Revista Leia

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Se essa rua Se essa rua fosse minha...

fotos pedro junior

Cidades

Uma das principais fábricas de ladrilhos no Espírito Santo mantém processo artesanal de produção desde 1927 Filipe Rodrigues

M

anoel Constantino Grafanassi nasceu em junho de 1893, na Ilha de Creta, na Grécia. Sua vida, como a da maioria das pessoas daquela geração, sofreria mudanças significativas, por conta da Primeira Guerra Mundial, anos depois. Buscando ampliar seus horizontes e escrever seu próprio destino, Manoel foi em busca do desconhecido, enfrentou dias e mais dias na viagem a navio e pisou em território brasileiro. Vida nova e muitos desafios, ainda aos 21 anos. Em São Paulo, Manoel arrumou emprego com a família de alemães Simonsem, onde aprendeu a fabricar ladrilhos. Começava aí a história da fábrica de Ladrilhos Grafanassi. Depois de anos trabalhando, Manoel decidiu iniciar seu próprio negócio e seguiu rumo à capital do

Espírito Santo. No caminho, ainda dentro do ônibus, no entanto, um senhor falou para Manoel sobre Cachoeiro de Itapemirim e suas potencialidades. Uma cidade ainda em nascimento, sendo um ambiente propício para as novidades e investimentos. E foi assim que tudo começou. Em setembro de 1927 era fundada em Cachoeiro a Casa Grafanassi, a primeira fábrica de ladrilhos do Estado. Até 1995, já com o nome de Ladrilhos Grafanassi, a fábrica funcionava na rua Eugêncio Amorim, o “coração” do bairro Guandú. No começo, como todo novo empreendimento, as dificuldades eram muitas, mas Manoel foi ensinando como fabricar ladrilhos e recrutando funcionários. Com o tempo, os produtos foram ganhando espaço e conquistando o mercado capixaba. Hoje, a fábrica é comandada pela terceira geração da família. Alexandre Magalhães Grafanassi é quem mantém viva a tradição de fabricar ladrilhos. Ele também

aprendeu o ofício e se orgulha ao contar a história da fábrica. “Desde criança acompanhava a produção e me interessava pelas atividades da indústria. Tudo o que somos hoje devemos à fábrica de ladrilhos iniciada por meu avô”, contou Alexandre. A fábrica funciona com oito funcionários, atualmente no bairro Coramara e há três anos com filial em Vila Velha. Um dos fatores mais interessantes é conhecer seu processo de produção, onde a mesma técnica artesanal do século passado é mantida. Sobre os ladrilhos, além de bonitos, Alexandre destaca que agora ele tem importância social. “Existe o programa Calçada Cidadã, do Governo do Estado, onde prevê instalação de ladrilhos que ajudam os deficientes visuais a se guiarem pelas principais calçadas das cidades”, acrescentou Alexandre. Alexandre tem dois filhos e acredita que o carinho e respeito pela fábrica vão continuar existindo. “É um orgulho para a famí-

O casal Sabrina e Alexandre além de manter a tradição, abriram filial em Vila Velha

18 > Leia,30 de Outubro de 2010


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