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Ela...

Ela

Ela foi presa por ser livre, por falar, respirar, por sentir, pensar, por ver, e simplesmente acreditar, que a sua essência era mais que a sua simples existência! Ela sempre caminhou firme, na eterna esperança de reconhecer a expressão da sua plena dignidade.

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Ela foi mutilada por não se resignar, por não tolerar e resistir. Condenada apenas por existir com o desígnio fatal de ser mulher!

Ela foi discriminada, apenas por crer, que as suas palavras faziam mover o mundo!

Ela foi oprimida e ocultada por escolher a fome da luta, ao pão da conformação e da intolerância.

Ela foi negligenciada, por ter o incontornável desígnio de nascer menina, e não a deixaram ser criança!!

Nunca se deixou vencer pelo desalento, pela incompreensão dos demais, que teimavam em não ver!

Ela foi condenada, não apenas por sonhar, mas por querer superar e ultrapassar, os limites da sua condição.

Ela foi calada, silenciada e enterrada nas suas mágoas.

Mas até ao fim, nunca se silenciou sempre se ergueu!!

A sua voz ecoa no tempo, nas horas, no vazio dos espaços.

Se lhe tirarem a alegria de viver aqui na terra. Ela nunca perderá a guerra.

Mesmo assim procura o mar, o céu e as estrelas que a conduzem ao caminho eterno da liberdade!!!

Estou cansada!

Pois, cansada de tanto puxar pela cabeça para encontrar um tema interessante, polémico ou não, e que não suscite maus e estranhos instintos.

Estranho?

Pois é estranho, mas tornou-se prática comum neste mundo global - ou direi melhor: viral - comentar coisa nenhuma sobre tudo, ter opiniões sobre todo e qualquer assunto, mesmo ou, principalmente, sobre aqueles sobre os quais não se tem qualquer conhecimento.

E escavando nesse denso nevoeiro, páro e olho para o meu próprio umbigo.

E não, não só não tenho esse hábito, como me venho encolhendo e remetendo ao diálogo com os meus botões, em vez de dar as minhas opiniões, expressar sentimentos, entrar em polémicas, atitudes que no passado eram um exercício saudável, instrutivo, educativo, divertido no convívio com os outros.

De uma maneira geral, estas trocas de galhardetes, de foguetes, de petardos, de fisgadas ou de mimos, eram feitas de forma civilizada, animavam uma festarola ou uma patuscada e serviam de mote a tanta caminhada interessante por onde ou para onde a vida nos levava.

E agora?

Agora, pensamos pelo menos duas vezes antes de abrir a boca. Qualquer tema é passível de discussão azeda para alguém, de peixeirada, de insulto.

E isto diz-nos tudo sobre o mundo em que estamos a viver.

Dito isto, que fazer?

Como proceder?

Nos vários papeis que desempenhamos na vida, a atitude é obrigatoriamente diferente.

Se somos anfitriões, temos que ter em atenção as pessoas que misturamos no mesmo espaço, pesar as suas incompatibilidades, a sua tolerância, a sua civilidade. Temos que juntar a esse papel, o papel de moderadores, para que não se ultrapassem as linhas de perigo, para que o ambiente se mantenha controlado. É difícil? Muitas vezes parece uma tarefa impossível. É preciso engenho e arte, diplomacia, e paciência, muita paciência. E uns truques, também. Jogar à defesa, quer dizer, convidar menos pessoas, para haver menos surpresas. E quando isso, por qualquer razão, não é possível, arranjar uns ajudantes de campo para o controlo ser feito em várias frentes.

Deixe para trás aquela máxima (mínima!): aqui não há cerimónias, cada um senta-se onde quer.

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