas, possivelmente na década de 1930, não observaram a importância histórica desses sepultamentos, que acabou desaparecendo, sem deixar vestígios. Silvério dos Reis, depois de idas e vindas de Portugal, provavelmente, fez seu último retorno ao Brasil com a vinda da Família Real em 1808. Veio para o Maranhão no mesmo ano, pois, devido sua “delação premiada” ao movimento da Conjuração Mineira, ficou sem ambiente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, mesmo depois de já ter se passado vários anos, por isso, se deslocou para o norte, conseguiu uma transferência oficial como Coronel de Milícias para servir no Maranhão, região distante de onde ocorreram esses acontecimentos e que tinha uma grande colônia portuguesa que o acolheu.


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