Jornal dos Bairros / Edição 06 / Julho de 2016

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Publicação da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul

JORNAL DOS BAIRROS Julho/2016 | Ano 20 | Nº 06

Filiada à FRACAB e à CONAM

FEIRA DO LIVRO

MAIS BELA COMUNITÁRIA

O que esperar do evento deste ano?

Leia entrevista com Luísa Moraes, a 1ª princesa

PÁGINA DIVULGAÇÃO

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PÁGINA

10 FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

ESPECIAL

As várias visões da crise econômica em Caxias Lideranças políticas e empresariais falam sobre o grave quadro que vivem empresas e trabalhadores de Caxias do Sul, além de avaliarem as possibilidades para a tão sonhada retomada do crescimento | Páginas 8 e 9 BAIRROS

LIDERANÇA APONTA OS PROBLEMAS CRÔNICOS DO CAMPOS DA SERRA Página 15

Atenção!

Seguem abertas até o próximo dia

10 de agosto

as inscrições para o Interbairros, categoria Feminino e série Prata.


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2 EDITORIAL

Pensemos na crise. E trabalhemos!

É

com muito prazer que apresentamos a edição de julho do seu Jornal dos Bairros. Novamente a expectativa é grande pela sua leitura e pela sua opinião sobre os temas que trazemos nas nossas páginas. Vamos a alguns destaques: nossa reportagem buscou avaliações acerca da nova Feira do Livro, que será realizada da Estação Férrea. O novo cenário para o evento tem gerado grande expectativa por parte da comunidade e poder público, apesar da proposta já ter sido combatida, em outros momentos, por livreiros da cidade. Você também terá a oportunidade de conferir a avaliação do sociólogo Joao Ignacio sobre a eleição na Câmara Federal. A entrevista está na página sete e as colocações de Ignacio, um grande colaborador do jornal, são importantes para não sermos pegos de surpresa com a postura do Congresso Nacional. Já em reportagem especial traze-

mos as visões da crise econômica em Caxias do Sul, com dados e entrevistas. Você verá que o quadro, apesar de grave, deve ser combatido com a persistência de empresários, mobilização dos trabalhadores e implementação de políticas governamentais. Ao menos isto é o que afirmam as principais lideranças que trabalham com os efeitos da crise na cidade. Há ainda a seção de esportes, que relata as emoções da passagem da Tocha Olímpica por Caxias do Sul, a seção bairros, que aborda os principais problemas que vivem os moradores do Loteamento Villa Verde II e Campos da Serra. Mas fique atento, pois uma surpresa pode ser conferida na matéria sobre o Vila Gauchinha! No mais, reiteramos nosso prazer em levar até você, leitor, os assuntos que mais influenciam a vida da cidade. Até a próxima!

Retrato do Cotidiano MÁRIO ANDRÉ COELHO

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

Espaço do leitor

Não há salvadores da pátria Alexandre Marini

sociólogo e professor (Observatório da Imprensa)

Há pouca dignidade na política brasileira. Quem acompanha o dia a dia através da imprensa já foi capaz de chegar a essa conclusão, independentemente de qualquer que seja a mídia ou jornal. Mas, contraditoriamente, sobram textos, análises e artigos em nossa imprensa com retóricas à la esperança é a última que morre, desejosos de repentes capazes de trazer a dignidade a um ambiente no qual tem sido historicamente tão invulgar. Dizendo de outra forma, quando tudo caminha de forma natural para o precipício particular idealizado daqueles que analisam a seara política, uma ação magnânima seria (para eles) capaz de mudar a rota da catástrofe. Mas por mais que existam vilões, não há salvadores da pátria. Os políticos com problemas judiciais não entregarão seus cargos e continuarão em postos estratégicos, o Congresso não pautará os mais urgentes interesses nacionais, a população mais fragilizada continuará pagando a conta das políticas de austeridade, as investigações continuarão sofrendo inúmeras pressões políticas por todos os lados, a apropriação do público em benefício do privado não deixará de ocorrer, os vergonhosos benefícios (em especial nas altas esferas poder judiciário, executivo e legislativo) não serão diminuídos. Não haverá ação pontual que mudará esse cenário. O problema não está só nos atores, mas no enredo, na trama, na forma como nos constituímos politicamente, como se dá nossa representação, como nos organizamos socialmente e cobramos as ações de Estado. Estamos diante de um problema estrutural: a falta de organização e fomento para a participação sócio-política, essenciais para o fortalecimento das instituições democráticas e sua atuação reguladora e que vão além de bater panelas ou o ativismo de sofá. Não há, portanto, como esperar ações isoladas de rompimento de um processo que é institucional, suprapartidário e histórico no âmbito federal, estadual, municipal ou demais esferas públicas. Dito de forma clara: esse cenário não mudará enquanto continuarmos esperando ações pontuais de determinados atores políticos no cenário nacional.

Agenda comunitária Dante Alighieri, pela sensibilidade da lente do fotógrafo Mário André Coelho

30/07 – 14h | Reunião da diretoria | sede da UAB 06/08 – 14h | Assembleia Geral | sede da UAB 13/08 – 20h30 | Baile de Integração | UAB Cultural 20/08 – 19h30 | Entrega da Premiação Interbairros – 1° Semestre | Sede da UAB 27/08 – Abertura Interbairros - 2° Semestre | Ginásio Enxutão

JORNAL DOS BAIRROS

EXPEDIENTE Veículo da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul – UAB Rua Luiz Antunes, 80, Bairro Panazzolo – 95080-000 – Caxias do Sul Filiada à FRACAB e à CONAM uab@gmail.com | Comercial: 54 9219.8267 Presidente: Flávio Antônio Fernandes Diretora de Imprensa e Comunicação: Paula da Rosa

Editor: Alan Matos MTb. 18.178 alan_juliano2000@hotmail.com Reportagem: Alan Matos Editoração e Design Gráfico: Viviane Martins Conselho Editorial: Antonio Pacheco de Oliveira, Flávio Fernandes, Joce Barbosa, Paula da Rosa, Paulo Sausen e Valdir Walter

E-mail: jornaldosbairroscx@gmail.com Telefone: 3238.5348 Tiragem: 8.000 exemplares Impressão: Grupo RBS Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.


Movimento

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ASSEMBLEIA GERAL

CODECA pede ajuda a comunitaristas Diretor da companhia apresentou trabalho durante encontro com lideranças Os problemas enfrentados pela comunidade, especialmente no que diz respeito ao recolhimento do lixo na cidade, foram um dos principais assuntos tratados durante a última Assembleia Geral da União das Associações de Bairros (UAB), ocorrida no dia nove de julho. Para tentar encontrar alternativas para a questão, estiveram reunidos no encontro, juntamente com dezenas de lideranças comunitárias, o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA), Paulo Ballardin, o gerente de comunicação e marketing da companhia, Gilberto Meletti e também o gerente de limpeza urbana da empresa, Mauro Cavagnolo. No início do encontro, o diretor da CODECA optou por apresentar um vídeo institucional da companhia, com a finalidade de esclarecer as principais atribuições da empresa, que inclui, além do recolhimento de lixo na cidade, ações de educação ambiental, trabalhos de capina e roçada, obras de pavimentação asfáltica e projetos de conscientização.

Apoio O diretor-presidente da Companhia, Paulo Ballardin, aproveitou a Assembleia para angariar o apoio dos comunitaristas para a conscientização da população sobre a importância da separação do lixo. “Caxias é referência em limpeza urbana. No entanto temos muitos locais na cidade, inclusive em áreas verdes, com depósito de lixo. Os resíduos contêm móveis, roupas, equipamentos elétricos, materiais de construção e outros. Muitas vezes, quem deposita o lixo queima para que nada o identifique”, descreveu. Segundo ele, todo este material depositado em locais irregulares da cidade está deixando

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

de gerar riqueza ao município. “Caxias têm muitas associações de recicladores. Precisamos dos presidentes de bairros. Podemos ir até as associações de moradores para palestrarmos e orientarmos a população, em qualquer horário”, disponibilizou.

O movimento questiona

Diretor da CODECA procurou esclarecer comunidade sobre atribuições da empresa

MOVIMENTO COMUNITÁRIO ENTREGA REIVINDICAÇÕES A DEPUTADO O Deputado Estadual Vinicius Ribeiro (PDT) participou da Assembleia Geral. Na ocasião, foi entregue ao Deputado, uma carta do movimento comunitário dirigida ao governo do Estado. O documento aborda as principais reivindicações das lideranças comunitárias de Caxias do Sul nas áreas de saúde, educação e segurança pública. A carta, elaborada pela diretoria-executiva da UAB, foi aprovada durante a Assembleia Geral. Além de receber o documento, Ribeiro teve a oportunidade de apresentar o trabalho institucional que realiza na Assembleia Legislativa, entre eles, o projeto, já aprovado, que cria a Região Metropolitana da Serra Gaúcha. O parlamentar também destacou sua atuação nas Comissões de Saúde, Educação e Agricultura.

Educação, saúde e segurança foram temas de carta entregue ao parlamentar

Por sua vez, as lideranças comunitárias presentes no encontro tiveram a oportunidade de questionar e reivindicar aos diretores da CODECA sobre horários mais regulares do recolhimento de lixo, capina e roçada. Além disso, vários representantes de bairros pediram contêineres para a coleta mecanizada em suas comunidades. O alto valor referente à coleta de lixo incluído dentro do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de algumas áreas da cidade também foi questionado por comunitaristas. Ballardin destacou a preocupação da CODECA em manter a cidade limpa e roçada, e que este serviço está normalizado no município. Sobre o recolhimento do lixo, o diretor lembrou a possibilidade da população entrar no site da companhia (www. codeca.com.br) ou ligar para o telefone 54 3224.8400 e verificar os horários. Já referente às reivindicações por novos contêineres em diferentes regiões da cidade, Ballardin afirmou que o projeto de coleta mecanizada em Caxias está com relativo atraso em suas 5ª e 6ª fases de implantação, devido à queda de arrecadação dos impostos no município. Cada etapa contempla 600 contêineres de lixo seletivo, 600 contêineres de lixo orgânico, dois caminhões de coleta e um caminhão lava-contêiner. “O prefeito optou por direcionar mais verbas para saúde e educação”, disse o diretor.


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Geral

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FESTA

Baile da 3ª Idade reúne dezenas de casais Evento, em clima de festividade julina, cresceu em relação à primeira edição A União das Associações de Bairros, através dos Departamentos da Terceira Idade, Cultura e Organização da Mulher, promoveu no domingo, dia 10 de julho, mais uma edição do Baile da Terceira Idade. Dezenas de casais participaram do evento, que foi embalado ao som de forró, sertanejo e música gaúcha pelos músicos Andri e Héctor. Em ritmo de festa julina, a integração foi o ponto forte do evento, que ocorreu no Ponto de Cultura “UAB Cultural”. De acordo com a diretora do Departamento de Terceira Idade da UAB, Vilma Leite, o baile cresceu em relação à primeira edição, com parcerias. “Houve maior participação de público

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

e a decoração foi toda de voluntários do Ponto de Cultura”, destaca. Segundo ela, outra característica do baile é o incentivo em fazer com que a terceira idade possa participar de outras atividades. “Há a possibilidade das pessoas se engajarem nas atividades de teatro e artesanato promovidas no Ponto de Cultura”, destaca. “Assim, fazemos com que esse público, muitas vezes excluído, possa ter mais conhecimento e participação na sociedade”, diz Vilma.

Músicos Andri e Héctor embalaram a tarde ao som de forró, sertanejo e música gaúcha

Foram feitos vários cliques. Em cada um deles...

... se percebe muita alegria.

Todos dançaram com muita animação

Integração foi entre várias gerações

Corte Mais Bela se fez presente

Vilma agradeceu o empenho de todos


Geral

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CULTURA

O que esperar da nova Feira do Livro? Apesar de apontamentos dos livreiros, prefeitura decide levar evento para a Estação Férrea Já se estende há mais de um ano a polêmica em torno da decisão do Executivo Municipal de levar a Feira do Livro 2016, tradicionalmente realizada na praça Dante Alighieri, para a Estação Férrea. O evento está previsto para acontecer de 30 de setembro a 16 de outubro de 2016. A patrona desta edição é a professora Lisana Bertussi. Véra Stedile Zattera é a homenageada de honra, e Karen Basso, a ilustradora homenageada. O prefeito Alceu Barbosa Velho recebeu, recentemente, no Salão Nobre da prefeitura, integrantes da Associação dos Livreiros Caxienses (Alca). O encontro, que contou com a participação da secretária da Cultura, Gabriela Dozza, serviu para que os livreiros entregassem uma proposta de fazer a Feira do Livro mista, com parte da estrutura na Praça Dante Alighieri e parte na Estação, além de sugerirem alterações técnicas no projeto.

Em apenas um local De acordo com a resposta dada pelo prefeito na ocasião, o formato da nova Feira do Livro dificilmente será misto, como querem os livreiros. “Vamos avaliar e dar uma resposta oficial aos livreiros. Estamos vivendo uma crise financeira muito grande e o nosso orçamento está cada vez mais escasso. O que queremos é que nos deem a oportunidade de inovar. Queremos incrementar e valorizar a Feira do Livro, por isso precisamos somar esforços e

MÁRIO ANDRÉ COELHO

fazer dar certo”, disse o prefeito na ocasião. A conversa entre livreiros caxienses e o prefeito também serviu para flexibilizar a postura tanto da prefeitura, quanto da Alca. Até poucos dias atrás, a maioria dos livreiros (correspondente a cerca de 40 bancas) se recusava a participar do evento, se este fosse realizado na Estação. Assim, a secretaria da Cultura já estava buscando alternativas para preencher os espaços vagos.

Possibilidades A secretária Gabriela Dozza reforça o entendimento de que a Estação Férrea será um local apropriado para a expansão da Feira. “Convidei todas as unidades da secretaria para trazerem propostas de atividades para integrarem o evento. Apresentei o projeto aos livreiros e vi brilho nos olhos de muitos deles. Outro ganho será com as escolas. Poderão vir muito mais alunos, ao contrário do que acontecia na praça”, enfatiza. Já Cristiano Gomes, presidente da Alca, enxerga que a mudança de postura do Executivo em levar a feira para a Estação Férrea é positiva. “Houve uma mudança no discurso da prefeitura, no sentido de fazermos essa experiência para testar o local. Agora, se não der certo, o evento pode voltar pra praça. Por isso, essa nossa posição de entregar uma contraproposta ao prefeito”, destaca.

Expectativa gira em torno do novo cenário da Feira do Livro, a Estação Férrea

Descentralização é positiva, diz presidente da UAB O presidente da União das Associações de Bairros (UAB), Flávio Fernandes, é a favor da mudança sob uma perspectiva de descentralização dos eventos em Caxias do Sul. Ele coloca que é necessário uma experiência ao menos no novo local: “Somos favoráveis à descentralização da feira. Será uma experiência. Se não fizermos ao

menos uma edição da feira na Estação Férrea, nunca teremos a dimensão total do evento em um novo local”, destaca. Segundo Flávio, a Estação é um espaço mais adequado para a realização da Feira, a exemplo de outros eventos: “Centralizar os eventos na praça pode prejudicar a população. Estamos presos a nunca que-

rer mudar. Temos vários exemplos de que a mudança foi positiva, como na Plácido de Castro que passou a abrigar os desfiles da Festa da Uva e do Carnaval”, cita. Sobre a possibilidade do evento se dividir em dois locais, o presidente avalia que há riscos: “Dividindo, não teremos a dimensão correta do potencial da nova Feira”, afirma.

Gabinete diz que ideia dos livreiros é ‘inexequível’ Conforme o chefe de Gabinete da prefeitura, Paulo Dahmer, a proposta dos livreiros é praticamente inviável. “É inexequível. Dois locais ficam ruins para a prefeitura, para

nós, para o comercial”, diz. De acordo com Dahmer, a Estação trará mais conforto, mais iluminação, maior espaço entre as bancas e separação maior entre bancas e shows. “O medo dos

livreiros é de que as vendas irão cair. Mas acreditamos que vai manter ou vai aumentar, com mais escolas, parceria com faculdades e com os idosos do projeto Conviver”, afirma.


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Geral

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MELHORIAS

Pensando o futuro de Caxias do Sul Participantes aprovam cinco propostas na Conferência Municipal das Cidades. Evento foi promovido pelas secretarias da Habitação, Planejamento e Urbanismo A 6ª Conferência Municipal das Cidades, que ocorreu nos dias 1° e 2 de julho em Caxias do Sul, na Câmara de Vereadores, teve apresentação e debate de 40 propostas, que devem ser sustentadas no evento em nível estadual. Durante o evento, cinco itens deste conjunto foram aprovados. Entre as sugestões, estão a implementação de uma operação urbana consorciada — espécie de plano urbanístico que envolveria poder público, iniciativa privada, empresas prestadoras de serviços públicos e moradores — e a destinação de 5% do orçamento da União para subsídio de programas de habitação de interesse social. Hoje, a prefeitura de Caxias destina 5% do orçamento do Município para o Fundo da Casa Popular (Funcap). Cerca de 80 pessoas participaram do evento. Trinta participantes foram eleitos delegados e outros 30 ficaram como suplentes. Eles participarão da etapa estadual, que deve ser realizada entre novembro de 2016 e março de 2017. Nela, serão analisadas as propostas aprovadas em Caxias. A conferência nacional ocorre na metade de 2017.

Avaliação Conforme a diretora do departamento de Habitação da União das Associações de Bair-

MÁRIO ANDRÉ COELHO

Democratização do debate

Evento proporcionou debate de 40 propostas para desenvolvimento da cidade ros (UAB), Lúcia Klippel, os temas discutidos foram bastante atuais. “A qualidade dos debates foi boa e houveram muitos esclarecimentos. Avançaremos para a discussão estadual e federal. A expectativa agora é de que o governo Federal dê sequência às próximas etapas da Conferência”, fala.

Números O secretário da Habitação, Giovani Fontana aproveitou a conferência para trazer números de Caxias do Sul. “É o 5º município no RS e o 35º do país no Produto Interno Bruto, me-

lhor cidade do Estado e a 5ª do Brasil; melhor cidade do Estado e a 22ª do país para se investir em imóveis, 9º município mais competitivo, 1º no ranking do saneamento, melhor cidade do Rio Grande do Sul e a 16ª do Brasil para criar filhos, e uma das melhores cidades para se viver”, citou. Já o titular da secretaria de Planejamento, Gilberto Boschetti falou do espaço para o diálogo entre a sociedade e Poder Público proporcionado pela sexta conferência. “Temos um país com cidades de 822 habitantes e de mais de 11 milhões como São Paulo. É muito diversificado. São cidades com características diferentes, mas que todas devem ter a mesma visão democrática e inclusiva. O planejamento deve ser a ferramenta de participação de todo o cidadão, para buscar soluções criativas, tendo como parâmetro a inclusão social”, afirmou.

Compartilhando conhecimento O primeiro conferencista do

evento foi o arquiteto urbanista e deputado estadual Vinícius Ribeiro, que conduziu o painel “O Brasil urbano, a cidade que temos, a função social da cidade e da propriedade e a cidade que queremos”. Na oportunidade, Vinicius trouxe dados, estatísticas e problemáticas das cidades na atualidade. “As cidades são criações dos seres humanos, elas não têm como pensarem sozinhas no seu crescimento, cabe a nós tomarmos essa responsabilidade, compartilhar conhecimento, e definirmos o que de mais importante precisamos para uma vida saudável e segura”, analisou.

No segundo dia de evento, Fábio Vanin, coordenador do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), abordou o tema “Plano Diretor”. Segundo ele, a realização da Conferência das Cidades é um instrumento importante para democratizar o debate sobre o futuro das cidades, de acordo. “A Conferência, instituída a partir do Estatuto das Cidades, de 2001, permite que a cada três anos as pessoas revejam seus posicionamentos acerca do desenvolvimento de seus municípios”, disse. “No próximo ano se iniciará a discussão do novo Plano Diretor de Caxias do Sul, quando incluiremos questões como a lei estadual que define a Serra Gaúcha como região metropolitana e a lei federal do Estatuto da Metrópole. Assim, na Conferências temos um espaço fundamental para se discutirem interesses locais, comuns e regionais”, afirmou. Encerrando o ciclo de palestras, a coordenadora do trabalho técnico-social da UCS, Rosane Hambsch, trabalhou a temática “Realidade das famílias, os aspectos a serem considerados nas ofertas de programas habitacionais de interesse social”.

CONFIRA AS PROPOSTAS APROVADAS 1. Regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão, de 6 de julho de 2015. 2. Implementação de operação urbana consorciada, prevista no Estatuto das Cidades, como instrumento de intervenção urbana, mobilidade urbana, transformação urbanística, melhorias sociais e valorização ambiental. 3. Retomada do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). 4. Destinação de 5% do orçamento federal para subsidiar programas de habitação de interesse social. 5. Criação do cadastro único nacional de gestão e controle para programa habitacionais.


Política

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ELEIÇÃO

Rodrigo Maia é o novo presidente da Câmara Com 285 votos no segundo turno, parlamentar venceu Rogério Rosso (PSD-DF) Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito com 285 votos presidente da Câmara dos Deputados para um mandato “tampão” até fevereiro do ano que vem. O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) recebeu 170 votos. Maia assumiu a presidência da casa após a renúncia do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Caso o Senado confirme o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff, o deputado fluminense passa a ser o segundo na linha sucessória do país.

AGÊNCIA BRASIL, DIVULGAÇÃO

Governar com simplicidade Maia disse que vai governar com simplicidade. “Cheguei aqui muito novo, ter oportunidade de estar presidindo os trabalhos, sendo um dos 513 deputados que, junto comigo, comandarão a Casa. Vamos a partir de amanhã governar com simplicidade”, disse. O novo presidente prometeu fazer uma gestão de diálogo da maioria com a minoria. “Temos muito trabalho a fazer, pacificar esse plenário, dialogar, maioria com minoria, temos uma maioria do governo que é importante para o Brasil, mas temos uma pauta da sociedade que vem através de cada um de nós que precisa

didato derrotado, e disse que a disputa foi “limpa”. “Foi uma disputa limpa, na política e é assim que tem que ser”, defendeu.

Crise

Novo presidente disse que tentará pacificar plenário ser debatida, discutida e votada. Porque não só apenas do governo que vêm as boas ideias, de cada um dos nossos mandatos e de cada um dos nossos eleitores que vivem o dia a dia saem boas ideias”, disse.

Após a divulgação do resultado, alguns deputados chegaram a gritar “Fora, Cunha!” em referência ao fato de Rosso ser apoiado pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Maia agradeceu a Rosso, can-

O deputado disse ainda que o País só vai superar a crise política quando a Câmara conseguir superar os conflitos pelos quais vem passando. “A solução (para a crise) passa pela Câmara.” Maia também citou episódios de corrupção envolvendo parlamentares. “Convoco a todos para que, a partir de amanhã, possamos virar essa página que envergonha cada um de nós, onde a prioridade hoje não é o plenário, mas o interesse pessoal de um, dois, três deputados”, criticou.

ENTREVISTA

CLÁUDIA VELHO, DIVULGAÇÃO

‘A sociedade deverá sofrer perdas’ João Ignácio Pires Lucas, doutor em Ciência Política e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), avalia o cenário político que se constituiu a partir da eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados. Segundo ele, reverter a imagem negativa do parlamento não será uma tarefa fácil. Confira a entrevista: O que a sociedade pode esperar do novo mandato na Câmara dos Deputados? O comando da casa nas mãos do Eduardo Cunha tinha feito da Câmara dos Deputados um local marcado pelas pautas conservadoras e pela briga com a presidente Dilma. Agora, o atual presidente da Câmara é conservador, lutou pelo afastamento

da Dilma, e ainda não é possível saber se ele manterá a dinâmica acelerada dos temas conservadores. Ele disse que não, mas isso precisará ser acompanhado. Na sua opinião, há chances de que no período deste mandato (sete meses), a presidência da Casa possa melhorar sua imagem perante a sociedade?

Não, a política, especialmente os partidos e os deputados, estão com um estigma muito grande. Dificilmente a Câmara Federal conseguirá reverter esse sentimento, mesmo que aprove algumas medidas positivas, o que não deve acontecer. Não há nada, no curto prazo, que indique uma mudança de visão na sociedade. Como aproximar mais a Câmara da população? Já existem mecanismos, como o próprio projeto de lei de iniciativa popular. As entidades da sociedade civil já têm tido um histórico de envolvimento. Mas, a maioria da população não tem in-

teresse e conhecimento de como interagir com a Câmara Federal. No futuro, até pelas facilitações das tecnologias, isso poderá ser revertido. Agora, apenas a sociedade civil organizada consegue ter um contato mais efetivo. Como trabalhar por maior transparência nos atos dos deputados? Já existem várias ferramentas: portal na internet, TV Câmara, além de ONGs que acompanham o dia a dia na Câmara (como a entidade DIAP). A imprensa também está num momento de muita matéria sobre atos da Câmara, como nas reu-

niões de comissões e CPIs. Porém, nem sempre esse acompanhamento é bom, até porque muitos deputados são desqualificados, o que contribui para uma visão negativa. Essa mudança na condução dos trabalhos pode resultar em ganhos de pautas vindas da sociedade? Não, a Câmara Federal deverá votar, no mínimo, as medidas anunciadas pelo governo interino de Temer, medidas que deverão flexibilizar direitos. Nesse sentido, a sociedade deverá sofrer perdas com as atividades da Câmara nos próximos meses.


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Especial

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FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

ECONOMIA

ALGUNS NÚMEROS

Como Caxias do Sul pode superar a crise

FATURAMENTO DAS EMPRESAS (2016) Conforme dados do SIMECS, os cinco primeiros meses do ano mostram queda de 20,6% nas receitas. No acumulado dos últimos 12 meses essa retração chega a 26,39%. Os mercados automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico acumulam perdas da ordem de mais de 20%. No automotivo, o recuo é o maior, com 27,70% de retração.

Lideranças da cidade avaliam quadro e apontam caminhos para a retomada do crescimento

D

esemprego em níveis assustadores, grande queda nos índices de consumo e na produtividade das empresas. O cenário é preocupante, ainda mais quando percebemos que estes são efeitos de uma crise nacional e que atingiu a pujante economia de Caxias do Sul em cheio. No entanto, algumas lideranças da cidade que lidam diariamente com as dificuldades deste quadro já arriscam apontar alguns caminhos para a retomada do crescimento econômico na cidade, embora afirmem que o futuro não será tão próspero como os caxienses viviam até pouco tempo atrás. Para se ter uma ideia, de maio de 2015 a maio de 2016, Caxias do Sul perdeu mais de 15 mil postos de trabalho, sendo que mais de 11 mil destas vagas, pertenciam ao setor industrial. Os dados são do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Com certeza são números que preocupam, pois essas pessoas que deixam de trabalhar acabam tendo bastante dificuldade de encontrar recolocação, pelo menos no curto prazo”, diz a coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UCS, Jacqueline Corá. Ainda de acordo com o Observatório do Trabalho, somente neste ano, o setor industrial de Caxias perdeu força correspondente a um recuo em torno de 40%. Somente em relação a emprego, houve também um recuo de 13% na força de trabalho do município nos últimos 2 anos. Jacqueline analisa as consequências: “A crise vem impactando diretamente na geração de empregos e na renda das famílias. O que estamos acompanhando é a redução no número de empregos, principalmente em Caxias do Sul o que compromete o consumo das famílias. Por isso, hoje, as famílias estão precisando cortar os gastos supérfluos e repensar suas prioridades”, explica.

Todos setores sofrem Quando o setor industrial de um gran-

de polo metal mecânico, como se constitui Caxias do Sul, é afetado, todos os outros setores da economia local sofrem, pois a matriz produtiva da cidade, fortemente embasada em bens de capital (máquinas e equipamentos), estabelece encadeamento com diferentes áreas. “Nesse caso, quando a indústria recua, no médio prazo também acaba afetando o comércio e os serviços da cidade”, diz Jacqueline. Sendo assim, o que se viu em Caxias, quando havia crescimento, foi benéfico para toda a cadeia produtiva da cidade. “Vivenciamos um boom de consumo, onde as famílias passaram a consumir outros tipos de bens e serviços, especialmente na área da alimentação, saúde, beleza e educação. Além disso, aumentou o consumo por eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis”, elucida Jacqueline.

Novos caminhos? Repensar a matriz produtiva de Caxias do Sul é uma necessidade, segundo a professora Jacqueline, especialmente para se buscar alternativas à indústria tradicional. “Caxias do Sul, por muito tempo cresceu amparada no polo metal mecânico, no entanto, esse tipo de indústria vem perdendo força na formação do Produto Interno Bruto (PIB) e isso não apenas em Caxias, mas em todo país”, observa. Ainda segundo ela, é preciso criar oportunidades e incentivar o desenvolvimento de setores e alta tecnologia. “Podemos incentivar o setor de serviços, na área de turismo, gastronomia e hospitalidade que absorvem mão de obra. No entanto é fundamental a qualificação de mão de obra em padrões elevados, tanto para atender ao setor de serviços quanto para o setor industrial que vai precisar aumentar sua produtividade e para isso a qualificação profissional será imprescindível”, aponta.

VENDAS

Mês Atual/ Mês Ant

Mesmo Mês Ano Anterior

Acumulado Ano

Acumulado 12 Meses

Dentro do Estado

- 3,00%

- 26,20%

-27,32%

-36,69

Fora do Estado

6,46%

-18,54%

-23,51%

-30,79

Exportações

- 3,66%

10,81%

3,03%

8,84

TOTAL

2,65%

-15,02%

-20,06%

-26,39

MERCADOS

Mês Atual/ Mês Ant

Mesmo Mês Ano Anterior

Acumulado Ano

Acumulado 12 Meses

Automotiva

7,87%

-12,14%

-17,88%

-27,70

Eletro-Eletrônica

6,93%

-27,22%

-34,70%

-22,41

Metal-Mecânica

-16,53

-20,33%

-20,65%

-22,88

TOTAL

2,65%

-15,02%

-20,06%

-26,39

GERAÇÃO DE EMPREGOS

Em 12 meses, cidade perdeu mais de 15 mil postos de trabalho. Indústria caxiense sofreu em 2016 um recuo em torno de 40%

‘Crise precisa ser combatida com valorização do trabalhador’ O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Claudecir Monsani, acredita que a origem da crise econômica se deu em função da especulação financeira. “É giro de dinheiro sem produção, sem postos de trabalho. O que mantém a produção, os postos de trabalho são as fábricas, ou seja, ‘pegar a matéria-prima e se transformar em produto’”, avalia. Conforme Monsani, o Brasil está vivendo a difícil situação com certo atraso, devido a investimentos do governo Federal. “Os investimentos do governo Federal atrasaram a chegada da crise ao país em quase seis anos”, defende. Ele ainda acredita que a instabilidade política do país contribui para a crise econômica: “Infelizmente tudo é prejudicado por algumas ambições e pelo golpe que está em curso no nosso país. Um país dessa forma, que tipo de credibilidade e garantia vai haver para um investidor? Claro que vai acarretar numa crise para o setor industrial”, indaga. A economia caxiense pode

ser aquecida, segundo Monsani, com políticas voltadas aos funcionários das empresas. “A crise tem que ser combatida com responsabilidade e valorização do trabalhador, isto porque o nosso trabalhador gasta o seu salário aqui na região. Isso reflete no comércio e em outros serviços. Maior poder de compra do trabalhador gera outros postos de trabalho que certamente diminuíram o índice de diminuição de postos de trabalho na metalurgia, por exemplo”, assegura.

‘O que precisa melhorar é a produtividade da indústria brasileira’

A indústria caxiense demitiu mais do que a média nacional e estadual. Em relação ao número total de trabalhadores, as demissões na cidade representaram uma diminuição de 20,3% do total de empregados ao longo de 2015.

BRASIL GERAL

RS GERAL

RS METALMECÂNICO

BASE SIMECS

(-) 1,5 Milhão

(-) 94,7 mil

(-) 29,6 mil

(-) 9,2 mil

(-) 3,87%

(-) 3,55%

(-) 14,5%

(-) 20,3%

BASE SIMECS Até maio 2016 (-) 2 mil Fonte: SIMECS

Para o secretário municipal do Desenvolvimento Econômico de Caxias do Sul em exercício João Uez, há expectativa de sensível crescimento a médio prazo. “As projeções mais atuais apontam para um crescimento no PIB em torno de 0,5% para 2017. Se levarmos em conta que estamos com um PIB negativo, então este crescimento é muito significativo”, destaca. Ele aponta que, para Caxias do Sul voltar a crescer economicamente, a secretaria tem como estratégia, a implantação de diversos programas de geração de trabalho e renda no município, além de apoiar incubadoras empresariais e tecnológicas, que permite um incentivo a outros ramos da economia. A qualificação de mão de obra na cidade também é condição básica para as empresas se manterem no mercado de forma competitiva, segundo Uez. “A mão de obra precisa de constante qualificação, não podemos esperar a crise vir ou passar para qualificá-la. Temos

que estar atentos às novas tecnologias que auxiliem e melhorem o trabalho das nossas empresas. Estas precisam receber e oferecer oportunidades de qualificação do trabalho”, pondera O secretário ainda revela apreensão com os números da indústria: “O que precisa ser melhorado é a produtividade da indústria brasileira. Só para exemplificar a produtividade brasileira em relação aos EUA é a pior desde anos 1950”, conclui. ASSESSORIA DE IMPRENSA DA PREFEITURA, DIVULGAÇÃO

‘Nossa esperança é que voltem linhas de crédito e concorrências públicas’ Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (SIMECS), demonstra preocupação com o quadro, mas constata uma relativa estabilização econômica. “O setor metalmecânico foi o mais atingido. No país todo, o nosso setor foi um dos mais afetados. Perdemos muitos postos de trabalho. Têm empresas que estão faturando 30% do que faturavam. O que está se percebendo agora é que nos últimos dois meses estabilizou. Parou de descer. Isso já é uma esperança, mas ainda temos muito para alcançar”, explica. Slaviero também esclarece a dependência das políticas governamentais para a indústria caxiense voltar a crescer. “Nós somos fornecedores da cadeia automotiva pesada. É um setor que depende de financiamento,

depende de licitações, concorrência pública. Somos fortemente afetados pelo setor público. Dependemos muito da política governamental”, explana. Segundo ele, o SIMECS tem incentivado as empresas a se manterem, mesmo no período de crise, com adequações, e a participarem de feiras internacionais. “Temos que buscar mercados externos. Com a valorização da nossa moeda, nos tornamos um pouco mais competitivos no mercado externo. O SIMECS tem incentivado aos empresários a participarem de feiras aqui na América, na África. Têm saídos alguns negócios. Também incentivamos os empresários para participarem de feiras como na Europa, de ponta, onde possam obter conhecimentos de produtos novos, tendências de produtos, máquinas novas, modernas, processos modernos”, informa.

Uma das grandes alternativas para a saída da crise, de acordo com Slaviero são as políticas governamentais: “Nossa esperança é de que o governo volte a ter linhas de crédito e de que voltem as concorrências públicas. Aí então começa a se movimentar a máquina”, indica.


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Especial

JORNAL DOS BAIRROS

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| Julho 2016 |

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

ECONOMIA

ALGUNS NÚMEROS

Como Caxias do Sul pode superar a crise

FATURAMENTO DAS EMPRESAS (2016) Conforme dados do SIMECS, os cinco primeiros meses do ano mostram queda de 20,6% nas receitas. No acumulado dos últimos 12 meses essa retração chega a 26,39%. Os mercados automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico acumulam perdas da ordem de mais de 20%. No automotivo, o recuo é o maior, com 27,70% de retração.

Lideranças da cidade avaliam quadro e apontam caminhos para a retomada do crescimento

D

esemprego em níveis assustadores, grande queda nos índices de consumo e na produtividade das empresas. O cenário é preocupante, ainda mais quando percebemos que estes são efeitos de uma crise nacional e que atingiu a pujante economia de Caxias do Sul em cheio. No entanto, algumas lideranças da cidade que lidam diariamente com as dificuldades deste quadro já arriscam apontar alguns caminhos para a retomada do crescimento econômico na cidade, embora afirmem que o futuro não será tão próspero como os caxienses viviam até pouco tempo atrás. Para se ter uma ideia, de maio de 2015 a maio de 2016, Caxias do Sul perdeu mais de 15 mil postos de trabalho, sendo que mais de 11 mil destas vagas, pertenciam ao setor industrial. Os dados são do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Com certeza são números que preocupam, pois essas pessoas que deixam de trabalhar acabam tendo bastante dificuldade de encontrar recolocação, pelo menos no curto prazo”, diz a coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UCS, Jacqueline Corá. Ainda de acordo com o Observatório do Trabalho, somente neste ano, o setor industrial de Caxias perdeu força correspondente a um recuo em torno de 40%. Somente em relação a emprego, houve também um recuo de 13% na força de trabalho do município nos últimos 2 anos. Jacqueline analisa as consequências: “A crise vem impactando diretamente na geração de empregos e na renda das famílias. O que estamos acompanhando é a redução no número de empregos, principalmente em Caxias do Sul o que compromete o consumo das famílias. Por isso, hoje, as famílias estão precisando cortar os gastos supérfluos e repensar suas prioridades”, explica.

Todos setores sofrem Quando o setor industrial de um gran-

de polo metal mecânico, como se constitui Caxias do Sul é afetado, todos os outros setores da economia local sofrem, pois a matriz produtiva da cidade, fortemente embasada em bens de capital (máquinas e equipamentos), estabelece encadeamento com diferentes áreas. “Nesse caso, quando a indústria recua, no médio prazo também acaba afetando o comércio e os serviços da cidade”, diz Jacqueline. Sendo assim, o que se viu em Caxias, quando havia crescimento, foi benéfico para toda a cadeia produtiva da cidade. “Vivenciamos um boom de consumo, onde as famílias passaram a consumir outros tipos de bens e serviços, especialmente na área da alimentação, saúde, beleza e educação. Além disso, aumentou o consumo por eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis”, elucida Jacqueline.

Novos caminhos? Repensar a matriz produtiva de Caxias do Sul é uma necessidade, segundo a professora Jacqueline, especialmente para se buscar alternativas à indústria tradicional. “Caxias do Sul, por muito tempo cresceu amparada no polo metal mecânico, no entanto, esse tipo de indústria vem perdendo força na formação do Produto Interno Bruto (PIB) e isso não apenas em Caxias, mas em todo país”, observa. Ainda segundo ela, é preciso criar oportunidades e incentivar o desenvolvimento de setores e alta tecnologia. “Além disso podemos incentivar o setor de serviços, na área de turismo, gastronomia e hospitalidade que absorvem mão de obra. No entanto é fundamental a qualificação de mão de obra em padrões elevados, tanto para atender ao setor de serviços quanto para o setor industrial que vai precisar elevar sua produtividade e para isso a qualificação profissional será imprescindível”, aponta.

VENDAS

Mês Atual/ Mês Ant

Mesmo Mês Ano Anterior

Acumulado Ano

Acumulado 12 Meses

Dentro do Estado

- 3,00%

- 26,20%

-27,32%

-36,69

Fora do Estado

6,46%

-18,54%

-23,51%

-30,79

Exportações

- 3,66%

10,81%

3,03%

8,84

TOTAL

2,65%

-15,02%

-20,06%

-26,39

MERCADOS

Mês Atual/ Mês Ant

Mesmo Mês Ano Anterior

Acumulado Ano

Acumulado 12 Meses

Automotiva

7,87%

-12,14%

-17,88%

-27,70

Eletro-Eletrônica

6,93%

-27,22%

-34,70%

-22,41

Metal-Mecânica

-16,53

-20,33%

-20,65%

-22,88

TOTAL

2,65%

-15,02%

-20,06%

-26,39

GERAÇÃO DE EMPREGOS A indústria caxiense demitiu mais do que a média nacional e estadual. Em relação ao número total de trabalhadores, as demissões na cidade representaram uma diminuição de 20,3% do total de empregados ao longo de 2015.

‘Crise precisa ser combatida com valorização do trabalhador’ O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Claudecir Monsani, acredita que a origem da crise econômica se deu em função da especulação financeira. “É giro de dinheiro sem produção, sem postos de trabalho. O que mantém a produção, os postos de trabalho são as fábricas, ou seja, ‘pegar a matéria-prima e se transformar em produto’”, avalia. Conforme Monsani, o Brasil está vivendo a difícil situação com certo atraso, devido a investimentos do governo Federal. “Os investimentos do governo Federal atrasaram a chegada da crise ao país em quase seis anos”, defende. Ele ainda acredita que a instabilidade política do país contribui para a crise econômica: “Infelizmente tudo é prejudicado por algumas ambições e pelo golpe que está em curso no nosso país. Um país dessa forma, que tipo de credibilidade e garantia vai haver para um investidor? Claro que vai acarretar numa crise para o setor industrial”, indaga. A economia caxiense pode

ser aquecida, segundo Monsani, com políticas voltadas aos funcionários das empresas. “A crise tem que ser combatida com responsabilidade e valorização do trabalhador, isto porque o nosso trabalhador gasta o seu salário aqui na região. Isso reflete no comércio e em outros serviços. Maior poder de compra do trabalhador gera outros postos de trabalho que certamente diminuíram o índice de diminuição de postos de trabalho na metalurgia, por exemplo”, assegura.

‘O que precisa melhorar é a produtividade da indústria brasileira’ Para o secretário municipal do Desenvolvimento Econômico de Caxias do Sul, João Uez, há expectativa de sensível crescimento a médio prazo. “As projeções mais atuais apontam para um crescimento no PIB em torno de 0,5% para 2017. Se levarmos em conta que estamos com um PIB negativo, então este crescimento é muito significativo”, destaca. Ele aponta que, para Caxias do Sul voltar a crescer economicamente, a secretaria tem como estratégia, a implantação de diversos programas de geração de trabalho e renda no município, além de apoiar incubadoras empresariais e tecnológicas, que permite um incentivo a outros ramos da economia. A qualificação de mão de obra na cidade também é condição básica para as empresas se manterem no mercado de forma competitiva, segundo Uez. “A mão de obra precisa de constante qualificação, não podemos esperar a crise vir ou passar para qualificá-la. Temos

que estar atentos às novas tecnologias que auxiliem e melhorem o trabalho das nossas empresas. Estas precisam receber e oferecer oportunidades de qualificação do trabalho”, pondera O secretário ainda revela apreensão com os números da indústria: “O que precisa ser melhorado é a produtividade da indústria brasileira. Só para exemplificar a produtividade brasileira em relação aos EUA é a pior desde anos 1950”, conclui. ASSESSORIA DE IMPRENSA DA PREFEITURA, DIVULGAÇÃO

BRASIL GERAL

RS GERAL

RS METALMECÂNICO

BASE SIMECS

(-) 1,5 Milhão

(-) 94,7 mil

(-) 29,6 mil

(-) 9,2 mil

(-) 3,87%

(-) 3,55%

(-) 14,5%

(-) 20,3%

BASE SIMECS Até maio 2016 (-) 2 mil

‘Nossa esperança é que voltem linhas de crédito e concorrências públicas’ Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (SIMECS), demonstra preocupação com o quadro mas constata uma relativa estabilização econômica. “O setor metalmecânico foi o mais atingido. No país todo, o nosso setor foi um dos mais afetados. Perdemos muitos postos de trabalho. Têm empresas que estão faturando 30% do que faturavam. O que está se percebendo agora é que nos últimos dois meses estabilizou. Parou de descer. Isso já é uma esperança, mas ainda temos muito para alcançar”, explica. Slaviero também esclarece a dependência das políticas governamentais para a indústria caxiense voltar a crescer. “Nós somos fornecedores da cadeia automotiva pesada. É um setor que depende de financiamento,

depende de licitações, concorrência pública. Somos fortemente afetados pelo setor público. Dependemos muito da política governamental”, explana. Segundo ele, o SIMECS tem incentivado as empresas a se manterem, mesmo no período de crise, com adequações, e a participarem de feiras internacionais. “Temos que buscar mercados externos. Com a valorização da nossa moeda, nos tornamos um pouco mais competitivos no mercado externo. O SIMECS tem incentivado aos empresários a participarem de feiras aqui na América, na África. Têm saídos alguns negócios. Também incentivamos os empresários para participarem de feiras como na Europa, de ponta, onde possam obter conhecimentos de produtos novos, tendências de produtos, máquinas novas, modernas, processos

modernos”, informa. Uma das grandes alternativas para a saída da crise, de acordo com Slaviero são as políticas governamentais: “Nossa esperança é de que o governo volte a ter linhas de crédito e de que voltem as concorrências públicas. Aí então começa a se movimentar a máquina”, indica.


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Mulheres

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

ENTREVISTA

‘Com força, trabalho e união conseguimos mudar nossa realidade’ MÁRIO ANDRÉ COELHO

Luísa Moraes Paim, 1ª princesa da Corte Mais Bela Comunitária, revela suas principais preocupações para o desenvolvimento da cidade A sensibilidade e a grande percepção acerca de vários problemas de Caxias do Sul são algumas das principais características da 1ª princesa do Concurso Mais Bela Comunitária, Luísa Moraes Paim. A bela tem 20 anos, gosta de ler, praticar esportes e dançar. Trabalha como assistente-financeiro, mas nas horas de lazer aprecia adquirir conhecimento e cultura através de documentários, reportagens, filmes, além de ouvir música clássica. Em entrevista ao Jornal dos Bairros, Luísa demonstra como leva a sério a missão de representar sua comunidade e Caxias do Sul. Ela cita algumas das deficiências nas políticas públicas, como a falta de infraestrutura nos bairros e mais investimentos em segurança. Leia as palavras da princesa: O que costuma te causar mais alegria? Pessoas honestas, um dia ensolarado, um trabalho bem feito, um sorriso espontâneo. E o que te gera insatisfação? Injustiça, falta de educação, maus tratos contra animais e pessoas indefesas, além de nossa atual situação político-financeira. O que aprendeu a gostar em Caxias do Sul? Da diversidade de culturas e povos. Na sua opinião, quais as principais carências da cidade? Creio que ainda temos problemas com a falta de segurança em alguns locais de Caxias e com a falta de saneamento básico em

PARTICIPE DO CONCURSO

alguns bairros. Também é necessário o apoio para as famílias se desenvolverem socialmente. Como foi ganhar o título de 1ª princesa? Foi algo único, inexplicável. Uma felicidade tomou conta de mim e me levou a lembrar de minha trajetória até aquele momento. Lembrei de cada patrocinador, bem como das pessoas que me apoiaram e acreditaram em meu potencial para que eu conseguisse chegar até ali, em especial minha prima Janaina Martins, minha tia Maria Martins, meus pais, parentes e amigos muito queridos. O que aprendeu durante o mandato? Além das amizades que fiz

1ª princesa diz que concurso integra candidatas à comunidade

Deem o melhor de si, sempre. Dediquem-se e serão reconhecidas Luísa Moraes Paim

pelo caminho e que me ensinaram e ensinam muito, destaco o conhecimento do quão difícil e importante é o movimento comunitário. Hoje sei que com força, trabalho e união conseguimos mudar nossa realidade para melhor. Como você vê a importância da realização do concurso

MAIS BELA COMUNITÁRIA 2016!

para o movimento comunitário de Caxias do Sul como um todo? Ele possibilita o crescimento das candidatas em todos os aspectos e faz com que elas queiram levar esse conhecimento para as demais pessoas. Além disso, integra as candidatas à realidade de sua comunidade e as instiga a quererem ir em busca de melhorias e isto vai agregando cada vez mais a elas e ao movimento. A tendência é só crescer à medida que cada concurso passa e cada conhecimento é disseminado. Depois de tudo o que viveu, onde você acha que Caxias precisa de mais atenção? Pelo que percebo, Caxias ainda precisa dar mais atenção para a infraestrutura de alguns bairros

que se demonstram insuficientes e inacabados principalmente nos dias de chuva. Como consequência nosso transporte urbano acaba não sendo tão eficiente como poderia ser, pois não é em todo local por onde ele passa que há a estrutura necessária. O que você diria para as garotas que desejam participar do concurso? Deem o melhor de si, sempre. Dediquem-se e serão reconhecidas, comprometam-se e serão admiradas. Representem sua associação de moradores com toda seriedade e carisma que possuem e saberão que o seu melhor foi feito. A partir deste ponto, você é mais do que merecedora da faixa que carrega e da confiança depositada em cada uma de vocês.

Você, garota, que tem entre 15 e 26 anos, tem uma chance de mostrar a força da juventude feminina na construção do movimento comunitário! As inscrições para o concurso seguem até o dia 30 de setembro, na União das Associações de Bairros.

Mais informações nas Associações de Moradores de seu bairro, na UAB, ou pelo telefone 54 – 3219.4281


Esporte

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

OLÍMPIADAS 2016

INTERBAIRROS FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

Tocha Olímpica encantou Caxias do Sul Frei Jaime Bettega iniciou revezamento na cidade, que encerrou nas mãos do técnico da seleção brasileira, Tite Atraso na chegada da tocha não diminuiu empolgação da celebração A Tocha Olímpica chegou com relativo atraso em Caxias do Sul. Pouco mais de uma hora. Mas o pequeno percalço não serviu para diminuir a empolgação das centenas de pessoas que se aglomeraram em frente ao Monumento Nacional do Imigrante para assistir ao início do revezamento em Caxias do Sul. Quem segurou a Tocha logo após sua chegada em Caxias do Sul foi o frei Jaime Bettega, considerado por muitos, uma importante personalidade espiritual da cidade. Em seguida, a chama passou pelas mãos de 62 pessoas ligadas ao esporte na cidade. Com uma parada no largo do Centro Administrativo Municipal e um trajeto de quase treze quilômetros, a tocha passou por algumas das principais ruas da cidade e também por alguns locais que remontam a histórica da cidade, como o Largo da Estação Férrea e a Casa de Pedra.

nejado para encerrar nos Pavilhões da Festa da Uva, onde durante todo o dia foram promovidas atividades esportivas e recreativas pela prefeitura e entidades. O clima no local estava bastante festivo e a expectativa, era grande. Principalmente para a chegada do técnico da seleção brasileira, Tite, que carregaria a tocha até um palco montado no pavilhão 1, onde seria acesa a Pira Olímpica. A alegria só aumentou quando, por volta das 21h30, Tite adentrou o parque com a Tocha nas mãos, subiu ao palco e fez um breve, mas afetivo discurso, que não tirou em nenhum momento

a agilidade do evento: “Explode a emoção dentro do meu coração. De um guri que nasceu em São Braz, estudou no Ginásio Guarani e Emílio Meyer, jogou no Juventude e no Caxias, treinou as duas equipes e hoje tem muito orgulho de sua terra e sua origem. Minha participação é para incentivar que as crianças que estão aqui tenham uma educação melhor e a gente tenha um Brasil melhor”, exclamou com alegria o treinador. Após as palavras de Tite, a celebração encerrou e a Chama Olímpica, maior símbolo dos Jogos, pernoitou na cidade.

Semifinal da categoria Veteranos e série Ouro é dia 30 É hora de preparar o coração. A segunda fase da série Ouro e Veteranos do Campeonato Interbairros se encerrou no último dia 25 de junho e agora acontecem as partidas da semifinal de cada uma. As disputas se darão dia 30, a partir das 19 horas, na Arena entre Serrano x Esplanada e Fátima Alta x Fátima Baixa A, pela série Veteranos. Já pela série Ouro, quem entrará em quadra serão as equipes Belo Horizonte x Jardim das Hortências e Monte Carme-

lo x Arco Baleno. “As disputas têm acontecido de forma tranquila. As equipes estão com um jogo equilibrado e algumas partidas estão mais ‘pegadas’. Estes são justamente nossos objetivos, afim de que as equipes se integrem e se desenvolvam ao longo do campeonato”, destaca o diretor de Esportes da União das Associações de Bairros (UAB), Josmar dos Santos. Quem vencer, parte para a grande final que acontece dia 6 de setembro, no Enxutão.

Serviço O que: Semifinais da série Ouro e Veteranos Quando: 30 de julho, a partir das 19h Onde: Quadra Arena, no Santa Catarina Entrada gratuita

PARTICIPAÇÃO

IV Fórum Municipal reúne mais de 100 pessoas No dia 2 de julho, foi realizado o IV Fórum Municipal do Esporte, Paradesporto e Lazer. Promovido pelo Conselho Municipal do Desporto (CMD), o encontro contou com a participação de mais de 107 pessoas ligadas ao esporte na cidade. Paulo Henrique Marchioro, do Recreio da Juventude e Evair Pinheiro

Ramos, presidente do Centro Integrado da Pessoa com Deficiência, foram os palestrantes. O objetivo do evento foi debater sobre a formação de atletas olímpicos e paraolímpicos, além de avaliar as ações que estão em andamento na cidade e levantamento de prioridades pela comunidade.

DELIBERAÇÕES A partir da realização do IV Fórum, foram deliberadas algumas medidas que visam contribuir para o desenvolvimento do esporte, paradesporto e lazer na cidade. Confira algumas das ações: - Levantamento dos espaços físicos - quadras, ginásios, e outros espaços - que as 86 escolas municipais e as 55 estaduais que Caxias do Sul possui; - Levantamento de todas as escolas com quadra coberta ou não, com ginásio ou com ginásio e quadra ou sem nenhum; - Identificação de quais escolas necessitam de um espaço, - Proposição de parceria através da destinação de imposto de renda das empresas pertencentes ao sistema de tributação lucro real para melhorias ou construção.

Expectativa nos Pavilhões O percurso da Tocha foi pla-

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Tite fez discurso alegre e afetuoso no encerramento


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Bem estar

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

ATIVIDADE FÍSICA

Deixando a vida sedentária DIVULGAÇÃO

Especialistas dão dicas para iniciar exercícios

Seguir orientações profissionais é fundamental para prevenir lesões Já passou da hora de colocar em prática as decisões de fim de ano e finalmente dar início a uma atividade física. Antes de sair por aí se exercitando, porém, é recomendável seguir algumas instruções. “Começar não é simples, pois é preciso sair da zona de

conforto para fazer uma atividade que gasta energia”, diz Giulliano Esperança, diretor do Instituto do Bem-Estar e membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de Personal Trainers. “Sentir prazer durante a prática de exercícios é fundamental

para dar continuidade aos treinos”, completa a educadora física do hospital Albert Einstein Paula de Toledo Cardoso. Então, para deixar o sedentarismo de uma vez --e não ter recaídas--, leia, abaixo, as dicas dos especialistas Giulliano Esperança e Paula de Toledo Cardoso.

DICAS Antes de dar a largada Uma visita ao médico antes de iniciar a atividade física é importante. Exames fazem a diferença na hora da prescrição dos treinos. Verificar os índices de colesterol, glicemia e triglicérides, podem auxiliar na montagem dos treinamentos. Quem sente algum tipo de dor deve consultar um ortopedista. Já em atividades aquáticas, a liberação dermatológica é imprescindível. Quem poderá me ajudar? Quem for para academias ou clubes, poderá contar com o auxílio e a supervisão dos profissionais locais. Porém, para quem pretende realizar exercícios por conta própria, recomenda-se ir atrás de um personal ou fisiologista para esclarecer dúvidas e buscar as melhores modalidades. Caminhar, correr, nadar, treinar. O que escolher? É preciso estabelecer o objetivo: perder peso, aumentar a massa muscular, obter condicionamento cardiorrespiratório, melhorar a coordenação motora ou tudo isso junto. A partir daí, o profissional de educação física poderá montar seu treinamento. 100 95 75

25 5 0

Devagar se vai ao longe É importante começar uma experiência gradativa. Por exemplo, o risco de ter um problema cardiológico ou uma lesão muscular diminui se a pessoa se dispuser a começar fazendo apenas 20 minutos de caminhada por dia e ir aumentando a frequência e intensidade dos exercícios gradativamente. Com que roupa eu vou? Vestir-se da maneira mais confortável possível, com tecidos leves, como algodão, tactel, poliéster e poliamina, é fundamental. Evite roupas apertadas e que limitem os movimentos. Em relação ao calçado, tênis esportivos são imprescindíveis.


Bairros

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

VILA GAUCHINHA

Espaços públicos são preservados Centro Comunitário, Academia da Melhor Idade, Clube de Mães e quadra poliesportiva têm manutenção exemplar Os bons frutos da parceria entre a população e o poder público fica evidente quando o assunto são os espaços públicos do bairro Vila Gauchinha. Bem aproveitados e valorizados pela comunidade, uma praça que possui Centro Comunitário, Academia da Melhor Idade (AMEI), parque infantil, Clube de Mães e quadra poliesportiva - está em ótimo estado de conservação. O bonito cenário de convivência comunitária é fortalecido pela postura da população do

bairro, que ajuda fiscalizar possíveis atos de vandalismo no local e também pela ajuda do poder público, que dirigiu recentemente ao local, suas equipes para pintura e reformas. Conforme a presidente do bairro, Cleusa Moraes, os espaços são bem utilizados pela população. “Diariamente as pessoas vêm à Academia da Melhor Idade, por exemplo, tanto cedo da manhã como nos finais de tarde. O Centro Comunitário é utilizado para festas beneficentes, aniversários e outras ativi-

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dades. Há ainda uma biblioteca. Cobramos só a manutenção. Temos também a casa do Clube de Mães, onde serão feitas aulas de pilates”, descreve. A líder do bairro aponta que, no momento, uma das necessidades do espaço é a reforma externa do Centro Comunitário. “Tentaremos fazer estes trabalhos com recursos do Orçamento Comunitário (OC)”, afirma. Sobre os recentes trabalhos da prefeitura no local, Cleusa é enfática. “Houve sensibilidade do poder público”, elogia.

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Quadra poliesportiva ganhou nova pintura

Equipamentos são bem aproveitados pela comunidade


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Bairros

JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

Famílias do Villa Verde II podem ter de deixar região Pedido de reintegração de posse está na justiça As mais de 190 famílias moradoras do bairro Villa Verde II podem ter de deixar o local. Isto porque um pedido de reintegração de posse está na justiça desde 2009. O processo está nas alegações finais, com posterior sentença, quando ainda caberá recurso. No momento, os moradores não podem construir nos terrenos nem venderem os lotes. Fruto de uma ocupação no ano de 2008, o bairro se localiza na região sul de Caxias e sua posição geográfica não é favorável para a construção de moradias. Muitas casas estão em situação de risco devido, principalmente, ao declive acentuado da região. De acordo com Aparício Ferreira, presidente da Associação de Moradores do Bairro (AMOB), a situação da comunidade se agrava a cada dia. “Com as últimas chuvas está descendo muita água de outros loteamentos. Vêm muito mau-cheiro”, descreve. Aparício diz ainda que há grande preocupação com relação à saúde dos moradores. “Não há canalização de esgoto, então cada morador constroi uma fossa e tudo é depositado ali. Somos em 400 pessoas.

FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

Moradias estão construídas em local que oferece riscos para a população Também não temos água, luz... isso preocupa muito”, afirma. “Os proprietários dos terrenos não querem negociar conosco. Querem mesmo a desocupação”, lamenta.

Água desce por córrego gerando transtornos para a comunidade

Mobilização e expectativa Uma assembleia na União das Associações de Bairros (UAB) com mais de 100 moradores do Villa Verde II foi realizada em junho deste ano, logo após audiência na justiça. Na ocasião, foi deliberada a necessidade de realização de uma audiência com o prefeito Alceu Barbosa Velho. O encontro pode servir para sensibilizar o poder público quanto à necessidade da desapropriação dos terrenos. Outro ponto retirado em Assembleia, caso a desapropriação não seja efetuada, foi a proposta de um prazo de mais ou menos três anos para as famílias deixarem suas casas. Este ponto ainda será levado ainda

Assembléia de moradores na UAB deliberou alternativas aos proprietários via judicial. Se aceito, o período servirá para que os moradores possam

ser inscritos em programas habitacionais ou removidos para loteamentos populares.


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JORNAL DOS BAIRROS | Julho 2016

CAMPOS DA SERRA Acesso adequado à saúde, educação, segurança pública, lazer...este é um dos desafios que a maioria da população brasileira enfrenta no cotidiano. Mas e o que fazer quando todas estas áreas se mostram deficitárias em um universo de cinco mil habitantes, justo no programa habitacional que deveria servir de modelo para a sociedade? Esta é a realidade do Loteamento Campos da Serra. Localizado na região leste da cidade, o empreendimento possui cerca de mil e 400 apartamentos e vive, atualmente, problemas já crônicos que necessitam de maior atenção do poder público na esfera municipal, estadual e federal. Contemplados pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo Federal, a maioria dos moradores se mudou para o Campos da Serra com a esperança de dias melhores e mais qualidade de vida. No entanto, o que se percebe é a carência geral por mais serviços públicos e a implantação de programas sociais na localidade.

Saúde Uma ampla Unidade Básica de Saúde (UBS), implantada em maio de 2014, tem deixado a desejar no que diz respeito à fila de espera para atendimento com os médicos, tanto clínico-gerais, como na área de pediatria. Segundo a presidente da Associações de Moradores do Bairro (AMOB), Simônia Lopes, há falta de profissionais. “Estão atendendo só com agendamento. Assim, a marcação de consultas tem sido de uma semana para outra”, aponta. Apesar disso, o atendimento não sofre críticas, segundo a líder do bairro. “A população é bem atendida pelos profissionais”, relata Simônia. De acordo com a secretaria municipal da Saúde, há dois médicos atendendo na UBS local.

Irregularidades As ocupações irregulares têm sido alvo de apreensão por parte da comunidade do Campos da

MÁRIO ANDRÉ COELHO

Comunidade precisa de equipamentos públicos Carência por serviços e programas sociais prejudicam os mais de 5 mil moradores da localidade

População que vive no Campos da Serra aguarda pela solução de problemas crônicos Serra. Segundo relato de moradores e também da presidente Simônia, o índice de invasão a apartamentos que não estão ocupados e também da vinda de famílias que não são as reais proprietárias das unidades habitacionais, é alto. Assim, a eficácia do processo seletivo do “Minha Casa, Minha Vida” entra em xeque e gera também problemas de convivência entre os moradores. “Deveria haver uma fiscalização eficiente por parte da Caixa Federal”, diz Simônia. Além disso, numerosos casos inadimplência agravam a situação. “Muitos não pagam condomínio, onde está inclusa a água. Quem paga regularmente sai prejudicado. Procurada pela reportagem do Jornal dos Bairros, a Caixa Federal não se manifestou.

Esporte Lazer A comunidade espera a construção de duas canchas de areia, uma Academia da Melhor Idade (AMEI) e uma pista para caminhadas no bairro. O extenso ter-

reno para a instalação destes equipamentos foi terraplanado com meses de atraso e somente após uma manifestação de moradores. No entanto, o restante dos trabalhos que devem ser realizados para dar espaço ao esporte e lazer na comunidade, segue,

Nossos jovens necessitam de ocupação e de programas sociais como vemos em outros bairros Simônia Lopes

segundo a presidente do bairro, pelo aguardo de liberação de maquinário por parte da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA). “Já perdemos programas como o ‘Educando Campeões’, da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL), por não termos espaço. Haviam mais de 80 crianças que seriam contem-

pladas”, relata Simônia. Conforme a prefeitura, após a terraplanagem, será feita obra de drenagem no terreno antes de instalar os equipamentos. A previsão de estar tudo pronto é no segundo semestre.

Educação A construção de uma creche e de uma escola municipal ou um centro educativo é aguardada com ansiedade pelos moradores do Campos da Serra. Enquanto isto, jovens necessitam se deslocar para bairros como Cruzeiro ou Fazenda Souza para seguirem estudando ou ainda para a Escola Municipal Governador Leonel Brizola, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Na Secretaria Municipal de Educação dizem que já há projeto, mas não sabemos quando iniciarão as obras”, explica a presidente do bairro. Questionada pela reportagem do Jornal dos Bairros, a prefeitura confirma a existência do projeto, mas não arrisca previsão de início das obras.

Insegurança Reivindicação antiga da população para amenizar os problemas de segurança pública, a implantação de um núcleo de policiamento comunitário está longe da realidade dos moradores do Campos da Serra, se levando em consideração os problemas de falta de efetivo da Brigada Militar (BM). Apesar disso, essa situação pode dar lugar a outras medidas que seriam mais eficazes no combate à criminalidade. Esta é a avaliação da presidente do bairro: “Nossos jovens necessitam de ocupação e de programas sociais como vemos em outros bairros. Inclusive, já há pessoas de outras regiões vindo até aqui para se aproveitarem da situação. Usam eles para tráfico e drogadição. Não adianta vir aqui e levar todo mundo preso.”, aponta Simônia. Sobre a expectativa da população, o comandante do 12° BPM, Ronaldo Buss, é taxativo: “Dada a atual carência de efetivo no momento, não podemos considerar esta possibilidade”.


Filiada à FRACAB e à CONAM

JORNAL DOS BAIRROS

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Julho/2016 | Ano 20 | Nº 06 FOTOS MÁRIO ANDRÉ COELHO

Perfil

À frente dos menos favorecidos Dona Marilene de Almeida lidera a AMOB do Loteamento Pinho Verde há nove anos À frente da Associação de Moradores do Bairro (AMOB) Pinho Verde há cerca de nove anos, Marilene de Almeida, 62 anos, luta por melhor qualidade de vida para as cerca de 400 pessoas que moram no loteamento. A região liderada por ela é conhecida por possuir um “valão” que divide algumas precárias ruas, o que denuncia certo esquecimento do poder público. Foi a para suceder o filho “Marquinhos” na presidência da AMOB que dona Marilene ingressou no movimento comunitário. Aposentada, com

mais tempo disponível para trabalhar pelo bairro, foi natural assumir o cargo e suas responsabilidades no ano de 2007.

Origem Natural de Santa Rosa (RS), ela foi aos seis anos de idade para o estado do Paraná. Cresceu na cidade de Cascavel, onde trabalhou em lavouras. Ao voltar para o Rio Grande do Sul, em busca de melhores condições de vida, dona Marilene morou nos municípios de Feliz e São Sebastião do Caí. Caxias do Sul foi a terceira cidade em que se estabeleceu

Marilene veio para Caxias em busca de melhores condições de vida após sua volta ao estado. “Vim para cá porque há mais oportunidades de emprego. Mas encontrei saúde de qualidade também. Sou muito bem atendida nos hospitais e até mesmo no Postão 24 HS”, afirma Marilene. Ela conta que em Caxias do Sul, conseguiu criar os cinco filhos com mais facilidade, pois ali, embora o bairro possua várias carências, conseguiu adquirir casa própria. “Era meu grande sonho”, afirma.

Reivindicações Com humildade, dona Ma-

rilene enumera algumas das principais necessidades do bairro, como calçamento em ruas e a canalização do “valão”. Em sua fala, no entanto, ela deixa transparecer certa frustração: “Precisa tudo”, resume. Sempre atenta às demandas dos moradores, ela diz ser chamada pelos vizinhos a cada problema que surge, principalmente nos dias de chuva, quando o “valão” transborda e invade as ruas. Quando vai à prefeitura pedir a solução, dona Marilene até diz ser bem recebida, mas, é só isto. “Até agora nada foi fei-

to. O bairro tem dinheiro para serem feitas obras”, denuncia. E, apesar de seus quase dez anos no movimento comunitário, dona Marilene desabafa: “No começo eu ia atrás e tudo. Agora, de dois anos para cá, estou desistindo. No ano que vem, se ninguém assumir, vai ficar abandonado. Se corre, corre atrás e nada é feito”, Perguntada sobre o que a faria se manter na luta do movimento comunitário, dona Marilene não hesita: “Se pensarem mais nos bairros pobres... só pensam nos bairros ricos”, argumenta.

AMOBs EM AÇÃO

Atividades físicas são oferecidas no Fátima A constante mobilização e a parceria entre cidadãos, Associação de Moradores e poder público têm dado muito resultado no bairro Fátima Alta. Exemplo disto são as aulas de ginástica, pilates de dança oferecidas no Centro Comunitário da localidade. O Centro Comunitário possui um amplo espaço e uma ótima infraestrutura, o que as-

segura conforto e segurança para a prática de atividades físicas monitoradas por professores da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SMEL). Além disso, há instrutores voluntário da própria comunidade. “Temos cerca de 120 pessoas nas turmas de ginástica e de pilates. A turma de dança ainda está no início, estamos começando a divulga-

ção”, afirma o presidente da AMOB, Jucemar Alves. O Centro Comunitário também oferece espaço para atividades como casamentos, formaturas, aniversário, chás-de-fralda e festas beneficentes. Para informações de como se inscrever nas aulas ou agendar alguma atividade, é necessário entrar em contato pelo fone 54 - 8426.7932.

Centro Comunitário possui ótima infraestrutura


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