JornalCana 323 (Fevereiro 2021)

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MERCADO

Fevereiro 2021

Custo total de produção da cana própria subiu 6,8% na safra 2020/21 Pecege sobre a temporada traz outros números A safra 2020/21 foi marcada por uma acelerada moagem da cana, in− centivada pelos preços do açúcar e fa− vorecida pelo clima seco vigente des− de março/2020. Enquanto as chuvas acima da média no início de 2020 contribuíram para um ganho de 3,06% na produtividade da cana (t/ha), a estiagem subsequente favoreceu os ganhos na qualidade da cana que ba− teu recorde histórico e atingiu 145,19 kg de ATR/tonelada de cana, mostra relatório elaborado pelo Pecege sobre a safra 20/21. O estudo aponta que o incremen− to de produtividade e da qualidade da cana−de−açúcar resultou em 8,04% a mais de ATR produzido por hectare frente à safra anterior, permitindo uma maior alavancagem operacional. “Se por um lado a desvalorização cambial contribuiu positivamente pa− ra a geração de receita do setor, por outro, afetou negativamente o custo caixa das usinas por meio do incre− mento nos preços dos insumos agrí− colas (como fertilizantes, defensivos e corretivos), do ATR e do diesel, além do encarecimento da manutenção au− tomotiva”, analisa o Pecege, comen− tando que, no caso do ATR e do die− sel, pode−se afirmar que os aumentos foram arrefecidos, direta ou indireta− mente, pelas baixas cotações do pe− tróleo no mercado externo. Segundo o Pecege, algumas ope− rações se beneficiaram dos ganhos de eficiência nas operações, bem como da

maior diluição dos custos fixos, em especial o CTT (Colheita,Transbordo e Transporte), entretanto, nas últimas safras, os tratos culturais vêm se sobre− pondo a esses custos. Considerando esses aspectos, o custo total de produ− ção da cana própria saltou de R$ 111,82/t na safra 2019/2020 para R$ 119,42/t na safra 2020/2021, repre− sentando um incremento de 6,8%, su− perior à inflação de preços oficial, medida pelo IPCA. No mercado de etanol de milho, a safra 2020/21 deve ser encerrada com uma produção de 2,65 bilhões de li− tros – um volume cerca de 63,17% superior ao da safra 2019/2020. A despeito deste aumento de produção, o etanol de milho perdeu competiti− vidade em relação ao etanol de cana− de−açúcar na safra 2020/2021, em função do comportamento do preço de aquisição da matéria−prima. Apesar disso, e da queda expressi− va do preço do etanol no início da sa− fra 2020/2021, os subprodutos (DDG/WDGS) suavizaram a deterio− ração das margens das usinas processa− doras de milho (tanto as flex quanto as full) devido aos preços elevados em que têm sido comercializados; O ano de 2020 também represen− tou o início efetivo do RenovaBio, embora a meta de aquisição de CBIOs pelas distribuidoras foi reduzida para 14,53 milhões, devido à pandemia. O preço médio bruto de comercializa− ção do ativo foi de R$ 43,66/CBIO

em 2020 e o lucro líquido, após as de− duções tributárias e dos custos opera− cionais, foi de R$ 28,54/CBIO, o equivalente a R$ 0,61/tonelada de cana processada ou R$ 31,26/m³. O levantamento feito pelo Pecege identificou também que o consumo de energia elétrica no Brasil recuou 1,7% em 2020, comparativamente ao ano anterior, em função dos efeitos da pandemia.Ao mesmo tempo, o volu− me total de energia (cogeração) des− tinada para a venda na safra 2020/2021 foi superior ao da safra anterior, prin− cipalmente devido ao maior volume de cana processada. Apesar do impacto positivo deri− vado desse aumento no volume de moagem, houve uma redução no pre− ço médio de comercialização da energia elétrica, resultado, principal− mente, do menor preço spot realiza− do no período (PLD), que recuou de R$ 229,13/MWh em 2019 para R$ 182,56/MWh em 2020, uma queda de 20,32%. Já em relação às estimativas para a próxima temporada, o Pecege proje− ta que a moagem da cana terá o seu início postergado, em função do atraso no desenvolvimento fisiológi− co da cana causado pela restrição hí− drica ocorrida a partir de mar− ço/2020, ainda que tal situação pos− sa vir a ser parcialmente compensada pelas chuvas de verão. Além disso, contribuem para a re− dução da oferta esperada de cana−de−

açúcar, as queimadas ocorridas ao longo de 2020, a redução da área plantada em função da migração de fornecedores independentes para cul− turas de maior rentabilidade e o en− velhecimento do canavial devido à diminuição do plantio em 2020. Assim, espera−se que a quantida− de produzida de cana−de−açúcar dis− ponível para moagem na safra 2021/22 seja de, aproximadamente, 580 milhões de toneladas, uma redu− ção de cerca de 4,13% ante a moagem estimada de 605 milhões de toneladas na safra 2020/2021. A redução esperada no volume de moagem implicará numa queda no nível de utilização da capacidade ins− talada (NUCI), limitando a diluição dos custos fixos. Outros itens tenderão a apresentar encarecimento, tal como fertilizantes, o que impulsionará um aumento de custo na próxima safra. Para o Pecege, o açúcar deverá manter uma rentabilidade mais atrati− va do que o etanol na safra 2021/2022. No entanto, a produção do adoçante deverá ser menor na próxima tempo− rada, em função da menor oferta de cana−de−açúcar, menor qualidade da matéria−prima e do incremento mar− ginal do etanol na composição do mix de produção, graças à recuperação da demanda no mercado doméstico a ocorrer com o relaxamento das me− didas de distanciamento social e à melhora das cotações do petróleo no mercado internacional.


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