Semanário AltoMinho

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AO 102 ANOS, AINDA LAVA A ROUPA À MÃO!

Ainda pega na sachola para tratar do quintal, tira as ervas daninhas do jardim e até gosta de lavar a roupa à mão no tanque. Com 102 anos, Ludovina Mendes passa os dias entretida com as lides domésticas e com os animais.

“Temos gado, muitas galinhas e de todas as qualidades e eu preparo tudo. Também faço comida, mas já me custa. Vejo mal e ouço mal, mas ainda lavo a roupa no tanque. Há máquina cá em casa, mas gosto de me entreter ali a esfregar”, disse a idosa, por entre um sorriso aberto, enquanto olhava atentamente para os vizinhos que na passada segunda-feira, não perderam a oportunidade para lhe oferecer algumas prendas como um fio com uma medalha e até mesmo um documento com a fotografia do Papa Bento XVI, dado pelo pároco da freguesia.

“Tenho tido muitas prendas e também tenho tido fios de ouro, mas só ando com eles na festa. Tenho aqui um que ando sempre com ele e com um que me deu a minha filha. Mas às vezes escondo-o por baixo da roupa”, acrescentou.

Em dia de festa, a idosa levantou-se cedo e preparou-se. A filha que vive com ela confessa que esta nem sequer é muito vaidosa, mas gosta de andar sempre com roupa lavada, tem muita atenção à higiene diária e não dispensa um bocadito de perfume. Apesar da idade, não precisa de ajuda para tomar banho nem para se vestir e arranjar. Com o cabelo pintado, a esconder as brancas e uma pele brilhante, sinal de muito cuidado, Ludovina quer estar sempre bonita para sair, ir a festas e à missa. Hoje já tem que contar com a ajuda dos filhos, que a transportam nos seus carros, mas noutros tempos, ia sempre acompanhada pelo marido.

Viúva há 57 anos, ainda recorda o grande amor da sua vida com muito carinho. “Eu gostava muito de ir ver os ranchos e as festas. O meu marido também gostava de ir, estava fora, mas vinha cá para me levar. E ainda vou. Esta (filha) diz que nunca foi a banda

nenhuma. Também não gosta de ir, se gostasse, ia também. Os outros saem, vão a toda a banda, como eu vou. Sozinha nunca fui. Vou sempre com os filhos, antes ia com o marido”, confessou.

Apreciadora de todas as músicas, até mesmo das mais modernas, esta senhora não perde uma oportunidade para dançar e cantar. “Gostei e gosto de estar num rancho que tenha muita gente. Um dia vieram pedir para uma festa e eu ainda dancei dentro do portal”, contou, por entre uma gargalhada. “Agora também gosto de ver, mas as pernas é

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que já não avançam. Eu gosto de todas as danças. Basta ouvir o som, o meu corpo já quer mexer-se”, assegurou.

A HOMENAGEM NO CENTENÁRIO

Muito conhecida e querida na freguesia de Lanheses, Ludovina ainda recorda o dia em que fez 100 anos e teve direito a uma homenagem da Junta

de Freguesia, onde estiveram presentes os cinco filhos, alguns deles emigrantes no Canadá, em França e na Austrália, muitos amigos e vizinhos. Entre muita alegria, música e animação, a idosa conseguiu fazer a diferença e deixou todos admirados com a sua maneira alegre de enfrentar a vida. “Todo o mundo estava varado com a minha dança. Ainda canto de tudo”, disse.

Ludovina não sabe qual é o segredo para a longevidade, mas acredita que vive, porque Deus quer. Muito religiosa, gosta de ir à missa e ouvir o pároco. Quem a conhece garante que tem uma grande vontade de viver e acima de tudo uma personalidade muito forte, com um feitio muito particular e uma teimosia que a levam a decidir sempre o que quer comer e o que quer fazer. “Ela teve sempre uma vida regrada. Bebe um copinho de vinho às refeições e sabe-se tratar. Sabe o que quer e ninguém lhe diga para comer o que não quer. Ainda come uma chouricinho, um bocado de toucinho gosta de bacalhau bem salgado”, disse o filho mais velho, Eugénio, que já tem 75 anos.

Nada nem ninguém a consegue demover de fazer alguma coisa que queria. Num destes dias, nem mesmo a chuva a conteve de pegar numa sachola e abrir valas para impedir que a água chegasse ao galinheiro. “Ela sempre foi muito activa, muito senhora do seu nariz. Aos domingos quer ver os filhos todos aqui e o que ela diz é o que se faz”, avançou Eugénio, que ainda hoje recorda a rigidez da mãe, que não os deixava ir às discotecas nem ao cinema e que os castigava quando faziam asneiras. Uma educação que este homem transmitiu aos filhos e que considera ser a mais adequada, apesar de admitir que os tempos que correm são diferentes.

Ludovina teve sempre alguma filha a viver com ela. Agora é a Maria Rosa que vive lá em casa e que lhe dá o único medicamento que toma, para as enxaquecas. De resto, esta é uma mãe que não dá trabalho nenhum, pois faz tudo sozinha e ainda ajuda a filha nas lides domésticas. “Entendemo-nos muito bem. Eu às vezes não gosto que ela me arranque as flores, mas não digo nada”, comentou Maria Rosa.

Com cinco filhos, nove netos e 16 bisnetos, Ludovina ainda espera viver o suficiente para conhecer os tetranetos. Enquanto eles não chegam, entretém-se no quintal, no jardim e em casa, sempre ocupada com as galinhas, as plantas e as limpezas.

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A NOSSA GENTE 46 JORNAL ALTOMINHO Nº 673 - 29 DE FEVEREIRO DE 2008

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