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A contagem do tempo ao longo da história

Algumas curiosidades acerca do calendário

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FERNANDO PEREIRA

Relógio da sé

Durante os últimos dois anos, esteve a nossa Escola envolvida num programa Erasmus +. Inicialmente, este programa foi destinado aos alunos do segundo ciclo, mas, como a pandemia nos complicou a vida, quando houve o primeiro encontro entre as escolas, já os alunos estavam no terceiro ciclo.

Entre confinamentos e aulas à distância, houve, ainda, tempo para fazermos ( eu, o Cisnando e a Ana Quintas) uma visita ao relógio da Sé de Miranda, assim como ao contador do tempo, ambos localizados no último piso da catedral. O confinamento pouco mais nos permitiu avançar. Contudo, ainda conseguimos levar a cabo uma entrevista com o Sr. Francisco Cousinha, um descendente do fabricante Manuel Francisco Cousinha, fabricante de relógios monumentais, o qual nos transmitiu alguns esclarecimentos sobre o relógio da Sé de Miranda.

Pegando na contagem do tempo, decidi escrever algumas notas sobre a dificuldade que houve, ao longo do tempo, em criar um calendário. Agora recebemos os calendários com reclame a algumas empresas e nem nos damos conta do quanto custou a acertar os dias, os meses e os anos com o tempo lunar ou solar

É muito difícil compreender como se fez a contagem do tempo durante a Pré-história, porque não conseguimos representar na nossa mente tempos tão longínquos, mas, sim, podemos entender certas gravuras como contagem do tempo; estarão neste caso as gravuras rupestres de Palaçoulo e também em Mogadouro e em Alfândega da Fé.

Ao longo do tempo houve vários calendários: o calendário egípcio, o calendário babilónico, o calendário grego, o calendário hebraico, o calendário

Azteca, o calendário gregoriano, o calendário da revolução francesa...

Falaremos apenas de alguns:

Os anos, para o egípcios, eram de 365 dias contados a partir da subida ao trono do faraó. Os egípcios contavam os anos. A cada mês era atribuído o nome do festival que se realizava numa ocasião e, simultaneamente, o nome da divindade festejada.

Para os hebreus, o calendário terá tido início por volta do ano 3760 a.C. e segue o curso da Lua: cada ano tem 12 lunações (espaço de tempo entre duas luas novas consecutivas) de 29 dias, 12 horas e 44 minutos e 2,8 segundos, distribuídas por 12 meses lunares, alternadamente, de 29 e de 30 dias, mais um dia de quatro em quatro anos e ainda era necessário acrescentar sete meses de trinta dias, cada um a intercalar num ciclo lunar de 19 anos; não estava fácil fazer as contas mesmo para quem soubesse contar!

Para os tempos anteriores ao domínio romano, havia algumas dificuldades neste acerto dos calendários. Com Rómulo, o primeiro rei de Roma, a contagem do tempo torna-se mais concreta. Durante os séculos VIII a.C., Rómulo estabeleceu um calendário lunar de 300 dias, agrupados em 10 meses de 30 dias cada um.

Os anos começavam no mês de março e os meses seguintes tomavam o nome de Aprilis, Maius, Iunius, Quintilis, Seztilis, Semptembre, October, November e December (décimo mês).

Segue-se o calendário de Numa. Numa Pompílio sucedeu a Rómulo, no ano 715 a. C., e estabeleceu o calendário, também lunar, mas de 365 dias, agrupados em 12 meses de 29 e 30 dias, alternadamente, e mais 1 em Febrebruarius: (6x29)+(6x30)= 354 dias. O ano começava em março, mas foram precisos mais dois meses: Ianuarius e Februarius.

Só em 153 a. C., o ano passou a principiar em Ianuarius, seguido de Februarius, Martius…December passou a ser o último mês do ano em duodécimo lugar e não em décimo, como o próprio nome indica.

Contador do tempo

Os romanos dedicavam os sete dias da semana aos seus deuses particulares: domingo ao Sol, segunda à Lua, terça a Marte, quarta a Mercúrio, quinta Júpiter, sexta a Vénus e Sábado a Saturno.

Com Júlio César (101-44 a.C.) vai surgir o calendário juliano. O cônsul romano (teve mais títulos, mas nunca o de Imperador) aboliu o calendário lunar e estabeleceu o calendário solar de 365-366 dias por ano, divididos por 12 meses: Januarius - 31 dias, Februarius - 28 dias, Martius - 31 dias, Aprilis - 30 dias, Maius - 31 dias, Junius - 30 dias, Quintilius - 31 dias, Sextilius - 31 dias, September - 30 dias, October 31 dias, November - 30 dias e December - 31 dias, tendo o mês de Februarius mais um dia (29) de quatro em quatro anos (ano bissexto).

Mais tarde, o mês de Quintilius passou a chamar-se Iulius, em homenagem a Júlio César ,e o mês de Sextilius passou a chamar-se Augusto, em homenagem a César Otávio Augusto.

Este calendário teve início em Roma, no dia 1 de Janeiro do ano 45 a.C., e ficou conhecido por calendário Juliano. Vigorou, em Portugal, até 1460 (1422 da era de Cristo). No reinado de D. João I, foi adaptado à era de Cristo. Há, pois, uma diferença de 38 anos entre a era de Cristo e a era de César. O calendário Gregoriano resulta da reforma do calendário juliano efetuada em Outubro de 1582, por Bula do Papa Gregório XIII, que foi pontífice entre 1572-1585. Vem corrigir o calendário Juliano e fixa o equinócio da Primavera em 21 de Março. Neste calendário, ao fim de 28 anos repetem-se as datas do calendário com os respetivos dias da semana. Uma curiosidade interessante, pois permite saber o dia da semana de qualquer data do calendário.

E este é o calendário pelo qual ainda nos regemos no século XXI. Foi interrompido na França, em 1793, e substituído pelo Calendário da Revolução, apenas por 14 anos, pois foi abolido por Napoleão ,em 1906.

No calendário da revolução francesa, os anos eram divididos em doze meses de 30 dias cada um e mais 5 dias complementares nos anos comuns e 6 nos anos bissextos. Os meses dividiam-se em três décadas, em vez de semanas com os nomes de Primidi, Duodi, Tride, Quartidi, Sextidi, Sptidi, Octidi, Novidi e Decadi .

Os anos da revolução começaram no ano I e foram até ao ano XIV, ano em que este calendário foi extinto.

Bibliografia:

Raul Lopes Rodrigues- Curiosidades acerca do calendário, Braga, 2000.

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