revista de santa luzia

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FESTA DE

A fest A

“Mossoró, com alegria, saúda Santa Luzia”

As comemorações do dia de Santa Luzia em Mossoró tiveram início no tempo em que ainda a igreja era uma capela, isso há mais de 230 anos, e se tornaram tradicionais quando a capela passou a ser Paróquia, em 1842. A Festa de Santa Luzia é considerada uma das maiores do calendário da Igreja Católica do Rio Grande do Norte.

No início, os festejos havia apenas o caráter religioso, pois as celebrações giravam em torno da Eucaristia. Naquele tempo, relembrava-se a vida e os fatos ligados aos santos. Na década de 50, tinha a barraca dos solteiros e a dos casados.

Historiadores contam que os vigários de antigamente não gostavam muito de promover festas. Os festejos tinham alvorada com salvas tradicionais de tiros, bandas de músicas, queima de fogos pirotécnicos após as novenas, carrossel, pastoril, leilões, quermesse, barracas de flores com papéis coloridos para se mandar bilhetes de namorados, e ainda encontrava o famoso bolo Felipe, mais conhecido como bolo de leite. Todas essas coisas eram comandadas por um serviço de alto-falante.

Somente a partir de 1980, a Festa de Santa Luzia ganhou uma maior dimensão, por iniciativa e organização do pároco Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti. A partir de então, a festa ganhou mais espaços nos arredores da Catedral. Também a Rádio Rural começou a participar dos festejos, fazendo alguns eventos nos municípios. Monsenhor Américo buscava principalmente as raízes da cultura popular, por exemplo: o pau de sebo, corrida de jumento, conjuntos musicais que iam surgindo na cidade como os Tremendões e o The Pop Som (depois Elo Musical).

A Rádio Rural criou “A Mais Bela Voz”,

Ex PED i E nt E

Revista de Santa Luzia 2025 é uma publicação de responsabilidade da De Fato Comunicação

concurso que descobriu talentos musicais e que foi importante no fortalecimento da parte cultural da festa. Vários cantores passaram pelo palco do concurso, entre eles Jaída e Ivonete de Paula; Bartô Galeno; Iremar Leite; Marcelo Leite; Nida Lira; Allan Jones; Amanda Costa; Edy Lemos, dentre tantos outros.

Hoje, na Festa de Santa Luzia tem muito mais. Este ano, a programação foi aberta no dia 30 de novembro, contando com uma série de atividades religiosas, culturais, sociais e esportivas.

O dia 13 de dezembro, dia da santa, foi oficializado como feriado municipal. O projeto de Lei municipal que criou esse feriado decreta que não será permitido o funcionamento de estabelecimentos comerciais e industriais, salvo os enumerados na tabela a que se refere o artigo 7° do Decreto Lei N° 27/048, de 12 de agosto de 1949.

Milhares de pessoas se deslocam de suas casas, cidades e até outros de Estados, para acompanhar a procissão que percorre várias ruas da cidade até retornar à Catedral; jovens, adultos e idosos fazem promessas todos os anos para acompanhar a procissão, que ganhou eco com slogan criado por Monsenhor Américo: “Mossoró, com alegria, saúda Santa Luzia”.

Milhares de pessoas de toda idade entoam o refrão do hino popular da padroeira de Mossoró: “Ó Santa Luzia, pedi a Jesus, que sempre nos dê dos olhos a luz.”

Santa Luzia foi proclamada a Padroeira de toda Diocese no dia 18 de novembro de 1984, quando a Diocese fazia 50 anos, pelo nosso quinto bispo, Dom José Freire de Oliveira Neto, confirmando a notícia do Papa João Paulo II, em atendimento aos sacerdotes, religiosos e leigos da Diocese.

Edição: César Santos

Projeto Gráfico e Diagramação: Augusto Paiva

Comecial e revisão: Ângela Karina

Fotos: Glauber Soares e Cedidas textos: Amina Costa e César Santos 5 8 9 18 19 22 24 28 30 12

A devoção

Século 18 marca o início da história de Mossoró com Santa Luzia

história

Tudo começou na Fazenda de Santa Luzia

jubileu

A esperança é a mensagem central do Ano Santo

Com o Padre Antoniel

o tema

Fiéis são instrumentos de reconciliação e paz

oratório

Espetáculo de luz vem com novidades casa da esperança

Um lugar para acolher aos mais necessitados

luz que inspira

programa ção

Da festa o hino entrevista

A devoção

Século 18 marca o início da história de Mossoró com Santa Luzia

Adevoção à Santa Luzia começou no século 18, quando freis carmelitas de Recife (PE) construíram uma residência e uma pequena Capela do Carmo, numa área a 30 quilômetros de Mossoró. A história conta que havia a fazenda “Santa Luzia”. Ao lado dela, edificou-se um pequeno prédio, entre os Paredões e Barrocas (hoje bairros da zona norte da cidade), onde realizam atos religiosos.

Em 1739, Mossoró era apenas uma fazenda que pertencia ao capitão Teodorico Rocha. Depois, a propriedade passou para o poder do português Antônio de Souza Machado. Foi nessa época que se iniciou a ocupação da terra, impulsionada pela criação de gado, oficina de carne e extração de sal.

Foi exatamente nessa propriedade de Antônio Machado que em 1872 a capela de Santa Luzia foi erguida, com ajuda do padre José dos Santos da Costa. A capela da padroeira é o marco inicial para o surgimento da cidade. Por quase 70 anos, a capela pertenceu ao município de Apodi. Somente em 1842, houve a desvinculação e a capela ganhou posição de matriz.

O proprietário da “Fazenda Santa Luzia”, sargento-mor Antônio de Souza Machado, português residente em Russas (CE), reque-

reu ao visitador diocesano de Olinda (PE), padre Inácio de Araújo Gondim, de passagem por Aracati (CE), autorização para erguer uma capela em homenagem à Virgem de Siracusa. Fazia cumprir uma promessa de sua esposa, dona Rosa Fernandes, no qual foi atendido, em sua petição com data de 5 de agosto de 1772.

Existia, porém, uma condição: que o templo fosse construído em pedra e cal e houvesse um patrimônio em terra doada à Santa. Exigências aceitas e providências tomadas, em janeiro de 1773 a capela estava pronta, construída com os cruzados de Souza Macha-

do e o auxílio dos devotos circunvizinhos, no local onde hoje se encontra a Catedral de Santa Luzia, mas sem a imagem da Santa. Até que em 1779, dona Rosa Fernandes trouxe de Portugal uma imagem de Santa Luzia, de madeira, adquirida pelo valor de 15$600. É a que até hoje é conduzida nas provisões e peregrinações.

A autonomia política da cidade foi ganhando força de forma gradativa, mas impulsionada pelo crescimento populacional. Em 13 de fevereiro, foi lida na Assembleia Provincial uma representação dos habitantes solicitando a elevação de povoado à categoria de vila e município. Em seguida, com a lei 246 de 15 de março de 1852, graças a um projeto do vigário Antônio Joaquim, o deputado provincial conferiu as honras de cidade com a denominação de Mossoró.

Mossoró tem uma história marcada por manifestações populares que ficaram registradas na política do País. É praticamente impossível falar na cidade sem fazer menção a três momentos pioneiros: a abolição da escravatura, o primeiro voto feminino e a resistência ao bando do temido cangaceiro Lampião.

Na parte religiosa, a Festa de Santa Luzia é considerada um dos maiores eventos populares do Rio Grande do Norte.

Históri A

Tudo começou na Fazenda de Santa Luzia

De pequeno povoado para a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte

Mossoró, com 264.577 habitantes (Censo 2022), é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, liderando uma região com mais de 1 milhão de habitantes. A sua pujança econômica, alicerçada pela indústria de sal e petróleo e a força do comércio e serviço, a coloca em posição importante para o desenvolvimento regional e estadual.

A cidade teve sua origem com a pecuária, a partir de uma fazenda de gado, às margens do rio ApodiMossoró, que recebeu o nome de “Fazenda Santa Luzia”, do proprietário português de Braga, Sargentomor Antônio de Souza Machado. No local, foi edificada uma Capela, com pedra e cal em 5 de agosto de 1772, à Santa Luzia. A construção foi uma promessa feita por sua esposa, Dona Rosa Fernandes.

Aos poucos, foram surgindo as casinhas nos arredores do templo religioso, no meio de denso matagal. E o pequeno povoado foi se formando, passando a se chamar, depois de algum tempo, de povoado de Santa Luzia; mas não se sabe quem foi o autor dessa razão social.

Com o tempo, os habitantes foram limpando os matagais circunvizinhos e formando pequenas “ruas” pelo arraial, e logo foram surgindo os nomes das ruas: Rua do Desterro, Rua do Cotovelo, Rua do Triunfo, Rua Domingos da Costa, dentre outras.

No começo, essa região de Mossoró contava apenas com criadores de gado, proprietários de fazendas, sendo eles todos de outros Estados e cidades que ficavam próximas ou distantes; isto bem antes de 1739, quando a fazenda tinha como primeiro proprietário o capitão Teodorico da Rocha. No ano de 1754, a fazenda passou a pertencer a José de Oliveira Leite. Nesta época existiam apenas 50 habitantes, não mais do que isso.

Desde a criação do povoado que essa gente era ligada politicamente ao município e cidade de Apodi, na região do Médio Oeste potiguar. Mas no dia 27 de outubro de 1842, pela resolução N° 87, a freguesia de Santa Luzia de Mossoró foi desmembrada de Apodi, pelo Governo da Província. A Capela de Santa Luzia foi elevada à categoria de Matriz, tornando-se independente e, seu primeiro vigário, foi o Padre Antônio Joaquim Rodrigues, um homem que seria mais tarde um batalhador para que Mossoró se transformasse em cidade.

A pessoa que mais lutou por isso foi Antônio Francisco Fraga Júnior que encaminhou os papéis para o bispo Dom João da Purificação Marques Perdigão, que estava visitando o Estado do Ceará, naqueles idos, pois tudo que as pessoas queriam era o desligamento da Paróquia de Apodi e, naquele ano, 1838, não foi possível essa realização, nada ficou concretizado.

No dia 6 de outubro de 1840, ele voltou novamente a insistir pedindo para que a ideia fosse revista e, finalmente, depois de tanto tempo, esse sonho foi realizado por meio da Resolução n° 87, de 27 de outubro de 1842, desmembrando, assim, a nossa igreja da Freguesia de Apodi, e elevando à categoria da Matriz e incorporando-a ao termo da comarca de Assú.

Com o desligamento do município de Apodi, o povoado de Santa Luzia passou a pertencer politicamente à cidade de Assú-RN, situação que durou cerca de dez anos.

Na sessão do dia 13 de janeiro de 1852, chegava à Câmara Municipal um abaixo-assinado dos moradores da Freguesia de Santa Luzia, pedindo a elevação do povoado à categoria de Vila de Santa Luzia, sendo o abaixo-assinado lido pelo Secretário da Assembleia, Jerônimo Cabral Raposo da Câmara, e foi justamente pelo Decreto Provincial, por meio da Lei Nº 246, de 15 de março de 1852, que o povoado de Santa Luzia (Mossoró) foi elevado à categoria de vila, com o nome Vila de Mossoró, sendo sancionado pelo Dr. José Joaquim da Cunha, nascendo assim o décimo nono município da Província do Estado do Rio Grande do Norte. No dia 24 de janeiro de 1853 fora instalada, nesta cidade, a primeira Câmara Municipal sob a presidência do padre Antônio Freire de Carvalho, e só foi elevada à categoria de cidade no dia 9 de novembro de 1870, pela Lei Nº 620, por meio do Vigário Antônio Joaquim Rodrigues. Nesta época, ele era Deputado Provincial, quando apresentou o projeto à Assembleia Legislativa, no dia 25 de outubro de 1870, e com muito orgulho disse: “Fiz disto aqui uma cidade.”

Jubileu 2025

A esperança é a mensagem central do Ano Santo

Com o tema “Peregrinos da Esperança”, o Jubileu Ordinário celebra os 2025 anos da encarnação de Jesus Cristo, e segue o intervalo de 25 anos estabelecido pelo Papa Paulo II, em 1470. O Ano Jubilar foi aberto no dia 24 de dezembro de 2024 pelo Papa Francisco (falecido em 21 de abril de 2025) e será encerrado neste mês de dezembro, com celebração da renovação dos compromissos espirituais e com a missão da Igreja no mundo. O encerramento do Ano Santo marca início de um novo ciclo de fé. Em Mossoró, acontece em momento especial, quando a comunidade católica estará vivendo a Festa de Santa Luzia.

A palavra “jubileu” tem origem relacionada historicamente ao nome em hebraico yobel, o chifre de carneiro que era usado para marcar o início do ano particular que era convocado a cada 50 anos, como contado no livro do Levítico (cf. Lv 25, 8-13). Esse ano era o ano “extra” vivido além das sete semanas de anos.

Sua proposta no Antigo Testamento era ser ocasião para restabelecer uma correta relação com Deus, entre as pessoas e com a criação, e implicava a remissão de dívidas, a restituição de terrenos arrendados e o repouso da terra. Na história da Igreja Católica, o primeiro Jubileu foi convocado pelo Papa Bonifácio VIII, no ano 1300. Tradição que se estende até agora, os jubileus têm vários elementos que se relacionam. São eles: a bula de convocação; a temporalidade (a cada 100 anos, 50 anos, 33 anos e 25 anos); a peregrinação a Roma e à Porta Santa; os exercícios de piedade e a frequência aos sacramentos; e as indulgências.

O Jubileu de 2025, chamado de Jubileu da Esperança, é marcado por um período especial de perdão, reconciliação com Deus e renovação espiritual.

O que o Jubileu nos lembra?

“A esperança não engana” (Rm 5, 5). A mensagem da Carta de São Paulo aos Romanos é o título da Bula de Proclamação do Jubileu, o documento que detalha as intenções do Papa com a celebração, bem como orienta a sua vivência. A esperança, assim, é a mensagem central do Ano Santo 2025.

“Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a ‘nossa esperança’ (1 Tm 1, 1)”, escreveu o Papa Francisco.

Como viver o jubileu

A celebração do jubileu é marcada por um período especial de perdão

O que é o Jubileu 2025

- Duração: Começou em 24 de dezembro de 2024 e vai até 6 de janeiro de 2026.

- tema: “Peregrinos da Esperança”.

- Propósito: Convidar os fiéis a uma jornada de fé, oração e reconciliação, renovando o compromisso com Deus.

- Símbolo: A abertura da Porta Santa nas basílicas romanas (como a Basílica de São Pedro) simboliza a entrada para a conversão e a renovação espiritual.

O que significa para os fiéis

- Oportunidade de graça: O Jubileu oferece uma oportunidade de graça para a remissão total dos pecados, conhecida como indulgência plenária.

- Atos de fé: É um período para aprofundar a fé por meio de confissões, orações, obras de caridade e peregrinações.

- Renovação pessoal: É um momento para refletir e renovar o compromisso pessoal e comunitário com a profissão de fé.

- Unidade e solidariedade: Promove a união entre os fiéis e incentiva o cuidado com os mais vulneráveis.

e reconciliação com Deus e renovação espiritual. Os símbolos, as preces e os ritos jubilares servem como prelúdio para uma rica experiência de graça, de misericórdia e de perdão. Assim, vivenciar o jubileu é fazer parte de um tempo de graça.

A Igreja afirma que ser um peregrino de esperança é assumir um caminho espiritual que envolve não apenas a busca de lugares sagrados, mas também uma atitude de renovação interior e compromisso com a transformação pessoal e social.

Esse caminho proposto ainda pelo Papa Francisco começou com dois passos: o estudo dos documentos do Concílio Vaticano II, em 2023, e a redescoberta da oração, em 2024. No ano jubilar, a peregrinação representa um elemento fundamental, como explicou o Papa Francisco em 2024: “Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece muito a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade. Também no próximo ano, os peregrinos de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver intensamente a experiência jubilar”.

Em âmbito universal, as peregrinações a Roma, nas basílicas e às Portas Santas, em âmbito local, de acordo com a definição de cada diocese para os locais de peregrinação e obtenção de indulgências. Cada diocese contará com pelo menos uma Igreja de peregrinação jubilar, no caso a Igreja Catedral, mãe de todas as igrejas da diocese.

A igreja de peregrinação jubilar é um espaço sagrado destinado ao culto e à peregrinação durante o Ano Santo. Nela, os fiéis que as visitarem podem receber indulgências, desde que cumpram determinadas condições, como a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração pelas intenções do Papa.

A esperança cristã não é uma ideia, ela tem nome: Jesus de Nazaré”

primogênito do casal de agricultores Antônio Monteiro da Silva e Janeide Alves Rocha Silva. Tem apenas uma irmã e dois sobrinhos.

Um padre jovem, com pouco mais de cinco anos de ordenação presbiteral, mas pronto e preparado para a sua primeira grande missão na vida religiosa. É assim que Antoniel Alves da Silva lidera a Paróquia de Santa Luzia desde fevereiro deste ano, nomeado pelo bispo dom Francisco de Sales para suceder o padre Flávio Augusto Forte Melo, que ocupou o cargo por nove anos.

Quando foi apresentado oficialmente à comunidade católica da Diocese de Mossoró, Padre Antoniel estendeu as mãos ao Povo de Deus e foi recepcionado da mesma forma. “Os anos vividos em Encanto e Dr. Severiano fizeram com que eu compreendesse a riqueza do caminhar juntos. Chego à Catedral com as mãos estendidas e com um único desejo: encontrar mãos estendidas”, disse naquele momento.

Agora, quase 10 meses depois, Padre Antoniel tem o desafio de conduzir a Festa de Santa Luzia no palco da padroeira dos olhos, um dos maiores eventos da Igreja Católica do Rio Grande do Norte. A festa chega com mudança para valorizar 100% a evangelização, conforme o pároco da Catedral de Santa Luzia conta nesta entrevista. Ele está pronto para conduzir o início desse novo momento.

O padre Antoniel Alves da Silva nasceu na comunidade Trincheira, zona rural de Antônio Martins, município do Alto Oeste potiguar. Filho

A sua formação e atuação do clérigo começa com licenciatura em Filosofia na Universidade do Estado do RN (UERN), segue com bacharelado em Teologia pela Faculdade Católica do RN; especialista em Teologia Bíblica pela Faculdade Católica do RN; e mestre em Teologia Bíblica pela UNICAP. É padre incardinado na Diocese de Mossoró, tendo atuado na paróquia de São Sebastião de Encanto/RN e Dr. Severiano, cidades do Alto Oeste, desde 2019. Padre Antoniel também é professor da UniCatólica do RN; membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral desde 2021; e foi animador diocesano do Sínodo convocado pelo Papa Francisco.

A esperança não decepciona. Qual a mensagem, com esse tema central, a Festa de Santa 2025 pretende passar à comunidade católica?

Nós, enquanto Festa de Santa Luzia, estamos inseridos naquilo que a Igreja no mundo inteiro está vivenciando em 2025 que é o Ano Jubilar. A cada 25 anos a Igreja celebra o seu Jubileu e este ano o Papa Francisco, em memória, determinou que fosse o ano Jubilar da Esperança. Toda a nossa Diocese refletiu sobre esse tema e a Paróquia da Catedral de Santa Luzia, para concluir o ano, celebrará esse tema que é tirado da carta de São Paulo aos Romanos, na qual diz que a esperança não decepciona. Quando contemplamos o mundo, às vezes tão desesperado, tão caótico,

nós enquanto comunidade de fé precisamos nadar contra essa maré e esperar contra toda humana desesperança. A esperança cristã não é uma ideia, ela tem um nome, tem uma face: chama-se Jesus de Nazaré, o filho amado de Deus que veio à nossa humanidade para dizer que nem tudo está perdido, mas aqueles que seguem os seus preceitos, os seus mandamentos, encontrarão a felicidade que tanto o coração almeja.

Santa Luzia se insere nesse tema a partir da sua própria história de vida?

Quando dizemos que a esperança não decepciona, estamos nos reportando diante de tantas realidades sofridas, dolorosas, muitas vezes até desanimadoras, mas que precisamos contemplar tudo isso com os olhos da esperança. Luzia contemplou aquele momento doloroso de sua vida e o contexto cristão em que viveu, de perseguição, inclusive, do cristianismo, ela viu para além daquele sofrimento. Então, a mensagem que a Festa de Santa Luzia quer passar para toda a sociedade mossoroense, para todos os cristãos, as devotas e os devotos, é que a nossa esperança tem nome, tem uma face que se chama Jesus e nós não podemos desanimar. Luzia é um grande exemplo disso.

O mundo vive um momento caótico, de conflito, guerra e de pouca empatia, inclusive, entre nações, em que as consequências afetam o tecido social cada vez mais sofrido. É possível, diante desse cenário, falar de esperança como cami-

Por César Santos
Jornal de Fato

nho a uma vida melhor?

São Paulo quando escreve as suas cartas, ele percebe exatamente isso no contexto ao qual ele está escrevendo. O que é que o povo vê naquele contexto? Às vezes, quando a gente ler a Sagrada Escritura, a gente não vai no contexto e aí esquece o que está por trás daquilo que leva a escrever. Todos os cristãos estavam sendo perseguidos, quem não era cristão também estava sendo perseguido por causa das injustiças do império, então, você tinha injustiça, tinha guerra, tinha conflito e tinha massacre, naquele contexto e nesse contexto. E aí Paulo dizia assim: ‘olhe, não se preocupe, porque o sofrimento do tempo presente não se compara com a glória que há de se realizar em nós.’ Então, nós enquanto cristãos falamos de esperança, mas não falamos de uma esperança na qual nós veremos um mundo totalmente transformado, enquanto mundo material que nós

estamos vendo. Nós falamos de esperança, inclusive, escatológica, e aí o que nós entendemos de escatologia é o mundo que há de vir, que há de se plenificar.

Como assim?

Nós vivemos essa realidade terrena, material, esperando e nos preparando para uma realidade eterna. A esperança cristã é isso. É viver, lutar, caminhar nessa vida em busca da vida eterna. Nós contemplamos e esperamos a vida eterna. Por isso, a mensagem de esperança que nós queremos deixar no coração das pessoas, principalmente aquelas pessoas que questionam: adianta a gente lutar? adianta a gente ser uma pessoa correta se acontece tanta corrupção? adianta a gente ser verdadeiro se a gente vê tanta mentira... não seria melhor ceder? Não, não é melhor ceder. É melhor ter a consciência tranquila, está fazendo o que é certo e exercendo a natureza do

ser humano, que é uma natureza boa. Nós fomos criados pelo divino amor para fazer o bem e também para amar. Então, é importante que nós continuemos a falar, mesmo que o mundo aparentemente esteja se sobressaindo, mas, no final, o projeto de Deus prevalecerá.

A dimensão missionária é prioridade da Festa de Luzia 2025. Como a Igreja vai potencializar esse sentido, inclusive, nos eventos culturais e esportivos?

Nós queremos que a Festa de Santa Luzia seja cada vez mais o ponto alto da evangelização do ano, o fechamento do ano enquanto evangelização. Vamos aproveitar tudo aquilo que envolve a Festa de Santa Luzia para levar ao centro aquilo que deve ser o centro, que é o Evangelho. É bom ressaltar que o centro de toda festa de padroeiro não é arrecadação, é a evangelização. A arrecadação é secundária, importante porque depois mantém toda a estrutura da evangelização durante o ano. Durante toda a preparação da Festa de Santa Luzia priorizamos essa dimensão, desde a formação de todas as equipes, com mais de mil voluntários. Trabalhamos as espiritualidades, sempre com a Catedral lotada de fiéis, vivendo o momento de espiritualidade, preparando o coração e espírito daqueles que desejam servir. Eles são os primeiros evangelizadores e também serão evangelizados pelos devotos que vêm para a Festa. Temos feito isso também em todos os eventos esportivos e culturais. Fazemos um momento de oração com a presença da Imagem de Santa Luzia, justamente para dizer que esse evento é diferente de outros eventos, porque é marcado pela evangelização. A Igreja promove a vida, o esporte é vida, então, precisamos estar nesses ambientes, mas demarcando espaço com a oração. A natureza da Igreja é evangelização.

Isso quer dizer que, a partir deste ano a Festa de Santa Luzia coloca a programação social em outro plano, menor em relação às edições passadas? Sim. Entendemos que a parte so-

Arte de Isaías Medeiros: "Santa Luzia Pureza Virginal de Siracusa"

e N trevist A C o M PA dre AN to N ie L

cial da festa da padroeira é a sociedade que oferece. Nós, enquanto Igreja, vamos priorizar a evangelização e a promoção da vida. O esporte, por exemplo, é a promoção da vida. Você tem o evento dos caminhoneiros, que reúne profissionais que movimentam a economia do nosso país. Temos a Cavalgada de Santa Luzia, que valoriza o resgate da cultura dos cavaleiros em nossa região. Temos os eventos esportivos que promovem a vida. Então, a gente fomenta a cultura e o esporte e traz a evangelização para esses espaços. Dessa forma, a parte de cunho mais social vamos deixar que a sociedade promova, inclusive, este ano nós não teremos o palco de shows com bandas e artistas da terra na avenida Dix-sept Rosado. Decidimos dessa forma exatamente para que a Igreja se dedique mais à parte de evangelização e à parte cultural, que é marcada pelo Oratório de Santa Luzia.

No passado, a Festa de Santa Luzia, sob aspecto sociocultural, tinha os shows populares organizados pela Rádio Rural e o concurso A Mais Bela Voz, que atraíam grande público. Sem esses eventos, a festa não perde o aspecto social?

As mudanças vêm ocorrendo nos últimos anos. Este ano, como disse antes, não teremos os shows no palco da avenida Dix-sept Rosado, mas o concurso A Mais Bela Voz deixou de ser promovido há algum tempo. É um sonho nosso retomar A Mais Bela Voz, que é um evento cultural muito importante. Esse concurso já descobriu muitos talentos em Mossoró e de municípios de toda a região. Muitos que continuam cantando, apresentando-se na cidade, e trabalhando em segmentos de comunicação, por exemplo, foram descobertos n’A Mais Bela Voz. A gente precisa de fomento para resgatar esse evento e vamos buscar apoio junto às entidades públicas para aumentar cada vez as dimensões da Festa de Santa Luzia. Em relação aos shows populares no pal-

co da Dix-sept Rosado, a gente percebeu que já há algum tempo a participação popular é bem pouca. Ao mesmo tempo, a cidade tem outro evento que acontece paralelamente na Estação das Artes Elizeu Ventania (Estação Luz, organizado pela Prefeitura de Mossoró), que atrai grande público de fiéis de Santa Luzia. A partir desse ponto, vamos dialogar mais com a Prefeitura para que consiga conjugar, no sentido de que uma coisa não ofusque a outra.

Qual a importância maior da celebração de Santa Luzia no Ano Jubilar? O que representa em algo mais para a comunidade católica?

O Ano Jubilar, que traz a cor verde como predominante, é um diferencial importante, inclusive, a arte da Festa de Santa Luzia traz características do Ano Jubilar, mas também procura resgatar a dimensão cultural nordestina. A arte da festa traz a imagem de Santa Luzia, o sol refletindo no verde do cactos, que representa justamente a esperança do povo nordestino. Somos um povo que consegue sobreviver diante de tanta dificuldade, de tanta hostilidade, de tanta injustiça, mas sem perder a esperança. Somos, de fato, homens e mulheres da esperança, que vamos renovar a nossa fé em Deus, por intercessão de Santa Luzia.

Qual é a importância do Ano Santo na relação da Igreja com a comunidade religiosa?

O Ano Jubilar tem como objetivo uma parada ordinária num extraordinário. A cada 25 anos, nós, como Igreja, paremos e reflitamos como anda a nossa vida, como é que estamos vivendo, como anda a nossa dimensão da fé. Esse ano vamos refletir sobre esperança. Vamos questionar como anda a nossa esperança. Nós estamos esperançosos e esperamos com fé e acreditando que o Nosso Senhor está conduzindo tudo? Ou nós estamos desesperados, cedendo ao caos? o tempo Jubilar é um tempo de parada, um tempo ordinário

numa parada extraordinária, para refletimos sobre a vida e a partir de então se projetar para os próximos 25 anos. Em 2050, estaremos celebrando o próximo Jubileu, se Deus quiser.

Por quase nove anos, a comunidade de fé de Santa Luzia foi conduzida pelo padre Flávio Augusto Forte Melo, que comandou as últimas nove edições da festa da padroeira. Diante de um cenário de mudança, como o senhor se preparou para, pelo primeiro ano, apresentar-se como condutor da Festa de Santa Luzia?

A preparação ela se dá a partir de uma caminhada muito serena, conhecendo e contemplando aquilo que vem sendo feito até então. Quando cheguei em 2 de fevereiro de 2025, procurei contemplar tudo aquilo que foi feito por Monsenhor Américo (Vespúcio Simonetti), padre Walter (Collini) e o grande impulso que o padre Flávio deu com todo o seu dinamismo; ele foi sempre um padre muito dinâmico na nossa Diocese. Contemplamos tudo isso, de todas as pessoas que trabalharam ao longo de todos esses anos na Festa de Santa Luzia. Nesse período de preparação, ouvimos as pessoas, perguntamos a elas: como vocês fazem?, então, eu me preparei caminhando com aqueles que há tempo já vêm trabalhando na Festa da nossa padroeira. E o mais importante: deixamos que Deus fosse falando, fosse orientando a partir daquilo que Ele quer, sem uma preocupação de fazer tudo novo. Não tenho que fazer tudo novo, eu tenho que dar continuidade a um trabalho que o Espírito Santo vem conduzindo há mais de 200 anos aqui em Mossoró. A devoção o povo já tem, pessoas que trabalham já temos, Deus que envia o seu Espírito para conduzir o trabalho nós também temos; a minha única iniciativa deve ser apreciar essa realidade e caminhar. É isso que procuro fazer e digo com muita sinceridade: a Festa de Santa Luzia vem acontecendo de

forma muito serena porque quem conduz a festa não é o padre, quem conduz a festa é o Espírito Santo de Deus; a gente é apenas o instrumento nesse meio.

A comunidade católica vive um momento de mudança na Diocese de Mossoró, com a chegada do nosso bispo, dom Francisco de Sales, e do comando da Paróquia de Santa Luzia, com o senhor assumindo no lugar do padre Flávio Augusto. Como o senhor se preparou para esse momento?

Toda a mudança gera um estranhamento no primeiro momento. Até numa mudança de seu quarto você estranha e até pergunta por que que está mudando a sua cômoda de

um lugar para outro, mas depois você se acostuma e entende que no futuro vai ter que mudar novamente. A mudança na Igreja também gera estranhamento para a comunidade e também para o padre. Quando dom Francisco chegou à Diocese, há praticamente um ano, ele foi dialogando de forma muito aberta com todos os padres. Diálogo muito sincero, muito paterno, como é próprio de dom Francisco. Esse estranhamento acontece de forma natural e, de certa forma, esse impacto é importante porque mexe com as estruturas e, ao mexer com as estruturas, aumenta o dinamismo. Nós somos quase como tentados a cair numa rotina e quando isso acontece algumas coisas se cristalizam e quando se cristalizam a tendência é parar. Quando você muda, entra o dinamismo, a engrenagem da Igreja, que deve estar sempre em movimento, ela vai dando continuidade. Eu creio que as significativas mudanças na nossa Diocese, ocorridas entre 2024 e 2025, elas foram benéficas e que de fato deu uma levantada na dimensão de evangelização da própria Igreja. Nós passamos um ano elaborando o plano diocesano de pastoral, é a semente que vai dar muitos frutos. Eu costumo dizer que se a gente não mexer com terra para plantar a semente, nada nascerá. Então, foi preciso mexer na terra da Diocese para que a nova semente caísse e também germinasse.

O padre Flávio Augusto, de perfil muito popular, conquistou a comunidade de Santa Luzia. E o senhor, que está praticamente chegando, qual o

perfil que caracteriza a sua atuação na Igreja Católica?

Padre Flávio sempre foi muito dinâmico e para nós padres, sobretudo os mais jovens, uma referência dentro da Igreja. Nós temos na Diocese de Santa Luzia um clero muito jovem. Dom Mariano Manzana (bispo de Mossoró entre os anos 2004 a 2023) ordenou quase 50 padres no seu período de episcopado. Boa parte do Clero entrou no seminário, cresceu e foi ordenado vendo a atuação de padre Flávio como sendo realmente uma pessoa que conseguia conjugar muito bem esse dinamismo da evangelização e do diálogo com a sociedade. Ele sempre fez isso muito bem em todos os lugares por onde passou. Padre Flávio nos ajudou, inclusive, na nossa formação sacerdotal. Agora, é do perfil do padre Antoniel o diálogo. Eu passei quase sete anos na Paróquia de São Sebastião da cidade de Dr. Severiano (Alto Oeste do RN) e ali eu tentei viver de forma muito serena com todos os ambientes da sociedade. Dialogamos de forma muito sincera com a comunidade eclesial, que não está em Marte, mas está numa comunidade social, no município, que ali vemos a força política, econômica, cultural e de outros segmentos, onde precisamos sempre manter o bom diálogo. A Igreja, como instituição, ela precisa ter diálogo franco em todos os âmbitos da sociedade. Costumo dizer: sem subserviência, eu não interfiro nos ambientes da sociedade e certos ambientes da sociedade não interferem na dimensão eclesial. Ambos devem sentar para dialogar, inclusive, quando cheguei a Mossoró, uma das primeiras coisas que fizemos foi visitar as instituições, numa visita institucional para dizer: nós estamos aqui para dialogar. Então, o padre Antoniel tem o perfil do diálogo, entendendo que nessa dimensão a Igreja é uma instituição que conversa, que dialoga com outras instituições. O que nós temos de convergente, concordamos; o que nós temos de divergente, nós sentamos, dialogamos, em busca do denominador comum.

Fiéis são instrumentos de reconciliação e paz

AFesta de Santa Luzia 2025 acontece em momento importante da Igreja Católica no mundo, exatamente no ponto mais alto do Ano Jubilar. Tendo como tema “Peregrinos da Esperança, o Ano Santo, como é tradicionalmente chamado, promove a esperança em um mundo marcado por conflitos e incertezas, e convida os fiéis a serem instrumentos de reconciliação e paz, por meio de peregrinações, orações, confissão e obras de misericórdia.

A Esperança não decepciona, te-

1980 – Funções da Família no Mundo Atual

1981 – Ministérios: Igreja a Serviço

1982 – Ser Cristão Hoje é...

1983 – Deus Chama - o Homem Responde

1984 – Cinquentenário da Diocese

ma central da Festa de Santa Luzia, tem referência bíblica na Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,5) e replica o título da Bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025, convocada em 2024 pelo Papa Francisco (falecido em 25 de abril de 2025).

O tema reflete o desejo da Igreja em Mossoró de dar uma grande conotação religiosa à festa deste ano, com foco total na evangelização. A dimensão missionária é prioridade em todas as ações, desde as mais tra-

1985 – Os Jovens (Proclamação do Ano Internacional da Juventude)

1986 – Festa da Paz

1987 – Festa da Vista, Festa da Vida

1988 – Festa da Solidariedade!

1989 – Anúncio de Vida Nova

1990 – Nosso Povo, Nossa Fé

1991 – Vida e Esperança

1992 – Jesus Cristo Ontem, Hoje e Sempre

1993 – Recriando a Cidade

1994 – Repensando a Família

1995 – Um Novo Olhar Sobre a Cidade

1996 – De Olho no Terceiro Milênio

1997 – Olhos Abertos, Missão pela Frente

1998 – Olhando o Futuro, Firmes na Esperança

1999 – Luz de Jesus, Luz que Conduz

2000 – Novo Olhar, Caminho Novo

2001 – Um Olhar Sobre a Família

2002 – Juventude e Esperança

2003 – Alimento, Dom de Deus, Direito de Todos

2004 – Luz para a Nossa Vida, Coragem em Nossas Ações

dicionais até as que envolvem cultura e esporte.

“Todos os eventos que compõem a Festa de Santa Luzia têm este ano uma conotação religiosa. O que a comunidade pode esperar é evangelização: essa é a essência da festa”, destaca padre Antoniel Alves, pároco da Catedral de Santa Luzia e coordenador geral da festa. “É a maior festa da Diocese, e não podemos perder essa oportunidade de anunciar a fé. Cada atividade deve levar o nome de Cristo e o testemunho de Santa Luzia”, completa.

O tema central da Festa Luzia ganhou forma a partir de 1980, quando a Igreja decidiu apresentar uma mensagem para reflexão dos fiéis. E até os dias atuais, a festa tem o seu tema. Veja todos os temas desde 1980:

2005 – Eucaristia e Missão

2006 – Santa Luzia, Bem-aventurada e Missionária. É a Santa da Visão

2007 – Juventude, Templo de Deus. Luzia, a Jovem Cheia da Força do Espírito Santo

2008 – A vida é uma Missão

2009 – Santa Luzia, Catequista do Amor e da Luz

2010 – Sob o Olhar de Santa Luzia, Caminhamos na Palavra de Deus

2011 – Santa Luzia: Fé Testemunhada. Catequese: Fé Transmitida

2012 – Santa Luzia: Testemunho de Esperança. Liturgia: A Festa do Céu na Terra

2013 – Ver Com os Olhos da Caridade

2014 – Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia

2015 – Em Luzia a Luz de Jesus

2016 - Do Martírio de Luzia a uma Igreja em Missão

2017 – Santa Luzia, Cuida de Quem Tem os Olhos da Bondade

2018 – 50 Anos da Igreja na Presente Transformação da América

Latina à Luz do Concílio Vaticano II: Medellin.

2019 - A Igreja de Cristo em missão no mundo

2020 – Igreja: Comunidade Casa do Pão e da Missão

2021 – Igreja – Comunidade Casa da Palavra e da Missão

2022 - Corações ardentes, pés a caminho

2023 – Luz na Missão

2024 - Oração: luz no caminho da fé

2025 – A Esperança não decepciona

orAtório de sANtA LuziA

Espetáculo de luz vem com novidades e figura histórica

Apartir do dia 1º de dezembro, o adro da Catedral de Santa Luzia passa a ser o palco do Oratório de Santa Luzia, um dos maiores espetáculos religiosos do Rio Grande do Norte. Neste ano, o público poderá conferir uma edição marcada por novidades, como um novo trecho dramático, uma trilha sonora completamente repaginada e cenários e figurinos renovados.

O Oratório de Santa Luzia mantém a dramaturgia assinada pelo encenador João Marcelino, mas incorpora elementos inéditos que ampliam a narrativa e a estética do espetáculo. O diretor Júnior Félix destaca que o público pode esperar uma experiência ainda mais envolvente, sem abrir mão da essência marcada pela fé e pelo envolvimento comunitário, que consagrou o espetáculo ao longo dos anos.

“Continuar contando a mesma história trazendo elementos diferentes para a trama, sem perder o encantamento e a fé é o nosso maior compromisso. Fizemos algumas, como a inclusão de um novo trecho dramático, uma trilha sonora repaginada, cenários e figurinos renovados, sem abrir mão do sentimento de fé que tornou a encenação um patrimônio para os mossoroenses. Assim como é de nosso feitio nas montagens, o público pode esperar muita emoção e demonstração de fé”, afirma.

Entre as principais novidades está a inclusão da personagem Dona Rosa Fernandes, figura histórica responsável pela doação do terreno onde foi erguida a capela de Santa Luzia, em 1772. Pela primeira vez, ela será inserida no texto, narrando a história da padroeira e reforçando o vínculo entre a devoção e a memória

coletiva de Mossoró.

“Quem contará a história será Dona Rosa Fernandes, que foi a pessoa que doou o terreno onde está construída nossa matriz, em 1772. Ela nunca foi mencionada em outras edições”, destacou Júnior Félix, ao adiantar que a personagem será encenada pela consagrada atriz Tony Silva.

Outro ponto alto desta edição será a trilha sonora, reformulada por Danilo Guanais. O diretor explicou que todo o conjunto musical foi repaginado com novos arranjos, buscando intensificar as emoções e aproximar o espetáculo do público contemporâneo, sem perder o caráter tradicional das composições anteriores.

“A trilha, elemento central no impacto emocional do Oratório, promete reforçar o clima de espiritualidade e beleza que marca cada cena. Toda a trilha está sendo repaginada, com novos arranjos que prometem intensificar as cenas e aproximar o espetáculo do público contemporâneo, mas sem descaracterizar os temas tradicionais”, disse o diretor.

O espetáculo deste ano também aposta em propostas de iluminação mais ousadas, uma vez que as apresentações ocorrem à noite, após as novenas. “Os novos recursos técnicos foram pensados para criar maior imersão e potencializar os efeitos cênicos, respeitando os desafios naturais de um espetáculo ao ar livre. Haverá mudanças de iluminação com recursos que potencializam os efeitos cenográficos, sempre respeitando as limitações e desafios de se montar um espetáculo ao ar livre”, explica Júnior Félix.

A edição 2025 do Oratório de Santa Luzia Promete reafirmar seu papel central nas celebrações da padroeira de Mossoró, e busca se consolidar como um ponto de encontro entre o tradicional e a renovação. Para o diretor, o impacto do espetáculo representa uma forma de transformação social.

“Que não percamos a esperança de dias melhores. E que cada vez mais o público e nossos governantes entendam que podemos mudar a sociedade através da arte e da cultura. Ensinamos, evangelizamos, fazemos tudo com afinco e amor. Por isso queremos ser respeitados. Queremos afirmar que: ‘A arte cura e a cultura salva!’”, finalizou.

Quem

foi

Dona Rosa Fernandes

A história de Santa Luzia com Mossoró começou quando ainda não existia o município, há 245 anos. A área em que foi erguida a Catedral se chamava Fazenda Santa Luzia e pertencia ao sargento chamado Antônio de Souza Machado, um português de Braga, considerado por historiadores como o fundador de Mossoró.

É aí onde entra dona Rosa Fernandes, esposa de Souza Machado. Ela fez promessa para Santa Luzia pedindo cura a problemas de visão. Se fosse curada, seria construída uma capela em louvor à Santa dos Olhos. E assim aconteceu.

“Dona Rosa Fernandes teria feito uma promessa para Santa Luzia que se ficasse curada daquele mal, mandaria construir no pátio da sua fazenda uma capela para a Santa. E deve ter ficado curada, já que em agosto de 1772 ela teve permissão da igreja para começar a construir a capela”, conta o historiador Geraldo Maia.

A construção da capela foi rápida, e já em janeiro de 1773 ela foi inaugurada com a realização de batizados e algumas celebrações. Em 1779, dona Rosa Fernandes trouxe de Portugal uma imagem de Santa Luzia, de madeira, adquirida pelo valor de 15$600. É a que até hoje é conduzida nas procissões e peregrinações.

Espetáculo reúne 70 artistas e valoriza novos talentos revelados em oficinas de interpretação
O espetáculo reúne 70 artistas, entre veteranos e novatos

O Oratório de Santa Luzia 2025 contará com 70 atores e bailarinos em cena, dos quais 85% participaram da montagem anterior. A principal novidade é a inclusão de 20 novos integrantes, selecionados por meio de oficinas de interpretação promovidas pela equipe de produção, uma ação voltada à formação de novos talentos e ao fortalecimento da cena artística local.

Os novos atores e atrizes se juntam ao talento de artistas consagrados como Tony Silva, que faz o papel de Dona Rosa Fernandes, e Joyce Marinho, que interpreta Santa Luzia.

Júnior Félix, diretor do espetáculo, informa como tem sido integrar os novos talentos à equipe veterana. Segundo ele, a convivência entre experiência e juventude garante ritmo aos ensaios e coesão dramatúrgica ao espetáculo. “Tem sido fácil, pois nossos veteranos são muito generosos e ajudam quem tá chegando”, destacou.

O diretor informou ainda que realizar um espetáculo de grande

porte no adro da Catedral exige uma logística complexa, que envolve coordenação de dezenas de artistas, técnicos e voluntários, além de cuidados com microfonação, som, iluminação e segurança do público. Para o diretor, a tarefa é desafiadora e ao mesmo tempo prazerosa. “É desafiador e ao mesmo tempo prazeroso. Uma troca de energia e de conhecimento que só nos engrandece. Todos têm uma paixão grande pelo Oratório, o que facilita o trabalho”, disse.

Mais do que um espetáculo religioso, o Oratório de Santa Luzia se consolida como um movimento cultural e social que mobiliza artistas, costureiras, músicos e voluntários, fortalecendo a cadeia produtiva da cultura em Mossoró. Além de emocionar o público, o evento impulsiona o turismo religioso, atraindo visitantes de diversas regiões e reafirmando a cidade como polo de fé, arte e tradição. As apresentações do Oratório de Santa Luzia são gratuitas e acontecem no adro da Catedral, sempre após a novena.

orAtório de sANtA LuziA

FICHA TÉCNICA

O quê:

Oratório de Santa Luzia

Quando: 1º a 11 dezembro

Local:

Adro da Catedral de Santa Luzia, Mossoró (RN)

Horário: Sempre após a novena, às 21h

Direção: Júnior Félix

Dramaturgia: João Marcelino

Música Original: Danilo Guanais

Direção Coreográfica: Adriano Duarte e Hykaroo Mendonça

Ideia Original: Gustavo Rosado

Adaptação de texto: Júnior Félix

Produção: Jocelito Barbosa

Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte

O Oratório de Santa Luzia surgiu em 2001 com a proposta de reunir pessoas da comunidade e artistas locais, ao ar livre, para encenar a história do martírio da Virgem de Siracusa, padroeira dos mossoroenses.

A ideia obteve êxito imediato até pela vocação teatral da cidade de Mossoró, mas, principalmente, pela forma como o grande público se encantou com o espetáculo.

O sucesso do Oratório ganhou o reconhecimento do Governo do Es-

tado como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte, por meio da Lei Estadual Nº 11.027, proposta pela deputada estadual Isolda Dantas (PT).

O curioso é que no ano do reconhecimento, em 2021, o espetáculo não foi encenado em razão da crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19. Foram três anos fora da programação da Festa de Santa Luzia, entre 2020 a 2022. A última edição, antes do reconhecimento, ocorreu em 2019.

realização: @paroquiasantaluziamossoro

Participação especial:

Tony Silva (Dona Rosa Fernandes) e Joyce Marinho (Santa Luzia)

Santa Luzia: luz que inspira arte

Ângela Karina

Jornal de Fato

Aarte sacra e religiosa dedicada a Santa Luzia ilustra a devoção dos mossoroenses e revela como a fé molda a produção artística local e reafirma tradições que atravessam gerações. Em Mossoró – polo de fé, arte e tradição – a imagem da padroeira inspira telas, ícones, xilogravuras, estampas e objetos devocionais que conectam espiritualidade, estética e pertencimento cultural. Entre os artistas que se debruçam sobre essa temática, três nomes se entrela-

çam em histórias de fé, formação, técnica e memória: Carlos Careca, Isaías Medeiros e Dra. Gumercília Paiva.

A valorização desse movimento artístico ganhou impulso especial em 2022, com o Projeto Viva Santa Luzia, idealizado pela produtora cultural e imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras Isaura Amélia Rosado e organizado pela Sociedade Amigos da Pinacoteca Potiguar em parceria com a Paróquia de Santa Luzia. O projeto reuniu artistas da terra em um esforço conjunto de movimentar as artes visuais locais e ampliar a presença da padroeira na produção

simbólica da cidade.

Além de Carlos Careca e Isaías Medeiros – artistas em destaque nesta matéria – participaram do projeto: Ângela Almeida, Ney Morais, Marcelo Morais, Iaperi Araújo, Paulo Pedrosa (in memoriam), Kelly Lira, Tulio Ratto, Laércio Eugênio, Marcelo Amarelo, Rogério Dias, Eduardo Falcão, Maria Luiza Néo, Luzia Moura e Carolina Veríssimo, Naide Bessa, Maria Emília Queiroz, Kátia Fleischmann, e Clarissa Torres.

O projeto marcou um ponto de convergência entre trajetórias distintas, mas igualmente enraizadas na fé e na tradição mossoroense.

Carlos Careca e Isaías Medeiros no Projeto Viva Santa Luzia

Carlos Careca: o autodidata que transformou devoção em estética

A relação de Carlos Careca com a arte começou cedo, quando ainda no jardim de infância descobriu que desenhava com fluidez e naturalidade. Autodidata, tornou-se artista profissional depois dos vinte anos, desenvolvendo uma técnica ágil e altamente intuitiva. A proximidade com a Arte Sacra e Religiosa emergiu de forma orgânica, fortalecida pela formação em Arte Sacra concluída há cerca de dois anos e pelo próprio ambiente de devoção mantido em uma de suas lojas, que comercializa imagens de santos e artigos religiosos. Antes, ele já havia se graduado em Arquitetura e Urbanismo, tornandose um multiartista.

Santa Luzia sempre foi presença constante em sua trajetória — artística, espiritual e familiar, bem como na maioria dos habitantes daqui. “Todo mossoroense tem devoção. Sem-

pre acompanhamos a festa, o oratório”, conta. Seus trabalhos com a imagem da padroeira são tantos que ele já perdeu a conta de qual foi o primeiro, afinal, já são mais de quatro décadas no mercado como artista plástico. Um dos atos mais emblemáticos da fé dele na padroeira foi a promessa de presentear, por 13 anos consecutivos, 13 pessoas com camisetas criadas por ele com o rosto de Santa Luzia — um gesto de gratidão e partilha pela graça alcançada.

Criativo por natureza, Careca descreve seu processo como espontâneo e fluido: senta-se, pega o lápis e cria. Pesquisa quando necessário, busca referências de grandes artistas, mas deixa que o dom e a devoção guiem o traço. O resultado? Extraordinário!

Pela fluidez com que cria suas obras, Careca é pioneiro na utilização

Isaías Medeiros: a iconografia como patrimônio e narrativa da cidade

Também mossoroense, Isaías Medeiros reúne mais de 20 anos de contato com as artes, ainda que sua trajetória profissional só tenha se formalizado em 2014. Autodidata nos primeiros anos, aprofundou o aprendizado com aulas de arte: primeiro com o professor Altemir e, mais tarde, em 2017, como aluno de Carlos Careca na Escola de Artes. A parceria entre mestre e discípulo hoje se reflete em afinidades técnicas e no compromisso de ambos com a produção artística sacra e religiosa, sem abrir mão da arte profana.

Desde suas primeiras telas, em 2003 e 2004, Isaías já incorporava elementos da arquitetura e da história de Mossoró — e Santa Luzia surgia como símbolo de fé, tradição e identidade. Seu trabalho dialoga

com o patrimônio cultural e as memórias urbanas da cidade, traduzindo a padroeira como elemento visual estruturante da paisagem afetiva mossoroense.

A inspiração de Isaías para pintar telas em devoção à padroeira vem do testemunho de fé em Santa Luzia da avó materna, Dona Josefa, típica sertaneja que enfeitava e abençoava a casa com imagens e quadros de Santa Luzia, Frei Damião, Padre Cícero, Sagrada Família e, sob o lumiar da lamparina, cultivava o hábito de rezar o terço e ouvir Padre Sátiro na FM 105, memória afetiva cristalizada pelo neto artista:

– Minha inspiração de fé e devoção a Santa Luzia vem da minha avó, Josefa. Ela era benzedeira, uma mulher de luz, que curava e acolhia através da

de diversas técnicas, sendo o primeiro artista mossoroense a pintar telas ao vivo, em 2019, no Baile da Luz, ocasião do lançamento da Festa de Santa Luzia no Requinte Buffet. Conheça mais sobre a arte de Carlos Careca por meio do perfil dele no instagram @careca3n

força da sua fé. Sua devoção a Santa Luzia era profunda e verdadeira. Guardo na memória a beleza do seu jeito de rezar, sua serenidade e a confiança com que entregava tudo nas mãos da santa. É esse testemunho de fé, tão vivo dentro de mim, que inspira minhas obras que tem Santa Luzia como inspiração – conta emocionado.

As obras de Santa Luzia pintadas por Isaías imprimem uma leitura contemporânea que dialoga com o tradicional:

– Busco fazer uma leitura contemporânea de Santa Luzia, mas sempre retornando ao tradicional. Minha intenção é dialogar com a força simbólica da iconografia clássica, mantendo sua essência, enquanto abro espaço para novas interpretações que mantenham viva a devoção e a estética que ela inspira – descreve o artista que exemplifica a seguir dois processos criativos envoltos do traço autêntico e da iconografia da santa:

– Tenho dois exemplos que ilustram bem esse caminho. Nesta aquarela , desenvolvi um traço autêntico, no qual as linhas se cruzam de maneira livre, quase intuitiva. Santa Luzia aparece com apenas um olho, assim como os outros personagens que compõem essa série. Essa escolha não é aleatória: um olho se projeta para o futuro, para o que está adiante, enquanto o outro se volta para dentro, para o próprio íntimo. É nessa dualidade, entre o que vemos e o que sentimos, que construo minha leitura contemporânea da santa, mantendo o diálogo com o simbólico tradicional – reflete Isaías, para em seguida enaltecer dentro da icono-

grafia da santa a identidade cultural da nossa região:

– A outra arte é a “Santa Luzia Mossoroense” , na qual busquei trazer uma identidade nossa para dentro da iconografia da santa. Na base, coloquei duas pirâmides de sal que formam duas bandeiras de São João, pintadas com as cores de Santa Luzia, verde e vermelho. De um lado, as cores frias que evocam o sertão em tempo de chuva; do outro, os tons quentes que representam o semiárido seco. Ao redor da santa, incluí flores de chanana e a carnaúba, símbolos afetivos e visuais da nossa terra. É uma forma de unir fé, memória e território numa mesma representação – detalha.

Entre as obras dele, destacam-se “Santa Luzia Pureza Virginal de Siracusa”, parte da exposição O Movimento Pictórico da Liberdade Mossoroense, exibida entre 2020 e 2023 e doada à Paróquia de Santa Luzia em outubro de 2025.

– Mais que uma representação re-

Dra. Gumercília Paiva: devoção, memória e delicadeza técnica

Odontóloga por formação e artesã por paixão, Dra. Gumercília Paiva traz para a arte o afeto aprendido no convívio familiar. Observando a mãe trabalhar, descobriu o prazer da criação manual e desenvolveu habilidade com diferentes técnicas. Em 2018, consolidou esse caminho ao criar a marca Artes da Cília, com a qual assina peças únicas — com destaque à Arte Sacra — em pinturas em imagens de Santa Luzia e outras representações religiosas em quadros.

— Existe uma mulher que, há 35

anos, cuida de sorrisos como dentista, mas que também encontra no artesanato a sua terapia diária. Sou filha, mãe e avó — papéis que me enchem de amor e propósito. Católica de coração, levo a fé para tudo que faço, pois acredito que cada criação carrega um pedacinho da minha história e da minha devoção — define-se Dra. Gumercília em postagem do perfil no instagram @artes_da_cilia

A produção dela em Arte Sacra combina detalhamento, suavidade cromática e expressões devocionais que dialogam com o imaginário po-

ligiosa, Santa Luzia é símbolo de fé, luz e visão – os olhos que contemplaram toda a história e desenvolvimento de Mossoró. Em seu olhar repousa a memória de um povo que cresceu entre o sagrado e o cotidiano, entre a arte e a liberdade – reflete Isaías em trecho de postagem nas redes sociais sobre o destino final da obra doada à Paróquia de Santa Luzia.

Outra tela marcante do artista é “Santa Luzia em Festa”, da série A Paleta da Liberdade Mossoroense, construída a partir de pesquisas sobre atos de liberdade que moldaram a história do município.

A trajetória de Isaías Medeiros nas Artes Visuais é brilhante. O artista acumula no currículo a experiência e o reconhecimento ao trabalho dele com inúmeras exposições de obras de artes contempladas em editais, o que evidencia a qualidade artística. Conheça mais sobre a arte de Isaías Medeiros por meio do instagram @artesdeisaiasmedeiros

pular. Dra. Gumercília transita entre o artístico e o artesanal com naturalidade, incorporando fé, cuidado e refinamento às representações religiosas, a exemplo da nossa padroeira.

Santa Luzia por Artes da Cília

Um lugar para acolher aos mais necessitados

No ano que a Igreja Católica celebra o Jubileu da Esperança, a Diocese de Santa Luzia abraça a causa para acolher as pessoas em situação de vulnerabilidade, principalmente aquelas que vivem nas ruas de Mossoró. A Casa da Esperança foi anunciada pelo bispo dom Francisco de Sales na abertura do Ano Jubilar, durante a Festa de Santa Luzia 2024, e com prazo de inauguração no encerramento do Ano Santo, no fim de dezembro de 2025.

“A Diocese de Mossoró assumiu como propósito deixar um sinal de esperança para a comunidade como dom e fruto da celebração jubilar. Por isso, decidimos abraçar o compromisso de construir uma casa para a esperança, criando um espaço de convivência, acolhimento e de serviços destinados à assistência às pessoas em situação de rua”, anunciou dom Francisco.

A iniciativa é marcada por sua importância dada a situação de muitas pessoas que vivem em praças e ruas de Mossoró. Não há um número oficial de pessoas em situação de rua em Mossoró para 2025, mas estimativas recentes apontam para um número superior a 200 pessoas, com 50% sendo de outros municípios, conforme dados divulgados pela Prefeitura de Mossoró. A maior parte está concentrada em praças do centro da cidade.

A Casa da Esperança vai funcionar anexa ao Centro Social Mãe de Salvador, localizado no antigo Alto do Louvor, bairro Bom Jardim. A obra de estrutura física, executada por empresas parceiras da Diocese, ganha forma para que a casa posse ser inaugurada em dezembro e, consequentemente, comece funcionar no início de 2026.

O projeto elaborado pela Diocese objetiva proporcionar um ambiente de acolhimento e apoio

às pessoas em vulnerabilidade social, sem necessariamente ser um internato. As pessoas serão atendidas com alimentação e com estrutura para suprir algumas necessidades, por exemplo, o funcionamento de uma lavanderia para que as pessoas possam lavar as suas roupas. O mais importante, porém, será a orientação e o direcionamento àquelas pessoas que querem seguir nova vida.

A Casa da Esperança, a partir de uma equipe bem preparada, promoverá a triagem de seus usuários para orientar a uma nova caminhada de vida. Aqueles que desejam ser acolhidos por casas que acompanham dependentes químicos, serão direcionados para instituições parceiras da Diocese, como a Casa Papa Francisco, no município de Governador Dix-sept Rosado, que é acompanhado pela Comunidade Católica Boa Nova, e a Fazenda Esperança, que fica no município de Serra do Mel.

A Diocese de Mossoró receberá duas freiras da Fraternidade Cristã, de Salvador (BA), para cuidar da Casa da Esperança. As irmãs Luecia e Vera se interessaram pelo projeto

e aceitaram o convite para liderar a equipe do projeto social.

Padre Lancelotti

O trabalho de triagem e cadastramento das pessoas em situação de vulnerabilidade ainda não foi concluído pela Diocese, mas os dados oficiais da Secretaria Municipal de Assistência Social, que coordena o projeto “Consultório de Rua”, devem usados para que a Casa da Esperança tenha uma estimativa de número de acolhidos.

Em setembro deste ano, o padre Júlio Lancellotti esteve em Mossoró, a convite da Diocese, para conhecer o projeto Casa da Esperança. Durante sua visita, o religioso se reuniu com moradores em situação de rua para ouvir os anseios de cada um. O encontro na Praça do Museu Histórico Lauro da Escóssia serviu para que as pessoas apresentassem as suas necessidades e anseios e, a partir daí, a Diocese definiu o perfil da Casa da Esperança.

Teólogo, pedagogo e ativista social defensor dos direitos humanos, Júlio Lancellotti é pároco desde 1985 da paróquia de São Miguel Arcanjo, na cidade de São Paulo, e coordenador da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo. É ainda o fundador da Casa Vida, dedicada a acolher crianças portadoras do vírus HIV.

Projeto Casa da Esperança

- Objetivo: Acolher e assistir pessoas em situação de vulnerabilidade social, como pessoas em situação de rua.

- Lançamento: O projeto foi anunciado em 6 de dezembro de 2024, durante um show do Padre Fábio de Melo, e a pedra fundamental foi lançada em 29 de dezembro de 2024, marcando a abertura do Jubileu de 2025.

- Localização: A sede da Casa da Esperança será no Alto do Louvor, bairro Bom Jardim.

- Inauguração: Está prevista para a conclusão do Ano Jubilar, em 28 de dezembro de 2025.

- Parcerias: A Diocese busca o apoio de instituições e parcerias para a construção e funcionamento da casa.

Arte de Careca

Hino a Santa Luzia

Ó Santa Luzia, pedi a Jesus

Que sempre nos dê dos olhos a luz

Aplaudamos todos com muita alegria

Os feitos heroicos de Santa Luzia.

Eis a Virgem sábia pura e vigilante;

Une a fé às obras, ama a Deus amante.

Desprezou o mundo. Glória e vã riqueza.

Hoje luz na Glória, a celeste mesa.

Ó Santa Luzia, vosso nome é luz

Vossa vida exemplo que Jesus conduz.

CUrIOSIDADeS

1

Pertencia a uma rica família italiana que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe, Eutíquia, a queria casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento e tendo a mãe gravemente enferma, Santa Luzia propôs a sua mãe que fossem em romaria ao túmulo da mártir Santa Águida, e que a cura da grave doença seria a confirmação do não para o casamento.

2

OrAÇÃO A SAntA LUZIA

Ó Santa Luzia, que não perdestes a fé e a confiança em Deus, mesmo passando pelo grande sofrimento de lhe vazarem e arrancarem os olhos, ajudai-me a não duvidar da proteção divina, defendei-me da cegueira não somente física, mas principalmente da cegueira espiritual. Atendei este meu pedido. (Fazer o pedido)

Conservai a luz dos meus olhos para que eu tenha a coragem de tê-los sempre abertos para a verdade e a justiça, possa contemplar as maravilhas da criação, o brilho do sol e o sorriso das crianças. Ó minha querida Santa Luzia, eu vos agradeço por terdes ouvido a minha súplica.

Por Jesus Cristo, nosso amigo e irmão, na unidade do Espírito Santo.

Amém.

Santa Luzia, rogai por nós.

Santa Luzia vendeu todo o seu patrimônio e doou aos pobres. O noivo rejeitado vingou-se, entregando Luzia como cristã ao procônsul. Este ameaçou a Virgem de Siracusa de colocá-la no prostíbulo e sua resposta foi: “O corpo se contamina se a alma consente.” Assim sendo, dezenas de soldados tentaram carregá-la, mas o corpo de Luzia pesava muito, nada conseguindo.

3

A história conta que enquanto Luzia estava presa, arrancaram-lhe os olhos, mas no dia seguinte estavam novamente perfeitos. Por esse milagre, é que ela é venerada como protetora dos olhos.

4

Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício aos deuses e nem quebrar o seu santo voto, foi decapitada em 303, para assim testemunhar com a vida – ou morte – o que disse: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade.”

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