O FOCO Ed. 102 - Notícias com Nitidez

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O FOCO

Sexta-feira, 17 de junho de 2011

[terrenos polêmicos]

A versão dos Azizi Família revela trama complexa e diz ter tido confiança excessiva. LLX se contradiz em site [Jupy Junior] jupyjunior@jornalofoco.com.br

A compra dos terrenos que agora pertencem à LLX Logística, vendidos por Alexandre Valle (secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Itaguaí) Alexandre Oberg (Procurador-geral do município) e Fernando Azevedo Ramos adquire contornos cada vez mais suspeitos a partir da versão que uma fonte ligada à família apresentou a O FOCO nesta terça-feira (14). Segundo esta fonte – que trouxe mais informações, embora ainda preliminares – a família está indignada e revoltada com a

Indrig Kuwada Oberg Ferraz, irmã de Alexandre Oberg e sócia na KOF Empreendimentos, foi assessora jurídica da Procuradoria do Município até 1º de fevereiro situação, e se considera ludibriada com a transação milionária que é alvo de investigação. SITE CONTRADIZ A PRÓPRIA EMPRESA A questão principal sobre um suposto golpe remete primeiramente às datas. A família alega que os envolvidos tiveram acesso a informações privilegiadas pelo simples fato de a LLX ter divulgado em seu site que já teria feito investimentos de R$ 356 milhões para a construção do SuperPorto Sudeste desde 2007. O FOCO acessou o site da empresa e constatou o seguinte texto: “No Superporto Sudeste, em construção em Itaguaí (RJ), desde 2007 até setembro deste ano [2010] já foram investidos R$ 356 milhões”. O raciocínio é o seguinte: se a empresa já anuncia-

va ter feito investimentos desde 2007 (ano em que foram adquiridos os terrenos), a Prefeitura, e consequentemente o secretário e o procurador-geral, já sabiam das intenções da construção do porto e teriam se aproveitado da situação para lucrarem com a venda posterior. LLX DIVULGA SUA VERSÃO A LLX comprou uma página inteira do jornal O Globo, na edição desta quarta-feira (15), para dar explicações a respeito das suspeitas. No texto, a empresa alega que comprou as propriedades dentro de um conjunto que pertenciam à uma área extensa. “O Superporto Sudeste só toma contornos definitivos e assume seu primeiro desenho (...) no ano de 2008.” – ressalta a empresa. A O FOCO a LLX/MMX não ofereceu qualquer resposta, principalmente em relação às negociações com a Prefeitura de Itaguaí para a instalação do porto na Ilha da Madeira. Até o fechamento desta edição, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) responsável pelo licenciamento ambiental do empreendimento – não respondeu sobre a data em que concedeu a licença para o porto. FAMÍLIA revoltada Valle, Oberg e Ramos compraram os terrenos de Aide Sebastiana Rodrigues Abrahão, Maria Cristina Abrahão Borges, Azizi Eduardo Abrahão Gianna Delphina de Andrade Abrahão e Cezar Augusto Borges. Renata Lucia Rodrigues Rebello Oberg Ferraz, mulher de Alexandre Oberg, é sobrinha de Aide e prima de Maria Cristina. Os familiares revoltados com a transação alegam que não têm recibos ou documentos que comprovem a má-fé por-

Escritura comprova venda dos terrenos para a LLX por R$ 10,3 milhões

Personagens da trama em destaque: certidão comprova que empresários pagaram R$ 20 mil por uma das três áreas, mas total pago pelo trio foi de R$ 50 mil

que Renata teria tido participação no negócio, por ser mulher de Oberg. Este, por sua vez, inseriu um outro personagem na transação: Alex Lara. TRAMA COMPLEXA A intrincada trama conta com mais este personagem: Alex Lara, que teria recebido procuração da família de acordo com instruções de Oberg, marido de Renata. A procuração tem data de 13 de dezembro de 2007. Os terrenos, portanto, foram adquiridos primeiro por Alex, que os repassou para Valle, Oberg e Ramos em 4 de fevereiro de 2010, e estes incorporaram o capital às suas respectivas empresas. São, portanto, dois anos de intervalo entre a compra e a venda. Segundo a fonte da família, o intervalo se deu possivelmente na tentativa de ver as propriedades valorizadas.

LIGAÇÕES COM A PREFEITURA Além das suspeitas que cercam as autoridades municipais, surgem mais informações relativas ao negócio: Indrig Kuwada Oberg Ferraz, irmã de Alexandre Oberg e sócia na KOF Empreendimentos, foi assessora jurídica da Procuradoria do Município até 1º de fevereiro de 2011. Sua exoneração foi publicada na Portaria 106, de 10 de fevereiro de 2011 (página 2 do

Jornal Oficial de Itaguaí, edição de 14 de fevereiro de 2011). A família reitera que não sabia da especulação na Ilha da Madeira e que confiou em Oberg e Renata. Alex Lara teria sido apresentado por Oberg como um comprador interessado nas propriedades. Oberg ainda é acusado de aliciar donos de imóveis na Ilha da Madeira, com ameaças de cobrança de IPTU atrasados. Ele foi procura-

do pela reportagem nesta terça-feira (14), no seu escritório e na prefeitura, porém não foi encontrado e até o fechamento desta edição não respondeu aos recados. O Ministério Público do Rio de Janeiro já recebeu a denúncia e vai apurar. Ao que parece, muitas outras informações ainda surgirão durante a investigação, e caberá à justiça apurar os fatos e, conforme for, condenar os responsáveis.


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