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Mossoró (RN), sexta-feira, 29 de maio de 2020
Blog do Joel Rei
Produtores ameaçam suspender envio de leite para as indústrias de beneficiamento
Preocupante
Dívida de R$ 6 milhões com produtores pode paralisar programa do leite >> Mesmo com dinheiro do programa assegurado pelo Fecop, Governo do RN não vem realizando o pagamento aos produtores FABIANO SOUZA
Da Redação fabianosouz@hotmail.com
O
Governo do Estado acumula uma dívida de cerca de seis milhões de reais com os produtores de leite que fornecem o produto para o Programa do Leite Potiguar. A reporta-
gem do Jornal DE FATO conversou com alguns produtores de leite da região do Seridó, principal bacia leiteira do RN, e eles confirmaram que há mais de 75 dias estão sem receber os repasses que deveriam ocorrer quinzenalmente, de acordo com um dos decretos do programa. “O acumulado chega a cerca
de seis milhões de reais, tendo em vista que cada produtor recebe R$ 1,38 por litro de leite destinado ao programa e o governo complementa com R$ 0,78 para a indústria. Isso vai acabar provocando a paralisação do programa”, disse um dos produtores da região do Seridó em contato com a reportagem.
Anorc pede providências do governo para evitar fim do PLP O presidente da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (ANORC), Marcelo Passos, fez um pronunciamento através de vídeo publicado em redes sociais, pedindo que o governo defina sua posição sobre o pagamento aos produtores e a ampliação do programa, no sentido de evitar o fim do Programa do Leite Potiguar - PLP. “É preciso que o Governo do Estado de-
cida se vai assinar o atestado de óbito do programa do leite ou paga aos produtores do RN. Os pequenos produtores não podem continuar sem receber os recursos e deixando de honrar seus compromissos. Não dá pra continuar sistematizando os atrasos de pagamento. O homem simples do campo não tem condições de continuar firmando seus compromissos, aguardar a data do
vencimento e não conseguir pagar seus fornecedores”, destaca o presidente. Segundo ele, a pecuária leiteria do RN é um importante setor de geração de emprego e divisas para a economia do estado, que precisa receber maior atenção por parte do atual governo. “Nossa proposta é que o governo turbine o programa do leite, aumentando a captação
A promessa feita pelo Governo do estado é de que até o dia 5 de junho seja feito o pagamento de pelo menos duas quinzenas das que estão em atraso, ou seja, menos de 50% do valor total que deveria ser pago. Sem receber o repasse pelo fornecimento do leite ao Governo do RN, muitos
de leite e colocando os produtos lácteos das indústrias locais na merenda escolar ou programas sociais dentro do próprio governo, para elevar essa captação e com isso mostre a importância do setor primário. Eu sei que o momento é difícil, que precisamos estar todos juntos contra a Covid-19, mas isso não pode ser motivo para que o governo deixe o setor produtivo caminhar para sua derrocada. Isso a gente não pode aceitar”, afirma.
desses produtores ameaçam suspender o fornecimento. José Maria Felipe dos Santos, produtor em Cruzeta, e um dos muitos produtores que enfrenta esse problema, afirmou que alguns produtores estão sendo obrigados a destinar 50% da produção para as queijarias, no sentido de evitar o colap-
so do setor. “Além de pagar um preço menor pelo leite fornecido, o Governo do RN ainda vem atrasando com frequência o repasse dos recursos que são assegurados aos produtores diretamente através dos recursos oriundos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop)”, esclarece. Ele disse que já procurou a Secretaria do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (SETHAS), e obteve a resposta de que diante das dificuldades, o governo está procurando agilizar o pagamento. “Procuramos o governo e a justificativa é sempre a mesma: queda de arrecadação e no consumo diante o período de isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Porém, essa desvalorização da cadeia produtiva do leite acontece todos os anos durante os meses de março abril maio e junho”, revela o produtor.
