Jornal dos Bairros / Edição 05 / Junho de 2016

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Publicação da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul

JORNAL DOS BAIRROS Junho/2016 | Ano 20 | Nº 05

Filiada à FRACAB e à CONAM

MÉRITO COMUNITÁRIO

MAIS BELA COMUNITÁRIA

Homenageados se destacam pela história de lutas e conquistas no movimento

Conheça a 2ª princesa da corte, Tainara Dondoni

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ESPECIAL

BAILE da Terceira Idade

Por que o SUS tem tantas filas?

Música ao vivo e muita animação FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

Dia: 10/07/2016 Local: Av. Independência, 80 Bairro Panazzolo | Horário: 16h Valor: R$ 10,00 Informações através dos números: 54 9618.1260, 54 9919.4951 e 54 9954.8735

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO DE SOUZA

Longa espera para atendimento médico, demora para realização de consultas especializadas e problemas crônicos de gestão trazem transtornos à população. Secretária da Saúde atribui situação à violência e crise financeira | Páginas 8 e 9 INTERBAIRROS

TEM INÍCIO O CAMPEONATO DE FUTSAL MAIS TRADICIONAL DA CIDADE

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2 EDITORIAL

E a saúde, como anda?

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lá! Novamente chegamos até você, leitor. Com mudanças já apresentadas (e aprovadas) desde a última edição, o Jornal dos Bairros deste mês – que marca a metade de 2016 - traz um pouco do que é o dinamismo do movimento comunitário. Aqui você poderá conferir os principais fatos que influenciam no dia a dia da comunidade. Muito além do frio, é claro! Você já teve dificuldades para acessar direitos básicos como saúde e educação? Acreditamos que a resposta é sim. Por isto, nesta edição, buscamos abordar em nossa reportagem especial um dos problemas mais conhecidos do cidadão quando o assunto é o Sistema Único de Saúde: a demora e as longas filas para obter atendimento. Como tornar a rede pública mais eficiente? O governo realmente prioriza a área da saúde? Os profissionais que lá trabalham estão contentes? E quais os transtornos vividos pela população, maior interessada em acessar um servi-

ço de qualidade? No mês que passou tivemos ainda o “Mérito Comunitário 2016”, ocasião em que 16 pessoas, com longa trajetória de lutas e conquistas junto ao movimento, foram agraciadas com uma singela homenagem na União das Associações de Bairros. Na matéria que redigimos, você terá a oportunidade de conhecer um pouco de cada uma delas. Além disso, foi dado início ao campeonato mais tradicional de futebol de salão na cidade: o Interbairros 2016. Conheça os homenageados das séries “Ouro” e “Veteranos” e um pouco das emoções das partidas de abertura. Ainda temos a seção bairros, mulheres, transporte público...enfim. Uma riqueza de conteúdo que procura refletir um pouco do nosso trabalho, mas principalmente, levar ao conhecimento do leitor, os principais anseios da comunidade. Até à próxima!

Retrato do Cotidiano CARLA MARTINS

Um recanto do bairro Século XX, pela lente da moradora Carla Martins

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Espaço do leitor

Alguns golias para muitos Davis Jornalista

Alvaro Benevenuto Jr.

Os espetáculos que vimos nos últimos meses, desde que a Operação Lava-Jato começou a fechar o cerco àqueles personagens citados nas delações dos presos investigados pelas atitudes acerca dos desmandos na administração dos milionários contratos da indústria do petróleo, a grande mídia nacional assumiu, quase que imediatamente, sua posição: defender o status quo de quem, na maioria das vezes, está ao seu lado. Ou seja: a grande mídia nacional fincou suas estacas no terreno daquelas personalidades políticas que, historicamente, defenderam a preferência pelas organizações com grande potencial de alcance na difusão de suas mensagens. A questão central neste texto, não está em defender este ou aquele personagem citado nas delações da Lava-Jato, em avaliar a atuação daqueles que estão no comando das ações judiciais (que em alguns momentos lembram as grandes aventuras de Indiana Jones nas perigosas áreas de rasas escavações arqueológicas), nem no recente monitoramento do tornozelo do Japonês da Federal! O que preocupa – e muito – neste delicado momento, é o que tem sido divulgado pela grande mídia nacional e o que, realmente, a audiência procura saber para formar a sua opinião. Se as redes nacionais mais populares de rádio e televisão (que são as de maior poder de penetração na audiência) privilegiaram o show da vida na transmissão vergonhosa da votação pelo impedimento da presidente na Câmara Federal, a mídia alternativa – e com ela, a comunitária – buscou explicações acerca do que provocou o conjunto daquela cena hilária do plenário, onde os votos dos deputados foram inspirados em tudo, menos no programa político partidário da agremiação pela qual foram eleitos. Nos momentos de crise, a mídia alternativa transforma-se num importante ponto de referência para formar uma opinião acerca daquilo que acontece no cotidiano. É referência porque esta mídia sobrevive – como sempre – a partir da contribuição de cada um dos atores que constroem o cotidiano e as riquezas sociais (e econômicas). É esta mídia alternativa e, especialmente a comunitária, que permanece independente dos grandes capitais, comprometida em fiscalizar a execução das políticas públicas para atender as demandas e aberta, livre e independente para tomar suas próprias posições acerca dos atos e fatos, infelizmente hilários, ocorridos nas grandes arenas das decisões sobre nosso futuro. À mídia independente, longa vida e muita responsabilidade! À mídia comunitária, a imortalidade para cumprir o mandamento: todo ser tem direito de acesso à informação para, com ela, construir sua própria opinião e, desta forma, poder conversar com seus pares.

Agenda comunitária 09/07 – 14h | Assembleia Geral | UAB 02/07 – 8h | IV Fórum Municipal do Esporte | Auditório SEST/SENAT (Bairro Pioneiro) 10/07 – 16 h | Baile da 3ª Idade | UAB Cultural 1° e 02/07 | 6ª Conferência Municipal das Cidade | 17h30 e 8h | Câmara de Vereadores

JORNAL DOS BAIRROS

EXPEDIENTE Veículo da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul – UAB Rua Luiz Antunes, 80, Bairro Panazzolo – 95080-000 – Caxias do Sul Filiada à FRACAB e à CONAM uab@gmail.com | Comercial: 54 9219.8267 Presidente: Flávio Antônio Fernandes Diretora de Imprensa e Comunicação: Paula da Rosa

Editor: Alan Matos MTb. 18.178 alan_juliano2000@hotmail.com Reportagem: Alan Matos Editoração e Design Gráfico: Viviane Martins Conselho Editorial: Antonio Pacheco de Oliveira, Flávio Fernandes, Joce Barbosa, Paula da Rosa, Paulo Sausen e Valdir Walter

E-mail: jornaldosbairroscx@gmail.com Telefone: 3238.5348 Tiragem: 8.000 exemplares Impressão: Grupo RBS Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.


Movimento

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ASSEMBLEIA GERAL

Lideranças comunitárias debatem habitação em encontro Secretário municipal esteve presente na oportunidade e comentou programas como “Rota Nova” e “Minha Casa, Minha Vida”. Caixa Federal não compareceu A União das Associações de Bairros promoveu, no sábado, dia 4 de junho, mais uma Assembleia Geral. Desta vez, o principal tema debatido no encontro foi habitação. Dentre os convidados, estiveram a secretaria municipal da Habitação e a Caixa Federal – que não compareceu com nenhum representante. Na abertura do encontro, o secretário de Habitação Giovani Fontana, empossado em fevereiro deste ano, se apresentou na condição de mais novo titular da pasta no município e comentou o programa habitacional “Rota Nova”, que, segundo ele, é o maior projeto em andamento na secretaria, com uma série de ações em conjunto com outras áreas da administração municipal, tais como saúde, meio ambiente e obras. Segundo Giovani, este é o maior diferencial do programa habitacional, com a secretaria viabilizando obras de infraestrutura para o empreendimento. “O ordenamento das despesas, as licitações, o trabalho burocrático é realizado pela secretaria da Habitação”, esclareceu.

MÁRIO ANDRÉ COELHO

Regularização Fundiária O secretário também reconheceu dificuldades com a questão da regularização fundiária município. Para isto, garantiu que a prefeitura está constituindo uma “Coordenadoria de Regularização Fundiária”. Conforme Giovani, o órgão dará maior atenção aos processos de regularização no município, bem como imprimir mais agilidade para a área. “Deveremos nos debruçar sobre essa questão”, falou.

Minha Casa, Minha Vida Ao final da Assembleia, Giovani procurou responder a questões recorrentes levantadas pela população na oportunidade, tais como os problemas vividos no empreendimento habitacional Campos da Serra, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. “Reconhecemos as irregularidades”, disse, ao afirmar saber que muitos apartamentos acabam sendo destinados para famílias fora da faixa de carência definida pelo programa. No entanto, ALAN MATOS

Programas habitacionais e processo de regularização fundiária foram debatidos em encontro disse que é a prefeitura que faz a indicação das famílias que serão beneficiadas e que os encaminhamentos realizados cumprem os requisitos do programa. Giovani ainda falou estar a par de que algumas unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida são vendidas ou alugadas, causando transtornos aos demais moradores do empreendimento.

Atenção à comunidade

Secretário reconheceu irregularidades no Campos da Serra

O secretário também se comprometeu a atender, durante a semana seguinte à realização da Assembleia Geral, os presidentes e demais lideranças comunitárias que o questionaram sobre temas específicas das comunidades. “Faremos contato com os comunitaristas para pegar maior detalhamento e nos informar mais sobre cada questão levantada aqui”, afirmou.

ACOMPANHAMENTO DA UAB Presente na Assembleia, a diretora do departamento de Habitação da UAB, Lucia Klippel, afirmou que a UAB tem acompanhado de perto as questões que envolvem os empreendimentos habitacionais em Caxias do Sul. “A UAB tem o privilégio de ser convidada para um trabalho técnico-social desenvolvido pela Universidade de Caxias do Sul. Estamos acompanhando. O objetivo é preparar os cidadãos para viverem coletivamente e organizarem sua renda. Este trabalho já está sendo realizado com moradores do empreendimento Campos da Serra. E há um extenso calendário de reuniões para que seja efetivo”, salientou. Lucia Klippel também falou sobre a importância do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. “O ‘Minha Casa, Minha Vida’ é um programa muito bom. Há uma série direitos, mas também há deveres. Nosso trabalho vem nesse sentido. As pessoas devem se organizar para manterem suas contas de água, luz em dia. Acredito que isto faz parte dos deveres”, disse. Sobre regularização fundiária, a diretora vê que o problema tem a possibilidade de ser abordado de forma mais eficaz na cidade, com a criação de um novo órgão na administração municipal. “O processo de regularização fundiária anda a passos lentos em Caxias do Sul. Mas agora, vejo um avanço com a criação de uma Comissão de Regularização que será constituída, inclusive com funcionários de carreira do município. A problemática da regularização em Caxias é muito grande”, enfatizou. Lucia disse ainda no encontro que regularização não é somente resolver questões burocráticas. “Regularização não é apenas documentação, é infraestrutura, é revitalização, é retirar as pessoas das áreas de risco em que moram. Temos essa preocupação”, salientou.


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Movimento

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HOMENAGEM

UAB promove entrega do ‘Mérito Comunitário’ 2016 Reconhecimento ocorreu na sede da entidade. Foram agraciadas pessoas que se destacaram pela trajetória de lutas e conquistas

Uma grande festa tomou conta do auditório José Carlos Anflor, na sede da UAB, no sábado, dia 4 de maio. Foi a entrega do troféu “Mérito Comunitário” 2016 a várias pessoas que se destacaram no movimento. Muitos possuem décadas de atuação comunitária e são reconhecidos pela sociedade como líderes, que trabalham dia-

Essas pessoas desempenham papel fundamental na construção de um futuro melhor Flávio Fernandes

riamente pelas suas comunidades. “Seja através das associações de moradores, pela UAB ou por outras entidades de caráter comunitário, essas pessoas desempenham papel fundamental na construção de um futuro melhor para Caxias”, diz o presidente da UAB, Flávio Fernandes. Ele diz ainda que o Mérito

Comunitário é uma forma de incentivar ainda mais o trabalho comunitário a todos que possuem esta vocação. “Este reconhecimento que promovemos leva uma merecida homenagem a todos aqueles que em um momento ou outro de suas vidas escolheram trabalhar em prol do bem comum”, enfatiza.

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO, ARQUIVO PESSOAL E E DIVULGAÇÃO

CONHEÇA OS HOMENAGEADOS: RUGGERO GUSTAVO NESI – Nasceu em 28 de janeiro de 1941, em Franca (SP). Veio para Caxias do Sul com cinco anos de idade. Em 1980 começou no comunitarismo através do escotismo. Sempre quis fazer um museu para as futuras gerações para que pudessem conhecer os atores, escritores, músicos, artistas e demais agentes da cultura que fizeram arte em seu tempo. Foi diretor de Cultura da UAB durante a primeira gestão da então presidente Tânia Menezes. ALBERI DE MATOS – Nasceu em Soledade (RS), em 23 de julho de 1958. Veio para Caxias do Sul em 1977. Em 1981 começou a partipar da AMOB Rio Branco. Em 1996 foi nomeado presidente da AMOB Vila Lobos e Vergueiros I, permanecendo no cargo por 12 anos até então. Já foi diretor de Patrimônio, Imprensa e Comunicação em dois mandatos da UAB. Já foi locutor da Rádio Comunitária 105.1 FM e é um dos locutores da Rádio Comunitária 87.5 FM. WILSON DE SOUZA – Nasceu em 13 de junho de 1954, na localidade de Cazuza Ferreira, distrito de São Francisco de Paula (RS). É presidente desde o ano de 1997, por três gestões consecutivas da AMOB Século XX, onde mora há mais de 44 anos. Frequentou diversos cursos de liderança e comunicação comunitária. Também foi conselheiro no Conselho Municipal da Saúde. PEDRO AÍLTON DE SOUZA – É natural de Timbé do Sul (SC). Veio para Caxias aos 17 anos, em 1971. Iniciou no movimento comunitário em 1976, ajudando a fundar a AMOB Esplanada. Colaborou na fundação da AMOB Novo Amanhã. Em 1979 mudou-se para o Loteamento Vila Romana, onde, em 1981 fundou a AMOB local, elegendo-se presidente da entidade por seis mandatos intercalados. Já foi do Conselho Fiscal, diretor de Segurança (por três mandatos) e vice-presidente da UAB. Já atuou como conselheiro (vários anos) e presidente do Conselho Fiscal da Fracab (durante dois mandatos). Participou de congressos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em Aracajú (SE) – todos pela CONAN. VALDIR CARAMURÚ DOS SANTOS RAMOS – Foi presidente da AMOB Vila Gauchinha nas décadas de 1980 e 1990. Ajudou a fundar e orientar as AMOBs da região Esplanada, participando ativamente do movimento comunitário até hoje. JOÃO FELISBINO ANTUNES PADILHA – Nasceu em 8 de janeiro de 1954, em Vacaria (RS).

Veio para Caxias do Sul aos 21 anos de idade. Começou no trabalho comunitário em 1982, ajudando na AMOB Alvorada, sendo eleito presidente do Conselho Deliberativo, tesoureiro e presidente da entidade, cargo que ocupa há mais de 16 anos. Foi diretor de Patrimônio da UAB na gestão de 2005 a 2007. Já participou do Conselho Local de Saúde. CLOVIS DANIEL ALVES DA SILVA – Nasceu em 11 de janeiro de 1968, em Capão Alto (RS). Aos 16 anos ajudou a formar o Grupo de Jovens da localidade e colaborou na fundação do Esporte Clube São Vicente. Em Caxias do Sul assumiu a patronagem do CTG Querência da Serra, quando também iniciou sua militância no movimento comunitário. É o atual presidente da AMOB Serrano. Também é dirigente licenciado do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos. MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA – Nasceu em 1° de setembro de 1975. É natural de Esmeralda (RS). Participou da fundação e direção do CTG Rancho do Santa Fé. É conselheiro de saúde e vice-presidente da AMOB do bairro Fátima. Foi diretor da regional Fátima na gestão do então presidente da UAB, Valdir Walter. Faz parte da entidade AMUCA. É membro da diretoria Imprensa e Comunicação da UAB e radialista na UAB 87.5 FM. CLEUSA MARIA NUNES DA SILVA DESSOTTI – Nasceu em 15 de julho de 1962 em Caxias do Sul (RS). Já foi conselheira do COMDIM. Atua no movimento social e comunitário há muitos anos e, em 1994, mudou-se para o bairro Pôr-do-Sol, sendo que hoje é a atual vice-presidente da AMOB local. JOACIR VIEIRA DE FARIAS – É natural de Bom Jesus (RS) e veio para Caxias do Sul (RS) há 44 anos. É morador do bairro Nossa Senhora de Fátima. Iniciou suas atividades junto ao movimento comunitário em 1983. Já foi tesoureiro (por duas gestões), secretário-geral (por 10 anos consecutivos) e presidente (por duas gestões consecutivas) da AMOB Nossa Senhora de Fátima. Atualmente é presidente do Grupo Gestor Fátima, onde coordena o Centro Esportivo José Maria Martins junto com a diretoria da AMOB. NATAL FONSECA DA SILVA – É natural de São José do Norte (RS). Veio para Caxias do Sul (RS) em 1981. Em 1985 passou a residir no bairro Cruzeiro, liderando um grupo de jovens, participando também do movimento sindical. A partir de 1996, mudou-se para o bairro São Victor Cohab onde começou a participar do COM da escola. Em 2013, foi eleito presidente da AMOB São Victor Cohab,

onde teve várias conquistas. Atualmente é mebro do departamento de Saúde da UAB. PEDRO JONES STÉDILE – Nasceu em Caxias do Sul (RS). Começou a viajar cedo com o pai, mas abandonou as viagens devido a suas condições de saúde. Vencida a batalha pela vida, passa a se dedicar ao serviço voluntário. Trabalhou no Hospital Pompéia, pela pastoral da Saúde. Participou ativamente junto com a família no grupo escoteiro Baden Powel, sendo vice-presidente por quatro anos e presidente por dois anos. Em 2014, concluiu o curso “Fé, Política e Trabalho”. Atualmente é vice-presidente de AMOB, ministro de batismo na igreja católica e palestrante do ECC. NEUZA LYRA DE OLIVEIRA – Nasceu em São José do Ouro (RS) em 25 de fevereiro de 1965. Há 19 anos reside no bairro Santa Fé, sendo eleita presidente da AMOB em 2003, onde desenvolve várias lutas em prol da comunidade. JOSÉ GUERRERO DOS SANTOS – Veio para Caxias do Sul (RS) em 1977 com 37 anos de idade. Reside no bairro Salgado Filho. No início integrou-se com a comunidade da igreja São Jorge onde colabora até hoje como presidente. Em 1993, foi eleito presidente do bairro, cargo que permaneceu até 2001. Em 2015, se elegeu novamente presidente da mesma entidade. DALTRO DA ROSA MACIEL – Natural de Praia Grande (SC), chegou a Caxias do Sul (RS) na década de 70. Foi fundador e presidente da SER Bom Pastor e da AMOB Bom Pastor. Foi presidente do COM da Escola São Caetano, um dos primeiros titulares do Distrito Sanitário de Saúde Oeste, participou na confecção do primeiro Plano Municipal de Saúde. Também foi fundador e presidente da Associação Caxiense dos Clubes Não Filiados. Há 23 anos na UAB participou em seis gestões como presidente e quatro em outros cargos. KARINE ENDRES* – Natural de Caxias do Sul (RS). Foi para Porto Alegre (RS) em 1999 para iniciar estudos na área da comunicação. Na capital, iniciou sua trajetória junto aos movimentos sociais e na luta pela democratização da comunicação. Pelo movimento Resistência Popular atuou em prol das rádios comunitárias. Foi fundadora do Centro de Mídia Independente de Caxias. Em 2005 trabalhou na assessoria de imprensa do Sindiserv, foi repórter do jornal Gazeta Opinião. De 2009 a 2016, foi * Homenagem por editora e diagramadora do Jornal dos Bairros. serviçõs prestados


Movimento

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TRANSPORTE

Fórum dos Usuários debate itinerários Críticas a retiradas de paradas nos bairros foram uma das principais manifestações A UAB sediou, no sábado, dia 11 de junho, mais uma edição do Fórum dos Usuários. Estiveram presentes compondo a mesa o secretário municipal dos Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana Manoel Marrachinho, o diretor-geral da pasta, Gervário Longhi, o secretário do Conselho dos Transportes, Enio Brambatti, e um dos diretores de Mobilidade Urbana da União das Associações de Bairros (UAB), Sérgio de Campos. Durante o encontro, todas as lideranças comunitárias presentes tiveram a chance de expressar suas reivindicações e críticas acerca dos temas que envolvem o transporte público no município. Além disso, a oportunidade foi propícia para ouvirem dos representantes da secretaria, propostas de solução e encaminhamentos aos problemas apresentados. Nesta edição do Fórum, os temas mais apontados pelos comunitaristas foram a forma de convocação do Fórum, retiradas de paradas de ônibus sem discussão com a comunidade, além de demandas por melhorias no transporte dentro de alguns bairros.

Convocação Tânia Menezes, também diretora de Mobilidade Urbana da UAB, fez uma manifestação

questionando a forma como o Fórum dos Usuários vem sendo convocado. Segundo ela, de forma equivocada, pois quem é responsável pela convocação do encontro é a secretaria dos Transportes e não a UAB. “As convocações não são papel da UAB. Isso está no regulamento. É papel da secretaria. Será que a secretaria e o governo Alceu têm interesse que o Fórum funcione?”, disparou. Tânia ainda lembrou que as mudanças que vêm ocorrendo no transporte público da cidade com o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM Caxias) visam benefícios, mas que o que está acontecendo são retrocessos. “Precisamos de mais ônibus nos bairros e gasto menor com passagens. Não é isso que temos visto”, declarou. O secretário Marrachinho procurou responder à crítica sobre o agendamento do Fórum: “Posso ter me equivocado na interpretação, mas minha interpretação era de que a convocação já estava feita. Pois agendamos quatro edições do Fórum por ano”, afirmou.

Paradas de ônibus Sérgio de Campos, um dos diretores de Mobilidade Urbana da UAB levantou críticas sobre como o processo de retiradas de paradas de ônibus nos bairros vem sendo conduzido pela secretaria. “Temos, por exemplo, a linha do Diamantino, que envolve outros bairros, como o

FOTOS MARIO ANDRÉ COELHO

Comunitaristas levantaram diversas críticas sobre a retirada de paradas nos bairros União, o Treviso. Quando há alguma mudança, não pode ser ouvido apenas o presidente do Diamantino. É necessário chamar todos os líderes. Que seja respeitada liderança de cada bairro e que o pedido de um não se sobreponha aos outros na hora das mudanças”, explicou. O diretor também apontou como outras questões relativas ao transporte público não são debatidas com os líderes comunitários. “Não estamos sendo chamados pela secretaria quando há debates sobre grandes temas e mudanças. A UAB é parceira. Temos envolvimento”, levantou. Por fim, Sérgio ainda falou sobre a retirada de paradas na UCS. “A UCS está preocupada apenas com sua segurança patrimonial e não com a dos alunos. Por lá já há um desvio, sem autorização, para desviar a rota dos ônibus”, afirmou. Em resposta a alguns dos

apontamentos, o secretário Marrachinho se comprometeu em avaliar mais criteriosamente a retirada de paradas, que conforme ele, obedecerão, três critérios. “Temos menosprezado o papel das paradas na vida do bairro. A secretaria tem feito diversas correções. Para a retirada de paradas teremos três requisitos: primeiro, a comunidade terá de ser ouvida; segundo, terá de haver um estudo técnico e; terceiro, a mudança precisará de uma avaliação operacional da VISATE”, esclareceu. Abordando a questão das ruas internas da universidade, disse que as ruas que se localizam no terreno da instituição são públicas. “Isto está sendo objeto de uma ação na justiça. Não concordamos. Nossas alterações mantém boa parte dos itinerários dentro da universidade”, colocou.

Anúncios O secretário Marrachinho aproveitou o Fórum para anunciar novidades que serão lançadas em breve para o transporte público em Caxias. A primeira delas trata de um aplicativo no qual usuário vai poder acompanhar todas informações sobre o sistema a partir do celular. “Vão poder ver sobre a distância de paradas, onde está o ônibus, se o mesmo está atrasado”, descreveu. Uma segunda novidade anunciada por Marrachinho para o transporte público, diz respeito a um serviço “0800” que será implementado na secretaria. “O transporte coletivo é uma propriedade da prefeitura. Não haverá mais 0800 na VISATE. É mais lógico que nós tenhamos o serviço, pois precisamos saber as demandas da comunidade e depois ‘negociarmos com a operadora”, declarou.


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Sustentabilidade

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CONSCIENTIZAÇÃO

Fórum Municipal de Economia Justa e Solidária presente na Semana do Meio Ambiente Evento incentivou novas maneiras de produzir e de trocar riquezas entre a comunidade O Fórum Municipal de Economia Justa e Solidária esteve presente durante a Semana do Meio Ambiente (1º a 05 de junho). Entre as ações promovidas, foram instalados estandes de trocas para diversos artigos e realizadas oficinas de sustentabilidade, contando com grande participação de crianças – que eram o principal público-alvo. Além disso, ganhou destaque a 2º edição da Feira Municipal Ecossolidária, que envolveu pessoas de todas as idades e de diversos bairros do município. Durante os três dias de evento foram arrecadadas 3,1 toneladas de resíduos, entre seletivos e eletrônicos. A cada resíduo entregue o visitante ganhava uma moeda verde, podendo trocar por produtos expostos no evento.

Audiência pública Também integrando a Semana Municipal do Meio Ambiente, foi realizada uma audiência pública, promovida pela Comissão de Legislação Participativa e Comunitária (CLPC) da Câmara Municipal. O tema debatido no encontro foi: “Economia Solidária: Função Social do reciclador”. Na ocasião, os recicladores caxienses reivindicaram fiscalização de parte do município e que sejam deixa-

VÂNIA MARTA ESPEIORIN

mostrar como é possível impulsionar economias locais, garantindo trabalho digno e renda às famílias envolvidas. “Estas iniciativas provam que, além de possível, é necessário aliar preservação ambiental ao desenvolvimento econômico e social através de princípios como solidariedade, autogestão e cooperação”, avalia.

Preparação

Audiência pública sobre economia solidária integrou Semana do Meio Ambiente

O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA? Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente; cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. A prática vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. A economia solidária é praticada por milhões de trabalhadoras e trabalhadores. São iniciativas de projetos produtivos coletivos, cooperativas populares, cooperativas de coleta e reciclagem de materiais recicláveis, redes de produção, comercialização e consumo, instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas autogestionárias, cooperativas de agricultura familiar e agroecologia, cooperativas de prestação de serviços, entre outras, que dinamizam as economias locais, garantem trabalho digno e renda às famílias envolvidas, além de promover a preservação ambiental.

dos nas Associações resíduos menos misturados e não tão compactados. Conforme Paula da Rosa, coordenadora do Fórum Municipal de Economia Justa e Solidária, as ações são uma forma de

O Fórum Municipal de Economia Justa e Solidária de Caxias do Sul se prepara agora para participar de mais um evento que enfocará a sustentabilidade. Desta vez, em Santa Maria (RS), durante a realização da 12ª feira Latino Americana de Economia Solidária (ECOSOL). Mais informações e inscrições podem ser obtidas pelo e-mail: projeto@esperancacooesperanca.org.br.

A FEIRA ECOSSOLIDÁRIA Caxias do Sul é referência nacional no desenvolvimento de projetos com ênfase em Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias. A 2ª Feira Municipal Ecossolidária, balizada nos pilares da Economia Solidária, tem o objetivo de promover a articulação dos projetos desenvolvidos na cidade e colocá-los em diálogo com a comunidade, além de divulgar, informar e sensibilizar a comunidade sobre o que é a Economia Solidária, apresentando seus valores e princípios e demonstrando suas potencialidades e desafios na promoção de um novo modelo de sistema econômico includente, sustentável e solidário.


CRISE

ENTREVISTA

Renan, Sarney, Jucá e Cunha na berlinda

‘Se é culpado, que se puna’

FOTOS AGÊNCIA BRASIL, DIVULGAÇÃO

Procurador-geral da República, Rodrigo janot, pediu prisão de quatro lideranças do PMDB

Pedidos de prisões a lideranças nacionais do PMDB surpreendem a nação O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo tribunal Federal (STF) as prisões do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB –AL), do ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por ele continuar interferindo no andamento da Casa. O caso ainda será analisado pelo ministro Teori Zavascki,

redator da operação Lava-Jato no Supremo. Os pedidos têm relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. As conversas captadas sugerem uma trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras. No caso de Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com a utilização de tornozeleira eletrônica. Nas gravações, Renan sugere mudar a lei para inibir o método da delação premiada. Jucá descreve uma articulação política dele e de outros líderes para derrubar a presidente Dilma e, a partir daí, “estancar a sangria da Lava-Jato”. Sarney ainda sugere a escalação de dois advogados - César Asfor Rocha, ex-presidente do

Superior Tribunal de Justiça e Eduardo Ferrão - para uma conversa com Teori. Para a PGR, está claro que a ação de Renan, Jucá e Sarney tinha como objetivo obstruir as investigações. Como os processos tramitam no mais alto grau de sigilo do STF, alguns juristas suspeitam que, para justificar um pedido de tamanha envergadura, o procurador possa ter indícios mais robustos do que as gravações. Janot também pediu o afastamento de Renan da presidência do senado, usando argumentos similares aos do pedido de destituição de Cunha da presidência da Câmara, o que foi pelo STF. Esta é a primeira vez que um procurador-geral da República pede o afastamento e a prisão de um presidente do senado.

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MÁRIO ANDRÉ COELHO DE SOUZA

Política

JORNAL DOS BAIRROS | Junho 2016

Adelino Telles, líder do PMDB na Câmara de Vereadores, afirma que o PMDB tem mantido a mobilização da militância e que tem trabalhado para fortalecer a imagem perante a população. Diz ainda que sempre pediu apuração e punição para todos os casos de corrupção que estão sendo denunciados desde o início da atual crise política brasileira. Confira trechos da entrevista: A crise política no país pode influenciar o pleito municipal? E a força de uma eventual candidatura própria do PMDB em Caxias? O cenário nacional pode influenciar na medida em que colocou a classe política no descrédito. Mas temos que trabalhar a ideia de que no meio político também há gente boa. E é um segmento necessário à sociedade na defesa de seus direitos. Influenciará a todos os partidos, porque novamente caímos em descrédito. Todos os partidos, de alguma forma, têm envolvimento na crise política. Como está a mobilização da militância? A militância peemedebista está bastante mobilizada para essas eleições. O PMDB sempre está apontado como um dos principais partidos da cidade, até porque tem um trabalho muito reconhecido pelas duas administrações do, hoje governador, Sartori. De que forma o PMDB municipal tem se articulado para fortalecer sua imagem

frente à opinião pública? Houve uma decisão no diretório municipal de trabalharmos um plano de governo, no qual técnicos, políticos e militantes sentaram em várias reuniões para discutir as demandas e os rumos da nossa cidade. O processo é dinâmico, porque sempre surgem necessidades. A militância está empenhada em atendê-las. Como o você avalia a Operação Lava-Jato? E os recentes pedidos de prisão para lideranças nacionais do PMDB? Desde o início deste tumulto e caos que o país vive, eu pedi apuração e punição a todos os corruptos. Minha posição se mantém, independentemente de partido. Não defendo nenhum ato ilícito, muito menos do meu partido. Na sua opinião, esse quadro se configura uma crise no partido? No que depender de mim, não. Se é culpado, que se puna. Tudo que for apurado deve haver punição, justamente para que não se instale crise nos partidos.


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Especial

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FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

Falta de médicos, demora nos postos e para realização de consultas especializadas trazem transtornos à população

A

endocrinologista, pois tem também problemas na glândula tireoide – esta especialidade, segundo Marina, está levando mais ou menos o mesmo tempo de espera que o gastroenterologista.

Madrugando Além da agonia na espera pelo atendimento dos especialistas, as filas que se formam para os procedimentos nas UBSs – consultas com clínicos-gerais e outros – podem se formar desde às cinco horas da madrugada, mesmo no rigoroso frio que se verifica na estação do outono em Caxias do Sul. Foi a constatação da reportagem do Jornal dos Bairros, na UBS do Mariani. Segundo relatos de muitos usuários, essa é a rotina de vários postos de saúde na cidade. Mesmo debilitados, os pacientes necessitam de muita paciência e agasalho para conseguirem os atendimentos.

Postão 24 HS

cipal da Saúde. Há relatos de casos, como os consultados por esta reportagem, em que a fila para o atendimento de um cardiologista já dura cerca de 7 meses. Isto aconteceu com o aposentado Daniel Lopes, que aguardava consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Mariani, cerca de sete horas da manhã de um dia frio do início de junho. Um gastroenterologista, por exemplo, também pode demorar. E mais: cerca de um ano para atender. Este é o longo período que já aguardava Marina Alves, paciente também da UBS Mariani. Ela sofre com uma úlcera e espera por uma consulta com

Outra situação crônica, já bem conhecida pelos usuários do SUS em Caxias do Sul, são as filas de espera no Pronto-Atendimento 24 HS. Sem informações precisas sobre quantos médicos estão atendendo durante o plantão ou quanto tempo as consultas

podem demorar, os profissionais de saúde seguem sua rotina. Não levam em consideração o sofrimento de quem está nas longas esperas no saguão. No dia de 10 de junho, foi averiguada a angústia de muitos pais e mães no Postão 24 HS. Conforme o depoimento de vários deles, a espera por atendimento para seus filhos estava levando mais de sete horas. Foi o que afirmou a mãe Elissandra Spíndola, que tem o filho asmático. A avó Bernardina Pereira também já contabilizava uma demora de cinco horas para tentar o atendimento do neto, que não conseguia ingerir alimentos.

Porta da esperança Ao cair da noite, a porta em que se chamam os pacientes foi aberta. Para engano de todos que tinham a esperança de serem chamados para atendimento. Se tratava de apenas uma profissional que estava realizando uma “chamada” para ver quantos usuários já tinham desistido da longa espera. Diante das reclamações de pacientes indignados, a profissional avisou: “Estamos com apenas um pediatra atendendo. É que chegaram quatro suturas para serem feitas”, explicou.

Secretária atribui filas à violência e crise financeira A secretária municipal da Saúde, Dilma Tessari, entende que as filas de espera na rede pública municipal é um problema amenizado por um programa que organiza a atenção básica à saúde. “Implantamos um programa capacitando a rede básica e protocolos de atendimento que reestruturaram a atenção básica no município. Esse programa garante ao paciente que ele seja atendido e classificado conforme a prioridade, sendo que o mais grave é atendido em primeiro lugar” descreve. Dilma ainda coloca que, dessa forma, todo paciente que aguarda por consulta e sofre um agravamento no decorrer do tempo é reclassificado para uma prioridade maior. A secretária diz ainda que a administração municipal tem priorizado a saúde, por conta do percentual investido na área, que em 2016 chegou a mais de 26%. “Sem priorizar a saúde, teríamos o fechamento de leitos, de serviços essenciais e demissão de funcionários”, diz. Ainda segundo Dilma, as fi-

As longas filas de espera do SUS s crescentes reclamações de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul têm partido de vários cantos da cidade. São pessoas que, sem a possibilidade de pagar por planos privados, não têm outra alternativa a não ser buscar os profissionais do município para reestabelecerem a saúde. E essa busca costuma ser árdua. Os problemas começam já nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com filas, atendimentos rápidos - muitas vezes superficiais – e as longas esperas por atendimentos especializados (exames, consultas, cirurgias). Para se ter uma ideia, uma consulta com neurologista pode levar, em média, até nove meses, segundo a própria secretaria muni-

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las do SUS não se devem a falta de médicos na rede, mas sim a problemas sociais. “Com o aumento no fluxo de pessoas por causa da violência e das doenças e em decorrência da grave crise financeira ocorrida nos últimos tempos, é praticamente impossível não existirem filas”, defende.

Números Para quantificar os investimentos de saúde, a secretária Dilma apresenta percentuais e critica os repasses do governo

Federal. “No último quadrimestre tivemos 57,9% oriundos da prefeitura, 37,3% do governo Federal e 4,8% do Estado. Atualmente, não há atraso por parte do governo Federal, somente Estadual. Contudo, há programas federais muito deficitários, com repasses desatualizados e insuficientes para cobrir a demanda. Não há habilitações de novos serviços, como por exemplo a radioterapia do Hospital Geral. Além disso, a tabela de pagamentos do SUS estão com valores defasados há 12 anos”, explica. GUSTAVO RECH, DIVULGAÇÃO

Secretária entende que administração prioriza a saúde pública

Médicos querem reajuste e atender por mais tempo ‘Querem privatizar a saúde’, diz diretor da UAB Um dos diretores do departamento de Saúde da União das Associações de Bairros (UAB), Paulo Silveira, é enfático ao ser consultado sobre as filas de espera na rede pública de saúde caxiense. Para Silveira, o problema é de gestão. “É um absurdo. Buscamos mais médicos para a rede e ampliação dos horários de atendimento”, reivindica. Ele diz ainda que os médicos devem cumprir horários como os dos demais servidores do poder público. “Os médicos têm que seguir o estatuto dos servidores e não de seu sindicato particular”, afirma. Conforme Silveira, os médicos não batem o ponto e seu atendimento é por meta, o que deixa margem para atrasos nas

consultas e atendimentos rápidos demais, prejudicando a atenção dada aos pacientes. “Já denunciamos isso. Já fizemos blitze. Os médicos querem ficar apenas duas horas nos postos”, fala. Uma das soluções apontadas pelo diretor é a entrada em funcionamento da prometida Unidade do Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte, que ainda não está em operação. “Isto serviria para desafogar o Postão”, avalia. Silveira ainda acrescenta que os problemas se devem também a uma falta de compreensão pelo governo municipal sobre o papel social que o SUS exerce. “O governo não prioriza. Querem privatizar a saúde”, conclui.

Conforme Marlonei dos Santos, presidente do Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, as filas que são verificadas no SUS em Caxias do Sul, podem ser atribuídas a vários fatores, como gestão e falta de profissionais. No entanto, ele defende que para a rede pública conseguir reter os médicos em seu quadro, é necessário remunerar melhor os profissionais. Na opinião de Marlonei, o atendimento “por cotas” piora a situação: “Hoje em dia os médicos atendem nos postinhos uma cota de 18 pacientes. Não ficam as quatro horas previstas. Em novembro do ano passado, encaminhamos a proposta da categoria que era de um salário-base de R$ 8.500 para atender as quatro horas, inclusive batendo ponto na entrada e na saída”, descreve.

Marlonei também informa que há um contingente de mais ou menos 300 médicos atendendo pelo SUS em Caxias. Destes, cerca de 80 atendem no postão. “Lá há uma gratificação, mesmo assim, falta cerca de uns 30 médicos para resolver a

Quantos profissionais possui cada área: - psiquiatria: 12 - ortopedia: 7 - cardioglogia: 3 - gastroenterologia: 3 - neurologia, dermatologia e endocrinologia: 2 - gastroenterologia: - oftalmologia: 1 - odontologia: 61 - urologia: 3 - pneumologia: 6

situação”, avalia. A proposta de reajuste da categoria, segundo Marlonei, não foi viabilizada em função de que outros profissionais da saúde querem a mesma remuneração. “Passou pelo Sindicato dos Servidores. Enfermeiros, psicólogos e outros profissionais da saúde querem o mesmo valor. Para todos estes profissionais, não há dinheiro. Isto inviabilizou nossa proposta. Nós médicos, provamos que, pelo nosso investimento e tempo de formação, este valor é compatível”, afirma. A situação, de acordo com o presidente do sindicato, não tem resolução a curto prazo. “Ficará para o próximo prefeito de Caxias resolver a situação. A crise que se abateu sobre o país prejudica a saúde, a segurança e várias áreas”, contemporiza.


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Mulheres

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MÁRIO ANDRÉ COELHO

ENTREVISTA

‘É uma experiência única’ Tainara Dondoni é a segunda princesa comunitária de Caxias do Sul. Em encontro com o Jornal dos Bairros, ela destaca a importância do Concurso Mais Bela A segunda entrevistada pela série promovida pelo Jornal dos Bairros - na qual a reportagem conversa com as garotas que formam a atual corte do concurso Mais Bela Comunitária – demonstra grande conhecimento sobre a cidade que representa e vontade de lutar. Tainara Dondoni tem 21 anos e foi eleita a 2ª princesa do concurso mais badalado da cidade. Ela ainda consegue conciliar o título com duas profissões: é cabeleireira e auxiliar de cobrança. Filha de Valdemir Dondoni e Margarete Vieira Sarmento, a bela gosta de jogar futebol, ler jornais e revistas com as quais consegue adquirir mais conhecimento sobre as áreas que atua profissionalmente. A segunda princesa comunitária de Caxias do Sul revela ainda gostar dos ritmos tradicionalistas, assistir programas policiais e filmes de comédia. Leia a entrevista com Tainara: O que mais desperta entusiasmo em você? Pessoas humildes e de bom coração. E o que te deixa desanimada? A injustiça. De todos os modos. O que Caxias do Sul tem de melhor? Gosto do desenvolvimento de nossa cidade, das opções de lazer e das opções de trabalho que encontramos aqui. Aqui temos bastante chances de sermos bons profissionais e obtermos reconhecimento. De uma maneira ou outra, temos boas oportunidades. Basta a pessoa querer. O que você sentiu ao ganhar o título de 2ª Princesa Comunitária? Foi uma emoção indescritível. Ser uma das escolhidas me

proporcionou muita felicidade. Jamais esquecerei! E neste período fazendo parte da corte do Mais Bela Comunitária, você destaca algum aprendizado? Muitos, inúmeros. Mas, dentre eles, pude conhecer, entender, envolver-me, apaixonar-me, doar-me a este tra-

Façam parte deste laço de carinho que é o movimento comunitário” Tainara Dondoni

balho lindo que é realizado. Deu-me ainda mais forças para lutar não somente pela minha comunidade, mas por todas, por nossa cidade. Fazer o bem

PARTICIPE DO CONCURSO

é extremamente gratificante e me faz crescer como pessoa a cada dia! Como você enxerga a relevância do concurso na construção do movimento comunitário? A importância se dá na união de nossos moradores, de nossas comunidades em um todo. Assim podendo integrar-se uns com os outros, adquirir o conhecimento sobre o movimento comunitário: como é, o que faz, como podemos colaborar para uma cidade, para um futuro melhor para todos. Na sua opinião, o que Caxias precisa superar para ter maior desenvolvimento? Caxias do Sul é uma cidade quem vem crescendo/evoluindo constantemente. Dentre os principais desafios destaco: a precária segurança pública municipal, onde a violência ame-

MAIS BELA COMUNITÁRIA 2016!

Tainara Dondoni, 2ª Princesa Comunitária diz que Caxias do Sul deve superar problemas na segurança e na educação dronta a todos os caxienses. No segmento da educação, o alto índice de crianças e adolescentes em idade regular que não estão frequentando escolas. Fato este que ref letirá em um futuro próximo, resultando jovens com uma possibilidade mais limitada de inserção no mercado de trabalho, podendo repercutir na violência/segurança pública que mencionei. Para finalizar, cito o desemprego, que mesmo não sendo somente em Caxias, é preocu-

pante demais. O que você diria para as garotas que desejam participar do concurso? Participem! Envolvam-se, apaixonem-se! Façam parte deste laço de carinho que é o movimento comunitário em nossas vidas. É gratificante fazer parte de algo que é feito com e por amor. Sentir-se útil dentro de nossa cidade faz com que sejamos ainda melhores. Posso garantir: é uma experiência única!

Você, garota, que tem entre 15 e 26 anos, tem uma chance de mostrar a força da juventude feminina na construção do movimento comunitário! As inscrições para o concurso seguem até o dia 30 de setembro, na União das Associações de Bairros. O evento acontecerá dia 11 de novembro, às 20 horas, no Ginásio Enxutão. Mais informações nas Associações de Moradores de seu bairro, na UAB, ou pelo telefone 54 – 3219.4281.


Esporte

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INTERBAIRROS

UAB abre Campeonatos de Futsal Copas Jeferson Sant’Ana e José Adão Ortiz iniciaram dia 21 de maio. Marianinha de Queiroz levou a melhor sobre Loteamento Caxias; Fátima Alta venceu Canyon A União das Associações de Bairros (UAB) abriu, na noite de 21 de maio o mais tradicional campeonato de futsal da cidade, o Interbairros. Na oportunidade, que contou com a presença de autoridades do município, foi lançada a Copa Jeferson Sant’Ana e José Adão Ortiz, respectivamente os campeonatos da série Ouro e Veteranos do certame. A solenidade ainda teve o comparecimento das trinta e duas equipes que disputam o título em cada uma das séries. Presente na ocasião, o secretário municipal do Esporte e Lazer, Washington Stecanella, destacou aos atletas a importância da realização do Campeonato, que conta com o apoio do Financiamento Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer (FIESPORTE). “É um grande orgulho para nós estarmos apoiando esse campeonato. Caxias tem muita

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

história no futsal. Vocês (atletas) precisam preservar isto”, enfatizou. Para o diretor de esportes da UAB, Adroaldo Rosa, a expectativa é de que os jogos de 2016 sejam marcados pelo acirramento das disputas. “Teremos um elevado nível técnico entre as equipes. Assistiremos muitas partidas equilibradas, a exemplo de outros anos”, destaca.

Jogos de abertura Entraram em quadra para as partidas de abertura os times do Loteamento Caxias, Marianinha de Queiroz, Fátima Alta e Canyon. Pela série Veteranos, o Fátima Alta saiu na frente com uma goleada de 13 a 1 contra o Canyon. Já pela série Ouro, quem levou a melhor foi o time do Marianinha de Queiroz que fez 3 a 2 sobre o Loteamento Caxias, em uma disputa de tirar o fôlego.

Destaque Marciano Corrêa da Silva, aos 81 anos, esbanja energia. Ele disputa o Interbairros, jogando como goleiro ao lado da equipe do Canyon. Além da boa disposição física demonstrada com o futebol, Marciano é um líder de renome no movimento comunitário: por dois anos ficou à frente da Associação de Moradores do Vila Ipê e desde 1993, é presidente do bairro Canyon.

Marianinha de Queiroz que fez 3 a 2 sobre o Loteamento Caxias O diretor de esportes da UAB, Adroaldo Rosa, enfatiza que as duas séries se caracterizarão pelo desafio. “Na série veteranos, percebemos que há equipes bastante diferenciadas, com maior tempo de formação. Já na série Ouro, verificamos que todos os times reúnem bastante condições de competição”, avalia. Os jogos dos dois campeonatos acontecem aos sábados pela noite nos Ginásios Arena, Enxutão, Pio X, quadra do Cruzeiro e Andi.

Equipes que disputam a série Ouro: Monte Carmelo, São Vicente, Lot. Castanheiras, São Caetano, Cruzeiro, Belo Horizonte, Novo Amanhã, Esplanada, Arcobaleno, Lot. Caxias, São Cristóvão, Século XX, Marianinha de Queiróz, Jardim das Hortências, Quarta Légua, Serrano, Primeiro de Maio, Parada Cristal, Villa Guilherme, Portal da Maestra.

Equipes que disputam a série Veteranos: Primeiro de Maio, Bela Vista, Cannyon, Fatima Alto, Fatima Baixa A, Fatima Baixa B, Pioneiro, São Victor Cohab, Século XX, Serrano, Esplanada, São Vicente.

INÍCIO DA 2ª FASE As emoções da segunda fase do campeonato de futsal Interbairros iniciaram dia 25 de junho. As equipes que estão em disputa nesta etapa do certame são: SÉRIE VETERANOS Esplanada, Pioneiro, 1° de Maio, Fátima Baixa A, Século XX, Serrano, Fátima Alta e São Victor Cohab. SÉRIE OURO Castanheiras, Cruzeiro, São Cristóvão, Portal da Maestra, Belo Horizonte, Marianinha de Queiroz, Século XX, Monte Carmelo, Serrano, São Vicente, Esplanada, Vila Guilherme, Arco Baleno, Jardim das Hortências, São Caetano e 1° de Maio. Os jogos acontecerão nas quadras do Cruzeiro, Pio X e ANDI, sempre aos sábados à noite.


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Bem estar

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DIVULGAÇÃO

SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Aprenda os benefícios da meditação

Prática da meditação aumenta sensação de prazer e reduz estresse

Além de obter a sensação de bem-estar, prática pode aumentar a imunidade do organismo Quem medita tem as defesas do organismo ampliadas e consegue lidar melhor com o estresse. Isso acontece porque durante a prática da meditação a enzima telomerase (ligada ao sistema imunológico) tem sua ação intensificada. A prática é um dos mecanismos usados pelo corpo para aumentar o bem-estar do indivíduo. Diversos estudos relatam as alterações fisiológicas que ocorrem em pessoas que meditam. Na área cerebral, nota-se um aumento da integração e efetividade do cérebro e acontece uma ampliação das ondas cerebrais relacionadas ao relaxamento. Há ainda o aumento da concentração de dopamina, norepinefrina e serotonina (neurotransmissores), o que explica o aumento da sensação de prazer, motivação e energia. Também há uma redução dos hormônios do estresse. Elisa Harumi, doutoranda em Psicobiologia e pesquisadora do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, estuda os efeitos da meditação. A especialista diz que, na literatura científica, há estudos que sugerem que a meditação é benéfica

para pacientes hipertensos, ansiosos e com queixas de estresse ou depressão. “Nas pesquisas que tenho participado na área de meditação e outras práticas contemplativas, há interessantes resultados na redução de ansiedade, depressão, e na melhora de sintomas de menopausa, por exemplo”, afirma.

Como praticar? • Sente com a coluna alinhada e feche os olhos. Esta posição ajuda a manter a concentração e a não dormir. Utilize uma cadeira com encosto e, com o aperfeiçoamento da prática, é recomendável sentar-se no chão em posição de lótus (com as pernas cruzadas e as mãos posicionadas sobre os joelhos; • Se preferir, use almofadas ou banquinhos especiais para a meditação. Com os olhos fechados e o corpo relaxado, concentre-se apenas na respiração, que deve ser feita de forma suave e profunda. Não se deve praticar a

meditação deitado. Desse modo, facilmente a mente adormecerá ou ficará dispersa; • Dê preferência a ambientes silenciosos. Encontre um lugar calmo. Um parque ou praça pública podem ser boas opções; • O horário para iniciantes deve ser um em que ele não esteja com sono, para não correr o risco de dormir. Se escolher o período da manhã, o praticante poderá sentir mais os efeitos da meditação; • Caso não seja possível meditar pela manhã, a noite pode ser uma boa opção. Nesse caso, a prática ainda vai preparar o corpo para que o descanso seja mais proveitoso; • Antes de iniciar a meditação não coma alimentos pesados; • Pratique todos os dias, nem que seja por cinco minutos. Com o tempo, vá aumentando. Quando conseguir, passe a praticar 20 minutos pela manhã e outros 20 minutos à noite. Esse tempo pode aumentar conforme você sentir vontade.

Quais são os principais benefícios para a saúde? Dentre as vantagens da prática regular da técnica destacam-se: • redução do estresse e ansiedade • aumento de satisfação e melhor desempenho no • ambiente de trabalho; • diminuição da insônia e depressão; • aumento de bem-estar e autoestima; • estímulo da criatividade, inteligência e memória; • fortalecimento do sistema nervoso e imunológico; • redução da pressão arterial e de dores de cabeça; • diminuição do consumo do tabaco, do álcool e de drogas ilícitas.


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OBRAS ATRASADAS

São Ciro necessita de ampliação da UBS Prédios que abrigam serviços públicos possuem estrutura precária para atender a comunidade O São Ciro, um dos bairros mais tradicionais da cidade, tem uma poopulação de aproximadamente 12 mil habitantes. Apesar disso, a comunidade luta ainda para ter mais qualidade em serviços públicos básicos, como saúde e educação. Exemplo disto é a necessidade de ampliação da Unidade Básica de Saúde (UBS) local. O bairro já possui uma verba para a obra, de aproximadamente 274 mil, conquistada via Orçamento Comunitário desde o ano de 2009. Mas, segundo o presidente do Bairro, Luiz Barbosa, falta ainda a legalização do terreno, pois a doação da área em que se localiza a UBS, não

MARIO ANDRÉ COELHO

teria sido formalizada com a documentação necessária. Ainda conforme Barbosa, o dinheiro já seria o suficiente para a obra. De acordo com o líder do bairro, a ampliação da UBS atenderia uma população de aproximadamente 30 mil pessoas. A secretaria da Saúde informa que o projeto para ampliação ainda está em fase de elaboração e de que não há previsão para a realização da obra.

Escola Laurindo Funcionando como estrutura definitiva para abrigar mais de 400 alunos, está o prédio de madeira – que foi construído como

Obras para ampliação de UBS ainda não tem previsão de início provisório há cerca de 25 anos – da Escola Municipal Laurindo Luiz Formolo. Atualmente,

o estabelecimento de ensino se encontra em precárias condições para atender os estudantes.

“Não adianta investir mais. O telhado está remendado, tem goteiras, a rede de energia elétrica tem problemas. O assoalho está podre, o piso, que já possui remendos, chacoalha e afunda. É só caminhar lá dentro que você pode ver os problemas”, aponta Luis Barbosa. Procurada pela reportagem do Jornal dos Bairros, a secretaria da Educação afirma que já tem o projeto para nova escola, mas que para viabilizar os recursos para as obras, a prefeitura aguarda a abertura do Plano de Ações Articuladas (PAR), do governo Federal, que disponibiliza verbas para implantação de equipamentos de ensino.


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BELTRÃO DE QUEIROZ

Associação de Moradores é reativada Comunidade quer conclusão de obras de saneamento. No entanto, mobilização da população também garante conquistas Recentemente reativada, em abril deste ano, a Associação de Moradores do Bairro (AMOB) Euzébio Beltrão de Queiroz tem aumentado sua força de mobilização. Filiada agora à União das Associação de Bairros (UAB), a entidade administra um Centro Cultural – antiga sede da Escola de Samba XV de Novembro e lua por obras na área de saneamento que foram iniciadas mas que, no momento, estão com trabalhos vagarosos. O descaso pode ser percebido em várias ruas do bairro. Na Cristóforo Randon, por exemplo, onde existe um grande buraco na via que dá acesso a moradias, os trabalhos da prefeitura para troca de tubulação teriam sido iniciados ainda em 2015. No entanto, foi possível constatar em uma visita da reportagem do Jornal dos Bairros, que nenhum servidor trabalhava no local em plena luz do dia. “A tubulação é muito antiga, o esgoto corre para dentro das casas, existe mau-cheiro. Os trabalhos estão atrasados”, descreve a presidente da Associação de Moradores do Bairro

FOTOS ALAN MATOS

NOVO CENTRO CULTURAL O novo Centro Cultural Beltrão de Queiroz já está abrigando diversas atividades, tais como reuniões da AMOB local e o projeto CAE (que inclui cursos e aulas de futebol para crianças). Futuramente, o Centro ainda abrigará os ensaios da Escola XV de Novembro. A transformação do espaço em Centro Cultural já era uma reivindicação da comunidade há mais de 15 anos antigo galpão da escola de samba XV de Novembro era uma reivindicação antiga da comunidade. A edificação tem aproximadamente 520 metros quadrados e abriga salão para eventos, salas multiuso, cozinha, depósito, sanitários, alojamento e mezanino. O investimento foi de R$ 840 mil. Na foto, crianças e instrutores posam após um treino de capoeira no local. PAULA DA ROSA

Esgoto a céu aberto invade moradias e causa mau-cheiro (AMOB), Miriam Machado. “Já alegaram na imprensa que é falta de recursos, mas em contato

com a prefeitura nos disseram que estão repassando o dinheiro”, acrescenta.

CONTRAPONTO Em nota, a prefeitura diz que a rua Cristóforo Randon está em obras e aguarda a normalização da entrega de produto para produção de asfalto. Assim, os trabalhos serão concluídos e inaugurados.

SEM OBRAS

Nova Esperança não tem trabalhos de canalização O Loteamento Nova Esperança convive com várias das precariedades de um bairro que está embargado pela justiça: ruas sem patrolamento, esgoto a céu aberto, além de instalações elétricas e de água irregulares. Quando chove, então, a situação só piora. A água passa a descer com força pelas encostas do bairro e chega a invadir moradias. Segundo o presidente do bairro, Edson de Souza, a prefeitura está autorizada pelo ministério público pela justiça a realizar os trabalhos de primeira necessidade, o que contribui-

ria para que os moradores conquistassem alguma qualidade de vida. “Há um documento no site da justiça que levarei até à prefeitura para que as obras sejam iniciadas”, compromete-se o líder do Nova Esperança. Segundo o presidente, o bairro inclusive possui verbas do Orçamento Comunitário para que sejam realizadas obras. “Com o que conquistamos no Orçamento Comunitário dos anos 2013, 2014 e 2015, possuímos uma verba de aproximadamente R$ 150 mil”, enfatiza Edson.

O que diz a prefeitura: A prefeitura, através da assessoria de imprensa, orienta todos os presidentes de bairros embargados da cidade, para que solicitem documentação judicial junto ao ministério público. O documento deve ser encaminhado às secretarias responsáveis pelas obras reivindicadas. Assim, mesmo com o embargo, são permitidos alguns trabalhos de melhoria nas comunidades.

Moradores não tem canalização de esgoto nem patrolamento


Bairros

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MÁRIO ANDRÉ COELHO

Perfil

Uma mulher de fibra Janete Jardim é uma das mais atuantes líderes comunitárias de Caxias do Sul. Muita dedicação, conquistas e disposição são as marcas de sua história Natural de Canela, 61 anos, moradora do bairro Diamantino, humilde e simples de coração, logo se reconhece Janete Jardim, uma mulher que abre seu armário de lembranças para quem estiver disposto a ouvir. Em Caxias do Sul desde 1968, Janete teve um casamento que recorda com afeto. A união com Varderez Castilhos de Vargas durou 40 anos, só chegando ao fim com seu falecimento há cerca de um ano e dois meses. No entanto, o amor permanece. “Foi um exemplo de marido. Era um doce, dedicado aos filhos e muito paciencioso”, diz.

Frentes de trabalho Mãe de Anderson Jardim de Vargas, 36 anos e Gledsom Jardim de Vargas, 32 anos, Janete iniciou seu trabalho comunitário nas pastorais de Caxias do Sul. Foi coordenadora diocesana da pastoral da Mulher, militando

AMOBs EM AÇÃO Os mais de cinco mil moradores do bairro Villa Lobos/ Vergueiros podem se orgulhar de terem erguido um Centro Comunitário pelas próprias mãos. Sem aguardar pela boa vontade do poder público, a população local se uniu para construir o espaço através de mão de obra encontrada entre os moradores. A mobilização ocorreu após a prefeitura ter desmontado um espaço semelhante, há cerca de sete anos, justificando que necessitaria realocar famílias na área. Sem Centro Comunitário, a Associação de

vários anos pelo movimento. “Sempre atuamos em prol das mulheres pobres e excluídas”, lembra. Ainda na década de 90, também atuou na pastoral da Criança na comunidade do bairro Cruzeiro e se dedicou muito anos com o movimento “Rede Mística Feminina”, em Porto Alegre representando a cidade de Caxias do Sul. As várias frentes de trabalho pessoal e comunitário parecem ser característica de Janete, que ainda se dedicou trabalhando para clubes de mães onde ensinava o que sabia no ramo de malhas, onde atua profissionalmente. Na malharia que possuiu chegou a reservar um espaço na empresa para que as mães pudessem levar seus filhos em turno inverso ao da escola. “Eu cheguei a ter 13 funcionários. Me sensibilizava ao ver as mães que não tinham onde deixar os filhos. Assim, eu permitia que trouxessem

eles juntos para o trabalho e tinha uma área onde ficavam enquanto a mãe trabalhava. Profissionalizávamos eles, dávamos lanche”, recorda com satisfação. Com o envolvimento nas pastorais e paralelo ao seu trabalho, Janete viu que seu espírito serviria para ajudar na causa comunitária. Ex-moradora do bairro Cruzeiro, ela presidiu durante dois mandatos a AMOB local. “Lutava muito em prol do bairro, me dedicava quase tempo integral. Foi aí que resolvi fechar a empresa pois não conseguia conciliar as duas coisas”, lembra. Atualmente, Janete Jardim é vice-presidente da AMOB Diamantino, diretora de Inclusão Social da União das Associações de Bairros (UAB) e ainda faz parte do Conselho Local de Saúde.

Fé “Penso por que fazia isto.

Janete Jardim revela ter uma genuína vocação comunitária Talvez porque acreditava no projeto de Jesus:’ ‘ajudar alguém sem perguntar a quem’”. Assim, Janete define uma das principais motivações que encontrou durante todos seus anos de luta comunitária. “Meu marido me cobrava isto, mas ao mesmo tempo dizia: ‘se você é feliz, assim estamos juntos nesta luta’”, descreve com muito entusiasmo. E a fé que a moveu parece acompanhar Janete até hoje. Quando fala sobre as incertezas da vida, ela é enfática. “Deus está no comando. Não deveríamos ter medo”, diz com convicção.

Iniciativa própria As conquistas e a satisfação que Janete obteve através movi-

mento comunitário foram fruto de sua própria iniciativa. Esta é a conclusão que ela chega quando faz um retrospecto de sua história. “Ninguém me convidou. Eu que ia pedir se podia ajudar em algo e assim as coisas foram acontecendo”, relembra espontaneamente. Janete também afirma que jamais necessitou de partido político para ir em busca de quem precisasse de ajuda. E, embora tenha ganho alguma notoriedade pública, nunca teve pretensões políticas “Sempre me sinto feliz quando as coisas acontecem em defesa dos mais necessitados, nunca quis ser candidata a nada, nem tive oportunidade de um cargo político pois sempre fui taxada como uma doida”, diverte-se.

Moradores constroem Centro Comunitário ALAN MATOS

Villa Lobos/Vergueiros terá espaço para atividades do bairro Moradores do Bairro (AMOB) movimentou pessoas da própria comunidade para construir um

local que pudesse abrigar atividades de integração e união. E dezenas de moradores mos-

traram que é possível. Mesmo sem estar concluído, o novo Centro Comunitário do Villa Lobos/Vergueiros, já abriga assembleias da comunidade. Futuramente, o espaço, de aproximadamente 144 metros quadrados, deverá dar oportunidade também para aulas de capoeira, grupos de saúde preventiva, programa Primeira Infância Melhor (PIM) entre outras ações. “É muito importante ter um Centro Comunitário, considerando que este é um bairro distante de outros equipamentos públicos”, diz Tânia Menezes,

presidente da AMOB. Ela relata que os moradores assumiram para si uma responsabilidade que seria do poder público. “Eles tinham se comprometido em reconstruir o Centro”, afirma. Agora, para o término da obra, faltam a cozinha e os banheiros. Para tanto, é necessário ferro, cimento e telhas. A comunidade aceita doações e também, o trabalho especializado de servidores da administração municipal. “Não dá para imaginar um Centro Comunitário sem cozinha e sem banheiros”, diz Tânia.


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