JornalCana 334 (Janeiro 2022)

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AGRÍCOLA

Janeiro 2021

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Irrigação por gotejamento em cana-deaçúcar, muito além da produtividade Medida pode aumentar a longevidade do canavial, com novo conceito de perenização A irrigação teve origem junto ao desenvolvi− mento da agricultura e, desde sua criação, passou por várias evoluções. A primeira foi a por sulcos, onde a água dos rios era desviada até a plantação, evoluin− do para a aspersão, em 1947, com os primeiros pi− vôs e, mais recentemente, em 1960, a irrigação por gotejamento. Contudo, o insumo água nunca foi priorida− de no cultivo da cana, pois grande parte do pátio sucroenergético, exceto na região Nordeste, si− tua−se em regiões onde, em teoria, há baixo dé− ficit hídrico. Mas, a falta de áreas para produção e o aumen− to no consumo de etanol e açúcar, forçou setor a expandir para áreas com alto déficit hídrico e solos com baixa capacidade de armazenamento, forçando produtores e usinas a adotar a irrigação em, ao me− nos, parte da área. As últimas safras foram marcadas por estiagens, incêndios e geadas, levando a quedas de produtivi− dade na ordem de 15%. Mas algumas usinas, mesmo passando pelas mesmas intempéries, não apresenta− ram queda de produtividade; pelo contrário, tiveram

aumento, especialmente por serem áreas irrigadas. Dentre os métodos de irrigação, o que mais cresce em procura e adoção é o gotejamento, que além de altas produtividades, fornece benefícios como: Aumento da longevidade do canavial, com no− vo conceito de perenização. A exemplo de canaviais que na atual safra atingiram mais de 12 cortes sem necessidade de reforma;

Aumento no TAH, com a técnica de retirada gradual da água (drying off), o canavial irrigado mantém o mesmo padrão de ATR em uma área com maior TCH. E multiplicado o ATR por TCH leva a maior TAH; Verticalização da produção e aumento na co− geração de energia, diminuindo arrendamento, custos de CTT e produção (R$/ton). Com au− mento de produtividade e biomassa, o hectare ir− rigado consegue gerar mais energia que uma área não irrigada. Obteve também redução de custos de arrenda− mento, pois uma área irrigada pode suprir a indús− tria com matéria−prima, sem necessidade de adqui− rir áreas, com menores custos de produção, pois co− mo insumos são calculados em kg ou litros por hec− tare: se produzir mais por hectare, os custos caem. Além disso, o gotejamento – devido a maior produção de etanol por hectare e a redução de in− sumos para produzir uma tonelada de cana – pode melhorar a pontuação no RenovaBio, questão tão importante na sustentabilidade prometida pelo go− verno brasileiro na COP−26. A nova safra está aí e, com dificuldades que po− dem ocorrer, por que não assegurar benefícios em seu canavial que vão muito além da produtividade? Daniel Pedroso, Especialista Agronômico da Netafim Brasil


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