Lugares e suas interfaces intraurbanas [transformações urbanas e periferização]

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Em 2011, formou-se a Comissão Porto do Capim em Ação tendo como principal pilar os moradores da Comunidade Porto do Capim. Esses moradores (no caso, moradoras), posteriormente, formaram a Associação de Mulheres (no final de 2013). Integram à Comissão a Fundação Casa de Cultura Companhia da Terra, o Programa de Extensão e o Projeto “Subindo a Ladeira” da Universidade Federal da Paraíba, o movimento Varadouro Cultural, o movimento João Pessoa Que Queremos, o movimento Amigos da Natureza, o movimento SOS Patrimônio Histórico, o Museu do Patrimônio Vivo, o Centro de Referências em Direitos Humanos da UFPB (CRDH/UFPB) e a ONG Porta do Sol, localizada na própria comunidade e remanescente dos movimentos da década de 1990. Essas entidades foram paulatinamente entrando na luta nos anos seguintes e, em 2015, essa rede passou a contar com o Proext/ UFPB – Requalificação Urbana, Ambiental e Patrimonial do Porto do Capim com financiamento e aval do Ministério da Educação. Neste artigo relacionamos as experiências em curso no âmbito local, nacional e internacional procurando compreender as dinâmicas e peculiaridades locais para refletir sobre espaço e sociedade, corpo e cidade, território e urbanidade e prospectar uma renovação epistêmica que se fundamenta nas práticas urbanas contemporâneas, mobilizando os instrumentos de análise do urbano e da vida pública que incorporem novos agentes e mecanismos de organização em redes2, dentre outros. Registramos, assim, parte dos nossos esforços no sentido de incorporar na pesquisa, na reflexão e na prática do urbanismo às vivências que acontecem cotidianamente na cidade e as interfaces da relação entre Estado, mercado e práticas sociais com foco nas políticas de requalificação de áreas urbanas e suas diversas implicações, afetando grupos, indivíduos, percepções e comportamentos. As diretrizes de reflexão e pesquisa contemplam o seguimento e aperfeiçoamento de extensa e diversificada gama de estudos sobre território, espaço público, política urbana, práticas socioculturais, corpos e urbanidades em suas variadas 2 Sobre o conceito de rede, Scherer-Warren (apud SOUTO, 2015) afirma: a “ideia de rede de movimento social é um conceito de referência que busca apreender o porvir ou o rumo das ações de movimento, transcendendo as experiências empíricas, concretas, datadas, localizadas dos sujeitos/atores coletivos”. Neste caminho, Castells (2013) propõe abarcar em seus estudos os diferentes níveis de experiências das pessoas e das organizações coletivas. E sobre a estrutura desses movimentos sociais contemporâneos, afirma serem “conectados em rede de múltiplas formas”, ou seja, serem multimodais (internet, telefones celulares, redes sociais on-line e off-line, assim como redes preexistentes e outras formadas durante as ações do movimento). Castells atesta ainda que “formam-se redes dentro do movimento, com outros movimentos do mundo todo, com a blogosfera da internet, com a mídia e com a sociedade em geral” (CASTELLS, 2013, p.160).

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