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Correia

pomos a conversa em dia e ainda contamos umas piadas um ao outro sobre cada um dos candidatos. Sempre numa perspetiva de chacota pura e nada construtiva pois, de acordo com a nossa visão das coisas, democracia também é isso. Mandar umas piadas cáusticas antes de se colocar a cruz no boletim de voto. É uma espécie de catarse antes do voto. Funciona sempre.

Também tenho alguns chatos na vizinhança mas esses contam pouco para a equação. Desde o senhor que trabalha na frutaria e que olha para todos os clientes como se estes fossem potenciais ladrões de fruta até um outro que vive obcecado com as folhas que caem das árvores do seu jardim e, como tal, as aspira (ou expira), todos os dias, com aquelas máquinas que sopram com um barulho insuportável. Mas enfim, já pensei em apresentar-lhes os dois, um ao outro, para ver o que dá. Deve ser curioso, um diálogo entre estes dois tipos. Talvez derive no combate do século, um armado com as suas frutas e o outro com o seu aspirador. Nunca se sabe.

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Vivo perto do mar o que me permite caminhar até lá em muito pouco tempo mas no caminho não resisto em passar pelo centro do local onde moro, onde sou cumprimentado, sempre, por um senhor que trabalha numa ourivesaria onde comprei em tempos um relógio, pela senhora da óptica e também pelo meu barbeiro o qual tem o cuidado de me dizer se já está, ou não, na altura de cortar o cabelo.

Sobram muitos mais vizinhos, mas não tenho espaço para os descrever a todos, muito embora me apetecesse fazê-lo. Na realidade, acho que gostaria mesmo era de os desenhar, em jeito de banda desenhada, não em modo de aldeia de Asterix, mas parecido pois aventuras não faltariam com as respectivas personagens.

Fico-me por aqui pois amanhã tenho que trabalhar ao som de Rachmaninoff, e em momento próprio, deslocar-me até à tasca onde pedirei conselhos sobre o que comer sabendo bem que isso não é para qualquer um pois a boa vizinhança é como um jardim.

Cultiva-se.

Barradas de Oliveira

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