VITÓRIA, ES, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 ATRIBUNA
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Economia DIVULGAÇÃO
MERCADO DE TRABALHO
Reajuste garantido de até 15% por ano P rofissionais que dão resultados são o que esperam as empresas quando contratam. Mas para mantê-los, elas têm que usar a criatividade. Na construtora Lorenge, por exemplo, a cada ano, parte dos empregados pode receber aumentos salariais entre 5% e 15%, de acordo com o desempenho, medido pela avaliação por competências, e com a remuneração do mercado. O diretor de Administração e Gestão de Pessoas da empresa, Nilson Silva, avaliou que apesar de o mercado de construção civil ter passado por um momento de “boom”, com muitos projetos sendo
“
O trabalhador precisa ser valorizado no salário, mas também deve ser cuidado em sua saúde
”
Nilson Silva, diretor de Administração e Gestão de Pessoas da Lorenge
lançados e muitas contratações por empresas nacionais, ainda não é fácil conseguir trabalhadores especializados. “Com a saída de construtoras de outros estados que atuavam aqui e que eram bem agressivas com a questão do salário, conseguimos ter mais mão de obra, mas não quer dizer que estão sobrando profissionais”, frisou. Para motivar os trabalhadores, a promoção é um meio eficaz. O método na Lorenge é o seguinte: no mês de novembro, é feita uma avaliação do empregado e é identificada alguma competência que ele precisa melhorar. Em agosto do ano seguinte, ele volta a ser avaliado para saber o que melhorou. “Se tiver nota acima de 80% é candidato a um aumento salarial que vai de 5% a 15%”, explicou Silva. Ele salientou, porém, que apenas o salário não segura o empregado. “O trabalhador precisa ser valorizado no salário, mas também deve ser cuidado em sua saúde. O salário é motivador, mas não é o
EWANDRO PETROCCHI explicou que uma das estratégias usadas pelas empresas é contratar como estagiário principal”, destacou Silva. Por isso, além de benefícios básicos, como alimentação e assistência médica, muitas empresas oferecem plano de participação nos resultados e ajuda de custo de até 50% para o trabalhador pagar os estudos, como explicou o gerente de Recursos Humanos da Bertoli-
ni, Alexandre Michelin. O presidente do Centro de Desenvolvimento Metalmecânico (Cedmec), o empresário Antônio Falcão, destacou que apesar de oferecer atrativos não é possível garantir a permanência do trabalhador. “O empresário sabe que o mercado é dinâmico”, frisou.
Para tentar segurar o profissional, o gerente do Senai Vitória, Ewandro Petrocchi, contou que a estratégia é contratar como estagiário. “Mas só isso não resolve. Por isso, as empresas oferecem participação em lucro e treinamentos, entre outras vantagens.”
O QUE FALTA NO MERCADO JUSSARA MARTINS - 11/02/2011
PROCURADOS
Empresários reclamam que faltam no mercado técnicos em mecânica, construção civil, eletrotécnica, automação industrial, portos, petróleo e gás, extração mineral, alimentos, em administração, segurança do trabalho, entre outros. CURSO de Eletrotécnica: alta procura
> PESQUISA do Man-
power Group com 40 mil empresários em 42 países mostrou que os técnicos estão em 1º lugar entre as 10 posições mais difíceis de preencher no País. > 54% dizem que a falta de talentos afeta a capacidade de atender seus clientes.
O que as empresas oferecem para fisgar os profissionais
7 milhões de técnicos
é a quantidade que o Brasil terá de formar até 2015 para atender a necessidade da indústria, como mostrou pesquisa do Senai.
Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral mostrou que: 91% 65,27% 83,23% 47,31%
50,62% 71,26%
dos 167 empresários entrevistados têm dificuldades em contratar profissionais.
dos empregadores apontam as posições técnicas como as de qualificação mais precária.
têm dificuldade de contratar profissionais de nível técnico.
das empresas dizem faltar profissionais capacitados.
têm dificuldade para contratar profissionais para a produção e
36,53% para a área de logística.
dos empresários entrevistados afirmam faltar formação específica.
Fonte: grupo Intermediação Massiva de Mão-de-Obra (IMMO), Fundação Dom Cabral, Senai, Manpower Group e especialistas entrevistados.
Busca começa nas salas de aula Quem escolhe fazer curso técnico já está sendo observado pelas empresas a partir do primeiro dia de aula, tamanha é a necessidade de contratar trabalhadores qualificados no Estado. O assessor para Implantação de Polos de Inovação do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Tadeu Pissinati, explicou que isso ocorre quando há maior aquecimento da demanda industrial. E, apesar de haver certa retração do setor no momento, as empresas continuam buscando futuros empregados nas salas de aula. Ele citou o exemplo do Estaleiro Jurong Aracruz, cuja parceria com o Ifes ele coordena. “Não à toa a Jurong busca estudantes que pos-
teriormente são contratados como trainees”, frisou. Entre os atrativos para os futuros profissionais estão programa de carreira e até mesmo oportunidades de viajar para o exterior. DIVULGAÇÃO
LUCILA: treinamento em Cingapura
A gerente de RH do Estaleiro Jurong Aracruz, Lucila Lopes, informou que os técnicos recém-formados fazem treinamento de mais de um ano em Tecnologia Naval e Oceânica no Instituto Ngee Ann, em Cingapura, no Sudeste da Ásia, onde fica a sede do grupo, e depois são contratados como trainees. Segundo Lucila, a companhia já enviou 23 recém-formados no ano passado, que retornam em breve. No mês passado, outros 27 embarcaram para Cingapura. “Como a demanda é muito especializada, a empresa precisa ter um programa de formação de especialistas. Quando eles voltam do exterior vão para nichos mais especializados”, afirmou Pissinati.
1 AUXÍLIO PARA aprender idiomas, principalmente o inglês. 2 DESENVOLVIMENTO de coaching, ou seja, treinamento em gestão de pessoas. 3 PLANO DE CARGOS e salários. 4 BOLSA de estudos de nível superior.
5 CURSOS fora do Estado. 6 PROMOÇÃO ANUAL com aumento entre 5% e 15% extra no salário. 7 REMUNERAÇÃO específica atrelada a resultado ou projeto específico. 8 VIAGENS para fora do País. 9 CRESCIMENTO horizontal.
Pesquisa da Fundação Dom Cabral mostrou que 93,41% DAS 167 EMPRESAS ENTREVISTADAS oferecem algum benefício para reter profissionais.
Dessas, 87,04% oferecem assistência médica e odontológica; 61,11%, previdência privada e 50% salário variável.
O governo do Estado calcula que para as obras dos novos projetos que vão chegar ao Estado até 2017, serão necessários 23.900 NOVOS PROFISSIONAIS com conhecimento especializado.
ANÁLISE
“Escassez de mão de obra técnica tornou a carreira valorizada” “As empresas reclamam da falta de mão de obra qualificada em posições técnicas. Logo, quando o cenário é de mais oferta de vagas que quantidade de profissionais é natural que haja inflação salarial. Há alguns anos, o curso técnico era mais difundido e havia maior disponibilidade de profissionais. Hoje, mais pessoas optam pela formação superior. No entanto, o profissional deve ficar atento, pois há carreiras técnicas cuja remuneração pode ser maior que a do profissional com
Ricardo Haag,
gerente executivo da Page Personnel
formação superior, isso é uma quebra de paradigma. Não quer dizer que o salário de quem tem formação superior declinou, mas que a escassez de mão de obra técnica tornou a carreira mais valorizada. Principalmente no caso de técnicos com conhecimento que leva tempo para ser dominado. As vantagens vão além do salário e passam por auxílio-idioma, formação técnica aprofundada e até desenvolvimento de coaching e gestão, além de um bom clima organizacional.”